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TEORIAS DA CONSCIÊNCIA – 1º BIMESTRE Se relaciona com a neurociência, filosofia, antropologia, biologia e teologia. Tem a ver com o cérebro e é um ramo BIO PSICO SOCIAL. Aborda questões como angústia e solidão, sempre ligada a subjetividade. Questiona: é preciso patologizar? É preciso curar? -FENÔMENO + FENÔMENO -MUNDO + OBJETO A disciplina discute os conceitos e os filósofos da consciência, associando e ampliando as bases teóricas da consciência aos conceitos fenomenológicos-existenciais. TEMAS EXISTENCIAIS O Existencialismo pensava em temas de liberdade, responsabilidade e morte. Foi uma doutrina filosófica e um movimento intelectual, surgido na Europa, no final do século XIX (notoriedade apenas no séc. XX). Surge a partir do existencialismo francês, pautado na existência metafísica, centralizando a liberdade, refletida nas condições de existência do ser. Emerge como um movimento, num momento de muita guerra e destruição. “A busca pelo sentido da existência recoloca a filosofia no centro de discussões éticas, sociais...”. Nesse momento o existencialismo passa a ser identificado como um estilo de vida, uma forma de comportamento contrária aos padrões tradicionais. Para os filósofos existenciais, a essência humana é construída durante a sua vivência, a partir de sua experiência no mundo e de suas escolhas, uma vez que possui a liberdade incondicional. A corrente existencialista prega que um ser possui toda a responsabilidade por meio de suas ações. Tem a liberdade de escolha como elemento gerador. -Temas existenciais. Sofre muita influência da fenomenologia, já que existência precede a essência. Fenomenologia: Método de conhecer e descrever o que se manifesta na experiência que o sujeito faz do objeto. O que se revela. Existência: A existência precede a essência (Sartre) -> o homem primeiramente existe, descobre-se e só depois se define. O homem primeiro é nada, pois existem as potencialidades. Será tal como a si próprio se fizer. O homem é um projeto que vive subjetivamente, é algo a se realizar. Não existem ideias inatas que incluem qual caminho seguir. Existir estar no mundo, é aquilo que faz tomar fé da nossa própria realidade. Cada homem tem a liberdade de escolher sua essência, sendo esta mutável. O homem é uma espécie de processo de tornar-se, se constrói e atualiza na existência. Ele é único ser que existe: as coisas são, o homem existe. A essência das plantas, por exemplo, é inalterável, a semente de laranja não gera um abacateiro. Já a essência humana não é estática ou mera repetição de fenômenos a partir de fatos ocorridos no passado, existe uma condição mutante da essência, sendo o passado uma essência conhecida, mas não premeditada. O vazio existencial leva a enfermidade, o sentido da vida é um gerador de saúde. O homem está condenado a ser livre -> condenado porque não se criou a si próprio e livre porque uma vez lançado no mundo, é responsável por tudo quanto fizer. *Desespero: Sartre nomeia desespero como sentimento de impotência perante o ocorrido do mundo, que foge da minha vontade ou do meu planejamento, o que me faz fracassar. É uma situação de impotência e ausência de sentido. Liberdade: Capacidade na qual de fazer a nossas escolhas nós arcamos com as nossas responsabilidades. “Tendo a liberdade o ser humano não soube o que fazer com ela” – Sartre “Cada um é sujeito ao ambiente e às circunstâncias, mas tenho a liberdade de mudar minha vida deste momento em diante.” – Sartre A liberdade é o que constitui o homem, é o único fundamento do ser, fundamento dos valores humanos. Não há como o homem fugir da liberdade de escolhas, sua existência é situada no tempo e no espaço, limitada pelas regras sociais e situações limite. É a liberdade que determina que as atitudes sejam assumidas plenamente, sendo a parcela de responsabilidade na transformação e manutenção da sociedade injusta. Toda escolha possui um viés social, portanto, reflete na sociedade. As limitações impostas tornam a liberdade possível (não posso voar, mas posso agir). Por meio da liberdade consigo criar quem sou. Crio minha essência. Solidão: Inerente à condição humana, faz parte da vida, só que em determinados momentos a percebemos mais agudamente. Não tem relação com companhia, estar acompanhado. Trata-se de uma condição inerente faz parte da nossa existência. Entender que a solidão é um processo em que podemos fazer uma experiência e entender o sofrimento, por isso, muitas vezes a ideia de solidão está ligada ao sofrimento e suicídio. Não é um fenômeno isolado que acomete determinada pessoa. Em alguns momentos a percebemos mais agudamente e não sabemos lidar com ela. Nos percebemos como parte de um todo, mas é inevitável nos depararmos com a consciência de que para as realizações pessoais, dependo de minhas POSSIBILIDADES. O Homem tem consciência de ser. Em última instância, é de mim que dependo para minhas escolhas. A solidão é comumente associada com desespero, sofrimento e suicídio. O vazio da solidão leva a consciência de que preciso do outro. O outro me faz alguém com significação própria. Cada um é único com a sua própria história, com sua maneira própria de buscar sentido para vida. Ressaca Moral” - tentativa de aliviar a solidão a qualquer custo. O confronto com a própria solidão leva à busca de alternativas existenciais. Essência: Essência é a grande importância, a busca por aquilo que é essencial. Processo desenvolve e transforma se projeta no mundo, determinada pela existência, está sempre em mudança. Ao ser determinada pela existência, torna-se a própria dimensão da vida em sua forma mais exuberante, jamais é estática ou a mera repetição de fenômenos, assegura o poder de transformar e se necessário recomeçar e construir cada instante de uma vida que dada diante do sofrimento e das agruras da existência. Ser no mundo: O homem não está sobre a influência sobre aquilo que está externo à ele. Há uma interrelação, ele influencia o mundo, porém o mundo também o faz. Ele se compõe juntamente a esse externo, misturando-se com ele. É um determinante para o nosso sofrimento. O mundo cerceia a quase totalidade dos desdobramentos das possibilidades existenciais. Juntamente a esse extremo, sofrimento e desespero, há a luta constante do homem consigo próprio para não perder sua dignidade existencial e suas características individuais. Há também uma reflexão constante para não se tornar presa de um sistema em que a dignidade humana sequer é questionada. Homem é o único ser que constrói seu ambiente de vida (ou destrói). O ser-no-mundo converge diretamente para a angústia do aqui e agora. Morte: Somos a totalidade que não pudemos ser em vida; mas mesmo em vida, podemos em certo sentimento antecipar-nos a nós mesmos em direção à morte, e assumindo a morte, adotar um ponto de vista sobre nós como totalidade. Morrer é viver as possibilidades do não. Para Heidgger a morte é uma situação-limite do homem. A morte só ocorre uma vez, por isso a experimentamos minuto a minuto. É algo como uma possibilidade derradeira da existência, como fim para qual o dasein se dirige, que o homem se totaliza. A morte é a possibilidade derradeira da existência, é o fim para qual o daisen se dirige. Dasein é um “Ser-para-o-fim”. A ideia de um ser que caminha para a finitude. O daisen se refugia numa existência inautêntica (fuga da angústia da morte). Todo projeto humano está na dependência da morte. A experiência mais pessoal e intransferível, é a morte. É como o aniquilamento do eu. Sabendo-se um “Ser-para-a-morte”, evitando assumir a realidade que ela representa, o Dasein se refugia numa existência inautêntica (fuga da angústia de morte). Não é considerada fim da existência humana, como término de uma jornada, chegada, pois ela pode chegar repentinamente pondo termo na existência. Para o autor, o homem só atinge a plenitude de seu ser na angústia, pois ele vive a cada instante sua vida inteira e, nesse ato reflete sobre a totalidade do seu ser. Para atingir a autenticidade e superar a degradação, o indivíduo tem que interiorizaro pensamento da morte. Compreender que é mortal, mas também que a morte é acontecimento último de sua vida, evento ímpar, rigorosamente pessoal. A morte é quando o homem se totaliza. Assumindo a morte o Dasein alcança a autenticidade. A morte é o que dá significado à vida. Impossível se pensar a existência sem a morte. Questões como arsenal bélico, trabalho e busca de sobrevivência, medicina, seriam irrelevantes. Para Heidegger a morte confere significado à vida. Para Sartre é o acontecimento que retira o sentido da vida. Quando vivo o homem não precisa temer a morte, pois sua preocupação exclusiva deve ser com a vida. Morto desaparece o temor, visto que o medo é uma manifestação da consciência. Sentido da vida: A vida enquanto existência única e isolada não tem sentido. O homem existe a partir de suas realizações, não existindo pela sua própria vida isolado do contexto. Somos livres e responsáveis pela construção dos próprios ideais de vida. Para assumir um compromisso com a vida, é preciso descobrir o sentido. Encontrar um sentido é mobilizar forças vitais. Por isso, nós que devemos dar sentido às coisas e não o contrário. O sentido da vida tem que ser descoberto, pois ele é determinante de gratificação emocional obtida pelas realizações pessoais alcançadas ao longo do existir. O sistema social desumaniza mas foi sedimentado pelo próprio homem. É necessário definir o projeto de vida para que o sentido de vida seja pertinente às suas realizações. A consciência de que a vida é um emaranhado de sofrimentos e agruras existenciais faz com que assumamos a dimensão da nossa responsabilidade. Heidegger acredita que o homem só atinge a plenitude do seu ser na angústia. E mesmo ao alcançar a autenticidade, a angústia permanece como angústia do nada. Esse nada são os limites temporais do Daisen (antes do nascimento sou nada, após a morte sou nada), que não tem a ver com tempo, mas com transitoriedade. Ser-aí = ser-em-si (Sartre) A morte é o que dá significado, sentido à vida. Transcendência: O homem é um ser em contínuo desenvolvimento, questão que nos permite definir a condição humana da instrução e motivação. Autenticidade: Sartre ensina que o homem autêntico é aquele que se submete à conversão radical através da angústia e assume sua liberdade. É o que reconhece a dualidade radical entre o humano e não humano que reconhece que estar-no-mundo não implica no estar-no-meio-do-mundo. A autenticidade é a vivência conectada com algo que faça sentido a sua existência, através da realização da sua essência. Fugir da autenticidade faz parte da existência, pois ninguém vive uma vida 100% autêntica. Angústia: Para os existencialistas, não é um sentimento negativo e sim uma experiência valiosa que emerge quando tomamos consciência da nossa condição humana; é um sentimento que nos amedronta diante do nada existencial. É mais do que algo transitório e esporádico, é a totalidade da existência humana, a angústia é deslocada daquelas situações em que uma mãe vê seu filho ameaçado por uma doença ou a possível iminência de uma guerra para situações que nos remetem a condição humana, como tal em seu nível mais profundo de sofrimento existencial. A angústia seria o objeto primado de sofrimento da própria existencial. É através da consciência que o mundo adquire significado e a liberdade é uma fonte de angústia, pois o homem se angustia pela consciência de que é livre e, portanto, precisa fazer escolhas. Para fugir dessa angústia da liberdade, o homem acaba se refugiando para a má-fé. Má-fé: o homem se permite iludir pela ideia de que seu destino está traçado, para fugir da angústia de que precisa criar sua essência. Assim, a má-fé se manifesta ao sermos o que não verdadeiramente somos para desempenharmos outros papéis. Alienação: cada um de nós escolhemos nossa própria alienação, sendo ela aquilo que nos desloca de nós mesmos. Amor: Humanistas dizem que o amor universal dependeria de algum tipo de identificação com os outros. Tédio Existencial: Aquela situação em que o homem sofre a dor de ver o tempo passar e não estar realizando o desdobramento de suas possibilidades existenciais. Culpa: Questiona a realização de suas possibilidades existenciais, quando enfrentamos outros homens sem respeito a sua condição humana, dimensionamos nossa responsabilidade social, ‘’estar em dívida'' sendo termo pessoal, interpessoal, e social. Felicidade: Felicidade é a ausência do desprazer. A psicologia existencial investiga a história de vida de um paciente, não busca explicar a história de vida e suas idiossincrasias patológicas, ao contrário, compreende esta história de vida como modificações da estrutura total do ser no mundo dos pacientes. FENOMENOLOGIA Mario Quintana nos ensina: "A resposta certa, não importa nada; O essencial é que as perguntas estejam certas. Em fenomenologia são as perguntas que mais interessam, não as respostas". Da experiência como ser-no-mundo até pesquisador-deste-mundo permite refletir sobre a própria experiência e o convívio com os outros, no caso da fenomenologia a reflexão sobre aquilo que aparece no mundo-da-vida, guia nossa reflexão e atitude, pois toda consciência é no mundo, voltada para ele intencionalmente. Husserl apresenta a sua fenomenologia como um método de investigação que tem o propósito de apreender o fenômeno, isto é, a aparição das coisas à consciência, de uma maneira rigorosa. “Como um método de pesquisa, a fenomenologia é uma forma radical de pensar ”. Como as coisas do mundo se apresentam à consciência, o filósofo alemão pretende analisar essa aparição no sentido de captar a sua essência (aquilo que o objeto é em si mesmo), isto é, “ir ao encontro das coisas em si mesmas”. Nesse sentido, a filosofia husserliana traz consigo um novo método de investigação que irá exercer grande influência no meio acadêmico, o que fará da fenomenologia um marco imprescindível na filosofia contemporânea. A fenomenologia é uma designação de uma corrente filosófica normativa do século xx. Edmundo Husserl (1859-1938) é considerado o seu fundador; entre seus representantes essenciais, ao lado de outros, temos; max scheller, martin heidegger, jean-paul sartre, maurice merleau-ponty, emannuel lévinas, paul ricoeur, jacques derrida e etc. Essa corrente influencia praticamente toda filosofia alemã e francesa e pensadores como: Jacques Lacan, Michel Foucault, Hans Georg Gadamer, Jurgen Habermas. Tomando posições críticas e ajudando a construir os pensamentos hermenêuticos, o existencialismo ou a desconstrução. Edmund Husserl é o criador do método fenomenológico, baseado nas relações entre os fenômenos físicos e psíquicos. Husserl tomou para si a tarefa de fundamentar cientificamente a filosofia. Pretendia caracterizar a Filosofia como ciência das ciências. Husserl caminha e descobre algo que as ciências positivas haviam separado o sujeito do objeto, a intenção, a consciência do mundo. Assim, desde o começo Husserl tem o objetivo de superar essa oposição entre objetivismo e subjetivismo. Seu ponto de partida é a crítica que dirige às teorias científicas, particularmente as de inspiração positivista. Toda a inclinação sobre os dados objetivos fez com que a ciência fosse tomada como único modo cognitivo possível. "A fenomenologia surge no processo de revisão de ideias tidas como cientificamente inabaláveis, no momento em que as ciências, ao nível de investigação, assumem um significado humano". Fenomenologia é o ato de perceber e descrever as essências ou sentidos dos objetos. Enquanto as ciências positivas buscam suas verdades nos fatos, a fenomenologia descreve essas verdades a partir da percepção das essências dos fatos, pois é nelas que os seus sentidos se revelam tais quais são. Husserl afirma que a atitude natural, não-fenomenológica, faz o homem olhar o mundo de maneira ingênua como mundo dos objetos. O lema fundamental da fenomenologia é “de volta às coisas mesmas”, procurando, com isso, a superação da dicotomia operada pelas doutrinas psicologistas, entre realismoe idealismo, entre o sujeito e o objeto, a consciência e o mundo. Toda consciência é consciência de alguma coisa; a consciência se caracteriza exatamente pela intencionalidade, pela visada intencional que a dirige sempre a um objeto determinado. A Fenomenologia é um método centrado na consciência, esta compreendida desde seus dois pólos: a consciência enquanto movimento para um objeto, denominada por Husserl noesis; e o objeto que, a cada vez, é visado pela consciência, chamado noema. Ou seja, consciência é noesis e objeto é noema. Toda consciência é a consciência de algo, logo toda consciência tem um noema. O modo de apreensão, pela noesis, de um determinado noema, se dá de modo sempre e necessariamente particularizado. Um fenômeno constitui-se sempre como uma perspectiva, um determinado recorte na estrutura da consciência. É preciso encontrar uma atitude que transcenda o plano puramente fenomênico, de modo a fornecer o fundamento totalizador da consciência, de forma que se possa alcançar o princípio de uma ciência absolutamente rigorosa. No decurso da elaboração da fenomenologia, Husserl concentra seu interesse sempre mais nos seguintes problemas: a) Como o mundo real em sua temporalidade, em sua consistência intersubjetiva, em sua objetividade se constitui em nossa consciência? b) Como passar da atitude natural para a atitude filosófica? QUESTÕES IMPORTANTES PARA A FENOMENOLOGIA 1.O sentido do mundo e das coisas preexiste ou é dado por nossa consciência? 2. Qual é a relação entre Consciência e Mundo? 3. Quais são os tipos de ciência que existem? FENOMENOLOGIA VEIO PARA TRAZER UMA OUTRA VISÃO! Brentano defendia que a psicologia é empírica, fundada na possibilidade de experenciação; segundo a fenomenologia, o mundo é um objeto intencional (tem uma explicação prévia de algo) com referência a um sujeito pensante. O homem não é uma coisa entre as coisas, e como tal não pode assim ser considerado (o ser humano tem a sua existência/individualidade); Fenomenologia é ir às coisas-mesmas. Mas é um “ir em busca” aliado à minha própria experiência subjetiva concreta. É participação, envolvimento. O método fenomenológico constitui-se como elemento base para a construção do que viria a ser uma ontologia existencialista, que será utilizado primeiramente por Martin Heidegger. -Méritos epistemológicos 1. Oferece uma série de análises teóricas ligadas ao conhecimento e a ciência: análise de conceitos como verdade, evidência, fundamentação, fundação, interpretação, intuição, pré-compreensão, finitude e etc. 2. Modelo normativo da existência humana que compreende o sujeito como ser-no-mundo, assentado corporalmente, socialmente e culturalmente – dá base para uma série de ciências humanas. 3. Por sua crítica aguda das posições epistemológicas como o eliminativismo, o objetivismo, o cientificismo, a fenomenologia pode contribuir para libertar as ciências positivas de teorizações pseudo científicas muito difundidas. 4. Oferece uma série de análises concretas que são relevantes para toda uma série de ciências empíricas (inclusive a psicologia) Não só exerceu influência sobre as ciências concretas como é possível falar de um interesse renovado na fenomenologia, ou seja, um renascimento da fenomenologia. Apesar de praticamente todos os fenomenólogos tardios terem tomado respectivamente à sua maneira distância do programa originário de husserl e de a fenomenologia ter se tornado um movimento heterogêneo- há uma série de temas fundamentais correntes. O FENÔMENO De maneira literal, fenomenologia seria a ciência dos fenômenos. Fenômeno: aquilo que aparece para uma consciência; está diante de mim, não é apenas um objeto/fato; ele existe na experiência vivida, relação da pessoa com algo. Fenômenos são dados de experiência que podem ser observados e descritos pelo sujeito que os experencia num dado momento; aparecer, mostrar-se a si mesmo. Husserl defende que o homem está numa relação com o mundo de constante transformação; a consciência não é estática, é um fluxo constante. Husserl afirma que a atitude natural, não-fenomenológica, faz o homem olhar o mundo de maneira ingênua como mundo dos objetos. O olhar ingênuo seria perceber o mundo naquilo que lhe apresenta, e não enquanto uma determinada representação que já existe em nós. Significa olhar e ver, e não simplesmente olhar e achar algo “a respeito-de”; Significa “torná-lo” novo, e ser possível se tornar uma “nova” experiência. Ou seja, o olhar ingênuo é olhar e ver as coisas enquanto o que elas são, sem interpretar. Numa atitude natural e não fenomenológica nós olhamos dessa forma, sem interpretar. Sentido não fenomenológico de fenômeno: aquilo que é apenas aparente. Porém, há a necessidade de ultrapassar o fenomenal para encontrar a verdade. Como se apresenta a nossa visão e não em sí-mesmo. Os fenômenos existem antes mesmo do pensamento, é uma experiência pré-reflexiva; essência é aquilo que constitui o ser. É preciso compreender o fenômeno como o modo de aparição do próprio objeto. O fenômeno é aquilo que se mostra por ele mesmo- o que se manifesta, o que se revela. E, de uma maneira geral a fenomenologia pode ser compreendida como uma análise filosófica de diversos modos de aparição do próprio objeto. A fenomenologia faz uma catalogação de diversos tipos de fenômenos e das diferenças essenciais entre os modos de aparição de: uma coisa física, objeto de uso, obra de arte, de uma melodia, de um número, de uma relação social. O mesmo objeto pode aparecer de modos diversos: segundo esse ou aquele aspecto, em uma iluminação forte ou fraca, como percebido, imaginado, lembrado, constatado, posto em dúvida, comunicado. Modo de aparição mais baixo e mais pobre: atos significativos (falar sobre algo). Atos de fala têm naturalmente uma referência, mas o objeto mesmo não é dado de maneira intuitiva. O objeto é dado de maneira indireta. Atos imaginativos: são dotados de um conteúdo intuitivo, mas têm para além disso. Semelhante com os atos significativos, também intencionam os objetos de maneira apenas indireta. O ato significativo intenciona o objeto por meio de uma representação causal (sinais), o ato imaginativo por meio de uma representação (imagem), que possui certa semelhança com o objeto. Só a percepção nos apresenta o objeto diretamente, só ela apresenta para nós o objeto ele mesmo “na própria pessoa”, como aquela forma de aparição que expõe o objeto da melhor, mais imediata e mais originária maneira de exposição. Ao invés de considerar a aparição do objeto como algo não essencial, meramente subjetivo, como algo que não merece nenhuma investigação mais detida, a fenomenologia insiste no valor filosófico dessa investigação. O mundo é tal como ele aparece para nós – na percepção, lida prática, lida científica- como unicamente real e efetivo. Não há um mundo que transcende (vai além) de toda a aparição. Na fenomenologia há uma rejeição categorica de uma doutrina dos dois mundos: mundo como ele é em si e o mundo como ele aparece para nós. Os fenomenólogos não pretendem suspender a distinção entre aparição e realidade efetiva, já que as ilusões existem. Todavia não se trata de duas regiões diversas, mas de um modo de aparecimento. A realidade do objeto não é buscada na frente ou atrás de sua aparição, como se essa aparição fosse de algum modo esconder o objeto efetivamente real. A fenomenologia não é, portanto, a teoria da mera aparição, dito de outros modos: fenômenos não são meros fenômenos, não são meros objetos que aparecem. Como um objeto aparece é essencial para ele. A sua forma de aparição importa. Caso se quisesse apreender a constituição de um objeto (ou de nossas estruturas que permitem o aparecimento dos objetos) então dever-se ia ter em visto o modo pelo qual ele aparece ou se manifesta. O tipo essencial propriamente dito do objeto não se encontra em algum lugar velado por detrás dos fenômenos, mas se desdobra precisamente neles. Seria fenomenologicamente um disparate acreditar que por detrás dos fenômenos se encontraria algo maisfundamental, que esses fenômenos apenas representariam. Portanto, apesar de existirem ilusões, o fenômeno é como ele aparece para nós. O cientista natural compreende o fenômeno como algo puramente subjetivo. Já o fenomenólogo entende que se está lidando com as coisas mesmas, sempre que e na medida que elas se mostrarem (experimentar, compreender, conhecer) como fenômeno para alguém. A REALIDADE FENOMÊNICA A maneira particular como o indivíduo interpreta uma determinada situação é chamada de realidade fenomênica. Não está se referindo apenas à percepção (enquanto fenômeno psicofisiológico), mas também a características de personalidade do indivíduo, a componentes emocionais ligadas ao grupo e a própria situação vivida. É preciso desvelar o fenômeno. Compreender e não interpretar. Objetivar é trazer à minha consciência. INTENCIONALIDADE Intencionalidade é um conceito fundamental na fenomenologia, é por ele que surge a nova relação entre o sujeito e o objeto. É pela intencionalidade que o objeto se constitui na consciência, se apresenta na consciência. INTENCIONALIDADE = TOMADA DE CONSCIÊNCIA. Ou seja, tomar o objeto, constitui-lo na consciência. A consciência tem liberdade, por conseguinte ativa, cabendo a ela dar sentido as coisas. Desta forma, a consciência é sempre consciência de algo, está sempre voltada para os objetos, visando-os. A fenomenologia é o lúcido. O que significa então a intencionalidade: um fenômeno se apresenta e a partir da intencionalidade eu irei levá-lo a minha consciência, tornando o lúcido para mim. Intencionalidade é o que representa o fato de a consciência sempre ser consciência de algo. “Toda consciência é consciência de algo”. Essa definição de consciência está vinculada, por seu turno, à noção de intencionalidade. Para Husserl, “a palavra intencionalidade significa apenas a característica geral da consciência de ser consciência de alguma coisa”. Eis o ponto de partida adotado pelo filósofo alemão: a análise dos fenômenos no âmbito da consciência no intuito de se tentar apreender as coisas em si mesmas, isto é, como elas são. Em Husserl a consciência deixa de ser passiva, ela não mais resguarda as imagens ou representações dos objetos que nos afetam por meio dos sentidos, depositando-se como mero conteúdo. Sendo a consciência liberdade, e por conseguinte ativa, cabe-lhe dar sentido às coisas. Como a consciência tem liberdade, na fenomenologia acredita-se que ela não deve apenas armazenar o objeto, deve dar sentido a ele. Os atos psíquicos são intencionais, a consciência é de alguma coisa. O fenômeno psíquico é caracterizado pela inexistência intencional (ter consciência de algo que não está presente na consciência). Epoché consiste numa suspensão momentânea da “atitude natural” com a qual nós nos relacionamos com o mundo. É uma postura. Estranhamento metodológico. É na correlação intencional que surgem os significados de tudo o que aparece; Redução eidética elimina os elementos (descrições) naturais da experiência para chegar à essência do fenômeno. Husserl afirma que a atitude natural, não-fenomenológica, faz o homem olhar o mundo de maneira ingênua como mundo dos objetos. O olhar ingênuo seria perceber o mundo naquilo que lhe apresenta, e não enquanto uma determinada representação que já existe em nós. Significa olhar e ver, e não simplesmente olhar e achar algo “a respeito-de”; Significa “torná-lo” novo, e ser possível se tornar uma “nova” experiência. Ou seja, o olhar ingênuo é olhar e ver as coisas enquanto o que elas são, sem interpretar. Numa atitude natural e não fenomenológica nós olhamos o mundo como mundo de objetos, sem olhar o que eles verdadeiramente são. No olhar fenomenológico nós olhamos os objetos, sem preconceitos e nenhuma interpretação prévia, e vemos os objetos como eles realmente são, os objetos de maneira pura. Para Husserl, a realidade se estrutura como fenômeno, a partir de uma dupla polaridade. Por um lado, a consciência deve ser pensada desde sua característica primeira, a intencionalidade; ao invés de existir como um ente determinado, a consciência é pura atividade. Esta, por sua vez, caracteriza-se como um ir ao encontro, de modo que não se pode falar de consciência sem especificar “de que” a consciência trata. Sem especificar isto a que ela, constantemente, se remete. Simultaneamente, não se pode falar em objetos destituídos de qualquer apreensão ou relação a uma consciência. EPOQUÉ E A REDUÇÃO A tarefa da fenomenologia consiste na investigação das questões filosóficas fundamentais que dizem respeito à constituição do ser e da essência. Essa investigação não tem como se dar com a radicalidade necessária, caso se pressuponham simplesmente as medidas fundamentais metafísicas (ex: medida de tempo da física como soma de agoras, ou do espaço como metros) e epistemológicas naturalizadas (ex: divisão sujeito-objeto) nas quais estamos presos. Ao deter-se na análise da consciência, Husserl irá propor seu método radical para “vasculhar” o fenômeno, a saber, a redução fenomenológica (epoché). Tomando emprestado da filosofia antiga o termo grego epoché, que os antigos céticos traduziam por “suspensão” do juízo a respeito das coisas, Husserl o adota sob outra perspectiva. A epoché husserliana consiste em pôr “entre parênteses” o mundo quando da apreensão do fenômeno. Dito de outra forma, a epoché consiste numa suspensão momentânea da “atitude natural” com a qual nós nos relacionamos com as coisas do mundo. Isso consiste em deixar provisoriamente de lado todos os preconceitos, teorias, definições etc., que nós utilizamos para conferir sentido às coisas. Tal suspensão da nossa atitude natural diante do mundo tem como escopo apreender na consciência as coisas no sentido de captá-las como elas são em si mesmas: "a fenomenologia procura enfocar o fenômeno, entendido como o que se manifesta em seus modos de aparecer, olhando-o em sua totalidade, de maneira direta, sem a intervenção de conceitos prévios que o definam e sem basear-se em um quadro teórico prévio que enquadre as explicações sobre o visto". A fenomenologia de Husserl parece ser uma tentativa de analisar o fenômeno em sua “pureza”, isto é, em sua “originalidade”. A proposta husserliana de se evitar a “atitude natural” na apreensão e análise do fenômeno denota no filósofo alemão sua insistente busca pelo rigor metodológico. A fenomenologia nunca tem necessidades de hipóteses, é como uma descrição da realidade. Sua atitude pré-reflexiva: a vivência humana na sua ocorrência; Atitude reflexiva: teorizar sobre a vivência, explicar. O olhar fenomenológico dirige-se ao pré-reflexivo, ou seja, dirige-se a vivência humana na sua ocorrência. Procura descrever os fenômenos como eles são, aproximando-se da realidade do fenômeno. Busca-se apreender a essência dos fenômenos – seus significados de maneira mais ingênua possível, mais despojada de preconceitos; ingênuo no sentido que isso tornaria o psicólogo mais capaz de apreender o que se mostra tal como é e não de acordo com teorias. Que medidas fundamentais não deveriam, sem mais, ser assumidas? Confiança tácita de que existiria uma realidade efetiva exterior completamente independente de nós (atitude natural). Ao nos tornarmos conscientes do posicionamento natural (de que achamos de modo cotidiano que o mundo existe sem nós, o que de fato não ocorre), descobrimos que nossa subjetividade não é um objeto como outros no mundo, mas possui seu próprio ser particular. A atitude natural é olhar de maneira ingênua, não fenomenológica, achando que existe um mundo exterior a nós e aos objetos. A atitude fenomenológica é olhar para os objetos como eles verdadeiramente são, despidos de preconceitos, e entender aquele como mundo efetivo e real. Enquanto não rompermos com a vida pré-filosófica na qual estamos ocupados como objetos intramundanos (sem subjetividade) e com atividades práticas (afazeres) – as estruturas fundamentais do nosso posicionamentonatural e de nossa própria subjetividade permanecem velados. Onde deve começar a investigação filosófica: na realidade efetiva no modo como ela aparece e se mostra em nossa experiência, pois justamente essa experiência deve se pautar em suposições bem fundamentadas. Essa virada em direção ao dado precisa de algumas preparações metodológicas – buscam evitar: a ingenuidade do posicionamento natural (de achar que existe um mundo real diferente do mundo que se apresenta) e hipóteses especulativas metafísicas. Indispensável: suspender nossa concordância com o posicionamento natural (as coisas são assim e assado). Colocamos esse julgamento em sua validade entre parênteses. A essa manobra, na qual abdicamos de seguir nossa inclinação natural, é designada como epoché e redução fenomenológica. O exercício da epoché não tem como objetivo, de maneira alguma, virar as costas para a realidade efetiva, abandoná-la ou excluí-la, mas suspender e neutralizar um posicionamento dogmático em relação ao mundo. Busca dirigir o olhar diretamente para o fenomenologicamente dado, para os objetos, e, em verdade, exatamente como eles aparecem. O desentranhamento do sentido de ser da realidade efetiva, do acesso filosófico do ser do mundo, se dá somente por meio dessa suspensão. META DA EPOCHÉ: INVESTIGAR O MUNDO DE MODO A DESENTRANHAR O SEU SENTIDO, A SUA VERDADE, DA MANEIRA COMO APARECEM. A suspensão consiste em colocar em parênteses a atitude natural que lidamos com as coisas. Falar nesse nexo de sentido não significa de modo algum que o ser do mundo seria deixado de fora de consideração pela investigação fenomenológica. É preciso colocar fora de jogo uma teoria nada isenta e inconsistente. NESSE CONTEXTO HUSSERL TAMBÉM FALA DE UMA REDUÇÃO TRANSCENDENTAL, QUE FORMA JUNTO À EPOCHÉ ASPECTOS DE UMA MESMA UNIDADE FUNCIONAL. EPOCHÉ COMO CONDIÇÃO DE POSSIBILIDADE DE UMA REDUÇÃO. Epoché: suspensão do posicionamento metafísico ingênuo e pode ser considerada com isso como uma porta de entrada para a filosofia. Trata-se aí de uma reflexão morosa e difícil. (quais os meus pré-conceitos e pré-julgamentos e como me distancio deles?) Tanto a epoché como a redução fazem parte de uma reflexão transcendental, que nos liberta do nosso dogmatismo natural e que nos traz a consciência nossa própria parcela constitutiva (doadora de sentido). Aqui não há uma perda do mundo efetivo, mas a mudança de atitude permite uma descoberta decisiva e com isso uma ampliação de nossa esfera de experiência. Realização da epoché para husserl- transição de um mundo bidimensional para um mundo tridimensional: de repente a subjetividade transcendental velada vem a tona – instância que constitui a condição de possibilidade de toda e qualquer aparição, manifestação. Professor, mas ai não cairiamos num subjetivismo? Existe uma diferença entre a consciência empírica (da experiência individual) e da consciência transcendental que é o modo como as vivências humanas gerais se dão (não somente a minha). Ex: diferença de perceber, imaginar, fantasiar, lembrar. O posicionamento fenomenológico nos torna conscientes da ação dos objetos. Mas nós também despontamos como aqueles para os quais os objetos aparecem. A epoché e a redução não nos sequestram e nos levam para além do mundo e de seus objetos, mas elas nos permite precisamente sonda-los de uma maneira nova e surpreendente, a saber, em sua aparição ou manifestação para a consciência. Husserl acentua que não se compreende minimamente a fenomenologia se não se leva a sério a epoché e a redução. A constituição propriamente dita da subjetividade e sua posição particular em geral só tem como ser mostrada caso se rompa a ingenuidade pré-filosófica e o posicionamento natural. A epoquê do criador da fenomenologia pretende superar a oposição clássica entre essência e aparência. Em husserl não há separação entre ambos, as ideias somente existem porque são ideias de algo. Com a epoqué há a suspensão da atitude natural de ver o mundo em duas “fases” e, despidos de preconceitos, passar a ver o mundo e os fenômenos como eles mesmos. O mundo objetivo é posto entre parênteses na experiência fenomenológica, permanecendo na consciência apenas aquilo que, por sua evidência, é impossível de ser negado. A realidade, desta forma, deve ser entendida tal qual se apresenta à observação. Ao analisar, após essa redução fenomenológica, a corrente de vivências puras que permanecem, constata que a consciência é consciência de algo. Esse algo chama-se de fenômeno. A epoché é uma atitude que se caracteriza pela abertura da consciência à experiência. Por isso é preciso ter o cuidado de não se fazer uma epoché no sentido positivista, não se trata de uma ciência livre de teoria ou livre de metafísica, quer pela redução ou outro meio. "A fenomenologia não é a ciência dos fatos, e sim de essências". Segundo husserl, primeiro se deve perder o mundo, através da epoqué, para recuperá-lo mediante a reflexão. Desta maneira, na consciência desperta eu sempre me encontro referido a um único e mesmo mundo, sem jamais poder modificar isso, embora este mundo varie em seu conteúdo. Ele continua sempre a estar "disponível“ para mim, e eu mesmo sou membro dele. Este mundo, além disso, não está para mim aí como um mero mundo de coisas, mas, em igual imediatez como mundo de valores, como mundo de bens, como mundo prático. *Por noema husserl entende o conteúdo temático do conhecimento em oposição à noese como o próprio ato da vivência, que tem o noema como objeto. Como husserl chega ao fundamento? 1.º colocando-se acima da mera experiência prática, num atitude anti-naturalista; 2.º despindo-se de todos os preconceitos, orientando-se apenas por uma evidência apodítica (destituída de toda a possibilidade do seu contraditório); 3.º evidenciação das essências como significações e sentidos dos objetos ou fatos constitutivos do nosso vivido imediato A fenomenologia não se interessa imediatamente pelos objetos ou pelos fatos, mas pelos sentidos que neles podem ser percebidos. Um psicólogo que tenha a fenomenologia como atitude filosófica estará sempre preocupado em não usar lentes teóricas, nem produzir explicações com base em hipóteses formuladas, ele buscar nessa postura filosófica libertar-se da atitude natural e de conceitos prévio que o impeçam de ver, sentir, perceber e olhar o fenômeno como ele se apresenta e não naturalmente. A atitude antinatural, ou atitude fenomenológica, é um conceito-chave na fenomenologia husserliana, ela se contrapõe à atitude natural, encontrada mais facilmente no senso comum. Sobre esse tema é correto afirmar que: a atitude natural é geralmente praticada por pessoas iletradas, que ainda não tiveram acesso ao ensino formal e, por isso, são mais propensas a crer em verdades absolutas e preconcebidas; a atitude antinatural é uma atitude científica, privilégio das pessoas que têm acesso ao ensino superior; a atitude fenomenológica é adquirida pelo estudo e pela prática de um olhar crítico aos fenômenos cotidianos. FENOMENOLOGIA 1. Principais Precursores: Edmund Husserl, Franz Brentano. 2. Fenomenologia: Inaugurada por Edmund Husserl. Sistema filosófico que pratica a filosofia como busca fenomenológica, ou seja, eliminando as características reais ou empíricas dos fenômenos, elevando-os ao plano das generalidades essenciais. Consiste em fazer filosofia buscando a essência que se mostra no aparece, indicando um procedimento mais preciso, em direção a uma verdadeira intuição das essências. 3. Fenomenologia em 3 aspectos: I. Como Filosofia: Produzir conhecimento a partir da resposta da pergunta sobre o que são as coisas que são. Fazer filosofia reduzindo os seres a fenômenos –redução fenomenológica – colocar “entre parênteses” a atitude natural, deixar de lado suas crenças. (De Ser para Fenômeno) 5. Fenômeno: Tudo aquilo (material ou ideal) de que podemos ter consciência, de qualquer modo que seja. Tudo aquilo que se mostra por si mesmo.Ex.: o conhecimento. Husserl: Tudo aquilo que se revela a uma consciência. 7. Método Fenomenológico de Husserl: a) Suspensão das próprias crenças – redução fenomenológica; b) Volta às coisas mesmas - retorno ao próprio objeto para apreender um sentido a partir da relação com o mesmo. c) Visada de consciência d) Produção de um sentido – a relação estabelecida com o objeto em questão permitirá a emergência do sentido. O sentido é o que se mostra naquilo que aparece. 8. Fenomenologia Transcendental: Procura superar o excessivo subjetivismo e idealismo de sua filosofia. Tenta dar conta da realidade social e da relação entre a subjetividade e o mundo. 9. Atitude Natural: Convicções humanas necessárias à vida cotidiana. Entendimento de que o mundo existe por si, que já estava aí antes da existência seja de qualquer homem na rua, seja do cientista. 1 0. Atitude Fenomenológica: Suspender sua crença na realidade do mundo exterior para se colocar, ela mesma, como consciência transcendental, condição de aparição desse mundo e doadora de se ntido. 1 1. Redução Fenomenológica: (Epoché) pôr entre parênteses os pré-conceitos, os pré-juízos para chegarmos as mesmas coisas. Suspensão de toda e qualquer afirmação, conceitos, valores, no momento do atendimento, para que não haja influência da nossa parte para a análise do paciente. 1 2. Redução Eidética: Que nos revela a essência , o horizonte de potencialidade da coisa considera da , independentemente de sua existência real ou concreta . 1 3. Redução Transcendental: A própria subjetividade, a consciência subjetiva, também deve ser submetida a esse processo, que revela além da consciência empírica do sujeito concreto, sua natureza essencial enquanto sujeito transcendental ou “eu transcendental” , núcleo constitutivo da experiência. 1 4. Intencionalidade: Ponto de união entre os filósofos da Fenomenologia. Verdade inabalável ou princípio fundamental do qual derivam todas as ideias . Implica na ideia de que não existe algum objeto que não esteja voltado para uma consciência e nem uma consciência que não esteja voltada para um objeto. Indica complementaridade e inseparabilidade consciência -objeto. MÉTODO SOCRÁTICO: DIÁLOGO MAIÊUTICO Dialética socrática: questionar as crenças habituais de seu interlocutor para posteriormente, assumir sua ignorância e buscar um conhecimento verdadeiro. Busca afastar a mera opinião e alcançar o conhecimento; Qualquer conversa não é um diálogo (Rúdio, 1998); No diálogo, os locutores mostram um verdadeiro interesse na locução do outro e do que eles mesmos se propõem a comunicar. É fácil dialogar? Por que é tão dificil dialogar? Porque não é jogar conversa fora e nem sobrepor sua ideia, é preciso que os interlocutores saibam escutar. Saber escutar não é uma prática corriqueira, pelo contrário, poucos internalizam essa atitude. O que você entende pela frase de Socrátes? “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.” Temos ideias claras sobre um determinado assunto? Vamos retornar ao assunto sobre consumismo. Como ensinar o interlocutor a raciocinar de maneira a superar a ideia convencional, ou seja, a simples opinião que circula? Como fazer que homem saia da caixinha? O MÉTODO SOCRÁTICO: IRONIA Dois Momentos: 1º Momento: -Questionar, simulando não saber (SUSPENDER SUA OPINIÃO) -O interlocotur expõe sua opinião; -Uma vez que o interlocutor se apercebia de sua ignorância, entrava no segundo momento: maiêutica. O MÉTODO SOCRÁTICO: MAIÊUTICA PROPRIAMENTE DITA 2º Momento: O momento da verdade, do verdadeiro conhecimento. São feitas novas perguntas para que o interlocutor possa refletir; Não tem intuito de resposta e sim rever criticamente suas ideias e concepções. Diálogo travado e a partir de si mesmo um novo conhecimento mais crítico e aprofundado. MAIÊUTICA: Significa "parto". Porque parto? Profissão da sua mãe Fainarete (Sócrates). Tomou-a como exemplo e afirmava que os dois possuíam atividades semelhantes. Enquanto a mãe auxiliava mulheres a darem à luz a crianças, Sócrates auxiliava as pessoas a darem à luz as ideias. Na maiêutica propriamente dita, continua-se fazendo perguntas. O objetivo é que o interlocutor chegue a uma conclusão segura sobre o assunto e consiga definir um conceito. As ideias já estão dentro das pessoas e são conhecidas por sua alma eterna. A pergunta correta pode fazer com que a alma se recorde de seu conhecimento prévio. TOMADA DE CONSCIÊNCIA? Para o filósofo, ninguém é capaz de ensinar alguma coisa à outra pessoa, somente ela mesma pode tomar consciência, dar à luz a ideias. A reflexão é a forma de atingir o conhecimento. OBJETIVO DA MAIÊUTICA “Evidenciar através de uma série de perguntas precisas, a fraqueza dos argumentos do indivíduo, fazendo com que ele duvide daquilo que ele acredita ser uma verdade absoluta, além de esclarecer as falhas que um discurso pode ter.” Tal ação gera contradição e assim, permite que a pessoa reveja sua forma de pensar e liberte-se de preconceitos, opiniões induzidas e ambiguidades. Com isso, o indivíduo adquire o verdadeiro conhecimento e passa a pensar por si mesmo.” (RÚDIO, 2018, p.18) Qual o poder das perguntas? Você provavelmente já sabe o quanto as respostas são poderosas. E as perguntas? Provocam reações, fornecem informação, motivam as pessoas a continuarem um assunto, geram atenção, apontam caminhos e estabelecem ações. Basta fazer a pergunta correta! Como faze-la? Como fazer a pergunta certa? Deve gerar impacto e prender a atenção da pessoa, além de gerar questionamento e alimentar a discussão. Ela será capaz de alterar o pensamento do indivíduo e expandir as formas de agir e pensar, gerando significados profundos. Como gerar tamanha reflexão? A riqueza de ideias não está na resposta dada, mas sim na dúvida e na crítica que a pergunta tem o poder de causar, tira a pessoa da zona de conforto e permite a observação, a interpretação, o questionamento e consequentemente, o conhecimento.