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ACESSE AQUI ESTE MATERIAL DIGITAL! GABRIELA CAMPELO AVALIAÇÃO, RECURSOS COMPLEMENTARES E DIAGNÓSTICOS EM TERAPIA OCUPACIONAL Coordenador(a) de Conteúdo Viviane Hadlich dos Santos Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Edinei Tomelin Design Educacional Maíra Rocha Revisão Textual Letícia Krieck Ilustração Andre Luis Azevedo da Silva Bruno Cesar Pardinho Figueiredo Fotos Shutterstock e Envato Impresso por: Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722. Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Núcleo de Educação a Distância. CAMPELO, Gabriela. Avaliação, Recursos Complementares e Diagnósticos em Terapia Ocupacional / Gabriela Campelo. - Florianópolis, SC: Arqué, 2024. 184 p. ISBN papel 978-65-6137-537-5 ISBN digital 978-65-6137-534-4 1. Avaliação 2. Diagnósticos 3. Terapia 4. EaD. I. Título. CDD - 615.8515 EXPEDIENTE FICHA CATALOGRÁFICA N964 03506816 RECURSOS DE IMERSÃO Utilizado para temas, assuntos ou con- ceitos avançados, levando ao aprofun- damento do que está sendo trabalhado naquele momento do texto. APROFUNDANDO Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Aqui você terá indicações de filmes que se conectam com o tema do conteúdo. INDICAÇÃO DE FILME Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Aqui você terá indicações de livros que agregarão muito na sua vida profissional. INDICAÇÃO DE LIVRO Utilizado para desmistificar pontos que possam gerar confusão sobre o tema. Após o texto trazer a explicação, essa interlocução pode trazer pontos adicionais que contribuam para que o estudante não fique com dúvidas sobre o tema. ZOOM NO CONHECIMENTO Este item corresponde a uma proposta de reflexão que pode ser apresentada por meio de uma frase, um trecho breve ou uma pergunta. PENSANDO JUNTOS Utilizado para aprofundar o conhecimento em conteúdos relevantes utilizando uma lingua- gem audiovisual. EM FOCO Utilizado para agregar um con- teúdo externo. EU INDICO Professores especialistas e con- vidados, ampliando as discus- sões sobre os temas por meio de fantásticos podcasts. PLAY NO CONHECIMENTO PRODUTOS AUDIOVISUAIS Os elementos abaixo possuem recursos audiovisuais. Recursos de mídia dispo- níveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. 7 63 4 121 U N I D A D E 3 TERAPIA OCUPACIONAL EM DISFUNÇÕES TRAUMATO- ORTOPÉDICAS HOSPITALARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .122 TERAPIA OCUPACIONAL EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA (NEONATAL - PEDIÁTRICA - ADULTA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .146 PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL EM CONTEXTOS HOSPITALARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .166 7U N I D A D E 1 AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CONTEXTOS HOSPITALARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS HOSPITALARES DE TERAPIA OCUPACIONAL E SERVIÇOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) . . . . . . . . . . . . .26 TERAPIA OCUPACIONAL EM ENFERMARIA E BRINQUEDOTECA HOSPITALAR . . . . .44 63 U N I D A D E 2 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO ONCOLÓGICA E CUIDADOS PALIATIVOS . . . .64 TERAPIA OCUPACIONAL EM NEUROLOGIA HOSPITALAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . .82 TERAPIA OCUPACIONAL EM ATENÇÃO AO PACIENTE QUEIMADO . . . . . . . . . . . .100 5 SUMÁRIO UNIDADE 1 MINHAS METAS AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CONTEXTOS HOSPITALARES Compreender a Terapia Ocupacional no ambiente hospitalar, centrada no paciente. Conhecer as principais áreas de intervenção da Terapia Ocupacional no contexto hospitalar. Aprender a aplicar avaliações nos pacientes, identificando necessidades ocupacionais e os objetivos terapêuticos. Desenvolver habilidades de planejamento e implementação de intervenções terapêuticas individualizadas. Explorar estratégias para promover independência, funcionalidade e qualidade de vida no período da internação hospitalar. Conhecer questões éticas e práticas em ambientes hospitalares, confidencialidade e trabalho em equipe multidisciplinar. Pensar a alta hospitalar e retorno do paciente às atividades cotidianas e seus papéis ocupacionais. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 1 8 INICIE SUA JORNADA Ao iniciar a leitura deste material, você deve estar se perguntando: “contextos hospitalares? Terapia Ocupacional? Qual a sua importância? Como ela pode influenciar minha vida? Será que realmente irei ingressar na área hospitalar no meu dia a dia como profissional?”. Para que possamos compreender, vamos nos afastar um pouco apenas da prática clínica da Terapia Ocupacional, aquela em consultório, escolas ou até mesmo ambulatórios. Utilizaremos um exemplo bem amplo e possível. Imagine que você, graduado em Terapia Ocupacional, atuará com pacien- tes que não conseguem realizar suas atividades de vida diárias e instrumentais de vida diárias, e é chamado pelo médico de um paciente que teve um grave acidente e precisará ficar em internação hospitalar por um período. Desta forma, você acaba sendo provocado pelos familiares e pelo próprio paciente, fazendo as seguintes perguntas: Diante de tantas perguntas, as respostas que devem ser apresentadas pelo pro- fissional de Terapia Ocupacional parecem simples. Contudo, para que a sua pro- vocação seja efetiva e a compreensão do paciente e seus familiares sejam signifi- cativas para eles, será necessário que vocês, futuros profissionais, alcancem tais respostas com base em um planejamento. Vocês irão avaliar, conversar, analisar o paciente, sua história clínica, seu período desde que iniciou a internação, para criar, planejar e executar os me- lhores objetivos, os que mais auxiliam o paciente, seja adaptando materiais no hospital, seja pensando novas formas de realizar as mesmas tarefas que ele realizava antes de ser internado. VOCÊ SABE RESPONDER? Qual será a avaliação? Quais serão os objetivos para com esse paciente? De que forma iremos atuar em internação hospitalar? O que faremos com os resultados disso tudo? Quais os objetivos? Aonde vamos? UNIASSELVI 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Considere essa situação hipotética apresentada. E, para que possamos nos ambientar com tal prática, que tal nos apropriarmos de uma das aplicações da Te- rapia Ocupacional e colocarmos a mão na massa? Vamos lá? Faça uma pesquisa com os membros de sua família, perguntando se eles passaram por um período de internação hospitalar. Diante de tudo isso que discutimos até o momento, faça suas anotações. Você pode anotar suas primeiras impressões até o momento. Escreva os resultados de sua pesquisa com seus familiares, anotando, tam- bém, as dificuldades que eles tiveram para realizar suas tarefas de vida diárias e instrumentais de vida diárias, de como ficou seu afastamento do trabalho, dos filhos e até mesmo de sua própria casa. Faça esta reflexão. No nosso podcast, iremos explorar um tema fascinante que combina inovação, cuidado e reabilitação. A Tecnologia Assistiva tem se tornado uma parte integral da Terapia Ocupacional em contextos hospitalares. Por meio dessa junção, esta- mos capacitando pacientes a superar desafios físicos e cognitivos, recuperar sua independência, autonomia e, também, sua qualidade de vida. Ao longo deste episódio, mergulharemos nas últimas tendências em tecnologia assistiva, com- partilhando insights valiosos. Está pronto para descobrir como a Terapia Ocupa- cional e a tecnologia estão moldando o futuro da reabilitação hospitalar? Acesse agora e vamos começar! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual dede 21 de março de 2005, dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. 4 8 Interessante, não é? Para ler a portaria que aprova o regulamento que estabelece as diretrizes de instalação e funcionamento das brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação, acesse! Saiba mais sobre o dimensionamento das brinquedotecas, os profissionais que podem atuar, dentre outras informações. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt2261_23_11_2005.html EU INDICO UNIASSELVI 4 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 No Brasil, a referida lei tornou obrigatória a instalação de brinquedotecas em hospitais públicos e privados que possuam internação pediátrica. Essa legisla- ção representa um avanço significativo na humanização do ambiente hospitalar, reconhecendo a importância do desenvolvimento lúdico das crianças durante o período de internação. As brinquedotecas não são somente espaços de diversão, mas ambientes terapêuticos que oferecem às crianças hospitalizadas a oportu- nidade de expressar emoções, interagir socialmente, aprender e se desenvolver enquanto enfrentam desafios de saúde. A Lei das Brinquedotecas estabelece diretrizes para a criação desses espaços, exigindo uma infraestrutura adequada e a seleção de brinquedos e jogos adequados à faixa etária e à condição de saúde das crianças, além da presença de profissionais especializados, como terapeutas ocupacionais e pedagogos. Esses ambientes con- tribuem para a diminuição do estresse e da ansiedade das crianças, ajudando na adesão aos tratamentos médicos e na recuperação mais rápida, pois proporcionam momentos de descontração e estímulo ao desenvolvimento integral, sendo uma conquista importante no cuidado e assistência à saúde infantil no país. Extraordinário . Com o intuito de ilustrar o que já foi trazido até o presente mo- mento, recomendo assistir ao filme Extraordinário (Wonder), baseado no livro de R.J. Palacio. Trata-se de uma ótima opção de filme que aborda a temática relativa à internação hospitalar e ao papel do brincar. Ele retrata a história de Auggie Pullman, um garoto que nasceu com uma deformidade facial e enfrenta uma série de desafios ao frequentar a escola pela primeira vez. Auggie passa por várias cirurgias e tratamentos médicos ao longo de sua vida, o que o leva a passar um tempo significativo em hospitais. INDICAÇÃO DE FILME O filme indicado demonstra como o brincar, a amizade e a superação das adver- sidades desempenham um papel fundamental na jornada de Auggie e de outras crianças que enfrentam dificuldades devido à própria condição de saúde. A partir 5 1 do enredo, o filme oferece uma visão sensível e emocionante sobre a experiên- cia de crianças hospitalizadas e destaca a importância do apoio emocional, do convívio social e do brincar durante os momentos difíceis enfrentados por elas. Essa perspectiva justifica a importância de profissionais como terapeutas ocupacionais e a presença de brinquedotecas para as crianças pacientes, visto que esses recursos contribuem significativamente para o desenvolvimento emocional e físico desses jovens durante o período de tratamento. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E A TERAPIA OCUPACIONAL Alguns autores afirmam que a inserção da criança no universo do brincar é uma etapa fundamental no desenvolvimento delas, seja cognitivo, físico ou social. A brincadeira é a principal ocupação nessa fase da vida do indivíduo e refletirá nas demais ocupações da vida adulta. O brincar é uma atividade fundamental na vida de uma criança, pois vai muito além de um simples passatempo. É por intermédio do brincar que a crian- ça explora o mundo ao redor e desenvolve habilida- des sociais, emocionais, cognitivas e motoras. Duran- te o ato de brincar, elas aprendem a interagir com os outros, a resolver problemas, a expressar emoções e a compreender conceitos abstratos, tudo isso de maneira lúdica e prazerosa. O brincar é uma linguagem universal da infância em que a criança é protagonista do próprio desenvolvimento, exercitando a criatividade e a imaginação de maneira livre e espontânea. Nós, terapeutas ocupacionais, reconhecemos e valorizamos imensamente a importância do brincar no desenvolvimento infantil. Nós utilizamos o brincar como uma ferramenta terapêutica para promover a saúde e o bem-estar das crianças, adaptando as atividades lúdicas de acordo com as necessidades individuais de cada paciente. Ao criar estratégias terapêuticas baseadas no brincar, temos nós, terapeutas ocu- pacionais, como objetivos, estimular a aprendizagem e a reabilitação, contribuin- do para a melhoria da funcionalidade, da autonomia e da qualidade de vida das crianças que enfrentam desafios físicos, emocionais ou cognitivos. O brincar O brincar é uma atividade fundamental na vida de uma criança UNIASSELVI 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 se torna, assim, uma ponte entre o divertimento e o processo de tratamento, sendo uma ferramenta poderosa para o progresso e a superação das limitações enfrentadas pelas crianças. A importância do brincar e da terapia ocupacional dentro de um hospital é significativa, especialmente no contexto do cuidado infantil. Ambas desempe- nham papéis cruciais no bem-estar emocional, físico e social das crianças durante os períodos de tratamento médico. A seguir, são exibidos alguns aspectos que destacam essa importância: ALÍVIO DO ESTRESSE E ANSIEDADE: O ambiente hospitalar pode ser assustador e estressante para crianças. O brincar proporciona uma forma natural e eficaz de reduzir o estresse, a ansiedade e o medo associados aos procedimentos médicos. DESENVOLVIMENTO MOTOR E COGNITIVO: As atividades lúdicas promovem o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças, mesmo em um ambiente hospitalar. Isso é crucial para manter o progresso no desen- volvimento infantil durante o período de internação. ESTÍMULO À EXPRESSÃO EMOCIONAL: O brincar oferece uma saída para a expressão de emoções, permitindo que as crian- ças processem e compreendam melhor os próprios sentimentos em relação à doença e ao tratamento. INTEGRAÇÃO SOCIAL: A interação social é fundamental para o desenvolvimento saudável. A terapia ocupa- cional e as atividades lúdicas facilitam a interação entre as crianças hospitalizadas, proporcionando um ambiente mais socialmente estimulante. 5 1 Portanto, a presença de terapeutas ocupacionais e a incorporação do brincar den- tro de um hospital não apenas contribuem para o entretenimento das crianças, mas também desempenham um papel terapêutico essencial na promoção da re- cuperação e na melhoria da qualidade de vida durante o processo de tratamento. A terapia ocupacional e a brinquedoteca Considere que, em um hospital pediátrico movimentado, nós, terapeutas ocu- pacionais, recebemos o pedido para atender uma paciente, uma garota com seis anos com uma condição crônica. Sabemos que a brinquedoteca é um recurso valioso para o nosso trabalho, e o hospital no qual estamos conta com essa sala de recurso. Ao entrar no quarto da menina, iniciamos cumprimentando-a: isso pode ser feito com um com um sorriso caloroso, com um aperto de mão ou uma piada divertida. Sempre quando vamos iniciar um atendimento infantil, é importante estarmos munidos e levarmos materiais e recursos para tal, como brinquedos, jogos, canetas e outros materiais terapêuticos (PICANÇO et al., 2013). ADAPTAÇÃO ÀS LIMITAÇÕES FÍSICAS: Terapeutas ocupacionais adaptam as atividades lúdicas para atender às necessidades específicas de crianças com limitações físicas temporárias ou permanentes, promo- vendo a continuidade da participação ativa. MELHORIA DO AMBIENTE HOSPITALAR: A introdução de atividades lúdicas e da terapia ocupacional contribui para a humanização do ambiente hospitalar, tornando-o mais acolhedor e menos intimidante para as crianças. COLABORAÇÃO COM A EQUIPE DE SAÚDE: Terapeutas ocupacionaistrabalham em colaboração com outros profissionais de saú- de para abordar as necessidades globais dos pacientes pediátricos, garantindo uma abordagem holística e integrada ao tratamento. UNIASSELVI 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Além disso, é importante, no início de tratamento, criarmos um vínculo com a criança, conversando sobre os gostos, as brincadeiras favoritas e as atividades pre- diletas dela. Suponha que descobrimos que a tal paciente adora pintar e construir coisas. Com a permissão da equipe médica, propomos a família e/ou responsáveis levá-la à brinquedoteca para realizar algumas atividades terapêuticas. Chegando à brinquedoteca, é importante que nós, terapeutas ocupacionais, exploremos junto com a nossa paciente as diferentes opções de jogos e ativida- des: podemos começar pintando os desenhos que ela gosta muito ou realizar uma atividade de construção com blocos coloridos. Enquanto brincamos com a paciente, é importante observarmos atentamente o comportamento da criança, incentivando-a a expressar as próprias emoções por meio das atividades. Neste momento, podemos aproveitar a oportunidade para alcançarmos alguns objetivos que queremos ganhar com a nossa paciente, como incentivar a coordenação motora fina, a criatividade e a interação social ou algum outro objetivo que tenhamos julgado importante. Usando materiais específicos, nós podemos adaptar as atividades para fortalecer as habilidades motoras da criança, se esse for um dos nossos objetivos, ao mesmo tempo em que oferecemos suporte emocional durante o processo. Ao final da sessão na brinquedoteca, é quase sempre possível ver nossos pacientes radiantes e, por vezes, ansiosos para voltar e continuar as brincadeiras e as tarefas. Importante lembrar que, enquanto profissionais da saúde e dentro de uma instituição hospitalar, precisamos evoluir e compartilhar com toda a equipe Com a finalidade de aprofundar mais o conhecimento sobre o tema, sugiro a lei- tura do artigo intitulado A brinquedoteca sob a visão da Terapia Ocupacional: di- ferentes contextos, publicado nos Cadernos de Terapia Ocupacional. A partir da leitura do artigo, é possível efetuar discussões acerca dos diferentes contextos que as brinquedotecas podem assumir e verificar a importância dessa discussão para a terapia ocupacional. https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/ index.php/cadernos/article/view/158/114 EU INDICO 5 4 (médicos, enfermeiros e fisioterapeutas) e pais/responsáveis as nossas observações, intervenções e progressos da criança. Assim, será cada vez mais possível o reconhe- cimento dos benefícios e da importância da terapia ocupacional aliada ao ambiente lúdico da brinquedoteca ao desenvolvimento e ao bem-estar dos pacientes. Quando pensamos no cuidado infantil em um contexto ambulatorial, vi- sando a uma atenção integral, não podemos nos limitar às intervenções via medicamentos ou às reabilitações gerais, uma vez que a criança necessita ser vista em sua singularidade e precisa poder contar com recursos que favoreçam o próprio desenvolvimento para experimentação e elaboração das experiências em tal ambiente (BERNARDES et al., 2014). Portanto, a proposta de criação de brinquedotecas nesses espaços de trata- mentos hospitalares constitui-se uma alternativa para humanizar o atendimento à criança a partir de um ambiente seguro e acolhedor. Disponibilizando recursos físicos e materiais, as brinquedotecas favorecem a superação e a elaboração do processo de tratamento e do cotidiano por ele modificado. Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . EM FOCO NOVOS DESAFIOS Atualmente, já temos significativos estudos os quais destacam os benefícios da terapia ocupacional na enfermaria e na brinquedoteca hospitalar, evidenciando a significativa melhoria na qualidade de vida das crianças. Pesquisas têm demons- trado consistentemente que a intervenção da terapia ocupacional nesses espaços promove não apenas a recuperação física, mas também tem um impacto positi- vo nos aspectos emocionais, sociais e cognitivos dos indivíduos hospitalizados, especialmente as crianças. Ao adaptar as atividades terapêuticas conforme as necessidades específicas de cada criança, seja conversando, seja brincando, auxiliando a retomar o coti- UNIASSELVI 5 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 diano, como o escolar, nós, terapeutas ocupacionais, facilitamos o engajamento ativo e estimulamos o desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas, os quais podem vir a reduzir o estresse e a ansiedade, promovendo um ambiente mais humanizado e favorável ao processo de cura e reabilitação das crianças. Estudos ressaltam a importância da terapia ocupacional como uma peça fundamental na promoção do bem-estar global dos indivíduos hospitalizados, fornecendo embasamento sólido para a implementação e o desenvolvimento contínuo dessas práticas terapêuticas nos contextos de saúde. A sólida compreensão da atuação em ambientes hospitalares é fundamental para preparar futuros profissionais de Terapia Ocupacional para os desafios específicos encontrados em enfermarias e brinquedotecas. Ao abordar a prática da terapia ocupacional nesses espaços, abre-se a oportunidade de aplicar conhe- cimentos teóricos em situações reais, desafiando os estudantes a desenvolverem intervenções terapêuticas adaptadas e eficazes. A regulação estabelecida pela Lei nº 6.316/1975 oferece a base legal para a atuação profissional, garantindo aos futuros terapeutas a capacidade de enfrentar as demandas de saúde da população pediátrica em hospitais de forma qualificada. A identificação e a superação dos desafios na avaliação e na intervenção terapêutica em enfermarias e brinquedotecas se tornam cruciais para os terapeutas ocupacionais. A compreensão integral dos pacientes, a adaptação das práticas terapêuticas a diferentes contextos e a capacidade de trabalhar em equipe multidisciplinar são obstáculos a serem superados. Ademais, a criação de ambientes terapêuticos que incentivem o brincar e a recuperação das crianças hospitalizadas representa um desafio significativo, o que exige criatividade, sensibilidade e adaptação constante às necessidades específicas de cada criança. Ao conectar a teoria às práticas específicas desses ambientes, você, estudante de Terapia Ocupacional, estará mais bem preparado(a) para enfrentar e superar os desafios da atuação em enfermarias e brinquedotecas hospitalares. Essa prepa- ração não apenas te tornará um(a) profissional apto(a) a lidar com as situações complexas, mas também contribuirá para o desenvolvimento de estratégias te- rapêuticas mais eficazes, objetivando a melhoria da qualidade de vida e funcio- nalidade das crianças hospitalizadas. 5 1 A nossa gama de atuação é imensa. Apesar de a escolha da equipe que integra uma brinquedoteca ser da gestão do hospital, fica cada vez mais evidente a im- portância da presença de um profissional da terapia ocupacional nesses espaços. Ainda que em números reduzidos, os hospitais que contam com esse tipo de sala de atendimento apresentam grandes melhoras nas evoluções dos pacientes e uma humanização ao longo do tratamento. Portanto, ao construirmos a base do conhecimento sobre terapia ocupacio- nal em enfermaria e brinquedoteca e relacioná-la ao futuro ambiente profissional, estamos fortalecendo a sua preparação para atender às necessidades da sociedade e contribuir significativamente para a saúde e a qualidade de vida da população. Conectando teoria e prática, estamos moldando profissionais capacitados, prontos para enfrentar os desafios e as oportunidades que o mercado de trabalho oferece. UNIASSELVI 5 1 1. A presença inicial da terapia ocupacional em ambientes hospitalares estava primariamente direcionada para a reabilitação física e a recuperação de habilidades motoras dos pacientes. Durante o surgimento e a expansão nos hospitais,os terapeutas ocupacionais concentra- vam os esforços em auxiliar os indivíduos a recuperarem a funcionalidade física, proporcio- nando técnicas terapêuticas adaptadas para promover o desenvolvimento de habilidades motoras e a independência nas atividades diárias. A abordagem focada na reabilitação física foi um dos pilares iniciais da atuação da terapia ocupacional em ambientes hospita- lares, buscando melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade dos pacientes durante o processo de tratamento e recuperação. Qual foi o foco principal da presença inicial da terapia ocupacional em ambientes hospita- lares? Assinale a alternativa correta: a) Apoio psicológico aos pacientes. b) Prescrição de medicação. c) Reabilitação física e recuperação de habilidades motoras. d) Realizar jardinagem. e) Conversar com os familiares dos pacientes. 2. A atuação da Terapia Ocupacional em ambientes hospitalares evoluiu consideravelmen- te ao longo do tempo. Inicialmente, o foco predominante dessa prática estava centrado na reabilitação física dos pacientes, priorizando a recuperação de habilidades motoras e funcionais. Entretanto, à medida que a compreensão do papel da terapia ocupacional foi se expandindo, uma abordagem mais holística passou a ser incorporada. Essa ampliação envolveu a consideração não apenas da recuperação física, mas também dos aspectos emocionais, cognitivos e sociais dos pacientes hospitalizados. Essa nova perspectiva reco- nhece a importância de abordar as necessidades integrais dos indivíduos em tratamento, indo além da simples reabilitação física, visando também ao bem-estar emocional, social e cognitivo dos pacientes. Considerando os aspectos os quais foram incorporados à compreensão do papel da terapia ocupacional em ambientes hospitalares, expandindo a atuação além da reabilitação física inicial, analise as afirmativas a seguir: I - Aspectos emocionais e sociais. II - Habilidades culinárias. III - Preocupação apenas em recreação. É correto o que se afirma em: AUTOATIVIDADE 5 8 a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3. A terapia ocupacional nas brinquedotecas hospitalares evoluiu para integrar atividades terapêuticas específicas, adaptadas às necessidades individuais de cada criança. Essas atividades não se limitam apenas ao entretenimento, mas carregam, como objetivos prin- cipais, promover o engajamento das crianças, estimular os aspectos sensoriais, cognitivos e emocionais e facilitar a adaptação ao ambiente hospitalar. O propósito dessas atividades é contribuir para o processo de recuperação das crianças hospitalizadas, fornecendo um ambiente lúdico, seguro e terapêutico onde elas podem se expressar, interagir e se desen- volver durante o tratamento. Qual é o principal propósito das atividades terapêuticas realizadas pelas equipes de terapia ocupacional nas brinquedotecas hospitalares? Assinale a alternativa correta: a) Fornecer entretenimento lúdico sem nenhum objetivo terapêutico. b) Restringir-se apenas à estimulação física das crianças hospitalizadas. c) Promover exclusivamente a socialização entre as crianças. d) Não considerar as necessidades individuais de cada criança nas atividades realizadas. e) Promover o engajamento e a estimulação sensorial, cognitiva e emocional, facilitando a adaptação ao ambiente hospitalar e contribuindo para o processo de recuperação das crianças hospitalizadas. AUTOATIVIDADE 5 9 REFERÊNCIAS BERNARDES, M. S. et al. A intervenção do terapeuta ocupacional em brinquedoteca ambulato- rial: relato de experiência. Revista Gestão e Saúde, v. 5, n. 2, p. 582-594, 2014. PICANÇO, M. et al. A importância da brinquedoteca hospitalar e da Terapia Ocupacional sob a óptica da equipe de enfermagem de um hospital público do Distrito Federal. Cadernos de Te- rapia Ocupacional, São Carlos, v. 21, n. 3, p. 505-510, 2013. 1 1 1. Opção C.A Terapia Ocupacional, ao ser introduzida em ambientes hospitalares, inicialmente, concentrou-se na reabilitação física e na recuperação das habilidades motoras dos pacien- tes. Isso incluía atividades terapêuticas que visavam restaurar a funcionalidade física dos indivíduos, ajudando na recuperação de lesões, na melhoria da coordenação motora, na restauração da independência nas atividades diárias e no desenvolvimento de habilidades motoras finas e grossas. Embora a terapia ocupacional também possa fornecer suporte emocional aos pacientes, o foco inicial não foi exclusivamente o apoio psicológico. Terapeu- tas ocupacionais não têm o papel primário de prescrever medicação. Embora as atividades terapêuticas baseadas em ocupações tenham sido usadas, a jardinagem não foi o foco inicial da terapia ocupacional nos hospitais. Embora a interação com familiares seja relevante, essa não foi a função principal da terapia ocupacional ao ingressar nos ambientes hospitalares. 2. Opção A. A atuação da Terapia Ocupacional se expandiu para incluir não apenas a reabilitação física, mas também os aspectos emocionais e sociais dos pacientes hospitalizados. Além de abordarem as questões físicas, os terapeutas ocupacionais reconhecem a importância de considerar o impacto emocional e social das condições médicas nos pacientes, objetivando uma abordagem holística para promover o bem-estar global. Embora as habilidades culi- nárias possam fazer parte das atividades terapêuticas, elas não são o único aspecto além da reabilitação física focado pela terapia ocupacional em ambientes hospitalares. A terapia ocupacional não se limita à recreação, mas também incorpora aspectos emocionais, sociais e funcionais na promoção da saúde e bem-estar dos pacientes. 3. Opção E.As atividades terapêuticas feitas pelas equipes de terapia ocupacional nas brin- quedotecas hospitalares têm um propósito terapêutico, sendo adaptadas às necessidades individuais de cada criança. Assim, a alternativa E reflete adequadamente os elementos mencionados no texto, destacando o engajamento, a estimulação sensorial, cognitiva e emocional e a contribuição para o processo de recuperação das crianças hospitalizadas. As alternativas A, B, C e D estão incorretas, pois não correspondem ao propósito terapêutico descrito no texto. GABARITO 1 1 UNIDADE 2 MINHAS METAS TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO ONCOLÓGICA E CUIDADOS PALIATIVOS Compreender a Terapia Ocupacional (TO) na abordagem multidisciplinar em pacientes oncoló- gicos. Explorar as técnicas terapêuticas para aliviar sintomas e promover o bem-estar em pacientes paliativos. Identificar os desafios emocionais e físicos enfrentados e aprender a oferecer suporte durante o tratamento. Analisar o papel da TO na adaptação e na reintegração social de pacientes após o tratamento. Conhecer as estratégias de intervenção para promover autonomia nos cuidados paliativos. Discutir abordagens para minimizar o impacto da doença nos aspectos funcionais e emocionais. Avaliar o papel da TO no suporte e na orientação aos familiares, visando à melhoria da qualidade de vida. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 4 1 4 INICIE SUA JORNADA Ao iniciar a leitura deste material, você deve estar se perguntando: cuidados paliativos? Terapia Ocupacional? Qual é a importância deles? Como a Terapia Ocupacional atua nessa área? O que podemos fazer por esses pacientes? Será que eu realmente ingressarei na área hospitalar, mais especificamente, na oncologia e nos cuidados paliativos, como profissional? Para que possamos compreender a temática, vamos ampliar os nossos co- nhecimentos sobre a Terapia Ocupacional. Pensemos nessa área de atuação tão importante, mas que, por vezes, é muito pouco trabalhada. Para tanto, utilizare- mos um exemplo bem amplo e possível. Suponha que você, graduado(a) em Terapia Ocupacional, está atuando em um grande hospital no setor de oncologia e cuidados paliativos. Nesse setor, a equipe de enfermagem te chama para atender uma senhora de 75 anos que está enfrentando um estágio avançado de câncer. A pacienteama jardinagem e passou a vida cuidando das próprias plantas, encontrando nelas uma fonte de alegria e paz. Com a progressão da doença, as dores e as limitações físicas da paciente aumentaram, o que a impediu de cuidar do próprio jardim como antes. Isso afetou profundamente o estado emocional dela, levando-a a um sentimento de perda e desânimo. Diante da situação apresentada, emergem as seguintes perguntas: VOCÊ SABE RESPONDER? Qual será a avaliação? Quais são os objetivos com essa paciente? De que forma atuaremos nos cuidados paliativos? O que faremos com os resultados disso? Quais são os objetivos? Diante de tantas perguntas, as respostas que devem ser apresentadas pelo pro- fissional de Terapia Ocupacional parecem simples. No entanto, para que a sua provocação seja efetiva e a compreensão do paciente e dos familiares dele sejam UNIASSELVI 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 significativas para eles, é necessário que você, futuro(a) profissional, alcance essas respostas com base em um planejamento. Você avaliará, conversará e analisará a paciente, incluindo a história clínica, os interesses e os gostos dela, e planejará e executará os melhores objetivos, isto é, aqueles que mais auxiliam a paciente, seja adaptando materiais no hospital, seja pensando em novas formas de realizar as mesmas tarefas em casa. Considere a situação hipotética apresentada e, para que possamos nos am- bientar com a prática, que tal nos apropriarmos de uma das aplicações da Terapia Ocupacional e colocarmos a mão na massa? Vamos lá? Faça uma pesquisa com os membros de sua família e amigos, perguntando se eles passaram ou conhecem alguém que teve um diagnóstico de câncer e/ou entrou em cuidados paliativos. Escreva os resultados de sua pesquisa com seus familiares e amigos. Anote, também, as dificuldades que eles tiveram para realizar as tarefas de vida diárias e como ficou o afastamento do trabalho, dos filhos e até mesmo da própria casa. Você já parou para pensar na incrível conexão entre a terapia ocupacional, a es- piritualidade e os cuidados paliativos? Em nosso podcast, mergulharemos nesse universo fascinante! Junte-se a nós em uma jornada de descobertas e inspiração enquanto explora- mos como a terapia ocupacional vai além do tratamento convencional, auxiliando os pacientes em cuidados paliativos a encontrar conforto, significado e qualidade de vida. Está pronto(a) para descobrir como a Terapia Ocupacional e a espirituali- dade estão auxiliando nos cuidados paliativos? Acesse! Recursos de mídia dispo- níveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . PLAY NO CONHECIMENTO VAMOS RECORDAR? Que tal revisitar o assunto? A Terapia Ocupacional e os cuidados paliativos já são uma realidade em muitos hospitais do Brasil. Ficou curioso(a) para saber mais? Assista à entrevista a seguir com a doutora Fernanda Capella Rugno, Terapeuta Ocupacional especialista em Cuidados Paliativos. https://www.youtube.com/watch?v=_E_ sCDcW9-E 1 1 DESENVOLVA SEU POTENCIAL CUIDADOS PALIATIVOS Cuidados paliativos são uma abordagem multidisciplinar que visa melhorar a qua- lidade de vida de pacientes que enfrentam doenças graves e avançadas e oferecer suporte para as respectivas famílias. Essa forma de cuidado se concentra no alívio da dor, no controle de sintomas e no suporte emocional e espiritual, além de consi- derar as necessidades sociais e práticas de cada indivíduo (PALLIATIVE..., 2020.). Com o intuito de entendermos mais os cuidados paliativos, indico a leitura dos arqui- vos da Organização Mundial da Saúde. Com eles, é possível aprofundar mais o seu conhecimento! https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/palliative-care EU INDICO UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 Os cuidados paliativos não são exclusivos para os pacientes terminais: eles podem ser integrados em qualquer estágio da doença, independentemente do prognós- tico, e são oferecidos em paralelo ao tratamento curativo. O principal objetivo é proporcionar conforto, dignidade e qualidade de vida ao paciente, abordando não apenas os aspectos físicos, mas também os emocionais, os sociais e os espi- rituais, visando a um cuidado holístico e integral. TRAJETÓRIA DA TERAPIA OCUPACIONAL ONCOLÓGICA E EM CUIDADOS PALIATIVOS A história da terapia ocupacional oncológica e de cuidados paliativos remonta ao século XX, quando a terapia ocupacional começou a se firmar como uma dis- ciplina terapêutica. Houve um aumento significativo na integração dessa prática nos serviços de saúde, especialmente em ambientes hospitalares, para atender às necessidades dos pacientes com câncer e em cuidados paliativos. A culpa é das estrelas Com o intuito de ilustrar o que já foi estudado até o presente momento, recomendo assistir ao filme A culpa é das estrelas, dirigido por Josh Boone e lançado em 2014. O filme versa so- bre a adolescente Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley), diagnosticada com câncer, e que se mantém viva graças a uma droga experimental. Após passar anos lutando contra a doen- ça, ela é forçada pelos pais a participar de um grupo de apoio cristão. Lá, conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), um rapaz que também sofre com o câncer. Os dois têm visões muito di- ferentes sobre as próprias doenças: Hazel preocupa-se apenas com a dor que poderá causar aos outros, já Augustus sonha em deixar a própria marca no mundo. Apesar das diferenças, eles se apaixonam. Juntos, atravessam os conflitos da adolescência e do primeiro amor, enquanto lutam para se manter otimistas e fortes um para o outro ao longo desse processo. INDICAÇÃO DE FILME 1 8 Desde então, a Terapia Ocupacional expandiu o próprio escopo, incorporando abordagens multidisciplinares e adaptando-se continuamente para fornecer um suporte holístico aos pacientes, considerando não apenas a funcionalidade física, mas também os aspectos emocionais, sociais e espirituais. Ao longo dos anos, o crescimento da TO esteve intimamente ligado ao desenvolvimento de pesquisas, ao aprimoramento de técnicas terapêuticas e à compreensão cada vez maior da im- portância da qualidade de vida e do bem-estar emocional na jornada do paciente oncológico e em cuidados paliativos. Essa evolução histórica destaca a relevância crescente da Terapia Ocupacional como uma aliada essencial na promoção da saúde integral e na humanização dos cuidados oferecidos a esses pacientes. A trajetória da Terapia Ocupacional no contexto oncológico e de cuidados paliativos é uma jornada marcada por evolução, compaixão e compreensão da importância integral do ser humano. Ao longo dos anos, a Terapia Ocupacional se consolidou como uma peça fundamental no suporte aos pacientes oncológicos, adaptando- se constantemente para atender às necessidades físicas, emocionais e espirituais desses indivíduos. No campo dos cuidados paliativos, a terapia ocupacional desempenha um papel crucial na melhoria da qualidade de vida, proporcionando não apenas assistência funcional, mas promovendo o bem-estar emocional e a dignidade dos pacientes durante as fases finais da vida. A trajetória da TO é marcada pela humanização do cuidado, pelo respeito à individualidade de cada pessoa e pela busca inces- sante de estratégias inovadoras que visam aliviar o sofrimento e promover o con- forto, oferecendo suporte não apenas aos pacientes, mas também às respectivas famílias nesses momentos delicados. Importância da terapia ocupacional na equipe multidisciplinar Hoje, é cada vez mais sabível a importância da equipe multidisciplinar no cui- dado humanizado ao paciente. O mesmo fato não seria diferente na oncologia e nos cuidados paliativos, local onde a Terapia Ocupacional tem grande impor- tância (TREVISANA et al., 2019). UNIASSELVI 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 Essa forma de cuidado se concentra no alívio da dor, no controle dos sintomas e no suporte emocional e espiritual, além de considerar as necessidades sociais e práticas de cada indivíduo. Os cuidados paliativos podem ser integradosem qualquer es- tágio da doença, independentemente do prognóstico, e são oferecidos em paralelo ao tratamento curativo. O principal objetivo é proporcionar conforto, dignidade e qualidade de vida ao paciente, abordando não apenas os aspectos físicos, mas tam- bém os emocionais, sociais e espirituais, visando a um cuidado holístico e integral. A compreensão profunda da função da Terapia Ocupacional na abordagem multidisciplinar para pacientes oncológicos é crucial para oferecer um suporte integral e aprimorar a qualidade de vida. Enquanto futuro(a) TO, é importante que você adote uma visão holística, considerando os desafios físicos, emocionais e sociais enfrentados pelos pacientes durante a experiência do câncer. Considerando que a humanização e os cuidados paliativos estão intrinsecamen- te ligados, sugere-se a realização de novas pesquisas que relacionem a Política Nacional de Humanização (PNH) às intervenções do terapeuta ocupacional nesse contexto. Para obter mais informações sobre a Política Nacional de Humanização, acesse! https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humani- zacao_pnh_folheto.pdf EU INDICO 1 1 Você, futuro(a) terapeuta, desempenhará um papel fundamental ao integrar-se a equipes multidisciplinares, fornecendo avaliações detalhadas e intervenções direcionadas para promover a funcionalidade e independência dos pacientes. Também adaptará estratégias específicas que podem incluir desde atividades terapêuticas para restaurar habilidades funcionais até o desenvolvimento de es- tratégias de enfrentamento para lidar com o estresse emocional associado ao diagnóstico e ao tratamento do câncer. Estratégias de intervenção: promovendo autonomia e independência Para promover a autonomia e a independência nos cuidados paliativos, são em- pregadas estratégias de intervenção cuidadosamente adaptadas às necessidades individuais de cada paciente. Nós, terapeutas ocupacionais, desempenhamos um papel fundamental nesse processo, utilizando abordagens centradas no pacien- te para restaurar ou maximizar a funcionalidade. Isso pode envolver o treinamento e a adaptação de técnicas de autocuidado, como auxiliar o paciente a realizar tarefas diárias essenciais de forma adaptada e independente, mesmo diante das limitações físicas impostas pela doença. Além disso, podemos trabalhar na identificação e na adaptação do ambiente, utilizando equipamentos e dispositivos assistivos para facilitar a independência do nosso paciente, tornando o ambiente domiciliar mais funcional e seguro para as necessidades específicas dele. Estudos feitos com Terapeutas Ocupacionais afirmam que eles veem como obje- tos de intervenção importantes para esse público: promoção da relação terapêu- tica, acolhimento, partilha de informação, aconselhamento, educação, orientação e importância do papel ativo dos familiares/cuidadores em todo o processo. Não só, mas citam a importância da relação terapêutica, do acolhimento, da avaliação, da educação, do treino, da promoção do envolvimento nas atividades significati- vas, da adaptação/graduação e da utilização de técnicas de intervenção específicas com o cliente (BALTAZAR; PESTANA; SANTANA, 2016). UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 Além do mais, as estratégias de intervenção para promover a autonomia nos cuidados paliativos também envolvem o estímulo à participação em atividades significativas e prazerosas. Nós, TOs, por meio de abordagens terapêuticas per- sonalizadas, incentivamos e capacitamos o paciente a se envolver em hobbies, interesses ou ocupações adaptadas à própria condição de saúde. Isso não apenas proporciona um senso de realização e propósito, mas tam- bém contribui para a manutenção da identidade individual, promovendo o bem estar emocional e a qualidade de vida. Essas estratégias visam capacitar o nosso paciente a ter um papel ativo na própria vida, promovendo a independência e a sensação de controle sobre a própria situação, mesmo em meio às complexidades dos cuidados paliativos e oncologia. Relembremos o exemplo trazido no início do tema, isto é, o da paciente que adora jardinagem. Nossa paciente, uma senhora com 75 anos que está enfrentando um estágio avançado de câncer, amava a jardinagem e passou a vida cuidando das próprias plantas, encontrando nelas uma fonte de alegria e paz. Com a progressão da doença, as dores e as limitações físicas da paciente aumentaram, o que a impediu de cuidar do próprio jardim como antes. Isso afetou profundamente o estado emocional dela, levando-a a um sentimento de perda e desânimo. É nesse contexto que a Terapia Ocupacional e você, futuro(a) Terapeuta Ocupacio- nal, entrarão em cena. Cabe a você iniciar um processo de avaliação, conversando com a paciente sobre as paixões e os interesses dela. Ao descobrir a conexão dela com a jardinagem, você poderá oferecer atividades adaptadas, como jardinagem em pequena escala dentro de casa, utilizando vasos leves e ferramentas ergonômicas, para que a paciente possa continuar cultivando as plantas de maneira confortável. Além disso, você poderá empregar técnicas de relaxamento durante as sessões, ajudando a paciente a gerenciar as próprias dores e ansiedades. Essas práticas não apenas oferecem alívio físico, mas também permitem que a paciente se reconecte com a paixão pela jardinagem, trazendo sentimentos de realização e bem-estar. Futuro(a) Terapeuta Ocupacional, quero frisar a importância de ter um olhar cuidadoso e amoroso para a família da nossa paciente. Nós, terapeutas ocu- pacionais, também trabalhamos com as famílias dos pacientes, ensinando-lhes 1 1 a apoiá-los durante as atividades e a compreender a importância dessa terapia adaptada na qualidade de vida. Com o passar do tempo, é esperado que a nossa paciente comece a encontrar conforto e um senso renovado de propósito. A jardinagem adaptada não apenas lhe proporciona prazer, mas também promove momentos de reflexão e gratidão, ajudan- do-a a encontrar a paz interior e a lidar melhor com os desafios trazidos pela doença. Essa abordagem da Terapia Ocupacional não apenas foca na funcionalidade física, mas também considera aspectos emocionais e psicológicos, permitindo que a nossa paciente viva os próprios dias com mais significado e dignidade, mesmo durante os cuidados paliativos. O exemplo exposto ilustra como a Terapia Ocupacional pode ser adaptada às paixões e aos interesses individuais de um paciente em cuidados paliativos, ajudando a melhorar a qualidade de vida dele e proporcionando conforto em meio a circunstâncias desafiadoras. Avaliando o papel do TO no suporte e orientação aos familiares Enquanto futuro(a) profissional de Terapia Ocupacional, vale ressaltar a im- portância e a atenção que você deve ter em relação aos familiares do paciente oncológico/cuidados paliativos. Ter um olhar sensível no suporte e na orienta- ção aos familiares durante os cuidados paliativos revela um enfoque integral na compreensão das necessidades emocionais, práticas e sociais desses familiares. Você, futuro(a) Terapeuta Ocupacional, desempenhará um papel crucial ao for- necer suporte emocional e informações práticas aos familiares, ajudando-os a compreender e a enfrentar os desafios que surgem ao cuidar de um ente querido em estado avançado de doença. Você também oferecerá orientações sobre as adaptações a serem feitas no ambiente domiciliar para atender às necessidades do paciente, ensinará estra- tégias de cuidado e até treinará os familiares, a fim de auxiliar nas atividades da vida diária do paciente, promovendo a autonomia dele e proporcionando alívio aos cuidadores familiares (FARIA; CARLO, 2015). Além disso, você poderá oferecer um espaço para que os familiares expressem as próprias preocupações, medos e ansiedades, promovendo o suporte emocional UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 necessário para enfrentar esse período desafiador. Isso garante que a família possa desempenhar um papel mais eficaz e tranquilo nocuidado ao paciente. ■ Compreensão das necessidades familiares: ■ Exploração das necessidades específicas da família em relação ao paciente. ■ Identificação das preocupações e dos desafios enfrentados pelos fami- liares no contexto de saúde. ■ Desenvolvimento de estratégias de suporte: ■ Formulação de estratégias personalizadas para oferecer suporte emo- cional e prático. ■ Implementação de intervenções que visam melhorar a qualidade de vida da família durante o processo de cuidado. ■ Educação sobre cuidados e procedimentos: ■ Fornecimento de informações claras e compreensíveis sobre o estado de saúde do paciente. ■ Educação sobre procedimentos médicos e terapêuticos, facilitando a participação ativa da família no cuidado. ■ Promoção da comunicação efetiva: ■ Estímulo à comunicação aberta e honesta entre a equipe de saúde, o paciente e os familiares. ■ Facilitação do diálogo para esclarecer dúvidas e alinhar expectativas sobre o plano de cuidados. ■ Intervenções para adaptação psicossocial: ■ Avaliação das necessidades psicossociais da família diante da condição de saúde do paciente. ■ Implementação de estratégias que promovam a adaptação e o enfren- tamento positivo da situação. 1 4 ■ Incentivo à participação familiar: ■ Estímulo à participação ativa da família nas decisões relacionadas ao cuidado. ■ Promoção da colaboração entre a equipe de saúde e os familiares para alcançar objetivos comuns. ■ Apoio contínuo e acompanhamento: ■ Oferta de suporte contínuo ao longo do processo de tratamento e cuidado. ■ Acompanhamento regular para ajustar as estratégias de suporte de acordo com as mudanças na condição de saúde. ■ Respeito à diversidade familiar: ■ Reconhecimento e respeito à diversidade de estruturas familiares e di- nâmicas culturais. ■ Adaptação das intervenções para atender às necessidades específicas de cada família. A avaliação do papel do terapeuta ocupacional no suporte e na orientação aos familia- res envolve uma abordagem holística, considerando os aspectos emocionais, práticos e sociais, com o intuito de promover um ambiente de cuidado eficaz e compassivo. Papel da Terapia Ocupacional na adaptação e na reintegração após o tratamento oncológico A Terapia Ocupacional desempenha um papel crucial na adaptação e reinte- gração social de pacientes oncológicos após o tratamento. Ao trabalhar com esse grupo específico, você, futuro profissional, se concentrará não apenas em abordar as limitações físicas resultantes do tratamento do câncer, mas também em mitigar os desafios emocionais e cognitivos que surgem nesse processo. Pensar sempre no público/paciente que estamos atendendo é sempre muito importante para mantermos a individualidade, os desempenhos ocupacionais e os papéis ocupacionais. UNIASSELVI 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 4 Uma mulher após o tratamento de um câncer de mama tem papéis ocupacionais diferentes de um homem o qual tratou um câncer de próstata, assim como de uma criança a qual tratou a leucemia. Esse olhar humanizado e centrado no paciente auxiliará na busca por bons resultados pós tratamento. Por meio de estratégias terapêuticas personalizadas, poderemos auxiliar os pacien- tes oncológicos a readquirirem habilidades, promover o gerenciamento do estresse e da fadiga, e incentivar a retomada das atividades diárias, tudo isso visando à reintegração efetiva na sociedade, juntamente com seus papéis ocupacionais. Essa abordagem holística não só apoia a recuperação física, mas também fortalece a confiança e a autoestima, capacitando os pacientes a redescobrir um senso renovado de propósito e significado em suas vidas após o término do tratamento oncológico. Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . EM FOCO NOVOS DESAFIOS A compreensão sólida e a aplicação eficaz da Terapia Ocupacional na esfera da atenção oncológica e cuidados paliativos são fundamentais para a sua formação, futuro(a) Terapeuta Ocupacional, e para a excelência na prestação de cuidados. Ao abordar a prática da Terapia Ocupacional nesses contextos, abre-se uma porta para a aplicação dos conhecimentos teóricos em situações reais e sensíveis. A avaliação minuciosa dos pacientes nesses contextos é essencial. Para tanto, são usadas ferramentas, tais como a anamnese e outras formas de coleta de dados, para compreender integralmente as necessidades físicas, emocionais e sociais dos pacientes. As técnicas e as ferramentas de avaliação específicas, como a avaliação da funcionalidade, da qualidade de vida, das necessidades ocupacionais e dos papéis ocupacionais permitirão a definição de metas terapêuticas individuali- zadas e humanizadas. 1 1 A conexão entre a teoria e a prática na Terapia Ocupacional na atenção on- cológica e nos cuidados paliativos é essencial para a sua formação. À medida que você adquire experiência nesses ambientes sensíveis, você estará sendo prepara- do(a) para se tornar um(a) terapeuta altamente capacitado(a), apto(a) a oferecer suporte holístico e compreensivo aos pacientes em situações delicadas. Instituições de saúde valorizam terapeutas ocupacionais com habilidades es- pecíficas para lidar com o contexto sensível dos cuidados paliativos e oncológicos, aumentando, assim, as perspectivas de crescimento profissional e contribuição significativa para a qualidade de vida dos pacientes e das respectivas famílias. Diante disso, ao construir um sólido conhecimento teórico aliado à prática na Terapia Ocupacional na atenção oncológica e cuidados paliativos, estamos te moldando, futuro(a) profissional, para atender às demandas específicas desses contextos sensíveis. Conectar teoria e prática é essencial para formar terapeutas sensíveis, capacitados e compassivos, prontos para oferecer apoio valioso e cui- dados de qualidade aos pacientes e às respectivas famílias. UNIASSELVI 1 1 1. A história da Terapia Ocupacional oncológica e de cuidados paliativos remonta ao século XX. Contudo, é possível destacar o crescimento e a integração dela aos serviços de saúde, es- pecialmente em ambientes hospitalares, para atender às necessidades dos pacientes com câncer e em cuidados paliativos. A evolução histórica dessa prática ressalta a importância dela à promoção da saúde integral e à humanização dos cuidados oferecidos aos pacientes. Qual marco histórico contribuiu significativamente para o crescimento e a integração da Terapia Ocupacional aos cuidados oncológicos e paliativos? Assinale a alternativa correta: a) Desenvolvimento de pesquisas. b) Aumento das intervenções cirúrgicas. c) Redução do número de hospitais. d) Diminuição da importância da qualidade de vida. e) Enfoque exclusivo na funcionalidade física. 2. A trajetória da Terapia Ocupacional no contexto oncológico e de cuidados paliativos destaca o papel crucial dela no suporte físico, emocional e espiritual aos pacientes. A atuação dela busca humanizar o cuidado, respeitando a singularidade de cada pessoa e oferecendo assistência não apenas funcional, mas também focada no bem-estar emocional e na dig- nidade dos indivíduos e das respectivas famílias. Qual é o principal objetivo da Terapia Ocupacional no contexto oncológico e de cuidados paliativos? Analise as afirmativas a seguir: I - Fornecer apenas suporte funcional aos pacientes. II - Promover o bem-estar emocional. III - Atender às necessidades físicas, emocionais e espirituais dos pacientes. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. AUTOATIVIDADE 1 8 3. A atuação da Terapia Ocupacional na abordagem multidisciplinar para pacientes oncológi- cos é fundamental para aprimorar a qualidade de vida, oferecendo suporte integral diante dos desafios físicos, emocionais e sociais enfrentados durante a experiência do câncer. Qual é o principal papel da Terapia Ocupacional na abordagemmultidisciplinar para pacien- tes oncológicos? Assinale a alternativa correta: a) Fornecer apenas suporte emocional. b) Atuar isoladamente sem integrar equipes multidisciplinares. c) Promover a independência e a funcionalidade dos pacientes. d) Realizar apenas as atividades terapêuticas sem considerar os aspectos emocionais. e) Não considerar a integralidade do cuidado dos pacientes. AUTOATIVIDADE 1 9 REFERÊNCIAS BALTAZAR, H. M. C.; PESTANA, S. C. C.; SANTANA, M. R. R. Contributo da intervenção da terapia ocupacional nos cuidados paliativos. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 24, n. 2, p. 261-273, 2016. FARIA, N. C.; CARLO, M. M. R. do P. de. A atuação da terapia ocupacional com mulheres com câncer de mama em cuidados paliativos. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 26, n. 3, p. 418-427, 2015. PALLIATIVE Care. World Health Organization, 5 ago. 2020. Disponível em: https://www.who.int/ news-room/fact-sheets/detail/palliative-care. Acesso em: 21 mar. 2024. TREVISANA, A. da R. et al. A intervenção do terapeuta ocupacional junto às pessoas-hospitaliza- das: adotando a abordagem dos cuidados paliativos. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupa- cional, v. 27, n. 1, p. 105-117, 2019. 8 1 1. Opção A. O desenvolvimento de pesquisas tem contribuído significativamente para o cres- cimento e a integração da Terapia Ocupacional nos cuidados oncológicos e paliativos. Pesquisas na área têm fornecido evidências sobre a eficácia das intervenções da Terapia Ocupacional na melhoria da qualidade de vida, na redução de sintomas associados ao câncer e no suporte ao bem-estar emocional, social e espiritual dos pacientes. As alternativas B, C, D e E não estão alinhadas com o papel da pesquisa no avanço e na integração da Terapia Ocupacional nos cuidados oncológicos e paliativos. Elas abordam aspectos que não estão relacionados ou até contraproducentes para a evolução dessa área de atuação. 2. Opção D.A afirmativa I está incorreta, porque o principal objetivo da Terapia Ocupacional no contexto oncológico e de cuidados paliativos não se limita a fornecer apenas suporte funcional aos pacientes. A afirmativa II está correta, já que a Terapia Ocupacional busca promover o bem-estar emocional dos pacientes, oferecendo suporte para enfrentar os desafios emocionais associados ao diagnóstico e tratamento do câncer. A afirmativa III está correta, dado que o objetivo principal da Terapia Ocupacional é atender às necessidades físicas, emocionais e espirituais dos pacientes, proporcionando uma abordagem abrangente e holística nos cuidados oncológicos e paliativos. 3. Opção C. O papel da Terapia Ocupacional vai além de fornecer somente suporte emocional, buscando uma abordagem abrangente que inclua aspectos físicos, emocionais e funcio- nais. A Terapia Ocupacional geralmente atua integrada a equipes multidisciplinares, e não isoladamente. O principal papel da Terapia Ocupacional na abordagem multidisciplinar para pacientes oncológicos é promover a independência e a funcionalidade dos pacientes, ajudando-os a realizar atividades significativas do dia a dia. A Terapia Ocupacional considera tanto as atividades terapêuticas quanto os aspectos emocionais dos pacientes. A Terapia Ocupacional busca a integralidade do cuidado dos pacientes, considerando as diversas dimensões da saúde. GABARITO 8 1 MINHAS METAS TERAPIA OCUPACIONAL EM NEUROLOGIA HOSPITALAR Compreender os fundamentos teóricos da terapia ocupacional em condições neurológicas e neurode- generativas. Identificar as necessidades dos pacientes usando métodos de avaliação para diversas condições neu- rológicas. Dominar as estratégias terapêuticas para promover funcionalidade e independência. Aprimorar as habilidades de colaboração em equipes multidisciplinares para criar planos personaliza- dos. Explorar técnicas terapêuticas, como tecnologias assistivas, a fim de otimizar o progresso do paciente. Compreender os desafios éticos e emocionais, desenvolvendo habilidades para oferecer suporte psicossocial. Praticar uma reflexão contínua na prática clínica, buscando atualizações e educação continuada. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 5 8 1 INICIE SUA JORNADA Ao iniciar a leitura deste material, você deve estar se perguntando: neurologia? Condições neurológicas? Terapia Ocupacional? Qual é a importância dela? Como ela pode influenciar a minha vida? Será que realmente ingressarei nessa área no meu dia a dia como profissional? Para que possamos compreender a temática, ampliaremos um pouco a nossa linha de pensamento em relação à prática da Terapia Ocupacional. Usaremos um exemplo bem amplo e possível. Suponha que você, graduado(a) em Terapia Ocupacional, está atuando em um hospital geral e é chamado(a) pelo médico de um paciente que teve um Aci- dente Vascular Cerebral (AVC) e precisará permanecer em internação hospitalar por um período. Dessa forma, emergem as seguintes perguntas: VOCÊ SABE RESPONDER? Qual será a avaliação? Quais são os objetivos com esse paciente? De que forma atuar com pacientes com condições neurológicas? O que faremos com os resultados obtidos? Quais são os objetivos? Diante de tantas perguntas, as respostas que devem ser apresentadas pelo pro- fissional de Terapia Ocupacional parecem simples. No entanto, para que a sua provocação seja efetiva e as compreensões do paciente e dos familiares dele sejam significativas para eles, é necessário que você, futuro(a) profissional, alcance essas respostas com base em um planejamento. Você avaliará, conversará e analisará o paciente, incluindo a história clínica dele e o período desde que ele iniciou a internação, com o intuito de criar, planejar e executar os melhores objetivos, ou seja, aqueles que mais auxiliam o paciente, seja adaptando os materiais no hospital, seja pensando em novas maneiras de realizar as mesmas tarefas que ele realizava antes de ser internado. UNIASSELVI 8 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Considere a situação hipotética apresentada e, para que possamos nos ambien- tar com tal prática, que tal nos apropriarmos de uma das aplicações da Terapia Ocupacional e colocarmos a mão na massa? Vamos lá? Faça uma pesquisa com os membros de sua família ou amigos, perguntando se eles já passaram por uma condição neurológica. Redija os resultados da sua pesquisa e anote as dificulda- des que os participantes tiveram para realizar as tarefas de vida diárias e como foi o afastamento do trabalho, dos filhos e até mesmo da própria casa. Você sabia que a Terapia Ocupacional desempenha um papel vital na recupera- ção depois de um AVC? Descubra como os terapeutas ocupacionais ajudam na reabilitação após o AVC no nosso podcast! Aprenda estratégias, técnicas e o apoio essencial oferecido para recuperar as habilidades e a independência após esse evento. Junte-se a nós para entender o poder da Terapia Ocupacional na jornada após AVC. Acesse! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do am- biente virtual de aprendizagem . PLAY NO CONHECIMENTO VAMOS RECORDAR? Que tal revisitar o assunto? A Terapia Ocupacional pode agregar muito aos tratamentos neurológicos de reabilitação. Ficou curioso(a) para saber mais? Assista à entrevista a seguir com a doutora Vivian Vicente, Terapeuta Ocupacional da Rede Lucy Montoro. https://www.youtube.com/watch?v=DLj0seWBr0g 8 4 DESENVOLVA SEU POTENCIAL FUNDAMENTOS DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CONDIÇÕES NEUROLÓGICAS Os fundamentos teóricos da terapia ocupacional em condições neurológicas e neurodegenerativas constituem a base essencial para compreender e abordar efetivamente essas complexas condições de saúde. A prática de terapeutas ocu- pacionais na área da neurologia tem o objetivo de minimizar as deficiências e as incapacidades dos pacientes por meio de estímulos e do desenvolvimento de habilidades necessárias para um desempenho ocupacional competente na fun- ção que o paciente não o consegue realizar de forma satisfatória e independente(CARLO; BARTALOTTI, 2001). Para sempre Alice Com o intuito de ilustrar o que já foi trazido até o presente mo- mento, recomendo assistir ao filme Para sempre Alice, lançado em 2015 e dirigido por Richard Glatzer e Wash Westmoreland. Trazendo Julianne Moore e Kristen Stewart no elenco, o filme narra a luta diária de Alice para manter a própria vida, apesar da doença neurodegenerativa que detém. O filme é baseado no romance que recebe o mesmo título da escritora Lisa Genova. A história nos aproxima das dificuldades cotidianas (que pode- riam ser minimizadas com a presença da Terapia Ocupacional) daqueles que têm Alzheimer e das respectivas famílias. INDICAÇÃO DE FILME Mesmo sabendo da importância da atuação do terapeuta ocupacional nessa área, considera-se que ainda é pouco estudada a utilização da atividade como ferra- menta no processo de reabilitação neurológica, sobretudo, com o intuito de au- mentar os níveis de atividade e participação do paciente nos contextos nos quais está inserido. É possível que isso ocorra devido a uma questão histórica, uma vez UNIASSELVI 8 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 que a atuação dos terapeutas ocupacionais na reabilitação física constituiu-se tradi- cionalmente com foco nos aspectos clínicos e nas indicações médicas relacionadas. Dentre as áreas de estudo no contexto de condições neurológicas e neurode- generativas, encontra-se a compreensão da plasticidade cerebral. Esse conceito destaca a capacidade dinâmica do cérebro de se reorganizar e formar novas co- nexões neurais, mesmo após danos, fornecendo, assim, a base para as estratégias de reabilitação. A Terapia Ocupacional se baseia nessa plasticidade para adaptar as atividades terapêuticas às necessidades individuais, permitindo a recuperação funcional e a melhoria da qualidade de vida de pacientes com condições neuro- lógicas e neurodegenerativas, como Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla e lesões cerebrais traumáticas. Para compreender o mecanismo da plasticidade cerebral (ou plasticidade neural/ sináptica), é crucial reconhecer a habilidade do cérebro de se reestruturar ao lon- go da vida em resposta a novas experiências. Para obter insights detalhados sobre esse processo, nós te convidamos a assistir ao vídeo Plasticidade Cerebral. EU INDICO Além disso, a reabilitação neurofuncional é um pilar crucial nos fundamentos teóricos da Terapia Ocupacional. Ela se concentra na restauração ou na adaptação das funções sensório-motoras, cognitivas e emocionais afetadas pela condição neurológica. É importante que terapeutas ocupacionais se baseiem em evidências científicas para desenvolver programas de tratamento personalizados, incluindo exercícios específicos, atividades funcionais e técnicas de compensação. Com uma abordagem holística, considerando as necessidades individuais e o contexto de vida do paciente, a Terapia Ocupacional busca maximizar a independência, a participação social e a qualidade de vida, proporcionando suporte crucial para pacientes que enfrentam condições neurológicas e neurodegenerativas. 8 1 Métodos de avaliação para condições neurológicas As necessidades dos pacientes em ambientes hospitalares, especialmente aqueles com condições neurológicas, demandam uma avaliação abrangente e precisa para oferecer um cuidado eficaz e personalizado. A avaliação desses pacientes envolve a utilização de métodos específicos adaptados para diferentes condições neurológicas, reconhe- cendo as particularidades de cada caso. Desde a identificação das demandas físicas até as questões emocionais e cognitivas, uma abordagem multifacetada é essencial para que você compreenda as necessidades individuais de cada paciente. Os métodos de avaliação para as condições neurológicas variam, considerando a diversidade das afecções neurológicas e os sintomas associados. Isso pode incluir testes para avaliar funções cognitivas, como memória, atenção e linguagem, além de escalas de avaliação funcional para medir a capacidade do paciente de fazer atividades diárias. Testes específicos de avaliação motora são empregados para entender deficiências físicas e a extensão do comprometimento motor. Adicionalmente, exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada, podem ser cruciais para entender a base neurológica da con- dição e direcionar o tratamento. Esses exames são pedidos pelo médico o qual acompanha o paciente. A seguir, são expostos alguns testes avaliativos que você futuramente poderá usar com os pacientes acometidos por alguma condição neurológica. TESTE DO RELÓGIO MINI EXAME DO ESTADO MENTAL TESTE DE SENSIBILIDADE MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL TESTE AVALIATIVOS Figura 1 – Testes avaliativos de doenças neurológicas / Fonte: a autora. UNIASSELVI 8 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Os testes avaliativos mencionados são instrumentos importantes na área de saúde para avaliar diferentes aspectos do estado mental, da funcionalidade e da sensi- bilidade. A seguir, são expostas breves descrições de cada um. Descrição da Imagem: a representação gráfica exibe um círculo centralizado intitulado “Testes avaliativos”, seguido por quatro quadrados distintos. Esses quadrados são descritos como: “Teste do relógio”, “Mini exame do estado mental”, “Teste de sensibilidade” e “Medida de independência funcional”. TESTE DO RELÓGIO: Um teste comumente usado na avaliação cognitiva, especialmente em distúrbios neurológicos. O paciente é solicitado a desenhar um relógio e ajustar as horas, propor- cionando informações sobre funções executivas, visuoconstrutivas e atenção. MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM): Um breve teste usado para avaliar o estado cognitivo geral, abrangendo áreas, como orientação temporal e espacial, memória, atenção e habilidades linguísticas. É fre- quentemente usado na detecção de alterações cognitivas e demências. TESTE DE SENSIBILIDADE: Testes de sensibilidade avaliam a capacidade do sistema nervoso em detectar estímu- los sensoriais, como toque, pressão, temperatura e dor. São essenciais na avaliação de danos neurológicos ou periféricos. MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (MIF): Uma escala que avalia a capacidade funcional e a independência nas atividades da vida diária. Considera diversas áreas, como higiene pessoal, mobilidade, controle esfincteriano e comunicação. 8 8 Esses testes são ferramentas valiosas para profissionais de saúde na identifica- ção de alterações cognitivas, neurológicas e na avaliação da funcionalidade de um indivíduo. É fundamental realizar esses testes com um profissional de saúde qualificado para uma interpretação adequada dos resultados. A precisão na avaliação das necessidades dos pacientes em ambientes hos- pitalares é crucial para o desenvolvimento de planos de tratamento eficazes e centrados no paciente. A partir de métodos de avaliação adaptados, os profissio- nais de saúde podem identificar de forma mais precisa as áreas de intervenção necessárias, proporcionando um cuidado mais direcionado e otimizado para as condições neurológicas específicas de cada indivíduo. Promoção da independência em doenças neurológicas As estratégias terapêuticas usadas para promover funcionalidade e independên- cia em pacientes com doenças neurológicas são fundamentais para melhorar a qualidade de vida e a capacidade de fazer atividades diárias. Uma abordagem multifacetada é muito importante de ser adotada. Cabe a cada terapeuta ocu- pacional se adaptar às necessidades específicas de cada paciente e à condição neurológica ou neurodegenerativa por ele enfrentada. UNIASSELVI 8 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Para pacientes com comprometimentos motores, as estratégias terapêuticas frequentemente incluem exercícios de reabilitação que visam fortalecer possíveis músculos afetados e melhorar a coordenação e a amplitude de movimento. Isso envolve um terapeuta ocupacional que domine essa área. O Terapeuta Ocupa- cional também pode fazer uso de equipamentos adaptativos e técnicas de esti- mulaçãoneuromuscular para recuperar ou melhorar a mobilidade. Além disso, para déficits cognitivos, terapias são empregadas para ajudar a melhorar a função cognitiva. Isso pode incluir treinamento cognitivo para for- talecer a memória, a atenção e as habilidades de resolução de problemas, bem como estratégias de compensação para lidar com possíveis déficits cognitivos. A adaptação do ambiente é outra estratégia importante. Os terapeutas ocupa- cionais frequentemente modificam o ambiente doméstico ou o local de trabalho para torná-lo mais acessível e seguro para pacientes com condições neurológi- cas. Isso pode envolver a instalação de corrimãos, barras de apoio, adaptação de mobiliário e uso de tecnologias assistivas para facilitar a independência nas atividades diárias e nas atividades instrumentais de vida diária. Por fim, a educação do paciente e dos respectivos cuidadores desempenha um papel crucial. Capacitar o paciente e a rede de apoio dele com conhecimentos e habilidades necessárias para lidar com a condição neurológica, compreender os desafios enfrentados e como superá-los no dia a dia é essencial para promover a independência e a funcionalidade a longo prazo (WOODSON, 2005). Em síntese, as estratégias terapêuticas para pacientes com doenças neurológicas visam maximizar a independência e a funcionalidade, abordando uma variedade de áreas, desde a mobilidade até a cognição, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e a autonomia desses pacientes. Contudo, é sempre importante lembrar que possivelmente esse paciente terá junto de si uma equipe multidisciplinar. As habilidades de colaboração com equipes multidisciplinares serão vitais para você, futuro(a) profissional, para que possa criar planos de tratamento personalizados e abrangentes para os pacientes com doenças neurológicas e neurodegenerativas. Você, futuro(a) profissional, desempenha um papel fundamental nesse contexto, porque será parte integrante dessas equipes, contribuindo com a sua expertise para garantir que as necessi- dades específicas dos pacientes sejam atendidas de maneira holística e eficaz. 9 1 O profissional de Terapia Ocupacional colabora com uma gama diversificada de profissionais de saúde, como fisioterapeu- tas, fonoaudiólogos, neuropsicólogos, médicos e assistentes so- ciais. Essa colaboração interdisciplinar permite uma compreen- são abrangente das condições neurológicas e neurodegenerativas dos pacientes, considerando não apenas os aspectos físicos, mas também os cognitivos, emocionais e sociais. Ao trabalhar em equipe, os profissionais de Terapia Ocu- pacional contribuem com habilidades específicas, focando na funcionalidade e na independência do paciente. Avaliam as habilidades motoras, cognitivas e emocionais do paciente e, em conjunto com os demais profissionais, ajudam a desenvolver pla- nos de tratamento personalizados. Isso pode incluir estratégias para melhorar a mobilidade, adaptar o ambiente para facilitar atividades diárias, oferecer suporte emocional e cognitivo, além de recomendar o uso de tecnologias assistivas para promover a independência. A colaboração multidisciplinar permite que os Terapeutas Ocupacionais identifiquem lacunas no tratamento e adaptem os planos de cuidados para atender às necessidades específicas de cada paciente. Ao integrar diversas perspectivas e experiên- cias, essa abordagem assegura que o paciente receba um cuidado abrangente e personalizado, alinhado com as metas individuais de recuperação, funcionalidade e qualidade de vida. Tecnologias assistivas otimizam progresso em doenças neurológicas No ambiente hospitalar, pacientes com doenças neurológicas ou neurodegenerativas frequentemente enfrentam desafios signifi- cativos durante as atividades diárias devido a comprometimentos físicos, cognitivos e/ou sensoriais. Nesse cenário, as técnicas tera- pêuticas, especialmente o uso de tecnologias assistivas, desempe- nham um papel essencial para otimizar o progresso e a qualidade de vida desses pacientes. UNIASSELVI 9 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Você, futuro(a) profissional, como parte integrante desse processo, aplicará estratégias adaptativas e tecnológicas para otimizar a funcionalidade e a in- dependência dos pacientes. Segundo a Lei nº 13.146, de julho de 2015, a Lei Brasileira de Inclusão, a tecnologia assistiva compreende produtos, equipamentos, métodos e serviços que buscam promover a funcionalidade e a participação de pessoas com deficiência, visando à autonomia, à independência e à inclusão social. As Órteses, Próteses e Meios Au- xiliares de Locomoção (OPM) são recursos de destaque para garantir a igualdade de oportunidades (O QUE..., 2022). APROFUNDANDO As tecnologias assistivas, como órteses, dispositivos de assistência para mobili- dade, softwares de comunicação alternativa, aplicativos de treinamento cognitivo e sistemas de automação residencial, são recursos valiosos que nós, terapeutas ocupacionais, utilizamos para atender às necessidades específicas dos pacientes. Essas tecnologias são adaptadas de acordo com as limitações e as capacidades in- dividuais, visando maximizar a participação do paciente em atividades cotidianas. Utiliza-se, por exemplo, o videogame com jogos que simulam o passo a passo e a construção de uma atividade de vida diária, como a preparação de um ali- mento, caso as atividades desenvolvidas sejam de importância para o paciente (STOFFEL; NICKEL, 2013) Os profissionais de Terapia Ocupacional avaliam cuidadosamente as habili- dades e as dificuldades do paciente e, com base nessa avaliação, recomendam e treinam o uso adequado das tecnologias assistivas. Eles oferecem suporte contínuo para ajudar os pacientes a se adaptar e a aprimorar as habilidades no uso dessas tecnologias, garantindo que elas sejam integradas de forma eficaz no dia a dia. Ao otimizar o uso de tecnologias assistivas, os terapeutas ocupacionais não apenas contribuem para a melhoria imediata da funcionalidade dos pacientes no ambiente hospitalar, mas também preparam esses indivíduos para uma transição mais suave para as vidas cotidianas fora do hospital. Esse processo objetiva facilitar a continuidade dos cuidados, visando à promoção da independência, à participação ativa e à qualidade de vida dos pacientes, mesmo diante das limitações impostas pelas condições neurológicas e neurodegenerativas (WOODSON, 2005). 9 1 Além disso, os terapeutas ocupacionais acompanham de perto a evolução do paciente, ajustando as estratégias terapêuticas conforme necessário para garan- tir um progresso contínuo. A partir de uma abordagem personalizada e do uso adequado de tecnologias assistivas, é possível capacitar os pacientes, permitindo lhes alcançar maior independência funcional e uma melhor qualidade de vida (TROMBLY; RADOMSKI, 2005). Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . EM FOCO NOVOS DESAFIOS A sólida compreensão da Terapia Ocupacional em condições neurológicas e neurodegenerativas em contextos hospitalares é fundamental para te preparar para o mercado de trabalho. Ao abordarmos a prática da Terapia Ocupacional no que tange às doenças neurológicas e neurodegenerativas, abrimos portas para a aplicação dos conhecimentos teóricos em cenários reais. A anamnese, o entendimento das patologias neurológicas e neurodegenerati- vas e a coleta de dados nos prontuários emergem como ferramentas indispensá- veis para compreender integralmente os pacientes, permitindo uma abordagem holística em sua recuperação. As avaliações, como o Teste do Relógio, o Mini Exame do Estado Mental e a Medida de Independência Funcional, destacam-se como instrumentos que auxiliam na definição de metas terapêuticas personaliza- das. É a aplicação dessas avaliações que permite que os terapeutas ocupacionais desenvolvam estratégias terapêuticas eficazes para melhorar a qualidade de vida dos pacientes,promovendo independência e funcionalidade. UNIASSELVI 9 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 A conexão entre teoria e prática se traduz diretamente nas suas perspectivas de carreira. À medida que for adquirindo experiência, você será capacitado(a) para se tornar(a) um(a) profissional altamente competente e cobiçado(a). Hospitais, clínicas e instituições de saúde buscam terapeutas ocupacionais capazes de lidar com uma variedade de condições clínicas e de promover a reabilitação e o bem- estar dos pacientes. A demanda por profissionais é constante e as perspectivas de crescimento e desenvolvimento de carreira são notáveis. Portanto, ao construir a base do conhecimento sobre as condições neurológicas e neurodegenerativas e relacioná-la ao futuro ambiente profissional, estamos fortalecendo a sua preparação para atender às necessidades da sociedade e con- tribuir significativamente para a saúde e a qualidade de vida da população. Co- nectando teoria e prática, estamos moldando profissionais capacitados, prontos para enfrentar os desafios e as oportunidades que o mercado de trabalho oferece. 9 4 1. Os fundamentos teóricos da Terapia Ocupacional em condições neurológicas e neurode- generativas são cruciais para lidar de maneira eficaz com essas complexas condições de saúde. Terapeutas ocupacionais buscam minimizar as deficiências dos pacientes, desenvol- vendo habilidades para que haja um melhor desempenho ocupacional. Apesar da impor- tância reconhecida, há poucos estudos sobre a atividade como ferramenta na reabilitação neurológica, possivelmente devido ao histórico foco clínico dos terapeutas ocupacionais. A compreensão da plasticidade cerebral, isto é, da capacidade do cérebro de se reorganizar, embasa as estratégias terapêuticas para promover a recuperação funcional em condições específicas, como Alzheimer, Parkinson e lesões cerebrais traumáticas. Qual é a base do fundamento teórico da Terapia Ocupacional utilizada para abordar as con- dições neurológicas e neurodegenerativas? Assinale a alternativa correta: a) Plasticidade cerebral. b) Pinturas manuais. c) Atividades de corrida. d) Prescrição de fármacos. e) Solicitação de exames de imagem. 2. As estratégias terapêuticas usadas para promover a funcionalidade e a independência em pacientes com doenças neurológicas são diversas e adaptadas às necessidades indivi- duais. Uma das estratégias frequentemente adotada envolve modificações no ambiente doméstico ou no local de trabalho para torná-lo mais acessível e seguro para os pacientes. Terapeutas ocupacionais são responsáveis por essa abordagem, realizando adaptações, como a instalação de corrimãos, barras de apoio, ajustes no mobiliário e a implementação de tecnologias assistivas, a fim de facilitar a realização de atividades diárias pelos pacientes com condições neurológicas. Essas modificações visam garantir a segurança e a autonomia dos pacientes em seus ambientes habituais, contribuindo significativamente para a melho- ria da qualidade de vida e da independência funcional. Considerando as estratégias terapêuticas mencionadas para pacientes com doenças neu- rológicas, assinale a alternativa que descreve corretamente uma das estratégias frequen- temente adotadas para melhorar a independência e a funcionalidade desses pacientes: a) Apenas o treinamento cognitivo para fortalecer a memória. b) Utilização exclusiva de equipamentos adaptativos para reabilitação motora. c) Modificações no ambiente doméstico ou local de trabalho para torná-lo mais acessível e seguro. d) Fornecer aos pacientes medicações exclusivas para melhorar a mobilidade. e) Limitar as informações fornecidas ao paciente, visando evitar sobrecarga cognitiva. AUTOATIVIDADE 9 5 3. As tecnologias assistivas desempenham um papel fundamental na abordagem terapêutica para pacientes com doenças neurológicas ou neurodegenerativas no ambiente hospita- lar. Como futuro(a) profissional de Terapia Ocupacional, é crucial compreender e aplicar essas estratégias adaptativas para otimizar a funcionalidade e independência dos pa- cientes. Diversas tecnologias são mencionadas como recursos valiosos utilizados pelos terapeutas ocupacionais para atender às necessidades específicas dos pacientes. Dentre elas, destacam-se as órteses, os dispositivos de assistência para mobilidade, os softwa- res de comunicação alternativa, os aplicativos de treinamento cognitivo e os sistemas de automação residencial. Esses recursos são cuidadosamente adaptados de acordo com as limitações e as capacidades individuais de cada paciente, com o objetivo principal de maximizar a participação do paciente em atividades cotidianas. Um exemplo prático é o uso de videogames com jogos que simulam o passo a passo das atividades da vida diária, como a preparação de alimentos, oferecendo uma abordagem lúdica e terapêutica para pacientes que se beneficiam dessas atividades específicas. Considerando as informações expostas no enunciado acerca do uso de tecnologias assisti- vas na Terapia Ocupacional para pacientes com doenças neurológicas, analise as afirmativas a seguir: I - Uso de videogames e aplicativos de treinamento cognitivo. II - Exercícios de reabilitação e órteses. III - Tratamento farmacológico e dispositivos de assistência para mobilidade. IV - Terapia ocupacional infantil. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II e IV, apenas. c) III e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, II, III e IV. AUTOATIVIDADE 9 1 REFERÊNCIAS CARLO, M. M. R. do P. de; BARTALOTTI, C. C. Terapia ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas. 2. ed. São Paulo: Plexus, 2001. O QUE é tecnologia assistiva? Ministério da Saúde, 18 nov. 2022. Disponível em: https://www. gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/saude-da-pessoa-com-deficiencia/fa- q/o-que-e-tecnologia-assistiva#:~:text=Conforme%20a%20Lei%20Brasileira%20de,da%20pes- soa%20com%20defici%C3%AAncia%20ou. Acesso em: 21 mar. 2024. STOFFEL, D. P.; NICKEL, R. A utilização da atividade como ferramenta no processo de interven- ção do terapeuta ocupacional em reabilitação neurológica. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 21, n. 3, 2013 TROMBLY, C. A.; RADOMSKI, M. V. Terapia ocupacional para disfunções físicas. 5. ed. São Paulo: Santos, 2005. WOODSON, A. M. Acidente Vascular Cerebral. In: TROMBLY, C. A.; RADOMSKI, M. V. Terapia ocu- pacional para disfunções físicas. 5. ed. São Paulo: Santos, 2005. p. 817-853. 9 1 1. Opção A. A plasticidade cerebral é uma das bases fundamentais do fundamento teórico da Terapia Ocupacional para abordar condições neurológicas e neurodegenerativas. A plastici- dade cerebral diz respeito à capacidade do cérebro de se adaptar e reorganizar as próprias conexões em resposta a experiências e a lesões. Na Terapia Ocupacional, essa base teórica sustenta a ideia de que as atividades terapêuticas podem influenciar positivamente a plas- ticidade cerebral, promovendo a reabilitação e melhorando as funções motoras, cognitivas e emocionais em pacientes com condições neurológicas. Portanto, a plasticidade cerebral é uma consideração crucial ao desenvolver estratégias terapêuticas centradas na atividade para pacientes com essas condições. 2. Opção C. Modificações no ambiente doméstico ou no local de trabalho para torná-lo mais acessível e seguro. Essa estratégia envolve a adaptação do ambiente para facilitar as ativi- dades diárias, promovendo a independência e a funcionalidade dos pacientes com doenças neurológicas. Embora o treinamento cognitivo seja uma parte importante do tratamento, a abordagem mencionada vai além, envolvendo modificações físicas no ambiente. A utilização exclusiva de equipamentos adaptativos para reabilitação motora é apenas uma parte das estratégias, enquanto a abordagem mencionada envolve modificações no ambiente. Além disso, as modificações ambientais são destacadas na estratégia mencionada, em vez de depender exclusivamente de medicações. 3. Opção A.O texto menciona explicitamente o uso de videogamesaprendizagem. PLAY NO CONHECIMENTO VAMOS RECORDAR? Que tal revisitar o assunto e relembrarmos juntos? A especialidade de Terapia Ocupacional em contextos hospitalares já é reconhecida há mais de 10 anos no Brasil. Ficou curioso para saber mais? Assista à entrevista a seguir, com a Drª. Mônica Estuque, terapeuta ocupacional especialista em Contextos Hospitalares. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. 1 1 DESENVOLVA SEU POTENCIAL TRAJETÓRIA DA TERAPIA OCUPACIONAL HOSPITALAR A Terapia Ocupacional Hospitalar é uma área de atuação de suma importância para o terapeuta ocupacional. Ela tem evoluído significativamente ao longo do tempo. Sua história remonta ao início do século XX, quando a Terapia Ocu- pacional começou a ser reconhecida como uma prática de saúde relevante em contextos hospitalares (DE CARLO, 2001). A Terapia Ocupacional nasceu como uma resposta à necessidade de tratar e reabilitar pacientes que enfrentavam desafios significativos devido a doenças, lesões ou deficiências. A Primeira Guerra Mundial teve um impacto profundo no desenvolvimento da Terapia Ocupacional, à medida que muitos combatentes retornaram com lesões e traumas que exigiam atenção especializada para melho- rar sua qualidade de vida e reintegrá-los à sociedade. No entanto, foi durante a Segunda Guerra Mundial que a Terapia Ocupacional ganhou maior destaque e reconhecimento. Nesse período, terapeutas ocupacionais desempenharam um papel crucial na reabilitação de soldados feridos, ajudando-os a recuperar habilidades essenciais para a vida cotidiana e a se reintegrar à sociedade. UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Quando nos deparamos com um paciente em internação hospitalar, precisan- do dos cuidados de terapeuta ocupacional, devemos pensar logo no processo de triagem e de avaliação desse paciente. Por trabalharmos em uma equipe multidisciplinar, muitas vezes, serão os médicos e/ou enfermeiros que irão nos acionar para que possamos realizar o atendimento. A seguir, há um roteiro para contextualizar nossa atuação em contexto hospitalar. Nascido em 4 de julho A fim de ilustrar o que já foi trazido até o presente momento, re- comendamos assistir ao filme “Nascido em 4 de julho”, dirigido por Oliver Stone e lançado em 1989. O filme é baseado na auto- biografia de Ron Kovic e narra sua vida após ser ferido durante a Guerra do Vietnã. Ele passa por um processo de reabilitação, e, no decorrer do filme, são mostradas cenas que envolvem aspectos da reabilitação de veteranos de guerra. Essas cenas podem ser relacionadas à importância da Terapia Ocupacional no processo de reintegração e reabilitação de pessoas que en- frentam traumas e lesões. INDICAÇÃO DE LIVRO Figura 1 – Roteiro de atuação hospitalar / Fonte: adaptada de Kudo et al. (2012, p. 179). Descrição da Imagem: a representação gráfica exibe um quadrado centralizado intitulado “Triagem de TO Ava- liação Inicial”, seguido por uma seta apontando para baixo, conectando-se a mais seis quadrados distintos. Esses quadrados são descritos como “Dados pessoais”, “Histórico de doenças e tratamento”, “Impactos da hospitalização”, “Alterações do desenvolvimento”, “Tratamentos atuais” e “Conduta TO”. Fim da descrição. 1 1 Uma vez encaminhado o paciente, precisamos fazer uma busca em seu pron- tuário e até mesmo conversarmos com os colegas médicos, para entendermos a demanda desse paciente, a patologia que o acomete e o motivo de sua inter- nação. A ida ao leito será o segundo passo. Lá, iremos nos apresentar e coletar a história de vida dessa pessoa. Para tal, é importante que tenhamos sempre uma anamnese e questionários que poderão ser úteis na nossa prática clínica. Vamos pensar juntos: estamos atuando no setor de queimados de um hospital; lá, o médico nos solicita uma avaliação para o paciente no leito x. Depois de coletarmos tudo no prontuário, vamos à anamnese. Sempre che- garemos dando bom dia, nos apresentando e conversando com o paciente. Nessa conversa, conseguiremos descobrir sobre seus papéis ocupacionais, seus interesses, suas ocupações, limitações que a lesão/queimadura possa ter causado e até uma escuta ativa, estar ali para aquele paciente que passou por um processo tão doloroso. É importante também observarmos o que o paciente não nos diz . O olhar clínico é muito im- portante na nossa atuação. Vamos pensar que esse paciente é destro e teve todo o seu braço direito queimado. Provavelmente, ficará muito mais difícil para ele realizar tarefas que envolvam os dois membros, como vestir-se, despir-se e tomar banho, e até coisas que ele conseguia fazer com uma mão só, como pentear o cabelo e fazer a barba, pois, agora, precisará aprender a utilizar o braço esquerdo para tal. E isso não foi preciso ser dito pelo paciente: entendendo sobre o local de sua lesão, sobre como realizamos as atividades de vida diárias, já podemos perceber isso enquanto terapeutas ocupacionais. Conforme ouvimos e avaliamos a demanda, podemos traçar um plano de tratamento para esse paciente. Pensaremos em como ressignificar esses pa- péis ocupacionais e os seus desempenhos ocupacionais, para que ele volte a se tornar mais independente e autônomo nas suas atividades de vida diária e atividades instrumentais de vida diárias, seja em período de internação hos- pitalar, seja já em sua casa. É importante também observarmos o que o paciente não nos diz UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Legislação da Terapia Ocupacional Hospitalar A regulamentação da prática da Terapia Ocupacional Hospitalar no Brasil por meio da Lei nº 6.316, de 1975, representou um marco importante na história da profissão no país. Essa legislação reconheceu e oficializou a atuação do terapeuta ocupacional em contextos hospitalares, fornecendo diretrizes e regulamentos que orientam a prática e definem o escopo de atuação desses profissionais nesse ambiente específico. A partir da promulgação da lei, os terapeutas ocupacionais tiveram diretrizes claras para sua prática em hospitais, o que proporcionou uma base legal sólida para seu trabalho. Você sabia que foi com essa lei que houve a definição de suas funções, responsabilidades e a importância de sua contribuição no processo de reabilitação e recuperação de pacientes hospitalizados? Interessante, né? Para ler toda a resolução, que inclusive reconhece o título de terapeuta ocupacional especialista em Contextos Hospitalares, acesse e fique por dentro de toda a atuação do terapeuta ocupacional nesse contexto. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. EU INDICO Atuação da Terapia Ocupacional Hospitalar Em contextos hospitalares, os terapeutas ocupacionais passaram a ser responsá- veis por avaliar as necessidades ocupacionais dos pacientes, identificar as limitações e capacidades individuais, planejar intervenções terapêuticas personalizadas e im- plementar estratégias que visam a promover a independência, a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes durante sua permanência no hospital. Além disso, sua atuação se estendeu à adaptação de ambientes e atividades para melhor atender às necessidades dos pacientes, considerando as particula- ridades clínicas de cada caso. 1 4 É importante pensar que, no contexto hospitalar, terapeutas ocupacionais trabalham em estreita colaboração com a equipe médica, auxiliando na avaliação das necessidades ocupacionais dos pacientes, no desenvolvimento de planos de tratamento personalizados e na implementação de intervenções terapêuticas. Seu foco é melhorar a funcionalidade dos pacientes, ajudando-os a realizar ati- vidades da vida diária e a lidar com os desafios impostos pela hospitalização. O bom trabalho multidisciplinar (terapeutas ocupacionais, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas) terá muitos ganhos aos pacientes. Devemos sempre pensar como uma boa estratégia de atendimento. A Terapia Ocupacional Hospitalar continua a desempenharcom jogos que simulam ati- vidades da vida diária, oferecendo uma abordagem lúdica e terapêutica. Além disso, destaca softwares de comunicação alternativa e aplicativos de treinamento cognitivo como recursos tecnológicos utilizados na terapia ocupacional para pacientes com doenças neurológicas. As demais afirmativas incluem informações que não foram mencionadas no texto em relação aos recursos tecnológicos específicos utilizados na terapia ocupacional para pacientes com doenças neurológicas. GABARITO 9 8 MINHAS ANOTAÇÕES 9 9 MINHAS METAS TERAPIA OCUPACIONAL EM ATENÇÃO AO PACIENTE QUEIMADO Entender a complexidade das lesões por queimaduras e os diferentes graus de queima- duras. Dominar as estratégias de avaliação e intervenção, aprendendo a fazer avaliações abran- gentes que considerem as necessidades físicas, cognitivas, emocionais e sociais dos pacientes queimados. Explorar abordagens terapêuticas específicas. Entender a integração à equipe multidisciplinar. Conhecer o desenvolvimento de planos de tratamento personalizados. Compreender as questões emocionais e psicológicas dos pacientes. Estudar a ética e a empatia na terapia ocupacional com pacientes queimados. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 6 1 1 1 INICIE SUA JORNADA Ao iniciar a leitura deste material, você deve estar se perguntando: Terapia Ocu- pacional e pacientes queimados? O terapeuta ocupacional tem importância na equipe quando se trata desse tipo de paciente? Qual intervenção podemos aplicar nesses casos? Para que possamos compreender a temática, vamos ampliar o nosso pensa- mento usando um exemplo bem amplo e possível. Suponha que você, gradua- do(a) em Terapia Ocupacional, está atuando em um hospital, mais especifica- mente, no setor de queimados, com pacientes que não conseguem realizar as atividades de vida diárias e estão com grandes cicatrizes e muita dor. Diante disso, você é chamado(a) pelo médico de um paciente que teve um grave acidente com água quente e precisará ficar em internação hospitalar por um período. Dessa forma, emergem as seguintes perguntas: VOCÊ SABE RESPONDER? Qual será a avaliação? Quais são os objetivos com esse paciente? De que forma atuaremos em pacientes queimados? O que faremos com os resultados obtidos? Quais são os objetivos? Diante de tantas perguntas, as respostas que devem ser apresentadas pelo profis- sional de Terapia Ocupacional parecem simples. Contudo, para que a sua provo- cação seja efetiva e a compreensão do paciente e dos respectivos familiares seja significativa para eles, é necessário que você, futuro(a) profissional, alcance as respostas com base em um planejamento. Você avaliará, conversará e analisará o paciente, incluindo a história clínica dele e o período desde que ele iniciou a internação, com o intuito de criar, planejar e executar os melhores objetivos, ou seja, aqueles que mais auxiliam o paciente, seja adaptando materiais no hospital, seja pensando em novas formas de realizar as mesmas tarefas que ele fazia antes de ser internado. UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Considere a situação hipotética apresentada e, para que possamos nos ambientar com a prática, que tal nos apropriarmos de uma das aplicações da Terapia Ocupacional e colocarmos a mão na massa? Vamos lá? Faça uma pesquisa com pessoas próximas a você, perguntando se elas já passaram por um processo de queimadura ou se conhecem alguém que passou. Faça as suas anotações. Escreva os resultados da sua pesquisa com os seus conhecidos. Além disso, anote as dificuldades que eles tiveram para realizar as tarefas de vida diárias, como foi o afastamento do trabalho, dos filhos e até mesmo da própria casa. Faça essa reflexão. Em nosso podcast, exploraremos um tema fascinante que une a Terapia Ocupa- cional, o uso de órteses e os pacientes queimados. A utilização de órteses tem se tornado uma parte integral da Terapia Ocupacional em pacientes queimados. A partir dessa junção, estamos capacitando os pacientes a superar os desafios físicos e a mobilidade, recuperando a independência, a autonomia e a qualida- de de vida. Ao longo deste episódio, mergulharemos na tecnologia assistiva e compartilharemos insights valiosos. Está pronto(a) para descobrir como a Terapia Ocupacional e as órteses estão moldando o futuro do serviço de atendimento ao paciente queimado? Acesse! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . PLAY NO CONHECIMENTO VAMOS RECORDAR? Que tal revisitar o assunto? Queimaduras são um grande problema de saúde pública, não somente em relação à gravidade das lesões, mas também quanto às sequelas causadas pelas queimaduras. Ficou curioso(a) para saber mais? Assista à palestra a seguir da Liga Interdisciplinar de Terapia Intensiva da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). https://www.youtube.com/watch?v=93hAKaUWjno 1 1 1 DESENVOLVA SEU POTENCIAL TIPOS E CLASSIFICAÇÕES DE QUEIMADURAS Vamos entender um pouco mais as queimaduras e os respectivos tipos e classi- ficações. A queimadura é uma lesão nos tecidos causada por diferentes formas de trauma, tais como calor, eletricidade, substâncias químicas ou radiação. No contexto geral, as lesões térmicas continuam sendo as mais comuns. O prognóstico do paciente que sofreu queimaduras depende de uma série de fatores, incluindo o tipo, o grau/profundidade e a localização da lesão. Uma inter- venção inicial e adequada por parte da equipe médica tem se mostrado essencial para reduzir significativamente a morbimortalidade nesses pacientes e, poste- riormente, o profissional de Terapia Ocupacional possa atuar na reabilitação. No que se refere aos tipos de queimaduras, é importante observar as diversas categorias existentes. Começaremos pelos tipos de queimaduras: QUEIMADURAS TÉRMICAS: São as mais prevalentes e ocorrem devido à transferência de energia de uma fonte de calor para o corpo. Podem ser causadas por exposição a calor seco ou úmido, como fogo, água quente ou vapor. QUEIMADURAS QUÍMICAS: Podem ser desencadeadas pela exposição a ácidos ou bases, cuja absorção pode resultar em lesões nos órgãos internos. A extensão do dano aos tecidos depende da natureza do produto químico, da concentração dele e do tempo de contato com a pele. UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 QUEIMADURAS ELÉTRICAS: Podem ocorrer devido a choques elétricos ou à passagem direta de corrente elétrica pelo corpo. No primeiro caso, as queimaduras se assemelham às queimaduras térmicas. Por sua vez, no segundo caso, há um ponto de entrada (local de contato com a corrente elétrica) e um ponto de saída (onde a corrente deixa o corpo após percorrer uma traje- tória). Ambos os casos podem resultar em danos profundos, cuja gravidade depende do tipo de corrente, da quantidade, da duração do contato e do trajeto pelo corpo. QUEIMADURAS POR RADIAÇÃO: Ocorrem devido à exposição do corpo à radiação. A forma mais comum é a queimadu- ra solar, proveniente da exposição prolongada aos raios solares. QUEIMADURAS INALATÓRIAS: Essas lesões resultam da inalação de fumaça ou monóxido de carbono durante um evento de incêndio. A fumaça contém diversos gases nocivos que podem causar da- nos adicionais além do próprio calor, afetando o sistema respiratório e representando uma séria ameaça à saúde. 1 1 4 Essas distintas categorias de queimaduras requerem abordagens específicas para tratamento e cuidados. Agora, conheceremos a profundidade das queimaduras. Queimaduras de primeiro grau Limitadas à camada mais superficial da pele, a epiderme. São caracterizadas por vermelhidão e dor moderada. Não resultam em formação de bolhas ou com- prometimento dos anexos cutâneos. O tratamento, geralmente, envolve o uso de analgésicos e são frequentemente causadas pela exposição excessiva ao sol. Queimaduras de segundo grau Existem duas subclasses: ■ Superficial: atinge toda a epiderme e porções superficiais da derme, provocando muita dor, vermelhidão intensa,umidade na área afetada e formação de bolhas. ■ Profunda: afeta toda a epiderme e a camada reticular da derme. A pele pode apresentar-se seca, com coloração rosa-pálido, podendo prejudicar a vascularização e causar dor moderada. Queimaduras de terceiro grau Essas queimaduras comprometem a epiderme, a derme e a camada subcutâ- nea (hipoderme). A área afetada pode variar de palidez a tons avermelhados ou amarelados. Geralmente, não há sensibilidade devido ao dano nos nervos, o que significa que a região afetada pode não sentir dor. Queimaduras de quarto grau: Esse grau é caracterizado por queimaduras que afetam a pele, o tecido subcutâ- neo, os músculos e até mesmo os ossos. Esse tipo de queimadura é típico de lesões por corrente elétrica. UNIASSELVI 1 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 ■ Quanto à Superfície Corporal Queimada (SCQ) A Regra dos 9 é uma técnica usada na avaliação de queimaduras para estimar a porcentagem da superfície corporal que foi queimada. Assim como é visível na Figura 1, há: (a) Parte da frente do corpo de um adulto; (b) Parte da frente do tronco de uma criança; (c) Parte de trás do corpo de um adulto; (B) Regra da palma da mão: (d) Normalmente, a área da palma da mão de uma pessoa repre- senta aproximadamente 1% da superfície corporal. Portanto, é possível estimar a extensão de uma queimadura calculando o “número de palmas” necessárias para cobri-la (BERNARDES FILHO et al., 2013). Figura 1 – Regra dos nove / Fonte: Bernardes Filho et al. (2013). Descrição da Imagem: é possível visualizar dois bonecos representando adultos, de frente e de costas, e uma criança de frente, cujo corpo está dividido entre a Regra dos 9. a) Área frontal do corpo de um adulto: cabeça e braços com 4,5%, tronco com 9%, região genital com 1% e pernas com 9%; b) Para a criança, os valores são os mesmos para a frente e para trás do tronco, com cabeça representando 18%, tronco 18%, braços 9% e pernas 14%. c) A parte traseira do corpo de um adulto: cabeça com 4,5%, tronco com 9%, braços com 4,5% e pernas com 9%. 1 1 1 A Regra dos 9 é frequentemente usada para uma avaliação rápida em situações de emergência, mas é importante per- ceber que a precisão pode variar dependendo da idade e do tamanho do paciente, entre outros fatores. ■ Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP, 2008), as complexidades das queimaduras são classificadas em: Pequeno Queimado: queimaduras 1º grau (qualquer percen- tagem), 2º grau até 5% SCQ em crianças e 10% SCQ adultos. Médio Queimado: 2º grau 5-15% SCQ em crianças e 10- 20 SCQ em adultos. Qualquer queimadura de 2º grau em mão, pé, face, pescoço, axila ou grande articulação. Queimadura de 3º grau 15% SCQ em crianças e >20% SCQ em adultos. Queimadura de 3º grau >5% SCQ em crianças e >10% SCQ em adultos. 2º ou 3º grau acometendo períneo e 3º grau atingindo mão, pé, face, pescoço ou axila. AVALIAÇÃO E TERAPIA OCUPACIONAL NO PACIENTE QUEIMADO As estratégias de avaliação e intervenção desempenham um papel fundamental na Terapia Ocupacional voltada para pa- cientes queimados. É essencial aprender a conduzir avaliações abrangentes que considerem não apenas as necessidades fí- sicas, mas também as cognitivas, as emocionais e as sociais dos pacientes. A avaliação detalhada permite compreen- der o impacto global das queimaduras na vida do paciente, identificando as áreas de dificuldade e adaptando os planos de tratamento para atender às necessidades específicas dele (LIRA; SILVA; SOANÉGENES, 2013). UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Ao fazerem avaliações abrangentes, terapeutas ocupacionais explorarão a exten- são das limitações físicas, tais como mobilidade reduzida ou perda de função das extremidades. Avalia-se, também, as dificuldades cognitivas, como pro- blemas de memória ou concentração, além das questões emocionais e sociais, tais como ansiedade, depressão e/ou dificuldades de reintegração social. Essa abordagem holística permite uma compreensão mais completa do impacto das queimaduras na vida do paciente. Com base nas avaliações detalhadas, o profissional de Terapia Ocupacional desenvolve habilidades de intervenção terapêutica adaptadas às necessidades es- pecíficas de cada paciente. Isso pode incluir programas de reabilitação física para restaurar a funcionalidade, a prescrição de malhas de compressão, a prescrição de órteses, o treinamento cognitivo para melhorar a memória e o raciocínio, além de intervenções psicossociais para apoiar a saúde mental e a reintegração social. A abordagem terapêutica ocupacional é personalizada, visando não somente à recu- peração física, mas também ao bem-estar emocional e social do paciente queimado. Em resumo, as estratégias de avaliação e intervenção em Terapia Ocupacional para pacientes queimados envolvem a realização de avaliações completas que consideram todas as áreas afetadas pelas queimaduras. Isso permite o desenvolvimento de planos de tratamento personalizados objetivando a restauração da funcionalidade e a melho- ria da qualidade de vida do paciente, integrando cuidados físicos, cognitivos, emocio- nais e sociais de maneira abrangente e holística (LIRA; SILVA; SOANÉGENES, 2013). Chernobyl Com o intuito de ilustrar o que já foi trazido até o presente momento, recomendo assistir ao filme Chernobyl, lançado em 2022 e dirigido por Danila Kozlovsky. Neste filme, acom- panhamos a história de Alexey Karpushin (Danila Kozlovskiy), um bombeiro heroico que trabalhou como um dos liquidado- res no desastre de Chernobyl, em 1986. No decorrer do filme, são mostradas cenas sobre o tipo de queimadura por produtos químicos. Essas cenas podem ser relacionadas à importância da Terapia Ocupacional no processo de reintegração e reabi- litação de pessoas que sobrevivem a traumas e a lesões por queimaduras, e à importância da prevenção e do tratamento. INDICAÇÃO DE FILME 1 1 8 Terapia Ocupacional: atividades diárias e malhas compressivas Compreender o impacto das grandes queimaduras não se limita apenas às seque- las físicas, mas também às profundas marcas psicológicas que elas deixam nos pacientes. O tratamento dessas lesões, normalmente, requer múltiplas cirurgias para a aplicação de enxertos e o uso disciplinado de malhas compressivas. No entanto, o momento mais memorável para muitos que passaram por queimadu- ras é o momento de Atividade de Vida Diária (AVD): banho. É uma memória tão marcante quanto o próprio acidente, pois ambos compartilham um lugar na memória devido à dor intensa associada a esses momentos. A experiência do banho para as vítimas de queimaduras é angustiante. As feridas devem ser cuidadosamente limpas e, para os pacientes queimados, o risco de infecção é uma preocupação constante, representando cerca de 75% das mortes relacionadas a queimaduras. Apesar do uso de anestésicos e analgésicos, muitas vezes, eles não são suficientes para aliviar a intensidade da dor. O uso frequente de opioides para lidar com a dor pode levar à tolerância, tornando-os inadequados para uso diário durante o banho. A dor resultante das queimaduras vai além do físico, afetando significativamente o bem-estar emocional dos pacientes. O apoio se torna fundamental aos pacientes queimados, mas, muitas vezes, é organizado em função da urgência. Destaca-se a importância de estar presente nos primeiros momentos após o tratamento médico, já que oferecer apoio ao paciente e facilitar esse processo de AVD é uma das poucas formas de auxílio que não lidam diretamente com a dor física. Também devemos considerar a mudança na aparência do paciente, mesmo com pequenas diferenças de cor na pele, o que pode ser impactante para a autoimagem e a autoestima. Em um acompanhamento ideal, o Suporte Terapêutico Ocupacional é con- tínuo durante todo o tratamento, ajudando o paciente a enfrentar as mudanças resultantes das cirurgias e cicatrizes.Em situações graves, em que o paciente fica inconsciente por um longo período, a equipe se adapta, aumentando a frequência das visitas ao perceber sinais de dificuldade emocional, agressividade ou outros sintomas. O objetivo é auxiliar o paciente a lidar com as alterações físicas e emo- cionais decorrentes das queimaduras, tornando o processo de recuperação o mais suave e resiliente possível. UNIASSELVI 1 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Trago um relato da minha época de faculdade. Era estagiária no Hospital de Trauma de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Era verão e nunca me esquecerei daquele janeiro. Minha chefe ligou dizendo que havia acontecido um grande incêndio na cidade de Santa Maria, em uma boate, que vitimou muitos jovens, jovens como eu, em época de faculdade. Recebemos muitos pacientes em nosso hospital em Porto Alegre, inclusive, estudantes do curso de Terapia Ocupacional. Passado o mês inicial, muitos receberam alta e precisavam da malha de com- pressão, a qual deve ser usada 23 horas por dia, sendo retirada somente para o banho. O intuito dela é melhorar a cicatrização do tecido, evitando queloides e limitações de movimentos, o que pode interferir nas atividades de vida diária. Adivinha qual era o único hospital do Rio Grande do Sul que fornecia as malhas pelo Sistema Único de Saúde (SUS)? O que eu estava fazendo estágio. Sendo assim, minha chefe e eu fomos levadas a Santa Maria para a prescrição delas. Lá, aprendi, pela dor de jovens (como eu, na época), a importância da Terapia Ocupacional na promoção, na prescrição, no cuidado e na reabilitação de um paciente queimado. Uma experiência que levarei para a vida. 1 1 1 O uso de malhas compressivas durante o tratamento de queimaduras é uma questão complexa e desafiadora. Essas malhas tendem a ser extremamente apertadas, mais do que qualquer outra vestimenta semelhante. Por exemplo, uma pessoa que, normalmente, veste tamanho G, pode se deparar com uma blusa de malha para queimaduras que aparenta ser do tamanho P. Muitos pacientes com- partilham experiências de frustração ao tentar vestir uma malha que deveria ser do tamanho adequado, mas que, na realidade, é muito difícil de colocar. Contudo, a disponibilidade limitada de malhas pelo SUS torna a situação ainda mais desafiadora para a maioria dos afetados. Peças de boa qualidade para a mão e antebraço podem atingir até 250 reais, enquanto modelos de corpo inteiro po- dem ultrapassar 1 mil reais. As doações são uma alternativa, porém, devido à ne- cessidade de medidas específicas para cada paciente, às vezes, as doações não se ajustam completamente ao tamanho necessário. APROFUNDANDO As dificuldades persistem mesmo após a aquisição das malhas. No cotidiano, vestir a malha é uma tarefa difícil, pois ela é desconfortável, aquece e restringe a movimentação. Assim como qualquer peça de vestuário, as malhas precisam ser lavadas, o que pode levar os pacientes a necessitar de mais de uma malha ou interromper o uso enquanto a peça única está em processo de limpeza. Para obter uma compreensão mais clara das malhas compressivas, ler a reporta- gem denominada Tratamento de Queimaduras Incluindo Enxerto e Uso de Malha Compressiva e examinar as imagens que mostram uma boneca com essas malhas. https://drauziovarella.uol.com.br/reportagens/tratamento-de-queimaduras-in- clui-enxerto-e-uso-de-malha-compressiva/ EU INDICO UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 Além disso, após alguns meses de uso, as malhas podem começar a perder a elasticidade e, consequentemente, a capacidade de compressão. Algumas malhas de melhor qualidade podem passar por manutenção, porém outras precisam ser completamente substituídas ao longo do tempo. Por isso, a importância do Terapeuta Ocupacional no acompanhamento, na prescrição e nos ambulatórios de malha de compressão. Explorando abordagens terapêuticas Certamente, a atuação da Terapia Ocupacional no contexto de pacientes quei- mados vai além da recuperação física, buscando promover uma reintegração plena do indivíduo nas atividades diárias e sociais. Para isso, você, futuro(a) profissional, deverá utilizar diversas estratégias, como a prescrição e a adapta- ção de órteses personalizadas, tais como luvas ou splints, que visam não apenas à proteção e mobilidade dos membros afetados, mas também à facilitação das atividades cotidianas, como vestir-se ou alimentar-se de forma independente. Além das órteses, um profissional de Terapia Ocupacional pode recomendar o uso de dispositivos adaptativos, como utensílios ergonômicos, para facilitar a manipulação de objetos, ou sistemas de auxílio para a locomoção. Dois exemplos são: adaptar um carro para permitir a condução a pacientes queimados com mobilidade reduzida e sugerir tecnologias assistivas, como softwares de reconhe- cimento de voz ou dispositivos de controle remoto adaptados para uso em casa. Trata-se de abordagens comuns para facilitar a independência. Além disso, a modificação do ambiente doméstico ou de trabalho é um as- pecto crucial da intervenção terapêutica ocupacional. Isso pode envolver ajustes na disposição dos móveis para facilitar a mobilidade, instalação de corrimãos ou barras de apoio em áreas estratégicas, como banheiros, ou até mesmo a orientação sobre o design de espaços para minimizar os riscos de acidentes. Essas adaptações ambientais não apenas promovem a autonomia do paciente, mas também contri- buem significativamente para a melhoria da qualidade de vida e a integração social. Em resumo, as estratégias adotadas pela Terapia Ocupacional para pacientes queimados não se restringem à terapia convencional. Elas incluem, de forma abrangente, a aplicação de dispositivos adaptativos e modificações ambientais 1 1 1 personalizadas. Essas intervenções têm como objetivo não apenas a recuperação física, mas também a reinserção eficaz e sustentável do indivíduo no próprio ambiente, permitindo uma vida independente e participativa (RODRIGUES JÚNIOR; BASTOS; COELHO, 2014). Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . EM FOCO UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 6 NOVOS DESAFIOS A sólida compreensão da atuação do Terapeuta Ocupacional em pacientes quei- mados é fundamental para te preparar, futuro(a) profissional, para o mercado de trabalho. Ao abordarmos a prática da Terapia Ocupacional, abrimos portas para a aplicação dos conhecimentos teóricos em cenários reais. A anamnese e a coleta de dados nos prontuários emergem como ferramentas indispensáveis para compreender integralmente os pacientes, permitindo uma abor- dagem holística em sua recuperação. As avaliações, como a Regra dos 9, destacam-se como instrumentos que auxiliam na definição de metas terapêuticas personalizadas. É a aplicação dessas avaliações que nos permitirá o desenvolvimento de estra- tégias terapêuticas eficazes para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, pro- movendo a independência e a funcionalidade deles. É preciso se atentar sempre à autoestima e dar atenção ao psicossocial do paciente, incluindo o modo como será o retorno dele à sociedade, ao trabalho e aos relacionamentos com possíveis cicatrizes, tanto grandes quanto em locais específicos, como a face. A conexão entre a teoria e a prática se traduz diretamente nas suas perspectivas de carreira. À medida que você for adquirindo experiência em setores de queimados, será capacitado(a) para se tornar um(a) profissional altamente competente e cobiçado(a). Hospitais, clínicas e instituições de saúde buscam terapeutas ocupacionais capazes de lidar com uma variedade de condições clínicas e promover a reabilitação e o bem-estar dos pacientes. A demanda por profissionais é constante, e as perspectivas de crescimento e desenvolvimento de carreira são notáveis. Portanto, ao construir a base do conhecimento sobre pacientes queimados e relacioná-la ao futuroambiente profissional, estamos fortalecendo a sua prepa- ração para atender às necessidades da sociedade e contribuir significativamente para a saúde e a qualidade de vida da população. Conectando teoria e prática, estamos moldando profissionais capacitados, prontos para enfrentar os desafios e as oportunidades que o mercado de trabalho oferece. 1 1 4 1. As queimaduras representam lesões nos tecidos decorrentes de diferentes formas de trauma, sejam elas causadas por calor intenso, eletricidade, substâncias químicas ou até mesmo radiação. Essas lesões podem variar em gravidade, abrangendo desde danos su- perficiais na pele até comprometimentos mais profundos que afetam músculos, ossos e órgãos internos. Dentre as diversas formas de trauma que provocam queimaduras, as lesões térmicas continuam a ser as mais comuns no contexto geral. Qual dos tipos de queimadura é resultante da exposição prolongada aos raios solares? Assinale a alternativa correta: a) Queimaduras Térmicas. b) Queimaduras Químicas. c) Queimaduras Elétricas. d) Queimaduras por Radiação. e) Queimaduras Inalatórias. 2. As queimaduras são classificadas em diferentes graus, com características distintas para cada nível de lesão na pele. As queimaduras de primeiro grau são limitadas à camada mais superficial da pele, conhecida como epiderme. Geralmente, manifestam-se por vermelhi- dão e dor moderada, sem formação de bolhas ou comprometimento dos anexos cutâneos. Normalmente, são tratadas com analgésicos e são frequentemente associadas à exposição excessiva ao sol. Já as queimaduras de segundo grau possuem duas subclasses. As superfi- ciais atingem toda a epiderme e porções superficiais da derme, resultando em intensa dor, vermelhidão marcante, umidade na área afetada e formação de bolhas. Por outro lado, as queimaduras profundas afetam toda a epiderme e a camada reticular da derme, podendo levar a uma pele seca, com coloração rosa-pálido, comprometendo a vascularização e causando dor moderada. Por fim, as queimaduras de terceiro grau são as mais graves, com- prometendo a epiderme, a derme e a camada subcutânea (hipoderme). A área afetada pode variar de palidez a tons avermelhados ou amarelados. Geralmente, não há sensibilidade devido ao dano nos nervos, o que resulta na ausência de dor na região afetada. Considerando as características das queimaduras de segundo grau, analise as afirmativas a seguir: I - Lesões que comprometem a epiderme, a derme e a camada subcutânea, levando à perda de sensibilidade na área afetada. II - Queimaduras que atingem a epiderme e a camada subcutânea, levando à palidez na área afetada. III - Lesões que afetam apenas a epiderme, sem formação de bolhas. AUTOATIVIDADE 1 1 5 É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3. Queimaduras de terceiro grau são lesões extremamente graves que afetam a pele e as camadas subjacentes. Nesse tipo de queimadura, há o comprometimento da epiderme, da derme e da camada subcutânea (hipoderme). A área afetada pode variar de palidez a tons avermelhados ou amarelados, dependendo da extensão do dano. Geralmente, a falta de sensibilidade ocorre devido ao dano nos nervos, resultando na ausência de dor na região afetada. Essas queimaduras podem ser um resultado de fontes extremamente intensas de calor, produtos químicos corrosivos ou exposição prolongada a radiação. É essencial buscar tratamento médico imediato em casos de queimaduras de terceiro grau, já que essas lesões geralmente requerem cuidados médicos e tratamentos especializados para minimizar complicações graves e promover a recuperação do paciente. Quais são as características das queimaduras de terceiro grau? Assinale a alternativa correta: a) Atingem apenas a camada mais superficial da pele, a epiderme, sem formação de bolhas. b) Afetam toda a epiderme e a camada reticular da derme, levando à umidade na área afetada e formação de bolhas. c) Comprometem a epiderme, a derme e a camada subcutânea, variando de palidez a tons avermelhados ou amarelados, geralmente, sem sensibilidade na região afetada. d) Danos que se limitam à epiderme e à camada subcutânea, levando a uma pele seca e coloração rosa pálido. e) Lesões que não comprometem a epiderme, a derme e a camada subcutânea, resultando na ausência de sensibilidade na área afetada. AUTOATIVIDADE 1 1 1 REFERÊNCIAS LIRA, R. A.; SILVA, V. T. B. L.; SOANÉGENES, M. Intervenção terapêutica ocupacional a paciente vítima de queimadura elétrica na fase aguda. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 12, n. 1, p. 37-41, 2013. MARTINS, G. et al. Pioderma gangrenoso extenso em um paciente não aderente ao tratamento. Revista da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, v. 71, n. 3, p. 393-397, 2013. RODRIGUES JÚNIOR, J. L.; BASTOS, N. N. A.; COELHO, P. A. S. Terapia ocupacional em queima- dos: pesquisa bibliográfica acerca da reabilitação física junto a indivíduos com queimadu- ras . Revista Brasileira de Queimaduras, v. 13, n. 1, p. 11-17, 2014. SBCP. Queimaduras: Diagnóstico e Tratamento Inicial. São Paulo: SBCP, 2008. 1 1 1 1. Opção D. Queimaduras por radiação: essas queimaduras resultam da exposição prolongada a raios solares, que são uma forma de radiação. As queimaduras por radiação podem ocorrer devido à exposição excessiva à luz solar sem proteção adequada, resultando em danos à pele. 2. Opção A As queimaduras de segundo grau representam lesões que comprometem a epi- derme, derme e a camada subcutânea, levando à perda de sensibilidade na área afetada. 3. Opção C. As queimaduras de terceiro grau, também conhecidas como queimaduras de es- pessura total, afetam todas as camadas da pele, incluindo a epiderme, a derme e a camada subcutânea. Podem variar em coloração de palidez a tons avermelhados ou amarelados. Geralmente, a área afetada perde a sensibilidade devido à destruição dos nervos na região. GABARITO 1 1 8 MINHAS ANOTAÇÕES 1 1 9 UNIDADE 3 MINHAS METAS TERAPIA OCUPACIONAL EM DISFUNÇÕES TRAUMATO- ORTOPÉDICAS HOSPITALARES Conhecer a aplicabilidade da Terapia Ocupacional no contexto hospitalar para pacientes com disfunções traumato-ortopédicas. Desenvolver as habilidades de avaliação e criação de planos terapêuticos personalizados. Aprender a trabalhar de maneira eficaz em equipes multidisciplinares. Conhecer técnicas específicas, como mobilização precoce e adaptações ambientais. Compreender as implicações psicossociais das disfunções traumato-ortopédicas e apli- car estratégias terapêuticas. Desenvolver habilidades educativas para capacitar pacientes e familiares no processo de reabilitação. Adotar uma abordagem de aprendizado contínuo, buscando atualizações e avanços na terapia ocupacional. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 7 1 1 1 INICIE SUA JORNADA Ao iniciar a leitura deste tema, você deve estar se perguntando: pacientes com disfun- ções traumato-ortopédicas? Terapia Ocupacional? Qual é a importância dela? Será que realmente ingressarei nessa área hospitalar no meu dia a dia como profissional? Para que possamos compreender a temática, utilizaremos um exemplo bem amplo e possível. Suponha que você, profissional, está atuando em um hospital referência em trauma, e um paciente é encaminhado até você pelo médico ortopedista. Esse pa- ciente teve lesão de plexo braquial. Dessa forma, emergem as seguintes perguntas: VOCÊ SABE RESPONDER? Qual será a avaliação? Quais serão os objetivos com esse paciente? De que forma atuaremos em disfunções ortopédicas? O que faremos com os resultados obtidos? Diante de tantas perguntas, as respostas que devem ser apresentadas pelo profis- sional de Terapia Ocupacional parecem simples. Contudo, para que a sua provo- cação seja efetiva e a compreensão do paciente e dos respectivos familiares seja significativa para eles, é necessário que você, futuro(a) profissional, alcance as respostas com base em um planejamento. Você avaliará, conversaráe analisará o paciente, incluindo a história clínica dele e o período desde que ele iniciou a internação, com o intuito de criar, planejar e executar os melhores objetivos, ou seja, aqueles que mais auxiliam o paciente, seja adaptando materiais no hospital, seja pensando em novas formas de realizar as mesmas tarefas que ele fazia antes de ser internado. Considere a situação hipotética apresentada e, para que possamos nos am- bientar com a prática, que tal nos apropriarmos de uma das aplicações da Terapia Ocupacional e colocarmos a mão na massa? Vamos lá? Faça uma pesquisa com os membros de sua família, perguntando se eles já tiveram algum tipo de fratura óssea. Diante de tudo o que discutimos até o momento, faça as suas anotações. UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 Escreva os resultados da sua pesquisa com os seus familiares. Anote, também, as dificuldades que eles tiveram para realizar as tarefas de vida diárias e como foi o afastamento do trabalho, dos filhos e até mesmo da própria casa. Faça essa reflexão. Preparado(a) para desvendar o universo das órteses e a interseção vital delas com a terapia ocupacional? Junte-se a nós neste podcast exclusivo, em que mergu- lharemos nos fundamentos desses dispositivos e exploraremos como a Terapia Ocupacional molda escolhas terapêuticas. Não perca as perspectivas futuras, en- quanto desvendamos os papéis transformadores da Terapia Ocupacional e das órteses na jornada de reabilitação de pacientes com disfunções traumato-ortopé- dicas. Vamos embarcar nessa incrível jornada de aprendizado e inovação! Aces- se! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . PLAY NO CONHECIMENTO VAMOS RECORDAR? Que tal revisitar o assunto? A traumato-ortopedia constitui uma área de ampla atuação do Terapeuta Ocupacional. Existe, inclusive, uma sociedade brasileira para estudos e fóruns sobre essa área. Ficou curioso(a) para saber mais? Assista à entrevista a seguir com a doutora Ana Maria Paim, terapeuta ocupacional especialista em traumato-ortopedia. https://www.youtube.com/watch?v=S0Z8P_w4V0U 1 1 4 DESENVOLVA SEU POTENCIAL FRATURAS ÓSSEAS: CLASSIFICAÇÃO, CARACTERÍSTICAS E INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS O advento da Terapia Ocupacional (TO) na ortopedia após a Segunda Guerra Mundial representa um período de notável expansão e desenvolvimento dessa disciplina. Durante o pós-guerra, a necessidade de reabilitação de um grande número de veteranos com lesões traumáticas e ortopédicas trouxe à tona a impor- tância crucial da TO nesse contexto. Os terapeutas ocupacionais desempenharam um papel pioneiro na abordagem desses casos, utilizando estratégias inovadoras para promover a reintegração dos soldados feridos à vida cotidiana. Nesse cenário desafiador, a TO emergiu como uma disciplina essencial na reabilitação ortopédica, destacando-se pela ênfase na recuperação funcional e na adaptação às atividades diárias. A abordagem centrada no paciente, com foco não apenas nas limitações físicas, mas também nas metas ocupacionais indivi- duais, tornou-se uma característica distintiva da Terapia Ocupacional na ortope- dia pós-guerra. A partir desse período, a TO consolidou o papel dela como uma aliada fundamental no processo de reabilitação ortopédica, influenciando posi- tivamente as práticas de cuidado e promovendo avanços significativos no campo. A história da Terapia Ocupacional na ortopedia vem sendo marcada por avanços significativos que transformaram a abordagem de tratamento para os pacientes com disfunções traumato-ortopédicas. Ao longo do tempo, os terapeutas ocupacionais têm desempenhado um papel crucial na promoção da recuperação e da reintegração desses pacientes, abordando não somente as limitações físicas, mas também as dimensões emocionais e sociais relacionadas a essas lesões. A importância da Terapia Ocupacional na ortopedia reside na capacidade única dela de compreender as necessidades ocupacionais específicas de cada indivíduo e desenvolver intervenções personalizadas para otimizar a funcionalidade e a qualidade de vida. UNIASSELVI 1 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 A atuação dos profissionais de Terapia Ocupacional vai além da simples res- tauração física, estendendo-se à promoção da independência e ao empodera- mento dos pacientes, a fim de que possam retomar as atividades diárias com confiança e autonomia. Com uma abordagem holística e centrada na pessoa, a Terapia Ocupacional, na ortopedia, desempenha um papel essencial na trajetória de recuperação, contribuindo para o bem-estar global e a reinserção social dos indivíduos afetados por lesões traumáticas ortopédicas (TROMBLY, 1993). Soul Surfer Com o intuito de ilustrar outra área da traumato-ortopedia, re- comendo assistir ao filme Soul Surfer, dirigido por Sean McNa- mara e lançado em 2011. O filme é baseado na história real da surfista Bethany Hamilton (AnnaSophia Robb), a qual nasceu praticamente na praia e é uma jovem e premiada surfista. Ao ser atacada por um tubarão, ela perde o braço esquerdo, mas conta com o apoio dos pais (Dennis Quaid e Helen Hunt), da melhor amiga Sarah (Carrie Underwood) e dos fãs para voltar a cair na água. Essa história de superação mostra como, apesar de uma grande lesão, podemos recomeçar e retomar as nos- sas Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD), papel crucial do profissional de Terapia Ocupacional. INDICAÇÃO DE FILME As fraturas representam interrupções na continuidade do osso e podem ocorrer de diversas formas. Elas são classificadas de acordo com diferentes critérios, como a exposição do osso, o padrão de fratura e o número de fragmentos. A classificação das fraturas é fundamental para direcionar abordagens terapêuticas específicas. As fraturas abertas, também conhecidas como fraturas expostas, ocorrem quando há uma comunicação entre a fratura e o meio externo, podendo ser causadas por ferimentos penetrantes ou traumas que levam à ruptura da pele. Esse tipo de fratura aumenta o risco de infecções e exige atenção imediata, muitas vezes, com intervenção cirúrgica para limpeza e fixação dos fragmentos ósseos. 1 1 1 Por outro lado, as fra- turas fechadas ocorrem sem rompimento da pele adjacente à área fratura- da. Embora, geralmente, sejam associadas a menores riscos de infecção em comparação às fraturas abertas, ainda demandam avaliação e tratamento adequados. Além da classificação de acordo com o tipo de lesão, também podemos clas- sificar a fratura em traumática, por estresse e em osso patológico. Figura 1 – Fraturas aberta e fechada Descrição da Imagem: é exposta a estrutura de uma perna. À esquerda, uma fratu- ra óssea é visível através da pele; à direita, a estrutura ós- sea exibe uma fratura interna. FRATURAS TRAUMÁTICAS: ocorrem por causa da aplicação de uma força maior que a resistência do osso. Elas ocorrem como consequência de grandes impactos, como uma queda. FRATURAS POR ESTRESSE: são ocasionadas por uma sobrecarga constante sobre os ossos em virtude de ativida- des de grande intensidade. É comum em atletas, dançarinos e militares. FRATURAS EM OSSO PATOLÓGICO: ocorrem como consequência de uma alteração na estrutura do osso. Normalmente, esse problema está relacionado a neoplasias (tumores), mas pode ter outras causas. UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 Nas classificações das fraturas, também temos aquelas que se dão de acordo com o número de fragmentos ósseos e a localização da lesão. As fraturas cominutivas se caracterizam pela presença de múltiplos fragmentos ósseos, o que pode ocorrer devido a forças significativas no momento da lesão. Esse tipo de fratura pode tornar o processo de cicatrização mais desafiador, exigindo frequentemente intervenções cirúrgicas para realinhar e fixar os fragmentos. Figura 2 – Classificação dos tipos de fraturas Descrição da Imagem: sequencialmente, são demonstradas as classificações de fraturas ósseas. Temos fraturas transversais na horizontal, longitudinaisna vertical, oblíquas expostas na diagonal, oblíquas desviadas com separação na diagonal, espirais com setas ao redor mostrando movimento espiral, fraturas simples com pequena quebra, e cominutivas, representadas por uma fratura fragmentada. Outros critérios para classificação incluem a localização da fratura no osso (dia- fisárias, metafisárias ou epifisárias, por exemplo) e o padrão específico da lesão, como transversal, oblíqua, espiral ou cominutiva (SBOT, 2010). O tratamento das fraturas varia conforme a complexidade do caso e o profissional de Terapia Ocupacional desempenha um papel crucial na reabilitação, focando na restau- ração da funcionalidade e na promoção da independência do paciente. 1 1 8 Terapia Ocupacional em disfunções traumato-ortopédicas hospitalares A Terapia Ocupacional (TO) desempenha um papel vital no contexto hospi- talar, especialmente no tratamento de pacientes com disfunções traumato-or- topédicas. O profissional dessa especialidade busca promover a reabilitação por meio de intervenções que visam restaurar a funcionalidade e a independência do indivíduo após lesões ortopédicas significativas. No cenário hospitalar, local onde a abordagem multidisciplinar é essencial, os terapeutas ocupacionais de- sempenham um papel crucial na equipe de saúde. O conhecimento profundo em anatomia, fisiologia e patologia ortopédica te ca- pacitará a compreender as especificidades das lesões e a personalizar os planos tera- pêuticos de acordo com as necessidades de cada paciente. A avaliação detalhada das limitações funcionais, das atividades diárias comprometidas e das necessidades ocu- pacionais específicas permite o desenvolvimento de intervenções precisas e eficazes. As intervenções terapêuticas na área de traumato-ortopédica incluem desde mobilizações precoces e treinamento de atividades diárias até adaptações ambientais. No caso de cirurgias ortopédicas, a TO desempenha um papel crucial no preparo e na recuperação pós-operatória, contribuindo para a minimização de complicações e promovendo a reintegração do paciente na rotina diária dele. Portanto, o(a) profissional de Terapia Ocupacional pode se fazer presente na área da ortopedia desde o período pré-operatório, orientando o paciente e realizando mobilização, a fim de otimizar o processo de recuperação pós-operatório, trocando informações com a equipe multi, até participar da cirurgia, com o intuito de analisar a técnica que foi usada pelo médico, a fim de proporcionar uma recuperação mais rápida e menos dolorosa para o paciente, Além disso, a TO reconhece as dimensões biopsicossociais do paciente, considerando não apenas os aspectos físicos, mas também os cognitivos e emocionais. Estratégias terapêuticas são desenvolvidas para abordar não apenas a lesão física, mas também as possíveis repercussões psi- cossociais associadas, promovendo uma recuperação abrangente. UNIASSELVI 1 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 A participação ativa do paciente e o envolvimento da família são incentivados. A educação é uma ferramenta essencial na promoção da continuidade dos cuida- dos após a alta hospitalar. Os terapeutas ocupacionais desempenham um papel educativo, ao capacitarem os pacientes e os respectivos familiares para que com- preendam os cuidados necessários, façam a adesão aos planos de tratamento e contribuam ativamente para a recuperação. Isso inclui cuidados com a lesão e os pontos, hidratação da cicatriz, controle cicatricial, aumento da amplitude de movi- mento e diminuição de edemas por meio de massagens retrógradas, dentre outros. Em suma, a Terapia Ocupacional no contexto hospitalar para pacientes com disfunções traumato-ortopédicas é fundamentada em um profundo conheci- mento técnico e na aplicação de abordagens personalizadas. A capacidade de integrar aspectos físicos, emocionais e sociais faz da TO uma peça-chave na pro- moção da recuperação integral desses pacientes, contribuindo significativamente para a melhoria da qualidade de vida e independência após lesões ortopédicas. Vamos pensar juntos? Considere um paciente internado com uma lesão na falange, especificamente na mão dominante, o que impacta significativamente as atividades cotidianas. O terapeuta ocupacional desempenha um papel crucial na abordagem terapêutica para garantir que o paciente recupere a funcionalidade e a independência nas próprias atividades diárias. Ao avaliar o paciente, o terapeuta ocupacional identifica as limitações decor- rentes da lesão, como a redução da amplitude de movimento, a dor e a possível necessidade de imobilização temporária. Diante desse quadro, as intervenções podem incluir exercícios específicos para promover a mobilidade, técnicas de controle da dor, estratégias de adaptação e até mesmo prescrição de uma tala gessada ou uma órtese. No contexto das atividades diárias, o terapeuta ocupacional trabalha com o paciente em tarefas práticas. Por exemplo, no momento de se alimentar, o foco pode se dar na utilização de talheres adaptados, minimizando a sobrecarga na mão afetada. O profissional também pode apresentar ao paciente técnicas de adaptação ao vestir roupas, ensinando métodos que reduzam a pressão sobre a mão lesionada. 1 1 1 Além disso, o terapeuta ocupacional pode oferecer sugestões para a realização de tarefas domésticas, como estender roupas. Isso pode envolver a introdução de dispositivos auxiliares, instruções sobre posturas adequadas e estratégias para evitar a sobrecarga na mão lesionada. Não só, mas também abarca adaptações para a rea- lização de forma mais independente e autônoma de atividades que envolvam a mão lesionada mesmo em período hospitalar, pensando, inclusive, no processo pós-alta. Ao longo do processo de reabilitação, o terapeuta ocupacional monitora o progresso do paciente, ajustando as intervenções conforme necessário. A abor- dagem centrada nas atividades do cotidiano não apenas acelera a recuperação física, mas também fortalece a confiança do paciente, permitindo uma reinte- gração mais suave às ocupações habituais. Diante disso, o exemplo exposto ilustra a maneira como você, futuro(a) profis- sional, poderá atuar de maneira holística, considerando não somente a lesão física, mas também as implicações nas atividades diárias. A personalização do plano de tratamento objetiva não apenas a recuperação da função física, mas a promoção da independência e da qualidade de vida do paciente após uma lesão na falange. Técnicas específicas da Terapia Ocupacional A Terapia Ocupacional, no contexto da ortopedia, desempenha um papel funda- mental na promoção da funcionalidade e independência dos pacientes. Diversas técnicas são empregadas para otimizar a recuperação, dentre as quais se destacam a mobilização precoce e as adaptações ambientais. Neste material, exploraremos a aplicação dessas técnicas, destacando a relevância delas no processo terapêutico, e os benefícios proporcionados aos indivíduos em recuperação ortopédica. UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 Mobilização precoce A mobilização precoce se refere à iniciativa de iniciar atividades físicas e funcionais o mais cedo possível após procedimentos cirúrgicos ou lesões ortopédicas. Essa abordagem visa prevenir complicações associadas ao repouso prolongado, como a perda de massa muscular, a trombose venosa profunda e a redução da capacidade pulmonar. No âmbito da terapia ocupacional, a mobilização precoce é implementada por meio de exercícios específicos adaptados ao estado clínico do paciente. Essa intervenção não somente acelera a recuperação física, mas também contribui para a melhoria da autoestima, confiança e qualidade de vida. Adaptações ambientais As adaptações ambientais são estratégias voltadas para a modificação do ambiente em que o paciente está inserido, visando facilitar a realização das atividades diárias. No contexto ortopédico, essas adaptações podem variar desde a disposição de móveis até a implementação de tecnologias assistivas.O profissional de Terapia Ocupacional desempenha um papel essencial na identificação das necessidades específicas de cada paciente e na personalização dessas adaptações. Isso pode incluir a instalação de corrimãos, a modificação da altura de superfícies de trabalho, a introdução de dispositivos de auxílio, entre outras estratégias. As adaptações ambientais visam maximizar a independência do paciente, promovendo a participação ativa dele nas atividades diárias (CASE-SMITH, 2003). 1 1 1 Controle cicatricial na Terapia Ocupacional O controle cicatricial é uma técnica essencial na terapia ocupacional voltada para pacientes com lesões ortopédicas. Após procedimentos cirúrgicos ou lesões traumáticas, a formação de cicatrizes pode impactar a mobilidade e a funcionalidade. Nesse contexto, o terapeuta ocupacional desempenha um papel crucial no controle da cicatrização, usando técnicas específicas para promover uma cicatrização adequada e minimizar possíveis complicações. Massagens suaves, exercícios de mobilidade e orientações sobre cuidados com a pele são algumas das abordagens adotadas para garantir que o processo cicatricial não comprometa a amplitude de movimento e a funcionalidade do paciente. Treino de Atividades de Vida Diária (AVDs) O treino de Atividades de Vida Diária (AVDs) é uma estratégia central na terapia ocupacional ortopédica. As AVDs compreendem as atividades básicas e instrumentais necessárias para o autocuidado e a participação plena na vida cotidiana. Após lesões ortopédicas, os pacientes podem enfrentar desafios significativos na execução dessas atividades. O terapeuta ocupacional trabalha de maneira personalizada, identificando as limitações específicas de cada paciente e desenvolvendo programas de treinamento adaptados. Isso pode incluir exercícios para aprimorar a coordenação e promover o fortalecimento muscular direcionado e estratégias para facilitar a execução de tarefas, como vestir- UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 Essas técnicas contribuem para uma abordagem abrangente da Terapia Ocupa- cional no contexto ortopédico. Ao integrarem o controle cicatricial ao treino de AVDs, os terapeutas ocupacionais objetivam não apenas a recuperação funcio- nal, mas a capacitação dos pacientes, a fim de que eles retornem às atividades cotidianas de maneira independente e eficaz. Amputação e importância da Terapia Ocupacional A amputação é um procedimento cirúrgico (ou pode ser ocasionada por um grande trauma físico, tal como um acidente) em que uma parte do corpo é re- movida, geralmente, devido a lesões graves, doenças ou condições médicas. se, alimentar-se e realizar a higiene pessoal. O treino de AVDs visa não apenas à recuperação física, mas também à reintegração efetiva do paciente às atividades diárias, promovendo independência e qualidade de vida. Vamos saber mais sobre o processo de protetização? No vídeo a seguir, o fisiotera- peuta Anderson Nolé nos explica mais esse processo. https://www.youtube.com/ watch?v=Wf3UzSS9FC4 EU INDICO Essa intervenção drástica pode afetar significativamente a vida de uma pessoa, tanto física quanto emocionalmente. Existem diferentes tipos de amputações, dependendo da extensão da remoção do tecido. Amputação traumática: Resulta de lesões causadas por acidentes, como acidentes de trânsito, quedas ou ferimentos graves. Amputação cirúrgica: Pode ocorrer como parte do tratamento para doenças vasculares, câncer ou infecções graves. Nesses casos, a remoção é cuidadosamente planejada para controlar a propagação da doença. 1 1 4 Amputação congênita: Algumas pessoas nascem com deformidades ou anomalias que podem levar à necessidade de amputação, embora isso seja menos comum. Amputação de membros superiores e inferiores: Pode envolver a remoção de membros superiores (braços) ou inferiores (pernas), afetando de maneira única a funcionalidade e a adaptação do indivíduo. A amputação não é apenas uma questão física: ela pode impactar profundamente o bem-estar emocional, a autoestima e a qualidade de vida de uma pessoa. Nesse contexto, o profissional de Terapia Ocupacional desempenha um papel crucial na reabilitação e na adaptação pós-amputação. Dentre a importância da Terapia Ocupacional em um paciente amputado, segundo Marinho (2015), podemos destacar: REABILITAÇÃO FUNCIONAL: A Terapia Ocupacional visa restaurar e melhorar as habilidades motoras e funcionais do paciente, ajudando na adaptação a novas circunstâncias. TREINAMENTO PROTÉTICO: Para amputações de membros, a Terapia Ocupacional auxilia na aceitação e no uso efetivo de próteses, promovendo a independência e a mobilidade. DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES: Ajuda na aquisição de novas habilidades para realizar atividades diárias, adaptando-as às capacidades do indivíduo. APOIO: Oferece suporte emocional, ajudando o paciente a lidar com o luto pela perda do membro e a construir uma nova identidade e esquemas e imagens corporais. UNIASSELVI 1 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 A amputação pode ser um desafio significativo, mas, com o apoio adequado, incluindo o profissional de Terapia Ocupacional, muitos indivíduos conseguem superar as dificuldades, adaptar-se às mudanças e levar vidas plenas e produtivas. Em síntese, a Terapia Ocupacional desempenha um papel vital no contexto ortopédico, ao utilizar técnicas, como mobilização precoce, adaptações ambien- tais, controle cicatricial e treino de Atividades de Vida Diária (AVDs). Ao inte- grarem essas abordagens, os terapeutas ocupacionais buscam não apenas acelerar a recuperação física, mas também capacitar os pacientes a retomar as atividades cotidianas de maneira independente e eficaz. Essa abordagem holística visa não apenas à funcionalidade física, mas também à melhoria da autoestima, confiança e qualidade de vida, proporcionando benefícios duradouros aos indivíduos em processo de recuperação ortopédica. Ao estudarmos a amputação, reconhecemos as complexidades física e emocional dessa intervenção. Nesse cenário desafiador, a Terapia Ocupacional se destaca como uma aliada essencial na reabilitação pós-amputação. A partir da reabilitação funcio- nal, do treinamento protético, do desenvolvimento de habilidades, do apoio emo- cional, da integração social e da melhoria da qualidade de vida, os profissionais de Terapia Ocupacional desempenham um papel crucial na promoção da adaptação e na construção de uma nova identidade para os indivíduos, permitindo-lhes superar desafios e viver de maneira plena e produtiva (MARINHO, 2015). INTEGRAÇÃO SOCIAL: Facilita a reintegração do indivíduo na sociedade, promovendo a participação ativa em atividades sociais, educacionais e profissionais. MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA: A Terapia Ocupacional trabalha para melhorar a qualidade de vida do paciente, pro- movendo independência e autonomia. 1 1 1 NOVOS DESAFIOS A profunda compreensão do papel do terapeuta ocu- pacional em pacientes com disfunções traumato-orto- pédicas é fundamental para te preparar, futuro(a) pro- fissional, para o mercado de trabalho. Ao abordarmos a prática da Terapia Ocupacional, abrimos portas para a aplicação dos conhecimentos teóricos em cenários reais, sejam clínicas, sejam hospitais. A compreensão das fraturas e da correta reabilita- ção delas emerge como uma ferramenta indispensável para compreender integralmente os pacientes, permi- tindo uma abordagem holística durante a recuperação. As avaliações, tais como entender o papel ocupacional do paciente e o que ele está deixando de realizar após a lesão, destacam-se como instrumentos que auxiliam na definição de metas terapêuticas personalizadas. É a aplicação desses conhecimentos que permite que os terapeutas ocupacionais desenvolvam estratégias tera- pêuticas eficazes para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, promovendo a independência e a funcionali- dade deles. É preciso, para tanto, atentar-se à autoestima e ao psicossocial do paciente, incluindoo modo como será o retorno dele à sociedade, ao trabalho e aos res- pectivos afazeres. Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . EM FOCO UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 7 A conexão entre a teoria e a prática se traduz diretamente nas suas perspectivas de carreira. À medida que você for adquirindo experiência em setores de traumato- ortopedia, será capacitado(a) para que se torne um(a) profissional altamente competente e cobiçado(a). Hospitais, clínicas e instituições de saúde buscam terapeutas ocupacionais capazes de lidar com uma variedade de condições clínicas e promover a reabilitação e o bem-estar dos pacientes. A demanda por profissionais é constante, e as perspectivas de crescimento e desenvolvimento de carreira são notáveis. Portanto, ao construirmos a base do conhecimento sobre pacientes com fraturas e relacionarmos ao futuro ambiente profissional, estamos fortalecendo a sua pre- paração para atender às necessidades da sociedade e contribuir significativamen- te para a saúde e a qualidade de vida da população. Conectando teoria e prática, estamos moldando profissionais capacitados, isto é, prontos para enfrentar os desafios e as oportunidades que o mercado de trabalho oferece. 1 1 8 1. A história da Terapia Ocupacional na ortopedia vem sendo marcada por avanços signifi- cativos que transformaram a abordagem de tratamento para pacientes com disfunções traumato-ortopédicas. Ao longo do tempo, os terapeutas ocupacionais têm desempenhado um papel crucial na promoção da recuperação e reintegração desses pacientes, abordando não apenas as limitações físicas, mas também as dimensões emocionais e sociais relacio- nadas a essas lesões. De acordo com o enunciado, qual é uma das características distintivas da atuação da Terapia Ocupacional na ortopedia? Assinale a alternativa correta: a) Ênfase exclusiva nas limitações físicas. b) Abordagem apenas das dimensões emocionais. c) Foco irrestrito na restauração física. d) Ênfase na recuperação funcional e adaptação ocupacional. e) Abordagem unicamente centrada na promoção da independência. 2. As fraturas fechadas ocorrem sem rompimento da pele adjacente à área fraturada. Embora, geralmente, sejam associadas a menores riscos de infecção em comparação às fraturas abertas, ainda demandam avaliação e tratamento adequados. Com base no enunciado, analise as afirmativas a seguir, que tratam das principais diferenças entre as fraturas abertas e fechadas: I - Fraturas fechadas apresentam uma comunicação com o meio externo. II - Fraturas abertas estão associadas a menores riscos de infecção. III - Fraturas abertas geralmente demandam menos tratamento do que as fraturas fechadas. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. AUTOATIVIDADE 1 1 9 3. A Terapia Ocupacional (TO) desempenha um papel vital no contexto hospitalar, em especial, no tratamento de pacientes com disfunções traumato-ortopédicas. No cenário hospitalar, local onde a abordagem multidisciplinar é essencial, os terapeutas ocupacionais desem- penham um papel crucial na equipe de saúde. As intervenções terapêuticas feitas na área de traumato-ortopédica incluem desde mobilizações precoces e treinamento de atividades diárias até adaptações ambientais. De acordo com o enunciado, por que a abordagem multidisciplinar é considerada essencial no contexto hospitalar para pacientes com disfunções traumato-ortopédicas? Assinale a alternativa correta: a) Para reduzir a necessidade de intervenções cirúrgicas. b) Para promover a independência do paciente apenas no período pós-operatório. c) Para minimizar complicações e facilitar a reintegração do paciente na rotina diária. d) Para limitar a participação ativa do paciente no processo de recuperação. e) Para focar exclusivamente na dimensão física do tratamento. AUTOATIVIDADE 1 4 1 REFERÊNCIAS CASE-SMITH, J. Outcomes in hand rehabilitation using occupational therapy services. The Ame- rican Journal of Occupational Therapy, v. 57, n. 5, p. 499-506, 2003. MARINHO, C. de C. Protocolo para prescrição de órteses: uma proposta da Terapia Ocupacio- nal em traumatologia e ortopedia no HRBA. Santarém: [s. n.], 2015. SBOT. Manual básico de ortopedia. [S. l.]: SBOT, 2010. TROMBLY, C. Anticipating the future: assessment of occupational function. The American Jour- nal of Occupational Therapy, v. 47, n. 3, p. 253-257, 1993. 1 4 1 1. Opção D. A alternativa correta destaca uma das características distintivas da atuação da Te- rapia Ocupacional na ortopedia mencionada no texto. A abordagem da Terapia Ocupacional não se limita apenas à restauração física, mas também enfatiza a recuperação funcional e a adaptação ocupacional, considerando as metas individuais e as dimensões emocionais e sociais dos pacientes. Essa abordagem mais abrangente frisa a importância de não apenas superar as limitações físicas, mas também promover a reintegração completa dos indivíduos afetados por lesões traumáticas ortopédicas. As demais opções são consideradas incorretas porque: Ênfase exclusiva nas limitações físicas: o texto destaca que a abordagem vai além das limi- tações físicas, abrangendo os aspectos emocionais e sociais. Abordagem apenas das dimensões emocionais: a Terapia Ocupacional na ortopedia aborda tanto as dimensões emocionais quanto as limitações físicas e a recuperação funcional. Foco irrestrito na restauração física: a abordagem da Terapia Ocupacional não é restrita apenas à restauração física, incluindo considerações ocupacionais e emocionais. Abordagem unicamente centrada na promoção da independência: embora a promoção da independência seja parte da abordagem, a Terapia Ocupacional vai além, incluindo a recuperação funcional e a adaptação ocupacional. 2. Opção B. A proposição correta destaca a principal diferença entre fraturas abertas e fecha- das. O enunciado indica que, embora as fraturas fechadas estejam geralmente associadas a menores riscos de infecção em comparação com as fraturas abertas, ainda assim, de- mandam avaliação e tratamento adequados. A ideia central é a de que as fraturas abertas, frequentemente, exigem uma atenção mais imediata e intervenções, enquanto as fechadas, embora menos propensas a infecções, não são isentas de cuidados e tratamento. As demais opções são consideradas incorretas porque: Fraturas fechadas apresentam uma comunicação com o meio externo: essa afirmação é falsa, pois fraturas fechadas não têm comunicação com o meio externo. Fraturas abertas estão associadas a menores riscos de infecção: embora o texto mencione que as fraturas abertas estão associadas a maiores riscos de infecção, a ênfase está na com- paração com as fraturas fechadas, e não em afirmar que são associadas a menores riscos. 3. Opção C. A abordagem multidisciplinar é considerada essencial no contexto hospitalar para pacientes com disfunções traumato-ortopédicas, porque minimiza complicações e facilita a reintegração do paciente à rotina diária. A colaboração entre profissionais de diferentes áreas, incluindo terapeutas ocupacionais, é fundamental para garantir uma abordagem abrangente e eficaz no tratamento desses pacientes, considerando não apenas a dimensão física, mas também os aspectos emocionais, sociais e cognitivos. GABARITO 1 4 1 As demais opções são consideradas incorretas porque: Para reduzir a necessidade de intervenções cirúrgicas: a abordagem multidisciplinar pode envolver intervenções cirúrgicas, quando necessário, mas não tem o principal objetivo de reduzir a necessidade de cirurgias. Para promover a independência do paciente apenas no período pós-operatório: a abor- dagem multidisciplinar visa promover a independência ao longo de todo o processo de tratamento, e não apenas no pós-operatório. Para limitar a participação ativa do paciente no processo de recuperação: pelocontrário, a abordagem multidisciplinar visa incentivar a participação ativa do paciente no processo de recuperação. Para focar exclusivamente na dimensão física do tratamento: a abordagem multidisciplinar considera diversas dimensões, incluindo a física, a emocional, a social e a cognitiva. GABARITO 1 4 1 MINHAS ANOTAÇÕES 1 4 4 MINHAS ANOTAÇÕES 1 4 5 MINHAS METAS TERAPIA OCUPACIONAL EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA (NEONATAL - PEDIÁTRICA - ADULTA) Conceituar o papel do terapeuta em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto e neonatal. Entender a importância da Terapia Ocupacional neonatal na vinculação pais-bebê. Analisar o impacto da Terapia Ocupacional na redução do tempo de internação em UTIs adultas. Avaliar a contribuição da Terapia Ocupacional na transição da UTI para a reabilitação Adaptar as intervenções da Terapia Ocupacional para neonatos, crianças e adultos. Avaliar o papel da Terapia Ocupacional na promoção do bem-estar emocional de pacien- tes e familiares. Adaptar técnicas de Terapia Ocupacional para atender necessidades específicas em diferentes faixas etárias. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 8 1 4 1 INICIE SUA JORNADA Ao iniciar a leitura deste tema, você deve estar se perguntando: pacientes adultos e Unidade de Terapia Intensiva (UTI)? Crianças em UTI neonatal? Terapia Ocupa- cional? Qual é a importância dela? Como ela pode influenciar a minha vida? Será que realmente ingressarei nesta área hospitalar no meu dia a dia como profissional? Para que possamos compreender, usaremos um exemplo bem amplo e possí- vel. Imagine que você, profissional, está atuando em um hospital materno infantil, e o médico pediatra intensivista te chama para atender a um bebê que nasceu de 30 semanas e está na UTI neonatal. Dessa forma, surgem as seguintes perguntas: VOCÊ SABE RESPONDER? Qual será a avaliação? Quais são os objetivos com esse bebê tão pequeno? De que maneira atuaremos para a melhoria dele? O que faremos com os resultados disso? Quais são os objetivos? Diante de tantas perguntas, as respostas que devem ser apresentadas pelo profis- sional de Terapia Ocupacional parecem simples. Contudo, para que a sua provo- cação seja efetiva e a compreensão do paciente e dos respectivos familiares seja significativa para eles, é necessário que você, futuro(a) profissional, alcance as respostas com base em um planejamento. Você avaliará o paciente e conversará com a equipe médica, de enfermagem e de fisioterapia, com o intuito de analisar o paciente, incluindo a história clínica dele e o período desde que ele iniciou a internação, com o intuito de criar, planejar e executar os melhores objetivos, isto é, aqueles que mais auxiliam o paciente, seja adaptando materiais no hospital, seja pensando em formas de estimulação global, seja transmitindo orientações aos pais. Considere a situação hipotética exposta e, para que possamos nos ambien- tar com a prática, que tal nos apropriarmos de uma das aplicações da Terapia Ocupacional e colocarmos a mão na massa? Vamos lá? Faça uma pesquisa com UNIASSELVI 1 4 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 os membros de sua família e conhecidos, perguntando se eles conhecem algum bebê que nasceu e precisou ir para a UTI. Diante de tudo o que discutimos até o momento, faça as suas anotações. Escreva os resultados da sua pesquisa com os seus familiares e conhecidos. Anote, também, as dificuldades que eles tiveram para fazer as tarefas de vida diárias, enquanto pais, e como foi o processo de recuperação da criança ou do bebê até o momento de alta. Faça essa reflexão. Preparado(a) para desvendar o universo da UTI pediátrica com a Terapia Ocupa- cional? Junte-se a nós neste podcast exclusivo, em que mergulharemos nos fun- damentos desses dispositivos e exploraremos como a Terapia Ocupacional molda escolhas terapêuticas. Não perca as perspectivas futuras, enquanto desvendamos o papel transformador da Terapia Ocupacional junto com as crianças em perío- dos de internação. Vamos embarcar juntos nessa incrível jornada de aprendizado e inovação! Acesse! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do am- biente virtual de aprendizagem . PLAY NO CONHECIMENTO VAMOS RECORDAR? Que tal revisitar o assunto? A Terapia Ocupacional e a UTI constituem uma área de ampla atuação do(a) Terapeuta Ocupacional, o qual pode atuar em UTI adulto, infantil e até mesmo na UTI neonatal. Ficou curioso(a) para saber mais? Assista ao vídeo TO em Casa, com a doutora Julia Leal, que entrevista a doutora Nathalia sobre a atuação do terapeuta ocupacional na UTI neonatal. https://www.youtube. com/watch?v=c1y1gqw9I6c 1 4 8 DESENVOLVA SEU POTENCIAL CONCEITUANDO A TERAPIA OCUPACIONAL E A UTI A Terapia Ocupacional em Unidades De Terapia Intensiva (UTI) se refere à aplicação de intervenções baseadas em atividades e ocupações para promover a recuperação funcional e a qualidade de vida de pacientes que estão hospitalizados em unidades de cuidados intensivos. Essa abordagem reconhece a importância das atividades significativas na reabilitação física, cognitiva, emocional e social dos pacientes críticos. Os terapeutas ocupacionais adaptam as intervenções de acordo com as neces- sidades individuais de cada paciente, considerando alguns fatores, como capacida- de funcional, estado cognitivo e contexto ambiental da UTI. As atividades podem incluir exercícios de mobilidade, treinamento de habilidades motoras finas, orien- tação para o autocuidado e atividades de lazer adaptadas. O principal objetivo é maximizar a independência funcional e a participação dos pacientes, facilitando a transição para o ambiente doméstico ou de reabilitação após a alta da UTI. UTI Neonatal É considerado um recém-nascido pré-termo, comumente chamado de prema- turo, quando nasce antes da 37ª semana de gestação, ou seja, com menos de 259 dias. Essa condição é a principal responsável pela morbidade e mortalidade neonatal, contribuindo com 75 a 95% de todos os óbitos de bebês prematuros que não estão associados a malformações congênitas. Outra abordagem usada para classificar os prematuros os divide em (MA- TERNIDADE BRASÍLIA, 2021): ■ Prematuro extremo: bebês nascidos antes das 28 semanas. ■ Prematuros moderados: bebês nascidos entre 28 e 31 semanas. ■ Prematuros leves: bebês nascidos entre 32 e 36 semanas. UNIASSELVI 1 4 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 O nascimento antes do tempo considerado ideal para completar a gestação pode resultar na necessidade de cuidados especiais imediatamente após o parto. Isso se deve ao fato de que o desenvolvimento incompleto dos órgãos torna esses bebês mais suscetíveis a infecções e outras complicações de saúde. Muitas vezes, esse cuidado acontece nas UTIs neonatais. As UTIs neonatais são designadas exclusivamente para o cuidado de bebês prematuros ou daqueles que, mesmo nascendo a termo (após 37 semanas), ne- cessitam de observação após o nascimento. À primeira vista, uma UTI neona- tal pode parecer semelhante a um berçário convencional. No entanto, diversas características conferem a esse espaço uma importância crucial no cuidado dos recém-nascidos (MATERNIDADE BRASÍLIA, 2021). Uma equipe multidisciplinar desempenha um papel fundamental, propor- cionando não apenas assistência médica, mas também serviços de fisioterapia, enfermagem, terapia ocupacional e até mesmo suporte psicológico para ajudar a família durante a internação do bebê. Essa equipe utiliza equipamentos de ponta para adquirir informações preci- sas sobre o estado de saúde do bebê, permitindo, assim, a tomada das melhores decisões no manejo dos casos (MATERNIDADE BRASÍLIA, 2021). UTI pediátrica A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica é um setor hospitalar que conta com uma equipe especializada e recursos avançados para prestar atendimento intensivo a crianças que demandam cuidados especializados. Essa equipe multidisciplinar é composta por profissionais, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos,fonoaudiólogos, assis- tentes sociais, auxiliares e técnicos de enfermagem. Na UTI pediátrica, são admitidas crianças em situações de risco de vida que necessitam de cuidados contínuos 24 horas por dia e aquelas que enfrentaram complicações durante o parto. A internação pode ocorrer por meio do Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico ou transferências de outros estabelecimentos hospitalares. 1 5 1 A UTI pediátrica atende a pacientes na faixa etária de 0 a 18 anos incompletos, o que implica uma diversidade de patologias, exigindo cuidados individualizados e diferenciados para cada caso. Logo, ela se difere da UTI neonatal, a qual se concentra no período neonatal, oferecendo cuidados específicos para os bebês que acabaram de nascer, com patologias específicas desse período. UTI Adulto As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são espaços hospitalares estruturados para fornecer suporte vital de alta complexidade e envolvem diversas moda- lidades de monitoramento das funções corporais essenciais para a vida, além de terem um suporte orgânico avançado, com o objetivo de manter a vida do paciente em condições clínicas de extrema gravidade e risco de morte por insu- ficiência orgânica. Essas unidades hospitalares especializadas são destinadas ao cuidado de pa- cientes gravemente enfermos, que demandam cuidados intensivos específicos. Uma equipe especializada, composta por profissionais de diversas áreas, é a res- ponsável por proporcionar o atendimento necessário. UNIASSELVI 1 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 A UTI adulto (UTI-A) é designada para pacientes acima de 18 anos, poden- do ser utilizada por jovens de 15 a 17 anos, desde que haja normativas claras para regulamentar essa situação. A internação na UTI é uma medida adotada pelos médicos quando um paciente apresenta um quadro clínico mais grave ou representa risco à vida. É, portanto, uma estratégia para garantir os cuidados especializados necessários (ATENDIMENTO..., 2023). O papel da Terapia Ocupacional na UTI A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) representa um ambiente distintivo em relação ao ambiente hospitalar. Ela é destinada à internação de pacientes que precisam de atenção profissional especializada contínua, além de ter materiais específicos e tecnologias para monitoramento e tratamento. Extremis Com o intuito de ilustrar o dia a dia em uma UTI, recomen- do assistir ao documentário Extremis, dirigido por Dan Krauss e lançado em 2016. O documentário exibe a vida de médicos que tomam decisões importantes sobre o futuro dos próprios pacientes internados em uma UTI. Ele foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário de Curta-Metragem na edição de 2017. Nele, é possível ver a rotina, as angústias, os medos e entender um pouco a vivência tanto dos profissionais quanto dos pa- cientes e familiares que se encontram internados. INDICAÇÃO DE FILME A UTI tem, como foco, o tratamento de pacientes gra- ves, definidos como aqueles que têm o comprometi- mento de um ou mais sistemas fisiológicos principais, com perda da autorregulação, atendendo a critérios específicos na avaliação médica, como necessidade de cuidados de enfermagem prolongados, monitorização hemodinâmica invasiva, monitoramento da pressão intracraniana e/ou ventilação mecânica. A UTI tem, como foco, o tratamento de pacientes graves 1 5 1 É crucial destacar que pacientes em ventilação mecânica necessitam de sedação e analgesia para tolerar a entubação, manter o posicionamento adequado no leito e otimizar a oxigenação, evitando dissincronia com o ventilador. No entanto, a internação prolongada na UTI pode resultar em problemas físicos, como fraqueza adquirida e atrofia muscular, e cognitivos, sendo o delirium o mais frequente. Essas condições propiciam o desenvolvimento da Síndrome Pós-Cuidados Intensivos (PICS), abrangendo prejuízos físicos, funcionais, cognitivos e psicoemocionais. Assim, os cuidados necessários para pacientes graves em suporte ventilatório mecânico, sedação e mobilidade restrita destacam a importância da formação es- pecializada para atuar na UTI. A qualidade e a multidisciplinaridade dos serviços resultam em benefícios, como a redução do tempo de permanência na UTI e da internação hospitalar. Nesse contexto, a intervenção do terapeuta ocupacional, de forma individualizada, como parte da mobilização precoce/reabilitação ou da equipe multidisciplinar, é fundamental. Quanto à atuação do terapeuta ocupacional na UTI, a literatura especializada destaca as atividades relacionadas ao autocuidado, as abordagens cognitivas, os dispositivos de adaptação e posicionamento no leito, além da mobilização precoce. Entretanto, mesmo com o amparo normativo específico que garante a participação do terapeuta ocupacional na equipe da UTI desde 2010, a participação desses profissionais em pacientes graves na UTI ainda é reduzida. Diante do cenário exposto, torna-se fundamental identificar, classificar e desta- car as atribuições específicas do terapeuta ocupacional. Frente ao desafio de otimizar a participação do terapeuta ocupacional na UTI, é crucial delinear as atribuições específicas dele para integrá-lo de maneira decisiva nos cuidados prestados aos pacientes. Dentre as atividades essenciais destacadas pela literatura, incluem as inter- venções relacionadas ao autocuidado, tais como a promoção da independência nas atividades diárias e as abordagens cognitivas, visando à estimulação cognitiva e à adaptação às limitações do ambiente hospitalar. Os terapeutas ocupacionais também desempenham um papel fundamental na escolha e aplicação de dispo- sitivos de adaptação e posicionamento no leito, contribuindo para o conforto e a prevenção de complicações decorrentes da imobilidade prolongada. UNIASSELVI 1 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 Além do mais, a mobilização precoce, respeitando a condição clínica dos pacientes graves, figura como uma prática crucial, objetivando a minimização do impacto negativo do repouso prolongado. Frente à pediatria, é possível atuar com atividades lúdicas, com o brincar e com a diminuição da quebra de rotina, seja escolar, seja domiciliar. Ao identificar, classificar e destacar essas atribuições específicas, reforça-se a importância do terapeuta ocupacional como um agen- te integral na equipe da UTI, promovendo uma abordagem mais abrangente e efetiva no cuidado aos pacientes críticos, integrando-os de maneira decisiva nos cuidados prestados aos pacientes na UTI (BITTENCOURT et al., 2021). Com uma abordagem holística e centrada no paciente, a Terapia Ocupacional nas UTIs desempenha um papel essencial na trajetória de recuperação, contri- buindo para o bem-estar global e a reinserção social dos indivíduos. MÉTODO CANGURU O Método Canguru é uma abordagem de assistência que se inicia durante a gestação de risco e se esten- de até a alta do recém-nascido. Essa prática consiste em colocar o bebê em contato direto com o corpo dos pais, em uma posição semelhante àquela em que os cangurus carregam os próprios filhotes. Um dos fundamentos dessa prática é incentivar o aleitamento materno, promovendo a presença constante da mãe junto ao recém-nascido. O contato pele a pele, carac- terístico do Método Canguru, inicia-se com o toque dos pais na criança desde os primeiros momentos da internação, evoluindo para a posição canguru. Pesquisas feitas em instituições que adotam esse método indicam que as mães que praticam o contato pele a pele com o bebê apresentam um aumento no volume diário de leite. A proximidade da mãe com a criança possibilita um controle térmico adequado, reduzindo o risco de infecção hospitalar e minimi- zando o estresse e a dor do recém-nascido, além de 1 5 4 promover maiores taxas de amamentação. Também se observa melhorias no desenvolvimento neurocomportamental e psicoafetivo do recém-nascido e um relacionamento mais positivo entre a família e a equipe de saúde. O Método Canguru é implementado em três etapas: PRIMEIRA ETAPA: Inicia-se no pré-natalum papel vital na reabilitação de pacientes em hospitais, auxiliando na recuperação, na promoção da independência e na melhoria da qualidade de vida. A evolução dessa prática ao longo dos anos tem se refletido em um melhor atendimento aos pacientes, tornando-a uma parte essencial da equipe de saúde em contextos hospitalares. UNIASSELVI 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 AVALIAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO CONTEXTO HOSPITALAR A aplicação de avaliações nos pacientes é um dos pilares essenciais da prática da Terapia Ocupacional Hospitalar. Por meio desse processo, nós, terapeutas ocupacionais, buscamos obter uma compreensão abrangente das necessidades e potencialidades de cada indivíduo, levando em consideração seu estado de saúde, histórico médico e metas pessoais. Essa avaliação minuciosa é fundamental para orientar todo o processo terapêutico, desde o diagnóstico inicial até o acompa- nhamento do progresso do paciente. Você sabia que um dos principais objetivos da avaliação é identificar as áreas de dificuldade ocupacional que o paciente enfrenta devido a sua condição de saúde? PENSANDO JUNTOS Isso pode envolver a análise das limitações físicas, cognitivas e emocionais que impactam sua capacidade de realizar as atividades cotidianas de maneira independente. Compreender essas limitações é crucial para o desenvolvimento de metas terapêuticas específicas que abordem as necessidades individuais de cada paciente, seja a nível hospitalar, no período de internação, seja preparando para a alta, seu retorno para casa e suas atividades cotidianas. Muito importante, quando falamos de contexto hospitalar, é o cuidado humaniza- do. Leia mais sobre essa prática tão importante no cuidado ao paciente no seguin- te artigo: “Cuidado humanizado e as práticas do terapeuta ocupacional no hospital: uma revisão integrativa da literatura”. Recursos de mídia disponíveis no conteú- do digital do ambiente virtual de aprendizagem. EU INDICO 1 1 As avaliações também desempenham um papel vital na definição de objetivos terapêuticos personalizados. Com base nas informações coletadas durante a avaliação, nós, terapeutas ocupacionais, podemos estabelecer metas terapêuti- cas claras e mensuráveis. Essas metas podem variar de paciente para paciente e podem incluir o retorno à independência nas atividades da vida diária (AVDs), a reintegração ao ambiente de trabalho, a melhoria da qualidade de vida ou a redução das limitações funcionais. Além disso, as avaliações ajudam a orientar o desenvolvimento de um plano de tratamento individualizado. Com base nas informações obtidas durante a avaliação, podemos escolher as intervenções mais apropriadas para atender às necessidades de cada paciente (DE CARLO, 2004). Isso pode envolver a prescrição de exercí- cios terapêuticos, o treinamento em atividades específicas, o uso de adaptações ou tecnologias assistivas e a modificação do ambiente para torná-lo mais acessível. Patch Adams: o amor é contagioso Para elucidar mais nosso assunto sobre a área hospitalar, su- gerimos o filme “Patch Adams: o amor é contagioso”. Ele apre- senta um médico, Patch Adams, que utiliza métodos não con- vencionais, como o humor e a interação social, para melhorar a qualidade de vida dos pacientes em um hospital. O filme ofe- rece uma visão inspiradora de como a abordagem humanizada pode impactar positivamente o processo de recuperação e o bem-estar dos pacientes. INDICAÇÃO DE FILME Em resumo, a aplicação de avaliações nos pacientes desempenha um papel crítico na Terapia Ocupacional Hospitalar. É por meio desse processo que os terapeutas ocu- pacionais conseguem entender as necessidades individuais de cada paciente e desen- volver planos de tratamento personalizados que visam melhorar sua funcionalidade e qualidade de vida. Dessa forma, a avaliação é a base sobre a qual todo o processo terapêutico é construído, permitindo que os terapeutas ocupacionais atendam de forma eficaz às necessidades ocupacionais dos pacientes em contextos hospitalares. UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Avaliações utilizadas na Terapia Ocupacional Hospitalar As avaliações desempenham um papel crucial na Terapia Ocupacional Hos- pitalar, uma vez que ajudam os terapeutas ocupacionais para que entendam as necessidades e capacidades dos pacientes, bem como acompanhem o progresso ao longo do tratamento. A seguir, iremos ver algumas das avaliações mais comuns utilizadas nesse contexto: MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL • É uma avaliação amplamente usada na Terapia Ocupacional Hospitalar e em outros contextos clínicos para medir o nível de independência de um paciente em relação às atividades da vida diárias. • A MIF avalia atividades de vida diária e instrumental como alimentação, higiene pessoal, vestir-se, controle de funções intestinais e urinárias, mobilidade no leito e transferências. 1 8 Além de avaliações padronizadas, como as mostradas anteriormente, temos também dois grandes recursos para conhecermos nosso paciente, a anamnese e a coleta de dados nos prontuários (DE CARLO, 2006). Vamos saber um pouco mais sobre elas? Na Terapia Ocupacional Hospitalar, a anamnese e a coleta de dados nos pron- tuários desempenham um papel fundamental na compreensão abrangente do paciente e na identificação de suas necessidades ocupacionais. A anamnese envolve a coleta de informações detalhadas sobre a história médica, funcionalidade prévia, estilo de vida, ocupações anteriores e metas de recuperação do paciente. Isso permite que os terapeutas ocupacionais obtenham uma visão completa do contexto de vida do paciente e de como a doença ou lesão impactou suas atividades diárias. Além disso, a coleta de dados nos prontuários hospitalares fornece infor- mações atualizadas sobre o estado do paciente (DE CARLO, 2006), incluindo diagnósticos, procedimentos médicos, medicamentos, restrições e outras inter- venções relevantes. Os terapeutas ocupacionais usam esses dados para planejar intervenções terapêuticas seguras e eficazes, levando em consideração qualquer limitação ou recomendação médica. Por meio de uma análise aprofundada dessas informações, iremos criar pla- nos de tratamento individualizados que visam restaurar a independência, pro- mover a funcionalidade e melhorar a qualidade de vida do paciente durante sua internação hospitalar. Esses registros detalhados e a anamnese são essenciais para uma abordagem terapêutica personalizada e eficaz. ÍNDICE DE BARTHEL O Índice de Barthel fornece uma pontuação que indica o nível de independência do paciente em realizar atividades essenciais. ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA (GDS) Especialmente relevante para pacientes idosos, a GDS é usada para identificar sinais de depressão. Os terapeutas ocupacionais podem aplicar essa escala para avaliar o estado emocional dos pacientes e determinar se a depressão está afetando sua quali- dade de vida e capacidade de participar em atividades ocupacionais. UNIASSELVI 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Retomando, em resumo, a anamnese e a coleta de dados nos prontuários são peças-chave no quebra-cabeça da Terapia Ocupacional Hospitalar. Elas permi- tem que os terapeutas ocupacionais entendam as necessidades de cada paciente e forneçam intervenções direcionadas e baseadas em evidências. Essa abordagem centrada no paciente é fundamental para otimizar a recuperação e o bem-estar dos indivíduos em contexto hospitalar. Acesse seu Ambiente Virtual de Aprendizagem e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. EM FOCO NOVOS DESAFIOS A sólida compreensão da avaliação em contextos hospitalares é fundamental para preparar os futuros profissionais para o mercado de trabalho e suas perspectivas. Ao abordar a prática da Terapia Ocupacional no ambiente hospitalar, abrimos portas para a aplicação dos conhecimentos teóricos em cenários reais. A regula- mentação estabelecida pela Lei nº 6.316/1975 fornece a base legal parada gestação de alto risco e continua na internação do recém nascido na unidade neonatal. Os pais recebem acolhimento e orientações sobre a saúde do filho, os cuidados prestados, as rotinas da unidade e a equipe que cuidará do bebê. O contato pele a pele precoce é estimulado, respeitando as condições clínicas do recém-nascido. SEGUNDA ETAPA: Nessa fase, o bebê permanece continuamente com a mãe, que participa ativamente dos cuidados. A estabilidade clínica do recém-nascido, a nutrição enteral plena e o peso mínimo de um quilo duzentos e cinquenta gramas são critérios determinantes para a realização do método. TERCEIRA ETAPA: O bebê recebe alta e é acompanhado, juntamente com a família, pelo Ambulatório do Método Canguru até atingir o peso de 2,5 kg. Durante essa fase, é essencial que os pais assumam o compromisso de realizar a posição canguru pelo maior tempo possível. O Método Canguru traz diversas vantagens, como redução do tempo de se- paração entre pais e filhos, estímulo ao vínculo afetivo, maior competência e confiança dos pais nos cuidados, incentivo ao aleitamento materno, adequado controle térmico, redução do risco de infecção hospitalar, minimização de es- tresse e dor, favorecimento do relacionamento da família com a equipe de saúde, estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor e melhoria na qualidade geral do desenvolvimento do recém-nascido. UNIASSELVI 1 5 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 O contato pele a pele no Método Canguru proporciona uma ampla interação tátil, auditiva, sensorial e global entre o corpo da criança e o da mãe. Profissionais de saúde desempenham um papel importante, ao tornarem essa experiência agradável para o recém-nascido e todos os envolvidos no processo. O papel do terapeuta ocupacional nesse método é de suma importância, porque, muitas vezes, somos nós que orientamos os pais e estimulamos o bebê, a fim de promover um bom desenvolvimento (MARTINS, 2022). PAPEL DA TERAPIA OCUPACIONAL EM UTI ADULTO Dentre as práticas mais mencionadas e detalhadas na literatura e na prática clí- nica dos terapeutas ocupacionais, destaca-se a ênfase na atuação colaborativa entre os membros da equipe multidisciplinar/reabilitação na UTI. Essa colabo- ração envolve uma variedade de intervenções, tais como: movimentos passivos, assistidos e ativos de Amplitude de Movimento (ADM); alterações de posição no leito (transferência de peso); transição para a posição sentada no leito; sentar-se na borda do leito; ficar em pé (com e sem assistência); sentar-se em uma cadeira; e realizar caminhadas (com e sem assistência). Independentemente da maneira como são executadas, essas intervenções seguem princípios de progressão e complexidade, desde movimentações passivas até atividades e tarefas mais ativas. Além das atividades específicas do terapeuta ocupacional realizadas na UTI, destaca se o treinamento em Atividades da Vida Diária (AVDs) e Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVDs). No contexto das AVDs, incluem-se tarefas, como alimentação, arrumação pessoal, vestimenta, autocuidado (higiene), uso do banheiro e cuidados pessoais (toalete). Já no âmbito das AIVDs, englobam-se outras atividades, como escrita, leitura e elaboração de cronograma (de tarefas) (BITTENCOURT et al., 2021). Em resumo, a atuação do terapeuta ocupacional na UTI é essencial para promover a recuperação e a reintegração dos pacientes às atividades diárias. A ênfase na colaboração dentro da equipe multidisciplinar ressalta a importância de abordagens integradas, que vão desde movimentos passivos até atividades 1 5 1 mais complexas, seguindo princípios de progressão. Além das intervenções es- pecíficas mencionadas, o treinamento em Atividades da Vida Diária (AVDs) e Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVDs) destaca-se como fundamental para a promoção da autonomia e independência dos pacientes. Assim, o papel do terapeuta ocupacional na UTI vai além do aspecto físico, abrangendo também as dimensões emocionais e psicossociais, contribuindo para a qualidade de vida e a reintegração plena dos indivíduos atendidos. PAPEL DA TERAPIA OCUPACIONAL NA UTI PEDIÁTRICA A Terapia Ocupacional desempenha um papel fundamental na UTI pediátrica, local onde a complexidade dos casos demanda uma abordagem multidiscipli- nar para garantir o bem-estar integral das crianças. Nesse ambiente delicado, os terapeutas ocupacionais desempenham um papel crucial, ao oferecerem inter- venções que visam promover o desenvolvimento global e a qualidade de vida dos pequenos pacientes. Ao personalizarem estratégias terapêuticas, considerando as necessidades específicas de cada criança, esses profissionais contribuem para minimizar o impacto emocional e físico da hospitalização, promovendo a participação ativa nas atividades diárias e estimulando habilidades motoras, cognitivas e sociais. UNIASSELVI 1 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 8 Você, futuro(a) profissional, na UTI pediátrica, estará envolvido(a) na avaliação das capacidades funcionais das crianças, adaptando intervenções para atender às limitações impostas pelas condições clínicas. Seja a partir de técnicas de estimula- ção sensorial, intervenções motoras ou estratégias de adaptação, os profissionais de Terapia Ocupacional trabalham para otimizar a funcionalidade e promover uma transição suave para o ambiente domiciliar (NOLÊTO, 2019). Além disso, o suporte emocional oferecido pela Terapia Ocupacional não apenas fortalece as crianças, mas também apoia as famílias, capacitando-as para o cuidado contínuo e a promoção do desenvolvimento saudável mesmo após a alta da UTI (NOLÊTO, 2019). TERAPIA OCUPACIONAL NA PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR EMOCIONAL DOS PACIENTES E FAMILIARES A Terapia Ocupacional desempenha um papel crucial na promoção do bem estar emocional dos pacientes e dos respectivos familiares. Ao adotarem uma abordagem holística, os terapeutas ocupacionais colaboram com os indivíduos que enfrentam desafios emocionais, proporcionando estratégias personalizadas para melhorar a qualidade de vida e a saúde mental. Por meio de atividades terapêuticas adaptadas às necessidades específicas de cada pessoa, a Terapia Ocupacional visa fortalecer a resiliência, promover a expressão emocional e desenvolver habilidades de enfrentamento para lidar com as complexidades do cotidiano. Além de trabalharem diretamente com os pacientes, os terapeutas ocupacio- nais desempenham um papel crucial na capacitação das famílias, fornecendo suporte e orientação. Ao envolver os membros da família em atividades terapêu- ticas e educativas, a Terapia Ocupacional estabelece um ambiente de apoio que transcende o aspecto clínico, contribuindo para a construção de relações mais saudáveis e resilientes. Dessa forma, a intervenção da Terapia Ocupacional se estende além das sessões individuais, impactando positivamente o bem-estar emocional de toda a rede de apoio envolvida no processo terapêutico. 1 5 8 Em síntese, a atuação da Terapia Ocupacional na promoção do bem-estar emo- cional emerge como um alicerce fundamental para pacientes e familiares, trans- cendendo as barreiras das Unidades de Tratamento Intensivo. Ao adotarem uma abordagem holística, os terapeutas ocupacionais desempenham um papel crucial não apenas na melhoria da qualidade de vida e da saúde mental dos indivíduos que enfrentam desafios emocionais, mas também na capacitação e suporte às famílias. Nas UTIs adulto, pediátrica e neonatal, essa abordagem especializada se ma- nifesta, oferecendo não somente intervenções diretas com os pacientes, mas tam- bém se estendendo ao ambiente familiar. Ao integrar as atividades terapêuticas adaptadas às necessidades específicas de cada grupo, a Terapia Ocupacional na UTI contribui para a construção de relações saudáveis e resilientes, promovendo, assim, um suporte abrangente que se reflete positivamente no bem-estar emo- cional de toda a rede envolvida no processo terapêutico. Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confirade 0 a 18 anos incompletos. As demais alternativas estão incorretas, pois não refletem a faixa etária mencionada no texto-base. 3. Opção A.A afirmativa I está correta, dado que se baseia nas informações fornecidas pelo texto, que ressaltam as consequências físicas, tais como fraqueza e atrofia muscular, e as implicações cognitivas, incluindo a Síndrome Pós-Cuidados Intensivos (PICS), como resul- tados da internação prolongada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A afirmativa II está incorreta, porque o texto menciona o oposto, destacando problemas físicos e cognitivos decorrentes da internação prolongada na UTI. A afirmativa III está incorreta, pois o texto ressalta o enfraquecimento da musculatura e os problemas cognitivos como resultados negativos da permanência na UTI. A afirmativa IV está incorreta, já que o texto não aborda a tolerância à entubação como um benefício da internação prolongada, mas sim a necessidade de sedação para pacientes em ventilação mecânica. GABARITO 1 1 4 MINHAS ANOTAÇÕES 1 1 5 MINHAS METAS PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL EM CONTEXTOS HOSPITALARES Compreender a Terapia Ocupacional em saúde mental e a Reforma Psiquiátrica. Conhecer os princípios fundamentais da promoção da saúde mental em contextos hospitalares. Implementar programas de prevenção de saúde mental em contextos hospitalares, visando à proteção dos pacientes. Incentivar práticas de autocuidado, fornecendo recursos e estratégias para lidar com o ambien- te hospitalar. Integrar famílias e cuidadores nos processos de promoção da saúde mental no ambiente hospi- talar nos pacientes e em si mesmos. Auxiliar nos processos de alta e retomada dos papéis ocupacionais. Entender as práticas de mindfulness e relaxamento como ferramentas para fortalecer o bem estar emocional nos contextos hospitalares. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 9 1 1 1 INICIE SUA JORNADA Ao iniciar a leitura deste tema, você deve estar se perguntando: Terapia Ocupa- cional e saúde mental? Saúde mental hospitalar, e não apenas no Centro de Aten- ção Psicossocial (CAPS)? Qual é a importância dela? Como ela pode influenciar a minha vida? Será que realmente ingressarei nesta área hospitalar no meu dia a dia como profissional? Para que possamos compreender a temática apresentada, utilizaremos um exemplo bem amplo. Suponha que você, profissional, está atuando em um hospital geral, o qual tem leitos de internação psiquiátrica. O médico psiquiatra te chama para atender a uma paciente adolescente a qual tentou tirar a própria vida. Dessa forma, emergem as seguintes perguntas: VOCÊ SABE RESPONDER? Qual será a avaliação? Quais são os objetivos com essa adolescente? De que forma atuaremos na melhoria dela? O que faremos com os resultados obtidos? Quais são os objetivos? Diante de tantas perguntas, as respostas que devem ser apresentadas pelo pro- fissional de Terapia Ocupacional nesse caso não parecem tão simples. Contudo, para que a sua provocação seja efetiva e a compreensão tanto da adolescente quanto dos pais dela seja significativa, será necessário que você, futuro(a) pro- fissional, alcance as respostas com base em um planejamento. Você avaliará a paciente e conversará com a equipe médica, de enfermagem e de psicologia, com o intuito de analisar a paciente, incluindo a história clínica dela e o período desde que ela iniciou a internação para criar, planejar e executar os melhores objetivos, isto é, aqueles mais auxiliem a paciente, seja por meio de conversas, de atividades direcionadas ou transmitindo orientações aos pais. Considere a situação hipotética exposta e, para que possamos nos ambien- tar com a prática, que tal nos apropriarmos de uma das aplicações da Terapia Ocupacional e colocarmos a mão na massa? Vamos lá? Faça uma pesquisa com UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 os membros de sua família e conhecidos, perguntando se eles conhecem alguém que sofre de algum problema psíquico (ansiedade, depressão, alcoolismo). Diante de tudo o que discutimos até o momento, faça as suas anotações. Escreva os resultados de sua pesquisa com os seus familiares e conhecidos. Anote, também, as dificuldades que eles tiveram para fazer as tarefas de vida diárias. Explore o poder transformador da Terapia Ocupacional em nosso novo episódio! Nós te convidamos a se juntar a nós nesta jornada envolvente pelo universo da Terapia Ocupacional, em que desvendamos o interessante processo das ativida- des em processos grupais. Mergulharemos na dinâmica grupal, revelando como ela gera um ambiente terapêutico único, impulsionando a troca de experiências, a construção de vínculos e o suporte mútuo. Sintonize para uma experiência en- riquecedora e descubra como essa prática vai além do individual, guiando-nos rumo a uma jornada coletiva de bem-estar e resiliência. Recursos de mídia dispo- níveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . PLAY NO CONHECIMENTO VAMOS RECORDAR? Que tal revisitar o assunto? A saúde mental na Terapia Ocupacional é uma área de ampla atuação do terapeuta ocupacional, que pode atuar em hospitais gerais e hospitais psiquiátricos (cada vez em menor número). Ficou curioso(a) para saber mais? Assista à entrevista com a doutora Gabriela Cruz de Moraes, que é coordenadora do Serviço de Terapia Ocupacional do Programa de Esquizofrenia da Universidade Federal de São Paulo. https://www.youtube.com/watch?v=ikxEpDwMUrk 1 1 8 DESENVOLVA SEU POTENCIAL TERAPIA OCUPACIONAL, SAÚDE MENTAL E REFORMA PSIQUIÁTRICA A interseção entre a Terapia Ocupacional, a saúde mental e a Reforma Psiquiá- trica desempenha um papel crucial na compreensão e no tratamento de questões relacionadas à saúde mental. Assim, exploraremos os conceitos fundamentais por trás dessas áreas interconectadas, destacando a importância delas na promoção do bem-estar psicológico e na construção de uma abordagem mais inclusiva e humanizada para o cuidado de indivíduos com transtornos mentais. Ao definirmos os termos essenciais e delinearmos as inter-relações deles, bus- camos lançar luz sobre a complexidade e a relevância desse campo multidisciplinar. Terapia Ocupacional e saúde mental A Terapia Ocupacional é uma disciplina que abrange o estudo e a avaliação do funcionamento ocupacional, englobando todas as atividades realizadas pelo in- divíduo no contexto da ocupação e na construção dos próprios tempo, ambiente e cultura para o cotidiano. Diferentes modelos de referência orientam a aplica- ção dos procedimentos da Terapia Ocupacional, sendo o termo “funcionamento ocupacional” associado ao Modelo da Ocupação Humana. Esse conceito está intrinsecamente ligado à natureza da ocupação e ao papel dele na vida dos indivíduos, tanto em situações de saúde quanto em momentos de ruptura de projetos de vida, autocuidado e ocupação na adversidade, como em contextos hospitalares. O tera- peuta ocupacional atua no processo saúde-doença, integrando aspectos bioló- gicos, sociais, psíquicos e culturais. A percepção da importância dessa integração se reflete na abordagem complexa do terapeuta ocupacional, que busca impactar positivamente a vida relacional e a produção dos sujeitos-alvo. Esse novo paradigma na abordagem dos transtornos mentais marca a cons- trução de uma postura ética e renovada dos terapeutas ocupacionais em relação aos indivíduos afetados. O sujeito já não deve ser encarado meramente como Ligado à natureza da ocupação e ao papel dele na vida dos indivíduos UNIASSELVI 1 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 detentor de uma doença a ser controlada, mas como uma pessoa que, devido às particularidades, necessita de ambientes e apoio humano para assegurar a cidadania, a qualidade de vida e as interações sociais e afetivas (RIBEIRO, 2005). Nos contextos de atenção reformulados, o terapeuta ocupacional desempenha um papel crucial, utilizando a expertise para ampliar o cuidado e resgatar os direitos de cidadania desses sujeitos. Ao utilizar a atividade como principal ferramenta,refletindo a cotidianidade do indivíduo, a Terapia Ocupacional tem o poder de transformar a própria atuação em uma promotora do protagonismo social, devolvendo uma agência histórica que foi subtraída por práticas psiquiátricas pregressas. É imperativo repensar a atividade, abandonando a visão dela como uma abstração destituída de signifi- cado concreto para o indivíduo. Ao unir a função interpretativa, enraizada na dimensão inconsciente da psi- cologia, ao conceito de historicidade, nutrido pelas dimensões sócio-política e cultural, a atividade se torna um instrumento para a emancipação. Nesse con- texto, o terapeuta ocupacional renuncia ao papel de único guia no processo de atenção, permitindo que esse espaço seja compartilhado com outros agentes. As- sim, a atividade é percebida, vivida e interpretada por cada um dos participantes (o indivíduo, o terapeuta ocupacional, a família, a cultura e os valores buscados) (BARROS; GHIRARD; LOPES, 2002). Reforma Psiquiátrica Após a Segunda Guerra Mundial, o modelo psiquiátrico clássico, que priorizava o ambiente asilar como local de intervenção para questões relacionadas à loucura, foi reavaliado, dando origem a novas propostas e modelos, especialmente na Europa e nos Estados Unidos. Esse processo evolutivo ao longo dos anos ficou conhecido como Reforma Psiquiátrica, estendendo-se posteriormente ao contexto brasileiro. Vale ressaltar que, no Brasil, esse movimento de questionamento e trans- formação ocorreu de maneira mais tardia, já que aconteceu paralelamente ao movimento de abertura política e redemocratização da sociedade. Até o final da década de 1970, a assistência psiquiátrica no Brasil se centrava nas interna- 1 1 1 ções hospitalares como a única forma de tratamento para pacientes mentais, refletindo a estrutura manicomial consolidada. Após sucessivas mudanças, a psiquiatria assumiu uma nova configuração no país: setores da sociedade civil se mobilizaram em prol dos direitos dos pacientes, dando espaço para novas discussões sobre a abordagem da loucura. Esse movi- mento ficou conhecido como Reforma Psiquiátrica Brasileira e persiste até os dias atuais como um impulsionador das mudanças na assistência em saúde mental. Desde o surgimento, novos serviços foram criados em todo o país, propondo abordagens de tratamento diferenciadas dos métodos tradicionais, considerando a singularidade e as condições específicas das pessoas que procuram esses serviços. Isso inclui os leitos psiquiátricos em hospitais gerais (RIBEIRO, 2005). UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 A Reforma Psiquiátrica Brasileira não apenas representou uma mudança estrutural nos serviços de saúde mental, mas também desencadeou uma transformação na percepção da sociedade em relação à loucura. O movimento trouxe consigo uma abordagem mais humanizada, centrada nos direitos dos pacientes e na busca por alternativas terapêuticas que respei- tassem a individualidade de cada pessoa. A desinstitucionalização progressiva do modelo ma- nicomial e a busca por práticas mais inclusivas refletiram um comprometimento em superar estigmas associados às condi- ções mentais. A incorporação de leitos psiquiátricos em hospi- tais gerais evidencia a necessidade de integrar os cuidados de saúde mental ao sistema de saúde como um todo, promovendo uma visão mais holística e integrada da assistência. A Reforma Psiquiátrica Brasileira continua a ser um mar- co significativo, desafiando constantemente os profissionais de saúde mental a se adaptar e a inovar as próprias práticas, objetivando uma abordagem mais centrada no paciente e na comunidade (RIBEIRO, 2005). PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DE SAÚDE MENTAL EM CONTEXTOS HOSPITALARES A implementação de programas de prevenção de saúde mental em contextos hospitalares é uma resposta vital para lidar com os desafios complexos associados à saúde psicológica dos pa- cientes. A Terapia Ocupacional emerge como uma peça-chave nesse cenário, ao oferecer uma abordagem que vai além do tra- tamento tradicional, focando na prevenção e no fortalecimento das bases para a saúde mental. Esses programas têm como objetivo não apenas tratar con- dições existentes, mas também antecipar e mitigar potenciais riscos, reconhecendo a importância de medidas preventivas na promoção do bem-estar. 1 1 1 A abordagem centrada na ocupação adotada pela Terapia Ocupacional destaca a importância das atividades significativas na vida dos pacientes. Ao integrarem as intervenções terapêuticas que consideram a singularidade de cada indivíduo, os terapeutas ocupacionais fortalecem as habilidades adaptativas necessárias para enfrentar os desafios emocionais. A criação de ambientes terapêuticos que in- centivam a expressão, a autonomia e o desenvolvimento pessoal contribui não apenas para tratar problemas de saúde mental, mas também para preveni-los, promovendo uma abordagem mais proativa e holística (MÂNGIA, 2002). Ao adotarem uma perspectiva abrangente, os programas de prevenção com foco na Terapia Ocupacional não apenas visam reduzir sintomas específicos, mas também buscam fortalecer a resiliência dos pacientes em face de adversidades. A promoção da participação ativa em atividades terapêuticas não somente ser- ve como uma estratégia preventiva, mas também como um catalisador para a construção de uma base sólida para a recuperação sustentável. Essa abordagem proativa e integrada reflete o compromisso em não apenas tratar, mas verdadei- ramente promover a saúde mental dos indivíduos em ambientes hospitalares, contribuindo para uma abordagem mais eficaz e sustentável no cuidado psico- lógico (MÂNGIA, 2002). Nise - O Coração da Loucura A fim de ilustrar um pouco mais a saúde mental hospitalar, re- comendo assistir ao filme Nise - O Coração da Loucura, dirigido por Roberto Berliner e lançado em 2016. O filme conta a his- tória da doutora Nise da Silveira (Glória Pires), que, ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, propõe uma nova forma de trata- mento aos pacientes que sofrem de esquizofrenia, eliminan- do o eletrochoque e a lobotomia. Os colegas de trabalho de Nise da Silveira discordam do meio de tratamento proposto e a isolam, restando a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, local onde dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes mediante o amor e a arte. INDICAÇÃO DE FILME UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 Em síntese, a abordagem centrada na ocupação da Terapia Ocupacional se destaca pela ênfase nas atividades significativas, promovendo a singularidade de cada indivíduo e fortalecendo habilidades adaptativas. Ao criarem ambientes terapêuticos que estimulam a expressão e a autonomia, os terapeutas ocupacio- nais não apenas tratam problemas de saúde mental, mas também os previnem de maneira proativa e holística. Os programas de prevenção objetivam não apenas reduzir sintomas, mas fortalecer a resiliência, promovendo a participação ativa em atividades terapêuti- cas. Essa abordagem integral reflete um compromisso genuíno com a promoção da saúde mental, contribuindo para uma prática mais eficaz e sustentável no cuidado psicológico em ambientes hospitalares. PROMOÇÃO DO AUTOCUIDADO EM SAÚDE MENTAL HOSPITALAR A promoção de práticas de autocuidado em contextos hospitalares psiquiátricos, especialmente mediante a intervenção da Terapia Ocupacional, desempenha um papel crucial na melhoria do bem-estar emocional dos pacientes. A Terapia Ocupacional pode fornecer estratégias personalizadas para lidar com o estresse e os desafios emocionais inerentes ao ambiente hospitalar, reconhecendo a im- portância vital do autocuidado na recuperação. Por exemplo, em um programa específico, os terapeutas ocupacionais podem fa- cilitar grupos terapêuticos que ensinam técnicas de mindfulness e relaxamento, capa- citando os pacientes a cultivar habilidades autorregulatórias para gerenciar o estresse. Além disso, a promoção de atividadesocupacionais que incentivem o autocuidado, como a criação de diários terapêuticos, pode oferecer uma maneira construtiva de expressão emocional e reflexão, fortalecendo as habilidades de enfrentamento. Os terapeutas ocupacionais desempenham um papel crucial, ao facilitarem grupos terapêuticos que ensinam técnicas de mindfulness e relaxamento. A prática de mindfulness envolve a conscientização plena do momento presente, cultivando uma atenção intencional e sem julgamento às experiências vividas. Durante esses grupos, os terapeutas ocupacionais orientam os participantes a desenvolverem habilidades de mindfulness, promovendo uma conexão mais profunda consigo mesmos e com o ambiente ao redor. 1 1 4 Mindfulness inclui a observação atenta dos pensamentos, das emoções e das sen- sações corporais, permitindo que os indivíduos estejam presentes no aqui e agora. Os terapeutas ocupacionais capacitam os participantes a explorar essas práticas, ensinando técnicas específicas, como a focalização na respiração, a varredura cor- poral e a atenção plena aos sentidos. Ao integrarem o mindfulness aos grupos terapêuticos, os terapeutas ocupacionais objetivam proporcionar benefícios emocionais e físicos. Essas técnicas têm de- monstrado que são eficazes na redução do estresse, ansiedade e depressão, pro- movendo uma maior capacidade de lidar com desafios emocionais. Além disso, a prática regular de mindfulness pode melhorar a qualidade do sono, a concentra- ção e a tomada de decisões. APROFUNDANDO UNIASSELVI 1 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 Adicionalmente, a Terapia Ocupacional pode desempenhar um papel na provi- são de recursos tangíveis que facilitam práticas de autocuidado. Isso pode envol- ver a introdução de rotinas personalizadas que incluem momentos dedicados a atividades relaxantes, como a arte terapêutica, o que proporciona aos pacientes uma pausa valiosa nos desafios do ambiente hospitalar. Essas práticas não apenas oferecem uma saída criativa para expressão emo- cional, mas também capacitam os indivíduos para que assumam um papel ativo no próprio bem-estar, promovendo uma sensação de controle e autonomia. Ao integrar essas abordagens na Terapia Ocupacional em contextos hospitalares psiquiátricos, é possível estabelecer uma base sólida para o autocuidado, contri- buindo significativamente para a resiliência emocional dos pacientes. Parcerias dentro do hospital também são muito válidas e trazem muitos be- nefícios aos pacientes. Por vezes, é extremamente comum unir a Terapia Ocupa- cional à Nutrição: assim, leva-se os pacientes até o refeitório do hospital e, lá, são feitas ações conjuntas de culinária, seja fazendo bolos, seja decorando bolachas de natal. O importante é usar essa ferramenta para dar significado ao tempo de permanência do paciente no hospital e recuperar os papéis sociais e as atividades instrumentais de vida diária que, no momento, estão rompidas em função da internação (TEDESCO; NOGUEIRA-MARTINS; CITERO, 2017). A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO DA FAMÍLIA AO PACIENTE DE SAÚDE MENTAL A integração da família e dos cuidadores nos processos terapêuticos com o su- porte da Terapia Ocupacional vai além da simples assistência ao paciente, pro- porcionando um ambiente que reconhece e aborda as necessidades emocionais de todos os envolvidos. Além das sessões educativas, os terapeutas ocupacionais podem facilitar ati- vidades práticas que promovam a compreensão mútua e fortaleçam os laços fa- miliares. Essas atividades podem incluir a participação conjunta em intervenções terapêuticas, como oficinas de arte terapêutica ou atividades recreativas, criando oportunidades para a expressão emocional e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento em conjunto. 1 1 1 A Terapia Ocupacional desempenha um papel vital na capacitação dos cui- dadores, fornecendo ferramentas práticas para lidar com os desafios específicos do ambiente hospitalar psiquiátrico. Essa capacitação vai desde estratégias para lidar com situações de crise até orientações sobre como promover um ambiente seguro e terapêutico em casa. Os terapeutas ocupacionais podem oferecer trei- namento em técnicas de manejo de estresse, promoção do autocuidado e desen- volvimento de rotinas que beneficiem tanto os pacientes quanto os cuidadores. Ao empoderar as famílias com habilidades práticas e conhecimento, a Tera- pia Ocupacional contribui para a construção de um sistema de apoio resiliente e colaborativo, o que é essencial para o sucesso a longo prazo na jornada de re- cuperação em saúde mental. Essa abordagem abrangente reforça a importância da Terapia Ocupacional na criação de um ambiente terapêutico que se estende além do paciente individualmente, impactando positivamente toda a dinâmica familiar e a rede de suporte ao redor (RIBEIRO, 2005). O PROCESSO DE ALTA Você, futuro(a) profissional, desempenhará um papel crucial no auxílio aos pro- cessos de alta e de retomada dos papéis ocupacionais dos pacientes internados em saúde mental. Durante o período de hospitalização, muitos pacientes podem experimentar uma interrupção significativa nas próprias ocupações diárias, o que afeta diretamente a autonomia e a identidade. O terapeuta ocupacional atua como um facilitador na transição para a alta, desenvolvendo estratégias personalizadas para reintegrar os pacientes nas pró- prias atividades cotidianas. Por exemplo, ao trabalhar com um paciente que en- frenta desafios em sua vida diária devido a um transtorno mental, o terapeuta ocupacional pode criar planos terapêuticos que visam fortalecer habilidades es- pecíficas necessárias para retomar responsabilidades ocupacionais, como tarefas domésticas ou participação em grupos sociais. Ao longo do processo de alta, o profissional de terapia ocupacional continua desempenhando um papel essencial na adaptação do paciente à comunidade. Facilitar a reinserção social significa colaborar com os pacientes na identificação de oportunidades ocupacionais significativas. UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 9 Por exemplo, ao trabalhar com alguém que busca voltar ao mercado de trabalho após a hospitalização, o terapeuta ocupacional pode fornecer suporte na elabo- ração de currículos, desenvolvimento de habilidades de comunicação e prática de estratégias para gerenciar o estresse no ambiente profissional. Essas interven- ções são fundamentais para garantir que os pacientes recuperem não apenas a funcionalidade ocupacional, mas também tenham uma sensação de propósito e significado nas próprias vidas. Além disso, o terapeuta ocupacional desempenha um papel crucial na pro- moção da continuidade do tratamento após a alta. Ao fornecer orientações sobre estratégias de gerenciamento ocupacional e planos de autocuidado, o te- rapeuta ocupacional capacita os pacientes a manter o progresso e a enfrentar os desafios de forma autônoma. Essa abordagem abrangente, que considera o paciente em seu contexto ocupacio- nal, ilustra a importância do terapeuta ocupacional na facilitação de uma transição suave do ambiente hospitalar para a vida cotidiana, promovendo a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos em saúde mental (RIBEIRO; MACHADO, 2008). Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . EM FOCO NOVOS DESAFIOS No contexto da Terapia Ocupacional e da saúde mental hospitalar, a integração da teoria e da prática é fundamental para te preparar para os desafios e as opor- tunidades do futuro ambiente profissional. Ao abordar a evolução da Terapia Ocupacional desde os princípios fundamentais até a aplicação contemporânea dela em contextos hospitalares, você adquiriu uma compreensão abrangente do papel do terapeuta ocupacional na promoção da saúde mental. 1 1 8 Ao explorar a transformação dos modelos psiquiátricos e a implementação da Reforma Psiquiátrica, é esperado que você compreenda a importância de aborda- gens maishumanizadas e centradas na pessoa. A ênfase na prevenção e no autocui- dado destacada nos programas de saúde mental demonstra como a Terapia Ocu- pacional pode ser proativa na promoção do bem-estar emocional dos indivíduos. A atenção especial dada à integração de famílias e cuidadores nos processos te- rapêuticos e a consideração do paciente no contexto ocupacional destacam a aborda- gem holística da Terapia Ocupacional. Exemplos práticos, como grupos terapêuticos familiares e estratégias específicas para lidar com o estresse, ilustram como o terapeuta ocupacional atua como um agente de mudança em toda a dinâmica familiar. Além disso, ao compreender o papel do terapeuta ocupacional no auxílio aos processos de alta e retomada dos papéis ocupacionais, você adquiriu insights sobre como facilitar a transição dos pacientes de ambientes hospitalares para a comunidade. Isso te preparará para ser um(a) agente de mudança não apenas em termos de tratamento, mas também na promoção da autonomia e qualidade de vida dos pacientes. Essa compreensão profunda da Terapia Ocupacional em saúde mental hospitalar proporciona uma base sólida para o ambiente profissional. Você está capacitado(a) para enfrentar os desafios emergentes, como a demanda por abordagens mais centra- das no paciente, o crescimento da teleterapia e a necessidade contínua de inovação. Além disso, ao incorporar a ênfase na educação e suporte, você está pre- parado(a) para contribuir de maneira significativa com a evolução do campo e a promoção contínua da saúde mental em diversos contextos profissionais, consolidando a Terapia Ocupacional como uma peça essencial do panorama de cuidados em saúde mental hospitalar. UNIASSELVI 1 1 9 1. A Terapia Ocupacional abrange o estudo do funcionamento ocupacional envolvendo ativi- dades no cotidiano. Diferentes modelos guiam a aplicação da Terapia Ocupacional, sendo o “funcionamento ocupacional” associado ao Modelo da Ocupação Humana. Esse conceito está ligado à natureza da ocupação e ao papel na vida dos indivíduos em contextos de saúde e adversidade. O terapeuta ocupacional atua no processo saúde-doença, integran- do aspectos biológicos, sociais, psíquicos e culturais. Esse novo paradigma destaca uma postura ética renovada, entendendo o sujeito não apenas como detentor de doença, mas alguém que necessita de apoio para assegurar a cidadania e a qualidade de vida. A Terapia Ocupacional utiliza a atividade como ferramenta para promover o protagonismo social, repensando a própria visão e permitindo a participação de outros agentes no processo de atenção, como a família e a cultura. Qual é o conceito associado ao Modelo da Ocupação Humana que está intrinsecamente liga- do à natureza da ocupação e ao papel na vida dos indivíduos? Assinale a alternativa correta: a) Modelo de Avaliação Dinâmica de Ocupação (MADO). b) Modelo Biopsicossocial (MBPS). c) Funcionamento Ocupacional. d) Modelo de Intervenção Terapêutica (MIT). e) Abordagem Cognitivo-Comportamental (ACC). 2. A Reforma Psiquiátrica Brasileira representou uma mudança profunda na abordagem da saúde mental no país, buscando superar o modelo manicomial e promovendo práticas tera- pêuticas mais inclusivas e humanizadas. A desinstitucionalização gradual e a incorporação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais foram elementos-chave dessa transformação, refletindo o compromisso com uma assistência mais integral e respeitosa à singularidade de cada indivíduo. Considerando o contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira, analise as afirmativas a seguir: I - A reforma priorizou a manutenção do modelo manicomial tradicional, reforçando a se- gregação dos pacientes. II - A desinstitucionalização gradual buscou fortalecer o estigma associado às condições mentais, dificultando a aceitação social. III - A incorporação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais reflete o compromisso com uma abordagem mais holística e integrada da saúde mental. É correto o que se afirma em: AUTOATIVIDADE 1 8 1 a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3. A Reforma Psiquiátrica Brasileira representou uma mudança significativa na abordagem da saúde mental, buscando superar o modelo manicomial e promover práticas mais hu- manizadas e inclusivas. A desinstitucionalização progressiva e a incorporação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais foram elementos-chave dessa transformação, refletindo um compromisso com uma visão mais holística e integrada da assistência à saúde mental. Qual é um dos principais objetivos da Reforma Psiquiátrica Brasileira? Assinale a alternativa correta: a) Fortalecer o modelo manicomial tradicional. b) Reforçar estigmas associados às condições mentais. c) Promover práticas mais inclusivas e humanizadas. d) Centralizar os cuidados de saúde mental em hospitais especializados. e) Desvincular os serviços de saúde mental do sistema de saúde geral. AUTOATIVIDADE 1 8 1 REFERÊNCIAS BARROS, D. D.; GHIRARD, M. I. G.; LOPES, R. E. Terapia ocupacional social. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 13, n. 3, p. 95-103, 2002. MÂNGIA, E. Contribuições da abordagem canadense “prática de terapia ocupacional centrada no cliente” e dos autores da desinstitucionalização italiana para a terapia ocupacional em saúde mental. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 13, n. 3, p. 127-134, 2002. RIBEIRO, M. C. A reabilitação psicossocial num CAPS: concepção dos profissionais. 2005. Dis- sertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. RIBEIRO, M. C.; MACHADO, A. L. A Terapia Ocupacional e as novas formas do cuidar em saúde mental. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 19, n. 2, p. 72-75, 2008. TEDESCO, S. A.; NOGUEIRA-MARTINS, L. A.; CITERO, V. Ações de terapia ocupacional em saúde mental para pacientes internados em hospital geral: impacto sobre o funcionamento ocupacio- nal. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 28, n. 3, p. 261-270, 2017. 1 8 1 1. Opção C. O texto-base destaca que o termo “funcionamento ocupacional” está associado ao Modelo da Ocupação Humana. O funcionamento ocupacional diz respeito à maneira como as atividades realizadas no contexto da ocupação influenciam a vida dos indivíduos. O Modelo de Avaliação Dinâmica de Ocupação (MADO) não é mencionado no texto base, e o termo “funcionamento ocupacional” não está diretamente associado a esse modelo. Embora aspectos biopsicossociais sejam mencionados, o termo específico “funcionamento ocupa- cional” não está vinculado a esse modelo no texto. O Modelo de Intervenção Terapêutica (MIT) não é citado no texto, e o termo «funcionamento ocupacional» não está relacionado a esse modelo. A Abordagem Cognitivo-Comportamental (ACC) não é abordada no texto, e o termo “funcionamento ocupacional” não está associado a essa abordagem. 2. Opção B. A afirmativa correta é a III, pois a incorporação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais evidencia o compromisso com uma abordagem mais holística e integrada da saúde mental, integrando-a ao sistema de saúde como um todo. A afirmativa I está incorreta, pois a reforma visava superar o modelo manicomial. A afirmativa II está incorreta, porque a de- sinstitucionalização buscava justamente reduzir o estigma associado às condições mentais, promovendo uma visão mais inclusiva e respeitosa. 3. Opção C.Um dos principais objetivos da Reforma Psiquiátrica Brasileira foi promover práti- cas mais inclusivas e humanizadas na abordagem da saúde mental. As demais alternativas estão incorretas, uma vez que a reforma buscava justamente superar o modelo manicomial, combater estigmas associados às condições mentais, integrar os cuidados de saúde mental ao sistema de saúde geral e descentralizar os serviços especializados. GABARITO 1 8 1 MINHAS ANOTAÇÕES 1 8 4a atuação profissional e a segurança de que os terapeutas ocupacionais estarão qualificados para atender às demandas de saúde da população em hospitais. A anamnese e a coleta de dados nos prontuários emergem como ferramentas indispensáveis para compreender integralmente os pacientes, permitindo uma abordagem holística em sua recuperação. Avaliações como o Índice de Barthel, MIF e a GDS se destacam como instrumentos que auxiliam na definição de metas terapêuticas personalizadas. É a aplicação de tais avaliações que irá permitir aos te- rapeutas ocupacionais desenvolver estratégias terapêuticas eficazes para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, promovendo sua independência e funcionalidade. 1 1 Portanto, ao construir a base do conhecimento sobre avaliações em contexto hospitalar e relacioná-la ao futuro ambiente profissional, estamos fortalecendo a preparação dos futuros terapeutas para atender às necessidades da sociedade e contribuir significativamente para a saúde e a qualidade de vida da população. Conectando teoria e prática, estamos moldando profissionais capacitados, prontos para enfrentar os desafios e as oportunidades que o mercado de trabalho oferece. Essa conexão entre teoria e prática se traduz diretamente nas perspectivas de carreira dos estudantes de Terapia Ocupacional. À medida que forem adquirindo experiência em ambientes hospitalares, serão capacitados para se tornarem profissionais altamente competentes e cobiçados. Hospitais, clínicas e instituições de saúde buscam terapeutas ocupacionais capazes de lidar com uma variedade de condições clínicas e de promover a reabilitação e o bem-estar dos pacientes. A demanda por profissionais é constante, e as perspectivas de crescimento e desenvolvimento de carreira são notáveis. UNIASSELVI 1 1 1. Ao longo de nossa discussão, exploramos a regulamentação da prática da Terapia Ocupa- cional, especialmente em contextos hospitalares. Foi destacado que essa prática foi oficial- mente regulamentada no Brasil por meio de uma legislação específica. A Resolução nº 429, de 8 de julho de 2013, “reconhece e disciplina a especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares, define as áreas de atuação e as competências do terapeuta ocu- pacional especialista em Contextos Hospitalares e dá outras providências” (COFFITO, 2013). Qual legislação oficialmente regulamentou a prática da Terapia Ocupacional, incluindo em ambientes hospitalares, no Brasil? a) Lei nº 8.856, de 17 de junho de 1994. b) Lei nº 6.316, de 17 de dezembro de 1975. c) Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. d) Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. e) Decreto nº 7.867, de 17 de dezembro de 2012. 2. Durante nossa discussão sobre a Terapia Ocupacional em contextos hospitalares, explo- ramos diversos tópicos, incluindo a regulamentação da prática, avaliações utilizadas e a importância da anamnese. Quais são as áreas-chave abordadas na discussão sobre Terapia Ocupacional em contextos hospitalares? I - Regulamentação da prática da Terapia Ocupacional. II - Avaliações comumente utilizadas na Terapia Ocupacional Hospitalar. III - Estratégias de tratamento com medicamentos. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. AUTOATIVIDADE 1 1 3. Um aspecto fundamental da Terapia Ocupacional Hospitalar é a avaliação. Terapeutas ocu- pacionais aplicam diferentes métodos de avaliação para identificar as necessidades ocupa- cionais de cada paciente. Essas avaliações levam em consideração a condição de saúde, o histórico médico e as metas individuais do paciente. Dessa forma, é possível determinar objetivos terapêuticos personalizados e criar um plano de tratamento eficaz. Qual é o principal propósito das avaliações na Terapia Ocupacional em contextos hospitalares? a) Diagnosticar doenças em pacientes hospitalizados. b) Identificar possíveis alergias a medicamentos. c) Determinar objetivos terapêuticos personalizados para os pacientes. d) Estabelecer o horário de visitas para os familiares dos pacientes. e) Não pensar no processo pós alta. AUTOATIVIDADE 1 1 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 6 .316, de 17 de dezembro de 1975. Cria o Conselho Federal e os Conselhos Re- gionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e dá outras providências. Brasília: Câmara dos Deputados, 2006. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/ nsite/?p=3318. Acesso em: 4 mar. 2024. COFFITO – CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL. Resolução nº 429, de 8 de julho de 2013. Reconhece e disciplina a especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares, define as áreas de atuação e as competências do terapeuta ocupacio- nal especialista em Contextos Hospitalares e dá outras providências. Diário Oficial da União: n. 169, Seção I, Brasília, 2013, p. 94, 2 set. 2013. DE CARLO, M.; BARTALOTTI, C. Caminhos da Terapia Ocupacional. In: DE CARLO, M.; BARTALOTTI, C. Terapia Ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas. São Paulo: Plexus Editora, 2001. DE CARLO, M. et al. Terapia ocupacional em contextos hospitalares. Rev . Prática Hosp. São Pau- lo, n. 43, p.158-164, 2006. DE CARLO, M.; LUZO, M. C. (org.). Terapia Ocupacional: reabilitação física e contextos hospitala- res. São Paulo: Rocca, 2004. KUDO, A. M. et al. Construção do instrumento de avaliação de terapia ocupacional em contexto hospitalar pediátrico: sistematizando informações. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacio- nal, [S. l.], v. 20, n. 2, 2012. 1 4 1. Opção B. A regulamentação da prática da Terapia Ocupacional no Brasil é principalmente abordada pela Lei nº 6.316, de 17 de dezembro de 1975. Essa lei dispõe sobre a regulamen- tação da profissão de terapeuta ocupacional e de Fonoaudiólogo. 2. Opção C. A Afirmativa I está correta, pois as áreas-chave abordadas na discussão sobre Terapia Ocupacional em contextos hospitalares incluem a regulamentação da prática. A Afirmativa II está correta, pois as áreas-chave abordadas na discussão sobre Terapia Ocu- pacional em contextos hospitalares utilizam avaliações específicas para compreender as necessidades dos pacientes e desenvolver intervenções apropriadas. A Afirmativa III está incorreta, pois a Terapia Ocupacional em contextos hospitalares geral- mente não está diretamente relacionada a estratégias de tratamento com medicamentos. 3. Opção C. O principal propósito das avaliações na Terapia Ocupacional em contextos hospi- talares é determinar objetivos terapêuticos personalizados para os pacientes. As avaliações são realizadas para compreender as necessidades, habilidades e limitações dos pacientes, permitindo aos terapeutas ocupacionais desenvolver intervenções personalizadas que visam a melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida do paciente durante o período hospitalar e, muitas vezes, como parte do planejamento pós-alta. GABARITO 1 5 MINHAS METAS GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS HOSPITALARES DE TERAPIA OCUPACIONAL E SERVIÇOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) Entender a estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) e as respectivas políticas de saúde, focando no impacto nos serviços de terapia ocupacional hospitalares. Promover a integração entre os profissionais da saúde para uma abordagem terapêutica abran- gente. Estimular inovações e pesquisas para aprimorar serviços de terapia ocupacional no SUS. Priorizar a segurança e a qualidade, aplicando na gestão. Conhecer leis e normas relativas à prática da gestão da terapia ocupacional, alinhando-se às diretrizes do SUS. Treinar profissionais na utilização de ferramentas de avaliação para aprimorar a eficácia dos serviços. Reforçar a importância da conduta ética, garantindo respeito aos princípios éticos e à integrida- de do SUS. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 2 1 1 INICIE SUA JORNADA Ao iniciar a leitura deste tema, você deve estar se perguntando: como eu, futu- ro(a) profissional de terapia ocupacional, visualizo a relevância de minha con- tribuição nesse cenário complexo etão pouco explorado da terapia ocupacional que é a gestão hospitalar e serviços do Sistema Único de Saúde (SUS)? Como posso atuar nessa área? Qual é a importância dela? Para que possamos compreender a temática, vamos nos afastar um pouco da prática clínica da terapia ocupacional, isto é, daquela que atende diretamente o paciente. Utilizaremos um exemplo bem amplo e possível. Imaginemos que você, terapeuta ocupacional recém-formado(a), assumiu o de- safio de gerenciar um serviço hospitalar de terapia ocupacional vinculado ao SUS. Diante disso, você se depara com a necessidade de otimizar os recursos, priorizando a eficiência e a qualidade do atendimento. Com a prática, você percebe que há uma demanda crescente por serviços de terapia ocupacional no hospital, mas os recursos são limitados. Então, você se questiona como pode expandir a oferta de atendimento sem comprometer a qualidade, considerando as políticas do SUS. Consciente da importância de sua atuação, você precisará buscar estratégias inovadoras. Compreendemos que, para significar algo na vida dos pacientes, precisamos ir além da reabilitação tradicional. Você se questiona como integrar as abordagens mais tecnológicas às mais acessíveis, proporcionando um impacto mais significativo na recuperação dos pacientes. Você decide, portanto, implementar um programa de reabilitação virtual utilizando aplicativos e jogos terapêuticos. Essa abordagem permite uma maior flexibilidade nos horários de atendimento e possibilita que os pacientes conti- nuem as próprias terapias em casa. A experimentação desse novo modelo ob- jetiva não apenas atender mais pacientes, mas também acompanhar de perto o progresso de cada um. Após alguns meses, você analisa os resultados do programa e observa uma melhoria na adesão dos pacientes às terapias e uma otimização dos recursos. Lembre-se de que a reflexão nesse serviço será de suma importância ao seu traba- UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 lho como gestor(a), porque, com ela, você será capaz de ajustar estratégias, como incluir treinamentos para os familiares dos pacientes, fortalecendo o suporte fora do ambiente hospitalar. Esse exemplo nos ilustra como um terapeuta ocupacional, ao gerenciar um serviço hospitalar no SUS, pode enfrentar desafios reais, sempre buscando soluções inovadoras e reflexões constantes para aprimorar o atendimento e a eficácia do serviço. Considere a situação hipotética apresentada e, para que possamos nos ambientar com a prática, que tal nos apropriarmos de uma das aplicações da terapia ocu- pacional e colocarmos a mão na massa? Vamos lá? Pensar no gerenciamento hospitalar vai além de meros processos administra- tivos, dado que estamos falando de vidas que são impactadas diretamente. Como você percebe o verdadeiro significado das suas ações? Refletir sobre o impacto na vida dos pacientes e na eficiência dos serviços é fundamental para uma atuação consciente. O que essas ações significam para você? Qual projeto você imaginaria fazendo se fosse gestor(a) de um serviço hospitalar? Escreva os resultados de sua pesquisa e as dificuldades que possa ter tido ao pensar nesse processo. Em nosso podcast, exploraremos um tema fascinante: como o gerenciamento de serviços hospitalares pode transformar a prática da terapia ocupacional nos am- bientes do SUS. Em nosso episódio, trabalharemos os desafios e as inovações que revelam a importância desse gerenciamento. Como lidar com a demanda cres- cente? Que tal ir além da reabilitação tradicional? Venha conosco nessa jornada de reflexão, experimentação e busca por soluções que aprimorem a qualidade dos serviços oferecidos. Prepare-se para uma conversa inspiradora e cheia de reflexões. Está pronto(a) para descobrir mais sobre o gerenciamento de serviços hospitalares de terapia ocupacional e serviços do SUS? Não perca, porque, jun- tos, podemos transformar a saúde e o cuidado! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . PLAY NO CONHECIMENTO 1 8 DESENVOLVA SEU POTENCIAL ENTENDENDO A ESTRUTURA DO SUS E AS RESPECTIVAS POLÍTICAS DE SAÚDE E A TERAPIA OCUPACIONAL Compreender a estrutura e as políticas de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) é crucial para profissionais de terapia ocupacional atuantes em ambientes hos- pitalares. Essa compreensão permite uma abordagem alinhada às diretrizes do SUS, destacando a importância da integralidade do cuidado. Ao entenderem o funcionamento do SUS, os terapeutas ocupacionais podem articular estratégias eficazes, considerando a realidade dos pacientes hospitalizados. VAMOS RECORDAR? Que tal revisitar o assunto e relembrarmos juntos? A terapia ocupacional na gestão de serviços hospitalares e SUS ainda é pouco explorada, mas temos grandes referências no Brasil em relação a esse assunto. Ficou curioso(a) para saber mais? Assista a entrevista a seguir com a professora Rita de Cássia Araújo, terapeuta ocupacional especialista em gestão de serviços de saúde. https://www.youtube. com/watch?v=6RQYcfPuvy8 Explore o seu conhecimento sobre o SUS! A melhor forma de atuar no SUS é en- tendendo a estrutura, os princípios e como ele funciona. Aprofunde os seus co- nhecimentos e acesse informações essenciais. https://www.gov.br/saude/pt-br/ assuntos/saude-de-a-a-z/s/sus EU INDICO As políticas de saúde, quando aplicadas na prática, influenciam diretamente a oferta de serviços de terapia ocupacional, promovendo uma atuação mais alinha- da aos princípios de universalidade, equidade e integralidade preconizados pelo sistema de saúde brasileiro. A conexão entre a compreensão do SUS e a prática UNIASSELVI 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 da terapia ocupacional hospitalar é essencial para fornecer serviços de qualidade e promover o bem-estar dos pacientes. Princípios do SUS (SISTEMA..., 2024): ■ Universalidade: a saúde constitui um direito fundamental de todos os cidadãos, sendo incumbência do Estado garantir essa prerrogativa. A acessibilidade às ações e aos serviços de saúde deve ser assegurada a todas as pessoas, sem distinção de gênero, raça, ocupação ou quaisquer outras características sociais ou pessoais. ■ Equidade: o propósito essencial desse princípio é reduzir disparidades. Embora todos tenham o direito aos serviços, a diversidade de necessi- dades entre as pessoas exige uma abordagem diferenciada. Em termos simples, a equidade implica tratar de forma desigual aqueles que enfren- tam desigualdades, direcionando recursos adicionais para áreas onde a carência é mais acentuada. ■ Integralidade: esse princípio reconhece a importância de abordar as necessidades integrais das pessoas, contemplando a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. A integralidade demanda, em especial, a integração de ações, incluindo a articulação da saúde com outras políticas públicas. Isso objetiva garantir uma atuação intersetorial, promovendo uma colaboração efetiva entre diversas áreas que impactam a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos. Em síntese, a interseção entre as políticas de saúde, os princípios norteadores do Sistema Único de Saúde (SUS) e a prática da terapia ocupacional hospitalar é de fundamental importância para assegurar uma oferta de serviços mais abrangente e eficaz a você, futuro(a) Terapeuta Ocupacional, quando estiver prestando assis- tência nessa rede, seja de atenção primária, secundária ou terciária. Ao adotarmos os princípios de universalidade, equidade e integralidade preconizados pelo SUS, nós, terapeutas ocupacionais, tornamo-nos parte integrante de um sistema de saúde que busca não apenas tratar doenças, mas também promover a saúde e o bem-estar integral dos pacientes. 1 1 Nessa perspectiva, a nossa atuação ganha maior relevância, ao considerarmos as particularidades e as necessidades individuais, proporcionando um cuidado mais humanizado e efetivo. A conexão entre esses elementos ressalta a importância da colaboração entre as diferentes áreasda saúde e as políticas públicas, reforçando a importância de uma abordagem holística para alcançar melhores resultados e garantir uma assistência de qualidade a todos os cidadãos. Leis e normas para a prática em gestão da terapia ocupacional Conhecer as leis e as normas que regem a prática da gestão da terapia ocupa- cional é essencial para garantir uma atuação alinhada com as diretrizes do SUS em ambientes hospitalares. A compreensão profunda desses marcos regulatórios permite que os gestores desenvolvam estratégias e políticas internas que estejam em conformidade com os princípios do sistema de saúde público. A sintonia com as normativas do SUS não apenas assegura a qualidade e a efi- ciência dos serviços, mas também fortalece a integração da terapia ocupacional no contexto hospitalar, contribuindo para a oferta de cuidados de saúde mais acessíveis, equitativos e alinhados aos propósitos do sistema público. Portanto, o conhecimento UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 aprofundado das leis e das normas é uma premissa essencial para uma gestão eficaz da terapia ocupacional em ambientes hospitalares sob a égide do SUS. Segundo a Resolução nº 650, de 04 de dezembro de 2020 (BRASIL, 2020, on-line), é papel do Terapeuta Ocupacional: XIII - Desenvolvimento de assistência, ensino, pesquisa, extensão universitária, planejamento, gestão de serviços e de políticas, assessoria e consultoria de projetos. [...] IV - Conhecer as políticas públicas em geral, para compreender sua constituição e a dimensão das responsabilidades das instâncias federativas com vistas à formulação de estratégias de intervenção em Terapia Ocupacional e à inserção e atribuições do terapeuta ocupacional. [...] XXIX - Desenvolver atividades de assistência, ensino, pesquisa, inovação, planejamento, gestão e empreendedorismo. [...] III - Conhecimentos de Conhecimentos Específicos da área da Terapia Ocupacional: Fundamentos históricos, epistemológicos, metodológicos, éticos e deontológicos da profissão. Estudo das atividades/ocupações/cotidianos do ser humano sob diferentes perspectivas, abordagens e possibilidades de prática. Processos de avaliação, intervenção e planejamento dos processos terapêutico-ocupacionais; gestão de serviços nas diferentes áreas de atuação do terapeuta ocupacional. A compreensão abrangente das leis e das normativas que regem a prática da gestão da terapia ocupacional, especialmente aquelas alinhadas aos preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS), desempenha um papel crucial na garantia da qualidade e da eficiência dos serviços nos ambientes hospitalares. Ao internalizar os princí- pios do SUS e os respectivos direcionamentos, o seu papel, futuro(a) Terapeuta Ocupacional, é estabelecido com clareza, abrangendo desde os conhecimentos específicos da área até a capacidade de compreender e atuar em conformidade com as políticas públicas. A gestão eficaz nesse contexto implica habilidades multidisci- plinares envolvendo assistência, ensino, pesquisa, planejamento e gestão de serviços e políticas, além do estímulo à inovação e ao empreendedorismo. 1 1 Ao considerar o nosso processo de trabalho na atenção primária de saúde, a integração do Terapeuta Ocupacional assume um papel estratégico na promo- ção da saúde da comunidade. Na atenção primária, atuaremos na identificação precoce de necessidades, na promoção da saúde mental, na prevenção de inca- pacidades e na reabilitação, com foco não somente na doença, mas no contexto social e nas atividades diárias dos indivíduos. Essa atuação abrangente e preven- tiva contribui para uma abordagem mais holística e efetiva na assistência à saúde alinhada com os princípios de universalidade, equidade e integralidade do SUS. Dessa forma, a articulação entre as leis, as normativas, o papel do terapeuta ocupacional e a atuação na atenção primária de saúde reforça a importância da atualização constante, do alinhamento com as políticas públicas e do contínuo desenvolvimento profissional para uma gestão eficaz e uma prática significativa da terapia ocupacional no contexto hospitalar e na comunidade. Essa sinergia fortalece não apenas a atuação desses profissionais, mas também a entrega de ser- viços de qualidade e a promoção do bem-estar integral dos indivíduos atendidos. Características: • Generalista • Interprofissional • Baseada nas pessoas, famílias, comunidadese suas necessidades. Fundamentações: • Conhecimentos do campo (APS e interdisciplinares) • Conhecimentos específicos de Terapia Ocupacional (TO) • Formação e trajetória do Terapeuta Ocupacional na APS (Práticas de apoio técnico-pedagógico): Processo de Trabalho- compartilhamento de saberes e a construção de espaços coletivos de co-gestão da atenção à saúde. (Práticas de apoio clínico-assistencial): Processo de Trabalho - atendimentos individuais e familiares [ na UBS e no domicílio]; atividades coletivas [grupos]; ações em rede, intersetorial e territorial. Desafios: • Desmontes do SUS e vulnerabilidade social • Realizar ou desenvolver a prática interprofissional • Ausência de sistematização teórica da TO na APS e falta de conhecimento das equipes, gestores e população sobre TO • Falta de clareza e segurança para realizar algumas práticas na APS. Práticas em Construção: O Processo de Trabalho de Terapeutas Ocupacionais na APS Figura 1 – Processo de trabalho dos Terapeutas Ocupacionais (TO) na Atenção Primária à Saúde (APS) Fonte: adaptada de Silva e Oliver (2020). UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Descrição da Imagem: trata-se de um diagrama que ilustra o processo de trabalho dos terapeutas ocupacionais na Atenção Primária à Saúde (APS). Na parte superior, destaca-se o seguinte título: “Práticas em construção: o processo de trabalho de terapeutas ocupacionais na APS”. Embaixo, dois quadros complementares oferecem as seguintes informações: “Características: generalista, interprofissional e baseada nas pessoas, famílias, comunida- des e suas necessidades”; e “Fundamentação: conhecimentos do campo (APS e interdisciplinares), conhecimentos específicos de Terapia Ocupacional (TO), formação e trajetória do TO na APS”. Embaixo, encontram-se mais dois quadros: o primeiro contém os seguintes conteúdos: “[Práticas de apoio técnico-pedagógico]: processo de trabalho - compartilhamento de saberes e a construção de espaços coletivos de co-gestão da atenção à saúde”; e “[Práticas de apoio clínico-assistencial]: processo de trabalho - atendimentos individuais e familiares [na UBS e no domicílio]; atividades coletivas [grupos]; ações em rede, intersetoriais e territoriais. Por fim, embaixo, encontra-se um quadro com a seguinte descrição: “Desafios: desmonte do SUS e vulnerabilidade social; realizar ou desenvolver a prática interprofissional; ausência de sistematização teórica da TO na APS e falta de conhecimento das equipes, gestores e população sobre TO; falta de clareza e segurança para realizar algumas práticas na APS”. PROMOÇÃO DA INTEGRAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS DE SAÚDE PARA UMA ABORDAGEM TERAPÊUTICA ABRANGENTE Promover a integração entre os profissionais de saú- de é uma peça-chave na busca por uma abordagem terapêutica abrangente em contextos hospitalares. Reconhecendo a importância do trabalho conjunto, os terapeutas ocupacionais colaboram estreitamente com outros membros da equipe de saúde para pro- porcionar uma assistência holística aos pacientes. Essa integração vai além das fronteiras disciplina- res, permitindo uma compreensão mais completa das necessidades individuais de cada paciente. A colaboração interprofissional contribui para o desenvolvimento de planos de tratamento mais eficazes, alinhados com os objetivos globais de saúde. Dessa forma, a promoção da integração se revela como um elemento essencial na constru- ção de uma abordagem terapêutica abrangente, maximizando os benefícios para os pacientes em ambientes hospitalares. 1 4 Suponha que você, Terapeuta Ocupacional, atua comogestor(a) em um hospital público. A sua função vai além das sessões terapêuticas diretas com os pacientes. Ao assumir o papel de gestão, você é, agora, responsável por coordenar a equipe de terapeutas ocupacionais, elaborar protocolos de atendimento e assegurar que a prática esteja alinhada com as normativas do SUS. Na prática, também poderíamos pensar na implementação de um programa ino- vador de reabilitação em colaboração com outras áreas da saúde. Suponha que você identifica a necessidade de integrar a terapia ocupacional com fisioterapia e fonoau- diologia para proporcionar uma abordagem holística aos pacientes após Acidente Vascular Cerebral (AVC). Então, como objetivos e metas, você desenvolve um plano de ação, promove treinamentos à equipe e estabelece indicadores de desempenho. Você também poderá atuar na interface com a gestão hospitalar, apresentan- do propostas para a otimização de recursos e a melhoria contínua dos serviços de terapia ocupacional. Seu papel como gestor(a) não apenas influencia positi- vamente a eficácia dos tratamentos, mas também contribui para a promoção da saúde e o bem-estar dos pacientes atendidos no contexto hospitalar. Segurança e qualidade aplicadas à gestão No passado, era pequena e pouco valorizada a participação de terapeutas ocu- pacionais na gestão pública, na elaboração e na implementação de políticas de saúde e no gerenciamento de equipes e de serviços, sejam eles públicos, sejam eles privados. Essas eram funções exercidas quase que exclusivamente por pro- fissionais médicos. O Art. 17 do Código de Ética de Terapia Ocupacional afirma que “o terapeuta ocu- pacional é responsável pelo acompanhamento e monitoramento do desempenho técnico do pessoal que está sob sua direção, coordenação, supervisão e orienta- ção, incentivando-os à busca de qualificação continuada e permanente, em bene- fício do cliente/ paciente/ usuário/ familiar/ grupo/ comunidade e do desenvol- vimento da profissão, respeitando sua autonomia” (BRASIL, 2013, on-line). APROFUNDANDO UNIASSELVI 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 Entretanto, na realidade atual do mercado de trabalho, o terapeuta ocupa- cional tem assumido papéis participativos e ativos no seio das instituições em que se dá a terapia ocupacional. A gestão da saúde é uma narrativa que destaca a evolução constante da profissão em direção à promoção da segurança e à qua- lidade nos serviços de saúde (CARLO et al., 2009). A ênfase na segurança do paciente e na entrega de cuidados de alta qualidade tem sido uma prioridade intrínseca à atuação dos terapeutas ocupacionais na gestão. Ao assumirem papéis de liderança, nós, profissionais, temos aplicado estratégias e políticas que visam assegurar ambientes seguros, protocolos eficazes e práticas baseadas em evidências. Priorizar a segurança e a qualidade na gestão envolve desde a implemen- tação de medidas preventivas até a busca constante por aprimoramentos nos processos, refletindo o compromisso da terapia ocupacional com o fornecimento de cuidados que atendam aos mais elevados padrões de excelência. Devemos destacar como a priorização da segurança e da qualidade se tornou uma peça fundamental na busca por uma assistência de saúde mais eficaz e centrada no paciente (FURLAN; OLIVEIRA, 2017). Na gestão dos serviços hospitalares e do SUS, a priorização pela segurança e qualidade é imperativa. Imaginemos um cenário em que o terapeuta ocupacional João assume a responsabilidade pela gestão de um departamento nesse contexto. A abordagem dele inclui a implementação de protocolos rigorosos, com o intuito de garantir a segurança dos pacientes durante as atividades terapêuticas. João introduz uma cultura de qualidade, assegurando que cada intervenção seja baseada em evidências e alinhada às melhores práticas. Ele estabelece sis- temas de monitoramento para avaliar constantemente a eficácia dos serviços, identificando áreas de melhoria. A integração entre os feedbacks dos pacientes e os feedbacks da equipe é essencial para manter um padrão elevado de qualidade na prestação de serviços de terapia ocupacional no ambiente hospitalar. Essa abordagem não apenas eleva a segurança dos pacientes, mas também contribui para a obtenção de resultados terapêuticos mais eficazes. Um ambiente em que João pode estar inserido é a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, em que cada prática deve ser pautada na segurança de cada bebê e na melhora clínica e funcional. 1 1 Em resumo, a nossa jornada enquanto terapeutas ocupacionais na gestão de saú- de é e sempre será marcada por um compromisso contínuo com a segurança e a qualidade dos serviços oferecidos. Na gestão, não atuaremos apenas na im- plementação de protocolos e estratégias, mas com base em uma abordagem que visa aprimorar constantemente os processos e promover uma cultura de excelência e cuidado centrado no paciente. O exemplo de João ressalta a importância de uma liderança comprometi- da em estabelecer padrões elevados de segurança e qualidade, especialmente em ambientes como a UTI neonatal, em que a priorização do bem-estar dos pacientes é essencial. A busca incessante por melhorias e a aplicação de práticas baseadas em evi- dências são fundamentais para garantir não apenas a segurança dos pacientes, mas também a eficácia terapêutica e o alcance de resultados positivos. Sendo assim, a trajetória da terapia ocupacional na gestão da saúde reitera a relevância de uma abordagem proativa e orientada à qualidade, contribuindo significati- vamente para a evolução e o aprimoramento contínuos dos serviços de saúde. UNIASSELVI 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 2 NOVOS DESAFIOS Ao longo desta jornada, mergulhamos nas complexidades essenciais da te- rapia ocupacional em ambientes hospitalares, traçando paralelos significativos com o Sistema Único de Saúde (SUS). Inicialmente, compreendemos a relevân- cia intrínseca do SUS e a nossa função enquanto futuros gestores, destacando a importância da atuação em equipes multidisciplinares. Aprofundamos o nosso entendimento sobre as leis e as normativas que direcionam a atuação do tera- peuta ocupacional na gestão, reconhecendo o papel vital desse profissional na promoção da saúde e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Progredimos para a esfera do gerenciamento dos serviços hospitalares, reco- nhecendo que a terapia ocupacional ultrapassa as fronteiras da abordagem clínica individual. Examinamos como a gestão eficaz desses serviços pode amplificar o impacto da terapia ocupacional, possibilitando uma resposta mais abrangente às crescentes demandas na área da saúde. Além do mais, exploramos as inovações necessárias para transcender as práticas tradicionais de reabilitação, vislumbran- do um futuro em que você, futuro(a) Terapeuta Ocupacional, desempenhará um papel fundamental na transformação positiva dos sistemas de saúde. Ao refletirmos sobre as considerações expostas, vislumbramos horizontes promissores para você, futuro(a) profissional de Terapia Ocupacional. A integração crescente com o SUS abre portas para atuações mais amplas e impactantes, alinhadas com as necessidades da comunidade. A gestão eficiente dos serviços hospitalares não apenas otimiza os recursos disponíveis, mas também nos coloca, terapeutas ocupacionais, no centro das estratégias de saúde pública. Nesse cenário dinâmico, a terapia ocupacional emerge como uma profissão estratégica, capaz de promover mudanças substanciais na abordagem e na qualidade dos cuidados de saúde. Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . EM FOCO 1 8 Ao entendermos o panorama histórico delineado, evidenciamos a evolução sig- nificativa do papel do terapeuta ocupacional na gestão dos serviços de saúde, especialmente no contexto do SUS. Em um passado não tão distante, a presença desses profissionais na gestão era restrita e pouco reconhecida, com as atribuiçõeshierarquicamente definidas por profissões, em especial, os médicos. Entretanto, o tempo evoluiu e os terapeutas ocupacionais atualmente desem- penham papéis ativos e participativos nos contextos sociais em que estão inseridos. Essa transformação é respaldada pela emergência de uma visão contemporânea de gestão em saúde pública, a qual rejeita estruturas hierárquicas e centralizadas. A abordagem antitaylorista contribui para a criação de espaços coletivos, promo- vendo uma gestão mais democrática nos serviços públicos de saúde. O modelo de gestão participativa se destaca por desafiar a organização tradicional do serviço, questionando a distribuição de saberes categorizados e incentivando a participação ativa, a cogestão e a corresponsabilização de todos os envolvidos. Logo, o debate sobre uma gestão mais participativa é ampliado no SUS, reconhecendo a importância da atuação conjunta de diversos profissionais, incluindo terapeutas ocupacionais. Ao construirmos uma sólida base de conhecimento sobre o gerenciamento dos serviços hospitalares de terapia ocupacional e a relação dele com o SUS, co- nectando ao seu futuro ambiente profissional, estudante de Terapia Ocupacional, estamos fortalecendo a sua preparação para atender às necessidades da sociedade. Estamos moldando profissionais capazes de enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do mercado de trabalho. A conexão entre a teoria e a prática possibilita impactar positivamente a saúde e a qualidade de vida da população a partir de uma atuação comprometida e integrada com as demandas emergentes do cenário de saúde atual. UNIASSELVI 1 9 1. Ao longo dos anos, a atuação do terapeuta ocupacional na gestão de serviços hospitalares passou por transformações significativas. No passado, a participação desse profissional era, muitas vezes, pouco valorizada, com a gestão sendo predominantemente atribuída aos profissionais médicos. No entanto, atualmente, observamos uma mudança nesse cenário, com os terapeutas ocupacionais assumindo papéis mais participativos e ativos na gestão de equipamentos sociais. Essa mudança reflete uma nova visão de gestão em saúde pú- blica, a qual busca uma abordagem mais participativa e democrática nos serviços do SUS. Considerando o gerenciamento dos serviços hospitalares de Terapia Ocupacional e serviços do SUS, analise as afirmativas a seguir: I - A participação do terapeuta ocupacional na gestão de serviços hospitalares é uma pers- pectiva recente, refletindo mudanças na abordagem da saúde pública. II - A terapia ocupacional tem desempenhado papéis ativos na gestão hospitalar desde o início, sendo amplamente reconhecida. III - O SUS não influencia de forma significativa a gestão dos serviços hospitalares de tera- pia ocupacional, sendo essa uma responsabilidade exclusiva das instituições de saúde. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. AUTOATIVIDADE 4 1 2. A atuação do Terapeuta Ocupacional na gestão de serviços hospitalares é recente e repre- senta uma mudança significativa na abordagem da saúde pública, buscando uma gestão mais participativa e democrática. Considerando as transformações na gestão de serviços hospitalares e a crescente partici- pação do terapeuta ocupacional no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), assinale a alternativa correta: a) A mudança na abordagem da saúde pública não impacta a atuação do Terapeuta Ocu- pacional. b) O envolvimento do Terapeuta Ocupacional na gestão hospitalar é uma prática antiga e sem relevância. c) A gestão hospitalar não requer a participação de profissionais de Terapia Ocupacional. d) A gestão participativa na saúde pública envolve a atuação do Terapeuta Ocupacional. e) A gestão participativa no SUS não influencia a prática da terapia ocupacional em am- bientes hospitalares. 3. Compreendendo o cenário histórico delineado, percebemos a evolução significativa do pa- pel do Terapeuta Ocupacional na gestão dos serviços de saúde, especialmente no contexto do SUS. No passado, a presença desses profissionais na equipe de gestão era limitada e pouco valorizada, com atribuições hierárquicas definidas por profissões, em especial, por médicos. Com base na evolução do papel do Terapeuta Ocupacional na gestão dos serviços de saúde, analise as afirmativas a seguir: I - A rejeição de estruturas hierárquicas e centralizadas na gestão em saúde. II - A presença limitada dos terapeutas ocupacionais na gestão hospitalar. III - A manutenção da organização tradicional do serviço de saúde. IV - A predominância hierárquica das atribuições lideradas por médicos. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II e IV, apenas. c) III e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) I, II, III e IV. AUTOATIVIDADE 4 1 REFERÊNCIAS BRASIL. Resolução nº 425, de 08 de julho de 2013. Estabelece o Código de Ética e Deontologia da Terapia Ocupacional. Brasília, DF: COFFITO, [2013]. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/ nsite/?p=3188. Acesso em: 20 mar. 2024. BRASIL. Resolução nº 650, de 04 de dezembro de 2020. Dispõe sobre as recomendações do Conselho Nacional de Saúde à proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Gra- duação Bacharelado em Terapia Ocupacional. Brasília, DF: Ministério da Saúde, [2020]. Dispo- nível em: https://conselho.saude.gov.br/resolucoes-cns/resolucoes-2020/1502-resolucao-n- -650-de-04-de-dezembro-de-2020. Acesso em: 20 mar. 2024. CARLO, M. M. R. do P. de et al. Planejamento e gerenciamento de serviços como conteúdos da formação profissional em Terapia Ocupacional: reflexões com base na percepção dos estudan- tes. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 13, n. 29, p. 445-453, 2009. FURLAN, P. G.; OLIVEIRA, M. dos S. Terapeutas ocupacionais na gestão da atenção básica à saúde. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 25, n. 1, p. 21-31, 2017. Dispo- nível em: https://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/ view/1146/810 . Acesso em: 20 mar. 2024. SILVA, R. A. S.; OLIVER, F. C. A interface das práticas de terapeutas ocupacionais com os atributos da atenção primária à saúde. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 28, n. 3, p. 784- 808, 2020. SISTEMA Único de Saúde. Ministério da Saúde, c2024. Disponível em: https://www.gov.br/sau- de/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sus. Acesso em: 20 mar. 2024. 4 1 1. Opção A. A participação do terapeuta ocupacional na gestão de serviços hospitalares é uma perspectiva recente, refletindo mudanças na abordagem da saúde pública. A Terapia Ocupacional tem desempenhado papéis ativos na gestão hospitalar desde o início. O SUS influencia de forma significativa a gestão de serviços hospitalares, buscando uma abordagem mais participativa e democrática nos serviços de saúde. 2. Opção D. Reflete-se a ideia de que a participação do terapeuta ocupacional na gestão dos serviços hospitalares é uma mudança significativa na abordagem da saúde pública, buscando uma gestão mais participativa e democrática no contexto do SUS. As outras afirmações não estão alinhadas com a ideia de mudança e participação ativa do terapeuta ocupacional na gestão hospitalar e no SUS. 3. Opção A. A afirmativa I está correta, porque o texto menciona uma evolução significativa, indicando uma mudança na abordagem da gestão de saúde, afastando-se de estruturas hie- rárquicas e centralizadas. A afirmativa II está incorreta, dado que o texto destaca uma evolução significativa, indicando que, no passado, a presença era limitada, mas não afirma que isso continua sendo verdade no presente. A afirmativa III está incorreta, uma vez que o texto não sugere que houve manutenção da organização tradicional, mas uma mudança significativa. A afirmativa IV está incorreta, visto que o texto menciona que, no passado, as atribuições eram predominantemente lideradas por médicos, indicando uma mudança nesse cenário. GABARITO 4 1 MINHAS METAS TERAPIAOCUPACIONAL EM ENFERMARIA E BRINQUEDOTECA HOSPITALAR Estudar os fundamentos da terapia ocupacional em enfermarias, na saúde e na reabilita- ção dos pacientes. Explorar a relevância da brinquedoteca na terapia ocupacional, usando jogos para me- lhorar o bem-estar de crianças hospitalizadas. Demonstrar o papel da terapia ocupacional na promoção do bem-estar pediátrico. Discutir a relação entre a terapia ocupacional e a humanização hospitalar. Examinar os estudos que ilustram os benefícios da terapia ocupacional na enfermaria e na brinquedoteca para os pacientes. Refletir sobre as estratégias de intervenção em terapia ocupacional em contextos hospi- talares. Estimular a criatividade na aplicação de atividades terapêuticas na brinquedoteca, com engajamento dos pacientes. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 3 4 4 INICIE SUA JORNADA Ao iniciar a leitura deste material, você deve estar se perguntando: brinquedoteca? Terapia ocupacional em enfermaria? Qual é a importância dela? Como ela pode influenciar a minha vida? Qual é o papel do terapeuta ocupacional nesse serviço? Para que possamos compreender a temática, considere as crianças que po- demos atender enquanto terapeutas ocupacionais. Entretanto, vamos nos dis- tanciar um pouco de consultórios, APAEs ou até mesmo escolas. Utilizaremos um exemplo bem amplo e possível. Suponha que você, graduado(a) em Terapia Ocupacional, está atuando em uma enfermaria pediátrica, com crianças internadas e que estão longe das es- colas, dos amigos, dos brinquedos e das brincadeiras. Nesse contexto, você é chamado(a) pelo enfermeiro da unidade, o qual solicita o atendimento de terapia ocupacional para uma menina de seis anos com uma condição crônica. Dessa forma, você é provocado(a) pelos pais da garota e tece as seguintes perguntas: VOCÊ SABE RESPONDER? Qual será a avaliação? Quais são os objetivos com essa menina? De que forma atuaremos em enfermaria e brinquedoteca? Quais são os objetivos? Diante de tantas perguntas, as respostas que devem ser apresentadas pelo pro- fissional de terapia ocupacional parecem simples. No entanto, para que a sua provocação seja efetiva e a compreensão do paciente e dos familiares dele sejam significativas para eles, é necessário que você, futuro(a) profissional, alcance essas respostas com base em um planejamento. Você avaliará, conversará com a criança (paciente) e com os pais/respon- sáveis, analisará o paciente, a história clínica dele, o que gosta de brincar, os personagens favoritos dele, a escola que frequenta e o período desde que iniciou a internação, com a finalidade de elaborar, planejar e executar os melhores obje- tivos, isto é, aqueles que mais auxiliam o paciente, seja em forma de brincadeira e ludicidade no próprio leito, seja nas brinquedotecas. UNIASSELVI 4 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Considere a situação hipotética apresentada e, para que possamos nos am- bientar com a prática, que tal nos apropriarmos de uma das aplicações da terapia ocupacional e colocarmos a mão na massa? Vamos lá? Faça uma pesquisa com pessoas próximas que tenham filhos que já tiveram internação hospitalar. Pergunte a eles como foi esse período de internação para a criança, se foram feitas brincadeiras, existiram preocupações com a escola e se atenderam a criança em alguma brinquedoteca. Diante de tudo o que discutimos até o momento, faça as suas anotações. Escreva os resultados de sua pesquisa com as pessoas próximas e anote as dificuldades que eles tiveram ao longo da internação dos próprios filhos. Você já parou para pensar no poder transformador da brincadeira para as crianças hospitalizadas? Neste episódio do nosso podcast, mergulharemos na importância da ludicidade durante as internações pediátricas. Descubra como a simples arte de brincar pode ser uma ferramenta terapêutica incrível. Vem com a gente enten- der como a alegria e a normalidade das brincadeiras transformam vidas dentro de hospitais. Não perca! Este é o podcast que mostra que o brincar é mais do que diversão, é cura. Fique ligado(a) sobre as brincadeiras que curam! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem . PLAY NO CONHECIMENTO VAMOS RECORDAR? Que tal revisitar o assunto e relembrarmos juntos? A terapia ocupacional nas brinquedotecas já é uma realidade em muitos hospitais no Brasil. Ficou curioso(a) para saber mais? Assista a entrevista a seguir com a doutora Keila Mattos, terapeuta ocupacional do hospital de clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). https://www.youtube.com/watch?v=OrYypOxFtiY 4 1 DESENVOLVA SEU POTENCIAL A TRAJETÓRIA DA TERAPIA OCUPACIONAL EM ENFERMARIAS E BRINQUEDOTECAS HOSPITALARES A trajetória da terapia ocupacional em enfermarias e brinquedotecas hospitalares tem sido marcada por uma evolução significativa ao longo das últimas décadas. Inicialmente, a presença da terapia ocupacional em ambientes hospitalares estava mais centrada na reabilitação física, auxiliando os pacientes a recuperarem as habilidades motoras e funcionais. Com o passar do tempo, a compreensão do papel da terapia ocupacional expandiu-se, incorporando uma abordagem mais holística, que considera não somente a recuperação física, mas também os aspectos emocionais, cognitivos e sociais dos pacientes. Nesse contexto, podemos entender as enfermarias como espaços voltados para a aplicação de técnicas terapêuticas adaptadas visando não apenas à recuperação física, mas também à promoção do bem-estar global dos pacientes hospitalizados. Simultaneamente, a introdução das brinquedotecas nos hospitais representou um marco na humanização do ambiente hospitalar, oferecendo às crianças um espaço lúdico e seguro para expressar as próprias emoções, interagir e desen- volver-se enquanto estão em tratamento. A terapia ocupacional nas brinquedo- tecas hospitalares evoluiu para incorporar as atividades terapêuticas específicas, adaptadas às necessidades individuais de cada criança. UNIASSELVI 4 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 3 Essas atividades são projetadas não apenas para o entretenimento, mas também para promover o engajamento e as estimulações sensorial, cognitiva e emocional, além de facilitarem a adaptação ao ambiente hospitalar e contribuírem para o processo de recuperação das crianças hospitalizadas. A intersecção entre a terapia ocupacional, as enfermarias e as brinquedotecas hospitalares destaca a importân- cia crescente de uma abordagem integrada e centrada na criança para que possa- mos promover a saúde e o bem-estar em contextos de tratamento hospitalares. Terapia ocupacional e sua atuação em enfermarias A atuação da terapia ocupacional em enfermarias é fundamental para promover a recuperação e a qualidade de vida dos pacientes. Enquanto futuro(a) Terapeuta Ocupacional, você desempenhará um papel crucial na avaliação das necessidades ocupacionais dos indivíduos hospitalizados, considerando os aspectos físicos, emocionais e cognitivos deles. Ao adaptarmos as atividades diárias necessárias de acordo com as condições de saúde dos pacientes, teremos, como objetivos, anga- riar a máxima independência funcional do nosso paciente, oferecendo estratégias para a realização de tarefas de vida diária, como higiene pessoal, alimentação e mobilidade no ambiente hospitalar. Os terapeutas ocupacionais atuantes nas enfermarias também contribuem para a prevenção de complicações decorrentes da hospitalização prolongada, como a perda de habilidades motoras, o declínio cognitivo e a redução da qua- lidade de vida. Você, futuro(a) Terapeuta Ocupacional, desenvolverá planos de intervenção individualizados utilizando técnicas de reabilitação, treinamento de atividades e adaptação do ambiente para otimizar a funcionalidade dos pa- cientes. Essa abordagem humanizada promove não apenas a recuperação física, mas também o bem-estar emocional e a reintegração social dos indivíduos no contexto hospitalar e após a alta. Lei das brinquedotecas A Lei nº 11.104,humanizadas e centradas na pessoa. A ênfase na prevenção e no autocui- dado destacada nos programas de saúde mental demonstra como a Terapia Ocu- pacional pode ser proativa na promoção do bem-estar emocional dos indivíduos. A atenção especial dada à integração de famílias e cuidadores nos processos te- rapêuticos e a consideração do paciente no contexto ocupacional destacam a aborda- gem holística da Terapia Ocupacional. Exemplos práticos, como grupos terapêuticos familiares e estratégias específicas para lidar com o estresse, ilustram como o terapeuta ocupacional atua como um agente de mudança em toda a dinâmica familiar. Além disso, ao compreender o papel do terapeuta ocupacional no auxílio aos processos de alta e retomada dos papéis ocupacionais, você adquiriu insights sobre como facilitar a transição dos pacientes de ambientes hospitalares para a comunidade. Isso te preparará para ser um(a) agente de mudança não apenas em termos de tratamento, mas também na promoção da autonomia e qualidade de vida dos pacientes. Essa compreensão profunda da Terapia Ocupacional em saúde mental hospitalar proporciona uma base sólida para o ambiente profissional. Você está capacitado(a) para enfrentar os desafios emergentes, como a demanda por abordagens mais centra- das no paciente, o crescimento da teleterapia e a necessidade contínua de inovação. Além disso, ao incorporar a ênfase na educação e suporte, você está pre- parado(a) para contribuir de maneira significativa com a evolução do campo e a promoção contínua da saúde mental em diversos contextos profissionais, consolidando a Terapia Ocupacional como uma peça essencial do panorama de cuidados em saúde mental hospitalar. UNIASSELVI 1 1 9 1. A Terapia Ocupacional abrange o estudo do funcionamento ocupacional envolvendo ativi- dades no cotidiano. Diferentes modelos guiam a aplicação da Terapia Ocupacional, sendo o “funcionamento ocupacional” associado ao Modelo da Ocupação Humana. Esse conceito está ligado à natureza da ocupação e ao papel na vida dos indivíduos em contextos de saúde e adversidade. O terapeuta ocupacional atua no processo saúde-doença, integran- do aspectos biológicos, sociais, psíquicos e culturais. Esse novo paradigma destaca uma postura ética renovada, entendendo o sujeito não apenas como detentor de doença, mas alguém que necessita de apoio para assegurar a cidadania e a qualidade de vida. A Terapia Ocupacional utiliza a atividade como ferramenta para promover o protagonismo social, repensando a própria visão e permitindo a participação de outros agentes no processo de atenção, como a família e a cultura. Qual é o conceito associado ao Modelo da Ocupação Humana que está intrinsecamente liga- do à natureza da ocupação e ao papel na vida dos indivíduos? Assinale a alternativa correta: a) Modelo de Avaliação Dinâmica de Ocupação (MADO). b) Modelo Biopsicossocial (MBPS). c) Funcionamento Ocupacional. d) Modelo de Intervenção Terapêutica (MIT). e) Abordagem Cognitivo-Comportamental (ACC). 2. A Reforma Psiquiátrica Brasileira representou uma mudança profunda na abordagem da saúde mental no país, buscando superar o modelo manicomial e promovendo práticas tera- pêuticas mais inclusivas e humanizadas. A desinstitucionalização gradual e a incorporação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais foram elementos-chave dessa transformação, refletindo o compromisso com uma assistência mais integral e respeitosa à singularidade de cada indivíduo. Considerando o contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira, analise as afirmativas a seguir: I - A reforma priorizou a manutenção do modelo manicomial tradicional, reforçando a se- gregação dos pacientes. II - A desinstitucionalização gradual buscou fortalecer o estigma associado às condições mentais, dificultando a aceitação social. III - A incorporação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais reflete o compromisso com uma abordagem mais holística e integrada da saúde mental. É correto o que se afirma em: AUTOATIVIDADE 1 8 1 a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3. A Reforma Psiquiátrica Brasileira representou uma mudança significativa na abordagem da saúde mental, buscando superar o modelo manicomial e promover práticas mais hu- manizadas e inclusivas. A desinstitucionalização progressiva e a incorporação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais foram elementos-chave dessa transformação, refletindo um compromisso com uma visão mais holística e integrada da assistência à saúde mental. Qual é um dos principais objetivos da Reforma Psiquiátrica Brasileira? Assinale a alternativa correta: a) Fortalecer o modelo manicomial tradicional. b) Reforçar estigmas associados às condições mentais. c) Promover práticas mais inclusivas e humanizadas. d) Centralizar os cuidados de saúde mental em hospitais especializados. e) Desvincular os serviços de saúde mental do sistema de saúde geral. AUTOATIVIDADE 1 8 1 REFERÊNCIAS BARROS, D. D.; GHIRARD, M. I. G.; LOPES, R. E. Terapia ocupacional social. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 13, n. 3, p. 95-103, 2002. MÂNGIA, E. Contribuições da abordagem canadense “prática de terapia ocupacional centrada no cliente” e dos autores da desinstitucionalização italiana para a terapia ocupacional em saúde mental. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 13, n. 3, p. 127-134, 2002. RIBEIRO, M. C. A reabilitação psicossocial num CAPS: concepção dos profissionais. 2005. Dis- sertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. RIBEIRO, M. C.; MACHADO, A. L. A Terapia Ocupacional e as novas formas do cuidar em saúde mental. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 19, n. 2, p. 72-75, 2008. TEDESCO, S. A.; NOGUEIRA-MARTINS, L. A.; CITERO, V. Ações de terapia ocupacional em saúde mental para pacientes internados em hospital geral: impacto sobre o funcionamento ocupacio- nal. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 28, n. 3, p. 261-270, 2017. 1 8 1 1. Opção C. O texto-base destaca que o termo “funcionamento ocupacional” está associado ao Modelo da Ocupação Humana. O funcionamento ocupacional diz respeito à maneira como as atividades realizadas no contexto da ocupação influenciam a vida dos indivíduos. O Modelo de Avaliação Dinâmica de Ocupação (MADO) não é mencionado no texto base, e o termo “funcionamento ocupacional” não está diretamente associado a esse modelo. Embora aspectos biopsicossociais sejam mencionados, o termo específico “funcionamento ocupa- cional” não está vinculado a esse modelo no texto. O Modelo de Intervenção Terapêutica (MIT) não é citado no texto, e o termo «funcionamento ocupacional» não está relacionado a esse modelo. A Abordagem Cognitivo-Comportamental (ACC) não é abordada no texto, e o termo “funcionamento ocupacional” não está associado a essa abordagem. 2. Opção B. A afirmativa correta é a III, pois a incorporação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais evidencia o compromisso com uma abordagem mais holística e integrada da saúde mental, integrando-a ao sistema de saúde como um todo. A afirmativa I está incorreta, pois a reforma visava superar o modelo manicomial. A afirmativa II está incorreta, porque a de- sinstitucionalização buscava justamente reduzir o estigma associado às condições mentais, promovendo uma visão mais inclusiva e respeitosa. 3. Opção C.Um dos principais objetivos da Reforma Psiquiátrica Brasileira foi promover práti- cas mais inclusivas e humanizadas na abordagem da saúde mental. As demais alternativas estão incorretas, uma vez que a reforma buscava justamente superar o modelo manicomial, combater estigmas associados às condições mentais, integrar os cuidados de saúde mental ao sistema de saúde geral e descentralizar os serviços especializados. GABARITO 1 8 1 MINHAS ANOTAÇÕES 1 8 4