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MINHAS METAS SISTEMA CARDIOVASCULAR Conhecer o sistema cardiovascular. Entender a relação entre o sistema cardiovascular e demais sistemas. Sistematizar os principais mecanismos de ação do sistema cardiovascular. Conhecer as principais patologias associadas. Entender sobre o funcionamento do sistema cardiovascular. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 5 1 4 1 INICIE SUA JORNADA O sistema cardiovascular humano é responsável pelo transporte de sangue e nutrientes por todo o corpo, além de regular a temperatura corporal e proteger o corpo contra infecções. É composto por três partes principais: o coração, os vasos sanguíneos (artérias, veias e capilares) e o sangue. O coração é um órgão muscular que trabalha continuamente para bombear o sangue para todas as partes do corpo, recebendo-o através das veias e enviando-o através das artérias. Os vasos sanguíneos transportam o sangue e os nutrientes pelos tecidos do corpo, enquanto os capilares permitem a troca de nutrientes e oxigênio entre o sangue e os tecidos. O sangue é composto por células sanguíneas, plasma e outras substâncias importantes, como hormônios e anticorpos. As células sanguíneas incluem gló- bulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigênio, glóbulos brancos, responsáveis pela defesa do corpo contra infecções, e plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue. O sistema cardiovascular humano é essencial para a sobrevivência e a saúde do corpo humano, e qualquer disfunção nesse sistema pode resultar em sérios problemas de saúde, como doenças cardíacas, hipertensão arterial e acidente vascular cerebral. UNIASSELVI 1 4 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 DESENVOLVA SEU POTENCIAL Vamos, então, agora começar a entender melhor sobre o sistema cardiovascular, o que ele é, para qual função se relaciona, sua importância e demais aspectos. VOCÊ SABE RESPONDER? É importante pensar sobre como o sistema cardiovascular trabalha, como fun- cionam suas respostas e a quais processos ele se desenvolve. Assim, qual é a função do sistema cardiovascular no corpo humano e como ele se relaciona com outros sistemas e processos corporais? INTRODUÇÃO O coração é o órgão central do sistema cardiovascular, responsável pelo bom- beamento de todo o sangue pelo corpo. Pesa em média 250 g nas mulheres e 300 g nos homens. O coração lembra o aspecto de um cone, sua porção pontiaguda está voltada inferiormente e à esquerda, sendo denominada de ápice. Do lado oposto ao ápice encontramos a base, onde chegam e saem os grandes vasos do coração, denominados vasos da base. O coração possui duas faces: a face esterno- costal, localizada posteriormente ao esterno e às costelas; e a face diafragmática, representada pela parte do coração que repousa sobre o diafragma. Além disso, 1 4 1 o coração possui duas margens: a margem direita, voltada para o pulmão direito, e a margem esquerda, voltada para o pulmão esquerdo (TORTORA, 2007). Figura 1 - O coração Descrição da Imagem: representação do coração apresentando vasos. LOCALIZAÇÃO E CAMADAS DO CORAÇÃO O coração é um órgão muscular, oco, que funciona como uma bomba contrátil- -propulsora, situado na cavidade torácica, posteriormente ao osso esterno, supe- rior ao músculo diafragma, no espaço compreendido entre os dois pulmões e a pleura, denominado mediastino. Três camadas constituem o coração: o endocár- dio, o miocárdio e o epicárdio (Figura 2). O endocárdio é a camada mais interna do coração, é contínuo com a camada íntima dos vasos que chegam ou saem do coração. Ele é formado por uma camada de tecido epitelial apoiado sobre uma fina camada de tecido conjuntivo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2018). A camada média do coração, o miocárdio, é formado por tecido muscular estriado cardíaco, o qual forma a massa principal do coração e é responsável por realizar a sua contração. O tecido muscular estriado cardíaco é formado por células cilíndricas alongadas, denominadas fibras. Essas células possuem um ou UNIASSELVI 1 4 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 dois núcleos centrais, suas fibras podem apresentar ramificações e estão presentes estrias transversas devido à presença de sarcômeros nestas células. Além disso, estão presentes os discos intercalares, estruturas celulares formadas por junções comunicantes, que permitem a propagação do estímulo nervoso através dessas células. Os discos intercalares também possuem estruturas que realizam a adesão entre as células musculares, mantendo-as unidas, de modo que não se separem. Externamente ao miocárdio encontramos a terceira camada, o epicárdio, que é a membrana serosa que reveste o coração (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2018). O pericárdio é um saco fibro-seroso que envolve o coração e o separa dos outros órgãos do mediastino e limita a sua expansão durante a diástole ventri- cular. É formado por dois folhetos, um externo e fibroso, o pericárdio fibroso, e o outro interno e seroso, denominado pericárdio seroso. Duas camadas formam o pericárdio seroso, a lâmina parietal (externa) e a lâmina visceral (interna), tam- bém denominada epicárdio. Entre as lâminas parietal e visceral do pericárdio seroso existe um espaço, a cavidade do pericárdio, que contém uma fina camada de líquido pericárdico que funciona como um fluido lubrificante, evitando o atrito entre as lâminas durante os movimentos do coração (TORTORA, 2007). Figura 2 – As camadas do coração Fonte: adaptada de Marieb e Hoehn (2009). Descrição da Imagem: representação das camadas correspondentes ao coração. Apresenta pericárdio e miocárdio, bem como os demais componentes do sistema cardiovascular. 1 4 4 Quando ocorre a inflamação da membrana do pericárdio, temos uma pericardite, que pode levar a uma diminuição da quantidade de líquido pericárdico, gerando atrito entre as lâminas do pericárdio e dor. Algumas vezes pode ocorrer um acú- mulo de líquido na cavidade pericárdica, comprimindo o coração. Esta condição é conhecida como tamponamento cardíaco e pode ser uma ameaça à vida, uma vez que reduz a quantidade de sangue do ventrículo e diminui o débito cardíaco (TORTORA, 2007). CAVIDADES DO CORAÇÃO O coração contém quatro câmaras e está dividido da seguinte forma: em duas câmaras superiores – átrio direito e esquerdo – e em duas câmaras inferiores – ventrículo direito e esquerdo. Separando os dois átrios, existe uma parede de- nominada septo interatrial, onde encontramos o forame oval, resquício da fos- sa oval, uma estrutura embrionária que desvia o sangue do átrio direito para o átrio esquerdo, uma vez que os pulmões fetais ainda não são funcionais. Entre os ventrículos, encontramos o septo interventricular, estruturas denominadas aurículas, estando localizadas na parede anterior de cada átrio, com a finalidade de aumentar a capacidade de armazenamento sanguíneo dos átrios. Os átrios formam as cavidades que recebem o sangue que chega no coração pelas veias, enquanto os ventrículos enviam o sangue para fora do coração atra- vés de artérias. A parede posterior dos átrios é lisa, enquanto a parede anterior é rugosa, formada por cristas musculares denominadas músculos pectíneos. Formando a margem direita do coração, temos o átrio direito que recebe o sangue proveniente do corpo e da parede do coração pelas Veia Cava Superior (VCS) e Veia Cava Inferior (VCI) e pelo seio coronário, respectivamente. O san- gue contido no átrio direito é lançado ao ventrículo direito através da valva atrio- ventricular direita (valva tricúspide), sendo esta melhor descrita adiante. O átrio esquerdo forma a maior parte da base do coração e recebe o sangue dos pulmões através das quatro veias pulmonares. O sangue contido no átrio esquerdo passa através da valva atrioventricular esquerda (valva mitral) e segue até o ventrículo esquerdo. Os ventrículos possuem uma parede rugosa, formada pelas trabéculas cárneas. Algumas trabéculas cárneas emitem projeções denominadas músculos pectíneos, que fixam as valvas através das cordas tendíneas (explicado adiante). O UNIASSELVI1 4 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 ventrículo direito recebe o sangue do átrio direito e envia para os pulmões através do tronco pulmonar. Já o sangue contido no ventrículo esquerdo é lançado para todo o corpo através da artéria aorta. Figura 3 – Cavidades do coração Fonte: adaptada de Netter (2011). Descrição da Imagem: representação das cavidades do coração, apresentando ventrículo esquerdo, átrio es- querdo e átrio direito. A espessura do miocárdio varia de acordo com a função de cada uma das câma- ras. Como os átrios recebem o sangue proveniente do corpo e dos pulmões, seu miocárdio não é tão espesso quanto nos ventrículos, uma vez que não precisa realizar a contração para ejetar o sangue do coração. Em contrapartida, nos ven- trículos, o miocárdio é mais espesso. O ventrículo esquerdo, por precisar de uma força maior de contração para ejetar o sangue para todo o corpo, é a região do coração em que o miocárdio é mais espesso. 1 4 1 VASOS DA BASE DO CORAÇÃO A base do coração possui os grandes vasos que entram e saem do coração. Os vasos da base do coração são a veia cava superior, a veia cava inferior, o tronco pulmonar, as artérias pulmonares, as veias pulmonares e a aorta (Figura 5). A veia cava superior chega ao átrio direito do coração trazendo o sangue venoso das regiões superiores do corpo, localizadas acima do coração, enquanto a veia cava inferior leva o sangue proveniente das regiões inferiores do corpo para o átrio direito. As veias pulmonares são em número de quatro e transportam o sangue arterial, rico em oxigênio, proveniente dos pulmões para o átrio esquerdo do coração. Saindo do ventrículo direito, temos o tronco pulmonar, que se ramifica nas artérias pulmonares esquerda e direita. As artérias pulmonares levam o sangue venoso para os pulmões, onde ele será oxigenado. Por fim, a artéria aorta, o maior vaso sanguíneo do corpo, trans- porta o sangue arterial do ventrículo esquerdo para todas as células do corpo. Lembrando que os vasos que chegam no coração são as veias, e as artérias são vasos de paredes mais calibrosas e saem do coração. Artéria cariítica comum esquerda Tronco braquiocefálico Parte ascendente da aorta Veia cava superior Aurícula direita Tecido adiposo no sulco coronário Artéria subclávia esquerda Arco da aorta Ligamento arterial (ducto arterial) Parte descendente da aorta Artéria pulmonar esquerda Tronco pulmonar Aurúcula esquerda Tecido adiposo no sulco interven- tricular anterior Parte ascendente da aorta Lâmina parietal do pericárdio seroso Veia cava superior Aurícula direita ÁTRIO DIREITO Artéria coronária direita Sulco coronário VENTRÍCULO DIREITO Ramo marginal direito Lâmina parietal do pericárdio seroso Sulco interventricular anterior VENTRÍ- CULO ES- QUERDO Aurícula esquerda Tronco pulmonar Lâmina parietal do seroso (a) Face anteior (esternocostal) Artéria pulmonar esquerda Veias pulmonares esuquerdas (superior e inferior) Teciso adiposo no sulco coronário Seio coronário Arco da aorta Artéria pulmonar direita Veia cava superior Veias pulmonares direitas (superior e inferior) VENTRÍCULO ESQUERDO Veia cava inferior Teciso adiposo no sulco interventricular posterior (b) Face posterior (diafragmática) Veias pulmonares esquerdas (superior e inferior) Aurícula esuquerda Veia cardíaca magna (azul) e ramo circun�exo da artéria coronária esquerda (vermelho) Artéria pulmonar esquerda Artéria pulmonar direita Veia cava superior Veias pulmonares direitas (superior e inferior) ÁTRIO DIREITO ÁTRIO ESQUERDO Veia cava inferior Seio coronário VENTRÍCULO DIREITO UNIASSELVI 1 4 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Artéria cariítica comum esquerda Tronco braquiocefálico Parte ascendente da aorta Veia cava superior Aurícula direita Tecido adiposo no sulco coronário Artéria subclávia esquerda Arco da aorta Ligamento arterial (ducto arterial) Parte descendente da aorta Artéria pulmonar esquerda Tronco pulmonar Aurúcula esquerda Tecido adiposo no sulco interven- tricular anterior Parte ascendente da aorta Lâmina parietal do pericárdio seroso Veia cava superior Aurícula direita ÁTRIO DIREITO Artéria coronária direita Sulco coronário VENTRÍCULO DIREITO Ramo marginal direito Lâmina parietal do pericárdio seroso Sulco interventricular anterior VENTRÍ- CULO ES- QUERDO Aurícula esquerda Tronco pulmonar Lâmina parietal do seroso (a) Face anteior (esternocostal) Artéria pulmonar esquerda Veias pulmonares esuquerdas (superior e inferior) Teciso adiposo no sulco coronário Seio coronário Arco da aorta Artéria pulmonar direita Veia cava superior Veias pulmonares direitas (superior e inferior) VENTRÍCULO ESQUERDO Veia cava inferior Teciso adiposo no sulco interventricular posterior (b) Face posterior (diafragmática) Veias pulmonares esquerdas (superior e inferior) Aurícula esuquerda Veia cardíaca magna (azul) e ramo circun�exo da artéria coronária esquerda (vermelho) Artéria pulmonar esquerda Artéria pulmonar direita Veia cava superior Veias pulmonares direitas (superior e inferior) ÁTRIO DIREITO ÁTRIO ESQUERDO Veia cava inferior Seio coronário VENTRÍCULO DIREITO Figura 4 – Vasos da base do coração Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 553). Descrição da Imagem: representação dos vasos correspondentes à base do coração. Acima apresenta a face anterior (esternocostal) e abaixo apresenta a face posterior (diafragmática). VALVAS CARDÍACAS Para direcionar a circulação sanguínea no coração, existem dois pares de valvas ou válvulas situadas na entrada e saída dos ventrículos. Cada uma dessas estru- turas ajuda assegurar o fluxo unidirecional do sangue, abrindo-se para deixar passar o sangue e fechando-se para evitar seu refluxo. As valvas cardíacas são lâminas de tecido conjuntivo recobertas em ambas as faces pelo endocárdio que apresentam subdivisões, as quais recebem o nome de válvulas ou cúspides (Figura 5) (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). As valvas atrioventriculares direita e esquerda, como seu nome sugere, estão localizadas entre os átrios e os ventrículos. Enquanto os átrios e ventrículos estão relaxados (em diástole), essas valvas permanecem abertas e o sangue contido nos átrios flui em direção aos ventrículos. Quando os ventrículos se contraem (sístole ventricular), essas valvas se fecham e impedem que o sangue retorne aos átrios, direcionando, assim, o sangue contido nos ventrículos para o tronco pulmonar e a aorta. A valva atrioventricular direita é também chamada de valva tricúspide, pois apresenta três válvulas ou cúspides, enquanto a valva atrioventricular esquerda é chamada de mitral ou bicúspide por apresentar apenas duas válvulas (Figura 5). 1 4 8 Esqueleto �broso do coração Valva AV esquerda (mitral), aberta VENTRÍCULO DIREITO Valva AV direita (tricúspide), aberta VENTRÍCULO ESQUERDO Valva da aorta, fechada Valva do tronco pulmonar ANTERIOR POSTERIOR Secção transversal, vista superior, átrios e vasos removidos Valva AV direita (triscúspide), fechada Esqueleto �broso do coração Valva AV esquerda (mitral), fechada VENTRÍCULO ESQUERDO VENTRÍCULO DIREITO Valva da aorta, aberta Valva do tronco pulmonar, aberta SECÇÃO TRANSVERSAL (b) Ventrículos contraídos (sístolemventricular) Valva da aorta, fechada Veias pulmonares Valva AV esquerda (mitral), aberta Cordas tendíneas (frouxas) Músculos papilares (relaxados) VENTRÍCULO ESQUERDO (dilatado) (a) Ventrículos relaxados (diástole ventricular) Aorta Seio da aorta Valva da aorta, aberta Valva AV esquerda (bicúspide), fechada Cordas tendíneas (sob tensão) Múscilos papilares (em con- tração) Ventrículo esquerdo (em con- tração) SECÇÃO FRONTAL Secção fronta, átrio e ventrículo esquerdo Figura 5 – Valvas cardíacas Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 557). Descrição da Imagem: representação das valvas cardíacas, apresentando ventrículos relaxados (acima) e ven- trículos contraídos (abaixo). Estruturas semelhantes a tendões– denominadas cordas tendíneas – se fixam na parte inferior das valvas atrioventriculares e, pela outra extremidade, estão presas a projeções musculares da parede dos ventrículos, os músculos papilares (Figura 6). No momento da contração ventricular, os músculos papilares também se contraem, encurtando seu comprimento e colocando em tensão as cordas tendíneas, o que impede a eversão (virar ao contrário) das válvulas das valvas (TORTORA, 2007). UNIASSELVI 1 4 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Além das valvas atrioventriculares, outras duas valvas constituídas cada uma por três cúspides estão localizadas na entrada do tronco pulmonar, a valva do tronco pulmonar, e na entrada da aorta, a chamada valva da aorta. Essas valvas impedem o refluxo do sangue contido no tronco pulmonar e na aorta para os ventrículos direito e esquerdo, respectivamente, durante a contração (sístole) ventricular. As valvas cardíacas podem apresentar problemas denominados estenose ou insuficiência valvar. A estenose (estreitamento) ocorre quando a valva não se abre completamente ou se apresenta com estreitamento, dificultando a passagem (fluxo) do sangue do átrio em direção ao ventrículo. Já a insuficiência é quando a valva não se fecha completamente, permitindo, assim, o refluxo de sangue do ventrículo para o átrio. O prolapso da valva atrioventricular esquerda é a forma mais comum de insuficiência valvar, acometendo até 30% da população e sendo mais comum em indivíduos do sexo feminino. Nessa condição, uma ou as duas válvulas (folhetos) da valva atrioventricular esquerda são projetadas em direção ao átrio esquerdo durante a contração do ventrículo esquerdo, permitindo que ocorra um refluxo de parte do sangue contido no ventrículo esquerdo em direção ao átrio esquerdo. Essa condição pode ser decorrente de um dano na válvula ou devido ao rompi- mento das cordas tendíneas. A febre reumática é uma infecção sistêmica aguda, que geralmente ocorre após uma infecção estreptocócica da garganta. Os anticorpos produzidos para combater esta infecção chegam aos tecidos conjuntivos do coração e outros ór- gãos causando uma inflamação, danificando as valvas cardíacas, sendo que as mais frequentemente acometidas são as valvas atrioventricular esquerda e da aorta (TORTORA, 2007). 1 5 1 CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA A circulação sanguínea é a passagem do sangue através do coração e dos vasos e está dividida em dois grandes sistemas: circulação sistêmica e circulação pul- monar. Na circulação sistêmica, o ventrículo esquerdo funciona como uma bomba propulsora, permitindo que o sangue chegue a todas as células do corpo. Duran- te a contração do ventrículo esquerdo, o sangue é lançado em direção à aorta, que sai do coração e se ramifica em artérias menores até chegar nas arteríolas presentes no interior dos tecidos. As arteríolas terminam nos capilares, local em que o oxigênio do sangue passa para as células e o gás carbônico produzido pelas células retorna ao sangue. O sangue dos capilares, agora venoso, segue em direção às vênulas e, destas, para as veias, até chegar às veias cavas superior e inferior, as quais desembocam no átrio direito do coração. O ventrículo direito é a bomba que vai lançar o sangue em direção aos pul- mões, dando início à circulação pulmonar. Durante a contração do ventrículo direito, o sangue é lançado ao tronco pulmonar e deste segue para as artérias pulmonares direita e esquerda, as quais levam o sangue venoso, com pouca con- centração de oxigênio, para os pulmões direito e esquerdo, respectivamente. No interior dos pulmões, ocorre a respiração pulmonar, na qual o oxigênio contido no interior dos alvéolos passa, por difusão, para o sangue e o gás carbônico do sangue segue para os alvéolos. Após isso, o sangue agora arterial, presente no interior dos capilares, é lançado para pequenas veias e destas para as veias pul- monares, as quais saem dos pulmões e chegam ao átrio esquerdo do coração. UNIASSELVI 1 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Leitos capilares dos pulmões, onde ocorrem as trocas gasosas Circuito pulmonar Artérias pulmonares Veias pulmonares Veias cavas Aortas e seus ramos Átrio esquerdo Átrio direito Ventrículo esquerdo CoraçãoVentrí- culo direito Circuito sistêmico Legenda: = Sangue rico em oxigênio, pobre em CO2 = Sangue pobre em oxigênio, rico em CO2 Leitos capilares de todos os tecidos, onde ocorrem as trocas gasosas Figura 6 – Circulação sanguínea Fonte: adaptada de Marieb e Hoehn (2009). Descrição da Imagem: representação do funcionamento da circulação sanguínea, adentrando o círculo pulmonar e o circuito sistêmico. 1 5 1 Nem todas as veias transportam sangue venoso e nem todas as artérias contêm sangue arterial. As artérias pulmonares saem do coração levando o sangue venoso para os pulmões, onde, após ser oxigenado, o sangue, agora arterial, retorna para o coração através das veias pulmonares. Além destes vasos, no cordão umbilical, as artérias umbilicais também transportam o sangue venoso do feto para a mãe, enquanto a veia umbilical retorna para o feto trazendo sangue arterial. IRRIGAÇÃO E DRENAGEM DO CORAÇÃO As artérias coronárias direita e esquerda são ramos da parte ascendente da artéria aorta que enviam sangue oxigenado para irrigar a parede do coração. Após se originar, a artéria coronária direita segue pela direita no interior do sulco co- ronário. Seus ramos suprem o átrio direito, parte do átrio esquerdo, o septo in- teratrial, todo o ventrículo direito, uma parte do ventrículo esquerdo e o terço póstero-inferior do septo interventricular. Seus ramos estão ilustrados na Figura 7 (TORTORA, 2007). A artéria coronária esquerda supre grande parte do ventrículo esquerdo, uma pequena região do ventrículo direito, a maior parte do átrio esquerdo e dois terços anteriores do septo interventricular. Quando chega à face esternocostal do coração, dá origem aos ramos circunflexo e interventricular anterior. O ramo circunflexo curva à esquerda e segue no interior do sulco coronário, enquanto o ramo atrioventricular anterior segue no sulco de mesmo nome (TORTORA, 2007). Todo o sangue venoso, coletado das pequenas veias cardíacas, é drenado atra- vés das veias cardíaca magna e cardíaca média, ao seio coronário, uma grande veia localizada na região posterior do sulco coronário. Inferiormente ao óstio da veia cava inferior, no átrio direito, o seio coronário se abre. Seus ramos estão ilustrados a seguir. UNIASSELVI 1 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Figura 7 – Irrigação e drenagem do coração Fonte: adaptada de Netter (2011). Descrição da Imagem: representação do funcionamento de irrigação e drenagem do coração, apresentando a passagem do processo em face esternocostal e face diafragmática. A obstrução parcial das artérias coronarianas pode ocasionar uma redução do fluxo de sangue para o músculo miocárdico (suas células), gerando um evento clínico conhecido como isquemia cardíaca, levando à diminuição do suprimento tanto de glicose quanto de oxigênio para as respectivas estruturas ligadas a estes segmentos arteriais. A isquemia pode ser acompanhada de angina pectoris, uma forte dor descrita como uma sensação de aperto no peito, frequentemente referi- 1 5 4 da ao pescoço e irradiando-se para outras regiões do corpo, como cervical, dorso (nas costas), epigástrica (sobre o estômago), braço esquerdo e/ou cotovelo. Caso ocorra uma obstrução completa do fluxo de sangue em uma artéria coronária, pode ocorrer um Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), conhecido como ataque cardíaco. Devido à falta de oxigênio para as regiões do miocárdio que ficaram sem sangue, ocorre morte das células e substituição por um tecido fibroso cicatricial, ocasionando a perda da função desta região do coração. COMPLEXO ESTIMULANTE DO CORAÇÃO “ Durante o desenvolvimento embrionário, aproximadamente 1% das fibras musculares cardíacas se torna células auto-rítmicas, isto é, células que geram potenciais de ação rítmica e repetitivamente. Ascélulas auto-rítmicas atuam como um marcapasso, ajustando o ritmo para a contração e todo o coração, e formam o complexo estimulante do coração, a via de propagação dos potenciais de ação para todo o músculo do coração. O complexo estimulante do co- ração assegura que as câmaras do coração sejam estimuladas a se contrair de forma coordenada, o que torna o coração uma bomba eficiente (TORTORA, 2007, p. 463). O tecido muscular cardíaco apresenta a característica de possuir atividade con- trátil independente de estímulo nervoso ou hormonal. Isso é possível graças às células autoexcitáveis, denominadas células nodais e fibras condutoras (MAR- TINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). O ritmo da contração cardíaca é dado pelas células nodais e as fibras condutoras distribuem o estímulo por todo o tecido cardíaco. Assim, os potenciais de ação das células cardíacas propagam-se da seguinte maneira (Figura 8): 10. Nó Sinoatrial (NSA): ■ região especial do coração que controla a frequência cardíaca; ■ localizado próximo à junção entre o átrio direito e a veia cava superior; ■ inicia e controla os impulsos para contração, sendo considerado o mar- capasso do coração ou marcapasso fisiológico; UNIASSELVI 1 5 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 ■ os potenciais de ação gerados no nó sinoatrial propagam-se pelos dois átrios através das junções comunicantes presentes nos discos intercalares das fibras musculares cardíacas fazendo com que ocorra a contração dos átrios. 11. Nó Atrioventricular (NAV): ■ localizado no septo entre os dois átrios; ■ recebe o estímulo proveniente das células dos átrios; ■ diminui o potencial de ação permitindo que os átrios descarreguem san- gue nos ventrículos. 12. Fascículo Atrioventricular: ■ localizado na porção inicial do septo interventricular, próximo aos átrios; ■ momento no qual os potenciais de ação passam dos átrios para os ven- trículos. 13. Ramos direito e esquerdo do fascículo atrioventricular: ■ são ramos do fascículo atrioventricular; ■ seguem pelo septo interventricular conduzindo os potenciais de ação em direção ao ápice do coração. 14. Fibras de Purkinje: ■ são ramos subendocárdicos, calibrosos; ■ conduzem o potencial de ação de maneira rápida, permitindo a contração dos ventrículos (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). 1 5 1 Figura 8 – Complexo estimulante do coração Fonte: adaptada de Marieb e Hoehn (2009). Descrição da Imagem: representação do funcionamento do complexo estimulante do coração, apresentando os átrios, veia cava superior, ramos e demais componentes. O ritmo para a contração do coração é definido pelo nó sinoatrial, que gera po- tenciais de ação entre 90 a 100 vezes por minuto. Caso ocorra uma lesão e morte das células do nó sinoatrial, o nó atrioventricular assume a função de marcapasso fisiológico, porém sua frequência de contração é menor, gerando, em média, 40 a 60 batimentos por minuto. Caso o nó atrioventricular também perca a sua capa- cidade de gerar potenciais de ação, o fascículo atrioventricular assume a função, gerando potenciais mais lentamente, em torno de 20 a 35 vezes por minuto. To- davia, nesse caso, como o batimento cardíaco fica muito lento, o ritmo deve ser restaurado através do implante de um marcapasso artificial. Este marcapasso é um dispositivo eletrônico que estimula as contrações do coração para manter o débito cardíaco adequado (TORTORA, 2007). UNIASSELVI 1 5 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 A velocidade de disparo de potenciais de ação pelo nó sinoatrial, pode ser controlada por hormônios e alguns neurotransmissores. Quando estamos em repouso, a liberação de acetilcolina pelo sistema nervoso parassimpático geral- mente leva a uma diminuição da frequência do nó sinoatrial para, aproximada- mente, 75 batimentos por minuto (TORTORA, 2007). É possível detectar, através de um equipamento eletrônico, a transmissão dos potenciais de ação pelo complexo estimulante do coração, uma vez que estes geram uma corrente elétrica. O registro dessas correntes é chamado eletrocardio- grama (ECG) e permite a identificação de três ondas em cada ciclo de contração do coração: a onda P, o complexo Q, R, S e a onda T. A onda P marca a propagação do potencial de ação do nó sinoatrial pelos dois átrios, e logo em seguida os átrios se contraem. O complexo QRS marca a propagação do estímulo pelos ventrículos, os quais se contraem em seguida. A última onda, denominada onda T, marca o momento de relaxamento dos ventrículos (Figura 9). Registro rítmico do ECG Onda T O ventrículo retoma ao estado de repouso Onda P O impulso dissemina-se pelos átrios, de�agrando as contrações atriais Complexo QRS O impulso dissemina-se pelos ventrículos, de�agrando as contrações ventriculares P R Q S T Figura 9 – Registro rítmico do ECG Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 567). Descrição da Imagem: representação do registro rítmico do ECG, apresentando a Onda T, Onda P e Complexo QRS. 1 5 8 O registro das ondas de um ECG é muito importante para acompanhar a evolu- ção de pacientes que sofreram uma parada cardíaca e/ou que apresentaram algum sinal de injúria ou isquemia (diminuição de nutrição e oxigenação no músculo cardíaco). Variações no tamanho e na duração das ondas são úteis no diagnóstico de ritmos cardíacos e padrões de condução anormais. “ O ritmo habitual de batimentos cardíacos, estabelecido pelo nó si- noatrial, é chamado de ritmo sinusal normal. O termo arritmia ou disritmia se refere a um ritmo anormal resultante de um defeito no complexo estimulante do coração. O coração pode bater irregu- larmente, de forma muito acelerada ou muito lenta. São sintomas esperados dessa irregularidade: dor torácica, falta de ar, tontura, vertigem e síncopes (desmaios). As arritmias podem ser provoca- das por fatores que estimulam o coração, como estresse, cafeína, álcool, nicotina, cocaína e determinadas substâncias que contenham cafeína ou outros estimulantes. As arritmias também podem ser provocadas por defeito congênito, doença arterial coronariana, in- farto, hipertensão, valvas cardíacas defeituosas, doença reumática cardíaca, hipertireoidismo e deficiência de potássio (TORTORA; DERRICKSON, 2017, p. 386). CICLO CARDÍACO É o período compreendido entre o início de dois batimentos cardíacos consecu- tivos. Este ciclo, que envolve períodos de contração alternados por períodos de relaxamento do coração, ocorre, em média, 70 vezes por minuto (Figura 10). O ciclo cardíaco compreende três fases, de acordo com Tortora (2007): 1. Fase de relaxamento: período em que as quatro câmaras cardíacas estão em relaxamento. 2. Sístole Atrial: ocorre a contração dos átrios e o sangue é enviado em direção aos ventrículos. 3. Sístole Ventricular: os ventrículos contraem e encaminham o sangue para a artéria aorta e para o tronco pulmonar. UNIASSELVI 1 5 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 (a) Início da sistole atrial: A contração atrial força uma pequena quantidade de sangue adicional para o interior dos vintrículos relaxados. Todas as câmaras estão em estado de relaxamento. Preenchimento passivo dos ventrículos. (b) Término da sístole atrial e início da diástole atrial (f) Diástole ventricular, término: (c) Sístole ventricular, primeira fase: (d) Sístole ventricular, segunda fase: A pressão ventricular se eleva e ultrapassa a pressão nas artérias; e da aorta se abrem e o sangue é ejetado para seu interior. (e) Diástole ventricular, início: A contraçãoventricular exerce pressão sobre as valvas AV direita e esquerda fechadas, mas não é su�ciente para abrir as valvas do tronco pulmonar e da aorta Conforme os ventrículos retornam ao estado de relaxamento, a pressão ventricular diminui; o �uxo retrógrado do sangue contra as valvas do tronco pulmonar e da aorta força seu fechamento. O sangue �ui para os átrios relaxados. INÍCIO 800 100 0 ms ms 370 ms ms Di ás to le v en tr ic ul ar Sistole atrial Diástrole atrial Sí st ol e ve nt ri cula r Ciclo cardíaco Figura 11 – Ciclo cardíaco Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (1119, p. 511). Descrição da Imagem: representação do ciclo cardíaco, partindo do início (início da sístole atrial) até concluir-se no término, diástole ventricular. BULHAS CARDÍACAS Bulhas cardíacas se referem aos sons provocados pelo coração, que podem ser ouvidos através de uma auscultação realizada com o auxílio de um estetoscópio. Em um coração saudável, existem quatro bulhas durante um ciclo cardíaco, po- rém, podemos auscultar apenas duas bulhas cardíacas. A primeira bulha (B1) lembra o som de “tum”, ela é mais alta e longa do que a segunda bulha (B2). A B1 é decorrente do fechamento das valvas atrioventriculares, que ocorre logo após o início da sístole ventricular. Já a segunda bulha (B2) é mais baixa e curta que a B1, lembra um som de “tac” e é produzida devido ao fechamento das valvas da aorta e do tronco pulmonar, no início da diástole ventricular. 1 1 1 Muitas vezes, durante uma ausculta cardíaca, podem ser detectados sons anormais entre ou após as duas bulhas normais. Esses sons anormais são deno- minados sopros cardíacos e indicam ou sugerem, na maioria das vezes, algum distúrbio das valvas, como uma estenose ou uma insuficiência. DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO CORAÇÃO O coração tem origem do mesoderma extraembrionário a partir da terceira semana de desenvolvimento e é o primeiro órgão a se tornar funcional. Isso é extremamente necessário, pois o embrião está em pleno crescimento e suas cé- lulas apresentam uma alta taxa metabólica, necessitando de oxigênio e nutrientes provenientes do sangue. Na extremidade cefálica do embrião, um grupo de células do mesoderma ex- traembrionário começa a se diferenciar, formando a área cardiogênica. As células desta região dão origem aos cordões angioblásticos, dois tubos alongados que mais tarde originarão os tubos endocárdicos. Logo depois, os dois tubos endo- cárdicos se fundem em um tubo único, o tubo cardíaco primitivo. Por volta do 22º dia após a fertilização, o tubo cardíaco primitivo se divide em cinco regiões e começa a bombear o sangue: 1. Seio venoso: origina parte do átrio direito, do seio coronário e do nó sinoatrial. 2. Átrio: origina parte dos átrios direito e esquerdo. 3. Ventrículo: dará origem ao ventrículo esquerdo. 4. Bulbo cardíaco: desenvolve-se em ventrículo direito. 5. Tronco arterial: origina parte da aorta e o tronco pulmonar. UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 RESUMO O coração é um órgão muscular, constituído por três camadas: endocárdio, mio- cárdio e epicárdio. ■ Os átrios são as cavidades superiores do coração e recebem o sangue pro- veniente do corpo e dos pulmões, enquanto os ventrículos se localizam inferiormente e bombeiam o sangue para as células do corpo e para os pulmões. ■ Os vasos da base do coração são as veias pulmonares, as artérias pulmo- nares, o tronco pulmonar, as veias cavas superior e inferior e a aorta. ■ • Quatro valvas, dois atrioventriculares, uma da aorta e outra do tronco pulmonar tornam o fluxo do sangue unidirecional. ■ A circulação sistêmica é aquela que o sangue circula entre o ventrículo esquerdo, corpo e átrio direito. ■ A circulação pulmonar ocorre entre o ventrículo direito, os pulmões e o átrio esquerdo. ■ As artérias coronárias direita e esquerda são ramos da parte ascendente da aorta e fazem a irrigação das células da parede do coração. ■ Algumas células do miocárdio são autocontrateis e enviam sinais para a contração do coração. ■ O complexo estimulante do coração é formado pelo nó sinoatrial, nó atrioventricular, fascículo atrioventricular, ramos direito e esquerdo e pelas fibras de Purkinje. ■ Um ciclo cardíaco é o período compreendido entre o início de dois ba- timentos cardíacos consecutivos e compreende as fases de relaxamento, sístole atrial e sístole ventricular. ■ Bulhas cardíacas se referem aos sons provocados pelo coração, que podem ser ouvidos através de uma auscultação realizada com o auxílio de um estetoscópio. ■ O coração tem origem embrionária do mesoderma extraembrionário a partir da terceira semana de desenvolvimento e é o primeiro órgão a se tornar funcional. 1 1 1 NOVOS DESAFIOS O mercado de trabalho para profissionais que se interessam pelo sistema cardio- vascular é vasto e apresenta oportunidades em diversas áreas. Os profissionais que estudam o sistema cardiovascular têm uma grande demanda no mercado, pois as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mun- do. Essas doenças incluem doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca, an- gina e infarto do miocárdio, além de acidente vascular cerebral (AVC) e doença arterial periférica. Uma das áreas de trabalho mais conhecidas para profissionais interessados nesta área é a cardiologia. Nessa especialidade, os profissionais diagnosticam e tratam doenças do coração e dos vasos sanguíneos, utilizando técnicas como eletrocardiograma, ecocardiograma e cateterismo cardíaco. Os cardiologistas podem trabalhar em hospitais, clínicas ou consultórios particulares. Outra área de trabalho para estes profissionais é a cirurgia cardíaca. Os ci- rurgiões cardíacos realizam procedimentos como a cirurgia de ponte de safena, a troca de válvulas cardíacas e a correção de defeitos cardíacos congênitos. Esses profissionais trabalham em hospitais, geralmente em unidades de terapia inten- siva (UTI) ou em centros cirúrgicos. UNIASSELVI 1 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 5 Além disso, os profissionais que estudam o sistema cardiovascular também podem trabalhar em outras áreas, como a medicina preventiva, a fisioterapia e a enfermagem. Na medicina preventiva, os profissionais trabalham na prevenção de doenças cardiovasculares, por meio da educação em saúde, da mudança de hábitos de vida e da prescrição de medicamentos preventivos. Na fisioterapia, os profissionais trabalham na reabilitação de pacientes que sofreram algum tipo de lesão ou cirurgia cardíaca. Já na enfermagem, os profissionais trabalham em hospitais, auxiliando médicos e enfermeiros na administração de medicamentos e no acompanhamento de pacientes com doenças cardiovasculares. Por fim, o mercado de trabalho é amplo e diversificado, oferecendo diversas oportunidades em diferentes áreas da saúde. É importante destacar que a espe- cialização e o aprimoramento contínuo são fundamentais para se destacar nesse mercado competitivo e em constante evolução. 1 1 4 VAMOS PRATICAR 1. Atente-se ao texto abaixo: Um ciclo cardíaco é o período compreendido entre o início de ______________________ consecutivos e compreende as fases de ________________, _______________ e ______________. Justifique em sua resposta os termos que correspondem ao preenchimento correto das lacunas em branco. 2. Sabemos que o coração possui quatro cavidades. Cite as quatro cavidades do coração e descreva sua função no processo de circulação sanguínea. 3. Leia o texto a seguir: A contração da musculatura cardíaca é essencial para que o coração desempenhe sua função de bomba. A ativação elétrica ordenada do coração se dá pela propagação, em sequência, de potenciais de ação despolarizantes através das estruturas anatômicas deste órgão. O batimento cardíaco tem início no ___________, com um potencial de ação gerado de maneira espontânea. Em seguida, essa onda de ativação converge para uma conexão elétrica existente entre o miocárdio atrial e o miocárdio ventricu- lar:___________, diminuindo a frequência do potencial de ação entre ambos. Após isso, essa onda de ativação atinge o___________ e passa por ele até chegar às fibras de Purkinje, que são responsáveis por conduzir rapidamente o potencial de ação até o ápice do miocárdio ventricular. Deste modo, a onda de despolarização – o impulso car- díaco – é distribuída a todo o miocárdio dos ventrículos direito e esquerdo, determinando a contração___________. Dentre as alternativas, qual é a correta que preenche as lacunasem branco? Justifique sua escolha ao fim da questão. a) Nó atrioventricular, nó sinoatrial, fascículo atrioventricular, atrial. b) Nó sinoatrial, nó atrioventricular, fascículo atrioventricular, ventricular. c) Feixe de His, nó sinoatrial, nó atrioventricular, ventricular. d) Nó sinoatrial, nó atrioventricular, fibras de Purkinje, atrial. e) Nó atrioventricular, nó sinoatrial, fascículo atrioventricular, ventricular. 1 1 5 VAMOS PRATICAR 4. O ciclo cardíaco é o ciclo completo de um batimento cardíaco; por definição são os eventos cardíacos que ocorrem desde o início de um batimento até o batimento se- guinte. Esses eventos envolvem contração e relaxamento das cavidades cardíacas. Consiste nos movimentos de sístole e diástole. Em relação a estes mecanismos, leia as alternativas a seguir com muita atenção e depois assinale a alternativa correta: a) O sangue passa dos átrios para os ventrículos durante o período denominado sístole ventricular. b) A fase de relaxamento, quando os átrios e ventrículos estão em diástole, marca o início de um novo ciclo. As valvas atrioventriculares estão fechadas enquanto o sangue flui para os ventrículos. c) Durante a sístole ventricular, as valvas atrioventriculares abrem-se, enquanto as val- vas da aorta e do tronco pulmonar permanecem fechadas, permitindo que o sangue flua dos ventrículos para as artérias. d) A primeira fase que marca o início de um novo ciclo é denominada sístole ventricular, quando o sangue flui dos átrios em direção aos ventrículos. e) No período da sístole atrial, as valvas atrioventriculares estão abertas para que o sangue flua dos átrios para os ventrículos. 1 1 1 VAMOS PRATICAR 5. Atente-se ao enunciado a seguir. Levando em consideração a anatomia interna do coração e sabendo que a circulação do sangue depende diretamente deste órgão central, o qual se conecta a inúmeros vasos sanguíneos, observe as alternativas a seguir e escolha aquela que contenha as respostas para as seguintes perguntas: 1. Como se chama(m) a(s) estrutura(s) que traz(em) sangue para o átrio direito do coração? 2. Como se chama(m) a(s) estrutura(s) que faz(em) a comunicação entre o átrio direito e o ventrículo direito? 3. Por qual(is) vaso(s) o sangue proveniente dos pulmões retorna ao coração? a) 1- artérias pulmonares; 2- endocárdio; 3- veias cavas. b) 1- veias cavas; 2- valva atrioventricular direita; 3- veias pulmonares. c) 1- veias pulmonares; 2- valva bicúspide; 3- artéria aorta. d) 1- artérias coronárias; 2- valva da aorta; 3- veias coronárias. e) 1- veias cavas; 2- valva mitral; 3- artérias pulmonares. 1 1 1 REFERÊNCIAS HALL, J. E. Tratado de fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Histologia Básica: texto e atlas. Rio de Janeiro: Guana- bara Koogan, 2018. MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. Porto Alegre: Artmed, 2009. MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia Humana. Porto Alegre: Artmed, 2009. MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N.; TORCHIA, M. G. Embriologia Básica. Rio de Janeiro: Else- vier, 2016. NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. TORTORA, G. J. Princípios de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 1 1 8 1. A resposta correta é: “Um ciclo cardíaco é o período compreendido entre o início de dois batimentos cardíacos consecutivos e compreende as fases de sístole atrial, sístole ventricular e diástole.” A resposta correta é justificada da seguinte forma: - Um ciclo cardíaco é definido como o período que ocorre entre o início de dois batimen- tos cardíacos consecutivos. Durante esse ciclo, o coração passa por uma sequência de eventos que envolvem a contração e relaxamento das câmaras cardíacas. - O ciclo cardíaco é composto por três fases principais: sístole atrial, sístole ventricular e diástole. - Durante a sístole atrial, os átrios se contraem, impulsionando o sangue para os ven- trículos. - Em seguida, ocorre a sístole ventricular, na qual os ventrículos se contraem, forçando o sangue para fora do coração e para as artérias. - Por fim, temos a diástole, que é a fase de relaxamento das câmaras cardíacas, permitindo que o sangue retorne aos átrios e ventrículos para iniciar um novo ciclo. Portanto, a justificativa para a resposta correta é baseada na descrição correta das fases do ciclo cardíaco e sua relação com os batimentos cardíacos consecutivos. 2. O coração possui quatro cavidades: dois átrios (átrio direito e átrio esquerdo) e dois ven- trículos (ventrículo direito e ventrículo esquerdo). Cada cavidade desempenha um papel importante no processo de circulação sanguínea. Os átrios recebem o sangue que retorna ao coração. O átrio direito recebe o sangue ve- noso, pobre em oxigênio, proveniente das veias cavas e da circulação pulmonar. O átrio esquerdo recebe o sangue arterial, rico em oxigênio, vindo das veias pulmonares. Os ventrículos são responsáveis por bombear o sangue para fora do coração. O ventrículo direito bombeia o sangue para os pulmões, onde ocorre a oxigenação. Ele impulsiona o sangue para as artérias pulmonares, que levam o sangue até os pulmões para a troca gasosa. Já o ventrículo esquerdo é responsável por bombear o sangue oxigenado para o restante do corpo. Ele impulsiona o sangue para a artéria aorta, que distribui o sangue oxigenado para todas as partes do organismo. Portanto, os átrios são responsáveis por receber o sangue, enquanto os ventrículos são responsáveis por bombear o sangue para fora do coração. Essa divisão de tarefas entre as cavidades é essencial para garantir a eficiência do processo de circulação sanguínea, permitindo o suprimento adequado de oxigênio e nutrientes para os tecidos e a remoção de resíduos metabólicos. GABARITO 1 1 9 3. B. - O batimento cardíaco tem início no nó sinoatrial (ou nó SA), onde é gerado um potencial de ação de maneira espontânea. - Em seguida, a onda de ativação converge para o nó atrioventricular (ou nó AV), que representa a conexão elétrica existente entre o miocárdio atrial e o miocárdio ventricular, diminuindo a frequência do potencial de ação entre ambos. - Após passar pelo nó atrioventricular, a onda de ativação atinge o fascículo atrioventricular (ou feixe de His) e passa por ele até chegar às fibras de Purkinje, que são responsáveis por conduzir rapidamente o potencial de ação até o ápice do miocárdio ventricular. - Dessa forma, a onda de despolarização (impulso cardíaco) é distribuída a todo o miocárdio dos ventrículos direito e esquerdo, determinando a contração ventricular. As demais alternativas estão incorretas, pois não seguem a sequência correta da ativação elétrica do coração. 4. C. Durante a sístole ventricular, os ventrículos do coração se contraem, resultando na aber- tura das valvas atrioventriculares (valva tricúspide e valva mitral) e no fechamento das valvas da aorta e do tronco pulmonar. Isso permite que o sangue seja bombeado dos ventrículos para as artérias. As demais alternativas estão incorretas, pois descrevem erroneamente os eventos do ciclo cardíaco. 5. B. 1- As veias cavas são as estruturas que trazem sangue para o átrio direito do coração, provenientes do corpo. 2- A valva atrioventricular direita (também conhecida como valva tricúspide) é a estru- tura que faz a comunicação entre o átrio direito e o ventrículo direito, permitindo o fluxo unidirecional do sangue. 3- As veias pulmonares são responsáveis por transportar o sangue proveniente dos pul- mões de volta ao coração, mais especificamente ao átrio esquerdo. As demais alternativas estão incorretas, pois não correspondem às estruturas mencio- nadas nas perguntas. GABARITO 1 1 1