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ENSAIO CRÍTICO SOBRE QUESTÕES CLASSIFICATÓRIAS E DIAGNÓSTICAS EM PSIQUIATRIA Maurício Viotti Daker RESUMO O autor apresenta breve estudo sobre o intrincado campo da classificação em psiquiatria. Aspectos históricos e atuais pertinentes são considerados, como os conceitos de continuidade das psicoses, de exógeno, endógeno e funcional, de tipos ideais e de critérios diagnósticos. A abordagem psicodinâmica e a antipsiquiatria são mencionadas. É apresentado pequeno histórico dos DSM com vistas à evolução do diagnóstico criteriológico, um avanço não isento de críticas. Abordagens dos transtornos mentais paralelas à dos sistemas classificatórios vigentes, compreendendo os tipos ideais e visões sistêmicas ou unitárias, são referidas. UNITERMOS: Psiquiatria; Classificação. Introdução Classificação é básica em qualquer ciência. Ë o processo pelo qual a complexidade dos fenômenos é reduzida ao ser ordenada em categorias conforme alguns critérios estabelecidos para um ou mais propósitos (Spitzer e Williams, 1985). Em psiquiatria, a classificação possui (a) valor pragmático, possibilitando uma linguagem comum entre os profissionais, sendo que as várias características de um quadro clínico são representadas por determinado nome; (b) procura definir o curso natural desses quadros, dando diretrizes para o prognóstico e o tratamento, e (c) oferece possibilidade de investigação das causas ou da patofisiologia dos mesmos (Williams, 1994). A classificação das desordens mentais é, porém, um campo movediço e espinhoso. A título de exemplo, um dos mais renomados psiquiatras europeus da atualidade, Jules Angst, confessou em encontro científico (Heidelberg, 1993) que seu chefe, Manfred Bleuler, aconselhara-lo a não se embrenhar em questões nosológicas classificatórias. Dificuldades classificatórias inerentes à psiquiatria Um trecho de Möbius, quem cunhou no final do século passado os termos “exógeno” e “endógeno” em psiquiatria, deixa transparecer as origens das dificuldades da classificação em nossa especialidade. Por um lado: TEMAS, São Paulo, 1994, 48:213-222. Divulgado com autorização. Professor Adjunto do Departamento de Psiquiatria de Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Doutor pela Universidade de Heidelberg, Clínica de Psiquiatria (CAPES-DAAD). “Nas doenças exógenas há limites nítidos. Não se pode, de modo algum, falar de transições, de formas intermediárias. Um envenenamento por chumbo é um envenenamento por chumbo e nenhuma outra coisa, uma pessoa sofre de tabes ou não; é sempre uma coisa ou outra. Naturalmente pode alguém sofrer de 2 ou 3 doenças, um alcoólatra p. ex. pode adoecer de paralisia. Mas, uma vez que uma fusão das doenças não acontece, não faz sentido falar de formas mistas ou compostas, uma paralisia progressiva alcoólica p. ex. seria um ferro de madeira.” De outro lado, contudo: “Com a igualdade da essência das doenças endógenas é dada a impossibilidade de nítidas delimitações. Não se deve ao nosso provisório desconhecimento quando, freqüentemente, não podemos decidir por um determinado nome, senão à natureza da coisa. Onde a natureza não coloca limites, onde entre cada dois estados se pode inserir um estado intermediário, aí encontra também a melhor classificação seu limite, Decerto não podemos prescindir de nomes, mas temos sempre que estar cientes de que no fundo temos um contínuo diante de nós, de que, se quiséssemos fixar tudo, precisaríamos de uma infinidade de muitos nomes e cada caso é na verdade uma nova forma.” (Möbius, 1892) É bem verdade que a dicotomia kraepelineana sugere uma descontinuidade das psicoses endógenas. Porém, além dessa delimitação nunca ter sido unanimemente aceita, estudos atuais falam a favor ou pelo menos não vão contra a existência das psicoses intermediárias mistas ou esquizoafetivas (p. ex. Marneros e Tsuang, 1986; Kendell e Brockington, 1980). Independentemente das transformações a que se submeteu o conceito de “endógeno”, o que não cabe aqui discutir, são vários os renomados autores ao longo da história da psiquiatria que partilham de opinião semelhante à de Möbius. Bumke (1909) vê as desordens funcionais maníaco-depressivas, paranóia, histeria e psicopatias num todo contínuo (a participação da esquizofrenia nesse todo é para ele duvidosa). Jaspers (1913), em seu capítulo “Divisão das Psicoses”, diferencia “espécies de doenças” e “tipos de doenças”, aos quais correspondem, respectivamente, as doenças exógenas e endógenas: “Através de espécies são limites reais reconhecidos, através de tipos é apenas a uma fluida variedade uma estrutura dada, que a torna acessível ao intelecto.” Kurt Schneider (1973) fala de tipologia diferencial (em vez de diagnóstico diferencial) das psicoses endógenas. Janzarik (1980), em artigo sobre as psicoses esquizoafetivas, lembra que a indefinição dos limites entre a loucura maníaco-depressiva e a esquizofrenia pode estar na coisa em si e não em deficiências metodológicas relacionadas às tentativas de definição. Podemos complicar mais a questão da classificação em psiquiatria ao lembrarmos, como atestam também vários autores clássicos, que exógeno e endógeno não são nitidamente separáveis. Kraepelin, por exemplo, entende desde seu primeiro compêndio (1883) que causas externas (orgânicas ou psíquicas) e internas (que se encontram na personalidade) atuam conjuntamente, de onde se originam as manifestações psicopatológicas, e em 1909 escreve: “Está à mão, entretanto, que uma decidida separação nesse campo [refere-se a “exógeno”versus “endógeno”] não se deixa empreender. Antes pelo contrário, tem que haver de forma natural todas as possíveis misturas na relação entre causas externas e internas.” Uma das peculiaridades da psiquiatria, em comparação a outras especialidades médicas, consiste no fato de que se vê obrigada a considerar antes a personalidade singular do doente do que as conseqüências regulares e impessoais de agentes nocivos típicos (Bleuler, 1985). Nesse contexto se insere Ey (1952), quando afirma que “toda classificação etiológica das doenças mentais apaga suas fisionomias singulares, em vez de acentuá-las.” Uma separação clara em psiquiatria entre nomotético e idiográfico, a rigor, não se deixa empreender. Interessante observar que as abordagens eminentemente psicodinâmicas em psiquiatria, que valorizam precisamente o lado idiográfico pessoal ou interno da desordem mental, tendem a não priorizar o valor da classificação e do diagnóstico. Evita- se, com razão, que o indivíduo seja tratado meramente como uma entidade de doença. Dessa circunstância não se deve depreender, o que habitualmente ocorre, que os novos sistemas diagnósticos, precisamente por enfatizarem a classificação psiquiátrica, são biologicistas. Sabidamente existem abordagens já francamente antinosológicas. Pode uma análise externa à psiquiatria, onde não há a preocupação com o valor prático da classificação, com a evolução e o prognóstico, com o tratamento, nem com a busca de compreensão das causas, trazer em casos extremos críticas nos moldes da antipsiquiatria. Deve-se aqui lembrar, porém, que essa abordagem da psiquiatria com base em aspectos históricos socioculturais, econômicos e políticos, evidentemente importante, não deveria se unilateral e ignorar ou negar o lado médico e pragmático da questão (Wallace, 1994). Sobre os atuais diagnósticos A exemplo dos critérios de primeira ordem ara a esquizofrenia de Kurt Schneider, e a partir da operacionalização de critérios diagnósticos, de estudos transculturais da OMS e de pesquisas de campo do DSM-III, tende-se hoje a se estabelecer classificações fundadas em critérios confiáveis entre os examinadores, através dos quais se chega aos diagnósticos válidos. O diagnóstico criteriológico representa um recurso perante o considerável criticismo ao diagnóstico psiquiátricoproveniente de dentro e de fora da especialidade. Classificações anteriores influenciadas por uma série de teorias incertas com implicações etiológicas, o que dificultava uma aceitação generalizada das mesmas, são substituídas: procurou-se separar a observação psiquiátrica da teoria psiquiátrica. Associam-se nesse processo fatores contemporâneos propulsores, como (1) o avanço de novos métodos terapêuticos (psicofarmacológicos, comportamentais, psicoterápicos), que requerem um avanço nosológico, (2) a capacidade de análise de dados estatísticos através dos computadores e (3) o desenvolvimento de métodos psicométricos para acesso da sintomatologia, do comportamento e da personalidade (Klerman, 1988). A figura I nos oferece uma idéia de como se desenvolveram os critérios diagnósticos (adaptado de Spitzer e Williams, 1985); as principais contribuições atuais decorrem da etapa “c”, onde se aplicam os avanços estatísticos e científicos. Breve histórico dos atuais diagnósticos criteriológicos As disputas conceituais ou teóricas em psiquiatria existem não apenas devido à complexidade dos fenômenos psíquicos, mas também devido às diferentes populações de pacientes com que se lida. Antes da segunda guerra mundial, os diagnósticos visavam os quadros clínicos graves hospitalares e possuíam uma conotação eminentemente orgânica. Com a importância assumida durante a guerra pela psiquiatria americana no tratamento de casos extra-hospitalares, e com o enorme desenvolvimento dela em nível comunitário, onde sobressaem os quadros mais leves, surgiram pressões para uma mudança de conotação do diagnóstico no sentido de enfatizar conceitos psicodinâmicos/psicanalíticos (como “mecanismos de defesa”) ou também psicossociais/situacionais (“reações” de Meyer), o que resultou no DSM-I (1952). Este apresentava, no entanto, não poucas incoerências em suas definições, mostrava-se insuficiente na classificação de quadros orgânicos, não chegou a ser reconhecido pela Associação Médica Americana e possuía pouca compatibilidade com a CID (OMS). Por esses motivos se elaborou o DSM-II (1968), tendo-se procurado aproximá-lo da CID-8 (aprovada pela OMS em 1966). No DESM-II foram evitados temos que implicavam a natureza ou causa da desordem mental, mas não se pretendeu atingir o grau de neutralidade teórica do DSM-III. O DSM-I foi o sistema classificatório pioneiro no tocante à existência de um glossário para definição das categorias diagnósticas, seguido pelo DSM-II e a CID-8 (glossário anexado apenas em 1972). Não obstante, com o tempo esse avanço se mostrou insuficiente, pois os glossários ainda davam margem a uma confiabilidade bastante baixa, especialmente problemática em pesquisa. Assim é que houve necessidade de investigar os critérios diagnósticos, a serem claramente especificados a partir de conceitos clínicos considerados válidos, e comprovados estatisticamente em pesquisas de campo quanto à confiabilidade (v. figura I); podem ser empregados não apenas para indicar um diagnóstico, como também para excluí-lo. Os primeiros critérios diagnósticos utilizados para um grande número de categorias diagnósticas (total de 16) surgiu em 1972: os “Feighner criteria” da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St, Louis. Posteriormente foram modificados por Spitzer e cols. no “Research Diagnosis Criteria – RDC” (1978), sendo acrescentadas mais categorias diagnósticas (num total de 23). O RDC serviu de base para o DSM-III, concluído em 1979, que cobriu nada menos que 150 categorias diagnósticas, consubstanciando uma revolução na classificação e no diagnóstico psiquiátricos. O DSM- III-R e o DSM-IV não apresentam grandes mudanças em relação ao DSM-III, se comparadas com as ocorridas em relação aos DSM anteriores. Procura-se torná-los cada vez mais compatíveis com a CID, esta já em sua décima edição e, por sua vez, fortemente influenciada pelo DSM-III e sucessores. A → Conceito clínico com validade de face Concordância entre clínicos da identificação e denominação como transtorno mental de uma síndrome particular ou de um padrão de características clínicas B → Procura de critérios que confiram validade descritiva ao transtorno Critérios de inclusão mais específicos e de exclusão, que confiram características relativamente únicas ao transtorno C → Testar e aprimorar a confiabilidade dos critérios em pesquisa de campo, de modo empírico-estatístico Estudo da validade preditiva do transtorno (estudos do curso e de respostas terapêuticas) Estudo da validade construtiva do transtorno (estudos genéticos, de anormalidades biológicas, de causas psíquicas) A B C Devem surgir novas subcategorias, com validades de face e descritiva, demandando novos testes de confiabilidade, etc. (p. ex., como ocorrido com os transtornos de ansiedade) Figura I: Apresentação esquemática do desenvolvimento de critérios diagnósticos. Críticas Atribuídas ao diagnóstico criteriológico Questiona-se se os diagnósticos criteriológicos, por sua natureza reducionista, correm o risco de perder em profundidade, isto é, de excluir uma série de dados relevantes referentes ao fenômeno clínico que são, de fato, de natureza mais subjetiva e de pouca confiabilidade entre examinadores em geral, mas de uso corrente entre clínicos experientes (Kraus, 1994). Como exemplo, podem-se citar os critérios de E. Bleuler para a esquizofrenia: autismo, perda das associações, ambivalência afetiva e afeto inapropriado, ou o “sentimento precoce” descrito por Rümke. Nesse contexto, questiona-se até que ponto o amplo uso de critérios baseados especialmente em dados externos mais observáveis não acarretaria um empobrecimento da experiência e da dimensão clínica psiquiátrica, inclusive do fundamental relacionamento entre terapeuta e paciente (Wallace, 1994). Com a acentuação de um empirismo rígido ocorreria uma perda da “technè” hipocrática (Baltazer, 1993). Essas colocações podem não fazer sentido para o profissional já experiente que passa a utilizar os diagnósticos criteriológicos como orientação, mas assume importância no tocante à formação profissional numa sociedade eminentemente técnica, onde os critérios e as normas são colocados acima da essencial empatia com o paciente. Portanto, é prudente ter em mente que, apesar dos consideráveis avanços, os atuais sistemas diagnósticos psiquiátricos não são mais do que manuais provisórios para orientação ao profissional. E deve estar claro que nesses manuais os critérios subjetivos, dúbios ou intermediários foram previamente excluídos, o que não implica na existência dessas características na clínica. De fato, os manuais não cobrem toda a magnitude e a variabilidade dos quadros clínicos verificados na prática; em termos técnicos, a validade dos mesmos (“coverage”) não é elevada, ou não haveria tantas possibilidades não especificadas ou de quadros atípicos. Possibilidades, inclusive, reconhecidamente maiores nos sistemas classificatórios recentes, mesmo porque, como argumentam Spitzer e Williams (1985), em psiquiatria é clinicamente prudente ter mais diagnósticos falso- negativos dos que falso-positivos. Lembramos, ainda, que procedimentos matemáticos desenvolvidos para gerar categorias diagnósticas não trouxeram resultados: as categorias diagnósticas da classificação dos transtornos mentais possuem suas origens na clínica. Essa é uma das razões pela qual não bastam critérios, manuais diagnósticos, entrevistas estruturadas e computadores para se diagnosticar. É necessária uma vivência clínica. Algumas abordagens alternativas Neste ponto, é interessante mencionar uma postura que vem sendo adotada há alguns anos por Schwartz e Wiggins. Também, conforme consideram os autores, modesta diante da complexidade clínica. Eles retornam ao diagnóstico segundo tipos ideais de Max Weber e de Jaspers. Tipos ideais significamformar uma ordem conceitual, uma noção inicial subjetiva de uma realidade que não podemos apreender inteiramente, permitindo-nos um acesso a ela e possibilitando sua investigação (vide citação de Jaspers, atrás). Portanto, quando desconhecemos as causas de uma desordem psíquica, quando não apreendemos inteiramente a realidade que representa, podemos utilizar-nos de tipos ideais para abordá-la. Estes focam a realidade de acordo com certos pontos de vista que são determinados por nossos valores psiquiátricos, sendo que as características especificadas conforme um tipo ideal não precisam estar todas presentes nos casos individuais reais (Wiggins e Schwartz, 1994). Os mencionados autores consideram que, no atual estágio do conhecimento psiquiátrico, a maioria das doenças mentais pode ser melhor definida usando tipos ideais. Em sua essência sabidamente arbitrários ou subjetivos, e possuidores basicamente de valor heurístico, poderiam ser adaptados a diferentes propósitos, como os pretendidos pelas classificações psiquiátricas. Julgamos também de valor heurístico modelos sistêmicos ou unitários das desordens mentais, como, por exemplo, os desenvolvidos por Ciompi (1982) e por Janzarik (1988). É possível que as denominadas desordens funcionais (ou endógenas) espelhem mecanismos fisiológicos integrados, sendo elas de alguma forma interdependentes. Inserir-se-iam em determinada ordenação ou organização psicofisiológica. Essa é uma possibilidade que sempre caminhou ao lado do ímpeto nosológico de se estabelecer entidades categoriais discretas ou descontínuas (Viotti- Daker, 1994). Especulações ou investigações sobre tais modelos dimensionais que consideram aspectos em parte nomotéticos e idiográgficos podem tomar vulto numa psiquiatria futura. Por ora, a orientação categorial, a bem dizer uma “Leitidee” ou uma idéia no sentido kantiano, seria mais frutífera (Jaspers, 1913, 1946). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Baltazar MI. Medicina hipocrática e DSM-III. Temas 1993; 23:18-24. Bleuler E. Psiquiatria. 15ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985:75. Bumke O. Über die Umgrenzzung des manisch-depresiven Irreseins. Zentralblatt für Nervenheilkunde und Psychiatrie 1909; 32:381-403. Ciompi I. Affektlogic. Über die Struktur der Psyche und ihre Entwicklung. Ein Beitrag zur Schizophrenieforschung. Stuttgart: Klett-Cotta, 1982. Ey H. Grundlagen einer organo-dynamischen Auffassung der Psychiatrie. Fortschr Neurol Psyhiat 1952; 20:195-209. Janzarik W. Der schizoaffektive Zwischenbereich und die Lehre von den primären und sekundären Seelestörungen. Nervenarzt 1980; 51:272-9. 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