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1 ESTÁGIO SUPERVISIONADO: QUESTÕES E DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM EAD Gianine Maria de Souza Pierro1; Márcia Cristina Alves dos Santos2; Rosalva Drummond3 Grupo 2.1. Docência na Educação a Distância: Formação e saberes RESUMO: Neste trabalho temos como foco o debate quanto à formação docente na modalidade do ensino a distancia, as questões e os desafios que provocam. Trazemos para reflexão a experiência das práticas que acontecem no curso de Licenciatura em Pedagogia semi-presencial da Unirio, vinculado ao consórcio Cederj no estado do Rio de Janeiro, especificamente no Estágio Supervisionado 1 em Educação Infantil. Nosso objetivo é compreender o estágio supervisionado como um campo de construção de conhecimento e portanto as dimensões teórico metodológicas que esta escolha considera e também investigar as possibilidades que a formação docente assume quando é pensada nesta perspectiva. Acreditamos contribuir para o campo da formação de professores, especificamente nas práticas de estágio supervisionado, na medida em que cenários, saberes, conceitos e metodologias de formação estão em cena considerando a relevância da universidade como lócus de formação articulado aos espaços dos pólos, das escolas e creches. Outra dimensão significativa deste trabalho destaca a produção de conhecimentos que o estágio supervisionado pode trazer para a formação de professores. Palavras-chave: formação de professores em modalidade EaD; estágio supervisionado como campo de conhecimento; estágio supervisionado e práticas de intervenção reflexão; saberes profissionais. ABSTRACT: SUPERVISED: ISSUES AND CHALLENGES IN TEACHER EDUCATION IN EAD In this paper we focus the discussion on teacher education in distance learning mode, the issues and challenges that cause. We bring to reflect the experience of the practices that occur in the course of Pedagogy semi-presence of Unirio, Cederj consortium linked to the state of Rio de Janeiro, specifically Supervised 1 in kindergarten. Our goal is to understand the supervised internship as a field of knowledge building and therefore the theoretical dimensions that this methodological choice and considers also investigate the possibility that teacher training takes when it is designed with this in mind. We believe contribute to the field of teacher education, specifically in the practice of supervised, in that scenario, knowledge, concepts and methodologies of training are on the scene considering the importance of the university as a place of training spaces articulated to the poles, schools and 1 Professora Adjunta da UERJ / Coordenadora de Estágio Supervisionado 1 Educação Infantil do curso de Licenciatura em Pedagogia Unirio – gianine@oi.com.br 2 Mestranda em Educação UFF / Tutora de Estágio Supervisionado 1 Educação Infantil do curso de Licenciatura em Pedagogia Unirio 3 Mestranda em Educação UERJ / Tutora de Estágio Supervisionado 1 Educação Infantil do curso de Licenciatura em Pedagogia Unirio 2 nurseries. Another significant dimension of this work highlights the production of knowledge that supervised training can bring to teacher education. Keywords: teacher training in EaD mode; supervised internship as a field of knowledge; supervised reflection and intervention practices; professional knowledge 1. Introdução O campo da formação de professores, na modalidade ensino a distancia (EAD), vem ganhando atualmente espaço e tem sido procurado por uma significativa parcela do público que almeja o diploma de ensino superior. Os motivos pelos quais esta procura vem crescendo podem ser discutidos tanto no âmbito das políticas de ensino superior como também pelas questões sócio-educacionais que especificamente, os cursos a distancia, podem acenar. Corroborando com este debate, nossa proposta aqui é refletir e contribuir para esta temática que reconhecemos como um espaço em expansão na educação brasileira, notadamente para a formação de professores, nos desafios que se apresentam. Em nossa discussão a visão sobre EaD e formação docente, com a qual pretendemos dialogar neste trabalho, está pautada em alicerces que a teoria da complexidade, desenvolvida por Edgar Morin, oferece. Dentre os desafios que este autor aponta para o enfrentamento da educação no século XXI, não só referentes aos saberes científicos, culturais como os da própria formação docente, buscamos também, nas bases da teoria da complexidade, compreender as possibilidades da EaD como processo dinâmico para o qual precisamos desenvolver estratégias na relação ensino – aprendizagem que propiciem a análise, a problematização e a reflexão no campo desta formação. Para nós que viemos trilhando caminho nas práticas de estágio supervisionado se pretendemos qualificar os cursos de licenciatura nesta modalidade de ensino devemos reconhecer a expansão que a EAD vem alcançando e conseqüentemente as demandas de cuidado e atenção próprios com vistas a qualificar os cursos de licenciatura nesta modalidade de ensino. As reflexões neste trabalho têm como palco o curso de Licenciatura em Pedagogia semi-presencial da Unirio, direcionando para as propostas que viemos realizando nos últimos anos, nas atividades de Estágio Supervisionado 1 em Educação Infantil. Em nossas discussões a partir dos planejamentos, registros e ações da coordenação; da tutoria presencial e a distancia de estágio; das atividades nos pólos e das atividades e relatórios dos alunos, destacamos a questão da comunicação e da aprendizagem/formação como dimensões onde se faz necessário propor e definir ferramentas, instrumentos e os meios a serem utilizados na construção do fazer docente, considerando que eles possuem características próprias. Outra dimensão evidenciada neste estudo, como uma vertente frente à formação docente, está desenhada na articulação universidade-escola, lócus ímpar para a formação de professores, uma vez que a aprendizagem individual que os alunos vão construindo ao 3 longo do curso precisa ser vivenciada em escolas em práticas de estágio e realimentada nas práticas coletivas e de troca de aprendizagens que acontecem nos pólos. Desta forma a primeira idéia que o ensino a distancia possa pressupor de um modelo de estudo individualizado, no caso da formação de professores nos parece uma visão superficial e inadequada, uma vez que solicita ação direta com um fazer educativo que precisa ser vivido em espaços coletivos – seja na escola/creche seja no encontro presencial no pólo. Assim licenciandos, curso (EAD) e realidade escolar criam uma triangulação dinâmica diante da qual surgem desafios e necessidades de estratégias da relação ensino - aprendizagem para os quais nós, formadores de professores, não podemos evitar em conhecer, compreender e aprofundar. 2. Estagio Supervisionado no curso de Licenciatura em Pedagogia da Unirio: contextualizando nosso curso O curso de Licenciatura em Pedagogia da Unirio (PLI/Unirio) tem sua origem em 2003 inicialmente no formato e estrutura do curso Paief /Uniro - Curso de Pedagogia voltado especificamente para a formação de professores para os anos iniciais do Ensino Fundamental, integrado ao Consórcio Cederj. Este consórcio do qual participam seis universidades públicas sediadas no Estado do Rio de Janeiro foi elaborado em 1999, através do documento gerado por uma comissão formada por dois membros de cada universidade juntamente com a SECT – Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia. Esse documento foi assinado pelo governador do Estado do Rio de Janeiro e pelos reitores das universidades consorciadas no dia 26 de janeiro de 2000, firmando as bases para o Consórcio CEDERJ. Atendendo às diretrizes para a formação de professores do MEC (Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006) o curso de Pedagogia passou por uma revisão curricular e apresentaagora a estrutura diante da qual nos debruçamos - curso de Licenciatura em Pedagogia da Unirio. Em seu modelo curricular o estágio supervisionado é um componente do currículo com 300 horas programadas para acontecer em cinco semestres letivos, a partir do 4° período do curso, distribuídas nas ênfases: Educação Infantil, Educação de Jovens e Adultos, Ensino Médio (Modalidade Normal), Ensino Fundamental e Educação em contextos não escolares. No desenho curricular do curso de Pedagogia (PLI /Unirio) não há uma relação de hierarquia ou pré-requisitos ente os períodos de estágio mas eles estão articulados às disciplinas de fundamentação teórica, elas sim consideradas pré-requisitos para a realização de cada ênfase do estágio. Desta forma, os pré-requisitos não são entre as ênfases do estágio, mas sim às disciplinas exigidas para cursar cada ênfase. O Estágio Supervisionado 1 em Educação Infantil, indicado no 4º período do currículo, acompanhando o desenho da grade curricular, é o primeiro estágio a ser realizado pelos licenciandos. De acordo com o edital do vestibular o estágio é realizado exclusivamente nas creches e escolas publicas em todo o estado do Rio de Janeiro. 4 Ao iniciar o semestre cada aluno é orientado a estabelecer contato com a escola onde pretende estagiar. Para tanto deve formalizar suas atividades como estagiário apresentando a Carta de Apresentação e o Termo de Compromisso de Estágio, instrumentos inseridos na Plataforma Cederj e também impresso nos pólos. Esta licenciatura atende um total de 18 pólos localizados nas diferentes regiões do estado, recebendo alunos dessas cidades e também de municípios e outras cidades do entrono. Os pólos estão sediados nas cidades de: Bom Jesus de Itabapoana; Barra do Piraí; Cantagalo; Itaperuna; Itaocara; Macaé; Miguel Pereira; Natividade; Niterói; Piraí; Rio Bonito; Rio das Flores; Saquarema; São Fidélis; São Francisco de Itabapoana; Santa Maria Madalena; Três Rios e Volta Redonda. Portanto a abrangência e diversidade de população, escolas e creches, políticas e demandas educativas e interesses formativos é bem variada. A presença da tutoria e dos mecanismos de comunicação oferecidos pela plataforma vêm de encontro à dinâmica desta proposta de estágio. Num trabalho par e passo, compartilhando conceitos quanto à docência e ao estágio, nosso grupo é composto por 18 tutores presenciais, atuando diretamente no pólo e 4 tutores a distancia com carga horária total de 60 horas destinadas às atividades e orientações que acontecem na coordenação central na Unirio. 3. Em campo: o estágio Como princípio no curso PLI /Unirio buscamos superar a dicotomia identificada nos cursos de formação de professores onde o estágio se reporta às atividades práticas distinguindo-se das disciplinas, responsável pela base teórica, compartilhamos com Pimenta e Lima, a visão de “estágio como atitude investigativa, que envolve a reflexão e a intervenção na vida da escola, dos professores, dos alunos e da sociedade.” (2004 p. 34). Considerar o estágio como um campo de conhecimento significa, de acordo com pensamento de Pimenta e Lima (2004) é atribuir-lhe um estatuto epistemológico que supere sua tradicional redução à atividade prática instrumental. Para fundamentar essa concepção, vemos que o estágio, componente curricular no qual se produz a interação entre o curso de formação e o campo social, pode constituir também uma atividade de pesquisa/formação. Focalizamos como objetivo deste estágio o campo de conhecimento que se produz na interação entre cursos de formação e o campo social no qual se desenvolvem as práticas educativas e ainda, significar os processos formativos dos licenciandos a partir das ações e dos saberes necessários à docência contextualizados e problematizados no segmento da Educação Infantil. Assim, conhecer a realidade da escola e do sistema de Educação Infantil em seus aspectos sociais, culturais e educacionais; produzir e aprofundar conhecimentos teórico- práticos quanto à docência na participação e reflexão da realidade escolar; construir estratégias de intervenção nesta realidade visando à aprendizagem do fazer docente; e participar das atividades presenciais nos pólos como práticas de troca de experiência e 5 produções dos estagiários, são objetivos específicos para os quais voltamos nossa ações de formação. Acreditamos enfrentar/dialogar com a questão que se coloca de como dimensionar o estágio nesta perspectiva. Procuramos diferentes estratégias a fim desenhar proposta que indique esta escolha metodológica. Como ponto central está a dimensão autoral que o estágio pode oferecer aos licenciandos nas práticas das ações docentes no estágio. Na apresentação no Guia de Estágio, elaborado para este curso e revisto a cada semestre, destacamos: “Sendo o estágio um componente do currículo, assume características próprias de realização e por isso demanda compromisso e tarefas específicos. O momento desta prática oportuniza você (licenciando) a refletir sobre as suas próprias ações docentes, revisando e aprofundando os saberes adquiridos tanto neste curso como ao longo de sua vida. Por isso, o estágio é sempre o desenvolvimento de um trabalho de investigação e reflexão crítica, realizado no contato cotidiano com a realidade escolar e com as diversas pessoas, o que torna a prática do estágio uma experiência viva, dinâmica, específica e participante da proposta educacional.” (PIERRO, 2012) Entendendo que a formação docente não é um processo pontual, mas que se dá ao longo de toda a vida de cada professor na construção dos saberes profissionais, referencias de fundamentos nos pensamento de Freire (1996), Nóvoa (2002) e Schön (1992), entre outros autores da atualidade que refletiram e refletem sobre esta formação Com a intenção de significar os processos formativos a partir das ações e dos saberes necessários à docência contextualizados e problematizados no segmento da Educação Infantil, o estágio supervisionado aqui proposto deve possibilitar um envolvimento experiencial e interativo dos licenciandos com a instituição escolar, criando condições de aprendizagem que podem propiciar a aquisição de saberes profissional. No decorrer do semestre as atividades se voltam para três perspectivas: (a) atividades específicas dos estagiários de preparação e reflexão para elaboração de relato e relatório, leituras e pesquisa de textos; (b) atividades presenciais no pólo; e (c) atividades na escola englobando aquelas voltadas para realização de planejamentos de projetos de atividades, observação de alunos, participação em atividades de gestão escolar. No inicio do estágio é proposto ao aluno que elabore um Plano de estágio que parta do diagnóstico feito da escola e se entrelace com as expectativas de formação deste licenciando. Neste planejamento deverá apresentar pesquisas, levantamentos, planejamento de atividades e de projetos, brincadeiras, participação em eventos e comemorações, reuniões de acompanhamento ou de avaliação e ainda disponibilizar carga horária para observações, conversas, elaboração de quadros diagnósticos, , leituras, produções de materiais para atividades na creche ou escola, elaboração de relatos e relatórios e participação nas atividades presenciais no pólo. Trata-se de um plano que atenda as diferentes possibilidades de realização do estágio e que considere tatno as atividade práticas quanto àquelas de elaboração e reflexão sobre a prática. 6 Nas orientações recebidas pelos alunos através da Plataforma Cederj, na participação nas tutorias presenciais e no contato com a tutoria a distancia, este planejamento é apresentado como: “essencial para a realização do estágio uma vez que o estagiário deve apresentar/construir sua proposta de estágio articulando o cenário educacional e os três eixos indicados no Estágio Supervisionado 1 com às formas de atividades e respectiva avaliaçãoque acontecerão no semestre.” (PIERRO, 2012) No decorrer do semestre com a aproximação da escola e a realização das ações propostas os licenciandos vão articulando teoria e prática nas atividades que realizam e na produção de registros e reflexões de forma explorar dimensões da formação docente apropriando-se de experiências e aprendizagens 4. Questões e desafios Diante do cenário que desenhamos para o estágio como se dá para os licenciandos esta formação? O que de apropriação de saberes os licenciandos reconhecem? Em que direção apontam suas práticas e ações nas escolas e creches no estado do Rio de Janeiro? Quais contribuições, para o campo de formação docente em EAD, podemos aportar? O campo de prática da ação docente – a escola, não difere em forma e conteúdo daquelas propostas no sistema presencial de ensino. Todo aluno deverá realizar estágio nas instituições escolares articulando o conceito de aprendizagem/formação. Envolver-se no processo de aprendizagem é condição básica que motiva esta construção. A integração do aluno nesse processo se dá no momento em que os saberes docentes se tornam significativos para ele. É necessário que perceba por que está realizando cada atividade e o significado do estágio a fim de apropria-se deste fazer. De acordo com Lima, “A atenta observação pode abrir um leque de outras questões sobre o cotidiano escolar, no qual os estagiários aprendem a profissão docente e encontram elementos de sua identidade na interação e intervenção que lhes confiram reconhecimento de sua presença naquele espaço; realizando as articulações pedagógicas possíveis que os tornam sempre estagiários de novas experiências e que os façam refletir sobre a escola enquanto espaço do fenômeno educativo. (2009, p.47) Nos registrados de alunos em relatos e relatórios de estágio, percebemos a aproximação da práxis educativa na dimensão apresentada por Nóvoa (2002): a pessoa do professor e sua experiência; a profissão e seus saberes e a escola e seus projetos. Selecionamos de nosso acervo das produções de relatórios finais dos licenciandos esses depoimentos: Este estágio contribuiu de forma efetiva para minha formação docente. Eu fiz o curso Normal a nível médio e o curso Normal Superior, todos os dois tinham carga horária enormes de estágio, mas era só observar, ajudar a professora da turma e dar aulas. Agora não. Fomos muito bem orientados durante todo o estágio e não fomos lá para copiar a professora da turma, fomos para colocar 7 em prática o que aprendemos nas disciplinas. (Auto-avaliação / aluno pólo Itaperuna / junho de 2010) Através da vivência do estágio pude perceber, digo recordar, meus primeiros anos na escola. Pude também aprender com as observações e estudos como estão se comportando as novas gerações e quais são as novas concepções pedagógicas. As reflexões sobre as mudanças na forma de se educar, muito me ajudaram e irão nortear a minha prática porque foram muito enriquecedoras.( Auto-avaliação / aluno pólo Itaperuna / junho de 2010) O reconhecimento de que a formação docente não se dá somente por acumulação de cursos, de conhecimento ou de técnicas, mas também através de um trabalho de reflexão crítica sobre práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal, segundo Nóvoa (1992) agrega estatuto ao saber da experiência e justifica o investimento na pessoa do professor em formação. A parceria universidade/escola, como campo de estágio, se afirma como lócus de compreensão do que está sendo vivenciado e aprendido, fruto do relacionamento entre os novos saberes e conhecimentos anteriores. O desafio colocado nesta parceria para a modalidade ensino a distancia passa a ser um dos cenários com os quais, nós, formadores de professores, atuamos e aprendemos também imprimindo um aspecto marcante e outras lógicas que compõe o universo da EaD mas que certamente contribuem para a formação docente. O licenciando constrói relações e aprendizagens no espaço escolar para as quais nós, tutores e coordenadores, precisamos estar disponíveis a conhecer. O processo comunicativo entre aluno/tutoria/coordenação certamente depende de trocas textuais e em algumas circunstâncias utilizam as ferramentas online. Desta forma a impessoalidade desta relação indicada por Neves e Fidalgo (2011) pode ser minorada quando se estabelece mecanismos de parceria e acompanhamento através do o ambiente virtual. A investigação metodológica no enfrentamento das técnicas e propostas das tecnologias de informação e comunicação (Tics) na formação de professores e especificamente no caso do Estágio supervisionado 1 em Educação Infantil, podem acontecer de maneira a buscar alternativas para a formação de professores, e neste sentido, estarem contextualizadas nas metodologias que o campo de estágio como conhecimento do fazer docente pode oferecer. O estudo individualizado e as práticas coletivas de estágio não se colocam em contraposição mas precisam ser vividos na escola, nas atividades presenciais e também nos espaços individualizados aqueles em que o licenciando - professor em formação, reflete, planeja, repensa as aprendizagens. A atenção dispensada à autonomia/autoria é crucial, quando se trata da Educação a distância, exigindo desacomodar-se dos ritos e práticas rotineiras através do exercício da observação e da análise crítica do próprio cotidiano, co-participar e intervir na práxis pedagógica, bem como na organização do espaço escolar, tendo como base o referencial teórico apreendido e construído no decorrer do curso. Concepções quanto ao ensino, aprendizagem e avaliação estão em pauta no momento do estágio. Muito embora alguns paradigmas mais amplos sobre educação 8 sejam mantidos, para a interação entre alunos/tutores e coordenadores que vivem o processo de formação em EaD, é importante a clareza quanto às estratégias para a construção de aprendizagens docentes e de avaliação. Neste aspecto é fundamental as ferramentas disponíveis no ambiente virtual, como também a autonomia e capacidade de autorregulação e autoavaliação presentes na estrutura proposta para o estágio. Embora não seja objeto deste trabalho o estudo de gênero, temos observado que com o avançar dos períodos letivos uma quantidade maior de alunos do gênero masculino tem se inscrito em Estágio supervisionado 1 em educação infantil. Seja por conta do interesse em cursar Licenciatura em Pedagogia na modalidade semi presencial, o fato é que no segundo semestre de 2011, dos 260 alunos inscritos, 25 eram homens, o que correspondeu a quase 10% dos alunos inscritos naquele período. Acreditamos que, mais adiante poderemos aprofundar a investigação quanto às possíveis contribuições e desafios que este fato pode agregar ao curso e às políticas de formação docente. 5. Comentários Finais Ao nos debruçar sobre as ações que realizamos no curso de Licenciatura em Pedagogia semi-presencial da Unirio, na proposta do Estágio Supervisionado 1 em Educação Infantil, vamos reconhecendo a organicidade que Morin (2004) identifica na educação do século XXI. Não se trata mais de um único modelo para formação docente, mas de reconhecer conteúdo em diferentes formas de expressão e possibilidades acadêmicas e de qualificação profissional. Assim não colocamos de maneira antagônica a formação de professores em sistemas presencial e a distancia. Ao contrário reconhecemos especificidades nos seus processos, propriedades em seus saberes e articulações nas contribuições que podem trazer para o universo da educação. Como Lima (2009), nossas reflexões a partir das produções e aprendizagens dos licenciandos apresentam dois princípios marcantes: o trabalho do professor é princípio educativo e está fundamentado na práxis, pontos de partida e chegada no caminhar da educação. O estágio supervisionado no curso de pedagogia se desenha como um espaço interativo de revisão do fazer pedagógico, de visão interdisciplinare de enriquecimento profissional. Essas características possibilitam, no âmbito da formação docente, somar consciência política e social necessária à compreensão e inclusão no mundo do trabalho. Acreditamos contribuir para o campo da formação de professores, especificamente nas práticas de estágio supervisionado, na medida em que cenários, saberes, conceitos e metodologias de formação estão em cena considerando a relevância da universidade como lócus de formação articulado aos espaços dos pólos, das escolas e creches. Investir nas dimensões da identidade e memória docente, nas ações pedagógicas, no trabalho docente e nas práticas institucionais, na escola, sua organização e seu movimento situados em contextos sociais, históricos e culturais, são escolhas que vem 9 confirmando a produção de conhecimentos que o estágio supervisionado pode trazer para a formação de professores. 6. Referências BRASIL. MEC/CNE. Parecer CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf FREIRE P. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários á prática educativa. São Paulo. Paz e Terra. 6ª edição. 1996. HORA, D; PIERRO, G; FERNANDES, J.N. Estágios 1 a 5 – Unirio. Rio de Janeiro. Fundação Cecierj. 2010. LIMA, M. S. O estágio nos cursos de licenciatura e a metáfora da árvore. 2009. http://pesquiseduca.unisantos.br/wp-pdf/v1n1/publicado_v1n1a004.pdf MORIN, E. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro. Bertrand do Brasil. 2001. _________. A religação dos saberes: desafio do século XXI. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil. 2002._________. A cabeça bem feita: pensar a reforma ↔ reformar o pensamento. Trad. Eloá Jacobina. Rio de Janeiro. Bertrand do Brasil. 9ª edição. 2004. NEVES, I.S.V.; FIDALGO, F.S.R. Tutor em educação a distância. Presença Pedagógica, Belo Horizonte, n. 98, mar.abr.2011, p. 62-68. NÓVOA A. Formação de professores e trabalho pedagógico. 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