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DESCRIÇÃO Descrição do estágio supervisionado em Educação e de sua importância na formação de professores, incluindo legislação, missão e prática. PROPÓSITO Apresentar o estágio supervisionado a partir da legislação e da prática, percebendo a indissociabilidade entre teoria e prática na formação docente. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer a importância da prática no estágio em Educação MÓDULO 2 Reconhecer a legislação que envolve o estágio supervisionado em Educação INTRODUÇÃO O objetivo deste tema é discutir o papel do estágio na formação de professores. Para isso, compreenderemos a sua função e conheceremos a legislação que rege o estágio. Será o estágio um exercício importante para a formação dos futuros professores? Sabemos que o estágio objetiva relacionar os conhecimentos teóricos e práticos, integrando o processo de ensino- aprendizagem e se configura como uma estratégia importante na formação do futuro professor, por se constituir de vivências muito específicas que possibilitam a compreensão da complexidade da docência. A fim de realizarmos esse debate, conhecendo, refletindo e compreendendo o tema, dividimos o assunto em dois módulos: no primeiro, vamos pensar sobre a importância da prática do estágio na vida dos futuros professores, juntamente com diferentes autores. No segundo, vamos conhecer a legislação que rege os estágios obrigatórios dos cursos de licenciatura e Pedagogia. MÓDULO 1 Reconhecer a importância da prática no estágio em Educação ENTRANDO NO ESTÁGIO O relato dos alunos sobre o estágio em seu cotidiano nos oferta uma chance interessante. Reunindo dados diversos, podemos tirar como síntese que geralmente os alunos afirmam que seu maior susto é ver a realidade de uma sala de aula, perceber os desafios por vir, aprender a lidar com eles e entender como superá-los. Alguns se veem desiludidos, outros se sentem desafiados, mas todos percebem: essa escolha pela docência é importante e faz diferença. Lidar com crianças e adolescentes é de uma coragem que a maior parte das profissões sequer concebe. Foto: Shutterstock.com Como afirma Wallon (2007, p. 17): [...] NÃO HÁ OBSERVAÇÃO SEM ESCOLHA OU SEM ALGUMA RELAÇÃO, IMPLÍCITA OU NÃO. A ESCOLHA É DIRIGIDA PELAS RELAÇÕES QUE POSSAM EXISTIR ENTRE O OBJETO OU O ACONTECIMENTO E NOSSA PERSPECTIVA [...]. (2007, p. 17) Desse modo, quando os alunos passam a observar o cotidiano, o contexto da escola em questão, desde a estrutura física até as aulas propriamente ditas, passam a pensar as áreas, as turmas e as estratégias que podem ser úteis. Até a observação dos professores sobre o que fariam e muitas vezes aquilo que eles prometem nunca fazer. Vamos ouvir a voz da experiência? A professora Marta é coordenadora de curso superior em pedagogia, gestora educacional e recebeu muitos estágiários em sua experiência como professora. Vamos ouvir o que ela tem a nos contar sobre o papel do Estágio Supervisionado em Educação: Repare no que os alunos mais falam sobre o Estágio segundo a professora: dizem ter a oportunidade de “conhecer de perto a realidade de uma sala de aula”. Mas não parece estranho? Afinal eles vieram da escola. Todos os que chegaram à faculdade passaram por escolas; algumas podem ter sido conhecidas na condição de visitantes. Entretanto, esses alunos se assustam como se nunca tivessem entrado em um estabelecimento escolar. O que acontece para provocar esse estranhamento? Simples. O aluno mudou de lado, de perspectiva; ele agora se vê responsável e se pergunta: responsável pelo quê? Medo, violência, falta de estrutura, número de alunos, comportamento, entre outros, são fatores que podem causar esse choque de uma só vez. AFINAL, O QUE É O ESTÁGIO SUPERVISIONADO? O estágio supervisionado pretende fortalecer a relação teoria-prática, baseado no princípio de que o desenvolvimento profissional implica em utilizar conhecimentos adquiridos na universidade, na escola e na vida pessoal. Sendo assim, o momento do estágio se constitui como um importante instrumento de conhecimento e de integração do estudante na realidade do trabalho em sua área, o que envolve um conhecimento social e econômico do cotidiano da/na escola. É a expressão e a consolidação do aprendizado acadêmico fora dos limites da universidade. É o espaço onde o estudante de licenciatura ou Pedagogia desenvolverá seus conhecimentos junto ao público-alvo da sua profissão, integrando teoria e prática e percebendo a indissociabilidade entre esses dois eixos. Foto: Shutterstock.com O estágio supervisionado pode, então, ser caracterizado como uma atividade didático-pedagógica que é de ordem social e que proporciona ao estudante, futuro professor, a participação em situações reais, em que este terá a oportunidade de desenvolver um trabalho relacionado com sua profissão, pois a sala de aula é o lugar de compartilhamento de ideias, troca de experiências, reconhecimento das diferentes histórias e enfrentamento de desafios. Enfim, é a vida cotidiana que atravessa a escola e que precisa ser vivida pelos futuros professores, que terão como espaço e tempo de trabalho, a sala de aula. Na formação de professores, o estágio supervisionado tem sido campo de estudos de muitos pesquisadores que têm revelado suas dificuldades e seu potencial. O ESTÁGIO É O EIXO CENTRAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES, POIS É ATRAVÉS DELE QUE O PROFISSIONAL CONHECE OS ASPECTOS INDISPENSÁVEIS PARA A FORMAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE E DOS SABERES DO DIA A DIA. (PIMENTA; LIMA, 2012) A experiência do estágio é essencial para a formação do estudante, pois, ao chegar à universidade, ele se depara com um conhecimento teórico, que muitas vezes é difícil relacionar com a prática a ser vivida. É fundamental, então, que essa formação aconteça também nas escolas de educação básica, dentro da sala de aula, junto a outros docentes, vivenciando situações reais de participação no cotidiano e enredando teoria e prática. Para Pimenta e Lima (2012), o maior desafio das instituições formadoras consiste no intercâmbio, durante o processo formativo, entre o que se teoriza e o que se pratica, no sentido de que o futuro profissional consolide sua formação compreendendo essa relação. COMENTÁRIO Várias discussões e muitos desafios envolvem esse intercâmbio apontado pelas autoras: estratégias necessárias para viabilização das parcerias entre as IES e as escolas, o entendimento da escola básica como lócus da formação e a tessitura de saberes são motivos de embates, pois o cotidiano desse fazer que envolve a relação universidade-escola não está dado e precisa ser disputado e enfrentado. Roldão (2007) aponta que a formação dos profissionais da Educação requer a articulação das escolas de educação básica com as IES (Instituição de Ensino Superior) , pois só isso possibilitará a inserção do futuro profissional em um ambiente de trabalho. Nessa perspectiva, a autora afirma que “a formação inicial só será eficaz se transformar-se em formação em imersão, também transformadora dos contextos de trabalho” (ROLDÃO, 2007, p.40), de modo que se construam parcerias de formação, que podem e devem gerar a transformação dos contextos de trabalho. Ou seja, a relação universidade-escola ou professor-licenciando precisa ser uma via de mão dupla, de forma que na relação todos aprendam. Para isso, é necessário que a escola básica seja concebida como espaço de formação profissional. Isso quer dizer que não são apenas as instituições de ensino superior as responsáveis por essa formação. Nesse sentido, o estágio supervisionado está situado justamente nessa interseção entre a universidade e as escolas de educação básica e deve possibilitar a articulação entre a dimensão teórico-prática na formação do professor. POR QUE OS ALUNOS SÃO OBRIGADOS A FAZER ESTÁGIO PARA RECEBER O DIPLOMA? Alunos reclamam muito de fazer estágio. Os cursos de licenciatura têm um grande volume de alunos trabalhadores, com muita dificuldade de cumprir a longa carga horária de 400 horasem ambiente escolar. Mas essa proposta não deve ser entendida como uma exigência descabida. Ela é fundamental. São muitas as questões que atravessam o cotidiano colocando em discussão os estágios obrigatórios. Aspectos como a localização e o horário de funcionamento das escolas, tendo em vista as condições de acesso e o deslocamento dos estudantes, principalmente daqueles que trabalham, assim como a possibilidade de acompanhamento da própria IES, o que está relacionado não somente ao acesso/deslocamento, mas também à quantidade de estagiários em cada escola e ao número de escolas para cada docente da universidade. Esses dilemas são vivenciados e precisam estar na pauta das discussões. O acolhimento é outro ponto importante: a receptividade das escolas-campos de estágio e o entendimento do significado do estágio são fundamentais para a compreensão de que deve haver uma relação de troca horizontal; o estágio não é um espaço de fiscalização ou crítica do trabalho da escola. Esse ponto revela a necessidade de uma parceria entre a universidade e a escola, pautada em uma relação de diálogo entre as unidades, de modo que críticas, sugestões, discussões e as relações sejam sempre discutidas para que todos aprendam no processo. De acordo com Tardif (2008), a parceria requer o envolvimento desses dois grupos de sujeitos: os professores que atuam na universidade e os que atuam na educação básica. Assim, os estágios podem ser mais próximos da realidade e das necessidades de formação dos estudantes, beneficiando todos os atores do processo: Licenciandos que podem participar mais ativamente do processo de ensino aprendizagem vivido nas salas de aula. Professores da educação básica que ao lidar com os estagiários, atuando como seus formadores, podem estar sempre avaliando e reavaliando suas práticas. Docentes da universidade que aprendem, pesquisam e atuam de forma mais integrada ao cotidiano das escolas, pois formar professores a partir do contexto da atividade profissional possibilita que todos sejam capazes de refletir sistematicamente sobre suas práticas, explicitando intencionalmente seus saberes profissionais. Para que a parceria universidade-escola se consolide, é preciso reconhecer o papel da escola como espaço de formação do futuro profissional e, para isso, é necessário que sejam pensadas políticas que facilitem a relação de licenciandos e professores da escola básica como, por exemplo, o tempo de atendimento, o local onde podem ser discutidos os planejamentos semanais e avaliações. IMPORTANTE Ou seja, é importante que os professores da escola básica, além da presença dos licenciandos em sala de aula, possam ter um horário em sua grade de trabalho para proporcionar conversas de modo que a aprendizagem dos licenciandos seja mais efetiva e participativa. Esse movimento acarreta uma revisão das condições de trabalho nas escolas, de modo que os professores possam também se dedicar à formação dos futuros docentes, o que implica em investimento financeiro por parte das redes mantenedoras. Apesar desses entraves, consideramos que para os estágios serem de fato significativos como uma experiência e vivência inicial na profissão, é imprescindível que haja uma relação positiva e horizontal entre as instituições envolvidas no processo: universidade e escola. A ideia segue a perspectiva de um modelo de formação profissional, ou seja, uma formação que “passa a ser ‘centrada na escola’ em que os processos formativos passam a ser considerados como processos de intervenção nas organizações escolares” (CANÁRIO, 2000, p. 12). Um modelo no qual os estágios estão em um lugar tão qualificado quanto outras disciplinas dos cursos de formação. Nesse sentido, entendemos que a formação dos docentes é uma responsabilidade coletiva: professores da escola e do ensino superior, assim como das autoridades escolares, como estabelecimentos, comissões escolares etc. (TARDIF, 2008, p. 25). Unir teoria e prática, ou melhor, compreender que não existe teoria sem prática e nem prática sem teoria, é um grande desafio com o qual o estudante de um curso de licenciatura ou de Pedagogia tem que lidar, pois “não é só frequentando um curso de graduação que um indivíduo se torna profissional. É, sobretudo, comprometendo-se profundamente como construtor de uma práxis que o profissional se forma” (FÁVERO, 1992, p.65). O estágio é uma possibilidade de tornar possível essa vivência prática cotidiana. Segundo o artigo 82 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96 “os sistemas de ensino estabelecerão as normas para a realização dos estágios dos alunos regularmente matriculados no ensino médio ou superior em sua jurisdição”. O parágrafo único do mesmo artigo define que o estágio “não estabelece vínculo empregatício, podendo o estagiário receber bolsa de estágio, estar segurado contra acidentes e ter a cobertura previdenciária prevista na legislação específica” (BRASIL, 1996). UMA BREVE HISTÓRIA DO ESTÁGIO EM EDUCAÇÃO A Lei Federal nº 6.494/77, que “dispõe sobre os estágios de estudantes de estabelecimentos de ensino superior e de ensino profissionalizante de segundo grau e supletivo” define algumas regras importantes para orientar esses estágios supervisionados: ART. 1º ART. 2º ART. 3º javascript:void(0); ART. 4º ART. 5º Art. 1º - Os estagiários deverão ser “alunos regularmente matriculados e que venham frequentando, efetivamente, cursos vinculados à estrutura do ensino público e particular, nos níveis superior, profissionalizante de segundo grau e supletivo. § 1º - O estágio somente poderá verificar-se em unidades que tenham condições de proporcionar experiência prática na linha da formação, devendo, o estudante, para esse fim, estar em condições de estagiar. § 2º - Os estágios devem propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem, a serem planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares, a fim de se constituírem em instrumentos de integração, em termos de treinamento prático, de aperfeiçoamento técnico-cultural- científico e de relacionamento humano. Art. 2º - O estágio, independentemente do aspecto profissionalizante, direto e específico, poderá assumir a forma de atividades de extensão, mediante a participação do estudante em empreendimentos ou projetos de interesse social. Art. 3º - A realização do estágio dar-se-á mediante termo de compromisso celebrado entre o estudante e a parte concedente, com interveniência obrigatória da instituição de ensino. Art. 4º - O estágio não cria vínculo empregatício de qualquer natureza e o estagiário poderá receber bolsa, ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, ressalvando o que dispuser a legislação previdenciária, devendo o estudante, em qualquer hipótese, estar segurado contra acidentes pessoais. Art. 5º - A jornada de atividade em estágio, a ser cumprida pelo estudante, deverá compatibilizar-se com o horário escolar e com o horário da parte em que venha ocorrer o estágio. Parágrafo único - Nos períodos de férias escolares, a jornada de estágio será estabelecida de comum acordo entre o estagiário e a parte concedente do estágio, sempre com a interveniência da instituição de ensino (BRASIL, 1977). Em seguida, o Decreto Federal no 87.497/82 regulamentou a Lei Federal no 6.494/77, caracterizando o estágio supervisionado como “estágio curricular”, vinculando-o com a prática do estudante, não como se fosse uma “atividade extracurricular” (BRASIL, 1982). Segundo Bianchi (1998), se o estágio supervisionado for visto como: [...] UMA ATIVIDADE QUE PODE TRAZER IMENSOS BENEFÍCIOS PARA A APRENDIZAGEM, PARA A MELHORIA DO ENSINO E PARA O ESTAGIÁRIO, NO QUE DIZ RESPEITO À SUA FORMAÇÃO, CERTAMENTE TRARÁ RESULTADOS POSITIVOS, ALÉM DE ESTES TORNAREM-SE AINDA MAIS IMPORTANTES QUANDO SE TEM CONSCIÊNCIA DE QUE AS MAIORES BENEFICIADAS SERÃO A SOCIEDADE E, EM ESPECIAL, A COMUNIDADE A QUE SE DESTINAMOS PROFISSIONAIS EGRESSOS DA UNIVERSIDADE. (TRACZ; DIAS, 2006, p. 2). O estágio supervisionado, como o próprio nome já diz, deve ser acompanhado por um docente da escola e um da universidade, reforçando a relação universidade-escola, assim como a relação teoria e prática. A FUNÇÃO E A FORMA DO ESTÁGIO HOJE O estágio supervisionado é realizado com foco na docência na educação básica, passando por processos educacionais e projetos, modalidades e segmentos diversos. O estágio curricular propicia atividades pedagógicas efetivadas em um ambiente institucional de trabalho, reconhecido por um sistema de ensino, que se concretiza na relação interinstitucional, estabelecida entre um docente experiente e o aluno estagiário, com a mediação de um professor supervisor acadêmico. O objetivo do estágio supervisionado é proporcionar ao estagiário uma reflexão contextualizada, conferindo-lhe condições para que se forme como autor de sua prática, por meio da vivência institucional sistemática, intencional, norteada pelo projeto pedagógico dos cursos e o reconhecimento dos projetos políticos pedagógicos escolares. Durante o estágio, o aluno deverá proceder ao estudo e à interpretação da realidade educacional do seu campo de estágio, desenvolver atividades relativas à docência e à gestão educacional, em espaços escolares e não escolares, produzindo uma avaliação desta experiência e sua autoavaliação. A formação do profissional de Educação precisa do estágio para organização e desenvolvimento de seu exercício profissional, preparando-o para perceber contextos diferenciados. Ali ele deve articular a prática educativa, o saber acadêmico e a pesquisa. Nessa perspectiva, os estágios supervisionados assumem um papel preponderante na formação dos discentes. Ao longo dos cursos, o aluno é estimulado a perceber a pesquisa e prática em Educação, e assim, ele desenvolve uma postura de investigação e reflexão como fio condutor da proposta pedagógica do curso. COMENTÁRIO Esse trabalho é continuado pelas disciplinas específicas de estágio supervisionado, a partir da segunda metade do curso, quando, de forma sistemática, o aluno participa mais efetivamente do trabalho pedagógico desenvolvido em escolas e em ambiências educativas de instituições não escolares, e elabora seus relatórios resgatando o suporte teórico trabalhado até então. São momentos em que se oportuniza ao aluno o registro da análise da realidade observada em uma dimensão propositiva. As atividades de estágio, no campo, ganham importante significado quando relacionadas à teoria que aprendem em cada disciplina do currículo. Os encontros semanais dos alunos com os seus professores-orientadores dos estágios devem servir para o enriquecimento das experiências socializadas, por meio do esforço de entrelaçar o conteúdo da sala de aula com a prática dos estágios. A prática, aqui, é aquela contextualizada pela teoria, de um lado, e pela pesquisa/ensino, de outro. Ou seja, toda prática deve estar relacionada com a formação acadêmica. Os estágios em Educação se desenvolvem, geralmente, a partir da metade dos cursos e são estruturados da seguinte forma: Foto: Shutterstock.com Orientação coletiva, por meio de leituras sistematizadas, visando ao desenvolvimento dos saberes adquiridos e/ou superando os conhecimentos até então construídos. Foto: Shutterstock.com Supervisão individual pelo professor(a) responsável, por meio da análise de documentos comprobatórios, como formulários e relatórios que permitem a troca de experiências em sala de aula e a construção de conhecimentos referenciados pela prática pedagógica. O estágio deve ser acompanhado por professores das duas instituições, que ofertam suporte e condição para que os alunos vivenciem e reflitam sobre a sua vivência, integrando o aprendido e o vivido. ATENÇÃO Os estágios, nas escolas, em diversos níveis de ensino e modalidades, bem como em ambiências educativas de instituições não escolares, devem ser desenvolvidos em um total mínimo de 400 horas, salvo exceções para cursos de Formação Pedagógica e Segunda Licenciatura. Alunos que comprovem a prática doente têm redução de carga horária conforme legislação. Além disso, aqueles estágios que são realizados junto à ensino inclusivo (alunos com necessidades especiais) passam de seis horas semanais para quatro horas semanais. COMO A ESCOLA PODE RECEPCIONAR UM ALUNO: O CASO DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFRJ Pelo Decreto-Lei Federal n. 9053 de 12 de março de 1946, estabeleceu-se a obrigatoriedade de todas as faculdades de Filosofia manterem ginásios de aplicação, destinados à prática docente dos alunos dos cursos de Didática. Surgiram, então, os colégios de aplicação, concebidos a partir de duas premissas: “a de se constituírem em campo de estágio obrigatório para os licenciandos das Faculdades de Filosofia e o de oportunizarem a experimentação de novas práticas pedagógicas” (CAp, 2020). O Colégio de Aplicação ((CAp)) da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro ((UFRJ)) , inaugurado em 20 de maio de 1948, no Rio de Janeiro, foi o primeiro colégio de aplicação no Brasil. O CAP TEM COMO UM DE SEUS OBJETIVOS PROPORCIONAR AOS LICENCIANDOS DA UFRJ CAMPO ADEQUADO PARA A REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO, QUE INCLUI AS ETAPAS DE OBSERVAÇÃO, DE COPARTICIPAÇÃO E DE REGÊNCIA. ENTENDENDO QUE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES TAMBÉM REQUER A PARTICIPAÇÃO DOS LICENCIANDOS EM OUTROS ESPAÇOS ACADÊMICOS QUE NÃO SEJAM APENAS OS DAS SALAS DE AULA PROPRIAMENTE DITOS, O CAP UFRJ PREVÊ A PARTICIPAÇÃO DOS LICENCIANDOS EM CONSELHOS DE CLASSES, EM PESQUISAS NAS DEPENDÊNCIAS DA ESCOLA, NAS ATIVIDADES EXTRACLASSE, NA ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO JUNTO COM OS PROFESSORES DO COLÉGIO E NA PARTICIPAÇÃO EM DISCUSSÕES SOBRE TEMAS INERENTES AO TRABALHO DOCENTE. DAS 400 HORAS DE javascript:void(0); ESTÁGIO, 300 HORAS PODEM SER CUMPRIDAS AO LONGO DE UM ANO LETIVO, COMPUTANDO-SE HORAS NA PREPARAÇÃO E REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES NO COLÉGIO DE APLICAÇÃO (OBSERVAÇÃO, COPARTICIPAÇÃO E REGÊNCIA, ALÉM DAS ATIVIDADES PEDAGÓGICAS COMPLEMENTARES), NA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS, CAPAZES DE OFERECER SUBSÍDIOS PARA A AVALIAÇÃO DO LICENCIANDO SOB SUPERVISÃO DO PROFESSOR DE PRÁTICA DE ENSINO E ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO. (CAp, 2020) As normas do CAp comunicam, no Título II, art. 2º que o estágio supervisionado tem por objetivo: a) Proporcionar ao estagiário situações de exercício profissional, possibilitando diálogos entre as dimensões teórica e prática de sua formação; b) Oferecer oportunidades de participação do estagiário nos projetos de ensino, pesquisa e extensão e nas atividades científicas e culturais do CAp; c) Integrar social e profissionalmente os estagiários com a comunidade do CAp; d) Possibilitar a interação dos estagiários e profissionais de diferentes áreas do conhecimento, propiciando experiência de caráter transdisciplinar. Foto: Shutterstock.com No Título III, seção que organiza os responsáveis pelos estágios, encontramos no art. 6º em que o professor regente é também o orientador do estagiário enquanto ele estiver frequentando o estágio. Ele é aquele que orienta, supervisiona e avalia as atividades desenvolvidas pelos estagiários em turmas do CAp sob sua regência, de forma articulada, com os professores de Prática de Ensino. O art. 9º esclarece que as atribuições do professor regente que acompanha o estagiário em sua estada no CAp são: Foto: Shutterstock.com a) Apresentar ao professor de prática de ensino e ao estagiário seu(s) plano(s) de curso; b) Organizar um plano de estágio, em colaboração com o professor de prática de ensino e o estagiário, que contemple as experiências pedagógicas, em sala de aula e no acompanhamento de outros projetos curriculares; c) Planejar com o estagiário as atividades de coparticipação e regência de turma, contemplando a variedade e a complexidade da experiência didático-pedagógica; d) Orientar o estagiário no desenvolvimento desuas atividades, atendendo-o em encontros semanais – coletivos ou individuais – com duração mínima de 1(uma) hora-aula; e) Controlar a assiduidade do estagiário e rubricar o registro de frequência/estágio supervisionado, encaminhando bimestralmente ao professor de prática de ensino e ao coordenador administrativo de estágios, qualquer irregularidade; f) Avaliar o estagiário, sob sua responsabilidade, durante o desenvolvimento das diversas etapas do estágio, registrando em formulário próprio e encaminhando ao professor de prática de ensino toda avaliação efetuada; g) Participar da avaliação global das atividades do estágio em conjunto com os professores de prática de ensino e os estagiários. h) Informar à DALPE, à CAE e ao professor de prática de ensino situações imprevistas ou que não estejam de acordo com as normas do estágio. Mas quais são as atividades realizadas durante o período do estágio supervisionado? Encontramos no Título VII os artigos abaixo relacionados que organizam o estágio. ART. 17 ART. 18 ART. 19 ART. 20 ART. 21 Art. 17 - As atividades de estágio nas turmas do CAp-UFRJ deverão ter um caráter de acompanhamento contínuo e cumulativo, abrangendo pelo menos os três primeiros bimestres do ano letivo. Art. 18 - As atividades de estágio constarão de três etapas obrigatórias: observação, coparticipação e regência. Art. 19 - Etapa de Observação - o estagiário realizará observação de aulas, fazendo anotações a serem discutidas posteriormente durante a orientação com o professor regente, e, quando houver, com o auxílio de instrumento adequado. Art. 20 - Etapa de Coparticipação - as atividades de coparticipação compreendem: Colaboração no planejamento de atividades didáticas, selecionando conteúdos, estratégias e recursos materiais; Acompanhamento e orientação da turma de estágio em atividades práticas, pesquisas de campo e visitas orientadas a instituições culturais, previamente planejadas com o professor regente; Orientação individual ou coletiva de alunos, em atividades regulares e/ou de apoio, auxiliado pelo professor regente; Participação em Conselho de Classe de sua turma de estágio, mediante inscrição prévia na Coordenação Administrativa de Estágios, a partir do segundo bimestre, em caráter de observação, e, a partir do terceiro bimestre, com direito a voz; Correção de exercícios, trabalhos e provas, desde que sejam discutidos os critérios de avaliação anteriormente à aplicação do instrumento com o professor de Prática e o Professor Regente da turma; Elaboração e aplicação de atividades relativas ao conteúdo programático da série, assumindo parcialmente a regência da turma; Participação em projetos de ensino, pesquisa e/ou extensão da área específica de habilitação; Realização de leituras e fichamentos de textos sugeridos pelo professor regente ou propostos pelo próprio estagiário, na área de habilitação específica ou pedagógica. Art. 21 - Etapa de Regência - as atividades de regência compreendem: Planejamento e execução de aulas simuladas (pré-regência) individuais e/ou em grupo, orientado pelo professor regente e/ou pelo professor de prática de ensino; Planejamento de aulas individuais, orientado pelo professor regente e/ou pelo professor de prática de ensino; Elaboração de um plano de unidade e de planos de aulas para a realização da regência, que serão documentos obrigatórios e parte integrante da avaliação da etapa de regência; Execução de aulas teóricas e/ou práticas em turmas do CAp-UFRJ, avaliadas pelo professor regente e pelo professor de prática de ensino; A carga horária de regência deverá ser definida pelo setor curricular juntamente com o professor de prática de ensino. Todo esse material pode ser encontrado na página do Colégio de Aplicação da UFRJ. Lá você encontra também todo o material sobre o processo de estágio na instituição. Ao trazer a experiência do Colégio de Aplicação da UFRJ, podemos perceber que a atuação da educação básica na formação do estudante de licenciatura ou Pedagogia pode e deve ser organizada junto à universidade de forma a proporcionar vivências fundamentais para a vida dos futuros docentes. Imagem: Cap.ufrj.br, 2019. Captura de tela do site do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O ESTÁGIO SUPERVISIONADO PODE SER PENSADO SOB A PERSPECTIVA DE CONSTRUIR PARA O ALUNO UM CAMPO DE EXPERIÊNCIA QUE VISE A: A) Romper com a teoria, demonstrando que só se aprende sobre Educação na prática. B) Perceber os desafios e associar os processos de teorizar, praticar e pesquisar para docência. C) Apresentar um inventário de métodos e as técnicas que podem ser aprendidos e reproduzidos. D) Valorizar a formação da consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática transformadora. E) Mostrar para o aluno como trabalha um professor e como ele pode repetir as práticas. 2. PARA INTERVIR E TRANSFORMAR A REALIDADE SEGUNDO A PERSPECTIVA CRÍTICA DA EDUCAÇÃO, O ESTÁGIO SUPERVISIONADO DEVE FORNECER AO ALUNO: A) Experiências direcionadas mantidas pela necessária construção de Colégios de Aplicação. B) Improvisação, dando um caráter espontâneo à atividade educativa. C) Estrutura a partir do diálogo entre a universidade e o campo de estágio, cumprindo não só aspectos documentais, mas também aspectos relacionados a reflexão sobre a vivência. D) Administração por crise, indicando a necessidade de uma nova reforma educativa, afinal a escola nos modelos tradicionais se mostra falida. E) Direcionamento das práticas a serem desenvolvidas, uma vez que o foco fundamental é a observação do professor e sua didática. GABARITO 1. O estágio supervisionado pode ser pensado sob a perspectiva de construir para o aluno um campo de experiência que vise a: A alternativa "B " está correta. O estágio é um componente obrigatório e visa a associar a relação entre a teoria e a prática, propiciando um campo de reflexão constante para os alunos, independente do ambiente ou principalmente pelas diversidades de ambientes que ele pode enfrentar. 2. Para intervir e transformar a realidade segundo a perspectiva crítica da Educação, o estágio supervisionado deve fornecer ao aluno: A alternativa "C " está correta. O estágio deve ser compreendido como um instrumento capaz de intervir em uma situação real, para isso é necessária uma estrutura, segura, relação escola-universidade, produção de relatórios de conteúdo e horas cumpridas. MÓDULO 2 Reconhecer a legislação que envolve o estágio supervisionado em Educação É muito importante que possamos conhecer a legislação que envolve o estágio supervisionado. Veremos neste módulo que essa legislação acompanha as questões sociais, políticas e acadêmicas de cada época, mostrando que não há neutralidade possível na tessitura e proposição dos documentos oficiais. É um histórico dos documentos que definem o estágio nas licenciaturas e na pedagogia que vamos conhecer neste módulo. A professora Marta Amaral fala agora do cotidiano e dos documentos do Estágio. Vamos estudar e conhecer essa legislação a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Devemos frisar que os cursos ainda são impactados pela Resolução do CNE/CP 02/2020 que trata sobre as licenciaturas e tem um item específico sobre estágio – determina mais questões de forma e cumprimento do que sobre as atividades e funções da atividade, e as DCN específicas de cada curso de Formação de Professores e Pedagogia. Aliás, esses documentos estão em constante alteração, fiquem atentos. O ESTÁGIO NA LDBEN A LDBEN de 1996 estabelece as diretrizes e bases da Educação nacional, e em seu art. 65 determina que “a formação docente, exceto para a Educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas”. Por isso, em 3 de dezembro de 1997 foi aprovado o Parecer CNE/CES n.º 744/97 que fixa orientações para o cumprimento do art. 65 da Lei no 9.394/96 ((prática de ensino)). Neste documento encontramos as seguintes orientações: ART. 1º ART. 2º ART. 3º ART. 4º Art. 1º - A prática de ensino é definida como as atividades desenvolvidas com alunos e professores na escola ou em outros ambientes educativos em, no mínimo, 300 horas, sob acompanhamento e supervisão da instituição formadora. Parágrafo único - A supervisão na instituição formadora, embora obrigatória, não deverá ultrapassar 25% do total da carga horária, prevista para a prática de ensino. Art. 2º - A prática de ensino deverá constituir o elemento articular entre formação teórica e prática pedagógica com vistas à reorganização do exercício docente em curso; Art. 3º - A prática de ensino deverá concluir, além das atividades de observação e regência de classe, ações relativas a planejamento, análise e avaliação do processo pedagógico; Art. 4º - A prática de ensino deverá envolver ainda as diversas dimensões da dinâmica escolar: gestão, interação de professores, relacionamento escola/ comunidade, relações com a família. As funções relativas às cargas horárias já foram transformadas. No entanto, devemos aqui nos ater a um ponto fundamental: a percepção de ambientes educativos como fundamentais para atuação do docente; sem esse entendimento não é possível uma entrada. ATENÇÃO Vale um alerta: muito se discute sobre a dificuldade inicial dos professores recém-formados em conseguir sua entrada no mercado de trabalho, indicando a ideia de um conjunto muito fechado. Essa ideia não está totalmente equivocada, mas precisa ser explicada. A escola é um ambiente complexo. Os alunos são crianças e adolescentes que requerem habilidade no trato. O receio de indicar ou levar um docente sem uma indicação ou um vínculo acaba por ocasionar um bloqueio de entrada. Sendo assim, o momento mais importante para a chegada no mercado de trabalho é o estágio. É o momento de fazer relações pessoais, de se inserir em projetos, de se mostrar confiável. Unir teoria e prática é perceber que os conhecimentos, que as competências humanas, soft skills, e as técnicas, hard skills podem ser aplicadas e desenvolvidas para achar meios e formas de terem sentido no cotidiano. Então, não leia este texto correndo; releia os artigos. Pare e pense nas situações escolares que você viveu, que projetos como estagiário você pode desenvolver para cumprir o previsto nos artigos da LDB. Pergunte sobre os projetos transversais, sobre as práticas do currículo oculto. Observe o seguinte exemplo! EXEMPLO Imagine que a escola vai organizar um debate sobre consciência negra. Se você vir isso como uma oportunidade de sair mais cedo, ou como um evento para ouvir palestras, ou ainda, como um momento para chamar um convidado, você não entendeu o que foi pedido. No entanto, se você levar os debates que aprendeu na universidade sobre Direitos Humanos, Antropologia, questões étnicorraciais, promover grupos de estudos, colocar-se disponível para conversar com os alunos, promover entendimento, aí você terá entendido o que a LDB pediu. Foto: Shutterstock.com A LEI DE ESTÁGIO Em 2008, a Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, que dispõe sobre o estágio de estudantes e altera e revoga outras leis e artigos, foi sancionada. Essa lei trata do estágio de uma forma geral, não apenas do estágio dos cursos de licenciatura ou de Pedagogia. No entanto, é uma lei importante, pois estabelece limites e regras ao estágio obrigatório também nesses cursos. Vemos em seu art. 1º que: “estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de Educação superior, de Educação profissional, de ensino médio, da Educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da Educação de jovens e adultos” (BRASIL, 2008). Além disso, os parágrafos 1º e 2º do mesmo artigo apontam que “o estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando” e que “visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho” (BRASIL, 2008). Além dessas definições, também há a previsão, no art. 3º, de que “o estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente” (BRASIL, 2008). A lei de estágio 11.788 foi criada em 25 de setembro de 2008 e alterou uma série de relações de cunho trabalhista relacionadas ao estágio. Seu objeto foi evitar abusos, que transformavam o estágio em mão de obra qualificada e barata, em vez de atingir seu fim, que era o desenvolvimento e aprendizado dos discentes. Ela não foi alterada em virtude da Educação, mas acabou impactando também esse campo. Entre as suas formas está a necessidade de que o estagiário esteja sempre sobre funções supervisionadas e pertinentes ao curso de formação. O estagiário tem direitos, como remuneração, gozo de férias, limites claros na jornada de trabalho (20 horas semanais), respeito ao período de provas. COMENTÁRIO Algumas controvérsias sobraram, como, por exemplo, se o estágio pode ser remunerado quando é obrigatório. A resposta é sim, o estágio obrigatório pode ser remunerado ou não, mas a instituição que o recebe, independentemente disso tem que disponibilizar seu seguro para o aluno, de forma obrigatória. Se o estágio é não obrigatório, isso significa que é interesse da empresa ter o estagiário se desenvolvendo em seu ambiente, logo, o estágio deve ser remunerado. Em nenhum dos casos a relação formal, contratual para a recepção do estudante é rejeitada e os termos de compromisso devem ser assinados e estar em comum acordo com todos os envolvidos. UMA BREVE HISTÓRIA DAS DCN PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES Ao longo do século XX, nossos modelos de educação básica e a formação de professores tinham estruturas separadas. A escola, os seus licenciados – oriundos da educação profissional, como o Normal – e os cursos de curta duração para formar professores. Os bacharelados, cursos em que desenvolviam pesquisa, tinham graduações de mais tempo. A Reforma da Educação, faseada em diversos momentos e inaugurada em 1988 com a Constituição, ganhou muitos capítulos: Imagem: Shutterstock.com Diretrizes curriculares para todos os cursos de licenciatura. Imagem: Shutterstock.com Passagem da formação de docentes da educação básica para a universidade focada na Pedagogia. Imagem: Shutterstock.com Formação de professores com diretrizes comuns para todos os cursos, a partir de 2002. Desde então, a Educação já foi reformulada algumas vezes e estas alterações impactam diretamente no estágio. Sabe por que motivo? A discussão é que os diagnósticos de baixa qualidade dos anos 1990 precisavam ser superados e um dos focos passou a ser reforçar a prática. A ideia de que os professores precisavam de mais prática para efetivamente serem mais bem formados. A partir disso, o estágio além de obrigatório, passou a ser um dos componentes mais importantes dos cursos de formação de professores. Vamos conhecer o que esses trajetos trouxeram para o estágio que vocês ainda hoje vivenciam: DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA – DCN 2002 Em 2002, foi promulgado o documento estabelecendo as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da educação básica, em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena. Essas diretrizes constituem-se de um conjunto de princípios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organização institucional e curricular de cada estabelecimento de ensino e aplicam-se a todas as etapas e modalidades da educação básica. Foto: Shutterstock.com Essas diretrizes, segundo alguns autores, trazem ideias inovadoras e estabelecem a duraçãoe a carga horária dos cursos de licenciatura. O art. 1º regulamentou que “a carga horária [...] será efetivada mediante a integralização de, no mínimo, 2.800 horas, nas quais a articulação teoria-prática garanta, nos termos dos seus projetos pedagógicos, as seguintes dimensões dos componentes comuns: 400 horas de prática como componente curricular, vivenciadas ao longo do curso; 400 horas de estágio a partir do início da segunda metade do curso; 1.800 horas de aulas para os conteúdos curriculares de natureza científico-cultural; 200 horas para outras formas de atividades acadêmico-científico- culturais. Parágrafo único. Os alunos que exerçam atividade docente regular na educação básica poderão ter redução da carga horária do estágio até o máximo de 200 horas (BRASIL, 2002). Tais diretrizes propõem um novo olhar sobre o formato dos cursos de licenciatura, pois compreende a ênfase na prática como componente curricular, dos cursos de formação inicial de professores “como oportunidade de refletir sobre o processo de formação inicial e auxiliar na constituição de uma identidade profissional necessária no contexto da sociedade contemporânea” (HONÓRIO et al, 2017, p. 1739). Verifica-se essa definição por via da integração teoria-prática com as demais disciplinas do curso. Sobre o estágio e a relação teoria-prática, a Resolução CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002 explicita: ART. 12 ART. 13 § 1º A prática, na matriz curricular, não poderá ficar reduzida a um espaço isolado, que a restrinja ao estágio, desarticulado do restante do curso. § 2º A prática deverá estar presente desde o início do curso e permear toda a formação do professor. § 3º No interior das áreas ou das disciplinas que constituírem os componentes curriculares de formação, e não apenas nas disciplinas pedagógicas, todas terão a sua dimensão prática. Em tempo e espaço curricular específico, a coordenação da dimensão prática transcenderá o estágio e terá como finalidade promover a articulação das diferentes práticas, numa perspectiva interdisciplinar. § 1º A prática será desenvolvida com ênfase nos procedimentos de observação e reflexão, visando à atuação em situações contextualizadas, com o registro dessas observações realizadas e a resolução de situações-problema. § 2º A presença da prática profissional na formação do professor, que não prescinde da observação e ação direta, poderá ser enriquecida com tecnologias da informação, incluídos o computador e o vídeo, narrativas orais e escritas de professores, produções de alunos, situações simuladoras e estudo de casos. § 3º O estágio curricular supervisionado, definido por lei, a ser realizado em escola de educação básica, e respeitado o regime de colaboração entre os sistemas de ensino, deve ser desenvolvido a partir do início da segunda metade do curso e ser avaliado conjuntamente pela escola formadora e a escola campo de estágio. (BRASIL, 2002) Escreva, agora, o seu entendimento de como isso modificou a Educação. RESPOSTA O objetivo da DCN 2002 é fortalecer a prática em todas as licenciaturas; criar um conjunto de documentos- padrão para demonstrar a participação e estimular os estagiários a participarem de forma mais ativa das aulas, saindo de uma condição de passividade para se tornarem profissionais. Em outras palavras, não adianta virar aluno de novo, ir para escola e ficar assistindo aula do fundo da sala. Com essa política, podemos perceber a intenção de produzir uma formação que tenha a relação teoria- prática como base para o processo de formação de futuros professores. Em 2006, o Conselho Nacional de Educação aprovou a Resolução nº 1, com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia, propondo a este a formação de professores de educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, bem como para o ensino médio na modalidade Normal, em que este fosse necessário, e para educação de jovens e adultos, além da formação de gestores. A referida Resolução estabelece princípios e normas, assim como carga horária para o curso de 3.200 horas de efetivo trabalho acadêmico, das quais, no mínimo, 300 horas devem ser dedicadas ao estágio supervisionado. Considera, também, mais 100 horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos alunos (HONÓRIO, et al, 2017). DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A FORMAÇÃO INICIAL EM NÍVEL SUPERIOR – DCN 2015 Em julho de 2015, foi sancionada a Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de Segunda Licenciatura) e para a formação continuada (BRASIL, 2015) que, segundo Dourado (2015, p. 304-306), apresentam as seguintes considerações javascript:void(0) javascript:void(0); como aportes e concepções fundamentais para a melhoria da formação inicial e continuada e suas dinâmicas formativas: ART. 1º ART. 2º ART. 3º ART. 4º ART. 5º ART. 6º ART. 7º ART. 8º ART. 9º ART. 10º ART. 11º ART. 12º ART. 13º ART. 14º Art. 1º Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de Educação superior, de Educação profissional, de ensino médio, da Educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da Educação de jovens e adultos. § 1º O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando. § 2º O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) o trabalho. Art. 2º O estágio poderá ser obrigatório ou não obrigatório, conforme determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do curso. § 1º Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma. § 2º Estágio não-obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. § 3º As atividades de extensão, de monitorias e de iniciação científica na Educação superior, desenvolvidas pelo estudante, somente poderão ser equiparadas ao estágio em caso de previsão no projeto pedagógico do curso. Art. 3º O estágio, tanto na hipótese do § 1º do art. 2º desta Lei quanto na prevista no § 2º do mesmo dispositivo, não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, observados os seguintes requisitos: matrícula e freqüência regular do educando em curso de Educação superior, de Educação profissional, de ensino médio, da Educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da Educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso. § 1º O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caput do art. 7º desta Lei e por menção de aprovação final. § 2º O descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislaçãotrabalhista e previdenciária. Art. 4º A realização de estágios, nos termos desta Lei, aplica-se aos estudantes estrangeiros regularmente matriculados em cursos superiores no País, autorizados ou reconhecidos, observado o prazo do visto temporário de estudante, na forma da legislação aplicável. Art. 5º As instituições de ensino e as partes cedentes de estágio podem, a seu critério, recorrer a serviços de agentes de integração públicos e privados, mediante condições acordadas em instrumento jurídico apropriado, devendo ser observada, no caso de contratação com recursos públicos, a legislação que estabelece as normas gerais de licitação. § 1º Cabe aos agentes de integração, como auxiliares no processo de aperfeiçoamento do instituto do estágio: identificar oportunidades de estágio; ajustar suas condições de realização; fazer o acompanhamento administrativo; encaminhar negociação de seguros contra acidentes pessoais; cadastrar os estudantes. § 2º É vedada a cobrança de qualquer valor dos estudantes, a título de remuneração pelos serviços referidos nos incisos deste artigo. § 3º Os agentes de integração serão responsabilizados civilmente se indicarem estagiários para a realização de atividades não compatíveis com a programação curricular estabelecida para cada curso, assim como estagiários matriculados em cursos ou instituições para as quais não há previsão de estágio curricular. Art. 6º O local de estágio pode ser selecionado a partir de cadastro de partes cedentes, organizado pelas instituições de ensino ou pelos agentes de integração. Art. 7º São obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educandos: celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou assistente legal, quando ele for absoluta ou relativamente incapaz, e com a parte concedente, indicando as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade da formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar; avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à formação cultural e profissional do educando; indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário; exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não superior a 6 (seis) meses, de relatório das atividades; zelar pelo cumprimento do termo de compromisso, reorientando o estagiário para outro local em caso de descumprimento de suas normas; elaborar normas complementares e instrumentos de avaliação dos estágios de seus educandos; comunicar à parte concedente do estágio, no início do período letivo, as datas de realização de avaliações escolares ou acadêmicas. Parágrafo único. O plano de atividades do estagiário, elaborado em acordo das 3 (três) partes a que se refere o inciso II do caput do art. 3º desta Lei, será incorporado ao termo de compromisso por meio de aditivos à medida que for avaliado, progressivamente, o desempenho do estudante. Art. 8º É facultado às instituições de ensino celebrar com entes públicos e privados convênio de concessão de estágio, nos quais se explicitem o processo educativo compreendido nas atividades programadas para seus educandos e as condições de que tratam os arts. 6º a 14 desta Lei. Parágrafo único. A celebração de convênio de concessão de estágio entre a instituição de ensino e a parte concedente não dispensa a celebração do termo de compromisso de que trata o inciso II do caput do art. 3º desta Lei. Art. 9º As pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus respectivos conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio, observadas as seguintes obrigações: celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e o educando, zelando por seu cumprimento; ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao educando atividades de aprendizagem social, profissional e cultural; indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar até 10 (dez) estagiários simultaneamente; contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de compromisso; por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de realização do estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e da avaliação de desempenho; manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a relação de estágio; enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de 6 (seis) meses, relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário. Parágrafo único. No caso de estágio obrigatório, a responsabilidade pela contratação do seguro de que trata o inciso IV do caput deste artigo poderá, alternativamente, ser assumida pela instituição de ensino. Art. 10. A jornada de atividade em estágio será definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou seu representante legal, devendo constar do termo de compromisso ser compatível com as atividades escolares e não ultrapassar: 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes de Educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de Educação de jovens e adultos; 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da Educação profissional de nível médio e do ensino médio regular. § 1º O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta) horas semanais, desde que isso esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino. § 2º Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas ou finais, nos períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo menos à metade, segundo estipulado no termo de compromisso, para garantir o bom desempenho do estudante. Art. 11. A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência. Art. 12. O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de estágio não obrigatório. § 1º A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimentação e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício. § 2º Poderá o educando inscrever-se e contribuir como segurado facultativo do Regime Geral de Previdência Social. Art. 13. É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares. § 1º O recesso de que trata este artigo deverá ser remunerado quando o estagiário receber bolsa ou outra forma de contraprestação. § 2º Os dias de recesso previstos neste artigo serão concedidos de maneira proporcional, nos casos de o estágio ter duração inferior a 1 (um) ano. Art. 14. Aplica-se ao estagiário a legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho, sendo sua implementação de responsabilidade da parte concedente do estágio. Essas Diretrizes estabelecem que os cursos de licenciatura devem ter “no mínimo, 3.200 horas de efetivo trabalho acadêmico, com duração de, no mínimo, 8 (oito) semestres ou 4 (quatro) anos”. Sobre o estágio, o documento afirma que os cursos devem compreender: 400 horas de prática como componente curricular, distribuídas ao longo do processoformativo; 400 horas dedicadas ao estágio supervisionado, na área de formação e atuação na educação básica, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto de curso da instituição; pelo menos 2.200 horas dedicadas às atividades formativas estruturadas pelos núcleos definidos [...], conforme o projeto de curso da instituição; 200 horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos estudantes [...], por meio da iniciação científica, da iniciação à docência, da extensão e da monitoria, entre outras, consoante o projeto de curso da instituição (BRASIL, 2015). Além disso, com esse documento, compreende-se que o estágio “é componente obrigatório da organização curricular das licenciaturas, sendo uma atividade específica intrinsecamente articulada com a prática e com as demais atividades de trabalho acadêmico” (BRASIL, 2015). IMPORTANTE É importante destacar que as diretrizes de 2002 são caracterizadas pelo seu texto enxuto, que estabelecia que as diretrizes "constituem-se de um conjunto de princípios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organização institucional e curricular de cada estabelecimento de ensino e aplicam-se a todas as etapas e modalidades da educação básica" (BRASIL, 2002). O princípio das competências está presente nesse documento. As Diretrizes de 2015 rompem com a lógica das competências que marcaram as discussões curriculares no final da década de 1990 e início dos anos 2000. “Trouxeram para o debate da formação de professores temas caros à profissão docente, como as questões pedagógicas, a gestão educacional e as temáticas que envolvem a diversidade de sujeitos, culturas e saberes no contexto escolar” (GONÇALVES; MOTA; ANADON, 2020, p. 365). DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA – DCN 2019 Com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2017, tanto o Ministério da Educação como o Conselho Nacional de Educação se apoiaram no discurso da necessidade de revisão das diretrizes de formação de professores. A proposta de base nacional curricular para a formação de professores não foi discutida com as universidades, assim como também não foi discutida pelos professores da educação básica e pelas entidades educacionais. Foto: Shutterstock.com O texto que foi elaborado por um grupo de consultores vinculados a empresas e assessorias educacionais privadas resgatava a noção de competências como orientadora da formação de professores e baseava-se no modelo utilizado pela Austrália para a formação docente. O modelo australiano incorpora as propostas neoliberais de maior controle sobre o trabalho docente com vistas no desempenho no PISA. PISA O Programa Internacional de Avaliação de Alunos é uma rede mundial de avaliação de desempenho escolar, realizado pela primeira vez em 2000 e repetido a cada dois anos. É javascript:void(0) coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, com vista a melhorar as políticas e resultados educacionais. Em 2019, como continuidade de políticas como a BNCC, é sancionado o texto da Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019, que define as diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial de professores para a educação básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). Apesar do movimento contrário à revogação das Diretrizes Curriculares Nacionais aprovadas em 2015, tendo em vista os avanços presentes na proposta de um documento que pensa, discute e propõe a formação de professores de modo orgânico e a necessidade de se avaliar os efeitos das diretrizes junto às instituições formadoras, o CNE aprovou, em novembro de 2019, a proposta de uma nova diretriz curricular e a revogação da DCN de 2015. As novas diretrizes, instituídas pela Resolução CNE/CP n. 2/2019 só foi homologada pelo Ministério da Educação em 20 em dezembro de 2019. COMENTÁRIO As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores rompem drasticamente com conquistas históricas para a formação e valorização profissional docente expressas na Resolução de 2015. As Diretrizes Curriculares Nacionais de 2019 possuem inconsistências, entrando em conflito com as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Pedagogia, buscando uma formação pragmática e padronizada, pautada na pedagogia das competências e comprometida com os interesses mercantilistas de fundações privadas. Em relação ao estágio o art. 7º, em seu item VIII, prevê a centralidade da prática por meio de estágios que enfoquem o planejamento, a regência e a avaliação de aula, sob a mentoria de professores ou coordenadores experientes da escola campo do estágio, de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso – PPC (BRASIL, 2019). RESUMINDO Sabemos que as palavras são carregadas de sentido. Isso está posto também para as políticas públicas. Ou seja, quando a política diz que a centralidade deve ser dada à prática, está retirando da formação seu cunho teórico tão necessário à formação docente. Mais do que isso, está criando uma dicotomia entre teoria e prática que as Diretrizes de 2002 e 2015 entendem como uma impossibilidade, pois prática e teoria são indissociáveis. Essa centralidade na prática fala também sobre a indicação de que a formação docente deve se pautar quase que exclusivamente nos conteúdos relacionados a BNCC, retirando as possibilidades de discussão e de produção de um pensamento crítico tão importante à docência. Outra questão colocada nas discussões sobre as novas Diretrizes no campo do estágio, se relaciona com o art. 11, item III que diz: a) 400 (quatrocentas) horas para o estágio supervisionado, em situação real de trabalho em escola, segundo o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) da instituição formadora (BRASIL, 2019). Foto: Shutterstock.com Devemos perguntar o seguinte, neste caso: o que seriam 400 horas para o estágio em situação real de trabalho? Significaria um estágio em que o estudante já atuasse como docente ou auxiliar de turma? As preocupações, em relação ao que lemos nessas diretrizes são muitas e nos levam a entender que os documentos das políticas educacionais, assim como quaisquer outros textos que temos em mãos, devem ser lidos com olhar aguçado e crítico, pois é sempre necessário ter em mente que nada é fixo e nada está simplesmente dado como certo. As políticas são campos de disputa e, por isso, devem ser sempre lidas e analisadas com um olhar investigativo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. AS LEGISLAÇÕES DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM EDUCAÇÃO PODEM SER INTERPRETADAS COMO: I – PARTE DO CONJUNTO DE LEIS – LDB E A LEI DE ESTÁGIO – QUE COMBINADAS VISAM REFORÇAR A IDEIA DE QUE O ESTÁGIO EM UM CAMPO DE APRENDIZADO. II – AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO TEM UMA SUBDIVISÃO, UMA PARA OS CURSOS ESPECÍFICOS E OUTRA PARA AS LICENCIATURAS COMO UM TODO. III – AS HORAS DE ESTÁGIO PODEM SER REALIZADAS EM QUALQUER EMPRESA, COM CNPJ REGISTRADO E DEVE SER REMUNERADO. ESTÃO CORRETAS AS AFIRMATIVAS: A) Somente a I. B) Somente a II. C) Somente a III. D) Somente I e II. E) Somente II e III. 2. SABEMOS QUE O PLANO DE AULA É UM DOCUMENTO FUNDAMENTAL ELABORADO PELO PROFESSOR. UM DOS COMPONENTES QUE O ALUNO DEVE OBSERVAR NO ESTÁGIO É SUA ELABORAÇÃO. ISSO ESTÁ PRESENTE NAS DCNS DA SEGUINTE FORMA: A) O professor deve considerar que sua função é pedagógica ao ser supervisor do estágio, logo, demonstrar essa construção na prática. B) Está previsto na DCN a observação do cotidiano escolar, logo, é sua função avaliar o plano do professor. C) É função do estagiário listar os conteúdos para o professor, atuando como um assistente. D) Verificar as informações sobre aspectos culturais e sociais da sua turma. E) Não está previsto em lei, pois é óbvio que deve ser o planejamento do professor. GABARITO 1. As legislações de estágio supervisionado em Educação podem ser interpretadascomo: I – Parte do conjunto de leis – LDB e a Lei de estágio – que combinadas visam reforçar a ideia de que o estágio em um campo de aprendizado. II – As Diretrizes Curriculares para a Educação tem uma subdivisão, uma para os cursos específicos e outra para as licenciaturas como um todo. III – As horas de estágio podem ser realizadas em qualquer empresa, com CNPJ registrado e deve ser remunerado. Estão corretas as afirmativas: A alternativa "D " está correta. A terceira alternativa está incorreta; é obrigatório que seja em um ambiente educacional, e vários documentos reforçam a necessidade da vivência em unidade escolar. 2. Sabemos que o plano de aula é um documento fundamental elaborado pelo professor. Um dos componentes que o aluno deve observar no estágio é sua elaboração. Isso está presente nas DCNs da seguinte forma: A alternativa "A " está correta. Antes de começar o estágio, o professor e o aluno devem elaborar um plano de trabalho, e neste é fundamental a relação de planejamento.
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