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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ. Autos Execução n.º (...) RAFAEL KOLONETZ, solteiro, advogado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Paraná, sob o n.º 65.094, com escritório profissional, no endereço constante no rodapé desta, onde recebe intimações, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, para, cum fulcro no artigo 5, LXVIII, da Constituição Federal[footnoteRef:1] e artigo 647 e seguintes do Código de Processo Penal[footnoteRef:2], impetrar a presente ordem de HABEAS CORPUS com pedido de “medida liminar”, em favor de S S, brasileira, divorciada, doméstica, portadora da cédula de identidade sob o n.º (...) SESP/PR, inscrita no CPF/MF sob o n.º (...), residente e domiciliada na Rua (...), (...), (...), (...), Estado do Paraná, ora Paciente, posto que se encontra sofrendo constrangimento ilegal por ato do eminente Juiz de Direito da Vara Execução em Meio Fechado e Semiaberto da Comarca de (...), Estado do Paraná, por ausência de prestação jurisdicional, como se verá na exposição fática e de direito, a seguir delineadas: [1: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...); LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; (...);] [2: Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.] I – SÍNTESE DOS FATOS A paciente foi condenada a 03 anos e 19 dias de reclusão em regime semiaberto harmonizado (tornozeleira), pelas práticas dos crimes previstos no artigo 155, §§ 3º e 4º, incisos II e IV, e artigo 155, ambos do Código Penal[footnoteRef:3]. [3: doc. 04 - decisão unificação de pena;] No dia 11 de janeiro de 2024, o Ministério Público manifestou-se pelo preenchimento do requisito objetivo para concessão de progressão de regime; todavia, ressaltou a necessidade de comprovação de ocupação lícita[footnoteRef:4], embora tenha sido comprovada a ocupação lícita da Executada, conforme se depreende da r. decisão anexa[footnoteRef:5]. [4: doc. 05 - Parecer Ministério Público - Progressão de regime;] [5: doc. 06 - decisão reconhecendo ocupação lícita;] A paciente constituiu defensor, o qual, após analisar autos, formulou no dia 12 de janeiro de 2024 pedido de concessão de indulto, com posterior extinção de punibilidade[footnoteRef:6]. O Ministério Público manifestou-se a favor da concessão do indulto, no dia 18 de janeiro de 2024[footnoteRef:7]. [6: doc. 07 - Pedido de Indulto – Silvana;] [7: doc. 08 - Parecer favorável à concessão de indulto - Ministério Público;] Diante da demora na concessão do indulto e em atenção às condições estabelecidas na audiência monitória, a Paciente formulou requerimento de autorização para acompanhar sua genitora no Hospital (doc.09) e para visitar a sua sogra (doc. 10). Em ambos os requerimentos, foi solicitado que o pedido de concessão de indulto fosse apreciado prioritariamente. Entretanto, no dia 18 de abril de 2024, r. juízo limitou-se a determinar que o Ministério Público se manifestasse sobre pedido de visita à sogra, formulado pela paciente, deixando de apreciar o pedido de indulto[footnoteRef:8]. O Ministério Público manifestou-se favoravelmente ao pedido de visita e reiterou seu parecer favorável a concessão do indulto[footnoteRef:9]. Os autos foram conclusos, mas retornaram sem decisão (doc. 13). [8: doc. 11 – decisão;] [9: doc. 12 - Manifestação MP - reiteração pedido de indulto;] Portanto, a Paciente está sofrendo por constrangimento ilegal devido à conduta do Juiz de Direito da Vara Execução em Meio Fechado e Semiaberto da Comarca de (...), Estado do Paraná. Esta situação decorre da ausência de prestação jurisdicional adequada, visto que o Magistrado, de maneira deliberada, não apenas mantém a Paciente em regime semiaberto, mas está incorrendo em inação ao não apreciar o pedido de concessão de indulto formulado pela Paciente. II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DOS PEDIDOS II. 1 - Da Ausência de Prestação Jurisdicional Do Comportamento Atípico do r. Juízo É dever do Judiciário, proferir a devida prestação jurisdicional em tempo razoável, conforme assegura o princípio da razoável duração do processo, disposto no artigo 5º, LXXVIII, da Constituição Federal. No presente caso, verifica-se uma demora desproporcional e injustificada na análise do pedido de indulto formulado pela defesa da Paciente, violando não somente a garantia constitucional mencionada, mas também o princípio da eficiência processual. A demora na prestação jurisdicional observada neste caso constitui um comportamento atípico do Juiz de Direito da Vara de Execução em Meio Fechado e Semiaberto da Comarca de (...), que possui um histórico de agilidade e consistência em suas decisões, frequentemente superando as expectativas da Defesa. Esta característica habitual na rapidez das decisões ressalta o caráter excepcional da atual demora, que se destaca como uma anomalia surpreendente e preocupante, em face da clara discrepância com o padrão de conduta demonstrado pelo r. magistrado em questões similares de natureza processual. A título de exemplo, a EXECUÇÃO PENAL n.º (...), o Ministério Público emitiu parecer pela extinção da pena em 28 de fevereiro de 2024[footnoteRef:10], tendo o r. juízo declarado a extinção em 06 de março de 2024[footnoteRef:11]. [10: doc. 14 - parecer MP - Extinção da punibilidade;] [11: doc. 15 - sentença - extinção da punibilidade.] II. 2 – Do Constrangimento Ilegal – Da Ausência de Prestação Jurisdicional. O direito à prestação jurisdicional efetiva e tempestiva é um corolário do Estado de Direito, assegurado pelo artigo 5º, LXXVIII, da Constituição Federal, que garante a razoável duração do processo. A inação demonstrada por parte do r. Juízo, especificamente no que tange à negativa de apreciação do pedido de indulto formulado, constitui uma violação direta a essa garantia constitucional, assim como um claro constrangimento ilegal imposto por ato do Juiz de Direito da Vara de Execução. A Paciente, condenada ao regime semiaberto preencheu os requisitos necessários à concessão do indulto, a falta de decisão sobre o pedido impetrado em 12 de janeiro de 2024 configura uma omissão que resulta em constrangimento ilegal à liberdade da Paciente. Neste sentido, a jurisprudência é consistente: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE ROUBO QUALIFICADO. INDULTO. ALEGAÇÃO DE DEMORA NA APRECIAÇÃO. SUPERVENIÊNCIA DE EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE SOLTURA PELO CUMPRIMENTO INTEGRAL DA PENA. ORDEM PREJUDICADA. 1. A expedição de alvará de soltura em favor do paciente em razão do cumprimento integral da pena deixa sem objeto o habeas corpus impetrado com o desiderato de ver reconhecida a existência de constrangimento ilegal na demora para apreciação do pedido de indulto. 2. Ordem prejudicada[footnoteRef:12]. (sem destaque no original). [12: STJ - HC: 40353 SP 2004/0177761-2, Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de Julgamento: 06/12/2005, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJ 03/04/2006 p. 374;] HABEAS CORPUS – EXECUÇÃO PENAL – DEMORA EXCESSIVA NA APRECIAÇÃO DE PEDIDO DE INDULTO – ATRASO NÃO OCASIONADO PELA DEFESA – CONSTRANGIMENTO ILEGAL VERIFICADO – LIMINAR RATIFICADA - ORDEM CONCEDIDA. I - Verifica-se presente o constrangimento ilegal quando o pedido de apreciação do indulto fora realizado HÁ MAIS DE 04 (QUATRO) MESES E ENCONTRAVA-SE, AINDA, SEM DECISÃO OU DESPACHO DA AUTORIDADE COMPETENTE. Desse modo, necessária a concessão da ordem para determinar que a autoridade coatora aprecie o pedido, o mais rápido possível, após o parecer ministerial. II – Ordem concedida, liminarratificada. COM O PARECER DA PGJ. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM, em sessão permanente e virtual, os magistrados da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, na conformidade da ata de julgamentos, a seguinte decisão: Por unanimidade, ratificaram a liminar e concederam a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Relator. Campo Grande, 28 de agosto de 2023 Des. Luiz Claudio Bonassini da Silva Relator[footnoteRef:13]. (sem destaque no original). [13: TJ-MS - HC: 14129521620238120000 Três Lagoas, Relator: Des. Luiz Claudio Bonassini da Silva, Data de Julgamento: 28/08/2023, 3ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 29/08/2023] HABEAS CORPUS - EXECUÇÃO DA PENA - INDULTO - DEMORA NA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO - CONSTRANGIMENTO ILEGAL VERIFICADO. Verificada a demora injustificada para análise do pedido de concessão do indulto pelo juízo a quo, deve ser concedida a ordem para determinar que ele aprecie a possibilidade de deferimento do benefício ao reeducando[footnoteRef:14]. (sem destaque no original). [14: TJ-MG - HC: 10000200234144000 MG, Relator: Edison Feital Leite, Data de Julgamento: 05/05/2020, Câmaras Criminais / 1ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 05/05/2020;] II. 3 – Da Concessão da Medida Liminar A necessidade da concessão da medida liminar é evidente diante da urgência e da relevância do direito ameaçado. A inação do Juízo de Execuções Penais da Comarca de (...), especificamente em relação ao não julgamento do pedido de indulto apresentado pela Paciente, revela não apenas uma negativa da prestação jurisdicional, mas também um constrangimento ilegal, infringindo diretamente os direitos fundamentais assegurados pela Constituição Federal no artigo 5º, LXXVIII, que garante a todos a razoável duração do processo. Conforme fora amplamente demonstrado, a Paciente preencheu todos os Requisitos legais para concessão do indulto, obtendo, inclusive, parecer favorável do Ministério Público para a concessão do indulto. Entretanto, encontra-se em flagrante constrangimento ilegal decorrente da falta de prestação jurisdicional. Portanto, está configurada a fumaça do bom direito (fumus boni iuris), evidenciada pela probabilidade do direito invocado e pelo suporte da jurisprudência pertinente que reconhece a ilegalidade da negativa da prestação jurisdicional. O perigo da demora (periculum in mora) neste caso é particularmente grave e prejudicial, visto que a Paciente, já preencheu os requisitos para a extinção da pena, mas continua indevidamente submetida ao regime semiaberto. Esta situação não apenas contraria os princípios e disposições legais pertinentes à Lei de Execução Penal, mas também impõe um sofrimento desnecessário e prolongado à Paciente, que legalmente deveria estar usufruindo de uma maior liberdade ou até mesmo reintegrada plenamente à sociedade. A cada dia que passa sob custódia indevida, a Paciente enfrenta impactos psicológicos, sociais e econômicos significativos, limitando seu acesso a oportunidades de reintegração, emprego, e ao convívio comunitário. Neste contexto, requer-se a Vossa Excelência a concessão imediata de medida liminar determinando ao r. Juízo da Vara de Execuções Penais que aprecie, sem mais delongas, o pedido de concessão de indulto formulado pela paciente. III – DOS PEDIDOS Na conformidade de exposto, requer a este Egrégio Tribunal: a) o conhecimento do presente; b) A concessão da ordem, LIMINARMENTE, determinando que o Juiz de Direito da Vara de Execução em Meio Fechado e Semiaberto da Comarca de (...), autoridade coatora, analise imediatamente o pedido de concessão de indulto formulado pela paciente, cessando o constrangimento ilegal imposto à Paciente; c) A concessão em definitivo da ordem após regular processamento do feito. Nestes termos, pede deferimento. Salto do Lontra, 13 de maio de 2024. RAFAEL KOLONETZ OAB/PR 65.094 Rua Ver. Idanir Canello, 326, sala 04 – Ed. São Francisco – Centro – Salto do Lontra – PR 85.670-000savianbatistella@gmail.com 55 99924-9512 savianbatistella@gmail.com 55 99924-9512 rafaelkolonetz@gmail.com | 46 3538-1051 | 46 99114-8601 image1.jpeg image2.jpeg image3.jpg