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ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA I (ORCRIM) 
 
LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
 
Organizações criminosas. Noções introdutórias. Essas organizações muitas 
vezes surgem devido à ausência do Estado, e a globalização contribuiu para sua expansão. 
Entre os exemplos notáveis estão a Máfia italiana e a Máfia japonesa. No Brasil, alguns 
especialistas apontam o "Cangaço" como uma das formas mais antigas de crime 
organizado, enquanto exemplos contemporâneos incluem o Primeiro Comando da Capital 
(PCC) e o Comando Vermelho. A definição legal de organizações criminosas está 
estabelecida no ordenamento jurídico brasileiro. É relevante também a análise da revogada 
Lei nº 9.034 de 1995, anteriormente conhecida como a Lei das Organizações Criminosas. 
 
DEFINIÇÃO LEGAL DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO 
ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO HISTÓRICO. 
 
Revogada Lei n. 9.034/95. 
 
Art. 1º Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos investigatórios 
que versem sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando ou 
organizações ou associações criminosas de qualquer tipo. (Redação dada pela Lei nº 
10.217, de 11.4.2001) 
 
Modificação do Código Penal. A “quadrilha ou bando”, prevista no art. 288 do 
CP, foi alterada pela lei nº. 12.850 e se tornou associação criminosa. 
 
“organizações ou associações criminosas de qualquer tipo” – A lei nº. 9.034 
cuidava de meios de prova e procedimentos investigatórios, ligados a ilícitos praticados por 
três institutos: “quadrilha ou bando” (se encontra hoje no 288 com o nome de “Associação 
criminosa”); “organizações criminosas” (veremos depois); “associações criminosas” 
(associações previstas em alguns tipos especiais, como na lei de drogas em que há 
associação criminosa voltada especificadamente para o tráfico de drogas, outro exemplo 
seria a associação criminosa voltada para o genocídio). 
 
O grande problema são as “organizações criminosas”. Havia definição legal? 
 
Lei Oca: A Lei nº 9.034, conhecida como a lei das organizações criminosas, não 
proporcionava uma definição legal clara do que seriam essas organizações. Por essa razão, 
alguns doutrinadores a denominavam de "lei oca", criticando-a por ser vazia em conteúdo, 
uma vez que mencionava a organização criminosa sem, contudo, especificar seu conceito. 
 
Melhorar, sem alucinar ou mudar o texto: Mudança com a lei de lavagem de 
capitais: Isso muda com a lei de lavagem de capitais – lei. 9.613 de 1998. Redação original 
(Depois foi alterada com a lei nº. 12.683 de 2012). Essa lei, na redação original, trazia um 
rol taxativo de crimes antecedentes. Só haveria lavagem de capitais se os valores ocultados 
ou dissimulados fossem oriundos, direta ou indiretamente, em um dos crimes listados nos 
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incisos do art. 1º. Com a alteração promovida pela lei nº. 12.683 de 2012, o inciso VII, por 
exemplo, foi revogado. E agora no caput, ao invés de crime, há a expressão de “infração 
penal antecedente”. A lei brasileira que antes trazia um rol taxativo de crimes antecedentes 
para caracterização da lavagem, agora amplia isso, dizendo que, pelo menos em tese, 
qualquer infração penal, desde que produtora de bens, direitos ou valores, poderá funcionar 
como infração penal antecedente da lavagem. Antes da mudança da lei nº. 12.683, um dos 
crimes antecedentes era o praticado por organização criminosa. Na época houve discussão 
se esse conceito existia ou não. Já vimos que esse conceito não estava previsto na revogada 
lei nº. 9.034. 
 
Convenção de Palermo: O MPSP, então, em determinado caso concreto, resolveu 
dizer que o conceito de organização criminosa poderia ser importado da Convenção de 
Palermo. No caso concreto, um casal de pastores estaria se valendo da estrutura da entidade 
religiosa para arrecadar grandes valores, enganando os fiéis, e os levando para o exterior. O 
MPSP denunciou os dois por delito de lavagem de capitais, nos termos do art. 1º, inciso 
VII, e considerando o conceito de organização criminosa previsto na Convenção de 
Palermo. A Convenção de Palermo é a convenção das Nações Unidas contra o crime 
organizado transnacional Convenção de Palermo Promulgada pelo Decreto Presidencial n. 
5.015/2004 
 
Art. 2º Para efeitos da presente Convenção, entende-se por: 
a) "Grupo criminoso organizado" - grupo estruturado de três ou mais pessoas, 
existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou 
mais infrações graves ou enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, 
direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material; 
 
Na verdade, entendeu-se que o conceito de organização criminosa poderia ser 
extraído dela. Aí veio a discussão: Pode? A definição da Convenção de Palermo 
poderia ser aplicada nessa hipótese, para fins de tipificação do crime de lavagem de 
capitais? 
 
Duas correntes sobre o assunto: 
1ª Corrente: É possível. O art. 1º, inciso VII, da lei nº. 9.613 seria uma espécie de 
norma penal em branco, que seria complementada pela Convenção de Palermo. Houve 
julgados do STJ, a época, nesse sentido (STJ, 5 [ Turma, HC 77.771/SP. Rel. Min. Lautira 
Vaz, j. 30/05/2008, Dje 22/09/2008). A Convenção não teria criado o delito de lavagem, 
mas apenas complementado a definição de organização criminosa. 
 
2ª Corrente: A Convenção de Palermo não poderia ser aplicada. A doutrina 
majoritária entendia que haveria violação ao princípio da legalidade. Do último deriva a 
garantia da “Lex Populi”, que exige a participação dos representantes do povo na 
elaboração de norma que cuide do direito de punir. É a mesma crítica feita hoje no 
entendimento do STF sobre a equiparação da homofobia ao racismo. A homofobia deveria 
ser forma de racismo, mas para o Professor isso deveria ocorrer por meio de lei. 
 
A matéria chegou ao STF: O STF entendeu, a época, que não havia definição 
legal de organização criminosa no Brasil. 
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Na sequência, em 23/10/2012, vem a lei nº. 12.694 de 2012. 
 
Essa lei que cuida do juízo colegiado para o julgamento de organizações 
criminosas. Em 2012 alguns juízes forem assassinados no exercício da função. Houve apelo 
do Judiciário para que o Congresso Nacional aprovasse essa lei, de modo a permitir que, 
preenchidos alguns requisitos, a organização criminosa seja julgada não apenas por um juiz, 
mas sim por um juízo colegiado. Visa despersonalizar a decisão, para evitar represálias 
contra os magistrados. Com o surgimento dessa lei, e considerando a decisão do STF 
acima, é trazido expressamente o conceito de organização criminosa: 
 
Lei nº. 12.694/12 (vigência em 23/10/2012) 
 
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a 
associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela 
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena 
máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional. 
 
Organização criminosa: três ou mais pessoas – ordenada – divisão de tarefas – 
vantagem de qualquer natureza – visando prática de crimes (não abrange contravenção) 
cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 anos OU de caráter transacional (aqui pouco 
importa a quantidade de pena). 
 
Não era crime autônomo. Nessa época a organização criminosa não era um crime 
autônomo propriamente dito. Não há sanção no art. 2º. A conceituação veio para fins de 
formação de juízo colegiado para o julgamento dos crimes por ela praticados. 
 
Lei nº. 12.694/12: 
 
Definiu o conceito de organização criminosa? Sim. 
 
Tipificou organização criminosa como crime? Não. 
 
Revogou a Lei nº. 9.034 de 1995? Não. 
 
Pouco tempo depois surge a lei nº. 12.850 de 2013 – vigência em 19/09/2013 – 
que ficou conhecida como a nova lei das organizações criminosas. 
 
Revogação.A lei nº. 12.850 revogou a lei nº. 9.034. E trouxe também novo 
conceito de organização criminosa: 
 
Art. 1º (...) 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais 
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que 
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer 
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 
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4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
 
Diferença entre as leis nº. 12.850 e a nº. 12.694 quanto ao conceito de 
organização criminosa: 
 
1. Agora há necessidade de 4 ou mais pessoas (diferente da lei anterior - Lei nº. 
12.694/12 – que exigiu 3 ou mais). 
 
Obs. A associação criminosa do art. 288 do CP exige também 3 ou mais 
pessoas. Para a associação criminosa do art. 288 do CP há necessidade de, 
no mínimo, 3 pessoas. Já para a organização criminosa há necessidade de, 
no mínimo, 4 pessoas.: 
 
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de 
cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 
12.850, de 2013) (Vigência) 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é 
armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. (Redação 
dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) 
 
2. Na redação da lei nº. 12.850 a organização criminosa visa a prática de 
infrações penais (abrange crimes e contravenção penal), diferente da lei anterior que 
somente abrangia crimes. 
 
3. Na lei nº. 12.850 a infração penal deve ter pena máxima superior a 4 anos OU 
de ser de caráter transnacional. Na lei nº. 12.694 a lei estabelecia pena igual ou superior 
a 4 anos OU de caráter transnacional. 
 
4. Na lei nº. 12.850 a formação de organização criminosa passou a ser crime. 
Há então o crime de formação de organização criminosa. 
 
Veja: 
 
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta 
pessoa, organização criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas 
correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
 
Norma penal em branco. Há uma norma penal em branco cujo conceito é 
definido pela própria lei nº. 12.850, em seu §1º, art. 1º. 
 
OBSERVAÇÕES: 
 
(a) A lei nº. 12.850 definiu organização criminosa e tipificou a conduta daquele 
que a integra. 
(b) A lei nº. 12.850, em seu art. 26, revogou expressamente a Lei nº. 9.034 de 
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1995. 
(c) Houve revogação tácita da Lei nº. 12.694/12 ou somente do conceito de 
organização criminosa? 
 
1ª Corrente: haverá dois conceitos diversos de organização criminosa: um para o 
juízo colegiado e outro para a aplicação dos meios de obtenção de prova da lei nº. 12.850. 
O art. 2º da lei nº. 12.694 continua válido apenas para formação do juízo colegiado. Quanto 
aos meios de obtenção de prova previstos na lei nº. 12.850 teria que se valer do conceito 
nela trazido. 
 
2ª Corrente: teria havido a revogação integral da lei 12.694. Entende que a lei nº. 
12.850 seria a nova lei das organizações criminosas e teria tratado de tudo sobre o tema. Se 
não dispôs sobre o juízo colegiado é porque o legislador não quis mais essa sistemática para 
organizações criminosas. 
 
No entanto, a luz do art. 1º da lei nº. 12.850, nada é dito sobre juízos 
colegiados. Jamais houve a intenção de suprimir a lei nº. 12.694 ou de 
ocorrência de sua revogação integral. 
 
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a 
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais 
correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. 
 
3ª Corrente: Houve tão somente a revogação tácita do conceito de organização 
criminosa constante do art. 2º da lei 12.694/12. Essa posição foi a que prevaleceu. 
 
CRIME ORGANIZADO POR NATUREZA OU DELITO DE 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
 
Distinção entre o crime organizado por natureza e o crime organizado por 
extensão. Crime organizado por natureza se diferencia da expressão crime organizado por 
extensão. 
 
Crime organizado por natureza – diz respeito à punição pelo crime de 
organização criminosa. 
 
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta 
pessoa, organização criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas 
correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
 
Conceito de ORCRIM: 
 
Art. 1º (...) 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais 
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que 
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informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer 
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 
4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
 
Crime organizado por extensão – diz respeito as infrações penais praticadas pela 
organização criminosa. Não pode ser qualquer infração penal. Conforme art. 1º, §1º, deve 
observar critérios de pena ou ser infração de caráter transnacional. 
 
CRIME ORGANIZADO POR NATUREZA – DELITO DE 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: 
 
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta 
pessoa, organização criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas 
correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
 
Há quatro verbos. 
 
Norma penal em branco. Estamos diante de norma penal em branco homogênea 
(mesma hierarquia) homovitelina ou homóloga (mesma área do direito); 
 
Norma penal em branco é aquela cujo preceito primário demanda 
complementação. É homogênea pois a norma que vem complementá-la é de mesma 
hierarquia. É homóloga porque é da mesma área do direito (trata do direito penal e não do 
civil, administrativo, etc). 
 
Crime de concurso necessário – criem plurissubjetivo, plurilateral. Não há 
necessidade de que todas as pessoas sejam denunciadas. Pode ocorrer que se saiba que 
haviam 4 pessoas, mas não é possível identificar 3, 2 ou 1 delas. 
 
NÚMERO MÍNIMO DE INTEGRANTES 
 
Organização criminosa - No caso da organização criminosa há necessidade de, 
ao menos, 4 pessoas. 
 
Associação para o tráfico de drogas (lei de drogas, art. 35): há necessidade de, 
ao menos, duas ou mais pessoas; 
 
Associação criminosa (CP, art. 288): há necessidade de, ao menos, três ou mais 
pessoas; 
 
Associação para fins de genocídio (lei 2.889/56, art. 2º): há necessidade de, ao 
menos, mais de 3 pessoas; 
 
VERBOS UTILIZADOS: 
 
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Promover – significa gerar, dar origem a algo. Ser responsável pela criação da 
organização criminosa. 
 
Constituir – significa formar, organizar, compor. 
 
Financiar – significa sustentar os gastos. Custear, bancar. 
 
Integrar – significa juntar-se, tomar parte. 
 
É indispensável a presença de estabilidade e permanência. 
 
(Não confundir) 
Concurso eventual de agentes com organização criminosa: na organização 
criminosa há necessidade de associação estável, permanente, com o objetivo de praticar 
série indeterminada de infrações penais, com pena máxima superior a quatro anos ou de 
caráter transnacional, ainda que tais delitos não venham a acontecer. 
 
Inimputáveis e membros não identificados: entram no cômputo os inimputáveis 
e os membros não identificados, mas não é computado o agente infiltrado. Exceção. Não 
vale para o agente infiltrado porque ele nada mais é do que um agente policial que, 
dissimuladamente, será introduzido na organização criminosa, passando a agir como se 
fosse um de seus integrantes, de modo a facilitar a identificação de fontes de prova. Um dos 
pressupostos da infiltraçãopolicial é a prévia existência da organização criminosa. 
 
É correto dizer que somente se pode cogitar de organização criminosa 
formada por empresários quando estes fazem do crime “seu modo de vida”, e não 
quando suas atividades principiais sejam praticadas licitamente? Não há óbice a 
prática de atividades lícitas pelo criminoso. 
 
Exige-se um elevado grau de sofisticação ou de uma estrutura empresarial 
(piramidal) com líderes e liderados? Não há necessidade de um elevado grau de 
sofisticação. Ainda que seja relativamente simples, sem grande estrutura empresarial. 
 
Servidor público. Não há necessidade da presença de servidor público; 
 
Podemos ter sua presença. Mas não é indispensável. 
 
Art. 2º (...) 
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): 
(...) 
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa 
dessa condição para a prática de infração penal; 
 
Causa de aumento de pena. Traz causa de aumento de pena se há concurso de 
funcionário público. A própria lei reconhece que não se trata de elementar. 
 
Constituição formal. Desnecessidade de constituição formal do grupo e 
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documentação de regras de conduta. A informalidade, todavia, não dispensa um nível 
mínimo de organização. 
 
Tipo de vantagem. A vantagem normalmente será econômica, mas não 
necessariamente dessa natureza. Nesse ponto, o conceito constante da Lei nº. 12.850 
diverge daquele previsto na Convenção de Palermo. O art. 1º, §1º, estabelece “vantagem de 
qualquer natureza”. Não precisa necessariamente ser de natureza patrimonial. Isso é distinto 
do conceito da Convenção de Palermo: 
 
Artigo 2 Terminologia 
Para efeitos da presente Convenção, entende-se por: 
"Grupo criminoso organizado" - grupo estruturado de três ou mais pessoas, 
existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou 
mais infrações graves ou enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, 
direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material; 
 
Crime de obstrução de justiça. A lei 12.850 traz o delito do art. 2º, §1º: 
 
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta 
pessoa, organização criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas 
correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a 
investigação de infração penal que envolva organização criminosa. 
 
É o caso de quem não faz parte da organização criminosa, mas atua para 
embaraçar ou impedir a investigação de infração penal que a envolva. 
 
Impedir – significa obstar, interromper. Aqui age para buscar, causar algum 
prejuízo a investigação. 
Embaraçar – significa criar dificuldade, complicar, perturbar. 
 
Há discussão se o crime está caracterizado no caso do agente que impede ou 
embaraça apenas a investigação ou também o processo. 
 
1ª Corrente: esse delito está restrito apenas a parte investigatória da persecução 
penal. 
2ª Corrente: entende que a investigação citada abrande tanto a fase investigatória 
como também a instrutória do processo penal. 5ª Turma do STJ tem julgados no sentido 
da segunda corrente. 
 
Ex: inquérito em andamento quanto a organização criminosa e tento corromper um 
colaborador, oferecendo dinheiro pelo silêncio. O delito estaria caracterizado. A segunda 
corrente entende pela ocorrência do delito se ocorrer durante a fase processual. 
 
 
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Crime formal ou material. Quando se usa o verbo impedir, a doutrina costuma 
dizer que o delito é de natureza material (crime cujo resultado está inserido dentro do tipo 
penal). Quanto ao verbo embaraçar, há uma primeira corrente dizendo que é formal. Não 
haveria necessidade de produção do resultado para que o crime esteja caracterizado. A 
segunda corrente entende ser material, pois esse verbo atrai algum resultado. Essa segunda 
corrente foi adotada pelo STJ: 
 
Há precedente da 5ª Turma do STJ no sentido de que o delito do art. 2º, §1º, da 
Lei n. 12.850/13 é crime material, inclusive no modalidade embaraçar, já que tal verbo 
atrai um resultado, ou seja, uma alteração do seu objeto. Logo, haverá embaraço à 
investigação se algum resultado, ainda que momentâneo e reversível, for constatado. (STJ, 
5ª Turma, REsp 1.817.416/SC, Rel. Min. Joel ILAN Paciornik, j. 03.08.2021). 
 
O delito do art. 2ª, §1º, é monossubjetivo – pode ser praticado por apenas uma 
pessoa. Já o delito de formação de organização criminosa do art. 2º, caput, é delito 
plurissubjetivo (demanda a presença de, pelo menos, 4 ou mais pessoas). Não é o que 
acontece no §1º. 
 
O delito do art. 2º, caput, é contra a paz pública. 
 
Já o bem jurídico tutelado no §1º é a administração da justiça. 
 
(In) constitucionalidade do art. 2º, §1º, da Lei 12.850/13. Esse tema foi objeto 
de análise recentemente pelo STF, no julgamento da ADI 5.667. Os autores da ADI diziam 
que esse art. 2º, §1º, seria inconstitucional por violar o princípio da legalidade. O STF 
entendeu que não há inconstitucionalidade. Para o STF seria difícil para o legislador dizer 
de maneira taxativa todas as condutas possíveis para embaraçar ou dificultar uma 
investigação envolvendo uma organização criminosa. 
 
Causa de aumento de pena e agravantes. 
 
Continuaremos a análise dos parágrafos do art. 2º. 
 
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa 
houver emprego de arma de fogo. 
 
É caso de aumento de pena. O emprego de arma de fogo não é elementar do crime 
de organização criminosa. 
 
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da 
organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. 
 
É causa de aumento. 
 
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): 
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I - se há participação de criança ou adolescente; 
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa 
dessa condição para a prática de infração penal; 
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, 
ao exterior; 
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações 
criminosas independentes; 
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da 
organização. 
 
Transnacionalidade – significa uma organização criminosa funcionando em mais 
de um país. Essa hipótese do inciso V, conforme a doutrina, só é aplicada se a infração 
penal cometida pela organização criminosa não for de caráter transnacional. Se a infração 
for de caráter transnacional, não seria possível a aplicação da majorante. Haveria evidente 
violação ao princípio do ne bis in idem. 
 
Afastamento cautelar de funcionários públicos. 
 
O CPP trata dessa matéria nas cautelares diversas da prisão - art. 319, inciso VI: 
 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza 
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de 
infrações penais; 
 
Exemplo: auditor da receita federal suspeito de facilitação de contrabando ou 
descaminho. Não se pode deixá-lo no exercício do cargo, senão ele continuará tendo a 
disposição todo instrumental necessária para a prática dos delitos. É possível aplicar o art. 
319, inciso VI, do CPP. 
 
Dentro desse contexto que surge §5º, do art. 2º: 
 
§ 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra 
organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, 
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à 
investigação ou instrução processual. 
 
Aqui estamos diante de uma medida cautelar. Não seria necessário essa hipótese 
porqueo CPP já regula o assunto. 
 
Sendo medida cautelar, há necessidade do fumus comissi delicti, revelado por 
indícios que integra organização criminosa. Também há necessidade de periculum in mora, 
aqui periculum libertatis, trazida no dispositivo: “quando a medida se fizer necessária à 
investigação ou instrução processual.”. 
 
“sem prejuízo da remuneração” – quando o CPP trata do assunto (art. 319, inciso 
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VI) não menciona isso. O CPP silencia enquanto aqui há previsão expressa que deve 
continuar recebendo a remuneração. 
 
Perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e interdição para o 
exercício de função ou cargo público como efeitos da condenação irrecorrível. 
 
§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a 
perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de 
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da 
pena. 
 
Importante comparar sua redação com o teor do art. 92, inciso I, do CP: 
 
Art. 92 - São também efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei 
nº 9.268, de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um 
ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a 
Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 
(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
 
No CP a lei estabelece um quantum de pena. Já nessa lei, não. Outro ponto 
interessante é o § único do art. 92: 
 
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, 
devendo ser motivadamente declarados na sentença. 
 
O §6º não menciona nada sobre o efeito ser automático, enquanto o § único acima 
é expresso na vedação. 
 
A doutrina entende que o efeito do §6º aqui é automático. 
 
(In) constitucionalidade do art. 2º, §6º, da Lei nº. 12.850/13. 
 
Na ADI 5.567 foi questionada a constitucionalidade desse artigo em razão do 
princípio da proporcionalidade. STF entendeu pela constitucionalidade. 
 
STF: “(...) É compatível com o princípio da proporcionalidade, em sua acepção 
substancial, a previsão normativa de perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo 
e da interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 anos 
subsequente ao cumprimento da pena, no caso em que funcionário público esteja envolvido 
com organizações criminosas (Lei 12.850, art. 2º, §6º). (...) (STF, Pleno, ADI 5.567/DF, 
Rel. Min. Alexander de Moraes, j. 20.11.2023) 
 
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Participação de policiais nos crimes de que trata a Lei n. 12.850/13 e 
comunicação ao Ministério Público para fins de acompanhamento do feito. 
 
Lei n. 12.850/13 Art. 2º (...) 
§7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, 
a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério 
Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. (...) 
 
Temos aqui a prática de crime previsto na lei das organizações criminosas 
envolvendo policial. 
 
Teria a polícia isenção suficiente para investigar? É difícil para ela investigar 
seus próprios membros. Por isso a lei estabelece que haverá uma comunicação para o MP 
que designará membro para acompanhar o feito. 
 
(In) constitucionalidade do art. 2º, §7º, da Lei n. 12.850/13 
 
Questionou-se a constitucionalidade desse dispositivo (art. 2º, §7º) argumentando 
que não havia a necessidade de intervenção do MP nessa investigação (delitos praticados 
por policiais). STF entendeu ser constitucional. 
 
STF: “(...) É possível a designação de membro do Ministério Público para 
acompanhar as investigações que envolvam policiais em crime de organização criminosa 
(Lei 12.850/2013, art. 2º, § 7º). (...)”. (STF, Pleno, ADI 5.567/DF, Rel. Min. Alexandre de 
Moraes, j. 20.11.2023). 
 
 
Início do cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança 
máxima; 
 
Lei n. 12.850/13 Art. 2º (...) 
(...) 
§8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à 
disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de 
segurança máxima. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) 
 
Esse dispositivo não constava na redação original da lei nº. 12.850. Foi introduzido 
pelo pacote anticrime. Não há como se imaginar que essas pessoas fiquem recolhidas em 
estabelecimentos penais comuns. O foco desse dispositivo são as lideranças. A organização 
criminosa deve ser armada ou ter armas a disposição. 
 
Vedação à progressão de regimes e a outros benefícios prisionais; 
 
Lei n. 12.850/13 Art. 2º (...) 
(...) 
§9º O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa 
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ou por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de 
regime de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios 
prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo 
associativo. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) 
 
Também foi incluído pelo pacote anticrime. A ideia aqui é que, como posso 
admitir a concessão de benefícios prisionais, se tenho dados objetivos concretos que 
revelam que o indivíduo continua associado aquela organização criminosa. Ou seja, estaria 
praticando novo crime de organização criminosa. 
 
Isso não foi levado a apreciação do STF. Mas a vedação, sobretudo sobre a 
progressão de regime, poderá suscitar questionamentos no tocante ao princípio da 
individualização da pena. Haverá aqueles que entendam pela violação da individualização 
da pena, na fase de execução. 
 
Já outros, de maneira contrária, entendem que não. No que diz respeito a 
progressão de regimes, a própria lei de execução penal estabelece que, para fins de 
progressão, não basta cumprir certo quantum da pena, também devendo ser verificado o 
mérito do condenado, o que não haveria no caso – continua associado a organização 
criminosa. Nesse sentido, o art. 112, § 1º, da LEP: 
 
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se 
ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas 
as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
(Vigência) 
 
Para essa corrente, quem se mantém associado a organização, certamente, não 
ostenta boa conduta carcerária. Esses requisitos subjetivos também são analisados em 
outros benefícios penais. 
 
Natureza hedionda do crime de organização criminosa 
 
O crime de organização criminosa tem natureza hedionda? 
Lei n. 8.072/90 
Art. 1º (...) 
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: 
(Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019) 
(...) V – o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime 
hediondo ou equiparado. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019) 
 
Originariamente não havia nenhum crime hediondo de organização criminosa. O 
pacote anticrime alterou esse cenário e introduziu o inciso V acima. Sendo uma lei mais 
grave, só é aplicada aos delitos de organização criminosa posteriores a data de 23.01.20 
(data em que entrou em vigor o pacote anticrime). O inciso V exige que o delito de 
organização criminosa, para ser hediondo, precisa ser direcionado à “prática de crime 
hediondo ou equiparado”. 
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