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DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A LEI PENAL E SUA 
APLICAÇÃO 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
2 
 
Sumário 
DIREITO PENAL: A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO ............................................................................... 3 
1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL .................................................................................................................... 3 
1.1. Classificação das Leis Penais .................................................................................................................................... 4 
1.1.1 Leis Penais em Branco ....................................................................................................................................... 5 
1.2 Características da Lei Penal ...................................................................................................................................... 6 
2. LEI PENAL NO TEMPO .............................................................................................................................. 7 
2.1. Teorias sobre a Eficácia da Lei Penal no Tempo ...................................................................................................... 8 
2.2. Abolitio Criminis .................................................................................................................................................... 11 
2.3. Crime continuado, Crime permanente, Sucessão de leis penais .......................................................................... 14 
2.4. Lei Excepcional e Temporária ................................................................................................................................ 16 
2.5. Lei Intermediária ................................................................................................................................................... 17 
3. LEI PENAL NO ESPAÇO .......................................................................................................................... 18 
3.1. Princípios ............................................................................................................................................................... 18 
3.2. Extraterritorialidade .............................................................................................................................................. 20 
3.3. Lugar Do Crime ...................................................................................................................................................... 23 
4. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS (IMUNIDADES) ....................................... 24 
4.1 Introdução .............................................................................................................................................................. 24 
4.2 Imunidades Diplomáticas ....................................................................................................................................... 25 
4.3 Imunidades Parlamentares .................................................................................................................................... 27 
4.3.1 Imunidade Parlamentar Absoluta / Material / Real / Substancial ou Inviolabilidade / Indenidade ................ 28 
4.3.2 Imunidade Parlamentar Relativa / Formal ....................................................................................................... 28 
4.3.3 Imunidade relativa ao processo ....................................................................................................................... 29 
4.3.4 Imunidade relativa à condição de testemunha ............................................................................................... 29 
4.3.5 Imunidades dos Parlamentares dos Estados (Deputados Estaduais) .............................................................. 30 
4.3.6 Imunidades dos Parlamentares dos Municípios (Vereadores) ........................................................................ 31 
5. EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA ........................................................................................ 31 
6. CONTAGEM DO PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA .......................................... 32 
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ........................................................................................................ 32 
7.1 Espécies de Interpretação ...................................................................................................................................... 33 
7.2. Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica X Analogia ............................................................................ 34 
8. CONFLITO APARENTE DE NORMAS ................................................................................................... 36 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
3 
 
DIREITO PENAL: A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
 
⦁ Art. 1º ao 12º, CP 
⦁ Art. 71, CP 
⦁ Art. 107, III, CP 
⦁ Art. 70, CPP (análise comparativa com o art. 6º, CP) 
⦁ Art. 2°, Lei 9.455/97 
⦁ Art. 53, CF/88 
⦁ Decreto. 56.435/65 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
⦁ Art. 1º ao 7º, CP (leitura indispensável) 
⦁ Art. 70, CPP (análise comparativa com o art. 6º, CP) 
⦁ Art. 53, CF/88 
 
SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA 
Súmula 659 STJ – A fração de aumento em razão da prática de crime continuado deve ser fixada de acordo 
com o número de delitos cometidos, aplicando-se 1/6 pela prática de duas infrações, 1/5 para três, 1/4 
para quatro, 1/3 para cinco, 1/2 para seis e 2/3 para sete ou mais infrações. 
Súmula 711-STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
Súmula 501-STJ: É cabível a aplicação retroativa da lei n. 11.343/06, desde que o resultado da incidência 
de suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 
6.360/76, sendo vedada a combinação de leis. 
Súmula 245-STF: A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa. 
Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a 
aplicação de lei mais benigna. 
 
1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
 A lei penal é fonte formal imediata do direito penal e detém o monopólio para a criação de infrações 
penais e cominação de penas. 
No tocante à lei penal incriminadora, ela é formada por duas partes: 
● Preceito primário: descrição da conduta típica (ex.: “matar alguém”); 
● Preceito secundário: cominação da pena em abstrato (“reclusão de 6 a 20 anos”). 
 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
4 
 
O Brasil optou pelo sistema da proibição indireta, criado por Binding, segundo o qual a lei penal é 
descritiva e não proibitiva. A lei não diz “não matar”, “não furtar”, ela apenas descreve as condutas proibidas. 
O autor diferencia a lei de norma. Veja: 
A norma apresenta um comando, mandamental ou proibitivo. A exemplo, enquanto a lei descreve 
como crime “matar alguém”, a norma que se extrai dela é “não matar”. Assim, quando o agente mata alguém, 
ele realiza a lei e viola a norma. Logo, a lei é a forma de exteriorização da norma, como ela se apresenta para 
a sociedade, e a norma precede à lei. 
 
Os autores Leonardo de Bem e João Paulo Martinelle, no Livro Direito Penal, parte geral, lições 
fundamentais, trazem: 
“O ponto de partida de Binding é a comprovação de que o agente não atua contrariamente às diferentes leis 
penais, mas sua atuação é precisamente conforme a lei penal. Eis por que é célebre seu enunciado no sentido de que o 
agente ‘realiza o tipo penal da lei, é dizer, não viola em nada a lei penal’. O que o agente transgride, portanto, é a 
proposição(só 
não se aplica fatos transitados em julgado). Ex.: art. 327 do CP - conceito de funcionário público. 
Divide-se em contextual (quando a norma interpretativa é editada no momento da norma 
interpretada) e posterior (quando é criada depois da norma interpretada). 
● Doutrinária / Científica: Dada pelos estudiosos, doutrinadores do direito penal. Ex.: exposição de 
motivos do Código Penal, vez que dada pelos doutrinadores que elaboraram o projeto. (OBS.: a do 
CPP é autêntica). 
● Judicial / Jurisprudencial: Realizada pelos magistrados na decisão das causas que lhes são 
submetidas ou fruto das decisões reiteradas dos tribunais, como regra não vinculantes. Exceção (são 
vinculantes): sentença de caso concreto após o trânsito em julgado e súmulas vinculantes editadas 
pelo STF. 
 
B) QUANTO AO MODO ou MEIOS E MÉTODOS: 
● Literal / Gramatical: Considera o sentido literal das palavras. 
● Teleológica: Considera à vontade ou intenção objetivada na lei, sua finalidade, utilizando-se de vários 
elementos (é a sugerida pelo artigo 5º da LINDB). 
● Histórica: Busca a origem da lei, o fundamento de sua criação. 
● Sistemática: Conjunto da legislação e dos princípios gerais de direito, sistema em que a norma está 
inserida como um todo. 
● Progressiva: A lei é interpretada de acordo com o progresso da ciência que está progredindo. 
 
C) QUANTO AO RESULTADO: 
● Declarativa: A letra da lei corresponde aquilo que o legislador quis dizer. 
● Extensiva: Amplia o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto. 
Corrige a lei tímida, visto que ela disse menos do que gostaria. 
● Restritiva: Reduz o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto. A lei 
disse mais do que desejava. 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
34 
 
● Progressiva / Adaptativa / Evolutiva: Busca amoldar a lei à realidade atual, de acordo com os 
progressos da cultura, da sociedade, da tecnologia, das ciências etc. O fundamento está no princípio 
dinâmico. 
OBS.: A interpretação progressiva decorre de um modelo mais recente de interpretação, 
desvinculado da Escola da Exegese, fundada em um raciocínio puramente silogista, mas valendo de uma 
abertura do sistema jurídico e uso de recursos axiológicos. 
 
7.2. Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica X Analogia 
 
● Interpretação Extensiva: Existe norma para o caso concreto, mas amplia o alcance da norma, 
podendo ser feita até mesmo in malam partem. 
Ex.: antigo art. 157, §2º, II, CP, hoje revogado, que utilizava o termo “arma” e a interpretação era de 
que qualquer arma estaria abarcada. 
 
ATENÇÃO! Esse entendimento, embora prevaleça em parte da doutrina, encontra precedente em 
sentido contrário no STJ, entendendo pela proibição da interpretação extensiva in malam partem. 
 
STJ entende que em direito penal, não é permitida a interpretação extensiva para 
prejudicar o réu, impondo-se a integração da norma mediante a analogia in bonam 
partem, devendo a lei penal ser interpretada restritivamente quando prejudicial ao 
réu e extensivamente quando a ele favorável. (EDcl no AgRg no HC 651.765/SP, Rel. 
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 07/12/2021, 
DJe 14/12/2021). 
 
● Interpretação Analógica: Existe norma para o caso, mas o legislador previu uma fórmula casuística 
seguida de uma genérica, permitindo ao juiz encontrar outros casos similares. Também pode ser in 
malam partem 
Ex.: art.121, §2º, I, CP 
“Paga, promessa de recompensa” – fórmula casuística 
“Ou outro motivo torpe” – fórmula genérica 
As duas opções citadas acima, são FORMAS DE INTERPRETAÇÃO. 
 
Os autores Leonardo de Bem e João Paulo Martinelle, no Livro Direito Penal, parte geral, lições 
fundamentais, abordam o seguinte acerca da interpretação analógica ou extensiva: 
Certas consequências da adoção da invocação casuística não são perigosas, pois configuram situações de 
interpretação analógica, sendo aceitas na prática jurisprudencial. Assim, no contexto das lacunas originárias, por 
exemplo, “os efeitos do art. 119 do Código Penal devem ser estendidos para regrar a prescrição da pretensão executória 
nas hipóteses de concurso de crimes” (STF 2º Turma, HC n. 71.983/SP rel. Min. Marco Aurélio, DJ 31-5-1996) e “a 
qualificadora do motivo torpe para restar qualificada, até pela própria redação do Código Penal, deve assemelhar-se ao 
crime de homicídio cometido 'mediante paga ou promessa de recompensa”, porque se tem aí típica hipótese de 
interpretação analógica [...]” (STJ, 5º Turma, HC n. 77.309/SP rel. Min. Felix Fischer, DJ 26-5-2008) – pgs. 353/354. 
 
https://canalcienciascriminais.com.br/tag/stj/
https://canalcienciascriminais.com.br/tag/direito-penal/
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
35 
 
 
● Analogia: NÃO existe norma para o caso concreto, e o juiz aplica a lei prevista para outro caso quando 
verificada lacuna legislativa. Não é forma de interpretação, é FORMA DE INTEGRAÇÃO, de suprir 
lacunas. Só é possível em benefício do réu. 
 
Características: 
∘ Não é forma de interpretação, mas de integração; 
∘ Pressupõe lacuna; 
∘ Parte-se do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo 
pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar. 
 
Pressupostos para aplicar a analogia: 
∘ Certeza de que sua aplicação é favorável ao réu (analogia in bonan partem); 
∘ Existência de uma efetiva lacuna legal a ser preenchida. 
 
Para finalizar o assunto, vamos a uma tabelinha excelente para revisão, elaborada pelo professor 
Rogério Sanches. 
 
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA 
É forma de interpretação 
Existe norma para o caso 
concreto. 
É forma de interpretação 
Existe norma para o caso 
concreto. 
É forma de integração do direito. 
Não existe norma para o caso 
concreto. 
Amplia-se o alcance da palavra 
(não importa no surgimento de 
uma nova norma). 
Utilizam-se exemplos seguidos de 
uma forma genérica para alcançar 
outras hipóteses. 
Cria-se uma nova norma a partir de 
outra (analogia legis) ou do todo do 
ordenamento jurídico (analogia iuris) 
Prevalece ser possível sua 
aplicação no Direito Penal in 
bonam ou in malam partem.(STJ 
já entendeu que não pode in 
malam partem) 
É possível sua aplicação no Direito 
Penal in bonam ou in malam 
partem. 
É possível sua aplicação no Direito 
Penal somente in bonam partem. 
Ex.: a antiga expressão “arma” no 
crime de roubo majorado (art. 
157, §2º, II, CP – hoje revogado). 
Ex.: Homicídio mediante paga ou 
promessa de recompensa, ou por 
outro motivo torpe (art. 121, §2º, 
I, III e IV do CP) 
Ex.: isenção de pena, prevista nos 
crimes contra o patrimônio, para 
cônjuge e, analogicamente, para o 
companheiro (art. 181, I do CP). 
 
 
Os autores Leonardo de Bem e João Paulo Martinelle, no Livro Direito Penal, parte geral, lições 
fundamentais, abordam o seguinte sobre a não aplicação da analogia benéfica para as hipóteses de exclusão 
de punibilidade. 
Diferentemente da ampla defesa sustentada pela doutrina penal majoritária — é suficiente recordar Aníbal Bruno? —, 
entendemos que há casos em que é impossível a aplicação da analogia in malam partem. O principal deles, ou 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
36 
 
seguramente um dos mais relevantes, é a proibição de aplicabilidade de causas extintivas de punibilidade através de 
analogia favorável ao réu. Vejamos atentamente alguns exemplos. A primeira situação diz respeito ao âmbito do crime 
de furto e, especificamente, ao objeto material energia elétrica (CP, art. 155, § 3º). Ainda que haja posicionamento 
divergente, não é possível a aplicabilidade do art. 34 da Lei n. 9.249/1995 e do art. 9º da Lei n. 10.684/2003, no que 
tange à extinção da punibilidade — no caso do adimplemento do débito antes de o julgador receber a denúncia — aocrime contra o patrimônio. Não há de falar em rompimento da isonomia (STJ, 5ª Turma, HC n. 252.802/CE, rel. Min. 
Jorge Mussi, DJ 17-10-2013), pois o valor pago como contraprestação pelo uso de energia elétrica não pode ser 
considerado um tributo, pois se reveste de natureza tarifária (STJ, 5 Turma, HC n. 199.959/Rs, rel. Min. Gilson Dipp, DJ 
24-4-2012) – pg. 355. 
 
8. CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
Verifica-se quando há um só fato e, aparentemente, duas ou mais normas vigentes são aplicáveis a 
ele. 
ATENÇÃO! Trata-se de tema com alta incidência em provas. 
 
O autor Paulo César Busato, no Livro Direito Penal, parte geral, em Apresentação da 2ª Edição, ressaltou que 
seguindo a dinâmica do Manual de Hurtado Pozo, optou por retirar a discussão do conflito aparente de 
normas da parte introdutória, de hermenêutica, e a levou para a parte do concurso de crimes, convencido de 
que o processo interpretativo que é operado pelo juiz para resolver um conflito aparente de normas é o mesmo que o 
leva a resolver a regra aplicável no caso do concurso de crimes. 
 
a) Requisitos: 
● Unidade de fato (fato único); 
● Pluralidade de normas; 
● Vigência simultânea de todas elas. 
 
Cuidado: Aqui NÃO se trata de sucessão de leis penais no tempo, mas de duas leis penais que estão em vigor 
simultaneamente. Se NÃO estão vigentes, aí sim o assunto é o conflito de leis penais no tempo, que se 
resolverá, em regra, pela posterioridade; e, excepcionalmente, pela lei penal mais benéfica (art. 4º do CP). 
 
b) Princípios Orientadores: 
 
● PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: 
Como explica Cleber Masson, há subsidiariedade entre duas leis penais quando ambas tratam de 
estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, de forma que a ofensa mais ampla e dotada 
de maior gravidade, descrita pela lei primária, engloba a menos ampla, contida na subsidiária, ficando a 
aplicabilidade desta condicionada à não incidência da outra. 
A norma subsidiária só se aplica quando não houver subsunção do fato à norma mais grave, que é a 
norma principal, devendo então ser aplicada a norma subsidiária, que segundo Hungria funciona como 
“soldado de reserva”. 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
37 
 
A subsidiariedade pode ser: 
∘ Expressa: Ocorre quando o próprio tipo penal traz a fórmula “se não houver crime mais 
grave”, como por exemplo, temos o crime de dano qualificado, previsto no art. 163, p. único, 
II do CP (...) “se o crime é cometido com emprego de substância inflamável ou explosiva, se 
o fato não constitui crime mais grave”. 
∘ Tácita: Ocorre quando o tipo penal não traz a fórmula, mas é possível perceber o caráter de 
subsidiariedade da norma. Ex.: roubo e furto, a depender de haver ou não a violência ou 
grave ameaça. 
 
ATENÇÃO: No contexto da incidência do princípio da subsidiariedade o delito menos grave funcionará como 
CRIME DE PASSAGEM ou TIPO PENAL DE PASSAGEM. 
 
Crime de Passagem ou Ubi Major Mino Cessati: O delito de menor gravidade é subsidiário diante de um 
delito de maior gravidade. É o crime que eu pratico quando quero praticar um crime mais grave. 
 
Ex.: Crime de dano é subsidiário ao crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo. Ora, para o 
indivíduo praticar o furto pelo rompimento de obstáculo, ele necessariamente tem que praticar um dano. 
Assim, o dano é um elemento qualificador da figura típica do furto qualificado. Pelo princípio da 
subsidiariedade, o indivíduo responde apenas pelo furto qualificado. Se, eventualmente faltar uma 
elementar para o crime de furto, há o soldado de reserva: crime de dano. 
 
● PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 
A lei especial derroga a lei geral. O princípio da especialidade é de utilização obrigatória e prevalece 
sobre os demais. Destaque-se que se exclui a aplicação da lei geral no caso concreto, mas não há revogação. 
É a soma dos elementos da lei geral com elementos especializantes. Pode estar no mesmo diploma 
legislativo ou diversos. Ex.: homicídio e infanticídio; omissão de socorro do CP e omissão de socorro de idoso 
e vários outros. 
 
Caiu na prova de Delegado PCRJ (ANULADA): O indivíduo que se valendo da condição de funcionário público 
subtrair bem móvel pertencente à administração pública responderá pelo crime de peculato e não pelo delito 
de furto. Isso se dá em decorrência do princípio da especialidade. (Gabarito DD) 
 
ATENÇÃO! O princípio da especialidade é o único que se aplica sempre de maneira abstrata. Ou seja: a 
comparação entre a norma geral e a norma especial é feita no plano abstrato. Todos os outros princípios 
são aplicados em concreto (comparação em concreto) 
 
● PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO: 
Verifica-se quando o crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização 
do crime previsto em outra norma (consuntiva) ou é uma norma de transição para o último (crime 
progressivo). A consunção pressupõe que esses crimes protejam o mesmo bem jurídico. Aplica-se às 
seguintes hipóteses: 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
38 
 
∘ Crime progressivo: Quando o agente, para alcançar um resultado ou crime mais grave, 
precisa passar por um crime menos grave. Ex.: Para o homicídio, passa-se pela lesão corporal. 
∘ Progressão criminosa: Há alteração do dolo. O agente pretende inicialmente produzir um 
resultado e, depois de alcançá-lo, opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra 
conduta, produzindo um evento mais grave. É uma nova vontade que surge na execução. O 
fato inicial fica absorvido só respondendo pelo último. 
∘ Fato anterior impunível (ante factum impunível): São fatos anteriores que estão na linha de 
desdobramento da ofensa mais grave. A diferença é que no crime progressivo o crime 
anterior era obrigatório; aqui o crime anterior (meio) foi o escolhido dentre os possíveis. Ex.: 
Súmula 17, STJ: “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é 
por este absorvido”. O agente pratica falsidade documental, visando cometer um 
estelionato. A falsidade foi um crime-meio para prática do estelionato, desse modo, é um 
ante factum impunível. 
∘ Fato simultâneo impunível: Também chamado de concomitante impunível, é aquele 
praticado no mesmo momento em que é praticado o fato principal. Ex.: estupro em via 
pública (o ato obsceno é um meio para prática do estupro). 
∘ Fato posterior impunível (post factum impunível): O fato posterior impunível retrata o 
exaurimento do crime principal praticado pelo agente, por ele não podendo ser punido. Aqui 
se absorve o crime praticado, após exaurido o crime querido. Ex.: falsificação de documento 
e uso de documento falso – quando praticados pelo mesmo agente, ele só responde pela 
falsificação. 
 
Caiu na prova de Delegado PCRJ (ANULADA): Carlos falsificou um contracheque de delegado de polícia e 
dele fez uso para viabilizar um único empréstimo de cem mil reais, já com a intenção de não pagar a 
dívida, o que acabou acontecendo. Depois disso, Carlos não mais fez uso do documento falsificado. Nessa 
situação hipotética, Carlos deverá ser responsabilizado criminalmente: 
GABARITO DD: apenas pelo crime de estelionato, já que o crime de falso foi praticado com a finalidade 
de possibilitar um único crime de estelionato. 
 
No livro lançado “Pacote Anticrime”, coordenado por Gabriel Habib (2020), o Examinador Bruno Gilaberte 
escreveu o artigo “O roubo e a extorsão no contexto da Lei n° 13.964/2019” e dentro deste, seguindo com 
escrita abordou o tópico “a indiscutível absorção dos crimes do estatuto do desarmamento pelo roubo”. 
Gilaberte mencionou a outrora existente tese de que o crime do Estatuto do Desarmamento não poderia ser absorvido 
pelo crime de roubo (não era hediondo) por configurar crime mais grave diante da hediondez conforme parte da 
doutrina defendia: crime mais grave não pode absorver crime menos grave. No entanto, o Examinador discorda desse 
entendimento,com base nos seguintes fundamentos: 
1 - a inclusão do art. 16 do estatuto como crime hediondo violava a proporcionalidade; 
2 - embora não sendo (à época) hediondo, a pena do roubo era mais grave (e ainda é) que a do art. 16; 
3 - ainda assim considerando que seja crime mais grave o art. 16, não há dogmática proibitiva à absorção do crime mais 
grave pelo menos grave (ex. estelionato e falsificação de documento público, súmula do STJ). 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
39 
 
Ocorre que toda essa discussão não é mais necessária porque o a lei 13.964 revogou a condição de crime hediondo 
da posse ou porte de arma de fogo de uso restrito, mantendo essa característica unicamente para aquelas condutas 
que tenham como objeto material a arma de fogo de uso proibido. E o crime de roubo seja qual for sua classificação 
por emprego de arma de fogo tornou-se hediondo (art. 1°, II, b, da lei n° 8.072/1990). 
 
Ainda, o mesmo examinador, no artigo “Passo-a-passo da falsidade documental: para não errar (quase nunca) a 
capitulação”, publicado na internet (sugere-se a leitura), assim se manifestou: 
“7º passo: analisar a absorção da falsidade por eventual crime-fim 
Consoante a Súmula nº 17 do STJ, o falso, quando se exaure no estelionato, é por ele absorvido. Ou seja, quando a 
falsidade é meio exclusivo para a prática de um crime patrimonial (cheque falsificado usado para compras em um 
mercado, por exemplo), o agente só responde pelo crime-fim. Somente haverá responsabilização penal pela falsidade 
(em concurso de crimes) se esta mantiver sua potencialidade lesiva mesmo após o delito contra o patrimônio. 
Embora a súmula mencione apenas o estelionato, o raciocínio pode ser usado em outros crimes, como o furto mediante 
fraude, mesmo que não sejam delitos patrimoniais, como o descaminho (nesse sentido, STJ, REsp nº 1.378.053/PR, julg. 
em 10.08.2016). 
Frise-se, contudo, que as falsidades usadas para encobrir crimes prévios não serão desprovidas de repercussão jurídico-
penal, dando-se o concurso (material) de crimes.” 
 
O Examinador Bruno Gilaberte postou em seu feed do IG em 05.09.2021 o seguinte: 
“Brasil x Argentina - Acerca da polêmica Brasil X Argentina, façamos uma análise jurídico-penal. 
Resumo do caso: jogadores argentinos, em formulário da ANVISA, ocultaram passagem pelo Reino Unido nos 
últimos 14 dias, circunstância que impediria o embarque para o Brasil, consoante art. 7°, parágrafo 5°, da Portaria 
655/2021 da ANVISA. O art. 8° da mesma portaria explicita a possibilidade de responsabilização criminal em caso de 
descumprimento das restrições sanitárias. 
Os argentinos, frise-se, desembarcaram no Brasil e não se submeteram à necessária quarentena, igualmente 
determinada pelo ato normativo. Pois bem, quais as repercussões penais? Se o documento falsamente preenchido se 
sujeita a verificação obrigatória, NÃO HÁ crime de falsidade ideológica (art. 299), pois ausente o valor probatório 
intrínseco. Foi essa a minha primeira impressão. Contudo, a ANVISA emitiu um comunicado afirmando que soube da 
passagem dos jogadores pelo Reino Unido por fontes não oficiais (ver fotos), o que levanta a hipótese de o documento 
não ser de verificação obrigatória. Nesse caso, teoricamente seria possível a falsidade ideológica. Porém, aparentemente 
ocorreu também infração de medida sanitária preventiva (art. 268, CP), a qual só seria possível se precedida pela 
declaração falsa. Frise-se que a falsidade se esgotou na infração da medida sanitária, já que a declaração tem apenas 
esse caráter. Não seria desarrazoado cogitar, nesse contexto, a absorção da falsidade. 
A celeuma existente é: pode um crime de menor gravidade (art. 268) absorver um crime de maior gravidade (art. 299)? 
O STJ, na Súmula 17, admite a hipótese, contra a qual se insurge parte da doutrina. Como deixei claro no meu "Crimes 
Contra o Patrimônio", seguindo a lição de Frederico Horta, não vejo problema na absorção. 
Posso estar equivocado, mas me parece que a verificação ocorreu bem depois, porque argentinos não precisam de 
passaporte para ingressar no Brasil, então no caso deles não haveria a verificação obrigatória. A tese do crime impossível 
se enfraquece um pouco. Parabéns pela análise.” 
 
Hipóteses casuísticas de incidência do princípio da consunção ou absorção: 
(1): O crime consumado (delito perfeito) absorve o crime tentado (delito imperfeito). 
(2): O crime de dano absorve o crime de perigo. 
(3): Porte ilegal de arma e receptação dolosa - NÃO SE APLICA a consunção (Info 433 STJ). 
 
DIREITO PENAL 
 
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A receptação e o porte ilegal de arma de fogo configuram crimes de natureza autônoma, com 
objetividade jurídica e momento consumativo diversos. Tribunais vêm afirmando que os crimes de porte 
ilegal de arma e receptação dolosa possuem bens jurídicos distintos, vítimas distintas, momentos de 
consumação diferentes, motivo pelo qual NÃO há consunção entre eles. 
Não há o que se falar em esgotamento de potencialidade lesiva da receptação no crime de porte 
(como um crime de dano será absorvido pelo crime de perigo, embora de menor gravidade?) 
Embora haja uma relação de meio-fim e múnus-plus, não há o respeito ao esgotamento da 
potencialidade lesiva. 
 
(4): Legítima defesa e uso de arma de fogo (Info 775 STF) 
Contexto fático: Indivíduo pratica um fato típico, mas não ilícito (amparado por uma excludente de 
ilicitude da legítima defesa). Ocorre que, o meio pelo qual ele utilizou para repelir a injusta agressão era uma 
arma de fogo com numeração raspada, do qual ele não tinha o devido registro. 
A discussão era: O delito de porte/posse de arma de fogo com numeração raspada resta absorvido 
pelo crime de homicídio? Se sim, como o homicídio fora praticado em legítima defesa, a excludente de 
ilicitude atingiria também o crime de porte de arma de fogo com numeração raspada? 
A jurisprudência do STJ e STF sempre tiveram a posição de que seria possível a absorção, pelo 
homicídio, de eventual porte de arma, se aquela arma for usada exclusivamente para a prática do homicídio, 
ou seja, se a potencialidade lesiva daquela arma se esgotasse no homicídio. 
Nesse julgado específico, o STF entendeu que a consunção NÃO alcançaria a posse ilegal de arma de 
fogo com numeração raspada. Isso porque, nesse caso, o indivíduo efetivamente não teria “portado aquela 
arma de fogo exclusivamente para repelir a agressão”. A rigor, o indivíduo já portava a arma com a 
numeração raspada, e então utilizou a arma para repelir a injusta agressão, de modo que a potencialidade 
lesiva da arma não se esgotou no ato de legítima defesa. 
 
● PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE: 
a) Própria: Tem aplicação nos crimes plurinucleares, ou seja, crimes de ação múltipla ou conteúdo 
variado, que são crimes compostos de pluralidade de verbos nucleares (ações típicas). Nesse caso, o 
crime permanece único, não desnatura a unidade do crime. Ex.: art. 33 da Lei de Drogas. Ex.: 
importar, guardar, transportar e vender a droga. 
b) Imprópria: Quando duas ou mais normas penais disciplinam o mesmo fato. 
 
Este último princípio não é unânime, não sendo aceito por relevante parcela da doutrina. Na 
alternatividade própria não haveria conflito, não havendo pluralidade de normas aplicáveis, vez que a 
conduta está no mesmo tipo penal. Na imprópria, se há duas leis tratando do mesmo fato, haveria, na 
verdade, um conflito de leis penais no tempo, em que a segunda revogou a primeira. 
 
DICA DD: Mnemônico SECA 
S ubsidiariedade 
E specialidade 
C onsunção 
 
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41 
 
A lternatividade 
 
Os 3 primeiros são unânimes na doutrina e o 4º não. Então na hora de marcar, fique atento ao 
comando da questão. 
O objetivo do instituto é evitar o bis in idem e manter a unidade lógica e a coerência do sistema 
penal. Pode até haver conflitos entre normas,mas o sistema é único, perfeito e apresenta ele próprio meios 
para solucioná-los. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson; 
- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo; 
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.que prescreve o modelo de conduta adequado — que Busato qualifica de ‘imperativo primário’? — 
precedente ao comando legal.”. – pg. 447. 
 
 
1.1. Classificação das Leis Penais 
 
De acordo com a doutrina, as leis penais podem ser classificadas da seguinte maneira: 
 
A) INCRIMINADORAS: Criam crimes e cominam penas. Estão na Parte Especial do Código Penal e na 
Legislação Penal Especial. 
 
B) NÃO INCRIMINADORAS: Não criam crimes nem cominam penas, podendo ser subdividas em: 
 
b.1) Justificantes: Autorizam a prática de condutas típicas em determinadas hipóteses, excluindo a 
ilicitude. Em regra, estão previstas na Parte Geral do Código Penal (art. 23), mas algumas estão na 
Parte Especial (art. 128 do CP) ou na Legislação Extravagante. 
 
Art. 25, parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, 
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele 
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de 
crimes. Redação trazida pelo Pacote Anticrime. 
 
b.2) Exculpantes: Afastam a culpabilidade do agente ou estabelecem a impunidade de determinados 
delitos. São exemplos: doença mental, menoridade, prescrição e perdão judicial. 
 
OBS.: Parte da doutrina (Rogério Greco) classifica como normas permissivas as normas que afastam 
a ilicitude (justificantes) e as que afastam a culpabilidade (exculpantes). Por sua vez, outra parte da 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art25p
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5 
 
doutrina (Fernando Capez, Luiz Flávio Gomes) inclui nas normas permissivas apenas aquelas que 
afastam a ilicitude do ato. 
 
b.3) Interpretativas: São normas que esclarecem o conteúdo e o significado de outras normas penais. 
É o caso, por exemplo, do conceito de funcionário público para fins penais, previsto no art. 327 do 
CP. 
 
b.4) Finais (Complementares): Delimitam o campo de validade das leis incriminadoras, como os art. 
2º e 5º do CP. 
 
b.5) Diretivas: Estabelecem princípios, como o art. 1º do CP, que trata da reserva legal. 
 
b.6) Integrativas (de Extensão): Complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal em crimes 
omissivos impróprios, à tentativa e à participação (arts. 13, §2º, 14, II e 29, caput, do CP, 
respectivamente). 
 
c) COMPLETAS / PERFEITAS: Apresentam todos os elementos da conduta criminosa. 
 
d) INCOMPLETAS / IMPERFEITAS: São normas que reservam a complementação da definição da conduta 
criminosa a uma outra lei, a um ato da Administração Pública ou a análise do julgador. São leis penais em 
branco, nos dois primeiros casos, e tipos penais abertos, no último. 
 
1.1.1 Leis Penais em Branco 
 
“A lei penal em branco é também denominada de cega ou aberta, e pode ser 
definida como a espécie de lei penal cuja definição da conduta criminosa reclama 
complementação, seja por outra lei, seja por ato da Administração Pública. O seu 
preceito secundário é completo, o que não se verifica no tocante ao primário, 
carente de implementação” (MASSON, 2017, p. 127). 
 
 Franz Von Liszt diz que “são corpos errantes em busca de alma”. 
 
ESPÉCIES DE LEI PENAL EM BRANCO: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Impróprias (em sentido 
amplo / homogêneas): 
 
Homovitelina 
(homóloga) 
 
Heterovitelina 
(heteróloga) 
 
Próprias (em sentido 
estrito / heterogêneas) 
 
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6 
 
I – Lei penal em branco EM SENTIDO LATO / HOMOGÊNEA / IMPRÓPRIA: O complemento tem a mesma 
natureza jurídica e deriva do mesmo órgão que elaborou a lei incriminadora, ou seja, é outra lei. Ex.: art. 169, 
§ único, I, do Código Penal, complementado pelo art. 1.264 do Código Civil. Podem ser de duas espécies: 
 
a) Lei penal em branco em sentido lato HOMOVITELINA: A lei incriminadora e o complemento 
estão no mesmo diploma legislativo. Ex.: Art. 304 do CP - Fazer uso de qualquer dos papéis 
falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302. 
b) Lei penal em branco em sentido lato HETEROVITELINA: A lei incriminadora e o complemento 
estão em diplomas normativos diversos. Ex.: art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro 
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior. 
É complementado pelo Código Civil. 
 
II – Lei penal em branco EM SENTIDO ESTRITO / HETEROGÊNEA / FRAGMENTÁRIA / PRÓPRIA: O 
complemento tem natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto do que elaborou a norma 
incriminadora. Ex.: Lei de drogas e Portaria 344/98. 
 
III – Lei penal em branco INVERSA ou AO AVESSO: O preceito primário é completo, mas o preceito 
secundário (pena) depende de complementação. O complemento, nesse caso, deve ser uma lei, tendo em 
vista o princípio da reserva legal. Ex.: genocídio. 
 
IV – Lei penal em branco DE FUNDO CONSTITUCIONAL: O complemento do preceito primário é uma norma 
constitucional. É o caso, de acordo com Cleber Masson (2017, p. 128), do crime de abandono intelectual, 
definido no art. 246 do CP, uma vez que o conceito de “instrução primária” está previsto no art. 208, I, da CF. 
 
V – Lei penal em branco AO QUADRADO: É a norma cujo complemento também depende de 
complementação. Ex.: art. 38 da Lei 9.605/98, que pune as condutas de destruir ou danificar florestas de 
preservação permanente. O conceito de "floresta de preservação permanente" é dado pelo Código Florestal, 
que, dentre várias hipóteses, previu um caso em que a área de preservação permanente será assim 
considerada após declaração de interesse social por parte do Chefe do Poder Executivo. 
 
1.2 Características da Lei Penal 
 
a) Exclusividade: Somente a lei pode criar delitos e as penas correspondentes (art. 5º, XXXIX, da CF). 
 
b) Imperatividade: Caso seja descumprida haverá a imposição de sanção (pena ou de uma medida). 
 
c) Generalidade: Direciona-se a todas as pessoas, indistintamente, até mesmo aos inimputáveis. 
 
d) Impessoalidade: Seus efeitos são projetados a fatos futuros, incidindo sobre qualquer pessoa que venha 
a praticá-los, ressalvadas duas exceções: as leis de anistia e a abolitio criminis, as quais alcançam fatos 
concretos. 
 
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7 
 
 
e) Anterioridade: Somente pode ser aplicada se estava em vigor no momento da prática da infração penal, 
ressalvado o caso da retroatividade benéfica. 
 
O Examinador Bruno Gilaberte, acerca do tema “norma penal em branco”, se posicionou no sentido de que 
o complemento do art. 268 do CP pode ser diverso de lei sem que fira o princípio da legalidade. 
Seguindo essa lógica, o ato normativo complementar pode ser editado por Estados e Municípios desde que 
o façam respeitando a repartição constitucional de competências. Além disso, o complemento não precisa versar 
exclusivamente sobre direito penal. Dessa forma, a conduta incriminadora que deve ter caráter penal, o complemento 
não, podendo ser de outros ramos, como direito civil, administrativo etc. 
Por fim, deve-se verificar se a medida é correlacionada com o risco de lesão ao bem jurídico corretamente selecionado 
e tutelado para se evitar o fenômeno da administrativização do direito penal (postagem IG @Brunogilaberte, de 
13/04/2020). 
Em artigo publicado na Jusbrasil intitulado “Direito Penal da Pandemia: COVID-19 e crimes contra a saúde pública”, ao 
tecer considerações acerca da “Infração de medida sanitária preventiva” o Examinador descreveu que é exemplo 
corriqueiro de norma penal em branco. Tal norma consiste em infringir (descumprir) determinação do poder público 
destinada a impedir a introdução ou a propagação de doença contagiosa. 
Nas palavras do examinador: “(..) entendemos que medidas locais determinadas por governos estaduais, governo 
distrital e prefeituras, tal qual os atos normativos federais, servem à configuração do crime, pois, quando se fala em 
saúde pública, há peculiaridadesregionais que não podem ser desprezadas. Há medidas sanitárias que são adequadas 
à realidade de determinado ente federativo, mas que se mostrariam exageradas ou ineficazes em outro âmbito. (...) Essa 
conclusão passa pela análise da legalidade e da fonte normativa de complementação da norma em branco. 
Evidentemente, há normas penais que somente podem ser complementadas por um ato normativo federal, como, por 
exemplo, o Estatuto do Desarmamento. Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios não podem disciplinar o 
conceito de arma de fogo de uso restrito, entre outros. No tocante às medidas sanitárias preventivas, o 
artigo 24 da CRFB, em seu inciso XII, estabelece competência legislativa concorrente entre todos os entes federativos 
quando o tema é proteção à saúde, o que estabelece uma dinâmica diferente: a União edita normas gerais em defesa 
da saúde e os demais entes federativos suplementam essas normas gerais (consoante interpretação dos arts. 24, § 2º, 
e 30, I, da CRFB)”. 
 
2. LEI PENAL NO TEMPO 
 
 Em decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da 
realização do fato criminoso (tempus regit actum). 
Excepcionalmente, será permitida a retroatividade da lei penal para alcançar os fatos passados, 
desde que benéfica ao réu, de modo que NÃO há, no direito penal, retroatividade maléfica ao réu. 
 Nesse contexto, a lei benéfica poderá retroagir mesmo que já tenha havido o trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória. 
Essa sistemática se aplica a norma que tenha caráter material (direito penal) ou misto (direito penal 
e processual penal). Apenas as normas de natureza processual (puras) NÃO se submetem à retroatividade 
benéfica. 
 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110025/estatuto-do-desarmamento-lei-10826-03
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638933/artigo-24-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638933/artigo-24-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10717347/par%C3%A1grafo-2-artigo-24-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637721/artigo-30-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10714233/inciso-i-do-artigo-30-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
8 
 
 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar 
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, 
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória 
transitada em julgado. 
 
 Ressalta-se que NÃO se pode dizer o mesmo acerca da jurisprudência, tendo em vista que, de acordo 
com o entendimento dos Tribunais Superiores, é possível a aplicação de novo entendimento jurisprudencial 
para fatos ocorridos antes da mudança. Em outras palavras: a irretroatividade maléfica da norma não se 
aplica aos entendimentos jurisprudenciais. Veja: 
 
Não há se falar em irretroatividade de interpretação jurisprudencial, uma vez que 
o ordenamento jurídico proíbe apenas a retroatividade da lei penal mais gravosa. 
Os preceitos constitucionais relativos à aplicação retroativa da norma penal 
benéfica, bem como à irretroatividade da norma mais grave ao acusado (art. 5º, XL, 
da Constituição Federal), são inaplicáveis aos precedentes jurisprudenciais. STF. 1ª 
Turma. HC 161452 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2020. STJ. 5ª Turma. 
AgRg nos EDcl no AREsp 1361814/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado 
em 19/05/2020. 
 
Os autores Leonardo de Bem e João Paulo Martinelle, no Livro Direito Penal, parte geral, lições 
fundamentais, defendem a retroatividade da jurisprudência mais benéfica: 
“À margem da orientação de Guaragni no sentido de limitar a extensão da ideia de retroatividade à 
interpretação mais favorável pela ausência de respaldo em texto de lei”, deve-se sustentar a possibilidade de incidência 
da nova interpretação de um colegiado superior — se mais favorável ao agente —, embora a conduta ilícita tenha sido 
praticada em tempo pretérito à mudança de entendimento”. – pg. 405. 
 
2.1. Teorias sobre a Eficácia da Lei Penal no Tempo 
 
● Teoria da Atividade: Considera-se praticado o crime no momento da conduta, ou seja, no momento 
da ação ou da omissão. 
● Teoria do Resultado (do Evento): Considera-se praticado o crime no momento do resultado. 
● Teoria da Ubiquidade (Mista): Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
ATENÇÃO: O CP adotou a TEORIA DA ATIVIDADE, conforme artigo 4º, CP: 
 
Art. 4º, CP - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, 
ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
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9 
 
 
 Essa definição só tem relevância em relação aos delitos materiais/causais, que demandam a 
produção de resultado naturalístico, uma vez que, somente nestes, a consumação pode se dar em momento 
diferente do da prática da conduta, qual seja, com a produção do resultado. Nos crimes formais e de mera 
conduta, a consumação ocorre conjuntamente com a prática da ação ou omissão, não importando o 
momento do resultado, por isso dispensa essa teoria. 
 
Consequências da adoção da Teoria da Atividade: 
● Aplica-se a lei penal que estava em vigor no momento da conduta, salvo se a lei penal posterior for 
mais favorável (irretroatividade maléfica ou retroatividade benéfica); 
● A imputabilidade do agente deve ser analisada no tempo da conduta. 
 
O autor Paulo César Busato, na segunda edição do Livro Direito Penal, parte geral, aponta algumas EXCEÇÕES 
à teoria da atividade, vejamos: 
“Importa sublinhar, porém, algumas exceções à regra geral, especialmente nas situações relacionadas à 
prescrição. A primeira é relativa aos crimes permanentes, pois nestes, a ação segue em curso enquanto dura a 
permanência, razão pela qual todo esse tempo é considerado tempo do crime, devendo ser computado como momento 
exato aquele em que cessa a permanência, inclusive a efeito de prescrição (art. 111, inciso III, do Código Penal). 
A contagem de prazo prescricional em crimes consumados também constitui exceção, posto que a contagem do prazo 
de prescrição da pretensão punitiva em abstrato começa a contar a partir do dia em que o crime se consuma, ou seja, 
do resultado, e não da realização da ação (art. 111, inciso I, do Código Penal). Ademais, a mesma contagem do prazo 
prescricional da tentativa parte de quando cessou a atividade criminosa, ou seja, de quando se realizou o último ato 
de execução, obediente, portanto, à regra geral (art. 111, inciso II, do Código Penal). 
Ainda, servem de exceção os crimes de bigamia, falsificação e alteração de assentamento do registro civil, posto que 
estes têm o prazo prescricional computado a partir da data em que o fato se torna conhecido (art. 111, inciso IV, do 
Código Penal). 
Merece referência, por último, a questão levantada pela Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal, que comporta o 
seguinte conteúdo: ‘a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é 
anterior à cessação de continuidade ou da permanência’. O entendimento jurisprudencial conta com o apoio de certo 
setor da doutrina, tanto nacional quanto estrangeira.” 
O que é crime permanente? 
“Como definem Schmitt de Bem e Orsini Martinelli, crime de consumação permanenteé aquele em que a infração se 
mantém ‘pela vontade delitiva do sujeito ativo’ (Lições Fundamentais de Direito penal, 2016, p. 377)”. 
Postagem rede social IG do Examinador Bruno Gilaberte em 07.07.2021 
Os autores Leonardo de Bem e João Paulo Martinelle, no Livro Direito Penal, parte geral, lições 
fundamentais, abordam o seguinte: 
 Crime continuado: Ocorre quando o agente, mediante mais de um comportamento, pratica dois ou mais 
crimes da mesma espécie, e, pelas condições de tempo, lugar, modo de execução e outras semelhantes, devem os 
subsequentes ser tidos como continuação do primeiro, como, por exemplo, sucessivos estelionatos contra idosos 
empregando sempre a mesma fraude durante alguns meses, pratica uma conduta em continuidade delitiva (CP, art. 
71). 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
10 
 
*As espécies e o modo de punição de cada categoria serão estudados em futura lição específica. 
Crime permanente. É aquele em que a agressão ao bem jurídico protegido perdura no tempo e a permanência está em 
poder do agente. O sequestro ou cárcere privado é um exemplo paradigmático de crime permanente (CP, art. 148). 
Veja-se esta situação: o agente, uma semana antes de completar dezoito anos, participou do sequestro da vítima e, na 
continuação, vigiou o local do cativeiro, até que, passados trinta dias, enquanto ainda se discutia o resgate, os policiais 
o prenderam, libertando a vítima. No ínterim das negociações houve a promulgação de uma nova lei que alterou 
gravemente a pena do delito de sequestro. Sabe-se que a maioridade penal se inicia aos dezoito anos (CP, art. 27) e que 
a teoria da atividade regula o tempo do crime (CP art. 4º). Com efeito, tratando-se de um crime permanente, não 
obstante a privação de liberdade tenha acontecido quando o agente era menor de idade, com a manutenção da vítima 
em um cativeiro durante os trinta dias, o agente alcançou a maioridade e, portanto, pode responder pelo delito. Mas 
qual pena aplicar: a da lei que vigia no momento do sequestro ou aquela que passou a viger antes da libertação da 
vítima? Como houve mudança da lei para outra considerada mais grave no decorrer da execução do delito, ao agente 
aplica-se a lei penal mais recente, isto é, a mais grave, tudo em conformidade com o entendimento sumulado pela 
Corte Suprema. – pg. 405. 
 
ATENÇÃO! Quanto ao termo inicial da prescrição da pretensão punitiva, o Código Penal adota a 
TEORIA DO RESULTADO (art. 111, I, CP): A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa 
a correr: I - do dia em que o crime se consumou. 
 
Dica DD: Mnemônico LUTA 
Lugar do crime = Ubiquidade 
Tempo do crime = Atividade 
 
Caiu na prova de Delegado RJ (2021) Passando-se por funcionária de certa instituição financeira, Helena 
usou um aplicativo de mensagens para fazer contato com a idosa Abigail, informando-lhe falsamente que o 
cartão bancário desta fora clonado e pediu que a idosa fornecesse seus dados qualificativos e senha do cartão 
para cancelamento. Abigail, confiando na suposta funcionária, repassou os dados. Em seguida, Helena disse 
para Abigail cortar seu cartão ao meio e entregar ambas as partes a outra funcionária, que iria até sua casa 
para buscá-las. A própria Helena, então, usando camiseta da instituição financeira e um crachá falso, foi até 
a casa de Abigail, em Niterói, e pegou as duas partes do cartão. Como o chip se encontrava preservado, 
Helena o utilizou para a confecção de um novo cartão, com o qual transferiu dinheiro da conta de Abigail, 
sediada em uma agência de São Gonçalo, para conta diversa, com agência em Rio Bonito. Além disso, Helena 
fez compras em uma loja virtual, tendo recebido as mercadorias adquiridas em sua casa, em Maricá. 
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção que indica o local em que se CONSUMARAM os 
crimes patrimoniais decorrentes da transferência bancária e da aquisição de mercadorias, respectivamente. 
A São Gonçalo e Niterói 
B Rio Bonito e São Gonçalo 
C São Gonçalo e Maricá 
 D Ambos em Niterói 
E Rio Bonito e Maricá 
 
 
DIREITO PENAL 
 
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11 
 
Gabarito: C 
 
2.2. Abolitio Criminis 
 
É a supressão da figura criminosa, abolir do ordenamento a figura de um tipo penal incriminador, 
aplicando-se a retroatividade benéfica. Assim, prevê o art. 2º, do CP: 
 
Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar 
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória (ou seja, permanecem apenas os efeitos extrapenais – como civis, 
administrativos, eleitorais, etc.). 
 
ATENÇÃO! Se a lei descriminalizadora surgir na fase do inquérito policial já instaurado, os autos serão 
relatados encaminhados ao Ministério Público (distribuição direta) ou ao judiciário (para envio ao Ministério 
Público). E, conforme a sistemática atualmente vigente, após a promoção de arquivamento pelo Ministério 
Público, o juiz homologará e, se não concordar com o arquivamento, deverá aplicar a sistemática do artigo 
28 do CPP. 
 
a) Natureza jurídica 
 
1ª Corrente: Causa de extinção da punibilidade. Parece ter sido a adotada pelo CP, conforme art.107, 
III, CP. Prevalece na doutrina. 
 
Extinção da punibilidade 
Art. 107, CP - Extingue-se a punibilidade: 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
 
2ª Corrente: Causa de exclusão de tipicidade gerando, por conseguinte, a extinção da punibilidade. 
Só se extingue a punibilidade porque o fato deixou de ser típico (Flávio Monteiro de Barros). É uma crítica à 
1ª corrente, pelo fato de que a extinção da punibilidade apenas tira o direito de punir do Estado, enquanto 
o que ocorre aqui, na verdade, é a inexistência de crime. Não prevalece na doutrina. 
 
O que é abolitio criminis temporária? 
 
Com o Estatuto do Desarmamento, foi previsto um prazo para que proprietários de arma de fogo 
entregassem ou regularizassem o registro da arma. Durante esse prazo, não incidiu o tipo penal respectivo, 
o crime de posse irregular de arma de fogo ficaria “suspenso” por algum tempo. Esse prazo foi chamado de 
“abolitio criminis temporária”. 
 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
12 
 
Sobre o tema: Súmula 513 STJ: "A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao 
crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de 
identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005." 
Essa abolitio criminis temporária se aplica a fatos praticados entre 23/12/2003 a 23/10/2005 para os crimes 
de posse de arma de uso permitido e restrito, bem como as condutas equiparadas. Porém, a partir de 
23/10/2005 a 31/12/2009, passou a incidir somente sobre a conduta de posse de uso permitido. 
 
Para o Examinador Bruno Gilaberte, a Lei nº 13.964/2019 operou abolitio criminis em relação àquelas 
condutas antes concebidas como posse ou porte de munição ou acessório de uso proibido. 
Artigo: “Pacote Anticrime e a atipicidade da posse ou porte de munições ou artefatos de uso proibido”, 
disponível em: Jusbrasil. 
 
b) Abolitio Criminis X Princípio da continuidade normativo-típica 
 
Na abolitio criminis há supressão da figura criminosa, pois a intenção do legislador é não mais 
considerar o fato criminoso. 
Já no princípio da continuidade normativo-típica há a migração do conteúdo criminoso para outro 
tipo penal incriminador, pois a intenção é manter a natureza criminosa do fato. O STF também já utilizou o 
termo transmudação geográfica do tipo penal. 
 
ABOLITIO CRIMINIS PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-
TÍPICA 
Supressão formal e material da figura criminosa. Supressão formal do tipo. 
O fato deixa de ser criminoso. A intenção do legislador é manter a natureza 
criminosa do fato, mas com outra roupagem, em 
outro tipo penal. 
A intençãoé não mais considerar o fato criminoso Migração do conteúdo criminoso para outro tipo 
penal incriminador. 
Ex.: art. 240 – Adultério. Houve supressão tanto 
material, quanto formal da conduta do campo de 
incidência do direito penal, deixando de ser crime. 
Ex.: art. 214 - Atentado violento ao pudor. O que 
antes era este crime, agora é estupro. Não houve 
abolitio. 
 
Outros exemplos que sofreram a continuidade típica normativa: 
 
1. Apropriação indébita previdenciária - Desde a lei 9.983/00, essa conduta está prevista no art. 168-
A do CP. Porém, antes de 2000, tínhamos o art. 95 da Lei 8.212/91. O STF entendeu que a lei 
9.983/00, ao alterar essa figura típica de posição (da Lei 8212 para o art. 168-A), o fez com o intuito 
de ter uma continuidade típico normativa, de modo que, a rigor, não há sucessão de leis no tempo, 
mas sim o princípio da CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA. 
 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/795069979/lei-13964-19
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
13 
 
 
2. Rapto violento era previsto no art. 219, 220, 221 e 222 no CP - Essa figura do rapto foi revogada pela 
Lei 11.106/05. No entanto, essa mesma Lei inclui o inciso V no art. 148, §1º do CP – sequestro e 
cárcere qualificado se o crime for praticado com fins libidinosos. O STF decidiu que houve uma 
CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA. 
 
3. Corrupção de menores prevista na Lei 2.252/54 (art. 1°) - Essa lei também foi revogada pela Lei 
12.015/08, incluindo no ECA o art. 224-B. STF e STJ entenderam que não houve abolitio criminis e 
consequente extinção da punibilidade. Pois essa conduta apenas migrou de tipo penal, havendo o 
princípio da CONTINUIDADE TÍPICO NORMATIVA. 
 
c) Abolitio Criminis x Novatio Legis in Mellius (“lex mitior”) 
 
A novatio legis in mellius é a nova lei que de qualquer modo favoreça o agente (art. 2°, §único, CP): 
A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos 
por sentença condenatória transitada em julgado. 
Sobre o tema em estudo, destaca-se trecho do livro do Prof. Cléber Masson, cobrado na última 
prova de Delegado de Polícia do Paraná (2021): 
 
Lei penal benéfica, também conhecida como lex mitior ou novatio legis in mellius, 
é a que se verifica quando, ocorrendo sucessão de leis penais no tempo, o fato 
previsto como crime ou contravenção penal tenha sido praticado na vigência da 
lei anterior, e o novel instrumento legislativo seja mais vantajoso ao agente, 
favorecendo-o de qualquer modo. A lei mais favorável deve ser obtida no caso 
concreto, aplicando-se a que produzir o resultado mais vantajoso ao agente 
(teoria da ponderação concreta). 
 
Semelhanças entre abolitio criminis e novatio legis: 
● A retroatividade benéfica é automática, independente de cláusula expressa; 
● Pode ser aplicada de ofício pelo juiz ou, ainda, mediante provocação das partes; 
● Alcança, inclusive, fatos já definitivamente julgados, visto que a coisa julgada não é oponível à 
retroatividade benéfica. 
 
Juízo competente para a aplicação: Depende do momento em que se encontra a persecução penal. 
a) Se estiver na fase do inquérito ou na ação penal de 1ª instância quem aplica é o juiz de 1ª grau. 
b) Se estiver no Tribunal (recurso ou competência originária), será aplicada por ele. 
c) Se a condenação já transitou em julgado, cabe ao juízo da execução, pouco importando a origem da 
condenação. 
 
Súmula 611 do STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao 
JUÍZO DAS EXECUÇÕES a aplicação da lei mais benigna. 
 
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14 
 
 
ATENÇÃO! A lei penal benéfica possui ULTRATIVIDADE, ou seja, pode ser aplicada mesmo após a sua 
revogação, caso o fato tenha sido praticado durante a sua vigência. 
 
2.3. Crime continuado, Crime permanente, Sucessão de leis penais 
 
● Crime continuado: Previsto no art. 71 do CP, que assim o define: 
 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como 
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou 
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
 
O crime continuado é uma ficção jurídica criada por razões de política criminal, que permite que dois 
ou mais crimes da mesma natureza, cometidos em condições semelhantes de tempo, lugar e modo de 
execução, sejam tratados como um único crime para fins de aplicação da pena, com um aumento 
proporcional. Por exemplo, imagine que uma funcionária de uma loja desvie dinheiro do caixa sob sua 
responsabilidade em quatro sextas-feiras consecutivas. Como os furtos ocorreram de forma repetida, 
seguindo um mesmo padrão, considera-se que há um crime único em continuidade delitiva, o que resulta na 
aplicação de uma pena mais branda do que se cada furto fosse punido separadamente. 
 
Para o Examinador Bruno Gilaberte, em sentido contrário ao posicionamento majoritário, é admissível a 
continuidade delitiva em crimes praticados cuja proteção tem o mesmo bem jurídico e são assemelhados ao 
interpretar “crimes da mesma espécie”. Majoritariamente seriam crimes do mesmo tipo penal. 
A título de exemplo, inadmissível a continuidade ser reconhecida pela prática de crimes de roubo e furto, mas 
para o Examinador não existe óbice à continuidade pois são crimes subjetiva e objetivamente semelhantes, isto é, que 
possuem descrição típica assemelhada e atingem a mesma objetividade jurídica, já que roubo é nada mais que furto 
agravado. (pg. 58 do Livro “Crimes contra o patrimônio” da Coleção “Crimes em espécie” da Editora Freitas Bastos) 
 
● Crime permanente: Trata-se de crime cuja consumação é prolongada no tempo pela vontade do 
agente. Ex.: extorsão mediante sequestro - a consumação já se deu com a privação da liberdade, mas 
enquanto a vítima não é libertada o crime continua se consumando. 
 
Nestes dois casos, considerando que o agente deu continuidade às condutas por opção, aplica-se 
sempre a última lei vigente, mesmo que mais grave, conforme entendimento sumulado. 
 
Súmula 711, do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao 
crime permanente se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. 
 
 
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15 
 
CRIME PERMANENTE CRIME CONTINUADO 
É aquele cuja consumação se prolonga no 
tempo, por vontade do agente. 
Ex.: art. 159, CP (extorsão mediante sequestro). 
O crime se consuma no momento em que o 
agente priva a liberdade da vítima, mas continua 
se consumando até a libertação do ofendido. 
Se a vítima foi sequestrada enquanto estava em 
vigor a lei menos gravosa, mas no período em 
que ficou sob o poder do agente entrou em vigor 
lei mais gravosa, aplica-se a última. 
É aquele em que o agente pratica, mediante 
mais de uma ação ou omissão, dois ou mais 
delitos da mesma espécie, e pelas condições de 
tempo, lugar, maneira de execução e outras 
semelhantes, devem os subsequentes ser 
havidos como continuação do primeiro. Trata-
se de uma ficção jurídica. 
Ex.: Caso o agente pratique cinco crimes, porém 
os quatro primeiros estavam sob a regência da 
lei menos gravosa, enquanto que o quinto é 
praticado na vigência da lei mais gravosa, aplica-
se a última. 
 
É possível a combinação de leis penais para favorecer o réu (lex tertia)? 
 
1ª Corrente: Não é possível, pois o juiz, assim agindo, transforma-se em legislador, criando uma terceira lei. 
(Nelson Hungria). Prevalece no STF e STJ. Nesse sentido, a Súmula 501, STJ: “É cabível a aplicação retroativa 
da lei n. 11.343/06, desde que o resultado da incidência de suas disposições, na íntegra, seja mais favorável 
ao réu do que o advindo da aplicação daLei n. 6.360/76, sendo vedada a combinação de leis”. 
 
2ª Corrente: É possível, visando atender os princípios constitucionais da ultratividade e retroatividade 
benéfica. Não se trata de criação, mas combinação de leis (Luiz Flávio Gomes). Se o juiz pode aplicar o “todo” 
de uma lei ou de outra para favorecer o agente, ele pode escolher “parte” de uma e de outra para o mesmo 
fim. (Basileu Garcia). 
 
Embora prevaleça a 1ª Corrente nas Cortes Superiores, não se pode ignorar que o próprio STJ tem 
precedentes combinando leis. É o caso do art. 273 do CP e art. 33, Lei 11.343/06. Com alicerce no princípio 
da proporcionalidade o STJ entendeu pela substituição do preceito secundário do art. 273, CP pelo do art. 
33, Lei 11.343/06 (AgRg no REsp 1509051/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado 
em 03/09/2019, DJe 10/09/2019). 
 
Em contraponto, julgado mais recente do STF vedou essa aplicação, conforme se verifica no Tema 1003 (RE 
979962), cuja tese aprovada foi: “É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do Código 
Penal, com redação dada pela Lei nº 9.677/98 (reclusão, de 10 a 15 anos, e multa), à hipótese prevista no 
seu § 1º-B, I, que versa sobre a importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária. 
Para esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do art. 273, na redação originária 
(reclusão, de 1 a 3 anos, e multa).” (aprovada em 24/03/2021). 
 
 
 
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16 
 
O autor Paulo César Busato, na segunda edição do Livro Direito Penal, parte geral, entende que, no 
tocante à discussão acerca da criação da chamada lex tertia, ou terceira lei, não se pode confundir 
lei e norma, sendo favorável. 
“Há uma evidente diferença entre a lei, que é mero invólucro, veículo descritivo da norma, e esta última. 
Enquanto a lei é mero instrumento de descrição da norma, esta é um comando oriundo de uma conjugação 
de vontades. É expressão da pretensão de um povo. Assim, resta claro que a norma, como comando, só se 
expressa pela atividade judicante de sua aplicação. Ao fazê-lo, o juiz exercita a verdadeira realização da 
norma, a sua efetiva e real existência. Norma é, portanto, a lei viva, a aplicação da regra anódina e hipotética 
ao caso concreto, a conversão da lei em comando. Visto desse modo, resta claro que o juiz cria norma, posto 
que cria a regra coercitiva para o caso concreto.” 
 
2.4. Lei Excepcional e Temporária 
 
● Lei temporária: É aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência. Logo, possui prazo 
determinado na lei. Ex.: Lei 12.663/12 (Lei da FIFA). 
● Lei excepcional: É a que atende a transitórias necessidades estatais, tais como guerra, epidemias, 
calamidades. Perdura por todo o tempo excepcional, que não é preestabelecido na lei. É editada em 
função de algum evento transitório, sendo que perdura enquanto persistir o estado de emergência. 
 
Art. 3º, CP: A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua 
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante sua vigência. 
 
Características: 
. Autorrevogabilidade: Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado (lei 
temporária) ou cessada a situação de anormalidade (lei excepcional). 
. Ultratividade: Os fatos praticados durante sua vigência continuam sendo punidos ainda que 
revogadas as leis temporária ou excepcional. 
 
ATENÇÃO! Estas leis NÃO se sujeitam aos efeitos da abolitio criminis, salvo se lei posterior for 
expressa nesse sentido. 
 
A alteração de complemento de norma penal em branco, retroage? 
 
Segundo o STF, depende. Em se tratando de norma penal em branco homogênea (imprópria), cujo 
complemento será outra lei, deve retroagir para beneficiar o réu. 
Já nos casos de norma penal em branco heterogênea, cuja complementação normalmente é feita por ato 
administrativo, só retroagirá caso o ato não se dê em situação de excepcionalidade, ou seja, se for proferido 
em situação de normalidade. Assim, temos as seguintes hipóteses: 
 
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17 
 
- Ato não visa proteger situação excepcional, ou seja, proferido em situações de normalidade: Há 
retroatividade da lei penal benéfica, a exemplo da retirada do cloreto de etila da lista da Portaria da Anvisa 
que complementa a Lei de Drogas. 
- Ato que visa proteger situação excepcional: Não retroage. Por exemplo, portarias que fazem tabelamento 
de preços, para reger, por exemplo, crimes contra a ordem econômica. Nestas hipóteses, se não foi 
obedecido o tabelamento daquela data, mas posteriormente houve a correção da tabela para um patamar 
superior, não haverá a retroatividade da lei penal, vez que o que se buscava era tutelar aquela situação de 
caráter excepcional. 
 
Os autores Leonardo de Bem e João Paulo Martinelle, no Livro Direito Penal, parte geral, lições 
fundamentais, trazem o seguinte acerca da Lei excepcional ou temporária: 
A primeira (lei excepcional) é a lei editada para situações de calamidade, fora dos padrões normais, enquanto 
a segunda é a que entra em vigência por um tempo determinado, com data certa para cessar. 
Na verdade, pode-se afirmar que, apesar de nomenclaturas distintas, ambas são a mesma coisa, pois a lei 
penal temporária deve ser necessariamente excepcional, porque a regra é a lei penal por tempo 
indeterminado, enquanto a lei penal excepcional, por abranger situações passageiras de calamidade, deve 
ser temporária. Enfim, a lei excepcional é temporária e a lei temporária é excepcional. Ademais, o art. 3º 
do Código Penal contém duas regras: 
A primeira se liga à aplicação de lei penal excepcional aos fatos praticados durante sua vigência, mesmo 
quando as circunstâncias que a determinaram já cessaram; 
A segunda se relaciona à incidência da lei penal temporária aos fatos que se verificaram quando de sua 
vigência, embora Já decorrido o período de sua duração; 
Dessa forma, apesar das diferentes construções, na verdade, como salientado, ambas se equivalem, pois a 
lei excepcional vigorará por tempo limitado por um fato emergencial ou extraordinário e cessada a 
anormalidade, terá sua vigência obstada, enquanto a lei temporária irá viger por tempo que está 
preestabelecido no próprio corpo normativo e encerrando esse prazo, ocorrerá sua revogação automática. 
Ambas apresentam a característica da ultratividade, isto é, continuam a viger para as condutas humanas 
praticadas em seu curso, não obstante revogadas.) – pg. 396. 
 
2.5. Lei Intermediária 
 
Vamos exemplificar para ficar mais fácil. 
Fulano praticou um delito durante a vigência da Lei 1, que cominou para tal conduta a pena de 6 anos 
de reclusão. Durante o processo, entra em vigor a Lei 2, modificando a respectiva pena para 3 anos. Por fim, 
quando da sentença, já está em vigor a Lei 3, que pune a mesma conduta com 4 anos de reclusão. 
Assim, podemos facilmente verificar que a lei mais benéfica a ele é a 2ª, certo? Porém, ela não estava 
em vigor nem na data do fato, nem na data da sentença, sendo uma lei intermediária. E aí, será que ela pode 
ser aplicada? 
 
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18 
 
Tanto a doutrina, quanto o STF entendem que SIM, é possível aplicar a lei intermediária, desde que 
seja a mais benéfica entre as 3 na sua integralidade. E esta é uma lei possui duplo-efeito: retroatividade - 
retroage para alcançar o fato; e ultratividade - possui força para alcançar a sentença ou o julgamento. 
 
3. LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
Eventualmente, um fato criminoso pode atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente 
soberanos. Assim, o estudo da lei penal no espaço visa delimitar qual é o âmbito territorial de aplicação da 
lei penal brasileira. 
Vetores fundamentais para essa definição: 
● Territorialidade (art. 5º, CP): Aplicação da lei penal brasileiracondicionada (cumulativos): 
• não deve ter sido pedida extradição ou ela deve ter sido negada; 
• deve existir requisição do Ministro da Justiça. 
 
COMPETÊNCIA 
Via de regra, a competência para julgar o indivíduo que praticou o crime fora do território nacional, 
mas que está sujeito à aplicação da lei brasileira, será da Justiça Estadual. Contudo, excepcionalmente, se 
estiver presente alguma das hipóteses do art. 109 da Constituição Federal, a competência será da Justiça 
Federal. 
Vale também a leitura do art. 88 do CPP, que determina que: 
 
No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o 
juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca 
tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. 
 
 
DIREITO PENAL 
 
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22 
 
Ainda, conforme o art. 8º, do CP, a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil 
pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Sobre o tema, a jurisprudência: 
 
O agente não pode responder a ação penal no Brasil se já foi processado 
criminalmente, pelos mesmos fatos, em um Estado estrangeiro 
O art. 5º do Código Penal afirma que a lei brasileira se aplica ao crime cometido no 
território nacional, mas ressalva aquilo que for previsto em “convenções, tratados 
e regras de direito internacional”. A Convenção Americana de Direitos Humanos 
(CADH) e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP) proíbem de 
forma expressa a dupla persecução penal pelos mesmos fatos. Desse modo, o art. 
8º do CP deve ser lido em conformidade com os preceitos convencionais e a 
jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vedando-se 
a dupla persecução penal por idênticos fatos. Vale, por fim, fazer um importante 
alerta: a proibição de dupla persecução penal em âmbito internacional deve ser 
ponderada com a soberania dos Estados e com as obrigações processuais positivas 
impostas pela CIDH. Isso significa que, se ficar demonstrado que o Estado que 
“processou” o autor do fato violou os deveres de investigação e de persecução 
efetiva, o julgamento realizado no país estrangeiro pode ser considerado ilegítimo. 
Portanto, se houver a devida comprovação de que o julgamento em outro país 
sobre os mesmos fatos não se realizou de modo justo e legítimo, desrespeitando 
obrigações processuais positivas, a vedação de dupla persecução pode ser 
eventualmente ponderada para complementação em persecução interna. STF. 2ª 
Turma. HC 171118/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 12/11/2019 (Info 959). 
 
Explicação Dizer o Direito: 
O STF já teve a oportunidade de se manifestar a respeito dessas regras, e, ao fazê-
lo obstou o prosseguimento de processo penal quanto a fatos já julgados por 
jurisdição diversa: (...) Ninguém pode expor-se, em tema de liberdade individual, a 
situação de duplo risco. Essa é a razão pela qual a existência de hipótese 
configuradora de “double jeopardy” atua como insuperável obstáculo à 
instauração, em nosso País, de procedimento penal contra o agente que tenha sido 
condenado ou absolvido, no Brasil ou no exterior, pelo mesmo fato delituoso. 
A cláusula do Artigo 14, n. 7, inscrita no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e 
Políticos, aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, qualquer que seja a 
natureza jurídica que se lhe atribua (a de instrumento normativo impregnado de 
caráter supralegal ou a de ato revestido de índole constitucional), inibe, em 
decorrência de sua própria superioridade hierárquico-normativa, a possibilidade 
de o Brasil instaurar, contra quem já foi absolvido ou condenado no exterior, com 
trânsito em julgado, nova persecução penal motivada pelos mesmos fatos 
subjacentes à sentença penal estrangeira. STF. 2ª Turma. Ext 1223, Rel. Min. Celso 
de Mello, julgado em 22/11/2011. 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
23 
 
 
Cuidado: O STJ já decidiu que: A pendência de julgamento de litígio no exterior não 
impede, por si só, o processamento da ação penal no Brasil, não configurando bis 
in idem. STJ. 6ª Turma. RHC 104.123-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
17/09/2019 (Info 656). Embora o caso concreto julgado pelo STJ tivesse algumas 
peculiaridades, existe a dúvida se esse entendimento irá permanecer a partir 
daquilo que decidiu o STF no HC 171118/SP. 
 
3.3. Lugar Do Crime 
 
 Pelo art. 6º, CP, adota-se a teoria da ubiquidade ou mista: 
 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, 
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. (Aplica-se a crimes à distância). 
 
 OBS.1: Lugar do delito x Locus comissi delicti 
Cuidado para não confundir o lugar do delito para o Código Penal (teoria da ubiquidade) com locus 
comissi deliciti para o código de Processo Penal (teoria do resultado): 
● Lugar do delito: serve para os crimes à distância (crimes que perpassam mais de um país). 
. Tema de direito penal (art. 6º, CP); 
. Adota a Teoria da Ubiquidade. 
● Locus comissi delicti: lugar onde se consuma o crime. 
. Tema de direito processual penal (art. 70, CPP); 
. Adota a Teoria do Resultado. 
 
OBS.2: Crime à distância x Crime plurilocal 
● Crime à distância (espaço máximo): percorre territórios de dois Estados soberanos. Envolve 
conflito internacional de jurisdição que se resolve com base no art. 6º, CP (teoria da 
ubiquidade). 
● Crime plurilocal: Percorre pluralidade de locais de um mesmo Estado Soberano. Aplica-se o 
art. 70, do CPP (teoria do resultado). 
 
#DICADD! De acordo com o Código Penal, crimes cometidos dentro do território nacional, inclusive em navios 
que estejam apenas passando pelo mar territorial brasileiro, são regidos pela lei brasileira, pois ocorreram 
dentro dos limites do país. 
No entanto, a Lei nº 8.617/93 introduziu o conceito de passagem inocente, que permite que navios 
estrangeiros transitem pelo mar territorial brasileiro apenas como rota para seu destino, sem necessidade 
de autorização do governo e sem intenção de atracar no Brasil. Para que a passagem seja considerada 
inocente, ela deve ser contínua e rápida, sem comprometer a paz, a ordem ou a segurança nacional. Nesse 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
24 
 
caso, se um crime for cometido a bordo, a lei brasileira não será aplicada, desde que não haja impacto para 
o país. 
No caso de aeronaves estrangeiras, nem a Convenção de Aviação Civil Internacional nem o Código Brasileiro 
de Aeronáutica mencionam expressamente o direito de passagem inocente. Porém, segundo Rogério 
Sanches, esse conceito pode ser aplicado ao espaço aéreo brasileiro. Assim, se uma aeronave apenas 
sobrevoa o Brasil sem qualquer interação com o território nacional e um crime ocorre a bordo sem afetar 
a população ou a ordem pública, a lei brasileira também não se aplicará. 
Os autores Leonardo de Bem e João Paulo Martinelle, no Livro Direito Penal, parte geral, lições 
fundamentais, trazem o seguinte posicionamento: 
“Direito de passagem inocente. A Lei n.8.617/1993 excepciona a aplicação da lei penal brasileira no caso de 
prática de crime dentro de uma embarcação estrangeira privada em nosso mar territorial quando não afetar a paz, a 
ordem ou a segurança nacional e desde que a passagem seja rápida e contínua (art. 3°, 1º). Essa passagem inocente 
ainda compreende o direito de parar e de fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam 
incidentes comuns de navegação ou impostos por motivos de força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar 
auxílio a pessoas, a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave (art. 3°, § 2º). 
Trata-se, como lembram Pacceli e Callegari, ‘do reconhecimento legal da limitação de nossa soberania’. O mesmo direito 
incidiriasobre o agente que praticasse um delito a bordo de aeronave estrangeira de natureza privada em nosso espaço 
aéreo correspondente? Em que pese o silêncio da Convenção de Aviação Civil Internacional e do Código Brasileiro de 
Aeronáutica, se a conduta passageira não afetar interesse nacional, a lei penal brasileira igualmente deverá ser 
excepcionada. Nesses casos, por consequência aplicar-se-á a lei penal que identifica a bandeira do navio ou avião.” – 
pg. 419/420. 
 
4. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS (IMUNIDADES) 
 
4.1 Introdução 
 
Vejamos o artigo 5º, caput e inciso I, CF: 
 
Art. 5º, CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
 
Imunidade diplomática/parlamentar x Artigo 5º, caput, e inciso I, da CF: 
 Nesse ponto, deve-se analisar que a isonomia garantida constitucionalmente é substancial, 
permitindo tratar os desiguais de forma desigual, na medida de sua desigualdade. Além disso, a imunidade 
leva em conta dados objetivos e não subjetivos do agente, haja vista que a imunidade é uma prerrogativa 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
25 
 
funcional, e não um privilégio da pessoa. Nesse sentido, é possível dizer que a lei penal se aplica a todos, 
nacionais ou estrangeiros, por igual, não existindo privilégios pessoais. 
 Há, no entanto, pessoas que, em virtude de suas funções, ou em razão de regras internacionais, 
desfrutam de imunidades. Logo, longe de ser uma garantia pessoal, trata-se de necessária PRERROGATIVA 
FUNCIONAL, proteção ao cargo ou função desempenhada pelo seu titular. Por isso, a doutrina entende que 
NÃO se deve falar em “foro privilegiado”, mas sim em “foro por prerrogativa de função”. 
 
PRIVILÉGIO PRERROGATIVA 
É uma exceção da lei comum deduzida da 
situação de superioridade das pessoas que a 
desfrutam. O privilégio trabalha com a ideia de 
que há pessoas superiores a outras. 
É o conjunto de precauções que rodeiam a 
função. Servem para o exercício da função. 
É subjetivo e anterior à lei. É objetiva e deriva da lei. 
Tem uma essência pessoal. É um anexo à qualidade do órgão. 
É poder frente à lei. É conduto para que a lei se cumpra. 
É próprio da aristocracia das ordens sociais 
(nobreza, clero). 
É próprio das aristocracias das instituições 
governamentais. 
 
4.2 Imunidades Diplomáticas 
 
 São imunidades de direito público internacional de que desfrutam: 
 
i. Chefes de governo ou de Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva; 
ii. Embaixador e sua família; 
iii. Funcionários do corpo diplomático e suas respectivas famílias; 
iv. Funcionários das organizações internacionais, quando em serviço (ex. funcionários da ONU). 
 
CAIU NA PROVA DE DELEGADO PCRJ (2021) - Questão 9. Em viagem ao Rio de Janeiro, Paolo, italiano, filho 
do embaixador da Itália no Brasil, registrado como dependente deste, com quem vive, foi à Lapa, onde se 
embriagou. Com a capacidade psicomotora comprometida, assumiu a direção de um veículo e, em seguida, 
devido à embriaguez, atropelou e matou uma pessoa. Nessa situação hipotética, 
A Paolo não possui imunidade diplomática, devendo a lei do Estado acreditante ser aplicada com primazia 
sobre a lei brasileira. 
B Paolo não poderá ser punido pela lei brasileira, pois, salvo em caso de renúncia, possui imunidade 
diplomática, embora possa ser punido pelas leis do Estado acreditante. 
C Paolo será isento de pena, seja no Brasil, seja no Estado acreditante, pois possui imunidade diplomática, 
salvo se renunciá-la. 
D embora Paolo possua imunidade diplomática, excetuada a hipótese de renúncia, ela se restringe aos atos 
de ofício, razão pela qual ele poderá ser punido pela lei brasileira. 
E como Paolo não fazia parte de missão diplomática, ele não possui nenhum tipo de imunidade penal, razão 
pela qual poderá ser punido pela lei brasileira. 
 
DIREITO PENAL 
 
A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
26 
 
Gabarito: B 
 
A imunidade diplomática garante o quê? O diplomata deve obediência à nossa lei? 
 Por força da característica da generalidade da lei penal, os agentes diplomáticos devem obediência 
ao preceito primário do país em que se encontram. Escapam, no entanto, da sua competência jurídica, ou 
seja, da punição (preceito secundário), permanecendo sob a eficácia da lei penal do Estado a que pertencem 
(INTRATERRITORIALIDADE). 
 Primeiramente, é importante observar que a lei penal é formada pelo preceito primário (que possui 
o conteúdo criminoso) e pelo preceito secundário (que traz a consequência jurídica, a sanção penal). 
 O diplomata deve sim obedecer ao preceito primário. O que a imunidade lhe garante é exatamente 
escapar das consequências jurídicas, ficando sujeito às consequências do seu país de origem. Então, o 
diplomata que mata alguém comete crime sim. O que fica diferente é a consequência jurídica. 
 E se no país de origem da diplomata não houver punição? Haverá, então, um conflito de direito 
internacional, que, ao ser resolvido pelas imunidades, pode levar ao fato de o diplomata não ser punido. 
 OBS.: Por disposição expressa, o agente diplomático NÃO poderá ser objeto de nenhuma forma de 
detenção ou prisão. Veja o art. 29 do Decreto 56.435: 
 
A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma 
forma de detenção ou prisão. O Estado acreditado tratá-lo-á com o devido respeito 
e adotará todas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, 
liberdade ou dignidade. 
 
Note, ainda, que esta inviolabilidade a que estão sujeitos se estende à sua residência particular, 
documentos, correspondências e bens (art. 30, Decreto 56.435) 
 
A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e 
proteção que os locais da missão. 
2. Seus documentos, sua correspondência e, sob reserva do disposto no parágrafo 
3 do artigo 31, seus bens gozarão igualmente de inviolabilidade. 
 
OBS.: A imunidade diplomática NÃO impede a investigação policial! 
 
Qual a natureza jurídica da imunidade diplomática? Existem duas correntes discutindo esse assunto. 
1ª Corrente (majoritária): causa pessoal de isenção de pena. 
2ª Corrente: causa impeditiva de punibilidade. 
 
 É possível renunciar à imunidade? 
O diplomata NÃO pode renunciar à sua imunidade, pois é uma prerrogativa do cargo. Contudo, o 
país de origem pode renunciar a imunidade do seu diplomata. 
Ex. caso nos EUA em que um diplomata da Geórgia dirigindo embriagado atropelou a brasileira. O 
país renunciou a imunidade do diplomata e ele respondeu de acordo com uma lei americana. 
 
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A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO 
 
 
27 
 
 Em resumo: A imunidade é irrenunciável. É vedado ao seu destinatário abdicar da prerrogativa (pois 
esta é do cargo e não da pessoa). Poderá haver renúncia por parte do Estado de origem, ficando o diplomata 
sujeito à lei do país em que ocorreu o crime (art. 32, Dec. 56.435/65): 
 
1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes 
diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade nos termos do artigo 37. 
2. A renúncia será sempre expressa. 
3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de jurisdição 
nos termos do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será permitido invocar a 
imunidade de jurisdição no tocante a uma reconvenção ligada à ação principal. 
4. A renúncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas 
não implica renúncia a imunidade quanto as medidas de execução da sentença para 
as quais nova renúncia é necessária. 
 Os agentes consulares desfrutam de imunidade? 
 O agente consularcrime contra o patrimônio. Não há de falar em rompimento da isonomia (STJ, 5ª Turma, HC n. 252.802/CE, rel. Min. 
Jorge Mussi, DJ 17-10-2013), pois o valor pago como contraprestação pelo uso de energia elétrica não pode ser 
considerado um tributo, pois se reveste de natureza tarifária (STJ, 5 Turma, HC n. 199.959/Rs, rel. Min. Gilson Dipp, DJ 
24-4-2012) – pg. 355. 
 
8. CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
Verifica-se quando há um só fato e, aparentemente, duas ou mais normas vigentes são aplicáveis a 
ele. 
ATENÇÃO! Trata-se de tema com alta incidência em provas. 
 
O autor Paulo César Busato, no Livro Direito Penal, parte geral, em Apresentação da 2ª Edição, ressaltou que 
seguindo a dinâmica do Manual de Hurtado Pozo, optou por retirar a discussão do conflito aparente de 
normas da parte introdutória, de hermenêutica, e a levou para a parte do concurso de crimes, convencido de 
que o processo interpretativo que é operado pelo juiz para resolver um conflito aparente de normas é o mesmo que o 
leva a resolver a regra aplicável no caso do concurso de crimes. 
 
a) Requisitos: 
● Unidade de fato (fato único); 
● Pluralidade de normas; 
● Vigência simultânea de todas elas. 
 
Cuidado: Aqui NÃO se trata de sucessão de leis penais no tempo, mas de duas leis penais que estão em vigor 
simultaneamente. Se NÃO estão vigentes, aí sim o assunto é o conflito de leis penais no tempo, que se 
resolverá, em regra, pela posterioridade; e, excepcionalmente, pela lei penal mais benéfica (art. 4º do CP). 
 
b) Princípios Orientadores: 
 
● PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: 
Como explica Cleber Masson, há subsidiariedade entre duas leis penais quando ambas tratam de 
estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, de forma que a ofensa mais ampla e dotada 
de maior gravidade, descrita pela lei primária, engloba a menos ampla, contida na subsidiária, ficando a 
aplicabilidade desta condicionada à não incidência da outra. 
A norma subsidiária só se aplica quando não houver subsunção do fato à norma mais grave, que é a 
norma principal, devendo então ser aplicada a norma subsidiária, que segundo Hungria funciona como 
“soldado de reserva”. 
 
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37 
 
A subsidiariedade pode ser: 
∘ Expressa: Ocorre quando o próprio tipo penal traz a fórmula “se não houver crime mais 
grave”, como por exemplo, temos o crime de dano qualificado, previsto no art. 163, p. único, 
II do CP (...) “se o crime é cometido com emprego de substância inflamável ou explosiva, se 
o fato não constitui crime mais grave”. 
∘ Tácita: Ocorre quando o tipo penal não traz a fórmula, mas é possível perceber o caráter de 
subsidiariedade da norma. Ex.: roubo e furto, a depender de haver ou não a violência ou 
grave ameaça. 
 
ATENÇÃO: No contexto da incidência do princípio da subsidiariedade o delito menos grave funcionará como 
CRIME DE PASSAGEM ou TIPO PENAL DE PASSAGEM. 
 
Crime de Passagem ou Ubi Major Mino Cessati: O delito de menor gravidade é subsidiário diante de um 
delito de maior gravidade. É o crime que eu pratico quando quero praticar um crime mais grave. 
 
Ex.: Crime de dano é subsidiário ao crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo. Ora, para o 
indivíduo praticar o furto pelo rompimento de obstáculo, ele necessariamente tem que praticar um dano. 
Assim, o dano é um elemento qualificador da figura típica do furto qualificado. Pelo princípio da 
subsidiariedade, o indivíduo responde apenas pelo furto qualificado. Se, eventualmente faltar uma 
elementar para o crime de furto, há o soldado de reserva: crime de dano. 
 
● PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 
A lei especial derroga a lei geral. O princípio da especialidade é de utilização obrigatória e prevalece 
sobre os demais. Destaque-se que se exclui a aplicação da lei geral no caso concreto, mas não há revogação. 
É a soma dos elementos da lei geral com elementos especializantes. Pode estar no mesmo diploma 
legislativo ou diversos. Ex.: homicídio e infanticídio; omissão de socorro do CP e omissão de socorro de idoso 
e vários outros. 
 
Caiu na prova de Delegado PCRJ (ANULADA): O indivíduo que se valendo da condição de funcionário público 
subtrair bem móvel pertencente à administração pública responderá pelo crime de peculato e não pelo delito 
de furto. Isso se dá em decorrência do princípio da especialidade. (Gabarito DD) 
 
ATENÇÃO! O princípio da especialidade é o único que se aplica sempre de maneira abstrata. Ou seja: a 
comparação entre a norma geral e a norma especial é feita no plano abstrato. Todos os outros princípios 
são aplicados em concreto (comparação em concreto) 
 
● PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO: 
Verifica-se quando o crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização 
do crime previsto em outra norma (consuntiva) ou é uma norma de transição para o último (crime 
progressivo). A consunção pressupõe que esses crimes protejam o mesmo bem jurídico. Aplica-se às 
seguintes hipóteses: 
 
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38 
 
∘ Crime progressivo: Quando o agente, para alcançar um resultado ou crime mais grave, 
precisa passar por um crime menos grave. Ex.: Para o homicídio, passa-se pela lesão corporal. 
∘ Progressão criminosa: Há alteração do dolo. O agente pretende inicialmente produzir um 
resultado e, depois de alcançá-lo, opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra 
conduta, produzindo um evento mais grave. É uma nova vontade que surge na execução. O 
fato inicial fica absorvido só respondendo pelo último. 
∘ Fato anterior impunível (ante factum impunível): São fatos anteriores que estão na linha de 
desdobramento da ofensa mais grave. A diferença é que no crime progressivo o crime 
anterior era obrigatório; aqui o crime anterior (meio) foi o escolhido dentre os possíveis. Ex.: 
Súmula 17, STJ: “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é 
por este absorvido”. O agente pratica falsidade documental, visando cometer um 
estelionato. A falsidade foi um crime-meio para prática do estelionato, desse modo, é um 
ante factum impunível. 
∘ Fato simultâneo impunível: Também chamado de concomitante impunível, é aquele 
praticado no mesmo momento em que é praticado o fato principal. Ex.: estupro em via 
pública (o ato obsceno é um meio para prática do estupro). 
∘ Fato posterior impunível (post factum impunível): O fato posterior impunível retrata o 
exaurimento do crime principal praticado pelo agente, por ele não podendo ser punido. Aqui 
se absorve o crime praticado, após exaurido o crime querido. Ex.: falsificação de documento 
e uso de documento falso – quando praticados pelo mesmo agente, ele só responde pela 
falsificação. 
 
Caiu na prova de Delegado PCRJ (ANULADA): Carlos falsificou um contracheque de delegado de polícia e 
dele fez uso para viabilizar um único empréstimo de cem mil reais, já com a intenção de não pagar a 
dívida, o que acabou acontecendo. Depois disso, Carlos não mais fez uso do documento falsificado. Nessa 
situação hipotética, Carlos deverá ser responsabilizado criminalmente: 
GABARITO DD: apenas pelo crime de estelionato, já que o crime de falso foi praticado com a finalidade 
de possibilitar um único crime de estelionato. 
 
No livro lançado “Pacote Anticrime”, coordenado por Gabriel Habib (2020), o Examinador Bruno Gilaberte 
escreveu o artigo “O roubo e a extorsão no contexto da Lei n° 13.964/2019” e dentro deste, seguindo com 
escrita abordou o tópico “a indiscutível absorção dos crimes do estatuto do desarmamento pelo roubo”. 
Gilaberte mencionou a outrora existente tese de que o crime do Estatuto do Desarmamento não poderia ser absorvido 
pelo crime de roubo (não era hediondo) por configurar crime mais grave diante da hediondez conforme parte da 
doutrina defendia: crime mais grave não pode absorver crime menos grave. No entanto, o Examinador discorda desse 
entendimento,com base nos seguintes fundamentos: 
1 - a inclusão do art. 16 do estatuto como crime hediondo violava a proporcionalidade; 
2 - embora não sendo (à época) hediondo, a pena do roubo era mais grave (e ainda é) que a do art. 16; 
3 - ainda assim considerando que seja crime mais grave o art. 16, não há dogmática proibitiva à absorção do crime mais 
grave pelo menos grave (ex. estelionato e falsificação de documento público, súmula do STJ). 
 
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39 
 
Ocorre que toda essa discussão não é mais necessária porque o a lei 13.964 revogou a condição de crime hediondo 
da posse ou porte de arma de fogo de uso restrito, mantendo essa característica unicamente para aquelas condutas 
que tenham como objeto material a arma de fogo de uso proibido. E o crime de roubo seja qual for sua classificação 
por emprego de arma de fogo tornou-se hediondo (art. 1°, II, b, da lei n° 8.072/1990). 
 
Ainda, o mesmo examinador, no artigo “Passo-a-passo da falsidade documental: para não errar (quase nunca) a 
capitulação”, publicado na internet (sugere-se a leitura), assim se manifestou: 
“7º passo: analisar a absorção da falsidade por eventual crime-fim 
Consoante a Súmula nº 17 do STJ, o falso, quando se exaure no estelionato, é por ele absorvido. Ou seja, quando a 
falsidade é meio exclusivo para a prática de um crime patrimonial (cheque falsificado usado para compras em um 
mercado, por exemplo), o agente só responde pelo crime-fim. Somente haverá responsabilização penal pela falsidade 
(em concurso de crimes) se esta mantiver sua potencialidade lesiva mesmo após o delito contra o patrimônio. 
Embora a súmula mencione apenas o estelionato, o raciocínio pode ser usado em outros crimes, como o furto mediante 
fraude, mesmo que não sejam delitos patrimoniais, como o descaminho (nesse sentido, STJ, REsp nº 1.378.053/PR, julg. 
em 10.08.2016). 
Frise-se, contudo, que as falsidades usadas para encobrir crimes prévios não serão desprovidas de repercussão jurídico-
penal, dando-se o concurso (material) de crimes.” 
 
O Examinador Bruno Gilaberte postou em seu feed do IG em 05.09.2021 o seguinte: 
“Brasil x Argentina - Acerca da polêmica Brasil X Argentina, façamos uma análise jurídico-penal. 
Resumo do caso: jogadores argentinos, em formulário da ANVISA, ocultaram passagem pelo Reino Unido nos 
últimos 14 dias, circunstância que impediria o embarque para o Brasil, consoante art. 7°, parágrafo 5°, da Portaria 
655/2021 da ANVISA. O art. 8° da mesma portaria explicita a possibilidade de responsabilização criminal em caso de 
descumprimento das restrições sanitárias. 
Os argentinos, frise-se, desembarcaram no Brasil e não se submeteram à necessária quarentena, igualmente 
determinada pelo ato normativo. Pois bem, quais as repercussões penais? Se o documento falsamente preenchido se 
sujeita a verificação obrigatória, NÃO HÁ crime de falsidade ideológica (art. 299), pois ausente o valor probatório 
intrínseco. Foi essa a minha primeira impressão. Contudo, a ANVISA emitiu um comunicado afirmando que soube da 
passagem dos jogadores pelo Reino Unido por fontes não oficiais (ver fotos), o que levanta a hipótese de o documento 
não ser de verificação obrigatória. Nesse caso, teoricamente seria possível a falsidade ideológica. Porém, aparentemente 
ocorreu também infração de medida sanitária preventiva (art. 268, CP), a qual só seria possível se precedida pela 
declaração falsa. Frise-se que a falsidade se esgotou na infração da medida sanitária, já que a declaração tem apenas 
esse caráter. Não seria desarrazoado cogitar, nesse contexto, a absorção da falsidade. 
A celeuma existente é: pode um crime de menor gravidade (art. 268) absorver um crime de maior gravidade (art. 299)? 
O STJ, na Súmula 17, admite a hipótese, contra a qual se insurge parte da doutrina. Como deixei claro no meu "Crimes 
Contra o Patrimônio", seguindo a lição de Frederico Horta, não vejo problema na absorção. 
Posso estar equivocado, mas me parece que a verificação ocorreu bem depois, porque argentinos não precisam de 
passaporte para ingressar no Brasil, então no caso deles não haveria a verificação obrigatória. A tese do crime impossível 
se enfraquece um pouco. Parabéns pela análise.” 
 
Hipóteses casuísticas de incidência do princípio da consunção ou absorção: 
(1): O crime consumado (delito perfeito) absorve o crime tentado (delito imperfeito). 
(2): O crime de dano absorve o crime de perigo. 
(3): Porte ilegal de arma e receptação dolosa - NÃO SE APLICA a consunção (Info 433 STJ). 
 
DIREITO PENAL 
 
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A receptação e o porte ilegal de arma de fogo configuram crimes de natureza autônoma, com 
objetividade jurídica e momento consumativo diversos. Tribunais vêm afirmando que os crimes de porte 
ilegal de arma e receptação dolosa possuem bens jurídicos distintos, vítimas distintas, momentos de 
consumação diferentes, motivo pelo qual NÃO há consunção entre eles. 
Não há o que se falar em esgotamento de potencialidade lesiva da receptação no crime de porte 
(como um crime de dano será absorvido pelo crime de perigo, embora de menor gravidade?) 
Embora haja uma relação de meio-fim e múnus-plus, não há o respeito ao esgotamento da 
potencialidade lesiva. 
 
(4): Legítima defesa e uso de arma de fogo (Info 775 STF) 
Contexto fático: Indivíduo pratica um fato típico, mas não ilícito (amparado por uma excludente de 
ilicitude da legítima defesa). Ocorre que, o meio pelo qual ele utilizou para repelir a injusta agressão era uma 
arma de fogo com numeração raspada, do qual ele não tinha o devido registro. 
A discussão era: O delito de porte/posse de arma de fogo com numeração raspada resta absorvido 
pelo crime de homicídio? Se sim, como o homicídio fora praticado em legítima defesa, a excludente de 
ilicitude atingiria também o crime de porte de arma de fogo com numeração raspada? 
A jurisprudência do STJ e STF sempre tiveram a posição de que seria possível a absorção, pelo 
homicídio, de eventual porte de arma, se aquela arma for usada exclusivamente para a prática do homicídio, 
ou seja, se a potencialidade lesiva daquela arma se esgotasse no homicídio. 
Nesse julgado específico, o STF entendeu que a consunção NÃO alcançaria a posse ilegal de arma de 
fogo com numeração raspada. Isso porque, nesse caso, o indivíduo efetivamente não teria “portado aquela 
arma de fogo exclusivamente para repelir a agressão”. A rigor, o indivíduo já portava a arma com a 
numeração raspada, e então utilizou a arma para repelir a injusta agressão, de modo que a potencialidade 
lesiva da arma não se esgotou no ato de legítima defesa. 
 
● PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE: 
a) Própria: Tem aplicação nos crimes plurinucleares, ou seja, crimes de ação múltipla ou conteúdo 
variado, que são crimes compostos de pluralidade de verbos nucleares (ações típicas). Nesse caso, o 
crime permanece único, não desnatura a unidade do crime. Ex.: art. 33 da Lei de Drogas. Ex.: 
importar, guardar, transportar e vender a droga. 
b) Imprópria: Quando duas ou mais normas penais disciplinam o mesmo fato. 
 
Este último princípio não é unânime, não sendo aceito por relevante parcela da doutrina. Na 
alternatividade própria não haveria conflito, não havendo pluralidade de normas aplicáveis, vez que a 
conduta está no mesmo tipo penal. Na imprópria, se há duas leis tratando do mesmo fato, haveria, na 
verdade, um conflito de leis penais no tempo, em que a segunda revogou a primeira. 
 
DICA DD: Mnemônico SECA 
S ubsidiariedade 
E specialidade 
C onsunção 
 
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A lternatividade 
 
Os 3 primeiros são unânimes na doutrina e o 4º não. Então na hora de marcar, fique atento ao 
comando da questão. 
O objetivo do instituto é evitar o bis in idem e manter a unidade lógica e a coerência do sistema 
penal. Pode até haver conflitos entre normas,mas o sistema é único, perfeito e apresenta ele próprio meios 
para solucioná-los. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson; 
- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo; 
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.

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