Prévia do material em texto
DIABETES MELITTUS NA GESTAÇÃO P R O F . M A R I A T E R E Z A G U E R R A Estratégia MED Prof. Maria Tereza Guerra | Diabetes Mellitus na GestaçãoOBSTETRÍCIA 2 PROF. MARIA TEREZA GUERRA APRESENTAÇÃO: Estrategista! Seja bem-vindo(a) ao curso de Endocrinologia e Metabologia do Estratégia MED. Cientes das obrigações que um estudante de Medicina tem ao longo do curso, nossa metodologia foi cuidadosamente pensada para trazer a você o resultado desejado da maneira mais eficiente possível, ou seja, colocaremos à sua disposição todas (e somente) as armas de que você precisa para vencer as batalhas que escolher. Todo conhecimento pode ser importante para a vida de um(a) médico(a), mas a prova não é a vida. É uma simulação criada pela mente do examinador. Como toda mente tem seus padrões, preferências e hábitos, estudamos as provas de cada instituição para orientá- lo da maneira mais correta possível, por meio de um conteúdo teórico completo, mas escrito em linguagem direta e didática. Basta dominar todo esse conteúdo para entrar na Residência Médica dos sonhos? Não. A prova não é uma livre-demonstração de conhecimento; é, acima de tudo, uma competição em que suas chances de sucesso são diretamente proporcionais à qualidade de seu treino. Resolver questões de prova não lhe trará somente ganhos cognitivos, também proporcionará autoconhecimento e tranquilidade, duas coisas fundamentais para qualquer competidor(a). Nisso também nos diferenciamos, pois Estratégia MED Prof. Maria Tereza Guerra | Diabetes Mellitus na GestaçãoOBSTETRÍCIA 3 disponibilizamos um completo e atualizado banco de questões comentadas, alternativa por alternativa, porque reconhecer o errado também ensina o certo. Entender o estilo de cada instituição é essencial para calcular o que é previsível, mas também estamos atentos aos assuntos que, eventualmente, podem ganhar notoriedade por acontecimentos sociais, econômicos e epidemiológicos. Disponibilizaremos questões inéditas, quando necessário, para que você não seja surpreendido(a), e nossos simulados contemplarão essas apostas. Uma vez apresentado o curso, permita que eu me apresente. Realizei a Residência de Clínica Médica no Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco – RHP, onde trabalho até hoje como endocrinologista. Já a Residência Médica de Endocrinologia e Metabologia fiz no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – IMIP, hospital-escola da Faculdade Pernambucana de Saúde – FPS, onde fui tutora de 2018 a 2020. Para mim, é uma grande honra ter permanecido nos locais em que obtive minha formação como especialista, por isso aqui vai mais uma dica: a Residência Médica não é apenas um período de formação, é o momento em que você entrega seu cartão de visitas a seus preceptores, colegas e demais funcionários do hospital. Você passará alguns anos em uma carga horária de 60 horas semanais, sendo avaliado(a) do ponto de vista técnico e cognitivo e também será bastante observado(a) no tocante ao comprometimento, à ética e à cordialidade. Costumo dizer que é uma “entrevista de emprego que dura de 2 a 5 anos”. A seguir, um resumo de meu histórico de aprovações em concursos: • Aprovações em provas de Residência Médica: – SES-DF 2013 – Clínica Médica (Hospital Universitário de Brasília – HUB-UNB). – SES-PE 2013 – Clínica Médica (RHP). – SES-PE 2015 – Endocrinologia e Metabologia (IMIP). • Aprovações em Concursos Públicos: – Ministério Público do Estado de Pernambuco 2018 – Analista Ministerial – Área Medicina (1ª colocada). – Prefeitura da cidade do Recife 2014 – Médico Clínico Geral Plantonista (1ª colocada). – Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região 2018 – Analista Judiciário – Área Especializada – Medicina (2ª colocada). – Tribunal Regional Federal da 5ª Região 2017 – Analista Judiciário – Apoio Especializado – Medicina (3ª colocada). – Ministério Público da União 2013 – Analista do Ministério Público da União – Área de atividade: Medicina – Especialidade: Clínica Médica. – EBSERH/UFPE 2014 – Médico – Clínica Médica. Feitas as devidas apresentações, desejo-lhe bons estudos. Se surgir alguma dúvida ao longo do caminho, estarei no fórum de dúvidas para compartilharmos aprendizados e experiências sobre a especialidade mais linda da Clínica Médica. Cordialmente, Professora Maria Tereza Guerra. @estrategiamed /estrategiamed Estratégia MED t.me/estrategiamed @estrategiamed http://www.ebserh.gov.br/web/hub-unb https://www.instagram.com/estrategiamed/ https://www.facebook.com/estrategiamed1 https://www.youtube.com/channel/UCyNuIBnEwzsgA05XK1P6Dmw https://t.me/estrategiamed https://t.me/estrategiamed https://www.tiktok.com/@estrategiamed Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 4 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA AULA 5 PÉROLAS DA AULA 6 1.0 DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO 7 2.0 FISIOPATOGENIA 9 3.0 COMPLICAÇÕES 10 4.0 DIAGNÓSTICO 12 4.1 SITUAÇÃO DE VIABILIDADE FINANCEIRA E DISPONIBILIDADE TÉCNICA TOTAL 13 4.2 SITUAÇÃO DE VIABILIDADE FINANCEIRA E DISPONIBILIDADE TÉCNICA PARCIAL 14 5.0 CONDUTAS 17 5.1 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 17 5.1.1 DIETA 18 5.1.2 ATIVIDADE FÍSICA 18 5.1.3 MONITORIZAÇÃO GLICÊMICA 18 5.2 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 20 5.2.1 INSULINA 20 5.2.2 ANTIDIABÉTICOS ORAIS 22 5.3 INDICAÇÕES DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ 23 5.4 ASSISTÊNCIA PERIPARTO 24 6.0 HIPOGLICEMIA NA GESTANTE COM DIABETES MELLITUS 25 7.0 CLASSIFICAÇÃO DE PRISCILLA WHITE 27 8.0 RECLASSIFICAÇÃO PÓS-PARTO DA PACIENTE COM DMG 28 9.0 LISTA DE QUESTÕES 30 10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 31 11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 32 Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Melittus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 5 APRESENTAÇÃO DA AULA Estrategista, Nesta aula, vamos conversar sobre diabetes mellitus na gestação, um tema bastante relevante para os concursos de Residência Médica e para a nossa prática diária, já que se trata de uma complicação metabólica muito frequente na atividade assistencial de obstetras e endocrinologistas. Sugiro fortemente que você só avance na leitura deste resumo se já tiver concluído nosso módulo de diabetes mellitus e o livro (ou resumo) de vitalidade fetal, pois, para evitar redundância de conteúdo, vamos partir do pressuposto de que você já teve contato com os princípios básicos da prescrição e do ajuste insulínico, do manejo da hipoglicemia e da avaliação dos parâmetros de vitalidade fetal. No gráfico a seguir, você pode observar como a cobrança do tema se distribui entre seus subtópicos. Já lhe adianto que “diagnóstico” e “condutas” são os subtópicos mais prestigiados pelas bancas. Nossa bibliografia está discriminada em detalhes ao final do livro, mas gostaria de ressaltar quais serão os principais guias teóricos para esta aula: • Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde, Ministério da Saúde, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e Sociedade Brasileira de Diabetes – 2017. • Tratamento do diabetes mellitus gestacional no Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde, Ministério da Saúde, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e Sociedade Brasileira de Diabetes – 2019. Vamos chamar esses dois documentos de “diretriz conjunta”, já que resultaram do entendimento entre múltiplas instituições e sociedades médicas. Feitas as devidas explicações, sugiro que tenha especial atenção às “pérolas da aula”. Por fim, desejo-lhe uma leitura produtiva e agradável. Cordialmente, Professora Maria Tereza Guerra. Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 6 PÉROLAS DA AULA Aqui, mostrarei quais são aqueles pontos da aula que você deve buscar como uma pedra preciosa e guardarcomo uma joia. Mergulhe no tema de mente aberta e volte à superfície com as seguintes preciosidades: • Os fatores de risco para o desenvolvimento de hiperglicemia na gravidez. • O papel do lactogênio placentário e de outros hormônios diabetogênicos na fisiopatogenia da doença. • A diferenciação diagnóstica entre diabetes mellitus prévio à gestação e diabetes mellitus gestacional. • Tratamento não farmacológico e farmacológico do diabetes mellitus prévio à gestação e do diabetes mellitus gestacional. • Indicações de interrupção da gravidez. • Manejo glicêmico durante e após o parto. • Reclassificação pós-parto da paciente com diabetes mellitus gestacional. Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Melittus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 7 CAPÍTULO 1.0 DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO Diabetes mellitus (DM) na gestação é uma expressão que engloba duas categorias diagnósticas: – DM diagnosticado previamente à gestação. – Hiperglicemia inicialmente detectada na gravidez: ✓ Diabetes mellitus gestacional (DMG). ✓ DM prévio diagnosticado na gestação (overt diabetes ou DM franco). O quadro de DM franco refere-se à situação de mulheres sem diagnóstico prévio de DM que evoluem com hiperglicemia em níveis que preenchem critérios para o diagnóstico de DM fora da gestação. Já o DMG é um estado transitório de intolerância aos carboidratos que se inicia no período gestacional, com gravidade variável, e que não preenche os critérios de DM franco. Quando conversarmos sobre diagnóstico, essa diferenciação ficará cristalizada em termos numéricos. O DMG é o problema metabólico mais comum durante a gestação e sua prevalência estimada em nossa população é de 18%. No quadro a seguir, delimitamos os fatores de risco para seu desenvolvimento. Diabetes mellitus na gestação DM diagnosticado previamente à gestação Hiperglicemia inicialmente detectada na gravidez DMG DM prévio diagnosticado na gestação (overt diabetes ou DM franco) Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 8 Quadro 1 Fatores de risco para hiperglicemia na gravidez • Idade (aumento progressivo do risco com o avançar da idade). • Sobrepeso/obesidade (índice de massa corporal – IMC ≥ 25 kg/m2). • Antecedentes familiares de DM em parente de 1º grau. • Antecedentes pessoais de alterações metabólicas: • Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 5,7%. • Síndrome dos ovários policísticos. • Hipertrigliceridemia. • Hipertensão arterial sistêmica. • Acantose nigricans. • Doença cardiovascular aterosclerótica. • Uso de medicamentos hiperglicemiantes. • Antecedentes obstétricos: • ≥ 2 perdas gestacionais. • DMG. • Polidrâmnio (maior bolsão ≥ 8 cm ou o índice de líquido amniótico – ILA ≥ 24 cm). • Macrossomia (recém-nascido com peso ≥ 4.000 g ou peso > percentil 90 para a idade gestacional). • Óbito fetal/neonatal sem causa determinada. • Malformação fetal. Adaptado de: Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde, Ministério da Saúde, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e Sociedade Brasileira de Diabetes – 2017. Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Melittus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 9 2.0 FISIOPATOGENIA CAPÍTULO Do ponto de vista metabólico, podemos dividir a gravidez em duas fases sequenciais: anabólica (1º e 2º trimestres) e catabólica (3º trimestre). Na fase anabólica, em razão da sensibilidade aumentada à ação da insulina, a gestante armazena boa parte dos nutrientes ingeridos e o crescimento fetal ocorre de forma limitada. Na fase catabólica, haverá aumento da lipólise e da gliconeogênese para o suprimento contínuo das necessidades fetais; portanto, o crescimento fetal será acelerado à custa de um aumento da transferência de nutrientes da mãe para o feto. Esse estado de catabolismo exacerbado decorre da secreção placentária de hormônios catabólicos, tais como: lactogênio placentário (somatomamotropina coriônica), hormônio do crescimento (GH), hormônio liberador de corticotrofina (CRH), prolactina e progesterona. Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 10 Em suma, a gravidez é um período em que observamos aumento fisiológico da resistência insulínica. Chamamos a essas adaptações metabólicas de fisiológicas porque visam garantir que o feto tenha um aporte de nutrientes adequado. Entretanto, se a função pancreática da mulher não for suficiente para sobrepujar o estado de resistência insulínica, haverá progressão para um estado de intolerância à glicose e DMG. CAPÍTULO 3.0 COMPLICAÇÕES A diretriz conjunta divide as complicações decorrentes do DM na gestação de acordo com a apresentação temporal: curto prazo (gestação e nascimento) e longo prazo (seguimento da vida). Para facilitar a visualização dessa divisão, vamos expor as complicações na tabela a seguir: _________________________________________________ Tabela 1 Complicações do diabetes mellitus na gestação Maternas Fetais Curto prazo – Distúrbios hipertensivos – Polidrâmnio – Necessidade de realização da primeira cesárea – Atraso do início da amamentação – Macrossomia fetal – Distocia de ombro e tocotraumatismo – Necessidade de realização de cesariana – Síndrome do desconforto respiratório – Cardiomiopatia hipertrófica – Hipoglicemia – Hipocalcemia – Hipomagnesemia – Policitemia (hematócrito > 65%) e eventos trombóticos – Hiperbilirrubinemia Longo prazo – Maior risco de DMG em gestações futuras – Risco aumentado de evoluir com DM2 ao longo da vida – Obesidade – DM2 – Doença cardiovascular Adaptado de: 1) Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde, Ministério da Saúde, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e Sociedade Brasileira de Diabetes – 2017. 2) UpToDate (Infants of women with diabetes). Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Melittus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 11 O crescimento fetal excessivo é uma das complicações fetais mais características do DM descompensado durante a gestação. O excesso glicêmico materno cruza a placenta por difusão facilitada e desencadeia os seguintes processos: • Aumento da glicosúria fetal (causadora do polidrâmnio). • Estímulo à secreção de insulina pelo pâncreas fetal. A insulina é um hormônio anabólico, portanto estimula o crescimento fetal e a deposição de gordura em tórax e abdômen. Do ponto de vista imediato, observa-se um risco aumentado de distocias e tocotraumatismos, além de complicações respiratórias e metabólicas que podem exigir intervenções invasivas. Do ponto de vista crônico, o feto será um adulto com risco aumentado de obesidade, DM2 e complicações cardiovasculares inerentes a essas comorbidades. A síndrome do desconforto respiratório pode desenvolver-se como resultado de múltiplos fatores, tais como prematuridade e prejuízo à síntese de surfactante (postula-se que a hiperinsulinemia prejudica a maturação pulmonar induzida pelos glicocorticoides). Algumas complicações metabólicas fetais merecem explicações adicionais, seja pelo fato de a fisiopatogenia não ser tão óbvia, seja pelo fato de serem abordadas em prova com alguma frequência. Observe o fluxograma a seguir: Macrossomia Hipoglicemia • Hiperinsulinismo fetal (decorrente da passagem do excesso de glicose materna pela placenta ao longo da gestação) Polidrâmnio• Diurese osmótica fetal induzida pela hiperglicemia materna Síndrome do desconforto respiratório • Prematuridade • Prejuízo à síntese de surfactante • Os fetos de mães diabéticas nascem com menores níveis séricos de PTH • Hipomagnesemia, prematuridade e asfixia são fatores contribuintes Hipocalcemia • Aumento dos níveis séricos de eritropoetinadevido à hipoxemia fetal crônica • Transfusão de sangue placentário para o feto, sofrimento materno/fetal e estresse oxidativo podem ser fatores contribuintes Policitemia • Prematuridade • Hiperglicemia materna • Macrossomia • Policitemia Hiperbilirrubinemia Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 12 4.0 DIAGNÓSTICO CAPÍTULO As recomendações da diretriz conjunta para o diagnóstico de DMG baseiam-se nos quatro princípios elencados no diagrama a seguir: Portanto, precisamos conversar sobre dois cenários diagnósticos possíveis: 1. Diagnóstico de DMG em situação de viabilidade financeira e disponibilidade técnica TOTAL. 2. Diagnóstico de DMG em situação de viabilidade financeira e disponibilidade técnica PARCIAL. O famoso estudo HAPO É bem provável que, ao resolver questões sobre o tema desta aula, você encontre menções ao estudo Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcome (HAPO). Foi um estudo observacional prospectivo, publicado em 2008, que envolveu cerca de 23 mil mulheres de diversos países. As pacientes foram submetidas à realização de TOTG com 75 gramas de glicose e as glicemias foram avaliadas em jejum, na 1ª e na 2ª hora. O HAPO comprovou que há correlação positiva e linear entre os valores glicêmicos apresentados e vários desfechos adversos para o binômio mãe-feto. Em 2010, a International Association of Diabetes in Pregnancy Study Group (IADPSG) reuniu um painel de especialistas que optou por delimitar duas entidades clínicas distintas, que antes eram consideradas DMG (o overt diabetes e o DMG propriamente dito). Além disso, limiares numéricos foram definidos para cada uma dessas situações. Em 2013, visando à criação de um consenso mais universal, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou os critérios da IADPSG e sugeriu algumas modificações. Portanto, podemos dizer que o HAPO consolidou a associação da hiperglicemia materna com alguns desfechos materno-fetais desfavoráveis e que a IADPSG e a OMS utilizaram as evidências do estudo para a confecção dos critérios diagnósticos que utilizamos até hoje. Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Melittus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 13 4.1 SITUAÇÃO DE VIABILIDADE FINANCEIRA E DISPONIBILIDADE TÉCNICA TOTAL Quando a situação financeira e a logística em torno da gestante não impuserem limitações diagnósticas, devemos realizar glicemia de jejum (GJ) até a 20ª semana de gestação. A partir da GJ, pode-se observar três desfechos: • GJ ≥ 126 mg/dL = DM prévio diagnosticado na gestação. • GJ 92 – 125 mg/dL = DMG. • GJ 10% devem ser orientadas a postergar a gravidez para um momento em que o status glicêmico seja mais favorável. É importante ressaltar que o risco de malformações fetais é maior no DM prévio que no DMG, já que este último é um estado diabetogênico que se desenvolve ao longo da gestação (principalmente durante a fase catabólica). Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Melittus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 17 5.0 CONDUTAS CAPÍTULO 5.1 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO O tratamento não farmacológico do DM na gestação assenta-se sobre um tripé: terapia nutricional, atividade física e monitorização da glicemia. Até 85% das pacientes com DMG alcançam controle glicêmico apenas com mudanças de estilo de vida. Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 18 5.1.1 DIETA De acordo com o Ministério da Saúde e a OMS, a gestante deve priorizar alimentos in natura ou minimamente processados e que tenhambaixo teor glicêmico. Muito embora a diretriz conjunta traga orientações detalhadas sobre essas categorias alimentícias, não vamos nos aprofundar nesse assunto porque esses conceitos jamais foram abordados em provas. Entretanto, é importante que você saiba a porcentagem do valor energético total (VET) correspondente a cada macronutriente (lembrando que definimos o VET em calculadoras nutricionais de forma individualizada para cada gestante): Carboidratos 40-55% do VET Lipídios 30-40% do VET Proteínas 15-20% do VET A gestante pode fracionar o VET entre 3 refeições principais (café, almoço e jantar) e 2 ou 3 lanches. Ou seja, deve alimentar-se de 5 a 6 vezes ao dia e evitar intervalos superiores a 3 horas entre cada momento de alimentação. 5.1.2 ATIVIDADE FÍSICA A diretriz conjunta ressalta que a prescrição de atividade física para a gestante com DM deve respeitar os princípios gerais aplicáveis à população geral e recomenda uma prática diária de 20 a 30 minutos/dia na maioria dos dias da semana (idealmente todos os dias). O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) recomenda que as pacientes com DMG realizem 30 minutos de exercício aeróbico de moderada intensidade durante, pelo menos, 5 dias da semana ou 150 minutos de atividade física ao longo da semana. 5.1.3 MONITORIZAÇÃO GLICÊMICA Aqui, precisamos conversar sobre dois detalhes: a frequência da monitorização glicêmica e as metas glicêmicas. A glicemia da gestante com DM deve ser avaliada de acordo com a disponibilidade de recursos e o tipo de tratamento adotado (farmacológico ou não farmacológico). Vamos expor as recomendações da diretriz conjunta em forma de fluxograma: Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Melittus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 19 Frequência de realização do monitoramento da glicemia capilar de acordo com o tipo de tratamento proposto Pacientes tratadas com medidas farmacológicas 6 pontos: • Jejum • Pós-café • Antes do almoço • Pós-almoço • Antes do jantar • Pós-jantar Viabilidade financeira e disponibilidade técnica TOTAL 6 pontos/dia 4 pontos/dia Pacientes tratadas exclusivamente com medidas não farmacológicas 4 pontos 3x/semana 4 pontos: • Jejum • Pós-café • Pós-almoço • Pós-jantar Viabilidade financeira e disponibilidade técnica PARCIAL Viabilidade financeira e disponibilidade técnica TOTAL Viabilidade financeira e disponibilidade técnica PARCIAL Adaptado de: Tratamento do diabetes mellitus gestacional no Brasil. organização Pan-Americana da Saúde, Ministério da Saúde, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e Sociedade Brasileira de Diabetes - 2019. As metas glicêmicas a serem perseguidas, independentemente do tipo de DM ou da idade gestacional, são as seguintes (atenção redobrada, pois isto despenca nas provas): 95 mg/dL Jejum e pré-prandial 140 mg/dL 1 hora pós-prandial 120 mg/dL 2 horas pós-prandial A glicemia realizada 1 hora após o início da refeição é a que reflete com maior precisão a magnitude dos picos glicêmicos pós-prandiais e a que mais se correlaciona com o risco de macrossomia. Portanto, é o horário de aferição pós-prandial de preferência na gestante. Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 20 Já sabemos quais são as metas glicêmicas para o DMG, mas quão alterado um perfil glicêmico deve estar para considerarmos o caso refratário ao tratamento não farmacológico? Não existe uma resposta simples para essa pergunta, mas algumas referências, inclusive o UpToDate, sugerem que a terapia farmacológica para a paciente com DMG deve ser iniciada nas seguintes situações: A Sociedade Brasileira de Diabetes, na última atualização sobre esse tema, em 2023, mudou as recomendações sobre o início da terapia farmacológica no DMG. Atualmente, recomenda-se: • duas ou mais medidas de glicemia acima da meta, avaliadas após 7 a 14 dias de terapia não farmacológica; ou • circunferência abdominal fetal ≥ percentil 75º nas evidências indiretas de hiperinsulinemia fetal na ultrassonografia de 3º trimestre (29 e 33 semanas de gestação), independentemente dos valores glicêmicos. 5.2 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 5.2.1 INSULINA Vamos começar este subtópico com uma máxima que você deve guardar consigo e levar para a prova: “A insulina é a terapia farmacológica de primeira escolha na gestante com DM, independentemente do tipo de DM.” A terapia farmacológica deve ser iniciada nas seguintes situações: • Paciente sabidamente portadora de DM2 e que faça uso de antidiabéticos não insulínicos. • DM prévio diagnosticado na gestação. • DMG refratária ao tratamento não farmacológico. – As insulinas consideradas seguras para o uso durante a gestação são as seguintes: • insulinas basais (NPH, detemir e degludeca); • insulinas prandiais (regular, asparte e lispro). Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Melittus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 21 Tabela 2 Insulinas consideradas seguras para uso durante a gestação INSULINA INÍCIO DE AÇÃO PICO DE AÇÃO DURAÇÃO DO EFEITO TERAPÊUTICO Ação longa Detemir (levemir®) 1 - 3 h 6 - 8 h 18 - 22 h Ação intermediária Insulina NPH 2 - 4 h 4 - 10 h 10 - 18 h Ação rápida Insulina regular 30 min - 1 h 2 - 3 h 5 - 8 h Ação ultrarrápida Asparte (novorapid®) 5 - 15 min 30 min - 2 h 3 - 5 h Lispro (humalog®) Muito embora vários estudos sugiram que a insulina glargina não se associa a efeitos deletérios para o binômio mãe-feto, não se trata de uma insulina aprovada pela Food and Drug Administration (FDA). Na bula brasileira, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), consta que a insulina glargina “pode ser utilizada na gravidez, se clinicamente necessário”. A dose, o tipo de insulina e o momento da aplicação devem ser escolhidos de acordo com o perfil glicêmico de cada paciente. Sendo que as insulinas basais se prestam a controlar as glicemias do jejum e pré-prandiais, enquanto as insulinas prandiais se destinam a controlar a incursão glicêmica pós-prandial (princípios expostos e elucidados no livro Diabetes mellitus – insulinoterapia e cirurgia metabólica no manejo do paciente diabético). Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 22 A SBD sugere que a dose inicial de insulina deve ser de 0,5 UI/kg/dia e a necessidade de ajustes deve ser feita a cada 15 dias, até a 30ª semana gestacional, e semanalmente, após esse marco temporal. 5.2.2 ANTIDIABÉTICOS ORAIS Os únicos antidiabéticos orais utilizáveis no período gestacional são a metformina e a glibenclamida (gliburida). Entretanto, como a glibenclamida se mostra inferior à insulina e à metformina em relação a alguns desfechos de segurança, a diretriz conjunta limita-se a falar da metformina como opção terapêutica. Todos os demais antidiabéticos são CONTRAINDICADOS, em face da ausência de dados de segurança no período gestacional. Comparada à insulina, a metformina associa-se aos seguintes desfechos: • Menor ganho de peso materno. • Menor peso fetal ao nascimento. • Menor risco de macrossomia. • Menor risco de hipoglicemia neonatal. • Menor risco de síndromes hipertensivas gestacionais. • Maior IMC da prole. Comparada à insulina, a glibenclamida associa-se aos seguintes desfechos: • Maior peso fetal ao nascimento. • Maior risco de macrossomia. • Maior risco de hipoglicemia neonatal. Fica muito fácil perceber as razões pelas quais a glibenclamida é considerada praticamente uma “carta fora do baralho”. Entretanto, a metformina é uma medicação oral associada a vários desfechos positivos e nem por isso ameaça o “reinado” da insulina no período gestacional. Podemos explicar a soberania da insulina com base em dois argumentos: • ao contrário da insulina, a metformina cruza a placenta; • os efeitos de longo prazo da metforminasobre os fetos expostos a ela ainda estão em estudo. Em termos de segurança, é importante que você saiba o que as agências regulatórias dizem sobre a metformina: FDA Categoria B (estudos em animais não demonstram risco fetal, mas inexistem estudos adequados em mulheres). ANVISA Medicação não aprovada para o uso em gestantes. Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Melittus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 23 Portanto, a prescrição de metformina é restrita às situações a seguir. • falta de adesão à insulinoterapia; • não acessibilidade à insulina; • dificuldade de autoadministração da insulina; • estresse em nível exacerbado decorrente do uso de insulina; • restrição alimentar excessiva da gestante para evitar o uso da insulina. Associada à insulina: As principais contraindicações para o uso da metformina na gestação: • fetos abaixo do percentil 50; • presença de crescimento intrauterino restrito; • gestante com doença renal crônica. 5.3 INDICAÇÕES DE INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ O momento até o qual a gravidez poderá ser prolongada dependerá do controle glicêmico da gestante e da situação clínica do binômio mãe-feto. Para gestantes com bom controle glicêmico sem tratamento farmacológico, o ACOG sugere que, a partir da 39ª semana, haja uma ponderação da relação risco-benefício entre a conduta expectante e a indução do parto, e a indução deve acontecer entre 39 e 40 6/7 semanas de gestação. Se não houver antecedentes obstétricos de macrossomia, morte perinatal ou complicações associadas (como síndromes hipertensivas), pode-se aguardar a evolução espontânea do parto até o termo. Como alternativa à insulina: • doses elevadas de insulina ( >2 U/kg/dia) sem controle glicêmico adequado; • ganho de peso materno excessivo; • ganho de peso fetal excessivo. A via de parto é uma decisão obstétrica nas gestantes com DM, portanto não há indicação de cesárea exclusivamente pelo fato de a paciente ser diabética. Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 24 Via de regra, a cesárea agendada é proposta para gestantes com DM e fetos com peso ≥ 4.500 g a partir da 39ª semana. 5.4 ASSISTÊNCIA PERIPARTO Durante o trabalho de parto, a glicemia deve ser mantida entre 70 e 120 mg/dL (preferencialmente entre 100 e 120 mg/dL). A diretriz conjunta faz as seguintes recomendações com a finalidade de que esse intervalo seja alcançado: • Glicemias inferiores a 70 mg/dL devem ser corrigidas com soro glicosado a 5 ou 10%, pela via intravenosa. • Glicemias superiores a 120 mg/dL devem ser corrigidas com insulina regular, por via subcutânea. Após a saída da placenta, a resistência insulínica diminui de forma abrupta e, na maioria dos casos, o tratamento medicamentoso e a dieta para DM poderão ser descontinuados. Em casos selecionados, pode ser indicada a monitorização da glicemia capilar por 24 a 72 horas Nas gestantes em tratamento farmacológico, a conduta dependerá do controle glicêmico: • Controle glicêmico adequado – indução do parto entre 39 e 39 6/7 semanas. • Controle glicêmico inadequado – indução do parto entre 37 e 38 6/7 semanas. O parto só pode ser induzido entre 34 e 36 6/7 semanas quando nenhum esforço, inclusive a hospitalização, for suficiente para que se alcance o controle glicêmico ou quando houver sinais de comprometimento da vitalidade fetal. Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Melittus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 25 após o parto, para a identificação de gestantes com hiperglicemia persistente. Nas puérperas com DM tipo 1, nas primeiras horas após o parto, é RECOMENDADO reduzir em 50% a dose de insulina em relação à CAPÍTULO Dietas hipocalóricas devem ser evitadas durante o período da amamentação. 6.0 HIPOGLICEMIA NA GESTANTE COM DIABETES MELLITUS A diretriz conjunta refere-se à abordagem da hipoglicemia durante o trabalho de parto, sugerindo que, se a glicemia da paciente evoluir para valores inferiores a 70 mg/dL, deve-se infundir soro glicosado a 5 ou 10%, pela via intravenosa. Ocorre que o trabalho de parto é o momento durante o qual a paciente provavelmente estará em vigilância, os sinais e Tabela 3 Conduta na hipoglicemia (UpToDate) Paciente alerta e clinicamente estável • Ingerir 15 a 20 g de carboidratos • Aferir HGT 15 minutos depois Paciente com rebaixamento do nível de consciência ou instabilidade clínica • Paciente com acesso venoso: – 25 mL de glicose a 50% • Paciente sem acesso venoso: – glucagon 0,5 a 1 mg (via subcutânea ou via intramuscular); ou – glucagon 3 mg (via nasal) Adaptado de: UpToDate (Hypoglycemia in adults with diabetes mellitus). utilizada antes da gestação ou no primeiro trimestre, ou em 70% da dose utilizada no final da gravidez. sintomas de hipoglicemia serão observados precocemente e o distúrbio poderá ser corrigido de forma tempestiva. A diretriz conjunta não se refere à hipoglicemia em situações diversas, tal como uma paciente na enfermaria ou uma paciente que evolua com sinais neuroglicopênicos graves. Vamos ver o que dizem o UpToDate (tabela) e a SBD (fluxograma): Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 26 Em torpor ou inconsciente e sem acesso venoso pérvio Jejum intencional e com acesso venoso pérvio Consciente e alimentando-se - Correção via intravenosa: 30 mL de glicose 50%, + 100 mL de SF 0,9%. - Reavaliar glicemia capilar após 5 minutos. Se não houver recuperação, o procedimento deve ser repetido. - Após a correção, oferecer alimentação ou aporte calórico venoso (se a manutenção do jejum for obrigatória). - Correção via intramuscular ou via subcutânea: 1 ampola de glucagon. - Oferecer alimentação pela via oral tão logo seja possível. - Continuar tentativas de acesso venoso periférico. - Correção via oral: 15 g de carboidrato de absorção rápida (uma colher de sopa de açúcar ou 30 mL de soro glicosado a 50% diluído em água filtrada). - Reavaliar a glicemia capilar após 15 minutos; - Se não houver reversão da hipoglicemia, repetir o processo. Conduta na hipoglicemia hospitalar (SBD) (glicemiada doença ≥ 20 anos ou duração da doença 500 mg/dia RF Concomitância dos critérios R e F H Doença cardiovascular arteriosclerótica clinicamente evidente T Transplante renal prévio Estratégia MED OBSTETRÍCIA Diabetes Mellitus na Gestação Prof. Maria Tereza Guerra | Resumo Estratégico | 2024 28 8.0 RECLASSIFICAÇÃO PÓS-PARTO DA PACIENTE COM DMG CAPÍTULO Independentemente da existência ou não de fatores de risco para DM, toda paciente com DMG deve ser reclassificada do ponto de vista glicídico 6 semanas após o parto e na ausência de tratamento farmacológico. Idealmente, deve-se realizar um TOTG para essa finalidade; caso não seja possível, deve-se coletar a GJ. Os limiares diagnósticos utilizados são os mesmos previstos para a população geral, tal como exposto nos fluxogramas a seguir: VIABILIDADE FINANCEIRA E DISPONIBILIDADE TÉCNICA TOTAL (100% de taxa de detecção) Puérpera 6 semanas após o parto TOTG 75 g Dosagens: jejum e 2ª hora Jejum: