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1 PROBLEMA 3: UM PASSO ERRADO TEMA CENTRAL: ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS OBJETIVOS 1. Classificar os tipos de acidentes com animais peçonhentos; 2. Conhecer o quadro clínico e a conduta terapêutica para cada tipo de animal peçonhentos; 3. Entender as alterações laboratoriais de paciente vítima de animais peçonhentos; 4. Conhecer o protocolo de primeiros socorros para acidentes com animais peçonhentos; 5. Citar as medidas de proteção, prevenção e protocolo de notificação (epidemiologia). FECHAMENTO – OBJETIVOS 1. CLASSIFICAR OS TIPOS DE ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS; DEFINIÇÃO • Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno e que o injetam com facilidade por meio de dentes ocos, ferrões ou aguilhões. o Ex.: serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, marimbondos e arraias. • Já os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (lonomia ou taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu). ACIDENTES POR ABELHAS • Abelhas são insetos da ordem Hymenoptera, assim como as vespas e as formigas. • Algumas espécies são conhecidas por produzirem o mel e viverem em colônias, com uma organização hierárquica com uma rainha, alguns machos férteis e milhares de operárias fêmeas. • As abelhas operárias são as responsáveis pela defesa da colônia. • Ao picar, elas perdem parte do aparato inoculador, morrendo em seguida. o Este aparato possui músculos próprios e continuam injetando a peçonha mesmo após a separação do resto do corpo. • Próximas a um enxame, as primeiras abelhas, ao picar, liberam um feromônio que faz com que outras ataquem o mesmo alvo, podendo ocasionar acidente com centenas de picadas. • As Mamangavas ou Mamangabas, que são abelhas das subfamílias Bombinae e Euglossinae, não perdem o ferrão e podem ferroar várias vezes. • A picada de abelhas consiste na injeção de veneno com objetivo de causar dor e desconforto físico a seus agressores ou intrusos, percebidos como ameaça à integridade de suas colmeias. • Esses venenos são misturas complexas de aminas biogênicas, peptídeos e enzimas, com diversas atividades farmacológicas e alergênicas. • Acidente por abelha é o quadro de envenenamento decorrente da injeção de toxinas através do aparelho inoculador (ferrão) de abelhas. 2 • No Brasil, as abelhas ditas africanizadas, ou seja, mestiças de Apis mellifera scutellata (africana) e Apis mellifera ligustica (européia) principalmente, são responsáveis por muitos relatos de acidentes, por serem mais agressivas do que as europeias. • Entre os 5 principais tipos de acidentes por animais peçonhentos, o acidente por abelhas é o único que não possui um soro específico para o tratamento no Brasil, porém há estudos acerca de sua produção. ACIDENTES POR ARANHAS • Acidentes por aranhas, ou araneísmo, é o quadro clínico de envenenamento decorrente da inoculação da peçonha de aranhas, através de um par de ferrões localizados na parte anterior do animal. Assim como os escorpiões, as aranhas são representantes da classe dos aracnídeos. • No Brasil, as aranhas de importância em saúde pública pertencem a três gênero: • Loxosceles – Conhecidas como aranha-marrom ou aranha-violino. • As aranhas deste gênero não são agressivas, picam geralmente quando comprimidas contra o corpo. • Têm, em média, um centímetro de corpo e até três de comprimento total. Possuem hábitos noturnos, constroem teias irregulares, como “algodão esfiapado”. • Escondem-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação. • Phoneutria – São popularmente chamadas de aranha-armadeira ou macaca. • São bastante agressivas, assumindo posição de defesa saltando até 40 cm de distância. • O corpo pode atingir 4 cm, com 15 cm de envergadura. • São aranhas caçadoras, com atividade noturna. • Abrigam-se sob troncos, palmeiras, bromélias e entre folhas de bananeira. Podem se alojar também em sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos, materiais de construção, etc. • Latrodectus – São as famosas aranhas viúva-negra. • Não são agressivas. • As fêmeas podem chegar a 2 cm e os machos são menores, de 2 a 3 mm. • Têm atividade noturna e hábito de viver em grupos. • Fazem teias irregulares em arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletas de chuva ou sob pedras. • São encontradas próximas ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e mesas em jardins. • Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, porém sem relevância em saúde pública, sendo que os principais grupos pertencem, principalmente, às aranhas que vivem nas casas ou suas proximidades, como caranguejeiras e aranhas de grama ou jardim. • As aranhas caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae), embora grandes e frequentemente encontradas em residências, não causam acidentes considerados graves. 3 ACIDENTES POR ESCORPIÕES • Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o quadro clínico de envenenamento provocado quando um escorpião injeta sua peçonha através do ferrão (télson). • Os escorpiões são representantes da classe dos aracnídeos, predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do mundo, com maior incidência nos meses em que ocorre aumento de temperatura e umidade. • No Brasil, os escorpiões de importância em saúde pública são as seguintes espécies do gênero Tityus: • Escorpião-amarelo (T. serrulatus) - com ampla distribuição em todas as macrorregiões do país, representa a espécie de maior preocupação em função do maior potencial de gravidade do envenenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica no país, facilitada por sua reprodução partenogenética e fácil adaptação ao meio urbano. • Escorpião-marrom (T. bahiensis) - encontrado na Bahia e regiões Centro- Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. • Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus) – Também apresenta reprodução do tipo partenogenética. É a espécie mais comum no Nordeste, apresentando alguns registros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. • Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus) – Principal causadora de acidentes e óbitos na região Norte e no Estado de Mato Grosso. Outras espécies também causam envenenamento, mas com menor frequência e normalmente com menos gravidade. ACIDENTES POR OFÍDICOS • Acidentes ofídicos, ou simplesmente ofidismo, é o quadro clínico decorrente da mordedura de serpentes. • No Brasil é comum chamar as serpentes de “cobras”. Este nome é mais corretamente empregado para se referir às serpentes da Família Elapidae, no Brasil representada pelas cobras corais verdadeiras. • Algumas espécies de serpentes produzem uma peçonha em suas glândulas veneníferas capazes de perturbar os processos fisiológicos e bioquímicos normais de uma possível vítima, causando alterações do tipo colinérgicas, hemorrágicas, anticoagulantes, necróticas, miotóxicas, citolíticas e inflamatórias. • No Brasil, as serpentes são também chamadas de cobras. • Algumas espécies de serpentes peçonhentas são de interesse em saúde pública. Elas pertencem à duas famílias: Viperidae e Elapidae. • Os acidentes causados por estas serpentes são divididos em quatro grupos, de acordo com o gênero da serpente causadora: • Acidente botrópico: É causado por serpentes da família Viperidae, dos gêneros Bothrops e Bothrocophias (jararacuçu, jararaca, urutu, caiçaca, comboia). • É o grupo mais importante, com cerca de 30 espécies em todo o território brasileiro, encontradas em ambientes diversos, desde beiras de rios e igarapés, áreas litorâneas e úmidas, agrícolas e periurbanas, cerrados, e áreas abertas. 4 • Causam a grande maioria dos acidentes ofídicosno Brasil; • Acidente crotálico: É causado pelas cascavéis (Família Viperidae, espécie Crotalus durissus). • As cascavéis são identificadas pela presença de guizo, chocalho ou maracá na cauda e têm ampla distribuição em cerrados, regiões áridas e semiáridas, campos e áreas abertas; • Acidente laquético: Também é causado por serpentes da família Viperidae, no caso a espécie Lachesis muta (surucucu-pico-de-jaca). • A surucucu é a maior serpente peçonhenta do Brasil. • Seu habitat é a floresta Amazônica e os remanescentes da Mata Atlântica; • Acidente elapídico: É causado pelas corais-verdadeiras (família Elapidae, gêneros Micrurus e Leptomicrurus). • São amplamente distribuídos no país, com várias espécies que apresentam padrão característico com anéis coloridos. • Outras serpentes também podem causar acidentes, ou mesmo envenenamento, mas sem gravidade. • Algumas serpentes da família Colubridae podem mimetizar a coloração as corais- verdadeiras. Estas são conhecidas como falsas corais. • Embora possuam glândulas de veneno, os envenenamentos causados pelas falsas corais não são de importância em saúde. ACIDENTES POR ÁGUAS-VIVAS E CARAVELAS • Águas-vivas (ou medusas) e caravelas são animais aquáticos simples e de vida livre que pertencem ao Filo Cnidaria, assim como as anêmonas e corais. • Estes animais possuem um complexo ciclo de vida, sendo as águas-vivas a forma adulta, e os pólipos uma das fases intermediárias. • Caravelas, porém, são agrupamentos de pólipos, não sendo águas-vivas verdadeiras. • Os pólipos, que geralmente são sésseis, vivem fixados ao substrato. • Os cnidários são divididos em cinco Classes, estando as águas-vivas inseridas nas Classes Scyphozoa e Hydrozoa, e as caravelas na Classe Hydrozoa. • As medusas da Classe Cubozoa são extremamente peçonhentas, estando incluídas nesta Classe as vespas-marinhas (Chironex fleckeri), responsáveis por diversos óbitos na região do Indo-Pacífico e as espécies Tamoya haplonema e Chiropsalmus quadrumanus, presentes no Brasil. • No litoral brasileiro, as medusas que mais causam envenenamentos são a caravela Physalia physalis, a hidromedusas Olindias sambaquiensis, a cifomedusa Chrysaora lactea. • A maioria dos cnidários adultos apresentam tentáculos que contém células especializadas chamadas cnidócitos. • Os tentáculos podem medir até 30 metros. • Nestes cnidócitos estão localizadas uma organela secretória chamada cnidocisto, que é capaz de injetar peçonha, utilizada para a captura de presas e defesa do animal, sendo uma mistura de vários polipeptídeos que tem ações tóxicas e enzimáticas. • Um aumento súbito da população de cnidários em um local é chamado de afloramento de medusas (bloom). 5 • São fenômenos naturais, mas alguns fatores têm contribuído para um aumento desses afloramentos nas últimas décadas, como o aumento da temperatura das águas oceânicas e alterações dos ambientes praianos. Os acidentes por águas-vivas e caravelas é o quadro clínico decorrente da ação das toxinas presentes nos tentáculos destes animais. Podem causar tanto efeitos tóxicos quanto alérgicos. 2. CONHECER O QUADRO CLÍNICO E A CONDUTA TERAPÊUTICA PARA CADA TIPO DE ANIMAL PEÇONHENTOS; ACIDENTES POR ABELHAS SINTOMAS • O quadro de intoxicação varia pela quantidade de veneno aplicado e pela susceptibilidade em relação a uma reação alérgica ao veneno. • Um indivíduo pode ser picado por uma a milhares de abelhas. • No caso de poucas picadas, o quadro clínico pode variar de uma inflamação local até uma forte reação alérgica (choque anafilático). • No caso de múltiplas picadas pode decorrer uma manifestação tóxica mais grave e, às vezes, até mesmo fatal. • As manifestações clínicas podem ser de naturezas tóxicas e alérgicas. • As reações tóxicas locais decorrentes da picada de abelhas estão associadas à dor, edema e eritema. • Em casos de múltiplas picadas, podem ocorrer manifestações sistêmicas, devido à grande quantidade de veneno inoculada. • Nesse caso, os sintomas são pruridos, rubor, calor generalizado, pápulas, placas urticariformes, hipotensão, taquicardia, cefaleia, náuseas e/ou vômitos, cólicas abdominais e broncoespasmos. • Em casos mais graves pode ocorrer choque, insuficiência respiratória aguda, rabdomiólise e injúria renal aguda. • As manifestações alérgicas locais são caracterizadas por um edema que persiste por alguns dias. • As reações alérgicas sistêmicas podem variar de urticária generalizada e mal-estar até edema de glote, broncoespasmos, choque anafilático, queda da pressão arterial, colapso, perda da consciência, incontinência urinária e fecal e cianose. CONDUTA TERAPÊUTICA • Para o tratamento das manifestações tóxicas ocasionadas por uma ou poucas picadas, recomenda-se a retirada dos ferrões e a utilização de compressas frias e analgésicos para o alívio da dor. • Nos casos de picadas massivas, utiliza-se anti-inflamatórios não-hormonais e anti- histamínicos, e corticosteroides sistêmicos para tratar edemas extensos. • Nos casos onde ocorrem hemólise intravascular, rabdomiólise, necrose tubular aguda e colapso respiratório e cardiovascular, o tratamento apropriado deve ser estabelecido na maior brevidade. • O tratamento das reações alérgicas varia de acordo com a gravidade das manifestações apresentadas e são abordadas da mesma forma que se trata outras reações anafiláticas. 6 ACIDENTES POR ARANHAS SINTOMAS E CONDUTA TERAPÊUTICA • ACIDENTE LOXOSCÉLICO (LOXOSCELES) • SINTOMAS • A picada quase sempre é imperceptível. • O quadro clínico pode se apresentar de duas formas: • Forma cutânea: Dor de pequena intensidade. O local acometido pode evoluir com palidez mesclada com áreas equimóticas (“placa marmórea”). Também podem ser observadas vesículas e/ou bolhas sobre área endurada, com conteúdo sero-sanguinolento ou hemorrágico. Pode ocorrer febre, mal-estar geral, fraqueza, náusea, vômitos e mialgia. • Forma cutâneo-hemolítica: Hemólise intravascular, de intensidade variável. A principal complicação é a injúria renal aguda por necrose tubular. Anemia, icterícia e hemoglobinúria se instalam geralmente nas primeiras 24 horas pós-picada. Mais raramente, há descrição de pacientes que evoluem com coagulação intravascular disseminada (CIVD). • TRATAMENTO • Antiveneno: SALoxA, SAArB • Soro antiloxocélico. • Soro antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria, Tityus). • Forma cutânea leve: Lesão incaracterística sem alterações clínicas ou laboratoriais. Se a lesão permanecer incaracterística é fundamental a identificação da aranha no momento do acidente para confirmação do caso. • 0 ampola • Forma cutânea moderada: Presença de lesão “característica” ou altamente sugestiva (palidez ou placa marmórea, menor de três centímetros no seu maior diâmetro, incluindo a área de enduração), e dor em queimação ou a presença de lesão sugestiva (equimose, enduração, dor em queimação). • 5 ampolas • Forma cutânea grave: Presença de lesão extensa (palidez ou placa marmórea, maior de três centímetros no seu maior diâmetro, incluindo a área de enduração), e dor em queimação intensa. • 10 ampolas • Forma cutânea-hemolítica: A presença de hemólise, independentemente do tamanho da lesão cutânea e do tempo decorrido pós-acidente, classifica o quadro como grave. • 10 ampolas • ACIDENTE FONÊUTRICO (PHONEUTRIA) • SINTOMAS • A dor imediata é o sintoma mais frequente. • Sua intensidade é variável, podendo se irradiar até a raiz do membro acometido. Outras manifestações são: edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada, onde podem ser visualizadas as marcas de dois pontos de inoculação. • TRATAMENTO: • Antiveneno: SAAr 7 • Leve: Dor, edema, eritema, irradiação, sudorese, parestesia, taquicardia e agitação secundárias à dor. • 0 ampola • Moderado: Manifestações locais associadas à sudorese, taquicardia, vômitos ocasionais,agitação, hipertensão arterial. • 2 a 4 ampolas • Grave: Prostração, sudorese profusa, hipotensão, priapismo, diarreia, bradicardia, arritmias cardíacas, convulsões, cianose, edema pulmonar, choque. • 5 a 10 ampolas • ACIDENTE LATRODÉCTICO (LATRODECTUS) • SINTOMAS • Dor na região da picada, suor generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos. • Podem ocorrer tremores, ansiedade, excitabilidade, insônia, cefaléia, prurido, eritema de face e pescoço. • Há relatos de distúrbios de comportamento e choque nos casos graves. • Contratura facial, trismo dos masseteres caracteriza fácies latrodectísmica observado em 5% dos casos. • TRATAMENTO • Não há disponibilidade de tratamento soroterápico para os casos de acidentes latrodécticos. • Nestes casos, utiliza-se para o tratamento, além de analgésicos, Benzodiazepínicos, Gluconato de Cálcio e Clorpromazina. • Há relatos de utilização de Prostigmine, Fenitoína, Fenobarbital e Morfina. • Deve-se garantir suporte cardiorespiratório e os pacientes devem permanecer hospitalizados por, no mínimo, 24 horas. ACIDENTES POR ESCORPIÕES • Manifestações locais – dor de instalação imediata em praticamente todos os casos, podendo se irradiar para o membro e ser acompanhada de parestesia, eritema e sudorese local. • Em geral, o quadro mais intenso de dor ocorre nas primeiras horas após o acidente. • Manifestações sistêmicas – após intervalo de minutos até poucas horas (duas a três) podem surgir, principalmente em crianças, os seguintes sintomas: sudorese profusa, agitação psicomotora, tremores, náuseas, vômitos, sialorreia, hipertensão ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e choque. • A presença dessas manifestações indica a suspeita do diagnóstico de escorpionismo, mesmo na ausência de história de picada ou identificação do animal. • Crianças constituem o grupo mais suscetível ao envenenamento sistêmico grave. • TRATAMENTO • O diagnóstico de envenenamento dos acidentes escorpiônicos é eminentemente clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do veneno circulante. 8 • Alguns exames complementares são úteis para auxílio no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com manifestações sistêmicas, como eletrocardiograma, radiografia do tórax, ecocardiografia e exames bioquímicos. • O tratamento específico é feito com o Soro Antiescorpiônico, de preferência ou, na falta deste, com o Soro Antiaracnídico (Loxosceles, Phoneutria e Tityus). • Os soros devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica. • Leve: dor e parestesias locais. • 0 ampolas • Moderado: dor local intensa associada a uma ou mais manifestações (náuseas, vômitos, sudorese, sialorreia, agitação, taquipneia e taquicardia). • 2 a 3 ampolas • Grave: além das manifestações clínicas citadas na forma moderada, há presença de uma ou mais das seguintes manifestações: vômitos profusos e incoercíveis, sudorese profusa, sialorreia intensa, prostração, convulsão, coma, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar agudo e choque. • 4 a 6 ampolas ACIDENTES POR OFÍDICOS O tratamento é feito com o soro específico para cada tipo de envenenamento. Os soros antiofídicos específicos são o único tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica. • ACIDENTE BOTRÓPICO: Jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, comboia, cruzeira. • SINTOMAS • A região da picada apresenta dor e inchaço, às vezes com manchas arroxeadas (edemas e equimose) e sangramento pelos pontos da picada, em gengivas, pele e urina. • Pode haver complicações, como grave hemorragia em regiões vitais, infecção e necrose na região da picada, além de insuficiência renal. • TRATAMENTO • ANTIVENENO: Soro antibotrópico (pentavalente); Soro antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico; Soro antibotrópico (pentavalente) e antilaquético; • Leve: quadro local discreto, sangramento discreto em pele ou mucosas; pode haver apenas distúrbio na coagulação. • 2 a 4 ampolas • Moderado: edema e equimose evidentes, sangramento sem comprometimento do estado geral; pode haver distúrbio na coagulação • 4 a 8 ampolas • Grave: alterações locais intensas, hemorragia grave, hipotensão/choque, insuficiência renal, anúria; pode haver distúrbio na coagulação. • 12 ampolas • ACIDENTE CROTÁLICO: É causado pelas cascavéis (Cascavel, boicininga, marabóia, maracabóia, maracá). 9 • SINTOMAS • O local da picada muitas vezes não apresenta dor ou lesão evidente, apenas uma sensação de formigamento. • Pode ocorrer dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento (fácies miastênica), visão turva ou dupla, mal-estar, náuseas e cefaleia, acompanhadas por dores musculares generalizadas e urina escura nos casos mais graves. • TRATAMENTO • ANTIVENENO: Soro anticrotálico; Soro antibotrópico (pentavalente) e anticrotálico; • Leve: alterações neuroparalíticas discretas; sem mialgia, escurecimento da urina ou oligúria. • 5 ampolas • Moderado: alterações neuroparalíticas evidentes, mialgia e mioglobinúria (urina escura) discretas. • 10 ampolas • Grave: alterações neuroparalíticas evidentes, mialgia e mioglobinúria intensas, oligúria. • 20 ampolas • ACIDENTE LAQUÉTICO: surucucu-pico-de-jaca. • SINTOMAS • Quadro semelhante ao acidente por jararaca, a picada pela surucucu-pico-de-jaca pode ainda causar dor abdominal, vômitos, diarreia, bradicardia e hipotensão. • TRATAMENTO • ANTIVENENO: Soro antibotrópico (pentavalente) e antilaquético; • Moderado: quadro local presente; pode haver sangramentos, sem manifestações vagais. • 10 ampolas • Grave: quadro local intenso, hemorragia intensa, com manifestações vagais. • 20 ampolas • ACIDENTE ELAPÍDICO: É causado pelas corais-verdadeiras (família Elapidae, gêneros Micrurus e Leptomicrurus). • SINTOMAS • O acidente por coral-verdadeira não provoca, no local da picada, alteração importante. • As manifestações do envenenamento caracterizam-se por dor de intensidade variável, visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento. • Óbitos estão relacionados à paralisia dos músculos respiratórios, muitas vezes decorrentes da demora na busca por socorro médico. • TRATAMENTO • ANTIVENENO: Soro antielapídico (bivalente). • Dor ou parestesia discretas, ptose palpebral, turvação visual. Considerar todos os casos como potencialmente graves devido ao risco de insuficiência respiratória, • 10 ampolas 10 ACIDENTES POR ÁGUAS-VIVAS E CARAVELAS SINTOMAS • O contato com tentáculos de cnidários podem causar ardência e/ou dor intensa no local, que podem durar de 30 minutos a 24 horas. • Placas e pápulas urticariformes lineares aparecem precocemente, podendo dar lugar a necrose superficial, bolhas e necrose importante em cerca de 24 horas. • A regressão pode causar máculas hipercrômicas que podem persistir no local por meses. • Quando há absorção de doses maiores de peçonha (em crianças ou cnidários grandes, por exemplo) pode acontecer um quadro sistêmico, com cefaleia, mal-estar, náuseas, vômitos, espasmos musculares, febre, arritmias cardíacas. • A gravidade depende da extensão da área comprometida. TRATAMENTO • Remoção dos tentáculos • Tratamento sintomático • Várias lavagens para tratar e neutralizar os nematocistos, dependendo do animal específico. • Para picadas de água-viva em águas não tropicais e para picadas de corais, a lavagem com água do mar pode ser usada. • Para picadas de água viva em águas tropicais, lavagem com vinagre seguida por água do mar pode ser usada. • Água fresca não deve ser usada porque pode ativar nematocistos não ejetados. • Para picadas de medusa de cavidade, usa-se vinagre que inibe a queimação dos nematocistos e é usado paralavagem inicial, seguido por lavagem com água do mar. Água fresca não deve ser usada porque pode ativar nematocistos não ejetados. • Para caravela portuguesa, lavagem com água salgada pode ser usada. Vinagre não deve ser usado, pois pode ativar nematocistos não ejetados. • Qualquer dificuldade para respirar ou alteração do nível de consciência, não importa o nível, é emergência médica, requer transporte até um centro médico e possivelmente injeção de adrenalina. • Os sintomas são tratados por medidas de suporte. • A dor causada pela maioria das picadas de cnidaria geralmente é de curta duração e pode ser aliviada com bicarbonato de sódio em uma pasta a 50:50 aplicada à pele. Imersão da área atingida em banho de água morna (40 a 43° C) mostrou ser eficaz para o alívio da dor, bem como analgésicos AINEs. • Para tratar dor intensa, são preferíveis opioides. Espasmos musculares dolorosos podem ser tratados com benzodiazepínicos. • Nos casos em que se desenvolve o choque, líquidos IV e adrenalina podem ser usados. 3. ENTENDER AS ALTERAÇÕES LABORATORIAIS DE PACIENTE VÍTIMA DE ANIMAIS PEÇONHENTOS; ACIDENTES POR ABELHAS • Não há exames específicos para o diagnóstico. 11 • O diagnóstico dos acidentes provocados por abelhas é feito, basicamente, através da história clínica, e a gravidade dos pacientes deverá orientar os exames complementares. • Exames de urina tipo I e hemograma completo podem ser os utilizados para a detecção dos quadros sistêmicos. • A determinação dos níveis séricos de enzimas de origem muscular, como a creatinoquinase total (CK), lactato desidrogenase (LDH), aldolases e aminotransferases (ALT e AST) e as dosagens de hemoglobina, haptoglobina sérica e bilirrubinas, nos pacientes com centenas de picadas. • Nestes casos, a síndrome de envenenamento grave expõe manifestações clínicas sugestivas de rabdomiólise e hemólise intravascular. ACIDENTES POR ARANHAS • É eminentemente clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do tipo de veneno circulante. • No loxoscelismo na forma cutâneo-hemolítica, as alterações laboratoriais podem ser subclínicas, com anemia aguda e hiperbilirrubinemia indireta. • Elevação dos níveis séricos de ureia e creatinina é observada somente quando há injúria renal aguda. • No latrodectismo, as alterações laboratoriais são inespecíficas. • São descritos distúrbios hematológicos (leucocitose, linfopenia), bioquímicos (hiperglicemia, hiperfosfatemia), do sedimento urinário (albuminúria, hematúria, leucocitúria) e eletrocardiográficos (fibrilação atrial, bloqueios, diminuição de amplitude do QRS e da onda T, inversão da onda T, alterações do segmento ST e prolongamento do intervalo QT). • As alterações laboratoriais do foneutrismo são semelhantes às do escorpionismo, notadamente aquelas decorrentes de comprometimento cardiovascular. ACIDENTES POR ESCORPIÕES • O diagnóstico de envenenamento dos acidentes escorpiônicos é eminentemente clínico- epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do veneno circulante. • Alguns exames complementares são úteis para auxílio no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com manifestações sistêmicas, como eletrocardiograma, radiografia do tórax, ecocardiografia e exames bioquímicos. ACIDENTES POR OFÍDICOS • O diagnóstico de envenenamento ofídico é eminentemente clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina hospitalar exame laboratorial para confirmação do veneno circulante. • Tempo de coagulação (TC), hemograma e função renal são importantes para o monitoramento da soroterapia e acompanhamento das complicações nos acidentes botrópicos, laquéticos e crotálicos. ACIDENTES POR ÁGUAS-VIVAS E CARAVELAS • O diagnóstico é clínico. 12 4. CONHECER O PROTOCOLO DE PRIMEIROS SOCORROS PARA ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS; PRIMEIROS SOCORROS • Lavar o local da picada com água e sabão; • não fazer torniquete ou garrote, não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida, nem aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções; • não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país; • levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento adequado em tempo. ACIDENTES POR ABELHAS • Lavar a região afetada com água fria. • Remover o(s) ferrão(ões) da pele sem pressioná-lo(s) (com agulha ou lâmina). • Ao pressionar o ferrão, mais veneno será injetado no acidentado. • Aplicar compressas de água fria para aliviar a dor. • Procurar o serviço de saúde mais próximo. ACIDENTES POR ARANHAS • A maioria das aranhas que vivem dentro das casas é inofensiva. • Ainda assim, qualquer sintoma decorrente de uma picada requer avaliação médica para indicar o melhor tratamento, que pode envolver compressa morna, analgésico ou a administração do soro antiaracnídico, indicado para neutralizar a ação dos venenos da aranha-armadeira e da aranha-marrom. • Compressas mornas na região ajudam a aliviar o quadro até a chegada a um serviço de saúde, onde será avaliada a necessidade ou não de aplicação de soro. • Não é recomendável colocar gelo no local. • Assim como nos acidentes por escorpiões e serpentes, não é recomendado o uso de pomadas no local pois elas podem alterar a cor da pele, além de serem ineficazes para impedir a penetração do veneno. • Torniquete, incisão e sucção no local da picada são prejudiciais. ACIDENTES POR ESCORPIÕES • O uso de pomadas no local não é recomendado, pois pode alterar a cor da pele, além de ser ineficaz para impedir a penetração do veneno. • Assim como nos acidentes ofídicos, torniquetes, incisões e sucção no local da picada são prejudiciais. • Compressas mornas ajudam a aliviar o quadro até a chegada a um serviço de saúde, onde será avaliada a necessidade ou não de aplicação de soro. • Não é recomendável colocar gelo no local. • Em crianças menores de 12 meses, a avaliação médica deve ser feita o mais rápido possível para que, quando indicado, o soro antiaracnídico aja a tempo de neutralizar a ação do veneno. 13 ACIDENTES POR OFÍDICOS • Após um acidente ofídico, o paciente deve ser tranquilizado e removido para o hospital ou centro de saúde mais próximo. • O local da picada deve ser lavado com água e sabão. • Na medida do possível, deve-se evitar que a pessoa ande ou corra, ela deve ficar deitada com o membro picado elevado. • Não se deve fazer o uso de torniquetes (garrotes), incisões ou passar substâncias (folhas, pó de café, couro da cobra etc.) no local da picada. • Essas medidas interferem negativamente, aumentando a chance de complicações como infecções, necrose e amputação de um membro. • O único tratamento eficaz para o envenenamento por serpente é o tratamento com o soro antiofídico, que é específico para cada tipo (gênero) de serpente. • Quanto antes for iniciada a terapia com soro, menor será a chance de haver complicações. ACIDENTES POR ÁGUAS-VIVAS E CARAVELAS • Os primeiros cuidados pedem que inicialmente sejam usadas compressas geladas (água do mar gelada ou cold packs. • É importante que não seja utilizada água doce para lavagem do local da lesão, nem para aplicação das compressas geladas, pois a água doce pode piorar o quadro do envenenamento. • Em seguida deve-se realizar a remoção dos tentáculos aderidos à pele, que deve ser realizada de forma cuidadosa, preferencialmente com uso de pinça, lâmina ou mão enluvada e o local deve ser lavado abundantemente com ácido acético a 5% (vinagre, por exemplo), sem esfregar a região acometida. • Essa medida inativa cnidócitos, impedindo envenenamento posterior, uma vez que as células continuam despejando seu conteúdo na pele. • Os pacientes devem procurar assistência médica para avaliaçãoclínica do envenenamento e, se necessário, realização de tratamento complementar. • Acidentes graves têm indicação de atendimento de urgência. 5. CITAR AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO, PREVENÇÃO E PROTOCOLO DE NOTIFICAÇÃO (EPIDEMIOLOGIA). O risco de acidentes com animais peçonhentos pode ser reduzido tomando algumas medidas gerais e bastante simples para prevenção: • usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem; • examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las; • afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários; • não acumular entulhos e materiais de construção; • limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede; • vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés; • utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos; • manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e celeiros; • evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada; 14 • limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas. Proteção individual para prevenir acidentes com animais peçonhentos • No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade. • Não mexer em colmeias e vespeiros. Caso estejam em áreas de risco de acidente, contatar a autoridade local competente para a remoção. • Inspecionar calçados, roupas, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes antes de usá-los. • Afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários. Proteção da população para prevenir acidentes com animais peçonhentos • Não depositar ou acumular lixo, entulho e materiais de construção junto às habitações. • Evitar que plantas trepadeiras se encostem às casas e que folhagens entrem pelo telhado ou pelo forro. • Não montar acampamento próximo a áreas onde normalmente há roedores (plantações, pastos ou matos) e, por conseguinte, maior número de serpentes. • Evitar piquenique às margens de rios, lagos ou lagoas, e não encostar-se a barrancos durante pescarias ou outras atividades. • Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede e terrenos baldios (sempre com uso de EPI). • Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés. • Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos. • Manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros. • Controlar roedores existentes na área e combater insetos, principalmente baratas (são alimentos para escorpiões e aranhas). • Caso encontre um animal peçonhento, afaste-se com cuidado e evite assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto, e procure a autoridade de saúde local para orientações. Orientação ao trabalhador na prevenção de acidentes com animais peçonhentos • Usar luvas de raspa de couro e calçados fechados, entre outros equipamentos de proteção individual (EPI), durante o manuseio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos de cimento); transporte de lenhas; movimentação de móveis; atividades rurais; limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, entre outras atividades. • Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer. • Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nesses lugares, usar um pedaço de madeira, enxada ou foice. • Os trabalhadores do campo devem sempre utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas ou perneiras, evitar colocar as mãos em tocas, montes de lenha, folhas e cupinzeiros. 15 PROTOCOLO DE NOTIFICAÇÃO • Os acidentes por animais peçonhentos e, em particular, os acidentes ofídicos foram incluídos, pela Organização Mundial da Saúde, na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria dos casos, populações pobres que vivem em áreas rurais. • Em agosto de 2010, o agravo foi incluído na Lista de Notificação de Compulsória (LNC) do Brasil, publicada na Portaria Nº 2.472 de 31 de agosto de 2010 (ratificada na Portaria Nº 104, de 25 de janeiro de 2011). • Essa importância se dá pelo alto número de notificações registras no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), sendo acidentes por animais peçonhentos um dos agravos mais notificados. • A partir das análises dos dados do SINAN, a vigilância epidemiológica é capaz de identificar o quantitativo de soros antivenenos a serem distribuídos às Unidades Federadas, além de determinar pontos estratégicos de vigilância, estruturar as unidades de atendimento aos acidentados, elaborar estratégias de controle desses animais, entre outros. EPIDEMIOLOGIA • ÁGUAS-VIVAS: Devido à baixa gravidade da maioria dos casos de acidentes por cnidários no Brasil, há grande subnotificação destes acidentes no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). o Um estudo com dados notificados no Sinan entre 2007 e 2013 identificou apenas 540 registros de acidentes com cnidários, sendo 83,7% notificadas na região Sul. o A proporção destes casos segundo o sexo foi de 50% / 50%. A faixa etária mais acometida foi a de abaixo de 19 anos. o Os locais anatômicos mais acometidos foram o tronco e pernas. • ABELHAS: Abelhas estão presentes em todos os territórios brasileiros. o As regiões de maiores taxas de incidência são a região Sul e Nordeste, enquanto as maiores taxas de letalidade ocorrem nas regiões Centro-Oeste e Norte. o De modo geral, os acidentes costumam acontecer com maior predominância entre outubro e março. o A maioria dos acidentes acontecem na zona urbana. o O perfil dos acidentados costuma ser de homens e da faixa etária entre 20 e 64 anos. o Óbitos são mais frequentes em pessoas acima de 40 anos. o Fatores de risco para gravidade envolvem a quantidade de ferroadas e a predisposição ao choque anafilático. • OFÍDICOS: A maioria dos acidentes ofídicos no Brasil é ocasionada por serpentes do grupo Bothrops, seguido pelo grupo Crotalus. o Poucos são os casos de acidentes por Micrurus e Lachesis. o As regiões brasileiras onde há maior taxa de incidência de acidentes ofídicos são a Norte e a Centro-Oeste. 16 o Os meses de maior frequência de acidentes são os quentes e chuvosos, períodos de maior atividade em áreas rurais. o Os acidentes ofídicos são mais frequentes na população rural, em pessoas do sexo masculino e na faixa etária economicamente ativa (20 a 64 anos). o A maioria dos acidentes é classificada clinicamente como leve, porém, a demora no atendimento médico e soroterápico pode elevar consideravelmente a taxa de letalidade. • ESCORPIÃO: De caráter predominantemente urbano, o escorpionismo tem se elevado, particularmente nos estados das regiões Nordeste e Sudeste. o Na época de calor e chuvas, período de maior atividade dos escorpiões, há um incremento no número de acidentes. o A maioria dos casos tem evolução benigna. Casos graves e óbitos são mais frequentes em crianças menores de 10 anos, principalmente quando causados pela espécie T. serrulatus. • ARANHAS: Os acidentes por Loxosceles ocorrem com maior frequência nos meses de outubro a março, com sazonalidade semelhante à dos acidentes ofídicos e escorpiônicos. o A Região Sul é reponsável por cerca de 80% das notificações de acidentes loxoscélicos no Brasil. o O maior número de acidentes fonêutricos é registrado de janeiro a maio, sendo que a região Sul do país concentra a maioria das notificações. o O latrodectismo é de baixa incidência. o Os estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Pernambuco apresentam o maior número de notificações