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Perícia Forense - Química
Forense
Aula 08: Identi�cação de combustíveis
adulterados
INTRODUÇÃO
Nesta aula, descobriremos como identi�car a adulteração de combustíveis, um crime muito comum cometido contra o
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consumidor e que pode trazer prejuízos enormes para a população.
OBJETIVOS
Reconhecer de�nições e tipos de combustíveis.
Explicar adulteração �scal.
Aplicar testes químicos para identi�cação de adulteração.
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A PREOCUPAÇÃO COM AS ADULTERAÇÕES
As práticas de adulterações e fraudes no setor de combustíveis no Brasil têm sido de intensa e ampla discussão. As
preocupações do órgão regulador — a Agência Nacional do Petróleo (ANP) — não se restringem apenas às
consequências danosas dessas distorções nos motores dos veículos, mas também aos aspectos ambientais e,
principalmente, de evasão �scal.
A problemática da adulteração da gasolina no Brasil ganhou impulso a partir do governo Collor, com a
desregulamentação desordenada da distribuição e revenda de combustíveis, seguida, na segunda metade dos anos
1990, pela quebra do monopólio da Petrobras e a abertura do setor.
A entrada de novos participantes introduziu uma profunda mudança no per�l da distribuição de combustíveis, antes
restrita às tradicionais multinacionais do setor e à Petrobras.
As distribuidoras emergentes já detêm 25% do mercado da gasolina automotiva no país. Da gasolina por estas
comercializada, 72% são vendidas a preços mais baixos por causa das liminares, já tendo levado o Brasil a perder até
R$130 milhões em um único mês.
Outro grave problema enfrentado neste setor é o da adição de solventes à gasolina. Em 1999, apenas 40% dos
solventes produzidos pelas re�narias tiveram como destino as indústrias químicas de borracha, plásticos, tintas etc.
Há uma boa possibilidade de que o restante tenha sido adicionado à gasolina.
Tais adulterações são muito difíceis de serem detectadas, pois os solventes se misturam bem à gasolina em teores de
até 25%. A adição excessiva de Álcool Etílico Anidro Combustível (AEAC) é outra importante fonte de adulteração.
INDÍCIOS DE FRAUDES NO TRANSPORTE
As fraudes nos combustíveis começa já no seu transporte.
Os cuidados devem começar na averiguação dos seguintes itens:
Data da nota fiscal do dia do transporte - o transporte é feito no máximo até o
dia seguinte da emissão da nota fiscal.
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Incompatibilidade entre a rota que o autotanque deveria estar fazendo e o
local de apreensão do autotanque (fora de rota).
Nota fiscal de venda interestadual de álcool hidratado - ICMS menor pode
indicar uma venda interestadual fictícia.
Nota fiscal de venda interestadual de álcool hidratado sendo realizada por
autotanque do estado de origem - provavelmente o destino (outro estado, com
ICMS menor) não é para o estado mencionado na nota fiscal, mas sim o próprio
estado.
Incompatibilidade entre o código da placa amarela (transporte de carga
perigosa) com o produto que está sendo transportado pelo autotanque.
Autotanque fazendo transporte com mais de uma nota fiscal.
Transporte (usina/distribuidora) de álcool hidratado com NF de álcool anidro.
Sonegação de ICMS – Infração e Crime ao meio ambiente (Lei nº 9605 Art. 54).
Autotanque fazendo transporte com nota fiscal em branco.
Autotanque vazio levando nota fiscal - provavelmente é para utilizar a mesma
nota fiscal em mais de uma venda.
Nota fiscal falsa - checar o AIDR no rodapé da Nota.
Nota fiscal espelho (clonada) – usada para pagar imposto apenas uma vez.
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Nota fiscal de usina vendendo álcool hidratado para porto revendedor —
sonegação de ICMS e de PIS/COFINS — Infração ao código de Defesa do
consumidor e Portaria ANP 116 — Infração e crime ao meio ambiente (Lei nº 9605
art.54).
Nota fiscal de usina (produtor) para consumidor final - sonegação de ICMS e
de PIS/COFINS.
Nota fiscal emitida por distribuidora de uma bandeira para entregar no posto
revendedor de outra bandeira - Infração à portaria ANP 116 e ao código de
defesa do consumidor.
COMBUSTÍVEIS DESTINADOS AO USO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES
TERRESTRES COMERCIALIZADOS NO PAÍS
Causas de não conformidades
Gasolina Álcool etílico Óleo diesel
31% destilação
3% octanagem
57% álcool
9% outros (a)
26% T. Alcoólico/M.Específica
8% condutividade
44% pH
22% outros (a)
26% corante
42% aspecto
22% Pt. Fulgor
10% outros (a)
GASOLINA
Gasolina automotiva
Derivado de petróleo formado por uma mistura de hidrocarbonetos com faixa de ebulição de 30 a 220ºC, utilizado em
máquinas de ignição por centelha.
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Mistura complexa de hidrocarbonetos com 5 a 8 átomos de carbono. Contém ainda compostos de S (enxofre), N
(nitrogênio) e O (oxigênio) como contaminantes (que um solvente proibido foi indevidamente adicionado à gasolina, o que
a torna imprópria para o consumo.
TEOR DE ÁLCOOL ETÍLICO ANIDRO COMBUSTÍVEL
São produzidos dois tipos de álcool para serem utilizados como combustíveis nos veículos, de acordo com a
Resolução ANP nº 36, de 06 de dezembro de 2005:
I – Álcool Etílico Anidro Combustível (AEAC) – produzido no País ou importado sob autorização, conforme
especi�cação constante do Regulamento Técnico, destinado aos Distribuidores para mistura com gasolina A para
formulação da gasolina C e,
II – Álcool Etílico Hidratado Combustível (AEHC) – produzido no País ou importado sob autorização, conforme
especi�cação constante no Regulamento Técnico, para utilização como combustível em motores de combustão
interna de ignição por centelha.
O álcool anidro não pode ser usado diretamente como combustível nos veículos, sendo produzido para ser adicionado
à gasolina “A” para dar origem à gasolina “C”.
Já o álcool hidratado é o utilizado diretamente nos veículos movidos a álcool ou bicombustíveis.
Fraudes no álcool
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https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon918/galeria/aula8/docs/teste_gasolina.pdf
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon918/galeria/aula8/docs/teste_gasolina.pdf
Uma das principais fraudes envolvendo esse combustível é a venda de álcool anidro com a adição irregular de água (o
chamado “álcool molhado”), como se fosse álcool hidratado.
Razão pela qual, a partir de dezembro de 2005, a mencionada Resolução ANP nº 36 determinou que ao álcool anidro
os produtores devem adicionar um corante devidamente licenciado, dando a esse combustível uma cor laranja.
Essa fraude é empregada pelo adulterador com o objetivo de sonegar tributos, notadamente o ICMS, uma vez que a
�scalização sobre a comercialização do álcool anidro é mais vulnerável do que a existente em face do álcool
hidratado.
De fato, enquanto a comercialização do álcool hidratado se dá com a obrigação do recolhimento do ICMS pelo
produtor (usinas), com retenção do tributo na fatura ou nota �scal, o álcool anidro tem a tributação do ICMS diferida,
ou seja, o seu recolhimento somente ocorre quando da venda do produto pela distribuidora para os postos de gasolina.
Todavia, essa adulteração será facilmente identi�cada se o álcool anidro, anteriormente, tiver recebido o corante
laranja de�nido na Resolução ANP nº 36.
Como o álcool anidro é adicionado à gasolina A para produzir a gasolina C, o tom alaranjado em nada altera a
coloração da gasolina, mas, caso seja adicionada água para que ele seja vendido como álcool hidratado, o consumidor
poderá facilmente notar a fraude, já que o resultado seria um álcool com tons laranja, enquanto o álcool hidratado
regular deve, necessariamente, ser incolor e isento de impurezas.
Mesmo que o álcool anidro não tenha recebido o corante laranja, também será possível detectar essa adulteração,
pois, como a água existente no álcool hidratado regular é destilada, esse combustível possui uma condutividade
elétrica baixa que, de acordo com a Resolução ANP nº 36, não pode exceder 500 S/m (quinhentos microsimens por
metro).
Já no “álcool molhado”, como a água adicionada normalmente é a obtida na rede municipal de abastecimento, ou seja,
não destilada, esse álcool irregular possui uma alta condutividade elétrica, podendo chegar a mais de 2.000 S/m.
O teor de álcool etílico anidro combustível adicionado à gasolina deve estar em acordo com a legislação vigente
(Portaria MAPA Nº 75 DE 05/03/2015), em que foi alterado o valor, sendo 27% para gasolina comum e 25% para
gasolina premium.
Destilação
Estabelece as temperaturas máximas referentes aos itens, bem como a quantidade máxima de resíduo, conforme
discriminado a seguir:
10% do evaporado – 65,0ºC
50% do evaporado – 80,0ºC
90% do evaporado – 190,0ºC
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Ponto final de destilação – 220,0ºC
Quantidade de resíduo (máx.) – 2,0Ml
Álcool etílico anidro
combustível (AEAC)
Álcool etílico hidratado
combustível (AEHC)
• Destina-se à adição na gasolina do
tipo A (sem álcool) para a formulação
da gasolina do tipo C;
• O teor de álcool que vai ser
adicionado à gasolina obedece à
legislação vigente (Ministério da
Agricultura);
• Álcool “isento” de água. A
concentração máxima de água
permitida é 0,7%.
Usado como combustível em motores
de combustão interna. Contém água
em pequena quantidade (na faixa de
7%).
Requisitos avaliados pelo ANP:
• De incolor à amarelada;
• Isenta de corante, cuja utilização é
permitida no teor máximo de 20ppm,
com exceção da cor azul, restrita à
gasolina de avião;
• Límpido e isento de impurezas;
• Massa específica igual a 811,0kg/m;
• Potencial hidrogeniônico de 6,0 a
8,0;
• Teor alcoólico de 92,6 a 93,8o INPM.
ÓLEO DIESEL
Derivado com faixa de ebulição de 150ºC a 380ºC, com predominância de hidrocarbonetos parafínicos de mais de 14
átomos de carbono. E�ciência e �exibilidade são razões de sua aplicação crescente.
Usados em motores automotivos de ignição por compressão, motores marítimos, tratores e unidades geradoras de
energia.
Maior rendimento em relação ao motor a gasolina. Aplicações em automóveis e geração de energia.
Tipos de óleo
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O óleo diesel é um combustível fóssil constituído basicamente por hidrocarbonetos, porém mais “pesados” do que os
que compõem a gasolina, pois são formados por moléculas com maior cadeia carbônica, com 9 a 35 átomos de
carbono.
Além disso, possui uma faixa de destilação superior à da gasolina, de 140 a 380ºC.
PDF
, Clique (galeria/aula8/docs/Resolucao_ANP.pdf) para conhecer a Resolução ANP nº 12, de 22/03/2005.
ANP - aspectos a serem observados no óleo diesel
Determinada por métodos colorimétricos e límpidos; isento de impurezas.
Determinação das temperaturas referentes a 50 e 85 % de evaporado, ponto �nal e quanti�cação do resíduo:
• 50% do evaporado – 245 a 310ºC;
• 85% do evaporado – 360ºC (máx.).
Diesel – práticas irregulares
Sonegação
Carga Tributária diferenciada de ICMS entre estados: em função da tributação diferenciada
o produto é adquirido para consumidor �nal (com redução de tributos) e desviado para
postos de revenda (RJ e SP).
Há vendas para embarcações pesqueiras sem ICMS ou outros tributos.
É desviado para o posto de revenda. Há simulações de venda para embarcações
estrangeiras e as exportações são feitas com isenção de tributos e depois voltam para o
mercado interno.
Venda irregular
O Diesel interior, que contém mais enxofre e é mais barato, é vendido nas grandes cidades.
Contrabando
Volumes importados superiores ao declarados, importações não declaradas (por via
marítima e via terrestres).
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, Clique (galeria/aula8/docs/analise_laboratorio.pdf) para conhecer os Procedimentos para análise de combustíveis em
laboratório de química forense.
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https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon918/galeria/aula8/docs/Resolucao_ANP.pdf
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon918/galeria/aula8/docs/Resolucao_ANP.pdf
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon918/galeria/aula8/docs/analise_laboratorio.pdf
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon918/galeria/aula8/docs/analise_laboratorio.pdf
EXEMPLOS PRÁTICOS DE PERÍCIA DE LOCAL
Exemplo I
O perito criminal é solicitado pela autoridade policial para comparecer ao posto de combustível com suspeita de
adulteração.
Procedimento realizado colheu amostras dos tanques de combustíveis, na sua parte mais profunda possível,
preservando em embalagem com tampa, encaminhando para a DP, para que ela, DP, envie para quem de direito: ou o
Instituto de Criminalística ou a AgênciaNacional de Petróleo.
Normalmente a DP requisita a presença de técnicos da ANP para o local do fato, mas a ANP é órgão �scalizador e não
policial.
Exemplo II
Foi roubado o cavalo mecânico e o tanque combustível da Empresa Shell. Os bandidos desprezaram o cavalo
mecânico achando que somente o cavalo estava com GPS.
Porém, o empresário do ramo de carretas colocou um GPS também no tanque de combustível.
Atrelaram um cavalo mecânico no tanque de combustível, roubando 30000 litros, e, em um posto de uma determinada
região, eles abasteceram 15000 litros de combustível.
Como o GPS encontrava-se no tanque, a polícia conseguiu rastrear onde foi colocado o combustível roubado.
Quando a polícia chegou, o caminhão-tanque não estava mais lá, mas os policiais tinham a posição exata de onde o
caminhão abasteceu.
O Técnico da Shell compareceu ao local, com uma maleta, que se trata de um aparelho de mão (sensor digital) para
analisar a amostra e determinar a concentração do “DNA Shell”. Esse DNA, na verdade, é um marcador químico que
permite determinar se o combustível é da Shell.
Foi constatado que o posto apresentava quase 100% de DNA Shell, provando que o combustível que ali se encontrava,
era realmente produto do roubo.
PDF
, Clique (galeria/aula8/docs/laudos.pdf) para conhecer exemplos de laudos.
EXERCÍCIOS
Questão 1: Como podemos de�nir a mistura conhecida como gasolina?
Resposta Correta
Questão 2: Quais as principais adulterações encontradas nos combustíveis de uma maneira geral?
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https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon918/galeria/aula8/docs/laudos.pdf
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Resposta Correta
Glossário
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