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Políticas públicas e 
seus elementos
SST
Melo, Milena Barbosa de
Políticas públicas e seus elementos / Milena Barbosa de 
Melo
Ano: 2020
nº de p.: 11
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
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Políticas públicas e 
seus elementos
Apresentação
Sempre que pensamos em políticas públicas, temos a impressão de que se trata 
de um tema importante. Ainda, algumas pessoas têm a tendência de achar o tema 
complicado demais e voltado para a esfera política. De fato, as decisões políticas 
são decisivas para a implantação de boas políticas públicas, mas é preciso que 
todos participem de sua formulação, já que os reflexos delas são sentidos no dia a 
dia das pessoas.
As decisões de Estado afetam todos, independentemente de escolaridade, raça, 
sexo, religião ou nível de renda – essa é a finalidade maior do Estado na busca de 
satisfazer o interesse público e as necessidades gerais de toda a coletividade. Além 
disso, o Estado atua nas falhas do mercado para satisfazer as necessidades da 
população garantindo o bem comum. E é sobre isso que falaremos nesta unidade. 
Bons estudos!
Políticas públicas: aspectos gerais
Reconhecer nossos problemas é uma tarefa necessária, mas não suficiente quando 
se trata de política pública. As ferramentas escolhidas para resolvê-los falham, por 
isso, nos propomos a repensá-las. No caso brasileiro, recorremos principalmente a 
duas: leis e planos. Criar regras por meio de leis implica que, antes da detecção de 
um problema e suas consequências, ele possa ser evitado com um arcabouço legal 
que o regule (FONTE, 2015). No entanto, gerar leis não gera políticas, especialmente 
quando a distribuição da justiça é questionável.
Veja alguns exemplos:
1. Exemplo 1:
Governar por planos pressupõe que a concepção de um projeto por si só 
resolve o problema, mas também é uma camisa de força que obriga os 
políticos a serem indiferentes às mudanças típicas da dinâmica social.
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2. Exemplo 2:
Por sua vez, nas ciências sociais os processos não são estáticos. Um plano, 
por mais bem concebido que seja, implica a ignorância dessa variabilidade.
3. Exemplo 3:
Obviamente, as leis e os planos têm uma importância considerável. Assim 
não devemos desqualificá-los ou anulá-los simplesmente, mas enfatizar que 
não são as ferramentas mais adequadas (FONTE, 2015).
Nossa proposta é atrelada à defesa de políticas que governam, aos cursos de ação 
que procuram resolver um problema específico em vez de um todo incontrolável. É 
comum associar o conceito de política pública a meras ações de governo, de modo 
que qualquer ação empreendida pelos intervenientes do governo seja erroneamente 
considerada política pública.
Os governos não são mais os únicos atores nas fases do ciclo político, embora 
toda política pública seja uma ação de governo, ainda que não limitada a ela. Neste 
estudo, você entenderá o que são e para que servem as políticas públicas dentro de 
um contexto tão complexo como o brasileiro, de modo que seja uma ferramenta útil 
e simples para a compreensão da natureza pública das políticas, sendo seu ponto-
chave. No entanto, utilizar ferramentas inadequadas para resolver um problema 
pode ser pior do que deixar de enfrentá-lo. Estamos todos de acordo em reduzir a 
pobreza, ampliar a base tributária, fazer melhor uso dos excedentes de petróleo, 
criar empregos, etc., mas o problema é como temos tratado essas questões, ao 
menos nos últimos 30 anos. A política pública, como dito, tem sido o ponto chave 
como vantagem ou desvantagem nesse processo (MENDES; PAIVA, 2017).
“Política” não é o mesmo que 
“políticas” (politics, policies, policy)
Para entender o que são políticas públicas, é necessário diferenciar dois conceitos 
que em nossa língua não têm tradução:
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1. Politics (política):
É entendido como as relações de poder, os processos eleitorais, os 
confrontos entre organizações sociais e o governo.
2. Policies (políticas):
É relativo às ações, decisões e omissões dos diferentes atores envolvidos nos 
assuntos públicos.
Ao longo deste trabalho, falaremos sobre política, no singular, quando nos 
referirmos às relações de poder (objeto de estudo da ciência política) – politics – e 
políticas, no plural, quando nos referirmos a políticas públicas – policies, policy. No 
entanto, existe a política de políticas públicas, que se refere às relações de poder no 
processo de ações governamentais com a sociedade (DE NEGRI, 2017).
Para De Negri (2017), isso é aplicável a diferentes setores: política educacional, 
políticas educacionais; política cultural, políticas culturais; política social, políticas 
sociais etc. Também podemos falar sobre as relações de poder de algum setor: a 
política das políticas econômicas, a política das políticas ambientais, entre outros.
Identificar a eficácia, eficiência, economia e qualidade dos gastos, 
bem como melhorar a qualidade dos gastos se daria por meio de 
maior produtividade e eficiência dos processos governamentais.
Saiba mais
Políticas são o desenho de uma ação coletiva intencional. O curso que a ação toma 
como resultado das decisões e interações que ela envolve são os eventos reais que 
a ação produz. Nesse sentido, as políticas são o curso de ação seguido por um ator 
ou grupo de atores ao lidar com um problema ou questão de interesse.
O conceito de políticas presta atenção ao que realmente é feito e 
executado, e não ao que é proposto e desejado.
Atenção
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Segundo Secchi (2016, p. 5),
[...] o problema público está para a doença assim como a política 
pública está para o tratamento. Metaforicamente, a doença (problema 
público) precisa ser diagnosticada, para então ser dada uma prescrição 
médica de tratamento (política pública), que pode ser um remédio, uma 
dieta, exercícios físicos, cirurgia, tratamento psicológico, entre outros 
(instrumentos de política pública). 
É bem verdade que as políticas são entendidas como uma declaração de intenções, 
metas e objetivos. Elas são consideradas uma cadeia causal entre as condições 
iniciais e as consequências futuras: se X, então Y, ou seja, políticas públicas são 
hipóteses: se implementarmos este curso de ação (X), teremos essas metas e 
objetivos alcançados (Y). Logo, as políticas são cursos de ação voltados para a 
solução de problemas. Mesmo não fazer nada é uma ação que deve ser levada em 
consideração e colocada em prática ou não.
As políticas também denotam as intenções das forças políticas, particularmente as 
dos governantes, as consequências de suas ações. As políticas tendem a significar 
intenções e não consequências, portanto se tornam o resultado de uma série de 
decisões e ações de inúmeros atores políticos e governamentais.
Os primórdios do conceito
O conceito de políticas públicas nasceu nos Estados Unidos, com o impulso 
pioneiro de Harold Laswell na segunda metade do século XX. Depois de trabalhar 
como professor e pesquisador em ciência política, Laswell incorporou seu 
conhecimento científico à administração do governo daquele país. Sua proposta era 
melhorar o desempenho administrativo e a ação governamental do Estado por meio 
de uma nova disciplina: as ciências políticas.
Esse seria um trabalho transdisciplinar em torno do fazer e do processo de políticas 
públicas, a fim de conhecer e explicar tanto a formação quanto a execução de 
políticas. A ciência política se tornaria, segundo Lasswell, uma ciência tributária 
do sistema político, assim como as outras ciências sociais, e forneceria seus 
elementos metodológicos e conceituais para o estudo do Estado e da política. 
Fonte (2015, p. 25) acrescenta que:
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[...] o controle judicial de políticas públicas tornou-se, em pouco 
tempo, tema muito presente nas discussões acadêmicas. Isto 
não apenas em razão da mudança de paradigma jurídico ocorrida 
com a Constituição de 1988, mas também por motivos de ordem 
puramente pragmática. Há evidente interesse da União, Estados 
e Municípios em conter, ou ao menos amenizar, a enorme sangria 
de verbas decorrentedo cumprimento de decisões judiciais cujo 
conteúdo varia entre comprar remédios, contratar funcionários 
para combater endemias, matricular alunos em creches, abrir 
vagas em escolas, melhorar a condição de presídios e, em último 
grau, custear tratamento médico no exterior.
Citação
Ainda, a ciência política versaria sobre as habilidades profissionais necessárias 
para participar da tomada de decisões públicas (conhecendo o processo de tomada 
de decisão da política) e também sobre as habilidades científicas necessárias para 
contribuir para a invenção de uma teoria e prática confiáveis (incorporar dados 
e teoremas das ciências no processo de tomada de decisão da política com o 
propósito de melhorar a decisão pública). 
Funcionamento das políticas públicas 
e seus elementos
Vejamos, a seguir, o organograma que representa o funcionamento das políticas 
públicas e seus elementos.
Organograma das políticas públicas e seus elementos
Políticas 
públicas Desenvolvimento 
institucional
Participação Interesse
Desenvolvimento 
econômico
Sociedade civil
Desenvolvimento 
ambiental
Desenvolvimento 
social
Fonte: Elaborada pelo o autor (2020).
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Quando se trata de alusão de política pública aos processos, decisões, resultados 
feitos, mas sem excluir os conflitos entre interesses presentes em todos os 
momentos, para os avaliadores estamos diante de um panorama cheio de poderes 
em conflito, enfrentamento e colaboração diante de opiniões e cursos específicos 
de ação. Para Fonte (2015), o estudo das políticas públicas nada mais é do que o 
estudo da ação das autoridades públicas. Outro uso do termo política distingue o 
que os ingleses designam com essa palavra, seja uma estrutura de orientação para 
ação, seja um programa ou uma perspectiva de atividade.
No âmbito da produção legislativa o termo política pública 
tem sido reservado para designar os sistemas legais com 
pretensão de vasta amplitude, os quais definem competências 
administrativas, estabelecem princípios, diretrizes e regras, e em 
alguns casos impõem metas e preveem resultados específicos. 
São as chamadas normas gerais ou leis instituidoras das políticas 
nacionais, normalmente inseridas no âmbito das competências 
administrativas comuns ou legislativas concorrentes previstas, 
respectivamente, nos arts. 23 e 24 da Constituição Federal de 
1988. (FONTE, 2015, p. 38)
Citação
Assim, um governo que tem uma política econômica, isto é, realiza um conjunto de 
intervenções, opta por fazer ou não certas coisas em um campo específico, nesse 
caso, a economia. Nesse sentido, devemos falar claramente de política pública, 
isto é, dos atos e dos atos não cometidos de uma autoridade pública frente a um 
problema ou setor relevante de sua competência.
A ciência tradicional considerou, nos anos 1950 e 1960, que as políticas públicas 
(políticas) eram variáveis dependentes da atividade política (política). Assumiu-
se que as políticas eram apenas o resultado, o produto, a consequência dos 
governantes ou aqueles que estavam representados no sistema pelos partidos 
políticos. Quer dizer, as políticas eram as decisões dos governantes para a solução 
de um problema particular, e elas seriam feitas apenas para legitimar seu poder 
perante os governados.
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Você já olhou em volta para reparar se as políticas públicas estão 
sendo aplicadas em seu bairro?
Curiosidade
Uma política pública não é uma ação do governo que pode ser singular e temporária 
em resposta a circunstâncias políticas particulares ou demandas sociais. Em 
outras palavras, o que é específico e peculiar à política pública é ser um conjunto 
de ações intencionais e causais, visando atingir um objetivo de interesse/benefício 
público, cujas diretrizes de ação, agentes, instrumentos, procedimentos e recursos 
se reproduzem no tempo de maneira constante e coerente (com as necessárias 
correções marginais), em correspondência com o cumprimento de funções públicas 
de caráter permanente ou com a atenção de problemas públicos, cuja solução 
implica uma ação sustentada (MENDES; PAIVA, 2017).
Assim, a estrutura estável de suas ações, que é reproduzida por certo tempo, é 
o elemento essencial e específico desse conjunto de ações governamentais que
chamamos de políticas públicas.
A natureza pública da política
Embora as diferenças entre o público e o privado tenham dependido do momento 
histórico, é curioso e paradoxal que o público esteja associado ao governo como se 
os governos tivessem o monopólio do público.
A política pública é até certo ponto um pleonasmo, porque a política desde os 
gregos era uma atividade feita na polis e só podia ser exercida em público (a família 
foi um espaço pré-político e privado, consequentemente, foi o oikos). Público e 
político para os gregos eram conceitos semelhantes porque não havia concepção 
do indivíduo – a política era pública e o público era político.
Com Maquiavel começa a se manifestar um realismo de política diferente do mundo 
helênico, tornando-se claro que a política está nas mãos de algumas elites e que a 
coisa pública, o público, não pertence a todo o público (SMANIO, 2013).
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Uma das principais contribuições das políticas públicas é justamente o resgate 
da natureza pública das políticas, ou seja, o envolvimento de diferentes atores 
para as políticas governamentais (sindicatos, sociedade civil, empresas, igrejas, 
assembleias de bairros etc.).
FECHAMENTO
Quando pensamos na quantidade de problemas existentes em nossa sociedade, 
é muito provável que seja uma lista muito grande. Para os governantes é quase 
impossível resolver todas as demandas reprimidas existentes. Nesse ponto é que 
as políticas públicas vão atuar, estabelecendo quais são as mais prioritárias e como 
serão implantadas.
Desta forma, conhecer como o desenvolvimento das políticas públicas afetam 
nosso dia a dia é muito importante, pois nos colocará em alerta para cobrar 
dos governantes a realização de projetos, obras e ações destinadas a suprir as 
necessidades da sociedade como um todo. 
T.I
Realce
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Referências
FONTE, F. M. Políticas públicas e direitos fundamentais. 2015.
MENDES, G.; PAIVA, P. Políticas públicas no Brasil: uma abordagem institucional. 
São Paulo: Saraiva, 2017.
SECCHI, L. Análise de políticas públicas: diagnóstico de problemas, recomendações 
de soluções. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
SMANIO, G.P. O direito e as políticas públicas no Brasil. São Paulo: Atlas, 2013.

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