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Química Forense 
Prof. Marcelo Filonzi dos Santos 
09/08/2024 
Código Penal 
Código Penal 
 Infanticídio 
 
 
 
 
 
 
 Art. 123 - Matar, sob a influência do estado 
puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo 
após: 
 Pena - detenção, de dois a seis anos. 
• O parto inicia-se com a dilatação do colo do útero e termina 
com a expulsão do feto (nascimento) 
 
• Durante – na ocasião do parto 
• Logo após – relação de imediatismo 
 
Tem que ser o próprio filho 
O referido artigo protege a vida extrauterina. 
Protege tanto a vida do recém-nascido (neonato) quanto do que 
está nascendo (nascente). 
 
O sujeito ativo é a genitora do neoato ou nascente. 
Trata-se de crime próprio (especial), porque exige especial atributo 
do sujeito ativo: ser mãe da pequena vítima. 
A diferença fundamental entre o homicídio e o infanticídio é que neste a mãe mata o 
próprio filho, recém-nascido ou nascente, durante ou logo após o parto, mas sob a 
influência do estado puerperal. 
No caso em que a mãe mate um adulto sob a influencia do estado puerperal, 
configura-se homicídio. Assim, infanticídio recai apenas na morte do filho. 
Período bastante vulnerável a ocorrência de crises, devido a profundas 
mudanças intra e interpessoais desencadeadas pelo parto 
Estado puerperal: é a alteração psíquica impulsionada pelo parto, capaz de mover a 
mulher a matar o próprio filho. 
É o estado rodeado de profundas alterações psíquicas e físicas que envolvem a 
parturiente durante a expulsão da criança de seu ventre, subtraindo-lhe a plena 
condição de entender o que está fazendo. 
Toda mãe passa pelas transformações do estado puerperal, embora algumas 
apresentem graves perturbações e outras menores. 
Elemento temporal: a ação deve ocorrer durante o parto ou logo após. 
Logo após, conforme a doutrina torrencial deve ser interpretado como sinônimo de 
imediatamente. 
Explicando mais um pouco... 
É chamado “crime próprio” (tem características 
particulares, próprias do crime) 
Sujeito ativo (quem faz o crime): é apenas a 
mãe, sob o estado puerperal. 
 
Já o sujeito passivo (quem recebe o crime) é 
apenas o próprio, nascente — se for “durante o 
parto” — ou recém-nascido — “logo após”. 
INTERVENÇÃO MÉDICO-LEGAL 
 
O crime de infanticídio exige para a sua caracterização: 
a) Prova da condição de recém nascido; 
b) Prova de vida extra-uterina; 
c) Diagnóstico da causa morte; 
d) Exame de puérpera. 
IDADE DO FETO 
 
O infanticídio, via de regra, se pratica num recém-nascido a 
termo. Antes de proceder à necropsia de um feto o médico-
legista precisa adquirir os sinais do feto a termo. 
http://www.faculdademedicina.ufpa.br/doc/Terminologia%20e%20Classificacao%20do%20Rece
m%20nascido.pdf 
Puerpério: “período que decorre desde o parto 
até que os órgãos genitais e o estado geral da 
mulher voltem às condições anteriores à 
gestação”. 
Para que se configure este crime, ao invés de 
homicídio, é imprescindível que a mãe esteja sob 
influência do estado puerperal, ou seja, que ocorra a 
alteração psíquica, que é a causa da violência contra o 
próprio filho. Desse modo, se a gestante, antes do 
parto, já demonstrava intenção de matar o filho, não 
há que se falar em infanticídio. 
O estado puerperal, que configura o delito excepcional, “não é estado 
‘normal’. É transtorno transitório, incompleto, caracterizado por 
defeituosa atenção, deficiente senso-percepção, escassa memória, tanto 
de fixação como de evocação e que confunde o objetivo com o subjetivo 
O estado puerperal existe sempre, mas nem sempre ocasiona 
perturbações emocionais na mulher que a possam levar à morte do 
próprio filho. O processo de parto, com suas dores, a perda de sangue e 
o enorme esforço muscular, pode determinar facilmente uma 
momentânea perturbação da consciência. É esse estado que torna a 
morte do próprio filho um homicídio privilegiado. É claro que essa 
perturbação pode ocorrer mais facilmente se trata de mulher nervosa 
ou angustiada, ou que dê a luz a filho ilegítimo. 
 (MARANHÃO, Odon Ramos. Curso de medicina legal. São Paulo: Malheiros, 1996, p. 203) 
E a questão tempo? É definida? 
Questão tormentosa se refere ao tempo compreendido na 
locução “logo após”. 
 
“Logo após” tem o sentido de imediatidade, quando não há 
intervalo entre o parto e o ato de matar. 
 
Para outros autores, contudo, como a lei não fixou prazo, deve o 
elemento normativo ser interpretado de acordo com a existência 
do estado puerperal, que, a rigor, é o mais relevante. O legislador 
optou por um elemento normativo, ao invés de fixar um prazo, 
exatamente para que se pudesse dar prevalência ao estado 
puerperal e não ao tempo, já que momento do surgimento do 
transtorno decorrente do puerpério pode variar. 
 
Como afirma Bitencourt, tanto o período como o estado puerperal 
são circunstâncias que devem ser avaliadas 
conjuntamente (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito 
Penal: parte especial. vol. 2. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 
145.) 
O infanticídio é crime de ação livre ─ tal qual o 
homicídio ─ que pode ser praticado por qualquer 
meio. 
Não há qualquer previsão de qualificadora ou 
aumento de pena em razão de meios mais cruéis. Isto 
decorre da lógica segundo a qual, se está sob estado 
puerperal, a mãe não tem o discernimento suficiente 
para ser responsabilizada pelo meio escolhido. 
Com efeito, muitos infanticídios são cometidos de 
forma bizarra, sem que isso revele maior crueldade, 
mas apenas o transtorno psicológico decorrente do 
puerpério. 
Fatores que podem aumentar as chances de infanticídio: 
Frequentemente, a autora de infanticídio sofre também com problemas 
sociais. 
O infanticídio pode ser classificado com um delito social, praticado na quase 
totalidade dos casos, por mães solteiras ou mulheres abandonadas pelos 
maridos e pelos amásios. Muitas vezes, sozinhas e sem amparo afetivo. 
Como exceção a estas regras, raríssimas vezes, têm sido acusadas desses 
crimes mulheres casadas e felizes, as quais, via de regra, dão à luz cercadas do 
amparo do esposo e do apoio moral dos familiares. 
É delito que não tem previsão da modalidade culposa, só 
dolosa (com intenção, vontade). 
“Inexistindo nos autos a prova de que a mãe quis ou assumiu o risco da 
morte do filho, não se configura o crime de infanticídio, em qualquer de 
suas formas, eis que inexiste para a espécie a forma culposa” 
Contudo, se a mãe estiver sob influência do estado puerperal e, sem 
intenção e sem aceitar a produção do resultado morte, causar a morte 
do recém-nascido por imprudência, terá praticado homicídio 
culposo (BITENCOURT, ob. cit. p. 146-147. NORONHA, E. 
Magalhães. Direito Penal: parte especial. Vol. 2. São Paulo: Saraiva, 
1977, p. 57. HUNGRIA, Nélson. Comentários ao Código Penal, vol V. Rio 
de Janeiro: Forense, 1979, p. 266). 
Vilipêndio a cadáver 
 
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas 
cinzas: 
 
 Pena - detenção, de um a três anos, e 
multa. 
O vilipêndio de cadáveres é 
considerado crime contra o respeito 
aos mortos 
Ato de tornar (alguém ou algo) vil, 
rebaixado, indigno; desvalorização, 
aviltamento. 
Falta de apreço, de consideração; 
desprezo, menoscabo, 
menosprezo. 
https://www.dailymail.co.uk/health/article-3741863/Motherhood-gave-psychosis-post-partum-
mental-illness-Katy-admitted-psychiatric-hospital-days-giving-birth.html 
https://www.dailymail.co.uk/health/article-3741863/Motherhood-gave-psychosis-post-partum-mental-illness-Katy-admitted-psychiatric-hospital-days-giving-birth.html
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Nove dias depois de ter sua filha, Katy foi internada em um 
hospital psiquiátrico com psicose pós-parto 
Ficou internada por 6 meses em um hospital psiquiátrico. Na 
foto, sua filha com 4 anos. 
Conto “Rosalie Prudent” - Guy de Maupassant (1850-1893) 
 
História de uma pobre criada que ficara grávida de uma relação 
proibida pelos padrões sociais da época e que esconde a 
gravidez de seus severos patrões. Pai era o marido de sua 
patroa.... 
Fica evidente que a morte das crianças decorreu do estado puerperal, já 
que o enxoval comprova que a intenção da mãe, apesar das dificuldades 
econômicas, era criar o filho. Ao saber que eram gêmeos, entrou em 
surto, causando a morte de ambos. 
Passou os meses fazendo o enxoval para a criança, durante a 
madrugada e aprendeu como fazer o parto com as parteiras. 
Dá luz a uma criança. Contudo, as contrações voltam e, sozinha, 
permanece com aquela “dor de morrer”, durante grande tempo, até 
que nasce a segunda criança. 
Sentindo-se incapaz de criar as duas crianças, pôs o travesseiro em cima dos dois, 
deitou em cima e ficou rolando até o amanhecer. Depois, enterrou os corpos no 
jardim da casa.

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