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Formas de violência contra as crianças e os adolescentes 
Violência física 
A violência física, no inciso I do artigo 4º, é descrita como: 
“A ação infligida à criança ou ao adolescente que ofenda 
sua integridade ou saúde corporal ou que lhe cause 
sofrimento físico”. 
Ela é classificada por Madalena e Falcke (2020) como uma 
forma de maus-tratos de caráter ativo devido à postura 
adotada pelo agressor ao realizá-la. Ao pensar nessa forma 
de violência, entende-se que ela é a mais facilmente 
evidenciada por deixar marcas físicas no corpo. 
Apesar disso, percebe-se que, no Brasil, há uma 
naturalização dos maus-tratos, que são reproduzidos pela 
cultura e transmitidos em família. Isso ocorre porque a 
violência é um fenômeno transgeracional, ou seja, ela se 
torna um padrão de comportamento transmitido entre as 
gerações, o que facilita a sua reprodução e a manutenção 
desse ciclo. 
Em pesquisa realizada por Guimarães e Villela (2011), os 
autores analisam dados coletados em entrevistas com 
crianças e adolescentes vítimas de violência e 
encaminhados ao IML de Maceió para exame de corpo de 
delito no período de agosto de 2008 a fevereiro de 2009. 
A partir da análise desse material, os autores destacam 
alguns índices importantes apontados pela amostra: 
Em casos de violência física contra crianças 
A violência ocorreu dentro do ambiente familiar, sendo os 
agressores pessoas da família ou que têm amplo acesso ao 
ambiente doméstico. 
Em casos de violência física contra adolescentes 
A violência ocorreu em vias e espaços públicos. Observou-
se um índice maior de agressores externos do que no 
ambiente familiar. 
Ressaltamos a prática de violência intrafamiliar como a 
propagação de atos de violência entre os membros da 
família. Trata-se, portanto, de prática extremamente 
prejudicial às vítimas, considerando que a família é 
compreendida como um dos sistemas sociais mais 
fundamentais para a promoção do senso de segurança e 
pertencimento de seus membros. Assim, a falta do 
sentimento de segurança, seja ela física ou emocional, 
dentro do grupo familiar pode ser extremamente 
desestruturante para o indivíduo, principalmente para as 
crianças e adolescentes em desenvolvimento. 
Outro estudo realizado por Martins e Jorge (2009), com o 
objetivo de construir o perfil epidemiológico da violência 
contra menores, foi realizado a partir do estudo de casos 
com sujeitos com idade inferior a 15 anos residentes em 
Londrina, Paraná, a partir das notificações efetuadas em 
2002 e 2006 nos conselhos tutelares. 
A violência física foi a mais predominante nos casos 
explorados, com 52,9% de notificações em 2002 e 48,2% em 
2006. Além disso, os dados apontam para a sua ocorrência 
por um período de 1 a 2 anos antes da notificação, sendo o 
lugar de agressão predominantemente na casa das 
vítimas. Isso corrobora os dados apontados pelo estudo 
anteriormente discutido. 
Sobre esse contexto, as pesquisadoras apontam que: 
Grande parte dos casos apresentou lesão corporal, 
afetando mais múltiplas regiões, e houve registros de 
efeito de privação, nos quais as vítimas apresentaram 
desnutrição severa. Quase que a totalidade das vítimas 
apresentou sequelas, sendo a sequela física a mais 
comum. 
Violência psicológica 
São três as espécies de violência psicológica: o bullying, 
a alienação parental e a exposição de crianças e 
adolescentes a crimes violentos contra membros de sua 
família. Vamos ver agora mais detalhadamente cada uma 
delas. 
Bullying 
A primeira espécie de violência psicológica é 
o bullying (previsto no art. 4º, inciso II, alínea “a”). 
Compreende-se que ele é uma forma de abuso emocional, 
podendo se dar por meio da agressão verbal, isto é, dos 
ataques à autoestima e da promoção da humilhação por 
meio da comunicação, ou pela manipulação emocional, em 
que o agressor acomete a criança a realizar ações ou a 
expõe a situações contra sua vontade com o objetivo de 
promover sentimentos negativos, como vergonha e medo 
(MADALENA; FALCKE, 2020). 
Em estudo realizado por Malta (2019), a autora faz um 
panorama em relação aos dados coletados pela Pesquisa 
Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) nos anos de 2009 e 
2012. Os dados coletados apontam que o índice 
de bullying aumentou 25% nesse período em alunos do 9º 
ano do ensino fundamental de escolas brasileiras. 
A terceira aplicação da PeNSE em 2015 identificou a 
associação entre as vítimas de bullying e sentimentos, 
como, por exemplo, “solidão, ansiedade, insônia, tristeza, 
além de depressão, estresse pós-traumático e 
pensamentos suicidas” (MALTA, 2019, p. 1366). Desse 
modo, compreende-se o bullying como um fenômeno 
relacional violento que tem se tornado cada vez mais 
frequente no contexto escolar. 
Alienação parental 
A segunda espécie de violência psicológica prevista na Lei 
nº 13.431/2017 é a alienação parental (artigo 4º, inciso II, 
alínea “b”). O legislador repetiu aqui o conceito do ato de 
alienação parental ora previsto na Lei nº 12.318/2010, 
conhecida como Lei da Alienação Parental: 
"Considera-se ato de alienação parental a interferência na 
formação psicológica da criança ou do adolescente, 
promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós 
ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou 
vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que cause 
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo 
com este”. 
Dessa forma, em uma família na qual existe uma dinâmica 
de alienação parental, observa-se a presença de 
comportamentos praticados por um familiar que detém 
poder de autoridade ou influência sobre a criança e tem 
como objetivo afastar ou comprometer a relação da 
criança com um membro da família, seja o outro genitor 
ou família extensa. Sua finalidade é, em suma, gerar 
dificuldades na criação ou na manutenção do vínculo de 
afeto entre a criança e outras figuras da família, em muitos 
casos promovendo uma fissura do vínculo parento-filial. 
O ato de alienação parental tem natureza jurídica de 
coação moral contra a criança e o adolescente e de 
violência psicológica contra ambos nos termos respectivos 
do art. 3º da Lei nº 12.318/2010 e do art. 4º, inciso II, alínea 
“b”, da Lei nº 13.431/2017. Daí justifica-se a necessidade da 
intervenção do Estado-Juiz para coibir os atos de alienação 
de modo a proteger o desenvolvimento psicológico da 
criança em respeito ao direito constitucional de convívio 
familiar e comunitário. 
A Lei nº 12.318/2010 trouxe, no art. 6º, um rol 
exemplificativo de medidas protetivas que o Juízo deve 
aplicar aos pais que utilizam o filho como objeto de 
vingança a fim de dar limites às parentalidades abusivas. 
Exposição de crianças e adolescentes a crimes violentos 
contra membros de sua família 
A terceira e última forma de violência psicológica descrita 
na Lei nº 13.431/2017 é a exposição de crianças e 
adolescentes a crimes violentos contra membros de sua 
família. Trata-se de casos em que a criança ou o 
adolescente é vítima indireta de crimes praticados no 
âmbito familiar. 
Nesses casos, a lei orienta que a criança deve ser ouvida 
em sede de depoimento especial, projeto estratégico do 
Conselho Nacional de Justiça desde a Recomendação 
33/2010, que se fundamenta na necessidade de uma escuta 
acolhedora e diferenciada daquela oferecida ao adulto. 
Em sala reservada, conectada à sala de audiências por 
vídeo e áudio, o técnico capacitado (dispensa-se a 
qualificação profissional: a exigência é apenas ele que seja 
capacitado) conversa com a criança ou o adolescente 
vítima nas hipóteses de crime ou violência reguladas pela 
Lei nº 12.341/2017. 
Além do mais, o procedimento viabiliza o contraditório em 
tempo real: as perguntas são encaminhadas pelo juiz por 
ponto eletrônico utilizado pelo técnico capacitado, sendo 
que esse juiz já está na sala de audiências com os demais 
operadores. Idealmente, isso ocorrerá somenteapós a 
entrevista do técnico com a criança. 
Violência sexual 
A violência sexual é descrita pela Lei nº 13.431/2017 como: 
“Qualquer conduta que constranja a criança ou o 
adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou 
qualquer outro ato libidinoso”. 
Ela é dividida em três subgrupos: abuso sexual, 
exploração sexual comercial e tráfico de pessoas. 
Segundo informações divulgadas pelo Ministério da 
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (2020), dos 159 
mil registros feitos pelo Disque Direitos Humanos ao longo 
de 2019, 86,8 mil foram de violações de direitos de crianças 
ou adolescentes, um aumento de quase 14% em relação a 
2018. Dessas denúncias, 11% referiam-se à violência sexual 
contra crianças, correspondendo a cerca de 17 mil 
ocorrências. 
Nos casos de violência intrafamiliar, entende-se que houve 
a instalação de um funcionamento confuso e perverso da 
família, em que não há delimitações claras das funções 
familiares e limites em relação ao incesto. Além do 
sofrimento pelo ato libidinoso em si, existe também um 
sofrimento das vítimas relacionado à sensação de 
abandono. 
A negligência dos responsáveis legais estaria relacionada, 
portanto, a uma falha das funções parentais em suprir as 
necessidades das crianças, sejam elas emocionais ou 
físicas. Trata-se de uma forma de violência pautada na falta 
de apoio e reconhecimento dos cuidadores. As duas faltas, 
por sua vez, estão relacionadas a uma omissão que reforça 
o sentimento de desamparo, apontam Madalena e Falcke 
(2020). 
Violência institucional 
Descrita no item IV da Lei nº 13.431/2017, a violência 
institucional é entendida como: 
“Aquela praticada por instituição pública ou conveniada, 
inclusive quando gerar revitimização”. 
Qualquer agente da rede pública ou privada de 
atendimento a crianças e adolescentes pode ser o autor do 
ato de violência. Além disso, suas hipóteses sempre serão 
casuísticas. 
Por exemplo, quando uma criança comparece ao IML a fim 
de fazer o exame físico e aguarda horas para ser 
examinada, estando em um lugar onde são feitas 
necropsias ou exames de pessoas que sofrem acidentes, 
ela muitas vezes é examinada por médicos que nunca 
fizeram um exame físico em criança, já que, para ser 
médico legista do Estado, não há exigência da 
especialidade em Pediatria. 
O tempo de um processo judicial também pode ser uma 
violência institucional contra a criança, porque ela passa a 
vida dentro do tribunal e perde um tempo precioso da 
vida: a infância. 
Outro debate em relação à violência institucional diz 
respeito à realização de testemunho de crime por criança 
e adolescente por meio da técnica de depoimento 
especial. Entende-se que o ato de testemunhar, mesmo no 
contexto de depoimento especial, pode levar à violência 
institucional contra a criança se: 
• A criança é vítima de alienação parental ou outra 
forma de coação moral e está testemunhando 
uma falsa ocorrência ou falso crime. Isso se dá 
porque a reprodução de falsa memória ou falso 
testemunho, nos casos em que a mentira é 
consciente pela criança ou pelo adolescente, é 
algo que produz grande sofrimento. A criança ou 
o jovem acredita que, caso ele ou ela não realize o 
depoimento, poderá perder o amor e a aprovação 
do genitor alienador. Com isso, os dois principais 
objetivos do depoimento especial, que são trazer 
a prova do fato e proteger a criança, são 
frustrados. 
• A técnica adotada e a falta de capacitação do 
operador também podem gerar 
sugestionabilidade, pois ela pode ser praticada 
pelo terceiro que faz parte do sistema de garantia 
de direitos da criança e do adolescente, e não 
apenas pelo adulto cuidador. No caso da 
alienação parental, a sugestionabilidade é 
praticada por um terceiro que detém a criança sob 
sua autoridade e faz parte da família, gerando o 
fruto de prova não fidedigna. No caso de a 
sugestionabilidade ser praticada pelo terceiro que 
faz parte do sistema de garantia de direitos da 
criança e do adolescente, o fruto será violência 
institucional. 
Compatibilizar o direito de a criança testemunhar uma 
vivência traumática no Tribunal e, ao mesmo tempo, fazer 
a prova do fato é a ratio do artigo 4º, II, “c”, da Lei do 
Depoimento Especial. Deve-se estar atento para que o 
Judiciário não pratique violência institucional no momento 
do depoimento da criança, de modo a não revitimizá-la. É 
fundamental acreditar e qualificar todos os envolvidos no 
depoimento especial para que haja o implemento e a 
efetivação da proteção. 
Violência contra o idoso 
Os direitos da pessoa idosa são apontados pelo Estatuto 
do Idoso (Lei nº 10.741, de outubro de 2003) e têm como 
objetivo: 
“Regular os direitos assegurados às pessoas com idade 
igual ou superior a 60 anos”. 
Segundo os artigos 2º e 3º, devem ser garantidos ao idoso 
seus direitos fundamentais, ressaltando sua condição de 
liberdade e dignidade perante a sociedade e a efetivação 
“do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à 
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à 
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar 
e comunitária”. 
Já o Artigo 4º aborda o tema de violência conta o idoso, 
classificando-a como “qualquer tipo de negligência, 
discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo 
atentado aos seus direitos, por ação ou omissão”. De 
forma semelhante - e tendo em vista a definição de maus 
tratos contra o idoso pelo Ministério da Saúde -, Sanches, 
Lebrão e Duarte (2008) apontam algumas das principais 
formas de violência contra o idoso: abuso físico, abuso 
sexual, abuso emocional ou psicológico, exploração 
financeira ou material, abandono, negligência e 
autonegligência. 
Destacam-se no presente artigo os aspectos da violência 
emocional e psicológica praticados contra essa 
população. Tais violências são vivenciadas principalmente 
nas relações familiares. Entre elas, encontra-se presente o 
fenômeno previamente abordado na esfera de violência 
psicológica contra criança e adolescente, mas que também 
tem se evidenciado nas relações com idosos: a alienação 
parental. 
Caracterizada como alienação parental inversa por 
Calmon (2020), essa forma de alienação ocorre em 
situações em que um dos filhos aliena pai ou mãe idosa em 
detrimento do resto da família com o objetivo de “obter o 
controle exclusivo sobre o patrimônio do ascendente” 
(CALMON, 2020, p. 90). O termo “inversa” representa a 
vítima idosa em vez da criança. 
A autora ainda acrescenta que nem sempre os filhos são 
os agressores dessa forma de violência, mas que ela pode 
ser praticada por qualquer pessoa que exerça autoridade 
ou influência em face do idoso, ocorrendo de forma similar 
aos casos de alienação parental contra crianças e 
adolescentes. 
Calmon (2020) destaca ainda que as similaridades entre os 
fenômenos se dão devido ao caráter vulnerável presente 
nas duas populações (idosos e crianças). Contudo, nos 
casos de alienação parental inversa, a autora pontua que, 
além do objetivo de afastamento da pessoa idosa dos 
familiares, caracterizando a violência psicológica e 
emocional, também é costume encontrar uma violência 
de caráter de exploração financeira ou material: 
O idoso é, de certo modo, vítima em duplo aspecto, tanto 
nos atos de alienação quanto nos atos que se derivam 
desse ato inicial, como, por exemplo, na manipulação da 
sua vontade para a realização de negócios jurídicos 
gratuitos em benefício do alienante. Portanto, se em um 
primeiro momento haveria uma violência 
emocional/psicológica, em um segundo ocorreria uma 
violência patrimonial, derivada do ato inicial. Fala-se, 
então, que o idoso é vítima de alienação parental em 
primeiro e segundo graus. A alienação parental inversa em 
primeiro grau consistiria nos atos de alienação 
propriamente ditos. Já a alienação parental em segundo 
grau versaria sobre os atos decorrentes dessaalienação 
inicialmente praticada e apenas perpetrada como 
derivação do ato de primeiro grau. 
Essa alienação parental em “dois tempos” traz à luz 
características importantes relacionadas à vulnerabilidade 
do idoso, que não deve ser retratado como incapaz ou de 
forma infantilizada, e sim como parte da população que 
deve ter os seus direitos resguardados. O Estatuto do 
Idoso prevê um rol de medidas protetivas (previstas no art. 
45), que deverão ser aplicadas pelo Estado-Juiz sempre 
que houver violação dos direitos da pessoa idosa. 
Violência contra a mulher 
No cenário brasileiro atual, entende-se a violência contra a 
mulher como um dos fatores sociais mais preocupantes, 
tendo em vista o número de casos apontados nos últimos 
anos. A OMS (2021) alerta para um alto índice de casos de 
violência: uma em cada três mulheres sofre violência, ou 
seja, 736 milhões de mulheres são submetidas à violência 
física ou sexual. Do total, cerca de 641 milhões são vítimas 
de violência por seus parceiros, sendo somente 6% dos 
casos em que ela é realizada por outros agressores. 
Companheiros, ex-companheiros ou parentes são os 
principais agressores das mulheres que sofreram violência 
física (52,4%), psicológica (32,0%) e sexual (53,3%), sendo o 
domicílio o principal local da agressão. Segundo dados 
apresentados pelo IBGE, 95% dessas mulheres também 
foram vítimas de violência psicológica paralelamente a 
outro tipo de violência. 
Tendo em vista a predominância da violência psicológica, a 
Lei nº 14.188, de julho de 2021, teve como objetivo regular 
o programa de cooperação Sinal Vermelho contra a 
Violência Doméstica como uma das medidas de 
enfrentamento da violência. Essa lei também visa a 
classificar o crime de violência psicológica contra a mulher, 
descrito no art. 147-B como: 
“Causar dano emocional à mulher que a prejudique e 
perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a 
degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, 
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, 
ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer 
outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e 
autodeterminação”. 
A pena instituída pela lei é de seis meses a dois anos de 
reclusão. Ainda está prevista a multa caso a conduta não 
constitua crime mais grave. 
Reconhecida como um grande avanço e fruto de uma 
árdua luta das mulheres, a penalização da violência 
psicológica representa uma conquista e um avanço em 
relação à proteção dessa população. Isso foi possível a 
partir do reconhecimento de determinados 
comportamentos que passavam impunes pelo sistema de 
Justiça e pela sociedade. 
Como apontam De Souza e Cassab (2010): 
Muitas pessoas nem sequer conhecem as expressões da 
violência psicológica. Tal condição é resultado da ideologia 
romântica que possuem sobre família, ou seja, a família 
deve viver em harmonia, e os que não se enquadram a esse 
padrão são considerados “desestruturados”. Na 
efetivação da harmonia familiar, muitas vezes, há um 
processo de naturalização da ofensa verbal, ou seja, para 
muitos homens, “é normal” ofender verbalmente a 
mulher, tratando-a como propriedade, concebendo, por 
meio de uma perspectiva confessional, que foi para isso 
que ele foi criado, para ser o mantenedor da família e, 
consequentemente, o “dono” da mesma. Felizmente, essa 
concepção, posta na relação afetiva entre homem e 
mulher, está se alterando, apesar do lento ritmo em que 
isso procede, mas a perspectiva de mudança, por si 
mesma, já é um avanço considerável. 
Desse modo, a penalização possibilitou trazer à luz 
comportamentos já naturalizados pela sociedade a partir 
de um longo histórico de machismo e patriarcado 
enraizados nos valores sociais. Todavia, sabe-se que 
realizar a prova de violência psicológica pode ser um 
desafio, tendo em vista a falta de marcas e rastros 
observáveis nas vítimas. 
Sendo assim, o laudo de avaliação psicológica vem se 
tornando uma ferramenta fundamental para as mulheres 
vítimas dessa forma de violência. Esse laudo, afinal, serve 
como prova técnica da existência de abusos e marcas 
psíquicas e emocionais causadas pelos agressores. 
Escuta e avaliação psicológica no Judiciário 
Formas de escuta pelo Poder Judiciário 
A partir do que discutimos, já podemos determinar que 
a avaliação psicológica na Justiça é uma das formas de 
garantir a prova técnica contra diferentes formas de 
violência. O rito da perícia psicológica está previsto no art. 
464 e nos artigos seguintes do Código de Processo Civil de 
2015; no art. 159 do Código de Processo Penal; e no art. 151 
do Estatuto da Criança e do Adolescente. O nome dado à 
equipe que auxilia o Juízo da Infância é “equipe 
interprofissional”. 
De acordo com o art. 1º da Resolução nº 09/2018, do 
Conselho Federal de Psicologia: “A avaliação psicológica é 
definida como um processo estruturado de investigação 
de fenômenos psicológicos, composto de métodos, 
técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover 
informações à tomada de decisão, no âmbito individual, 
grupal ou institucional, com base em demandas, condições 
e finalidades específicas”. 
Nos casos de violência contra criança e adolescente, o 
Poder Judiciário dispõe atualmente de quatro modos de 
promover essa escuta: 
• Em sala de audiência presidida pelo juiz, com 
perguntas encaminhadas pelas partes e feitas por 
ele, estando presentes todos os operadores 
(prevalece em todo o país). 
• Em sala de audiências presidida pelo juiz com o 
auxílio de um especialista especificamente nas 
hipóteses de alienação parental ou abuso sexual 
(art. 699, CPC). 
• Em sala adequada, estando presentes a criança e 
o técnico facilitador habilitado em técnica de 
depoimento (regulada pela Lei nº 13.431/17, artigo 
8) denominada depoimento especial. 
• Por intermédio do psicólogo, na sala do psicólogo 
do juízo, em avaliação psicológica, procedimento 
que abrange a escuta da criança e dos membros 
da família, sendo elaborado laudo ao final das 
entrevistas. Aqui vigora o princípio da autonomia 
técnica do psicólogo: ele escolhe o método de 
perícia e elabora laudo de acordo com as regras 
da profissão, sendo obrigado a constar no laudo 
quais instrumentos foram utilizados e a razão 
para tal (Resolução 06, de março de 2019, do 
Conselho Federal de Psicologia e outras). 
Nas ações de guarda, busca-se entender a criança como 
um sujeito-cidadão que está em meio ao conflito dos 
adultos, podendo tal ação se dar entre os pais ou entre 
outros membros da família biológica ou socioafetiva. O 
psicólogo precisa realizar uma escuta atenta e acolhedora 
na qual é dada à criança a oportunidade de testemunhar 
suas vivências e percepções. 
Isso é fundamental quando se trabalha com criança: que 
ela possa testemunhar os fatos ao seu modo. 
Testemunhar é permitir que ela relate aquilo que viu e 
sentiu sem ser julgada ou sem que o examinador espere 
dela uma posição acerca do litígio. 
A criança necessita de quem a escute com empatia e amor 
em um momento em que os pais estão em conflito e que a 
lógica adversarial do processo impõe uma ótica aos 
membros da família, limitando percepções e gerando, nos 
adultos e nas crianças, sentimentos de antagonismo e 
confusão mental. 
O conflito de lealdade também é um sintoma comum em 
crianças cujos pais estão em conflito, porque ela se une a 
um deles ou aos dois em momentos distintos para se 
proteger da ameaça do desamor. Tal ameaça pode ser 
explícita ou imaginária. Cabe ao psicólogo que atender a 
criança buscar identificar se existe a crença de que ela é 
abandonada ou não amada, sob pena de que as 
declarações feitas sejam equivocadamente tidas como 
prova dos fatos. 
Segundo Féres-Carneiro (1998), em casos de divórcio, 
também pode haver conflitos de lealdade 
intergeracionais, além de outras questões 
intergeracionais,como a cultura de padrões abusivos, 
sendo que, na escuta dos demais membros da família, o 
psicólogo que realiza a avaliação deverá colher o histórico 
e o modus operandi daquela dinâmica familiar que está 
sendo escutada. 
Destaca-se que, além das formas de escuta pelos tribunais, 
as crianças e os adolescentes dispõem da escuta feita pela 
rede de atendimento que faz parte do sistema de garantia 
de direitos, escutas realizadas por profissionais diversos, 
de modos diversos e com finalidades diversas em fases pré 
e/ou pós-processuais. Trata-se, afinal, de uma escuta 
voltada para a garantia de direitos humanos e para o 
desenvolvimento humano, não ficando concentrada 
apenas na produção de prova judicial. 
Formas de realizar a avaliação psicológica nos casos de 
disputa de guarda 
O método utilizado pelo psicólogo que realiza a avaliação 
é de livre escolha do profissional, tendo em vista o 
princípio da autonomia técnica que rege o Código de Ética 
Profissional (Resolução CFP nº 008/2010 do Conselho 
Federal de Psicologia). No entanto, ele está obrigado a 
informar no laudo quais procedimentos realizou para 
chegar à conclusão proposta nesse documento. 
Por isso, normalmente são realizados os seguintes 
procedimentos: 
Entrevista individuais com os pais 
Em momentos distintos e em conjunto se o grau de 
litigiosidade entre eles permitir que seja possível uma 
reunião na sala com o profissional. 
Entrevistas individuais com a criança e o adolescente 
Idealmente, elas são feitas com método aberto a fim de 
não induzir as declarações. Método aberto é aquele em 
que se aborda a questão com a criança de forma lúdica, 
sendo pedido a ela que conte como são sua vida e sua 
rotina. Comandos como “Me fale sobre você”, “Quero te 
conhecer” e “Me fale mais sobre isso” são exemplos de 
como fazer a abordagem nesse modo. 
Entrevistas das crianças na presença de ambos os pais 
Idealmente, elas ocorrem na presença dos pais, porém em 
momentos distintos. Exemplo: criança com pai, criança 
com mãe. A fim de evitar que ela compareça em mais de 
uma data ao tribunal, pode-se marcar a entrevista com 
ambos os pais na mesma data, solicitando que o adulto 
com quem a criança estiver no dia leve-a ao tribunal, e ela 
será primeiramente observada com esse adulto. Em 
seguida, solicita-se que ele saia da sala e que o outro adulto 
entre para que a observação tenha início. Nos casos de 
medidas protetivas de afastamento entre os cônjuges, por 
ocasião da ida ao tribunal, a eficácia fica suspensa durante 
a entrevista e o trajeto até o tribunal, pois se trata de um 
procedimento judicial com o intuito de formar a convicção 
do juízo de família. 
Observação livre da criança sozinha e na presença dos pais 
Consiste na observação livre da criança sozinha e na 
presença dos pais (o mesmo que foi dito para a entrevista 
tanto na presença deles quanto ao dia em que ela é 
observada). A diferença é a observação da entrevista, 
porque não há perguntas nem comandos feitos pelo 
psicólogo. Faz-se inicialmente uma ambientação da 
criança com os objetos lúdicos contidos na sala onde ela é 
atendida a fim de que relaxe e estabeleça um mínimo de 
vínculo com o psicólogo. Em seguida, pede-se ao adulto 
que entre para “brincar” com a criança. O psicólogo 
observa como é a interação, se há gestos de carinho ou 
repulsa, como a criança nomeia o adulto, como se dá a 
despedida, o que é conversado entre eles. Trata-se de um 
momento muito rico de experiências e informações para o 
avaliador. 
Testes psicológicos 
Tais testes não são muito utilizados, tendo em vista o 
volume de demanda atual em todos os tribunais do país e 
a finalidade da avaliação. Não se trata de psicodiagnóstico 
diferencial, que é individualizado, e sim de perícia feita em 
Vara de Família para indicar a dinâmica entre os membros 
da família. Em caso de utilização, o avaliador deve tomar o 
cuidado de averiguar se o teste utilizado foi aprovado para 
uso pelo Conselho Federal de Psicologia em relatório anual 
emitido pelo CFP em consonância com o SATEPSI (Sistema 
de Testes Psicológicos). 
Análise de materiais 
Procedimentos como a análise de documentos, relatórios 
escolares e psicológicos; contatos com os profissionais 
que atendem a família (médico, psicólogo, fonoaudiólogo) 
e fotos são válidos em avaliações psicológicas realizadas 
em ações judiciais, tendo em vista que a amplitude de 
atuação do expert foi dada pela lei federal que 
regulamentou a prova pericial, sendo a avaliação 
psicológica um tipo de prova pericial (que é gênero) que 
tem como espécies o exame, a vistoria e a avaliação. 
Prova judicial e escuta psicológica 
A escuta psicológica é um instrumento técnico utilizado 
pelo psicólogo para análise de situações vivenciadas pelo 
psiquismo de cada sujeito. Não necessariamente a 
realidade subjetiva está atrelada à realidade dos fatos. A 
prova judicial se atém aos fatos; portanto, entende-se que 
a escuta é mais ampla, pois abrange os fatos “reais” e os 
psíquicos, assim como o modo como cada sujeito 
experiencia e percebe a realidade. 
Por isso, ressalta-se a importância da existência, nos 
quadros dos Tribunais de Justiça, de profissionais aptos a 
contribuir com o juízo na sua expertise de análise de 
relatos e depoimentos de sujeitos envolvidos em 
processos judiciais. Destaca-se igualmente a importância 
de contextualizar os depoimentos a fim de evitar 
equívocos e distorções míopes pelo sistema de garantia de 
direitos. 
Então, seja na esfera cível, seja na penal, a verdade judicial 
é aquela produzida no bojo de um processo e legitimada 
por um terceiro (o juiz). Provavelmente, ela é uma das 
faces da verdade, entendida aqui como a verdade de cada 
parte envolvida em processo, já que nem tudo que 
acontece no mundo psíquico de cada sujeito vem ao 
mundo dos autos. Principalmente quando a prova carrega 
em si um universo de subjetividade, de experiências 
vivenciadas pelo sujeito e que dizem respeito ao seu modo 
de perceber a realidade. 
Uma coisa é o fato em si; outra coisa, como o fato foi vivido 
pelo sujeito. Esse é o objeto de estudo da Psicologia: o 
dizer. O dito é do campo do Direito. O dizer, ou seja, aquilo 
que foi dito sobre o dito, constitui o dizer. 
Então, hoje em dia, os tribunais do país e do mundo se 
estruturaram para colher a verdade judicial relativa a 
processos envolvendo crianças e adolescentes de modo a 
preservar o sujeito e a prova a ser trazida ao mundo dos 
autos. Grande é o compromisso do psicólogo do Juízo ou 
do assistente técnico contratado da parte, já que, além da 
elucidação da prova da verdade judicial, o profissional 
deve ter o compromisso ético de estar a serviço da 
dignidade da criança ou adolescente, zelando para a não 
violação de direitos humanos. 
Além da discussão sobre a legitimidade e a utilidade de 
cada maneira de ouvir crianças e adolescentes, entende-se 
que o mais importante é que, independentemente do 
instrumento utilizado e de quem ficará responsável por 
ouvir a criança ou o adolescente, o profissional esteja 
ciente do contexto da notícia dos fatos e das variáveis que 
interferem na fidedignidade do relato infantil a ser 
valorado como prova judicial. 
A criança e o adolescente são os grandes protagonistas 
nas ações que envolvem a discussão de convivência em 
que o afeto é um vetor das relações e das decisões. Daí a 
importância de ela ser respeitada em sua condição de 
criança, sem ter compromisso com a verdade judicial. 
A criança tem direito a ser escutada, e a escuta inclui o 
silêncio e a não palavra, assim como o direito de não ter de 
fazer prova judicial. Então, no laudo, o psicólogo vai indicar 
ao juiz que ela precisa ser criança e não ser levada tão a 
sério. 
O valor da não palavra tem de passar a ser visto com o 
mesmo valor da palavra. Somente assim a família poderá 
voltar a funcionar saudavelmente: o Estado-Juiz decidindoquando há conflito e a criança sendo recolocada no lugar 
de criança, em respeito à sua infância e ao seu direito de 
não ter compromisso com a verdade do processo. 
Fidedignidade do depoimento infantil 
A dificuldade da escuta está em avaliar a fidedignidade e 
em colocar em palavras escritas dentro de um documento 
do processo (o laudo) a subjetividade da criança, 
principalmente nos casos em que ela foi muito afetada 
pelo conflito dos pais. 
O profissional que a escuta tem de discernir se o fato 
vivenciado pela criança prejudicou sua capacidade de 
declarar sua vontade livremente a fim de indicar se a fala 
dela serve como prova judicial válida. Se a fala aparece 
viciada na vontade, isso significa que ela está eivada de 
vício de manifestações; por isso, deve ser relativizada e 
sopesada com outros meios de prova, sob pena de 
decisões judiciais equivocadas acaso elas sejam 
fundamentadas na literalidade do discurso infantil. 
Preocupam-se os pesquisadores com as diversas variáveis 
que colocam em xeque a fidedignidade do testemunho - 
entre elas, as falsas memórias e a alienação parental. 
Vejamos as características de ambas: 
Falsas memórias 
Segundo a professora Lilian Stein (2010): 
Falsas memórias são recordações de fatos que não 
existiram na realidade ou que até existiram nela, mas não 
do modo como o sujeito se recorda. 
A complexidade das falsas memórias, que são fruto de um 
funcionamento normal do organismo, podendo ser 
espontaneamente originadas, clama por uma escuta 
técnica, o que requer do sistema de valoração da prova 
judicial o cuidado e a cautela necessárias. Sabe-se que uma 
memória boa é falha e que, ao contrário do que leigamente 
se pensa, o relato não linear, incapaz de descrever um fato 
com toda a riqueza de detalhes, tem mais chance de ser 
fidedigno do que um permeado por detalhes e 
aparentemente com mais elementos mnemônicos. 
Em meio a esses mecanismos cognitivos e emocionais 
envolvendo a memória humana, as sugestões e as 
autossugestões, o testemunho infantil é valorizado dentro 
do sistema de justiça. Por isso, se propõe que, além de ser 
valorizado, ele precisa ser valorado. 
Alienação parental 
As hipóteses de alienação parental são igualmente 
variáveis a serem consideradas nas quais a criança ou o 
adolescente é vítima de pressões psicológicas geradas por: 
Pressões externas 
Interferência dos pais. 
Pressões internas 
Crenças e fantasias. 
Em tais casos, deve-se ter muita cautela na apreciação do 
discurso da criança, porque geralmente a declaração literal 
está eivada do vício da coação emocional. A criança pode 
chegar a mentir e a inventar por se sentir gravemente 
ameaçada de perder a própria vida ou a de alguém 
umbilicalmente ligado a ela por um vínculo emocional 
patológico - a chamada simbiose emocional, em que 
criança e adulto sentem como se fossem uma só pessoa, 
passando ela a ficar a serviço do desejo dele. 
Há muito tempo, a experiência com crianças revela que o 
mito de que criança não mente está ultrapassado, em que 
pese a resistência dos adultos em crer no que acabamos 
de afirmar. Os pais que alienam seus filhos também se 
utilizam desse argumento, insistindo que seus filhos não 
são capazes de mentir e se indignando com os técnicos 
que avaliam a criança e informam o fato: a senhora está 
dizendo que meu filho é um mentiroso? 
Crianças mentem, inventam, fantasiam e criam estórias 
para se defenderem de pressões psicológicas e/ou porque 
estão doentes psicologicamente. 
A doutrina especializada indica que, quando se trata de 
avaliar uma criança, não convém levá-la tão a sério. Isso 
significa que não se deve tomar como realidade, em um 
primeiro momento, as suas declarações literais. 
O avaliador tem de ter o cuidado de buscar o contexto em 
que a declaração é emitida. E isso só é possível se o 
profissional que avalia a criança tem a possibilidade de 
entender a dinâmica familiar dela, incluindo toda a família 
na avaliação. 
Não é crível que um profissional que avalie apenas a 
criança, sem incluir sua família, se valha do seu discurso 
literal para concluir pelo afastamento de quem quer que 
seja, pois, se assim fosse, o instrumento da interpretação 
seria inócuo.

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