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Introdução à Paleografia e Diplomática: Diplomática - Objeto, Objetivos e Método: Diplomática: Ciência que estuda Documentos Jurídicos; Objeto: Documentos jurídicos; Inicialmente, na sua fundação com Dom Jean Mabillon, vai se interessar por documentos do Séc. XII emitidos por chancelarias europeias, documentos papais e reis franceses; Mais tarde, no séc. XX, vai se interessar pela área judicial, e pelo conhecimento, análise e estudo do funcionamento das instituições legalmente capacitadas para emitir documentos; assim, o objeto de estudo da diplomática vai se alargando ao longo do tempo; · Documentos verdadeiros: Documentos feitos por pessoas que aparentam ser públicas – magistrados – e documentos selados com um selo autêntico – emitidos por chancelarias; Objetivos: Determinar se um documento é autêntico ou falso; Método: a Diplomática recorre a um método comparativo e analítico dos documentos. Através dos atributos materiais e imateriais a diplomática apura a autenticidade de um documento -Em primeiro lugar, as características externas – características materiais - do documento: o suporte, a tinta, os selos, as linhas e o material de branqueamento, bem como a data nele expressa; -Posteriormente analisa as características imateriais: linguagem – principal - a caligrafia do escrivão, o idioma em que foi escrito e o discurso diplomático; · Uma falsificação bem feita de um documento contém uma caligrafia e formulários correspondentes á data expressa no documento, o mesmo suporte, um selo da chancelaria correspondente, o nome do escrivão que o redigiu e de quem o mandou emitir; Suportes de Escrita: Suportes Flexíveis, por ordem cronológica: O Papiro: O papiro é um suporte de escrita vegetal feito a partir de uma planta com um cal grosso e sumarento no interior; o seu uso deriva do terceiro milénio a.C. até ao séc. XI; tem uma textura fibrosa e para a sua produção cortava-se o cal tenro da planta; para se fabricar um papiro cortava-se a cal em tirinhas, para depois as prensar de modo a ciar uma folha única; este processo precisava de uma certa rapidez na sua execução por causa do processo de oxidação; Abastecia todo o Mediterrâneo Ocidental; para escrever no papiro usava-se um pincel ou cal – mais rápido que o pincel; era armazenado em “capsa”; eram guardados em rolos que se podiam desenrolar manualmente ou com a ajuda de varetas presas á parte superior e inferior do papel; a construção destes rolos consistia na colagem das folhas umas ás outras, tendo a escrita na parte interior; Tabuinhas enceradas: Suporte de escrita que servia para tudo, mas principalmente para textos temporários por se degradarem facilmente; existem desde que existe escrita; o processo consistia em inscrever com um estilete, não molhado, sobre cera de abelha, pigmentada posteriormente com uma cor escura para que se conseguisse ler; para apagar uma certa escritura alisava-se a cera com o estilete; estas tabuas enceradas podiam vir em conjuntos de 2, 3 ou mais tabuas – dípticos, trípticos e polípticos; um conjunto interligado de tabuinhas chama-se de “códex”; O Pergaminho: surge quando os egípcios param a exportação de papiros; é um suporte de escrita feito de pele de mamíferos, principalmente ruminantes (cabras e ovelhas), por não terem grande quantidade de gordura junto á pele, o que era fundamental; após retirar a pele ao animal, lavava-se num banho de cal para retirar os pelos da epiderme e retirar a gordura; este suporte veio substituir o Papiro; é o suporte mais resistente e de melhor qualidade, podendo assim cozer-se e fabricar cadernos; podia também ser branqueado com pó de gesso, onde se faziam linhas de regramento para depois se escrever – é, no entanto, um processo demorado; O Papel: O papel foi desenvolvido na China, chegando á Europa através das Rotas das Sedas, entrando pela Península Ibérica; fabricado a partir de resíduos têxteis triturados com água, nesta época não era homogéneo; A partir do séc. XV a produção do papel torna-se mais comum e a sua qualidade aumenta, torna-se maleável e assim dura mais tempo; No séc. XVII o papel já era muito superior, bem como as técnicas de branqueamento, até em arquivos, e começa o abandono do pergaminho; perde o seu valor no séc. XIX com a industrialização da sua fabricação e a imensa procura – estando nos dias de hoje muito acessível; relativamente ao pergaminho a sua desvantagem é a resistência; para escrever usava-se o cálamo, a pena, pena metálica, tinta permanente e, hoje, a esferográfica; o seu uso do torna-se mais usual devido á imprensa, facilita-se a escrita com a diversidade dos meios de escrita e do primeiro papel para o mais recente difere a resistência e a homogeneidade; Génese do Ato Jurídico – Fases Textuais: Um Documento Emitido pela Chancelaria Régia, representa uma decisão, ou registo, tomada pelo Rei sobre uma determinada matéria ou, por vezes, uma decisão, que ás vezes foi discutida em conjunto com seu concelho (por exemplo as leis); Actio – Ação Jurídica feita exclusivamente por escrito; Primeira Fase que termina com a decisão régia, o Rei, responsável máximo; 1. Petitio: Requerimento, Petição ou Suplica pela execução do documento; 2. Intercessio – Intercessão: Interceção facultativa de terceiros, junto do Autor Jurídico, para facilitar o despacho favorável do requerimento; 3. Interventio – Intervenção: Intervenção de terceiros, obrigatória legalmente, para o caso de a decisão tomada interferir com outras pessoas. É um parecer vinculativo anterior á decisão final e, caso não se efetue, a decisão pode ser anulada. Após este passo, o autor jurídico pode proceder á tomada de decisão; 4. Iussio – Ordenar: Ponto de chegada da ação jurídica; onde o Rei nomeia alguém para a redação de um tal documento jurídico; Conscriptio – Documentação: Segunda Fase; Inicia-se pelo pedido do Rei para proceder á documentação dessa decisão tendo como responsável máximo o Autor Diplomático; 1. Grossa – Minuta: Primeira redação, não definitiva, do texto – uma espécie de “esboço”; Redigido pelo autor diplomático a mando do rei; Nesta fase aparece a decisão régia, as sansões, em caso de incumprimento, e a transcrição da petição; É redigida pelo Dictator ou Grossator; Por não ser um documento definitivo, não tem validação jurídica nem formulas de autenticação; 2. Mundum: Feita pelo Scriptor – Escrivão – é a passagem a limpo, de forma definitiva, da Minuta com a adição de todos os formulários de protocolo necessários; feita esta fase o documento sobe na hierarquia para, depois, ser revisto e aprovado; 3. Recognitio: Procedimento em que o autor diplomático, ou, mais tarde, o autor jurídico, assinam o documento; 4. Validatiu – Selagem: Colocação do selo que autenticava o documento, cunhado na Chancelaria, muitas vezes apenas sob ordem do Chanceler, sem a intervenção do próprio; 5. Expeditio: Expedição do documento, diretamente para a mão do destinatário (requerente) ou para alguém mandado pelo próprio, perante o pagamento; Só apos o pagamento, e todas as outras etapas, o documento se torna válido; Corregedor: altíssimo funcionário; era um magistrado administrativo e judicial que representava a Coroa em cada uma das Comarcas de que era responsável, durante o Antigo Regime. Tinha a função de fiscalizar a aplicação da Justiça e a administração dos diversos concelhos da sua respetiva Comarca; Discurso (ou Teor) Diplomático: O discurso de um documento jurídico reflete-se na sua estrutura; o esqueleto formal do documento é o discurso diplomático; Esta estrutura divide-se em três partes: I. Protocolo: acrescentado pelo escrivão, faz parte das fórmulas de publicação; Divide-se em quatro etapas: 1. Invocatio – Invocação: Pode ser verbal ou figurada (simbólica); por exemplo “em nome de Deus ámen” ou, no caso de ser uma invocação simbólica, um símbolo com letras gregas sobrepostas que significam Deus - Crismon; Esta invocação abre o documento; 2. Subscriptio + Intitulatio: O Nome e os Titulos do Rei; por exemplo – “Dom Dinis pela graça de Deus Rei de Portugale do Algarve”; 3. Inscriptio – Endereço: Pode ser universal, ou seja, sem um destinatário expressamente indicado, ou Individual, com um destinatário expressamente indicado; 4. Saudatio – Saudação: Não é obrigatória, mas, quando aparece, marca o fim do protocolo; é apenas uma palavra – saúde; II. Texto: onde estão presentes as partes que dizem respeito e ao ato jurídico; Divide-se em 5 etapas: 1. Arenga ou Preâmbulo: considerações preliminares de carácter moral ou ideológico que servem para contextualizar a decisão do rei; normalmente terminam com citações bíblicas; Nas cartas régias portuguesas raramente aparecem; Só aparecem nas cartas legislativas; 2. Notificação: Aparece em todos os documentos; por exemplo: “fazemos saber que”, “saberdes que”, etc – sempre com o verbo “saber” presente; 3. Narratio ou Expositio – Narrativa ou Exposição: Exposição dos motivos que conduziram a uma tal decisão por parte do autor jurídico – fundamentação jurídica; 4. Dispositio - Dispositivo: é a componente central do documento; aqui encontra-se a decisão do autor jurídico e os termos/clausulas dessa decisão; 5. Sanctio – Sansões: onde aparecem as penalizações para o caso da decisão tomada não ser cumprido; por exemplo: "Unde al nom façades", traduzido: “para que outra coisa não façais.”; A partir do século XIII torna-se uma formalidade, mas as escritas até ao século XII, constituem uma importante fonte histórica; III. Escatocolo: Formas de publicação finais; 1. Datatio – Lugar + Dia + Mês: por exemplo: "Dada em Lisboa, 23 dias de abril (...) era de mil trezentos e quarenta e três anos"; A partir do reinado de D. Afonso III, todos os documentos jurídicos têm o ano, mês e dia; 2. Iussio do Autor Jurídico (Rei) + Identificação do Autor Diplomático – Nome do Redator e Nome do Escrivão; 1. Datatio: Ano; Transmissão Diplomática – Traditio: O saber a etapa evolutiva a que chegou o documento, a sua autenticidade e se é uma minuta, um original ou uma cópia; Uma Minuta é um falso documento por não possuir as devidas formas de publicação, apesar de ter tudo o que necessita em termos de conteúdo; Uma Nota é o equivalente à minuta num documento notarial; primeiro texto relativo ao negócio jurídico, é um texto simples, sem as fórmulas de publicação. A nota é assinada pelas partes do negócio jurídico e, também pode ser assinada pelas testemunhas. Depois da nota ser assinada é feito o documento final. Mesmo a nota sendo assinada pelas parte e até testemunhas não é um documento válido. O documento só é valido se o tabelião assinar ou desenhar o seu símbolo o que só acontece no documento final. Um Original Único é o documento perfeito, com tudo o que precisa para o ser, quer em termos de conteúdo, quer em termos de forma; é o documento mais valioso em tribunal, até ao sec. XVI – se for um documento perfeito; já a partir do séc. XVI, é mais valorizado os registos das chancelarias; É o equivalente à minuta num documento notarial; O original pode ser múltiplo e não, exclusiva- mente, único. Podem ter sido emitidos vários documentos de um negócio jurídico – normalmente, acontecia quando o negócio jurídico envolvia várias partes. O facto de existirem múltiplos documentos, de um só negócio jurídico, pode levantar problemas. Documentos Interpolados: documentos onde houve uma intervenção entre o original e o que até nós chegou; normalmente é um original parcialmente falso, mas, por isso, deixa de ser autêntico, passando a falso; o mais sensível de ser falsificado é a data – o mais falsificado –, o valor pago e a eliminação de clausulas; As Cópias, tirando as autênticas, são falsos documentos por não terem meios validação; Existem diferentes tipos de cópias: Cópia Simples – transcreve apenas o texto, sem os elementos de validação, por norma para fins arquivísticos; Cópia Figurativa/Figurada – cópia com todos os elementos extratextuais – o tipo de papel, meios de autenticação imateriais, etc. –, ou seja, quase completa; cópias feitas para efeito de prestígio e ostentação; Cópias Parciais (2 tipos): Inserções – textos inteiros ou partes de um documento inseridos noutros documentos; Cópia Parafraseada – texto que é referido, não nas palavras de um original, mas citado por outras; Cópias Autênticas – transcrição, na íntegra ou em parte, de um documento emitido por outra entidade; documento emitido por uma entidade diferente da que emitiu o seu original; Podem ser concretizadas em casos em que tenham um mandato judicial; acontece em casos em que o documento está, por exemplo, velho demais ou a desfazer-se; os Translados são a forma mais comum de cópias autênticas; Vidimos: são copias autênticas, normalmente, de um mandato papal; Cronologia Diplomática – Eras: As Eras são um sistema de contagem dos anos; Eras Cíclicas Regulares: Anos contados através de ciclos; A Era Olímpica é a mais antiga da nossa zona geopolítica. Data de 776 a.C., os primeiros jogos olímpicos. Os anos nesta era eram contados por ciclos de 4 anos, uma vez que os jogos aconteciam de 4 em 4 anos - era uma era cíclica regular. O tempo contava-se da seguinte forma: 1ª olimpíada; 2ª olimpíada, etc; Era uma era cíclica regular – 4 em 4 anos; A Era da Indicção (Indictio) era um ciclo de 15 anos do tempo do Imperador Constantino; O tempo contava-se por 1ª indicção, 2ª indicção, etc; Este ciclo corresponde a um imposto, bastante grande, cobrado pelo estado romano de 15 em 15 anos; Aparece-nos ainda usada como sistema de contagem dos anos secundários na documentação Papal do séc. XII; Eras Cíclicas Irregulares: Em Portugal: contada a partir do início de um determinado reinado; não nos é dada uma data especifica, apenas um enquadramento no tempo e no espaço; Ciclos Papais: primeiro momento: há um anúncio de que o papa foi eleito; segundo momento: quando o papa é coroado; variava entre o ano da eleição ou da coroação; Data Critica: Intervalo cronológico critico em que, não se sabendo ao certo o ano exato, se indica o intervalo de anos possível do determinado documento; · São mais comuns que as Eras Cíclicas Regulares; Eras Lineares: Eras contadas a partir de um ponto de referência, até este modelo ser abandonado; Era Mítica da Fundação de Roma – 754-753 a.C, porque, em Roma, o ano iniciava-se a 1 de março; A.V.C – Ab Vrbe Condita, traduzido, Desde a Cidade Fundada; Era do Pós Consulado – Anos contados a partir do fim do consulado; 4 Décadas antes de Cristo; Era de Diocleciano – Inicio no séc. III d.C; Era dos Mártires, para as comunidades cristãs; Usada ate ao séc. VI d.C, mesmo depois do fim do Imperio Romano; Era de Hispânia – Usada em toda a Península Ibérica menos a Catalunha; Acaba em 1422 e está 38 anos á frente da Era de Cristo, usada atualmente; Era Muçulmana – Segunda era mais usada; Começa num ponto de referência histórica – a fuga de Maomé, de Meca para Medina; Primeira metade do séc. VII – 622 anos á frente da Era de Cristo; Eras de Cristo: Sistema Complexo com vários subsistemas, denominados de estilos: · Estilo da Encarnação/Enunciação: É o estilo mais antigo, aparece a partir do séc. IX, mas é generalizado a partir do séc. XII; O ano começa na data da encarnação de Cristo: 25 de Março, 9 meses antes do dia do nascimento do seu nascimento; Há duas interpretações diferentes deste estilo – dois modos: Pisa e Florença; No Modo Pisano, o ano começa a partir do dia 25 de março do ano anterior, ou seja, estando no ano de 1915 o ano de referência deste modo é 1914. Todos os documentos, no modo Pisano, datados entre 25 de março e 31 de dezembro estão um ano adiantados; Já no Modo Florentino, o ano começa a contar a partir de 25 de março do ano seguinte; Os documentos datados entre 1 de janeiro e 24 de março estão um ano atrasados; · Estilo da Circuncisão: O ano começa dia 1 de janeiro – é o estilo por nós utilizado; Em 1582 d.C, o Papa Gregório XIII emite regras de datação sendo uma a definição do dia 1 de janeiro como dia primeiro de um ano; · Estilo da Ressurreição: O ano começa no dia do domingo de Pascoa; Foi muito utilizado no reino de França; · Estilo da Natalidade:O ano começa dia 25 de dezembro; Em Portugal, ano de 1422, D. João I ordena que os documentos de chancelaria régia deixem de ser datados pela Era Hispânica, e passem a ser datados pela Era de Cristo; Nestes documentos, muitas vezes não era explicitamente indicado que Era estava a ser usada; Muitos Tabeliões não seguiram a ordem régia, permanecendo a datar os documentos sob a Era Hispânica; Cronologia Diplomática – Calendário: Sistema de contagem dos meses do anos, meses e dias; Calendário vêm de “Kalenda”, que significa o primeiro dia do mês; Calendário Juliano: Até ao tempo de Júlio César, o ano começava na Kalenda de março – sistema complicado de gerir por se tratar do ano lunar, onde o ano dura 354 ou 355 dias; Júlio Cesar decide mudar o calendário porque, no calendário lunar, os anos civis não coincidiam com as estações do ano; O Imperador Romano pede a um grupo de cientistas de Alexandria, principalmente Sosígenes, que arranje um calendário que coincida com as estações do ano, assim foi-lhe apresentado um calendário solar com 365 dias e 6 horas, onde se acrescenta um dia a mais de quatro em quatro anos; Assim, o ano que começava dia 1 de março, passa, agora a começar dia 1 de janeiro; O dia suplementar era acrescentado ao sexto dia das Kalendas de março: 6º Kal Mar Bi – 6º 5º Kal Mar 4º Kal Mar 3º Kal Mar 2º Kal Mar Kal Mar 24 Fev. –––––––––» 25 Fev. 26 Fev. 27 Fev. 28 Fev. 1 Reforma do Calendário Juliano – 1582: Este calendário é usado ate ao séc. XVI, mas, com o Concilio de Trento, o Papa nomeia uma comissão para corrigir o desfasamento do calendário, visto que, no terceiro quartel do séc. XVI, o ano civil se estava a desfasar do ano solar, por 11 dias; Os 11 dias em falta são recuperados – Passou-se de dia 4 de outubro para dia 11 do mesmo mês; Acabou com os estilos das Eras de Cristo e institui a Era da Circuncisão de Cristo, passando, o ano, a começar no dia 1 de Janeiro; Para evitar desfasamentos futuros, o Papa, manda que os anos seculares – 1600, 1700, etc – só fossem bissextos caso fossem divisíveis por 400; Esta reforma não foi acolhida igualmente pelos países cristãos: · Os Países Católicos da Comunidade Europeia, em 1582, todos os que estavam sujeitos ao Império Espanhol – Portugal, Espanha, Norte de Itália, Sardenha, Cecília e algumas possessões no Sul da Grécia –, o Reino de França e os Príncipes Católicos da Alemanha, acolheram a reforma do calendário imediatamente; · A Inglaterra – País Protestante –, só em 1745 adota a reforma, mas, no entanto, salta 15 dias e não 11; Em 1745, toda a Europa Ocidental usa o mesmo calendário; A Europa Oriental – Cristãos Ortodoxos – não adota a reforma, mas continuam a guiar-se pelo Calendário Juliano antigo. No séc. XX, a União Soviética impõe o Calendário Juliano Reformado, uma vez que, a Igreja Ortodoxa se opunha fortemente á Revolução Socialista. Com a queda da União Soviética, em 1991, a Igreja Ortodoxa volta a adotar o Calendário não Reformado. Atualmente, usam-se ambos os calendários; Kalendas Nonas Idus 1 5/7 13/15 Nos meses de março, maio, julho e outubro as Kalendas são o dia 1; As Nonas são os dias 7 de cada mês; Os Idus são os dias 15 de cada mês; Nos meses de janeiro, fevereiro, abril, junho, agosto, setembro, novembro e dezembro, as Kalendas são o dia 1 de cada mês; As Nonas são os dias 5 de cada mês; Os Idus são os dias 13 de cada mês; Evolução do Alfabeto Latino – Do Séc. III a.C. ao Advento da Imprensa, no Séc. XV: O alfabeto latino tem origem numa variante ocidental do alfabeto grego; Tinha inicialmente apenas 21 caracteres, mais tarde recebeu os restantes; A Caligrafia é um bom elemento para a validação da data e da autenticidade de um documento. Também permite localizar os documentos no tempo e no espaço; É a escrita usada nos livros; É bela e desenhada; Escrita Cursiva: os caracteres estão ligados uns aos outros; É uma escrita rápida, corrida; Jean Mallon: Escrita dos Livros: · Capital – Maiúsculas · Minúscula Primitiva: escrita quase desconhecida; Cursiva: · Cursiva Romana Antiga – Deriva da capital, da escrita dos livros; · Cursiva Recente – Deriva da maiúscula primitiva, da escrita dos livros; Período Romano – Séc. III a.C – Séc. V d.C: Capital Quadrada: As letras percebem-se na perfeição, visto que ainda é a variante do alfabeto maiúsculo que usamos; Eram inscritas perfeitamente porque, antes de serem gravadas, as letras eram pintadas sobre a pedra; As letras são inscritas em quadrados todos iguais, com a sua altura e largura sensivelmente iguais; Capital Rústica: A sua altura e largura não são semelhantes; A altura, de cada caracter, é duas vezes a largura; Já não é utilizado, o que dificulta a sua leitura; É usada ate ao séc. II a.C; Cursiva Romana Antiga: É muito difícil de ler porque é escrita em maiúsculas, de forma corrida; Cursiva Recente: Mistura caracteres maiúsculos e minúsculos; As letras são bastantes encostadas umas às outras; Escrita Uncial: Diferente pelas letras serem maioritariamente arredondadas; É o alfabeto maiúsculo mais utilizado, depois do séc. VI até ao séc. XV; O alfabeto maiúsculo uncial é o mais usado nas inscrições em lapides tumulares, a partir do séc. XI-XII. É fácil de ler e foi-se adaptando ao longo dos séculos; Período das Escritas dos Conventos – Séc. VI-VIII: Dá-se uma grande explosão das minúsculas, visto que quase tudo é escrito em letras minúsculas; Escrita Carolina – séc. IX-XI d.C: O aparecimento desta escrita coincide com a evolução política do centro europeu a partir do séc. IX; É um alfabeto minúsculo caligráfico. As letras são escritas uma a uma, sem ligação entre si, o que a torna totalmente legível; É neste alfabeto que está presente a matriz do atual alfabeto minúsculo; Esta escrita passará á imprensa; Escrita Gótica – XII-XIV: É um estilo de escrita do alfabeto latino, e durou, produzida manualmente, até ao séc. XX; Na Alemanha, a escrita gótica foi usada nas escolas ate ao seculo XX, com os livros também impressos neste estilo de escrita; As características mais distintivas desta escrita são os traços “fraturados” de cada letra, as letras angulosas e compactas e a sua altura maior que a sua largura; As maiúsculas eram, maioritariamente, unciais; já as minúsculas, tem vários níveis: · Minúscula Caligráfica Solene: difícil de ler e distinguir as letras umas das outras, por serem muito semelhantes; Quanto mais solene é a escrita, maior é a discrepância entre a altura e a largura; · Minúscula caligráfica Semi Solene: Mais apertada e mais alta; já não é tao desproporcional; · Minúscula Caligráfica Comum: Não possui desproporção entre a altura e a largura, e possui menos angulosidade; · Minúscula Cursiva Comum: É a fronteira entre a cursiva comum e a caligráfica comum; A angulosidade característica da escrita gótica perde-se; As letras começam a interligar-se, partilhando traços construtivos; · Escrita Bastarda: Usada em livros de orações, apenas acessíveis às elites; Possui caracteres inclinados para a direita, o que dá a ideia de uma letra cursiva, mas, no entanto, não o é – é apenas uma letra caligráfica solene inclinada á direita; · Escrita Gótica Rotunda – Italiana: Os italianos não gostavam da estética gótica do Norte Europeu; Esta escrita não apresenta a angulosidade da escrita gótica, sendo bastante redonda; A rejeição da angulosidade extrema leva os italianos em busca do redondo; A partir do séc. XIII, a Itália busca uma estética da idade de ouro – época greco-latina – procurando os códices da época;