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Evolução Histórica dos Sistemas Registrais (UniFatecie)

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Prévia do material em texto

Evolução Histórica dos
Sistemas Registrais
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira 
Professora Ma. Lucilene Aparecida Francisco
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
V658e Vieira, Leociléa Aparecida 
 Evolução histórica dos sistemas registrais / Leociléa 
 Aparecida Vieira, Lucilene Aparecida Francisco. Paranavaí: 
 EduFatecie, 2021. 
 118 p.: il. Color. 
 
 
 
1. Biblioteconomia. 2. Registros bibliográficos. 3. Bibliotecas 
Automação. 4. Bibliotecas – Processamento técnico. I. 
Francisco, Lucilene Aparecida. II. Centro Universitário UniFatecie. III. 
Núcleo de Educação a Distância. IV. Título. 
 
 CDD: 23 ed. 025.4 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTORAS
Profª Drª Leociléa Aparecida Vieira
Doutora em Educação: Currículo pela PUC/SP. Mestre em Educação pela PUCPR.
Licenciada em Pedagogia pela UCB. Bacharel em Biblioteconomia pela UFPR. Possui 
quatro especializações. Funcionária aposentada do Sistema de Bibliotecas da UFPR. Foi 
professora em diversas Instituições de Ensino Superior.
Atualmente, compõe o Banco de Avaliadores da Educação Superior INEP/Basis 
e é professora adjunta do curso de licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual 
do Paraná (Unespar) – campus de Paranaguá e do Mestrado Profissional em Educação 
Inclusiva em Rede Nacional (Profei) (Polo Unespar).
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/0063909006157307
 
Profª Mestre Lucilene Aparecida Francisco
Doutoranda em Ciência da Informação pela Universidade Estadual de Londrina, mestre 
em Políticas Públicas pela UEM, Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal 
de Santa Catarina, Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina.
Atua como bibliotecária na Universidade Estadual do Paraná.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/6226753997220286 
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), somos as professoras Leociléa e Lucilene e estamos aqui 
para guiá-lo(a) nesse percurso sobre a fantástica história dos registros do conhecimento. 
Propomos para que, juntos(as) possamos construir nosso aprendizado sobre as diversas 
técnicas e suportes utilizados pelo Homem para registrar e disseminar o conhecimento, 
desde a pré-história, com as pinturas rupestres, as tabuletas de argila, o papiro, o pergami-
nho, o papel até chegarmos hoje, aos revolucionários meios eletrônicos que nos permitem 
ações, interações e conexões nunca antes imaginadas, mas que também nos trazem preo-
cupação em relação à segurança e credibilidade da informação.
Na Unidade I, estudaremos os sistemas de registros do conhecimento, iniciando 
pelo conceito e pelo histórico, refletiremos sobre os registros utilizados pelo homem primiti-
vo, as formas como as antigas civilizações utilizavam o livro no seu processo civilizatório e, 
por fim, conheceremos sobre a legislação que protege as atividades registrais.
Já na Unidade II, vamos conhecer as principais características dos registros na era 
medieval, reconhecendo a importância histórico-cultural atribuída à leitura e escrita para 
a aprendizagem e a construção do conhecimento. Compreenderemos ainda as principais 
características e funções das bibliotecas medievais, observando o quanto as bibliotecas 
contemporâneas guardam relações com as bibliotecas daquela época. 
Depois, na Unidade III, entraremos no túnel do tempo a fim de conhecer o histórico 
do papel e da imprensa, buscando perceber como esta evoluiu desde a descoberta dos 
tipos móveis por Gutenberg até a era digital. Neste percurso, conheceremos sobre as técni-
cas de gestão de documentos empregadas e encerraremos nossa trajetória refletindo sobre 
a biblioteca na era industrial. 
Finalizaremos nosso percurso na Unidade IV, conhecendo os principais suportes 
utilizados para escrita, compreendendo a história do livro enquanto registro do conhecimen-
to e suas contribuições para transmissão da informação entre as gerações. Refletiremos 
também sobre as características do livro impresso e suas perspectivas de futuro com a 
concepção do livro eletrônico e a aceleração dos processos de produção, disseminação e 
acesso à informação.
Aproveitamos para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esse 
trajeto e ampliar seus conhecimentos sobre assuntos abordados em nosso material. Espe-
ramos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. 
Muito obrigada e bons estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Noções Históricas Sobre Registro
UNIDADE II ................................................................................................... 24
Biblioteca na Idade Média
UNIDADE III .................................................................................................. 50
A Evolução do Tratamento da Informação
UNIDADE IV .................................................................................................. 79
Sistema Registral e Novas Tecnologias
3
Plano de Estudo:
● Introdução e histórico do Sistema de Registro;
● Registros primitivos do homem;
● As antigas civilizações e o livro como instrumento civilizatório;
● Legislação das atividades Registrais.
Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar o conceito de registro;
● Caracterizar as formas de registros do homem primitivo;
● Contextualizar o livro como instrumento civilizatório nas antigas civilizações;
● Identificar a legislação que protege as atividades registrais.
UNIDADE I
Noções Históricas 
Sobre Registro
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira 
Professora Ma. Lucilene Aparecida Francisco
4UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
INTRODUÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a)!
Nesta unidade estudaremos sobre as noções históricas sobre registro. Vocês já 
pensaram que seria de nós se algum dos nossos antepassados não tivesse registrado tudo 
o que ocorreu na humanidade. Seríamos um povo sem memória, não é?
Então, dada a importância que os registros representam para a guarda, preservação 
e difusão de conhecimentos sobre os feitosda civilização, nesta unidade, estudaremos o 
sistema de registros, iniciando pelo conceito e pelo histórico, refletiremos sobre os registros 
utilizados pelo homem primitivo, as formas como as antigas civilizações utilizavam o livro 
no seu processo civilizatório e, por fim, conheceremos sobre a legislação que protege as 
atividades registrais.
Vamos em frente e bons estudos para todas e todos!!!
5UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
1. INTRODUÇÃO E HISTÓRICO DO SISTEMA DE REGISTRO
Prezado(a) Acadêmico(a)!
Neste item, vamos fazer uma imersão sobre o sistema de registros. Iniciaremos com 
o conceito e significados, conheceremos os diversos tipos em que ele pode se materializar, 
conheceremos o porquê é necessário registrar não só aquilo que julgamos importante e/
ou o que nos interessa, mas, sim todos os fatos que poderão contribuir para salvaguardar 
a memória da civilização e quais os principais registros que se perpetuaram no tempo e 
continuam importantes para conhecermos.
Conforme podem perceber o percurso é longo, portanto, vamos adiante e bons estudos!
Iniciamos nossa caminhada pela pergunta: o que se entende por registros? A res-
posta para este questionamento buscamos no dicionário e encontramos dentre tantos sig-
nificados para o verbete, um nos chamou a atenção: “conjunto de documentos antigos que 
incluem materiais manuscritos, fotográficos e/ou gráficos, para serem utilizados como prova 
da evidência de um fato no passado” (MICHAELIS, 2021, online). Neste sentido, o registro 
se configura como um meio de armazenar uma informação e comprovar a sua veracidade.
6UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
Silva (2004, p. 1183) corrobora que registro é um vocábulo derivado “do latim 
regestra, plural neutro de regestus (copiado, traslado), entende-se o assento ou a cópia, 
em livro próprio, de ato que se tenha praticado, ou de documento que se tenha passa-
do”. Neste material, o termo registro será tomado como sinônimo de fontes históricas, ou 
seja, lembranças que se utilizam de todos suportes que serviram para guardar, preservar 
e difundir conhecimentos, haja vista, que esses registros contam as histórias de nossos 
ancestrais e que, talvez, sem eles não teríamos como conhecer o passado. Neste sentido, 
consideramos registros os:
tradicionais documentos textuais (crônicas, memórias, registros cartoriais, pro-
cessos criminais, cartas legislativas, jornais, obras de literatura, correspondên-
cias públicas e privadas e tantos mais) como também quaisquer outros regis-
tros ou materiais que possam nos fornecer um testemunho ou um discurso 
proveniente do passado humano, da realidade que um dia foi vivida e que se 
apresenta como relevante para o presente [...] (BARROS, 2019, p. 01).
As cartas, por muitos anos, utilizadas para troca de mensagens, atualmente, encon-
tram-se quase em desuso devido a inserção das tecnologias da informação e comunicação 
em nossas vidas, mas não se pode negar que marcaram época e foram fontes de registros 
de fatos importantes. Higa (2019, s/p), corrobora que: 
apesar de não serem escritas com tanta frequência nos dias de hoje, as car-
tas nos ajudam a compreender o passado por meio do registro da intimidade, 
da troca de correspondência entre pessoas, públicas ou não. Nelas, o autor 
da carta reserva um tempo do seu dia para escrever para outra pessoa e 
aguarda a sua resposta. Essas cartas revelam diálogos, contrariedades, ale-
grias de quem as escreve, e podem ajudar na compreensão de um contexto 
individual ou mesmo coletivo.
A respeito das cartas, uma delas merece nossa atenção em especial, por ser o 
primeiro documento escrito sobre a história do nosso país: a Carta que Pero Vaz de Cami-
nha enviou ao rei D. Manuel sobre a descoberta do Brasil. Neste documento, o navegador 
registrou as suas impressões sobre a terra que acabara de ser descoberta.
Outro exemplo de registro textual relevante para a história da humanidade é o diário 
redigido por Anne Frank, uma menina judia que viveu escondida com sua família em uma 
casa em Amsterdã, Holanda, durante a perseguição nazista. Seus escritos possibilitaram 
conhecer as experiências por eles vivenciadas em um período triste do passado.
Além dos documentos textuais, os registros podem se materializar, ainda, em outros 
tipos de suportes, tais como as representações pictóricas: afrescos, quadros e pinturas; 
os vestígios arqueológicos: estátuas; objetos de cerâmica e construções e; os registros 
orais, traduzidos por relatos pessoais que são transmitidos oralmente.
https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/carta.htm
https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/carta.htm
7UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
Como exemplo de representação pictórica citamos o quadro Independência ou 
Morte (também conhecido como O Grito de Ipiranga), pintado em 1888 por Pedro Américo, 
que traduz em um registro fiel de uns dos momentos marcantes na história do Brasil. 
FIGURA 1 – QUADRO INDEPENDÊNCIA OU MORTE
Fonte: Martinez (2019).
Este mesmo fato histórico pode ser registrado por meio de estátuas, conforme 
podemos observar na Figura 2.
FIGURA 2 – MONUMENTO A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL NO IPIRANGA, EM SÃO PAULO
8UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
A história da civilização pode ser dividida em dois períodos: as sociedades baseadas 
na comunicação oral e as sociedades baseadas na comunicação escrita. Neste sentido, no 
que diz respeito ao sistema de registro, um deles, em especial, merece destaque: a Escrita.
A Escrita é a forma de registro mais utilizada pela maioria das sociedades para 
transmitir conhecimento; celebrar acordos, tratados e contratos; anotar dados, feitos im-
portantes e grandes descobertas realizadas pelo homem; reproduzir poemas, melodias, 
difundir as informações, dentre tantas outras coisas. Há quem diga que a escrita foi a mais 
importante invenção da história da evolução da espécie humana.
É mister salientar que até o surgimento da escrita, a primeira forma de registro da 
humanidade foi por meio de símbolos e desenhos, haja vista que antes disso os homens 
se expressavam por meio da oralidade. De acordo com Lima (1977, p. 582), a oralidade “é 
um fato primitivo, perante o qual a escrita é um avanço civilizatório (e, como se sabe, os 
processos civilizatórios são irreversíveis)”.
O sistema de registro de escrita cuneiforme até a alfabética percorreu um longo 
caminho. De acordo com o Espaço do Conhecimento: 
uma escrita sistematizada aparece somente por volta de 3500 a.C., quando 
os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme na Mesopotâmia. Os re-
gistros cotidianos, econômicos e políticos da época eram feitos na argila, com 
símbolos formados por cones. Nesse mesmo momento, surgem os hierógli-
fos no Egito. Essa escrita era dominada apenas por pessoas poderosas da 
sociedade, como escribas e sacerdotes (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MI-
NAS GERAIS, 2021, s/p).
Registrar a informação era privilégio de poucos, decifrar o que estava escrito era 
para um número menor de pessoas. A invenção do papiro, por volta 3000 a.C., possibilitou 
que o sistema de escrita se tornasse mais rápido, isto é, cada símbolo ficou reduzido a 
poucos traços, e aí nasceu a escrita hierática: a base do sistema de escrita ocidental. 
Por meio da escrita, foi possível o surgimento de nova forma de registro: os docu-
mentos que, por sua vez, dão origem a um novo sistema: os arquivos. No que diz respeito 
aos arquivos, eles se “constituem desde sempre a memória das instituições, das pessoas, 
de um povo e de uma nação” (HORA; SATURNINO; SANTOS, 2010, p. 02). Para os autores 
supracitados, os arquivos vão além de um pedaço de papel e escrito; são registros que re-
presentam a existência de um determinado povo, ou relatam a história de um acontecimento.
Hora, Saturnino e Santos (2010, p. 2), recordam que o homem pré-histórico já 
registrava o “seu cotidiano no interior das grutas e cavernas, em forma de desenhos e 
pinturas. Esses registrospodem ser considerados arquivos, por narrarem a história de 
homens já extintos, sua cultura e seus costumes”. Agora que sabemos o que são registros, que 
tal conhecermos um pouquinho de história ?
9UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
2. REGISTROS PRIMITIVOS DO HOMEM
Olá! 
Vamos continuar nosso percurso, agora trilhando pelas maneiras que o homem pri-
mitivo registrava suas descobertas e invenções, pois, desde cedo o ser humano percebeu 
que era impossível confiar somente na memória, então, era preciso registrar os seus feitos 
para, posteriormente, difundir as informações às futuras gerações. 
Você já imaginou se não tivessem passado como acender o fogo, ou ainda, como 
fundir o cobre e o estanho, metais que deram origem ao bronze? É verdade que estas des-
cobertas evoluíram no decorrer dos tempos, mas tudo isto foi descoberto na pré-história 
por nossos antepassados e, só nos é possível conhecer e utilizar estes conhecimentos, 
porque foram registrados por eles. Que tal ver de que maneira isso ocorreu? Porém, 
antes de descobrirmos isto, surge outro questionamento: quem é (ou foi) este homem 
primitivo? Então vejamos:
Considera-se o homem primitivo aquele que viveu na terra durante o período pré-
-histórico até o aparecimento da escrita. Ele era nômade, entretanto, utilizavam o intelecto e 
a criatividade como fins de sobrevivência, isto é, fabricavam instrumentos para se defender 
dos animais e se alimentar.
Nós só temos conhecimento de como viveu o homem primitivo:
10UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
a partir de estudos arqueológicos dos locais onde se organizavam e produ-
ziam artefatos como pinturas, desenhos e gravuras rupestres, ferramentas, 
esculturas, armas, entre outros, revelando sua forma de vida, tornando pos-
sível descrever sua história (GROBEL e TELLES, 2014, p. 02). 
Para conhecer quem era e como viviam os nossos antepassados primitivos, hou-
ve a necessidade que profissionais de diversas áreas se debruçassem sobre o assunto, 
por exemplo:
o arqueólogo estuda os artefatos materiais, o geólogo estuda as formações 
dos solos, o botânico analisa os restos vegetais fossilizados, o antropólogo 
os aspectos físicos, traçando a evolução, o etnólogo faz analogias dos povos 
primitivos com o presente, o paleontólogo analisa os fósseis animais encon-
trados, reconstituindo a fauna da época, os fotógrafos para registrar todos os 
achados e locais exatos, os biólogos para as análises de DNA, os químicos 
para a análise da idade dos artefatos, e o espeleologista que é especialista 
com várias formações, como biologia e geografia entre outras, estudioso dos 
ambientes das cavernas, especializado sobre o comportamento dentro de um 
ambiente extremamente sensível (GROBEL e TELLES, 2014, p. 2).
REFLITA
E como os bibliotecários e cientistas da informação podem contribuir com estes estudos?
Fonte: As autoras (2021).
Os bibliotecários, enquanto profissionais da informação, contribuem na organiza-
ção da documentação, pois sabemos que a maioria dos registros da história e da memória 
humana se dão “por meio dos documentos gerados pelas atividades desenvolvidas por 
determinada organização, pessoa ou família. Esses registros, postos de maneira orgânica, 
passam a ser rica fonte de informação” (MERLO e KONRAD, 2015, p. 27). 
Aos poucos, os grunhidos e gestos evocados pelo homem primitivo se “materializa-
ram” por meio das pinturas e desenhos feitos nas paredes de grutas e cavernas, pois era 
o meio que o homem pré-histórico encontrou para registrar o seu cotidiano. Estes registros 
são denominados de pintura ou arte rupestre.
“A arte rupestre é um dos mais belos e importantes vestígios deixados pelos grupos 
pré-históricos. Encontrada nas paredes de grutas e cavernas, em geral, apresentava pes-
soas, animais e cenas de caças e danças” (SERIACOPI, 2005, p. 16).
11UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
FIGURA 3 – ARTE RUPESTRE
Cientistas já encontraram, em paredes de cavernas pelo mundo, gravações que 
datam de 40 mil anos atrás, haja vista, que na pré-história, “numa representação da vida 
real, misturada com a arte e a religiosidade, os homens expressavam sua vontade, atos e 
desejo nas atividades realizadas e principalmente nas atividades a serem realizadas como 
caça, pesca, coleta e defesa” (SIQUEIRA M. e SIQUEIRA B., 2000, p. 22). 
As informações contidas nas pictogravuras e nos pictogramas ultrapassaram a 
barreira linguística, pois os símbolos de um determinado objeto ou conceito contidos nas 
gravuras eram autoexplicativos. “As superfícies naturais das paredes rochosas das ca-
vernas ou dos penhascos ofereceram as melhores oportunidades para o homem fazer as 
primeiras tentativas de pictogravuras” (SILVA, 2005, online).
No decorrer dos anos, o homem poliu e alisou as superfícies dos rochedos para 
realizar inscrições monumentais. “Enormes massas de pedra arredondada e grandes lajes 
rochosas foram engenhosamente colocadas em seus lugares. Se a pedra era trabalhada an-
tes de ser erguida, surgiram monumentos como os obeliscos egípcios” (SILVA, 2005, online). 
A partir das pinturas rupestres, pictogramas e a escrita protocuneiforme, o homem 
desenvolveu os ideogramas, símbolos que representavam ideias generalizadas pelos ob-
jetos. Pelos sumérios era utilizada para registrar sua produção agrícola e pecuária. Estes 
povos a utilizavam como um inventário e faziam, também, etiquetas que prendiam as sacas 
de embarque de produtos agrícolas (KRAMER, 1969).
A escrita ideográfica perdurou por muitos anos e, ainda hoje, encontra adeptos, 
como por exemplo, a língua chinesa (Figura 4).
12UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
FIGURA 4 – IDEOGRAMA CHINÊS
De acordo com Silva (2005), a maioria dos símbolos ideográficos dos sistemas an-
tigos de escrita estava intimamente associada aos sons das palavras, as quais indicavam 
as coisas que os símbolos representavam. Supõe-se que isto ocorreu pela dificuldade que 
algum escriba teve em representar o nome de alguém, para o qual não existia nenhum 
ideograma. Para o autor supracitado:
Milhares de anos foram precisos para libertar os povos da escrita ideográfi-
ca, justificada pelo papel de privilégio das classes eclesiásticas que tinham 
razões para não permitirem que este misterioso processo (um sistema de 
escrita puramente fonético) se tornasse conhecido pela população vulgar. 
(SILVA, 2005, online).
É importante salientar que os suportes de registro utilizados pelo homem primitivo 
também foram se alterando à medida que a civilização evoluía. Assim, iniciou nas paredes 
das cavernas, passou pelas tábuas de argilas, papiro, pergaminho até chegar no papel.
Podemos inferir que estas formas de registros realizadas homem primitivo é o que 
possibilitou a disseminação das informações sobre a cultura de sua época para gerações 
futuras e, se hoje temos conhecimento sobre feitos do passado, é devido à criatividade 
de nossos antepassados.
Então, neste tópico vimos as formas primitivas de registros desenvolvidas pelo 
homem, no próximo conheceremos as antigas civilizações e como o livro se tornou instru-
mento civilizatório. Não perca essa oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre 
a história do livro e das civilizações. 
Bons Estudos e até lá!
13UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
3. AS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES E O LIVRO COMO INSTRUMENTO CIVILIZATÓRIO
Caro(a) acadêmico(a),
Que tal conhecermos como se comportaram as antigas civilizações a partir do 
surgimento do livro? Então vamos em frente!
É possível mencionarmos que a história do livro se inicia com o aparecimento da 
escrita e que, essa por sua vez, a grosso modo, originou-se com os registros pictográficos. 
Silva (2005, online), assevera que:
A evolução dos pictogramas para escrita é fácil de ter resposta rigorosa, mas 
percebe-se que os espécimes mais antigos, pela forma e interpretação dos 
caracteres usados nestes registros, compreenderam a tempo a vantagem de 
associardefinitivamente certos símbolos pictográficos a determinados objetos 
ou ideias. Assim, as pictogravuras tornaram-se a pouco e pouco em ideogra-
mas ou símbolos que representavam ideias generalizadas tiradas dos objetos.
Foi com o surgimento da escrita que o homem conseguiu registrar a sua história 
por meio de documentos e dos primeiros livros. Siqueira M. e Siqueira B. (2000, p. 22), 
corrobora de que: 
com o aparecimento da escrita, dá-se a fase dos documentos denominados 
escritos, embora permaneçam também os não-escritos. A princípio, a escrita, 
diferenciada em cada nação, era restrita apenas às pessoas das classes do-
minantes. As primeiras sociedades tidas como civilizadas foram os egípcios, 
mesopotâmicos, fenícios, cretenses, hebreus e outros, os quais utilizavam-se 
da escrita para registrar sua história e atos jurídicos, sejam nos pergaminhos 
ou nas paredes dos palácios reais. 
14UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
De forma geral, o desenvolvimento da escrita se deu da seguinte maneira: “pedra, 
tabletes de argila, tabuinhas de madeira, papiro, pergaminho, até o papel e documentos 
digitais” (RICHTER; GARCIA; PENNA, 2004, p. 25). 
É importante salientar que cada sociedade registrava as informações com os mate-
riais que tinham à sua disposição, por exemplo, os primeiros livros feitos pelo povo sumério 
eram de barro, semelhantes a pequenas lajotas. Na Mesopotâmia os materiais mais anti-
gos que se tem conhecimento são as placas de argila cozida, semelhantes a tijolos, nas 
quais eram registrados, em escrita cuneiforme, desde documentos oficiais, códigos de leis, 
compêndios religiosos, tratados, até ações judiciais, contratos e promissórias.
 Já os egípcios escreviam seus livros sobre o papiro e formavam rolos de até 20 
metros de comprimento, os quais eram armazenados na biblioteca de Alexandria, a maior 
da antiguidade, que continha 700 mil livros em rolos de papiro. E como se produziam os 
livros com o papiro? Silva (2005, online), esclarece que:
no papiro, a escrita fazia-se em colunas dispostas como as dum jornal, e 
cada uma correspondia à página dum livro moderno. Normalmente, as linhas 
tinham o comprimento necessário para poderem conter cerca de 38 caracte-
res ou letras.
As extremidades dos rolos, pelo fato de ficarem expostas, eram reforçadas com 
tiras coladas. Na escrita só se utilizava um lado da folha, àquele que era mais macio e as 
camadas eram horizontais. Sob o ponto de vista de conservação dos registros, o papiro 
apresentava muitas limitações, tais como: furar quando se escrevia, deteriorar-se com água 
ou umidade e tornar-se frágil quando seco. Como o passar do tempo, ele foi sucedido pelo 
pergaminho, material mais duradouro, porém, mais caro e mais pesado.
É importante frisar que o livro nas antigas civilizações, também pode ser considera-
do como um elemento de segregação, haja vista, que a escrita era privilégio de poucos: os 
escribas. Nas palavras de Siqueira M. e Siqueira B. (2000, p. 22):
os escribas egípcios eram os verdadeiros representantes do poder central, 
pois possuíam o conhecimento da escrita e da contabilidade, registrando as 
arrecadações, os impostos e as determinações centrais. Eram pessoas de 
confiança ou parentes do Faraó, vivendo nos palácios reais, registrando to-
dos atos de conquistas, derrotas, colheitas, déficits públicos, número de es-
cravos, compras e vendas externas ou acordos políticos com povos vizinhos. 
Outras vezes, os livros eram utilizados como meios de punição, especialmente, 
na Idade Média, em que o maior número de bibliotecas pertencia às igrejas e aos mos-
teiros. A leitura, especialmente, reservada aos domingos e à Quaresma era considerada 
ocupação normal para os monges, “exceto para alguns negligentes e preguiçosos, que 
não querem dispor daquele que parece ser um implemento essencial do mosteiro: a bi-
blioteca” (MANACORDA, 1996, p. 120).
15UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
SAIBA MAIS 
Deu-se o nome de “monge” ao asceta que, refugiado na solidão, dedicava-se a Deus, 
por meio de orações e exercícios piedosos. Eles moravam nos mosteiros, instituição 
que teve por missão, durante a irrupção dos bárbaros, no império romano, registrar e 
conservar a cultura antiga e utilizá-la como meio de educação. 
Fonte: Rosa (1993).
Os livros eram oferecidos aos monges em forma de códices de pergaminho. A esse 
respeito, Manacorda (1996, p. 120), nos relata que nos dias de Quaresma, cada monge 
deveria receber da biblioteca um códice para ler seguida e inteiramente.
Um dos anciãos fiquem encarregados de rondar pelo mosteiro nas horas 
em que os monges devem estar dedicados à leitura para evitar que algum 
monge preguiçoso perca tempo na ociosidade ou em conversas, deixando de 
aplicar-se à leitura, tornando-se inútil a si mesmo e distraindo os outros. Que 
isso não aconteça; mas se alguém assim for encontrado, seja repreendido.
Todos os monges deveriam se dedicar à leitura também aos domingos e só eram 
dispensados aqueles que eram destinados às outras tarefas da instituição. Caso algum 
deles não se concentrasse na leitura, a ele atribuía-lhe um trabalho para não ficar na ocio-
sidade, pois, a ociosidade era tida como o inimigo da alma.
Neste caso, percebemos que a leitura não acontecia por livre espontânea vontade 
e nem como um ato prazeroso. Era algo obrigatório e razão para punição para aqueles que 
não a praticavam. Por outro lado,
o aparecimento da escrita (pictográfica e alfabética) marca, portanto, o 
início da história, na medida em que permite relações permanentes e à 
distância, superando os limites do espaço e do tempo próximos. Como 
sempre ocorre com as funções, na medida em que a escrita se distancia 
de sua fonte natural (que é oralidade), ganha autonomia e converte-se 
em ESTRUTURA INDEPENDENTE, transformando-se num objeto cultural, 
com suas próprias leis de funcionamento, como se fosse um novo ente 
natural, mas uma presença tão envolvente que pode ser considerado 
nova ecologia do ser humano (LIMA, 1977, p. 580-581).
Frente ao exposto, a escrita, quando comparada à oralidade, acelerou o processo 
civilizatório, pois possibilitou guardar as experiências das civilizações antigas para as gera-
ções seguintes em diferentes suportes. Nas palavras de Lima (1977, p. 598): 
a escrita, ao aparecer no processo civilizatório, tem como primeira 
função fixar, através dos LIVROS SAGRADOS, as tradições, tanto do 
ponto de vista sincrônico, quanto do ponto de vista diacrônico. Assim, a 
informação — oral e escrita — nos seus primórdios, apresenta-se como 
um processo de fixação do status quo, tanto com relação ao momento 
atual, quanto com relação à sucessividade das gerações.
16UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
Entendemos por sincrônico o processo de escrita que permitia a comunicação entre 
a sociedade da época e por diacrônico, a escrita como elo entre as gerações passadas às 
novas gerações, dando continuidade histórica às conquistas (experiências) da humanidade, 
pois de acordo com Higounet (2004, p. 10),
a escrita não é apenas um procedimento destinado a fixar palavras, um meio 
de expressão permanente, mas também dá acesso direto ao mundo das 
ideias, reproduz bem a linguagem articulada, permite ainda apreender o pen-
samento que está na própria base de nossa civilização. Por isso a história da 
escrita se identifica com a história dos avanços do espírito humano.
Frente ao exposto, o objetivo maior da escrita é, por meio, dos livros, dos documen-
tos de modo geral, comunicar as gerações futuras, àquilo que foi registrado pelos nossos 
antepassados. É a comunicação se perpetuando no tempo. 
Neste sentido o livro, independente do suporte, está presente em todos os momen-
tos históricos da civilização ora, desempenhando o papel de libertação, ora de segregação, 
mas, é fato que em todoseles cumpriu (e, ainda, cumpre) a missão de guarda das informa-
ções e transmissão de conhecimentos para gerações futuras.
17UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
4. LEGISLAÇÃO DAS ATIVIDADES REGISTRAIS
Caro(a) acadêmico(a)!
Será que sempre houve leis para registrar as atividades realizadas pelo homem? 
Sim! A sociedade sempre foi regida por normas e regras. Já antes da linguagem escrita 
(período de 9000 a.C. a 300 a.C.) o homem utilizava fichas de barro, nas quais anotava 
símbolos para registrar suas transações comerciais. Essas fichas eram guardadas em in-
vólucros chamados de bullae. (HART-DAVIS, 2009). Pressupõe-se que havia normas para 
que isso se concretizasse. 
 Gonçalves (2020, p. 01), nos lembra que:
desde a fase dos documentos não-escritos ou Pré-História, arqueólogos e 
cientistas descobriram registros de representação da vida real nas cavernas, 
por meio de pinturas rupestres nas paredes. Por meio dessas pinturas os 
homens expressavam sua vontade, sua arte, sua religiosidade, bem como os 
atos do dia-a-dia, nas atividades realizadas como caça, pesca e defesa. Para 
a delimitação do território utilizavam marcos naturais como rios, montanhas, 
depressão entre outros.
É importante salientar que, os elementos da natureza ainda hoje, são utilizados em 
muitas comunidades para demarcar território e assim, “registrar” àquilo que lhe pertence. 
Indolfo destaca a importância dos documentos e dos registros para a humanidade: 
o documento ou, ainda, a informação registrada, sempre foi o instrumento 
de base do registro das ações de todas as administrações, ao longo de sua 
produção e utilização, pelas mais diversas sociedades e civilizações, épocas 
e regimes. Entretanto, basta reconhecer que os documentos serviram e ser-
vem tanto para a comprovação dos direitos e para o exercício do poder, como 
para o registro da memória (INDOLFO, 2007, p. 29).
18UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
Os sumérios, faziam anotações, realizavam inventários e registros contábeis da 
produção agrícola e dos tributos que deveriam ser pagos nas transações. A princípio, 
essas anotações eram realizadas em placas de argila úmida, nas quais um funcionário 
fazia desenhos representando aquilo que precisava ser registrado: cabeça de boi, porcos, 
jumentos, dentre outros. Posteriormente, as placas de argila, cozidas ao sol, endureciam 
e eram guardadas.
Esse controle da produção agrícola para o pagamento de tributos era realizado 
conforme suas leis; desde àquela época, o homem sempre percebeu a necessidade de 
registrar tais fatos, pois nas sociedades antigas, tanto os egípcios, como, os também fení-
cios, os mesopotâmicos, os hebreus, dentre outros, registravam os atos jurídicos, sejam no 
papiro, nos pergaminhos ou mesmo nas paredes dos palácios. 
Lima (1977, p. 587), alerta, porém, que “o primeiro sintoma que assinala a saída 
de um povo do estado primitivo para o estado civilizatório é a codificação escrita das 
leis e costumes”.
Conforme verificamos o registro de documentos originou com a invenção da escrita 
e que desde o Egito antigo, o homem já escrevia cartas, contratos, testamentos, comuni-
cados diplomáticos, informações sobre impostos e que todos documentos administrativos, 
econômicos e religiosos eram redigidos pelos escribas.
O escriba da lei interpretava com precisão as leis; o escriba do rei autenticava 
atos e resoluções monárquicos; o escriba do Estado colaborava com os Tri-
bunais de Justiça e exercia a função de Conselho do Estado; e, ao escriba do 
povo cabia a função de redigir pactos e convênios (BRANDELLI, 2011, p. 27). 
As leis sempre existiram! Para que a veracidade de um documento seja constatada 
e não seja burlada há legislação que o protege. “O sistema registral constitui direitos e 
confere publicidade e meios probatórios de fatos jurídicos com a finalidade de proporcionar 
segurança às relações entre as pessoas” (IRIGON e SANTOS, 2019, p. 185). 
Após este preâmbulo, daremos um salto e veremos que, no Brasil, a proteção de 
documentos encontra respaldo na Constituição Federal, promulgada em 1988, que em seu 
Art. 23, estabelece que: 
É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios: [...] III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor 
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis 
e os sítios arqueológicos; [...] (BRASIL, 2016, p. 18). 
19UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
SAIBA MAIS
No Brasil, às atividades registrais acrescentam-se as notariais e, desde o Império, cabe 
aos tabelionatos registrar e dar fé (autenticar; reconhecer como verdadeira) toda docu-
mentação que carece de comprovação. 
Fonte: As autoras (2021).
Outra legislação para proteger o patrimônio documental do país é a Lei 8.159, de 08 
de janeiro de 1991, que atribui ao Poder Público “a gestão documental e a proteção especial 
a documentos de arquivos, como instrumento de apoio à administração, à cultura, ao desen-
volvimento científico e como elementos de prova e informação” (BRASIL, 1991, p. 01). 
As atividades registrais também encontram respaldo na Lei 8.935, de 18 de no-
vembro de 1994, a qual regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, dispondo sobre 
serviços notariais e de registro. Apesar de esta lei tratar sobre a Lei dos cartórios, é neste 
local que é atribuída aos documentos a confiabilidade e a legalidade exigida na sociedade.
Dentre os diferentes tipos de registros públicos, um deles merece nossa atenção: 
o registro de publicações, que é respaldado pela Lei 9.610/98, de 19 de fevereiro de 1998, 
que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais, no Brasil. De acordo 
com o Art. 5º da referida Lei, considera-se que:
I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao co-
nhecimento do público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro 
titular de direito de autor, por qualquer forma ou processo (BRASIL, 1998, 
online).
As obras são registradas conforme o tipo em diferentes órgãos, por exemplo, à Bi-
blioteca Nacional compete o registro das produções literárias em geral, científicas, artísticas, 
musicais e cinematográficas. As composições musicais e as artes visuais (desenhos, pinturas, 
gravuras, esculturas, dentre outras) o registro é feito na Escola de Música e na Escola de Be-
las Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, respectivamente. As cartas geográficas, 
mapas e projetos o registro é incumbência do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e 
Agronomia. É de extrema importância salientar que, mesmo que uma obra autoral não esteja 
registrada, os direitos autorais são garantidos pela Lei supracitada.
Conforme vimos, a legislação é vasta e as leis para proteger as atividades regis-
trais existem mesmo antes da palavra escrita, elas envolvem vários ramos de atuação 
e diversas áreas do conhecimento e, dentre todas, a que desperta maior atenção por 
parte dos profissionais da informação é a que diz respeito à proteção dos registros na 
área da documentação.
20UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Olá pessoal, 
Nesta unidade tivemos a oportunidade de refletir sobre as noções históricas sobre 
os registros. Percorremos pelo conceito e histórico do sistema de registro, descobrimos 
também que o homem pré-histórico, descobriu que não podia confiar na memória para 
guardar seus feitos, desta forma registrava suas conquistas, por meio da pintura rupestre e 
gravuras realizadas no interior das cavernas. 
Vimos ainda, que os suportes de registro, bem como, o tipo de escrita evoluiu no 
decorrer dos tempos e que nas antigas civilizações o livro serviu como instrumento civiliza-
tório, tanto para libertação como punição.
Por fim discutimos sobre a legislação das atividades registrais e pudemos perceber 
que a sociedade sempre foi regida por normas e leis. No que diz respeito à documentação, 
vimos que há no Brasil uma leiprópria para proteção dos registros de direitos autorais.
Esperamos que tenha gostado desta nossa caminhada e bons estudos!
21UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
LEITURA COMPLEMENTAR
A origem da civilização
Luís Antônio Giron
Pesquisas recentes, como a de “Babilônia”, revelam como os povos da Mesopotâ-
mia fundaram as primeiras cidades, organizaram a sociedade e inventaram a escrita
A planície fértil entre os rios Tigre e Eufrates confinada pelo deserto do Sinai, a 
cordilheira de Zagros, o mar Mediterrâneo e o Golfo Pérsico recebeu dos gregos o nome 
de Mesopotâmia, a terra entre dois rios. Hoje esse território desértico pertence ao Iraque 
e ao Kuwait. Lá estão soterrados objetos, lendas e fatos ainda a ser descobertos. No livro 
“Babilônia — A Mesopotâmia e o Nascimento da Civilização”, de 2010, lançado no Brasil 
pela editora Zahar, o historiador austríaco Peter Kriwaczek (1937-2011) se propôs a decifrar 
alguns dos segredos ocultos sob as areias que viram nascer o que chamamos hoje de His-
tória. A tese de Kriwaczek é que a civilização mesopotâmica não foi erguida por um só povo, 
e sim pelo encontro de tribos diversas. Sua evolução de 2,5 mil anos, interrompida pela 
invasão persa, seguiu um percurso linear como o de um organismo vivo. Isso permite que 
tenhamos conhecimento dos avanços, desastres e pestes que acometem a humanidade. É 
a um só tempo a síntese de uma cronologia futura e a prefiguração da vida atual.
“A civilização que nasceu, floresceu e morreu na terra entre os rios não foi uma 
conquista de um povo, mas o resultado da união e da persistência, ao longo do tempo, de 
uma combinação singular de ideias, estilos, crenças e comportamentos”, diz Kriwaczek. “A 
história da Mesopotâmia é a de uma tradição cultural contínua e singular, ainda que seus 
portadores e propagadores humanos tenham sido diferentes em épocas diferentes”
No século 55 antes de Cristo, a região era chamada de “Edin” por seus primeiros 
povoadores, os sumérios, tribo montanhesa que desceu à planície e lá conviveu com outros 
povos ao longo de milênios. “Edin” deu origem à palavra hebraica “Éden”, o paraíso na Ter-
ra. Além dos sumérios, passaram povos como os caldeus, babilônicos, assírios, amorreus, 
arameus, fenícios e hebreus, num revezamento de supremacias.
22UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
Em rede
A região poderia continuar como uma área agrícola paradisíaca, como ocorreu em 
muitos lugares durante o período neolítico, quando boa parte dos homens trocou a coleta e a 
caça pelo cultivo e o pastoreio. Mas algo se deu para que a Mesopotâmia sofresse mais uma 
mudança e abrigasse as primeiras cidades, sociedades organizadas e impérios. Esse algo 
se chama história. Segundo os estudiosos clássicos, o fato que dividiu a história da pré-his-
tória se deveu a uma invenção dos sumérios: a escrita. A escrita cuneiforme foi estabelecida 
em 3 mil a.C., mais de 2 mil anos da fundação da primeira cidade da Terra: a suméria Eridu 
(5,4 mil a.C.). Os caracteres em forma de cunha gravados em tabuletas de argila serviram 
para que os sumos sacerdotes das cidades-estados, em nome de deuses como Inana 
(depois Ishtar) e Enki, controlassem o comércio, os bens e as transações litúrgicas.
“No curso de seus dois milênios e meio, a tradição baseada na escrita cuneiforme 
inventou ou descobriu quase tudo que associamos à vida civilizada”, afirma Kriwaczek. Gra-
ças a uma combinação de clima, engenho, tino comercial e convergência de etnias, surgiu 
um mundo feito de cidades, ciência, tecnologia, direito e literatura. Escrever permitiu que os 
homens se organizassem em torno de narrativas coerentes e elaborassem suas culturas.
Mas a contribuição mais duradoura dos mesopotâmios, ainda mais que a escrita 
cuneiforme (cujo uso durou 2 mil anos), segundo Kriwaczek, foi a instauração da primeira 
rede social mundial. “Com o que se chamou um sistema mundial, uma rede interligada de 
nações, comunicando-se e comerciando e lutando uma com as outras, essa tradição se 
espalhou por grande parte do globo”, afirma. Segundo ele, a interação na diferença levou 
à invenção da vida urbana.
Fonte: GIRON, Luís Antonio. A origem da civilização. Isto é, n. 2516, 9 mar. 2018. Disponível em: 
https://istoe.com.br/a-origem-da-civilizacao/. Acesso em: 24 nov. 2021.
https://istoe.com.br/a-origem-da-civilizacao/
23UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: As primeiras civilizações
Autor: Jaime Pinsky
Editora: Contexto
Sinopse: O livro narra o fascinante processo civilizatório que 
conduz nossos ancestrais à conquista da fala, da agricultura, da 
escrita, à criação das cidades e dos impérios, à construção de 
templos e palácios, ao controle sobre os rios, à criação da civili-
zação. Pitecantropídeos e Homo sapiens, coletores e agricultores, 
sociedades tribais e grandes impérios, egípcios, mesopotâmicos 
e hebreus são retratados nas páginas deste livro, cujo fascínio 
não decorre apenas dos temas tratados, mas da forma como são 
tratados: o passado não é algo encerrado, mas presente em cada 
um de nós, tanto como herdeiros do patrimônio cultural - do fogo 
ao monoteísmo ético - quanto por sermos personagens da mesma 
aventura humana já trilhada pelos que nos antecederam.
FILME / VÍDEO
Título: O legado das grandes civilizações
Volume I: Os Micênicos; Thera/Santorini; Arábia Antiga
Volume II: Cártago E Os Fenícios; Os Minoanos; Tróia E Pérgamo
Ano: 2011
Sinopse: O Legado das Antigas Civilizações volta no tempo para 
o mundo de seis povos antigos, cujas contribuições à arte, cultura 
e literatura teve um grande efeito sobre a civilização. Estes são os 
minóicos, os micênicos, antigos árabes, fenícios, e os habitantes 
de Thera e Tróia. 
FILME / VÍDEO
Título: Grandes Civilizações da era de Bronze Babilônios - Sumé-
rios - Acádios - Minóicos - Fenícios
Ano: 2021
Sinopse: O vídeo é um documentário das civilizações antigas des-
de a era do bronze, perpassa pela babilônios, sumérios, acádios, 
minoicos e os fenícios.
Grandes Civilizações da era de Bronze Babilônios - Sumérios - 
Acádios - Minóicos - Fenícios
Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=kWSPcu56kPg 
24
Plano de Estudo:
● Evolução dos registros na era medieval;
● Importância histórico cultural da leitura;
● Bibliotecas Medievais.
Objetivos da Aprendizagem:
● Apresentar a evolução e as principais características dos registros na era medieval;
● Compreender a Importância histórico cultural da leitura;
● Conhecer as principais características e funções da Bibliotecas Medievais.
UNIDADE II
Biblioteca na 
Idade Média
Professora Dra. Leociléa Aparecida Vieira 
Professora Ma. Lucilene Aparecida Francisco
25UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 25UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
INTRODUÇÃO
Caros(as) Alunos(as),
Dando continuidade ao nosso percurso na história dos processos registrais, nesta 
unidade você é convidado a conhecer as principais características dos registros na era 
medieval, reconhecendo a importância histórico-cultural atribuída à leitura e à escrita para 
a aprendizagem e a construção do conhecimento. Compreenderemos ainda as principais 
características e funções das bibliotecas medievais, observando o quanto as bibliotecas 
contemporâneas guardam relações com as bibliotecas daquela época. E então, ansiosos 
para conhecer as formas de registros da era medieval para compará-los com as formas que 
temos hoje? Vamos lá iniciar nosso percurso!
Esperamos que esta unidade lhe traga significativas aprendizagens e também lhe 
instigue a conhecer e a pesquisar mais sobre os processos registrais.
Vamos lá! 
Bons estudos!
26UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 26UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
1. EVOLUÇÃO DOS REGISTROS NA ERA MEDIEVAL
Caros(as) Alunos(as),
Antes de iniciarmos nossa trajetória sobre a evolução dos registros na era medieval 
é importante considerar que esse período corresponde a um longo período da história queperdurou do século V ao século XV. Os fatos que marcam seu início e fim são a queda do 
Império Romano do Ocidente, em 476, e a conquista de Constantinopla, capital do Império 
Bizantino, pelos turcos-otomanos, em 1453, respectivamente. Nesse período configura-
ram-se “[...] muitas das relações sociais e de poder, e surgiram os locais do conhecimento, 
especialmente o aparecimento das universidades, e, timidamente, o das bibliotecas univer-
sitárias” (DIÓGENES e CUNHA, 2017, p. 100).
A Idade Média foi um período em que se produziram muitos textos. Parte dessa 
produção deve-se às cópias reproduzidas pelos monges, à criação das universidades e ao 
crescente interesse da burguesia por livros específicos, que antes eram acessados apenas 
por intelectuais e membros da igreja católica. (FEBVRE e MARTIN, 1992). Essa época tam-
bém marca a criação do códice, precursor do livro e substituto do rolo de papiro e pergaminho. 
Apesar da significativa evolução, o período é considerado sombrio, tendo em vistas as perse-
guições a diversas obras, consideradas profanas ou prejudiciais aos interesses dominantes 
da época. Essas perseguições resultaram na destruição de vários exemplares de rolos de 
pergaminhos e códices, seja por meios de conflitos bélicos, guerras entre cidades-estados ou 
incêndios que atingiam em grande medida as bibliotecas (BÁEZ, 2004).
27UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 27UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
Sabemos que desde sua origem, o termo biblioteca designa local ou espaço para 
se armazenar livros, entretanto, nem sempre os materiais armazenados nas bibliotecas, 
estavam no formato de livros. Já foram utilizadas tabuletas de argila, rolos de papiro e 
pergaminhos e os enormes códices dos mosteiros medievais. Esses suportes para a in-
formação variaram de formato de acordo com desenvolvimento tecnológico, científico e 
cultural da humanidade (MORIGI e SOUTO, 2005).
Di Lucio (2005, p. 19) destaca que o livro antigo produzido em rolo ou volume, 
consistia em:
[...] uma longa faixa de papiro ou pergaminho que o leitor segurava com as 
duas mãos durante a leitura. Os textos, manuscritos, eram dispostos horizon-
talmente no rolo e distribuídos em colunas. O leitor desenrolava o texto com 
a mão direita e enrolava as partes lidas com a mão esquerda. Tal suporte 
acarretava diversas limitações para os atos de escrever e de ler. É difícil ima-
ginar um escritor de rolo produzindo seus textos e segurando o rolo de papiro 
ao mesmo tempo. 
A produção de uma obra em rolo de papiro ou pergaminho demandava a atuação de 
dois profissionais: o escritor e o escriba: Ao escritor cabia pensar, refletir, comparar, estudar 
e criar o conteúdo das obras, enquanto o escriba era responsável por copiar manuscritos ou 
textos ditados pelos escritores. Percebemos certa dependência dos autores em relação ao 
escriba, pois aqueles ficavam limitados, restritos e com pouca mobilidade durante o ato de 
escrever, uma vez que o rolo era um suporte textual pouco prático, que demandava que os 
escritores mobilizassem suas duas mãos para segurá-lo. Neste aspecto, o ato de consultar 
e comparar várias obras durante o processo de escrita era uma tarefa árdua e praticamente 
impossível, dada a dificuldade em ler durante a escrita ou fazer anotações durante a leitura. 
Com isso, a escrita e a leitura tornavam-se atos praticados separadamente, sendo funda-
mental a participação do escriba (DI LUCIO, 2005). 
Chartier (1999, p. 24) destaca as limitações e restrições enfrentadas pelo escritor 
da Antiguidade:
[...] um autor não pode escrever ao mesmo tempo em que lê. Ou bem ele lê, e 
suas mãos são mobilizadas para segurar o rolo, e neste caso, ele só pode ditar 
a um escriba suas reflexões, notas, ou aquilo que lhe inspira a leitura. Ou bem 
ele escreve durante sua leitura, mas então ele necessariamente fechou o rolo 
e não lê mais. Imaginar Platão, Aristóteles ou Tito Lívio como autores supõe 
imaginá-los como leitores de rolos que impõem suas próprias limitações.
Diferentemente do rolo de pergaminho ou de papiro, o códice era um veículo de 
escrita composto de folhas dobradas costuradas ao longo de uma aresta. Considerado o 
precursor do livro, o códice foi inicialmente utilizado como suporte para os textos cristãos e 
posteriormente veio a suplantar o papiro também na veiculação de textos literários. Dentre 
as vantagens apresentadas pelo códice destacam-se: “a pilha compacta de folhas podia ser 
aberta na página desejada, dispensava desenrolar e reenrolar o texto, facilitava incorporar 
diversas páginas de uma só vez e permitia escrever de ambos os lados da folha de forma 
mais prática”, o que facilitava a produção de textos longos (CÓDICE, 2021, online). 
28UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 28UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
O códice era formado por folhas de papiro dispostas em cadernos. As folhas 
eram dobradas diversas vezes, configurando o formato do livro. Di Lucio (2005, p. 20) a 
partir das afirmações de Chartier (1999) destaca que a construção do códice se dava da 
seguinte maneira: 
Os cadernos formados a partir das folhas dobradas eram montados, costu-
rados uns aos outros e finalmente encadernados. Tais cadernos substituíram 
progressiva e inelutavelmente os rolos que até então carregavam a cultura 
escrita. O códice, como nova materialidade da escrita, transformou profun-
damente as formas de lidar com o texto. Gestos impensáveis na era do rolo 
tornaram-se hábitos, como escrever enquanto se lê, folhear uma obra, com-
parar duas ou mais obras abertas, localizar trechos a partir da paginação e 
da indexação.
Para a autora, o códice proporcionou maior autonomia e liberdade aos escritores, 
possibilitou o ato de ler e escrever simultaneamente e consultar e comparar diversas obras 
durante esse processo. Isso porque o códice permite ser aberto sobre a mesa, ou segurado 
com apenas uma das mãos enquanto fica livre para escrever ou fazer anotações. Desta 
maneira os escritores de códices poderiam refletir, pensar, comparar e criar suas obras, de 
forma autônoma, livre de interferências de outros profissionais da escrita. 
Assim, o códice significou uma nova e atraente forma de lidar com a palavra 
escrita, uma vez que era de fácil localização e permitia uma manipulação mais agradável 
do texto, além de significar uma redução nos custos da fabricação do documento, pois 
possibilitou a utilização dos dois lados da página, a redução das margens e a reunião 
de um número maior de textos em volumes menores. A transição do rolo para o códice 
representou uma evolução significativa, porém esse processo não ocorreu livre algumas 
perdas, como o desaparecimento de textos, de trechos ou mesmo de documentos impor-
tantes da antiguidade (DI LUCIO, 2005). 
A autora supracitada indica ainda outra evolução importante para o período, o apa-
recimento do ‘livro unitário’, constituído pela presença, no mesmo manuscrito, de obras em 
língua vulgar produzidas por um único autor. Importante lembrar que antes do ‘livro unitário’, 
as obras eram escritas em sua maioria por autoridades canônicas e cristãs em latim, o que 
dificultava muito o acesso às obras literárias pelos leitores que somente dominassem a 
língua vulgar daquele tempo.
Um fato que contribuiu significativamente para a democratizar o acesso às obras 
literárias, foi a invenção da imprensa por Gutenberg. Essa invenção possibilitou a multi-
plicação dos textos a partir da técnica baseada nos tipos móveis e na imprensa. Tal fato 
acelerou significativamente o processo de produção e reprodução de texto e alterou a 
relação dos escritores e dos leitores com a cultura escrita, pois até então só era possível 
29UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 29UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
reproduzir um texto copiando-o à mão. Dessa forma, “a multiplicação de textos aliada à 
redução dos custos de produção possibilitou a penetração da cultura escrita em setores so-
ciais tradicionalmente forado mundo escrito” (DI LUCIO, 2005, p. 22). Entretanto, a cultura 
impressa manteve vários elementos relacionados ao formato e a configuração da cultura 
manuscrita, como por exemplo a distribuição do texto na superfície da página, os elementos 
que permitem a identificação das diferentes partes e assuntos do texto, como a paginação, 
as numerações, os índices e os sumários. 
A cultura impressa fez surgir também novos profissionais da escrita, como os ti-
pógrafos, os impressores, os livreiros, os corretores e os editores. Assim, os escritores 
produziam seus textos individualmente e posteriormente os enviava aos profissionais da 
escrita. Os tipógrafos eram responsáveis pelas escolhas gráficas e ortográficas dos textos, 
os impressores decidiam a composição tipográfica das páginas, já os corretores eram, 
escrivães, graduados, professores e letrados contratados por livrarias e impressores para 
realizar a correção do texto, ficando responsáveis por acrescentar letras maiúsculas, acen-
tos e pontuações aos textos que seriam impressos. Após a passagem pelos tipógrafos, 
impressores e corretores, o livro era encaminhado ao livreiro, responsável pela comer-
cialização do material. Posteriormente um novo profissional passa a integrar o ciclo de 
produção do livro, o editor, responsável pela mediação cultural, por buscar textos, encontrar 
autores e controlar todo o processo de reprodução e distribuição da obra. (DI LUCIO, 2005). 
Para Chartier (2002) a transição do rolo ao códice alterou significativamente também 
as relações dos leitores com os textos lidos, pois a leitura do rolo era contínua, sequencial, 
mobilizando as duas mãos para segurar o rolo. Desse modo, o leitor não tinha a liberdade 
para transportar o rolo ou lidar com o texto. A leitura também se dava predominantemente 
em voz alta, ou seja, o leitor lia para si e para os outros, buscando comunicar o conteúdo 
do texto para quem não conseguia decifrá-lo. Vale lembrar que na antiguidade o ato da 
leitura associava texto, voz, declamação, escuta e compreensão. Dessa forma, o códice 
favoreceu o surgimento da prática da leitura silenciosa, comum entre leitores letrados, de-
vido a possibilidade de ler uma quantidade maior de textos, mais rapidamente. Entretanto, 
a leitura em voz alta ainda perdurou como prática frequente, uma forma de sociabilidade 
familiar, erudita, mundana ou pública, conforme destaca Di Lucio (2005). 
O mesmo autor destaca que o códice possibilitou a leitura fragmentada, mas com 
percepção da totalidade da obra, visualizada pela sua própria materialidade, ou suporte, 
o texto passou a correr verticalmente e o leitor tornou-se mais livre e participativo com a 
possibilidade de colocar o códice diante de si sobre uma mesa ou segurando-o, transpor-
tando-o e fazendo anotações, ou seja, o com o códice o leitor passou a ter maior liberdade 
e mobilidade durante a leitura. 
30UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 30UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
Liberdade essa que se acentuou significativamente com a invenção da imprensa 
por Gutemberg quando os leitores puderam desenvolver comportamentos mais variados e 
livres. Desse modo, os novos suportes textuais trouxeram não somente novas atitudes em 
relação à leitura, como também, novas formas de compreender uma obra literária, pois “um 
novo suporte implica uma nova forma de interpretar um texto, a partir de uma nova forma 
de leitura” (DI LUCIO, 2005, p. 27). 
SAIBA MAIS
Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, ou simplesmente Johannes Gu-
tenberg nasceu por volta de 1398, foi um inventor, gravador e gráfico do Sacro Império 
Romano-Germânico. É o desenvolvedor do sistema mecânico de tipos móveis que deu 
início à Revolução da Imprensa, um dos inventos mais importantes do segundo milênio. 
Contribuiu significativamente para o desenvolvimento da Renascença, para a Revolu-
ção Científica e para o fortalecimento da economia moderna baseada no conhecimento 
e na disseminação em massa da aprendizagem.
Sua invenção permitiu a produção em massa de livros impressos economicamente ren-
táveis para gráficas e leitores. Seu método marcou o aperfeiçoamento nos manuscritos, 
revolucionando o modo de fazer livros na Europa. Sua obra maior, a Bíblia de Gutenberg, 
foi aclamada pela sua alta estética e qualidade técnica.
Fonte: JOHANNES GUTENBERG. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 
2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Johannes_Gutenberg&oldid=58938153. 
Acesso em: 02 ago. 2020.
Quanto à interação entre escritor e leitor, Chartier (1999) destaca que esta era qua-
se inexistente, uma vez que tanto rolo de papiro quanto o códice restringia, sobremaneira, 
o uso, intervenção e manuseio do texto. Para o autor, o leitor até poderia interagir com o 
texto, mas essa interação se dava de forma parcial, limitada e quase clandestina. Quando 
ocorria, se dava apenas nos espaços em branco deixados no texto, como margens, folhas 
em branco ou contracapa. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inven%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gravura
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A1fica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sacro_Imp%C3%A9rio_Romano-Germ%C3%A2nico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sacro_Imp%C3%A9rio_Romano-Germ%C3%A2nico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imprensa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Renascen%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Cient%C3%ADfica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Cient%C3%ADfica
31UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 31UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
É mister considerar que além da transição de formato, rolo - códice, verifica-se 
nesse período uma evolução no próprio suporte dos registros do conhecimento, passando 
do papiro, considerado frágil para pergaminho e posteriormente para papel. 
De acordo com Vieira (2010, p. 01) O papiro foi criado pelos egípcios, a partir da:
[...] parte interna, branca e esponjosa do caule do papiro –que é uma planta 
da família das ciperáceas - cortado em finas tiras que eram molhadas, 
sobrepostas e cruzadas para serem prensadas. Tem por data de sur-
gimento por volta de 2500 a.C. Este tipo de material é frágil, porém muitos 
documentos que o utilizaram como suporte chegaram até os dias atuais. 
FIGURA 1 - PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO PAPIRO
Fonte: Vieira, 2010, p. 1. 
Os pergaminhos eram mais resistentes. Fabricados a partir de peles de animais 
por meio de um longo e lento processo de fabricação, o que tornava esse artefato escasso 
e de alto custo. Desse modo, “[...] para obtenção dele, alguns mosteiros fabricavam seus 
próprios pergaminhos que eram feitos pelos monges ou pessoas que moravam perto dos 
monastérios (ALVES e SALCEDO, 2017, p. 505). 
Já o papel foi criado por volta do ano 105 a.C pelos chineses, com nome original é 
“papyrus”, fabricado a princípio como um papel de seda próprio para pintura e para a escri-
ta, a partir de um processo de polpação de redes de pesca e de trapos e mais tarde com 
o uso de vegetais. Apesar de ter sido desenvolvida bem antes, esta técnica chinesa ficou 
guardada por séculos, somente a partir de 751 d.C. passou a ser difundida e desenvolvida 
por outros povos, porém ainda por meio de um processo manual (VIEIRA, 2010). 
32UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 32UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
A autora supracitada destaca que com o passar do tempo e a difusão de sua técni-
ca entre as diferentes civilizações, o papel tornou-se o principal suporte para o registro de 
informações e meios de comunicação entre duas ou mais partes. Ao longo dos séculos sua 
produção e demanda foram superdimensionadas tanto pelo aumento da população quanto 
pelo desenvolvimento da imprensa e a aceleração da produção e reprodução de documentos. 
É importante considerar que cada suporte tem suas características, suas espe-
cificidades e funcionalidades que certamente influenciam tanto no comportamentodo 
escritor quanto do leitor.
É imponderável considerar também que concomitantemente à transição de forma-
to, de rolo para códice, houveram mudanças em relação à matéria prima utilizada para a 
fabricação dos diferentes suportes, que transitou entre o barro ou argila, fibras, peles e 
ossos de animais e celulose (retirada da madeira). Essas mudanças ampliaram signifi-
cativamente a capacidade de produção desses suportes, que por sua vez subsidiaram a 
crescente produção de diferentes obras do período. 
REFLITA
Vocês já perceberam o quanto os suportes dos registros de informação evoluíram? Ve-
jam, o homem iniciou seus registros com as artes rupestres realizadas nas cavernas das 
antigas civilizações, depois evoluiu para os rolos papiro e pergaminho, códice e o livro. E 
quanto aos suportes da informação em meio eletrônico, já imaginaram o quanto evoluí-
mos? Passamos pelos cartões perfurados, microfilmes, disquetes, cds, dvds, pendrives 
e hoje temos os suportes remotos, ou armazenagens em nuvens. Percebam o quanto 
essa evolução esteve atrelada ao desenvolvimento social, científico e tecnológico da 
humanidade e o quanto cada transição significou para a aceleração dos processos de 
registros e processamento da informação. 
Fonte: As autoras (2021).
Finalizamos este item ressaltando que o papel se difundiu sobremaneira entre dife-
rentes sociedades e ainda tem significativa presença entre os suportes para os processos 
registrais, mesmo com toda tecnologia desenvolvida para virtualização e digitalização da 
informação e da comunicação. Vieira (2010) destaca que na atualidade o papel continua 
sendo muito utilizado, porque o acesso ao seu conteúdo não depende da existência de uma 
máquina para decodificar e processar o conteúdo do documento.
33UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 33UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
2. IMPORTÂNCIA HISTÓRICO CULTURAL DA LEITURA
Caros(as) Alunos(as),
Neste tópico veremos o quanto a habilidade de leitura, desde as sociedades antigas 
e medievais, contribuiu para o desenvolvimento da humanidade por meio da socialização e 
disseminação do conhecimento. 
Como vimos na antiguidade e na idade medieval, a leitura esteve restrita a poucos. 
Era símbolo do poder e do status de quem a praticava. Somente ao final da idade média e 
início da renascença com o crescimento das universidades e das bibliotecas universitárias é 
que essa prática se ampliou a um maior número de pessoas, porém ainda longe de ser de-
mocratizada, considerando a parcela mínima da população que tinha acesso à alfabetização. 
Mas afinal, o que podemos entender como leitura? Vejamos o que nos dizem alguns 
autores sobre este importante conceito. Martins (2006, p. 24) enfatiza que:
Se o conceito de leitura está geralmente restrito à decifração da escrita, sua 
aprendizagem, no entanto, liga-se por tradição ao processo de formação glo-
bal do indivíduo, à sua capacitação para o convívio e atuações sociais, políti-
ca, econômica e cultural. Saber ler e escrever para os gregos e romanos, sig-
nificava possuir as bases de uma educação adequada para vida, educação 
essa que visava não só ao desenvolvimento das capacidades intelectuais e 
espirituais, como das aptidões físicas, possibilitando ao cidadão integrar-se 
efetivamente à sociedade, no caso à classe dos senhores, dos homens livres. 
34UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 34UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
A autora supracitada complementa apontando que se na idade medieval o apren-
dizado da leitura era baseado em disciplinas rígidas e métodos analíticos de decorar o 
alfabeto, soletrá-lo e depois decodificar palavras, frases e textos, hoje ainda prevalece a 
prática formalista e mecânica que faz do ato de leitura uma simples decodificação de signos 
linguísticos, embora se busque empregar métodos sofisticados e desalienantes, sem a 
compreensão do porquê, como e para quê dessa prática, o que impossibilita a apreensão 
de sua verdadeira função e papel na vida do indivíduo e da sociedade. 
Numa perspectiva crítica, Freire (1989, p. 09) ressalta que a compreensão do ato de ler: 
[...] não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem 
escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura 
do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não 
possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade 
se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por 
sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.
A partir dessa concepção, Britto (2006) compreende a leitura como um ato político 
que engloba um conjunto de valores dispersos no seio da sociedade. Para o autor, “ler é uma 
ação intelectiva, através da qual os sujeitos, em função de suas experiências, conhecimentos 
e valores prévios, processam a informação codificada em textos escritos” (BRITTO, 2006, p. 
84). Essa compreensão atribui à leitura o status de instrumento de transformação social. 
Complementando, Cosson (2014, p. 36) destaca que:
[...] ler consiste em produzir sentidos por meio de um diálogo, um diálogo 
que travamos com o passado enquanto experiência do outro, experiência 
que compartilhamos e pela qual nos inserimos em determinada comunidade 
de leitores. Entendida dessa forma, a leitura é uma competência individual e 
social, um processo de produção de sentidos que envolve quatro elementos: 
o leitor, o autor, o texto e o contexto. 
Assim, a leitura pode ser considerada como “um processo de compreensão de ex-
pressões formais e simbólicas, não importando por meio de que linguagem”. Desse modo, o 
ato de ler refere-se tanto ao que está escrito quanto a outras expressões do fazer humano, 
o que o torna um acontecimento histórico que relaciona o leitor ao que é lido (MARTINS, 
2006, p. 30, grifos do autor). 
A autora supracitada, considera que a noção de leitura ainda está condicionada à 
perspectiva de cultura letrada, à relação leitura - escrita, e alerta para a necessidade de 
ultrapassar essa delimitação que impede de se incluir no processo de leitura uma série de 
aspectos evidenciados pela realidade, além de elitizar este ato, reforçando-o como privilé-
gio. A mesma autora aponta que as concepções vigentes de leitura podem ser sintetizadas 
em duas categorias:
35UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 35UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
1) como uma decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio do 
aprendizado estabelecido a partir do condicionamento estímulo-resposta [...];
2) como um processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve 
componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, 
bem como culturais, econômicos e políticos [...]. (MARTINS, 2006, p. 31). 
É importante considerar que não se trata de compreender a leitura de uma ou 
de outra forma, “ambas são necessárias, pois decodificar sem compreender é inútil; com-
preender sem decodificar, impossível” (MARTINS, 2006, p. 32). Nesta perspectiva, o leitor 
assume o ativo papel de além de decifrar os sinais, dar sentido a eles e compreendê-los. 
A mesma autora traz ainda uma concepção ampliada de texto, concebendo-o além do que 
é escrito, englobando múltiplas outras linguagens, como a imagem, o sonoro, o gesto, o 
acontecimento e o próprio mundo. 
Como podemos perceber, a leitura está presente em nosso cotidiano, desde o mo-
mento em que começamos a compreender o mundo à nossa volta. Por isso torna-se crucial 
para a aprendizagem, para se ampliar o vocabulário, torna-se um profissional mais capaci-
tado, desenvolver o olhar crítico, dominar a escrita, dinamizar o raciocínio e a interpretação. 
Torna-se, por isso, uma habilidade fundamental para que o indivíduo possa compreender a 
realidade e os aspectos que a compõem (SILVA e AGUIAR, 2013).
Finalizamos nosso tópico, enfatizando que desde as antigas civilizações, a “leitu-
ra constitui-se comobase essencial ao conhecimento, [...] sendo também imprescindível 
para a formação cultural e aprimoramento social do homem”, conforme apontam Gomes et 
al. (2013, p. 01). Os mesmos autores destacam que o bibliotecário, enquanto profissional 
deve atuar em prol da cultura, educação e formação do senso crítico, assumindo, além de 
suas atividades técnicas, a função de mediador e/ou multiplicador de informações, envol-
vendo-se na criação de atividades socioculturais de promoção da leitura, disseminação e 
apropriação da informação. 
36UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 36UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
REFLITA
Neste tópico vimos a importância da leitura para produção e socialização do conheci-
mento, para formação cultural e aprimoramento social do homem. Sabemos que o Brasil 
de modo geral tem apresentado baixa estatística de leitura anualmente, diante desse 
contexto, como você acredita que o bibliotecário possa contribuir para mudar essa rea-
lidade? Quais ações podem ser empreendidas?
Fonte: As autoras (2021).
37UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 37UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
3. BIBLIOTECAS MEDIEVAIS 
Caros(as) Alunos(as),
Neste item conheceremos as principais características das bibliotecas medievais, 
já vimos que na antiguidade as bibliotecas eram vistas apenas como depósitos de livros, 
restrito a poucos. E não como um espaço de disseminação e socialização do conheci-
mento, da cultura e da memória. Essa visão moderna de biblioteca é resultado de uma 
evolução histórica, atrelada ao próprio desenvolvimento da sociedade e ao reconhecimento 
dos direitos humanos e da cidadania. 
Na antiguidade, as bibliotecas se preocupavam apenas em armazenar a maior 
quantidade de rolos de papiro e, posteriormente, pergaminho atribuindo status e poder aos 
seus imperadores nas regiões onde se encontravam. Estas bibliotecas reuniam escritos de 
intelectuais gregos, romanos e egípcios, porém com sistemas precários de recuperação e 
acesso. A biblioteca de Alexandria é um exemplo das bibliotecas desses períodos continham 
milhares de volumes (MARTINS, 2001).
Já na Idade Média, a igreja tornou-se o centro da vida social e econômica. A socie-
dade estava dividida em três grupos: a) o clero que detinha o monopólio do conhecimento; 
b) a nobreza e os militares que sofriam preconceito quanto ao gosto pela leitura; c) a plebe 
que não tinha interesse por esta. Desse modo, mesmo a escrita tendo sido desenvolvida 
na pré-história, a tradição oral prevalecia na sociedade medieval e as bibliotecas ficavam 
restritas ao clero, e com difícil acesso, a alfabetização escrita era um privilégio apenas da 
população culta e dos clericais (MCGARRY, 1999). 
38UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 38UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
Na Idade Medieval os suportes de informação passaram por modificações. Como 
vimos, os rolos de pergaminho foram substituídos por folhas que eram costuradas em sua 
margem, formando o códice, suporte parecido com o livro. As bibliotecas encontravam-se 
dentro dos mosteiros e o acesso ao material era restrito aos pertencentes às ordens religio-
sas ou pessoas que fossem aceitas por estas. A consulta às obras eram rigorosamente con-
troladas, pois algumas delas eram consideradas de natureza profana. Importante lembrar 
que o trabalho dos escribas que se ocupavam com a transcrição de manuscritos clássicos 
era igualmente controlado (MORIGI e SOUTO, 2005).
No Oriente Próximo, região da Ásia próxima ao mar Mediterrâneo, as bibliotecas 
monásticas eram chamadas de bibliotecas bizantinas, também mantidas por monges, 
porém com um controle menos rígido, o que causava de acordo com Martins (2001) uma 
maior e mais fácil contaminação profana. Nesse período também existiam algumas biblio-
tecas particulares mantidas por imperadores. Parte dessas bibliotecas eram curiosamente 
carregadas em viagens como parte da bagagem (MARTINS, 2001).
No período medieval surgiram também as bibliotecas universitárias, ainda liga-
das às ordens religiosas, mas com conteúdo ampliado para além da religiosidade. Estas 
bibliotecas começam a se aproximar do conceito atual de biblioteca como espaço de 
acesso e disseminação democrática de informação. À medida que aumentava o número 
de estudantes universitários, crescia também a produção intelectual. Os livros ainda ma-
nuscritos, eram de difícil reprodução para o estudo. Com a decadência da idade média 
e o surgimento do Renascimento, difundiu-se na Europa a tecnologia dos tipos móveis, 
criada por Gutenberg, conferiu maior acessibilidade aos livros, já em papel e impresso. 
Tal tecnologia configurou-se como um “estímulo ao conhecimento das letras e à absor-
ção de conhecimento.” (MILANESI, 2002, p. 25). Dessa forma, à medida em que se lia, 
mais se produzia conhecimento e se ampliavam as possibilidades de novos estudos. Um 
exemplo de biblioteca universitária com origens nas ordens eclesiásticas, é a biblioteca 
da Universidade Sorbonne de Paris (MORIGI e SOUTO, 2005).
Cabe ressaltar, portanto, de acordo com os autores supracitados, que os livros 
dessas bibliotecas permaneciam presos a correntes fixadas em sua encadernação, longas 
o suficiente para permitir o seu transporte até a sala de leitura. Esse fato retrata o caráter 
ainda sagrado da biblioteca, com tradições que limitavam o acesso pelos leitores.
Com o passar dos tempos e o avançar da renascença e da ciência começa-se 
a desmistificar as posições impostas pela Igreja e a direcionar as preocupações ao ser 
humano, considerando suas dimensões e necessidades. Muda-se, portanto, a concepção 
39UNIDADE I Noções Históricas Sobre Registro 39UNIDADE II Biblioteca na Idade Média
de vida do teocentrismo para o antropocentrismo, impulsionados pelo crescimento demo-
gráfico e a difusão da escrita e do papel. Com isso, a biblioteca universitária passa a ter 
mais espaço, autenticidade e autonomia nas suas ações de democratização da informação 
(MORIGI e SOUTO, 2005, p. 02).
Santos (2012) apoiado na obra de Martins (2001), destaca três tipos de biblio-
tecas características da Idade Média: a) as bibliotecas monacais, desenvolvidas dentro 
dos mosteiros e abadias; b) as bibliotecas particulares, pertencentes, em sua maioria, aos 
imperadores da época e c) as bibliotecas universitárias, que se estabelecem na transição 
entre a idade média e o Renascimento. Nesse período, “as bibliotecas não tinham um cará-
ter público e serviam apenas como um depósito, sendo mais um local em que se escondiam 
os livros do que um lugar para preservá-los e difundi-los”, uma vez que esses ficavam em 
armários embutidos na parede e havia um grande medo de roubos de obras preciosas 
(SANTOS, 2012, p. 176). 
A Idade Média também foi um período em que o livro foi alvo de perseguição e 
censura, fato que levou algumas bibliotecas a terem seus acervos parcial ou totalmente 
destruídos por conflitos ideológicos, incêndios, terremotos e inundações. Baéz (2004) 
relaciona uma série de bibliotecas da época que foram destruídas total ou parcialmente, 
por ataques diversos devido ao fato de seus acervos conterem conteúdos prejudiciais 
aos interesses dos donos de terras, detentores do poder político na época. Ou ainda 
pela proibição da igreja, ao acesso a determinados livros, cujo conteúdo era considera-
do imoral. Desse modo:
A perseguição a certos livros foi um dos capítulos mais infames da histó-
ria. Enumero a seguir alguns dos incidentes mais conhecidos. A rebelião 
dos camponeses em 1381, na Inglaterra, caracterizou-se por uma obsessão 
doentia contra livros e documentos. Os rebeldes não eram ingênuos: procu-
ravam livros ou textos que contivessem frases prejudiciais aos interesses dos 
donos das terras. Confiscados os livros, destruíam-nos. (BAÉZ, 2004, p. 114).
O Quadro 1 abaixo, relaciona uma série de bibliotecas destruídas na época.
QUADRO 1 - BIBLIOTECAS DESTRUÍDAS NO PERÍODO MEDIEVAL
Biblioteca Perda
Biblioteca de Monte Cassiano

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