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Direito Constitucional II – Organização do Estado 
 
Aula 1 - Federalismo e Repartição de Competências 
 
 Estado e seus elementos 
O Estado é composto por três elementos fundamentais: 
 Dimensão pessoal: povo 
 Dimensão geográfica: território 
 Dimensão jurídico-politica: poder 
*Para Dalmo Dallari, também há o elemento da finalidade. 
Para Kelsen, o Estado é uma realidade social e política que se configura juridicamente. 
Os vínculos jurídicos pessoais e territoriais são definidos constitucionalmente 
(nacionalidade, mar territorial, etc.). O poder é exercido por meio de instituições – órgãos 
com autonomia constitucional que definem a estrutura do Estado. Fins do Estado também 
estão presentes na Constituição (principalmente na CF 1988, que é muito finalística). 
 
 Poder 
Todas as instituições sociais desempenham algum poder. Porém, o Estado tem um tipo 
de poder diferenciado: a soberania. A soberania é um qualificativo do poder estatal. 
Do ponto de vista externo, a soberania é a independência de um Estado em relação às 
demais nações – não se submete a outras nações, a não ser de forma voluntária, por meio 
de tratados internacionais. Na maioria das vezes, o Estado só se vincula à comunidade 
internacional voluntariamente. 
Do ponto de vista interno, representa o poder do Estado de lidar com as demais 
entidades que atuam dentro dele. A CF não é uma lei federal (da União), e sim uma lei 
do Estado brasileiro como um todo. Ela é o símbolo da soberania estatal, é o ato normativo 
máximo na pirâmide jurídica (nenhum ato normativo pode contrariá-la). Dessa forma, a 
soberania interna se exprime na existência da CF e do órgão guardião de seu 
cumprimento, que é o STF. As emendas constitucionais são um reflexo da soberania 
estatal, mas não a constituem, pois decorrem de um poder constituinte derivado, que não 
é insubordinado nem ilimitado. A soberania é ilimitada e insubordinada. 
Discussão: teria sentido continuar se falando em soberania estatal, em um mundo 
globalizado, diante das tantas vinculações que o direito internacional impõe aos Estados? 
Resposta do Elival: não há uma entidade soberana em nível internacional. Todas as 
entidades internacionais são desprovidas de soberania – soberanos são os Estados que as 
constituem. Dependem sempre de receber uma delegação de competência estatal. Logo, 
mesmo na esfera internacional os Estados continuam dotados de soberania, ainda que ela 
esteja sendo relativizada. 
 Como o direito internacional se relaciona com o nacional? 
Para Kelsen, só há uma ordem jurídica (monismo). Já o Elival segue um dualismo: existe 
a ordem jurídica internacional e as nacionais, e elas têm pontos de contato. 
A ordem jurídica internacional tem suas instituições e fontes de direito, e as ordens 
nacionais também tem suas próprias; porém, as normas internacionais penetram na ordem 
jurídica nacional, e algumas condutas internas tem reflexo na ordem internacional. 
Tratados internacionais: incorporados pelo direito interno 
 Celebração: regida pelo direito internacional e pelo constitucional; 
 Status: qual seu posicionamento normativo. No caso do direito brasileiro, estão 
em nível infraconstitucional, mas os tratados sobre direitos humanos estão em 
status constitucional (desde que ratificados pelo congresso em status de emenda). 
 Forma de incorporação 
Aso normas internacionais penetram o direito nacional nos termos em que este permite. 
A Constituição não deixa de ser soberana em razão do direito internacional; é ela que 
regula a forma de ingresso dele no direito interno. 
 
 Federalismo e forma de Estado 
 
 Centralização e descentralização: 
Todos os Estados tem algum grau de descentralização, mesmo que apenas administrativa. 
Descentralização administrativa: as entidades constituem outras pessoas jurídicas para 
ajuda-las a administrar seus interesses. Criam autarquias, empresas públicas, sociedades 
de economia mista e fundações (administração indireta ou descentralizada). A 
descentralização política, porém, nem sempre existe. 
Já a descentralização política é um tema eminentemente constitucional, envolve 
competência normativa, descentralização do poder de legislar. Em um Estado 
descentralizado, há normas jurídicas sendo criadas por várias esferas. 
 
 Tipos de Estado: são aproximações, e entre eles há pontos de contato. Os 
principais extremos são o Estado unitário e o Estado federal, e entre esses dois 
há vários pontos intermediários de nível de estabilidade de descentralização. 
 
 Estado unitário: ainda que haja descentralização administrativa, há 
centralização política. Só há um centro de produção do direito. Ex: França – só 
a Assembleia Nacional junto com o Senado (Parlamento) produz direito. Há atos 
administrativos, abaixo dos atos legislativos, que são produzidos 
descentralizadamente. 
 
 Estado unitário politicamente descentralizado: descentralização política 
instável, pois fica às preferências do poder central. Se o poder legislativo central 
decidisse criar entidades ou dotar entidades já existentes de competência 
legislativa, esse mesmo parlamento poderia suprimir a qualquer momento essa 
delegação. 
 
 Estado federal: federação; Estado politicamente descentralizado. 
Descentralização de nível constitucional. Quem descentraliza não é o poder 
legislativo, mas o poder constituinte originário. No Brasil, a adoção do modelo 
federal veio com a proclamação da República na CF de 1891, e é uma cláusula 
pétrea até hoje (princípio federativo). Ex: Brasil, EUA, Alemanha. 
 
 Estado regional: estado politicamente descentralizado com descentralização de 
nível constitucional – porém não como cláusula pétrea (nível menos de 
estabilidade). Poder constituinte derivado pode alterar a descentralização. Ex: 
Espanha e Itália. 
 
 
 
No Estado federal, existe um poder de auto-organização das entidades federadas. 
Elaboram suas próprias constituições. No Brasil, estados e municípios possuem suas 
constituições próprias. Já no Estado regional, as regiões não têm esse poder constituinte 
derivado de criar suas próprias estruturas organizativas – essa organização (estatuto 
regional) está na CF ou é feita por meio de lei nacional do parlamento. 
 
No Estado federal, existe a participação dos estados-membros da federação no poder 
legislativo central. No Brasil, isso se dá no Senado. A CF declara que o Senado é um 
órgão de representação dos estados. Porém, na prática, representam mais os partidos do 
que os estados. Já no Estado regional essa participação não existe. 
 
No Estado regional, há assimetria de competências entre as regiões. Já no Estado 
federal, as competências são distribuídas de forma uniforme para uma mesma categoria 
de entidade federal (ex: competências iguais para todos os estados). 
 
 
 
 
 Repartição de competências no Estado federal: 
 
Organização do exercício da competência legislativa. No caso brasileiro, tanto a 
organização das competências legislativas quanto a das competências administrativas 
estão na CF. 
 
 Critérios de repartição de competências: 
 
 Horizontal: identifica as diversas matérias (direito penal, administrativo, 
tributário, etc.) e as distribui em competência da União, dos estados, dos 
municípios, etc. São competências privativas para legislar sobre determinados 
assuntos. 
 Vertical: colaboração maior entre os entes federativos. Uma mesma matéria é 
competência legislativa de diversos entes federativos. Ex: normas gerais de direito 
tributário são editadas pela União, mas normas complementares – de aspecto mais 
específico sobre cada tributo - são descentralizadas (alguns tributos são da União, 
outros dos estados e outros dos municípios). Favorece a cooperação, mas também 
cria uma complexidade muito maior, possibilitando maiores conflitos de 
competência. 
 
 Repartição de rendas: 
 
Tema de direito tributário/financeiro, mas que é tratado na CF. No Estado federal há a 
autonomia das partes que o compõem. 
 Soberania: referente(comanda a máquina 
administrativa e suas funções). 
 
Problema: chefia de governo e de Estado são funções distintas e 
incompatíveis – só são compatíveis se a função de governo não tiver 
importância tão decisiva - em um Estado liberal, as funções de governo 
são apenas de segurança interna e externa (e pouquíssimas outras). Já 
no Estado intervencionista, é maior essa importância. 
 
A função de chefe de Estado exige um certo consenso, ao contrário do 
chefe de governo, que pode gerar discordâncias. “Chefe de Estado é 
pra ser aplaudido, e chefe de governo é pra ser vaiado”. Como são 
funções muito diversas (procurar consenso, conciliar, unir o país x 
tomar decisões), é complicado uma pessoa só ser os dois (presidente), 
principalmente em um Estado intervencionista. 
 
 Sistema de separação rígido entre os Poderes: compartilhamento de 
funções muito mais reduzido. Ex: exercício de função legislativa pelo 
executivo (poder de veto); função administrativa existindo em todos 
os Poderes. Porém, esses exercícios não são intensos – raramente há 
um compartilhamento de funções típicas. 
 
Para a formação do parlamento e do executivo há total independência. 
O voto para legislativo não tem nada a ver com o para executivo, as 
eleições são distintas. 
 
O Parlamento não interfere no executivo, os dois podem funcionar 
sem pedir autorização um para o outro, fazem decisões internas. Além 
disso, um não pode interromper o mandato do outro (impeachment não 
é decisão política, é de natureza jurídica – pressupõe cometimento de 
irregularidade; não serve para retirar do poder maus governantes). 
 
O uso equivocado do impeachment para abreviar maus governos 
demonstra que sentimos falta de um instrumento como a 
responsabilidade política do parlamentarismo. 
 
 Características políticas: 
 
 Acentua o traço personalista do exercício do poder (isso também é 
acentuado pela forma de propaganda de hoje – imagens, mexe com 
emoções). Há um grande fanatismo em torno da figura do presidente. 
 
Relação muito forte entre sistema de governo e sistema partidário: o 
presidente não detém poderes tão absolutos, pois depende dos partidos 
para aprovar reformas, por exemplo. 
 
 Sistema parlamentarista: 
Surgiu da história constitucional da Inglaterra, e foi formado em um processo de quase 
um século. 
Monarca escolhe, para coordenar relacionamento com o Parlamento, um líder do governo 
(ministro) para atuar em nome do governo, como um representante do rei. Esse ministro 
passou a exercer maior autonomia. 
Processo de impeachment foi substituído, ao longo da história, pelo instituto da 
responsabilidade política, que faz com que o gabinete de ministros precise ter a 
confiança parlamentar. 
Parlamentarismo dualista – existência de dupla confiança: gabinete de ministros 
responde perante o monarca e perante o parlamento, precisa ter a confiança de ambos. 
Evolui para o que existe hoje, o parlamentarismo monista: apenas a confiança 
parlamentar. Primeiro ministro não é eleito, decorre da maioria parlamentar (líder do 
partido majoritário). 
 Características jurídicas: 
 
 Executivo dual: um chefe de Estado (monarca ou presidente da 
república) e um chefe de governo (primeiro ministro/chanceler, que 
exerce as funções de governo e comanda a administração). 
 
Atual CF francesa: art. 5º “O presidente da república zela pelo respeito à 
Constituição. Ele assegura através de sua arbitragem o funcionamento 
regular dos poderes públicos bem como a continuidade do Estado” – 
funções típicas de um chefe de Estado. Além disso, funções de política 
externa. 
 
Atual CF francesa: art. 20 “O governo determina e conduz a política da 
nação” – chefe de administração e fixa políticas públicas. 
 
Havendo essa distinção, o chefe de Estado consegue fazer a suprema 
inspeção da nação, pois goza do respeito de todos. 
 
 Flexibilidade no compartilhamento de funções – no parlamentarismo, o 
primeiro ministro exercer funções legislativas é algo que ocorre a todo 
momento, pois é um líder parlamentar. 
 
 Composição do parlamento não é fixa, pois o chefe de Estado pode 
dissolver o parlamento quando houver crise institucional (antecipar 
eleições parlamentares). Primeiro ministro pode solicitar ao chefe de 
Estado que o faça, pois deseja uma maioria mais sólida para aprovar suas 
decisões. 
 
 Responsabilidade política: a qualquer momento pode ser votado que 
cesse o mandato do primeiro ministro. Seu mandato depende sempre do 
parlamento. 
 
 Críticas ao parlamentarismo: 
 
 É um sistema instável para se conviver com um parlamento atomizado: na 
realidade, nenhum sistema funciona com um parlamento tão atomizado 
quanto o brasileiro. 
Brasil teve um histórico de parlamentarismo no II reinado principalmente. A CF não 
previa, mas na prática foi assim. Porém, era um parlamentarismo às avessas, pois era o 
governo quem fazia a maioria parlamentar e não o contrário. A república extinguiu esse 
modelo. Já pouco antes do golpe de 1964 houve novamente uma tentativa de 
parlamentarismo. 
O plebiscito de 1988 veio em um contexto de CF recentemente promulgada, presidentes 
conspirando contra o parlamentarismo pois entendem que diminuiria seus poderes – não 
houve boas condições para discutir a matéria, que nem sequer foi bem discutida. 
Para implementar o parlamentarismo, seria necessário ir fazendo reformas aos poucos. 
Ao longo do séc. XIX firmou-se o presidencialismo nos EUA e o parlamentarismo 
monárquico na Europa (incialmente dualista, e posteriormente monista). 
O final do séc. XIX/inicio do séc. XX assiste à uma crise do parlamentarismo: 
 Fatores: quebra da hegemonia liberal, surgindo partidos com outras visões 
trazendo ideias de políticas públicas. Não havia muita preocupação com o sistema 
partidário, o que gerou uma proliferação de partidos sem planejamento sistêmico, 
causando uma sucessão de governos parlamentaristas instáveis. 
Houve então o fenômeno de racionalização do poder – racionalização do parlamentarismo 
europeu com técnicas envolvendo o sistema eleitoral, o sistema partidário, a justiça 
constitucional, etc, estruturando o parlamentarismo de origem histórica de maneira 
racional. 
Moção/voto de desconfiança construtiva: proposta parlamentar apresentada para retirar 
um governo do poder – mas, para isso, é preciso já indicar outro governo imediatamente. 
Além disso, há um período de carência entre um voto de desconfiança e outro. Se for 
rejeitada, precisa esperar o período para propor outra, e com isso o governo também ganha 
tempo para se reestruturar. 
Durou pouco pois o totalitarismo se espalhou pela Europa (ditaduras), por fatores que não 
eram jurídicos, além das guerras mundiais. Isso causou um atraso no processo 
democrático. 
Na segunda metade do séc. XX, o direito constitucional passou a ser mais valorizado, 
para impedir os problemas que já haviam ocorrido. 
A Lei Fundamental de Bonn (Alemanha, 1949) adota um modelo parlamentarista 
(monista). O mesmo ocorre na Itália. 
Já o sistema francês traz uma novidade (importante pois se discute como algo 
implementável no Brasil de hoje): sistema misto 
(semipresidencialismo/semiparlamentarismo). 
 Sistema misto: 
Normalmente é republicano, pois hoje não há mais espaço para uma monarquia 
presidencialista (com o monarca, que não é eleito, exercendo funções de chefe de 
governo). 
Eleição direta do presidente da república (característica do presidencialismo) e divisão 
chefe de governo e chefe de Estado (característica do parlamentarismo). 
Na França e em Portugal há um parlamentarismo dualista, com um presidente (chefe de 
Estado) e um primeiro ministro (chefe de governo). Há um nível de ação e interferência 
do chefe de Estado maior do que por exemplo na Inglaterra – o presidente não é apenas 
decorativo. 
O moderno papel do parlamento é de controle político, e para isso precisa de instrumentos 
de responsabilidade política (voto de desconfiança), para eventualmente afastar o 
gabinete. 
Alémdisso, é necessária uma justiça constitucional forte para fazer o controle jurídico do 
governo - especialmente da legislação governamental – por meio do controle de 
constitucionalidade pela Corte Constitucional. 
 
Esse modelo seria interessante para o Brasil pois: 
 Preservaria a eleição para presidente da república. Esse presidente teria 
essencialmente poderes ligados à chefia de Estado, com atuação mais forte por ser 
eleito diretamente. 
 Haveria um parlamento bem organizado com número de partidos limitado, que 
exerceria um controle político sobre o governo. 
 Haveria um governo que decorreria da maioria parlamentar e se sujeitaria a ser 
interrompido, ou a durar muito mais tempo dependendo do que ocorresse nas 
eleições parlamentares. 
 Haveria uma autêntica corte constitucional de modelagem europeia, exercendo 
monopólio do controle de constitucionalidade, e fazendo apenas esse controle 
(não sendo um tribunal recursal como é hoje). 
Elival acredita que esse modelo não seria um sistema misto, mas sim um parlamentarismo 
dual, pois não é a eleição direta do presidente que caracteriza o presidencialismo. 
 
Aula 7 – Poder Legislativo: organização, garantias e competências 
 
 Competências do Poder Legislativo: 
Existe uma especialização funcional ligada à separação dos Poderes. Porém, não há 
um rigor absoluto nessa divisão de atribuições – há um exercício de atribuições 
atípicas. 
Legislar: ponto de vista material e formal 
 Material: a norma jurídica é uma prescrição geral e abstrata. Se voltam 
a categorias de pessoas (e não a pessoas determinadas). Se voltam a 
fatos-tipo (e não a fatos concretos ocorridos). 
A lei está no nível primário, logo após o nível constitucional. Lei é o 
ato legislativo, com conteúdo geral e abstrato, em nível primário da 
hierarquia normativa. 
 Formal: regime jurídico específico para o ato legislativo que o 
conforma formalmente. Lei é o ato produzido dentro do processo 
legislativo. 
Os dois conceitos não se equivalem: existem atos legislativos produzidos 
pelo processo legislativo que não são leis em sentido material. Também 
existem leis que são leis em sentido material, mas não passam pelo 
processo legislativo (regulamentos autônomos). 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
IV - Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir 
decretos e regulamentos para sua fiel execução – esses regulamentos 
estão no nível secundário da hierarquia, são subalternos aos atos 
legislativos e servem para executá-los, não podendo contraria-los – 
instrumentalizam a execução desse ato. 
VI - Dispor, mediante decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não 
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos 
públicos – quando isso ocorrer, é necessário que haja ato legislativo. Caso 
não ocorra, pode haver apenas decreto. É geral e abstrato (lei no sentido 
material) mas não é lei no sentido formal. 
Costume: não é lei no sentido formal nem no material. 
Emendas constitucionais: não são leis no sentido material, pois são de nível 
constitucional. 
 
 Delegabilidade de atribuições: 
 
Extremamente alterada com o advento do Estado Social: antes o direito 
procurava legislar reproduzindo o direito natural (sentido quase declaratório), 
mas depois com a mudança do perfil do Estado para um implementador de 
politicas públicas, a lei se torna um instrumento de governo. 
 
Não há, portanto, mais o dogma de que não se pode delegar atribuições. 
Legislativo não é adequado para tomada de decisões rápidas, e, portanto, há um 
deslocamento da função legislativa para o poder executivo. 
 
O poder legislativo cada vez mais escapa das mãos do parlamento, que 
desenvolve ou intensifica novas atribuições – notadamente o controle político. 
Hoje as leis mais importantes são de iniciativa do executivo. 
 
Quem decide transformar um projeto em lei é o legislativo, mas quem elabora o 
projeto, examina aspectos técnicos, faz codificações*, etc., é o poder executivo. 
 
*Códigos de leis são feitos por comissões técnicas especializadas do poder 
executivo. 
 
Principalmente no âmbito estadual, as leis mais importantes vêm do poder 
executivo. 
 
Razões para esse fenômeno de transferência de funções legislativas para o 
poder executivo: 
 
 Estado intervencionista precisa de leis de caráter altamente técnico. Essa 
expertise existe no poder executivo, com um corpo de servidores 
especializados. 
 A intervenção demanda um número de leis cada vez maior, o que impõe uma 
rapidez. O poder legislativo recebe os projetos de lei já todos prontos, e 
apenas debate em cima deles. 
 Há certos projetos de urgência que precisam de um sigilo em seu 
desenvolvimento que é incompatível com o caráter público das discussões 
parlamentares. Ex: Plano Real, que foi feito por medida provisória. 
 Em muitas matérias há necessidade de criar especificações sobre questões 
factuais, específicas demais pra a lei. Isso deve ser objeto de ato regulamentar. 
Em alguns países se fala em standard legislativo – a lei é um conjunto de 
diretrizes, que serão desdobradas por atos regulamentares. 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
IV - Leis delegadas; - delegação formal de atribuições legislativas 
Porém, não é apenas por meio dessa delegação formal que a transferência para 
o executivo ocorre. Por exemplo, a CF prevê medida provisória com força de lei 
– não há um ato de delegação. 
A iniciativa privativa do chefe do executivo para vários projetos de lei mostra 
essa transferência de forma muito clara, pois a maior parte da tarefa legislativa 
fica nas mãos dele. Proeminência do poder executivo na função legislativa. 
 
 Paralelamente, o poder legislativo vai atribuindo novas funções 
 
 Controle da execução orçamentária (fiscalização): 
 
 Parlamento começou executando essa função (Magna Carta). 
 Orçamento é uma grande autorização de despesa, nos termos de uma lei 
autorizativa, que não é geral e abstrata (tem em vista gastos específicos 
para um exercício específico). 
 Assim, legislativo autoriza essa lei orçamentária e depois fiscaliza sua 
execução. 
 É necessário também um apoio técnico – figura dos Tribunais de Contas, 
que atuam como órgão de apoio. 
o Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, 
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União 
o TCU não faz parte do poder judiciário e não exerce função 
jurisdicional. Não cabe a ele decidir nada definitivamente – 
todas as suas decisões são impugnáveis perante o poder 
judiciário (e isso tem ocorrido muito – por exemplo, medidas de 
segurança perante o STF). 
o Decisões do TCU são administrativas, e não judiciais – TCU é 
um órgão administrativo, auxiliar do poder legislativo (porém, 
também não o integra). Tem prerrogativas de autonomia (na 
prática é um Poder, mas não é reconhecido assim). 
o TCU se compõe de 9 ministros – 3 nomeados pelo presidente da 
república e 6 são escolhidos pelo poder legislativo (na prática o 
executivo acaba interferindo na decisão do legislativo). Isso se 
passa nos estados e na União (não há em todos os municípios, 
apenas em alguns, como São Paulo). 
o Forma de organização e prerrogativas de autonomia do TCU são 
similares aos tribunais superiores do poder judiciário. 
 
 Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e 
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, 
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das 
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso 
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno 
de cada Poder. 
 Há um controle interno (do poder executivo sobre o poder executivo – 
Controladoria Geral da União, no caso da União) e um controle externo 
(do Congresso Nacional sobre o poder executivo). 
 
 Controle político: 
 
 É a “alma” da função legislativa. Exercido,por exemplo, pelos discursos 
parlamentares. 
 CF prevê a possibilidade de convocação de ministros em comissões 
especializadas (ex: Ministro de Transportes discutindo a politica de 
transportes). 
 No sistema parlamentarista o instrumental do controle político é muito 
mais avançado e efetiva, pois há a possibilidade de afastar o governo 
através de moção de desconfiança (ou negativa de voto de confiança 
requerido pelo governo). 
 Controle sobre infrações político-administrativas: impeachment e 
comissões parlamentares de inquérito (CPIs). 
 
o Legislativo funciona, no mais das vezes, por meio de comissões. 
O plenário não é a parte principal do trabalho parlamentar – a 
maior parte se passa no âmbito das comissões temáticas. 
o É na fase instrutória do processo legislativo que se passa a 
maior parte do trabalho. Lá podem discutir com mais tempo, 
chamar especialistas, convocar audiências públicas, chamar 
ministros ou secretários de Estado, etc. 
o Há comissões permanentes e transitórias. Uma dessas 
transitórias é a comissão parlamentar de inquérito (CPI). 
 
 CPI começa no direito britânico como prática legislativa 
e vai para as colônias estadunidense. A influência do 
direito estadunidense sobre o brasileiro a partir da 
República é notória, mas já havia essa prática de CPI na 
época do Império, ainda que muito tênue. Com a 
República crescem e em 1934 são constitucionalizadas. 
 Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão 
comissões permanentes e temporárias, constituídas na 
forma e com as atribuições previstas no respectivo 
regimento ou no ato de que resultar sua criação. 
 § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que 
terão poderes de investigação próprios das autoridades 
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das 
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos 
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou 
separadamente, mediante requerimento de um terço de 
seus membros, para a apuração de fato determinado e 
por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, 
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova 
a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. 
 Natureza própria de investigação. Possuem as mesmas 
prerrogativas (e restrições) de autoridades judiciais. Não 
aplica penas e não processa – é similar a um inquérito 
policial. 
 Serve para o processo de impeachment (crime de 
responsabilidade) como se fosse o inquérito policial 
(embora possa houver CPI não conectada a crimes de 
responsabilidade). 
 CPI sobre generalidade é inconstitucional: é preciso 
haver um fato determinado que justifique sua criação. 
 Encaminha seu relatório final ao MP para que promova 
a responsabilidade civil ou criminal (tome previdências). 
 Por exemplo, para investigar a falta de disponibilização 
de transporte em um município, o correto não seria uma 
CPI, mas sim a comissão permanente de transportes. 
 
o Impeachment é uma forma de apurar responsabilidade de 
autoridades por fatos graves que podem ou não caracterizar 
crime de responsabilidade. 
 Não é processo de natureza criminal! Historicamente 
começa como processo criminal na Inglaterra, mas perde 
essa característica (pois precisava ser uma decisão 
rápida, e as garantias criminais impediam). 
 No parlamentarismo, a responsabilidade política 
substitui o impeachment. No presidencialismo, ele vem 
para o direito brasileiro inspirado pelo direito 
estadunidense. 
 Aparece primeiro na CF 1891. 
 Natureza do impeachment: não é um instituto penal. É 
mais parecido com um processo disciplinar (mas 
envolvendo altas autoridades do Estado e chefes de 
poder). 
 Infração político-administrativa – não é capitulada 
como um crime. 
 Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do 
Presidente da República que atentem contra a 
Constituição Federal e, especialmente, contra: 
I - a existência da União; 
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder 
Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes 
constitucionais das unidades da Federação; 
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e 
sociais; 
IV - a segurança interna do País; 
V - a probidade na administração; 
VI - a lei orçamentária; 
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. 
 
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei 
especial, que estabelecerá as normas de processo e 
julgamento – Lei nº 1.079/50 
 Há necessidade de punir apenas atos graves – não punir 
atos menores, pois causaria crises políticas frequentes. 
 Há um tempo o impeachment passou a ocupar o lugar 
do instituto da responsabilidade política 
(parlamentarismo) – afastar governo por não ser bem 
aceito. 
 Impeachment da Dilma foi grave precedente 
institucional. 
 Impeachment possui função jurisdicional. 
 Qualquer cidadão pode fazer a acusação, e a Câmara 
dos Deputados precisa aceitar. Presidente da Câmara dá 
parecer e vai a voto ao plenário. Se o plenário da Câmara 
admite a acusação. 
 Então, o processo se inicia no Senado e o presidente é 
afastado por até 180 dias (se o processo não for 
concluído antes disso, o presidente volta). O Senado 
processa e julga o presidente. Senado exerce função 
jurisdicional. Se o Senado absolver o presidente, ele não 
pode ser punido na esfera criminal comum. Essa 
absolvição impede que ele seja processado 
criminalmente perante o STF (foro competente). Se for 
condenado, pode sofrer processo criminal. 
 A função principal do impeachment é afastar o detentor 
do cargo. 
 A sanção complementar é impedir a ocupação de outro 
cargo público por até 8 anos. É inerente ao veredito 
condenatório. 
 No caso da Dilma, talvez por reconhecer uma tipificação 
forçada, o Congresso resolveu não aplicar essa sanção 
complementar. 
 Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da 
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, 
será ele submetido a julgamento perante o Supremo 
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou 
perante o Senado Federal, nos crimes de 
responsabilidade. 
 
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: 
I - Nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia 
ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; 
II - Nos crimes de responsabilidade, após a instauração 
do processo pelo Senado Federal. 
 
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o 
julgamento não estiver concluído, cessará o 
afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular 
prosseguimento do processo. 
 Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente 
da República nos crimes de responsabilidade, bem como 
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, 
do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma 
natureza conexos com aqueles; 
 
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, 
funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal 
Federal, limitando-se a condenação, que somente será 
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, 
à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para 
o exercício de função pública, sem prejuízo das demais 
sanções judiciais cabíveis. 
 
 Organização e garantias do Poder Legislativo: 
 
 Estrutura Bicameral: 
 
 Câmara dos Deputados e Senado Federal 
 Desde o Império: Assembleia Geral (Câmara dos Deputados e Senado 
Federal). Senado era vitalício – eram indicados pelo imperador. 
 Bicameralismo de moderação: uma casa equilibra as tendências 
políticas da outra. 
 Bicameralismo também pode de federação: uma das casas representa 
os estados. Existe desde a primeira CF republicana, mas não 
desapareceu o de moderação. 
 Nosso bicameralismo corresponde a dois aspectos: de moderação e do 
tipo federativo. 
 
 Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que 
se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
 Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do 
povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada 
Território e no DistritoFederal. 
 Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e 
do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. 
 Art. 14, § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: 
VI - A idade mínima de: 
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República 
e Senador; 
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou 
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 
 
Esse requisito de idade mais avançada para senador corresponde a uma 
visão de que pessoas mais velhas tendem a ser mais moderadas – 
bicameralismo de moderação. 
 
 Além do bicameralismo de moderação e de federalismo há outros dois 
tipos menos importantes: 
o Aristocrático: Reino Unido – câmara dos comuns e câmara 
dos lordes (hoje com muito menos importância política). 
Atualmente em desuso. 
o Técnico: uma segunda casa tem função de órgão técnico, 
para olhar aspectos técnicos do processo legislativo. Não é 
muito utilizado. 
 
 Normalmente as casas deliberam separadamente, mas há algumas 
situações em que deliberam juntas: 
 
Art. 57, § 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a 
Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão 
conjunta para: 
I - Inaugurar a sessão legislativa; 
II - Elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços 
comuns às duas Casas; 
III - Receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da 
República; - posse do mandato 
IV - Conhecer do veto e sobre ele deliberar. 
 
 Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões 
permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições 
previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação 
- o que dá a competência às comissões é o regimento de cada casa. 
 Cada ministério do executivo costuma ter uma comissão 
correspondente. 
 Art. 58, § 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é 
assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos 
partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva 
Casa - Mesa = órgão diretivo de cada casa. 
 Art. 44, Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro 
anos - Legislatura = um mandato dos deputados e metade do mandato 
dos senadores. 
 Legislatura ≠ sessão legislativa: sessão legislativa é o período anual de 
funcionamento do Congresso (ex: sessão legislativa de 2020). 
 
 Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do 
povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada 
Território e no Distrito Federal – cada partido, de acordo com a 
proporção de votos que recebeu, vai preencher um número de cadeiras. 
Nenhum partido hoje consegue ficar com mais que 15% das cadeiras. 
 
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por 
Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, 
proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes 
necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas 
unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta 
Deputados – distorce o critério proporcional e a própria democracia, 
pois o voto de uma pessoa de um estado mais populoso vale mais que 
o de estado menos populoso. 
 
 Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e 
do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. 
 
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com 
mandato de oito anos. 
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será 
renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois 
terços. 
 
 Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações 
de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos 
votos, presente a maioria absoluta de seus membros. 
 
 Competências do Senado e da Câmara: 
 
 Há competências privativas de cada. 
 Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: 
I - Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de 
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os 
Ministros de Estado – impeachment. 
II - Proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando 
não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após 
a abertura da sessão legislativa; 
III - Elaborar seu regimento interno; 
IV - Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, 
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus 
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, 
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes 
orçamentárias; 
V - Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, 
VII. 
 
 Já para o senado há, no artigo 52, um rol imenso de competências 
privativas. Algumas são de controle político do executivo. 
 
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a 
escolha de: 
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição - dentro de 
os quais, os do STF. 
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente 
da República; 
c) Governador de Território; 
d) Presidente e diretores do banco central; 
e) Procurador-Geral da República; 
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; 
 
Há também competências de velar pela saúde financeira da federação. 
Incisos V, VI, VII, VIII, XIX. 
 
Há outras ligadas ao controle de constitucionalidade. 
X - Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada 
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. 
 
 
 Garantias do Poder Legislativo: 
 
 Garantias institucionais: 
 
 Art. 51, IV: espécie de auto-organização que tanto a Câmara quanto 
o Senado possuem. Estabelecidas por resolução de cada casa. 
Regras regimentais. CF é muito comedida ao falar sobre o Processo 
Legislativo, e essas regras são complementadas por disposições 
regimentais. 
 Autoadministração da Câmara e do Senado. 
 Eleição dos próprios dirigentes (Mesa Diretora). 
 
 
 Imunidades parlamentares: 
 
 Imunidade material: 
 
o Inviolabilidade: 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e 
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e 
votos – não praticam crime ou ato ilícito civil por suas 
opiniões e votos. Essas manifestações podem ocorrer 
também fora do Congresso, mas só em exercício do 
mandato parlamentar (ex: dando entrevistas, palestras, 
debates). Em situações pessoais, não é considerado. 
 
 Imunidades formais: 
 
o Foro privilegiado: § 1º Os Deputados e Senadores, desde 
a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento 
perante o Supremo Tribunal Federal – atualmente, de 
forma ativista, o STF busca reduzir essa prerrogativa 
apenas para os chefes de poder (presidente da Câmara e do 
Senado). Há também proposta de EC, o que é mais 
adequado. 
o § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do 
Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em 
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão 
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa 
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus 
membros, resolva sobre a prisão – por meio de 
jurisprudência, o STF flexibilizou. 
o § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, 
por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo 
Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por 
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto 
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, 
sustar o andamento da ação – hoje ocorre pouco pois o 
voto é público e ocorre uma pressão. 
 Se o parlamentar perde o mandato, o processo vai 
para a jurisdição ordinária. 
 
 Incompatibilidades e impedimentos: 
 
 Deputados e senadores, a partir da expedição de diploma ou da 
posse, não podem exercer funções que afetam a independência de 
seu exercício de mandato (criam conflitos de interesse, etc). 
 Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: 
 
I - Desde a expedição do diploma: 
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direitopúblico, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista 
ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o 
contrato obedecer a cláusulas uniformes; 
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, 
inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades 
constantes da alínea anterior; 
 
II - Desde a posse: 
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que 
goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de 
direito público, ou nela exercer função remunerada; 
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", 
nas entidades referidas no inciso I, "a"; 
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das 
entidades a que se refere o inciso I, "a"; 
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo – 
entretanto, essa regra é excepcionada: 
 
Art. 56 Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: 
I - Investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de 
Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de 
Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão 
diplomática temporária – se afasta do exercício do mandato, 
suplente assume, mas pode voltar a qualquer momento. 
 
 Hipóteses de perda de mandato: 
 STF por ativismo adicionou a hipótese por desfiliação partidária 
(parlamentar que deixa seu partido e se filia a outro). 
 
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: 
 
I - Que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo 
anterior; 
 
II - Cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro 
parlamentar; 
 
III - Que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça 
parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo 
licença ou missão por esta autorizada; 
 
IV - Que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; 
 
V - Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos 
nesta Constituição; 
 
VI - Que sofrer condenação criminal em sentença transitada em 
julgado. 
 
Há uma certa discricionariedade e é deliberado pelo plenário (que 
pode inclusive atenuar a sanção): incisos I, II, III. 
Aula 8: Processo Legislativo 
É o processo pelo qual são elaboradas as leis. 
As normas jurídicas são textos normativos interpretados. Textos normativos são textos 
veiculados por meio de atos normativos. 
Lei é ato legislativo, e norma é o conteúdo desse ato legislativo. 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: - lista dos atos legislativos 
que estão subordinados ao processo legislativo. 
I - Emendas à Constituição; 
II - Leis complementares; 
III - Leis ordinárias; 
IV - Leis delegadas; 
V - Medidas provisórias; 
VI - Decretos legislativos; 
VII - Resoluções. 
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e 
consolidação das leis. 
A função legislativa normalmente aparece pelo processo legislativo, mas pode haver 
processo legislativo sem função legislativa – ex: leis que são atos administrativos ou que 
são decisões judiciais. Pode haver também função legislativa fora do processo legislativo. 
 Conceito material de lei x conceito formal de lei: 
 Formal– lei elaborada de acordo com o processo legislativo. 
 Material – atos que possuem conteúdo de legislação sem ter passado pelo 
processo legislativo. 
Há também o uso do processo legislativo para produzir atos que não são 
legislativos. 
Em geral, o processo legislativo produz leis em sentido formal e material. 
 Lei em sentido material: 
Classificação: normas gerais e individuais; normas abstratas e concretas. A lei em sua 
essência é uma disposição geral e abstrata. 
Além de generalidade e abstração, a lei se caracteriza por se situar no nível primário 
da hierarquia normativa: 
 
 
Hierarquia normativa: 
 Nível constitucional: 
o Constituição 
o Emendas Constitucionais 
 Nível primário: 
o Leis (em sentido amplo: todas as modalidades de atos normativos 
elaborados de acordo com o processo legislativo – leis 
complementares, leis delegadas, medidas provisórias, resoluções, 
decretos legislativos). 
 Demais níveis 
Logo, a lei material se caracteriza por ser geral e abstrata e estar em nível hierárquico 
primário. 
 
 Lei em sentido formal: 
Ex: decreto legislativo de estado de sítio – não é geral e abstrato, mas é feito por 
processo legislativo (é lei apenas em sentido formal). 
Decretos de organização da estrutura administrativa: são gerais e abstratos e estão no 
nível primário, mas não são produzidos pelo processo legislativo – lei em sentido 
material, mas não formal. 
 
 
Para Elival, processo não é apenas a expressão da jurisdição. É um concatenamento 
de atos e relações jurídicas. Procedimento legislativo = processo legislativo, mas ele 
não acredita que esse termo deva ser usado só no poder judiciário. 
 
 O processo legislativo passou por uma evolução histórica: 
 
 No processo clássico, o direito deveria refletir o direito natural e o Estado não 
deveria regular muitos assuntos, apenas positivar leis fundamentais – visão 
estática do ordenamento, e o processo legislativo era demorado e complexo, 
com discussão muito ampla. Essa demora não era um problema, pois havia a 
ideia de que quando o Estado intervisse essa intervenção deveria ser segura. 
 
 Mudança do perfil do Estado para intervencionista, que precisa de lei mais 
rápida, implementadora de políticas públicas: lei como instrumento 
fundamental de governo. Lei com caráter mais técnico, e com maior 
necessidade de edição. Série de atos normativos em sucessão. 
 
 Técnicas para dar maior velocidade ao processo legislativo: 
 
 Delegação legislativa: 
o Expressamente, através de lei delegada. Poder legislativo delega 
competência para o executivo. Tipo legislativo pouco usado no Brasil. 
o Implicitamente, em atos normativos que não precisam de delegação 
no Congresso. A CF outorga ao poder executivo o poder de elaborar 
lei. Ex: medida provisória com força de lei (ato legislativo de 
urgência). 
 
 Procedimento legislativo abreviado: se fixa prazo para elaboração da lei. 
 
Regime de urgência: Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de 
iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos 
Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. 
 
§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para 
apreciação de projetos de sua iniciativa. 
 
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não 
se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até 
quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações 
legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo 
constitucional determinado, até que se ultime a votação. 
 
Na época da ditadura, passado o prazo, o projeto era automaticamente 
aprovado. Hoje não é mais assim. 
 
Por regimento interno das casas também e possível colocar os projetos de 
deputados em regime de urgência. 
 
 Delegação interna corpus: 
 
Art. 58. § 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: 
 
I - Discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a 
competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos 
membros da Casa; 
 
Trata-se de delegação para as comissões parlamentares dos órgãos 
legislativos aprovarem leis, sem que seja necessária a deliberação em 
plenário. 
 
Ex: possibilidade de a Comissão de Constituição e Justiça receber poder 
para examinar matéria sob o ponto de vista da constitucionalidade e 
legalidade. Se concluir inconstitucionalidade, o projeto é arquivado, a não 
ser que 1/10 dos parlamentares quiser votá-lo (recurso ao plenário). 
 
 Iniciativa legislativa do executivo: vasta competência legislativa. 
 Linhas gerais do processo legislativo na CF 1988: 
 
A CF procura regular a produção da lei em sentido formal. 
 Equívoco técnico: 
 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
 
I - Emendas à Constituição; 
 
Não é produção de ato legislativo,é produção de ato de natureza 
constitucional. Na prática o procedimento é parecido, mas o processo 
legislativo deve corresponder à função legislativa e à produção de leis em 
sentido formal. 
 
 Procedimento de elaboração das leis ordinárias (processo básico): 
 
Não vamos examinar costumes nem atos normativos administrativos, pois 
não estão em nível primário. 
 
Procedimento de elaboração da lei ordinária se compõe de 3 fases: 
 
o Introdutória: iniciativa (propositura) legislativa e emendas a 
essa propositura. 
o Constitutiva: subfase instrutória (trabalho das comissões) e 
subfase deliberativa (parlamento votando a matéria e sanção 
ou veto do chefe do executivo – na lei ordinária e na lei 
complementar, em algumas formas de lei essa sanção não é 
necessária). 
o Complementar: promulgação (atestado de que existe direito 
novo). Essa fase interfere apenas na eficácia, a lei já está 
constituída. 
Uma proposta se torna lei se o parlamento aprova e o chefe do executivo 
sanciona. O ato legislativo é um ato complexo (mais de uma vontade). 
É possível derrubar o veto do presidente. 
 
 Fase introdutória do processo legislativo (iniciativa): 
 
Proposta de direito novo. 
 
Lei ordinária é um ato legislativo típico. Em uma doutrina clássica, se dizia que a 
lei ordinária podia regular tudo. Hoje, se sabe que há matérias que são vedadas à 
lei ordinária (ex: matérias privativas de lei complementar). Há também matérias 
privativas de lei ordinária. 
Há três modalidades de inciativa: a geral, a reservada e a vinculada. 
 
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer 
membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do 
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, 
aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na 
forma e nos casos previstos nesta Constituição – iniciativa geral. 
 
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:- iniciativa 
reservada. 
 
I - Fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; 
 
II - Disponham sobre: 
 
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e 
autárquica ou aumento de sua remuneração; 
 
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, 
serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; 
 
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de 
cargos, estabilidade e aposentadoria de civis, reforma e transferência de 
militares para a inatividade; 
 
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de 
cargos, estabilidade e aposentadoria; 
 
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem 
como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria 
Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; 
 
e) criação, estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da administração 
pública; 
 
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, 
observado o disposto no art. 84, VI; 
 
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, 
promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. 
 
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos 
Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado 
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três 
décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 
 
Iniciativa vinculada: se dá em matéria orçamentária, o presidente tem a 
obrigação de apresentar o projeto. Vinculada pois é uma inciativa obrigatória. 
 
Apresentação de emendas: fase exclusiva dos parlamentares. Executivo não 
pode apresentar emendas. 
 Emendas aditivas: acrescentam dispositivos 
 Emendas supressivas: suprimem dispositivos 
 Emendas modificativas: modificam a redação de dispositivos 
 
 Projetos de iniciativa reservada (por exemplo, do presidente): pode o 
congresso apresentar emendas? 
 
Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista: 
 
I - Nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, 
ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º; 
 
II - Nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da 
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do 
Ministério Público. 
 
Exemplo: caso o presidente proponha a criação de 100 cargos para o 
Ibama, o congresso pode diminuir esse número de cargos, mas não 
aumentar, pois aumentaria a despesa. 
 
 A doutrina estabeleceu, a partir dos regimentos das casas, que as emendas 
a projetos de iniciativa reservada devem ter pertinência temática com o 
projeto de lei. Uma emenda sem essa pertinência seria inconstitucional. 
 
 Fase constitutiva do processo legislativo: 
 
Projeto vai ser discutido e trabalhado pelas casas, através das comissões 
temáticas. 
 
A Comissão de Constituição e Justiça sempre se manifesta sobre a 
constitucionalidade da propositura. 
 
Quem define a quantidade e competência das comissões é o regimento interno de 
cada casa. Normalmente há uma correspondência entre comissões e ministérios. 
 
As comissões terminam seu trabalho com um parecer – é uma manifestação 
opinativa, não deliberativa – a não ser no caso de delegação interna corpus. 
 
A discussão é importante, mas é apenas um subsidio para o plenário deliberar. Há 
convocação de experts, debate público, convocação de ministros, juntada de 
documentos, etc. A maior parte do trabalho de um parlamentar se dá nas 
comissões. 
 
A CF apenas menciona a existência das comissões, mas não regula nada sobre 
elas – quem regula são os regimentos das casas. 
 
Após a instrução, há a fase no plenário. Lá, há duas subfases: 
 
 Discussão: discursos, encaminhamento a favor e contra, etc. 
 Deliberação: votação. 
No Brasil temos um sistema bicameral. Entretanto, a maior parte dos projetos 
começa na Câmara: começam na Câmara todos os projetos de iniciativa de 
deputados, de iniciativa do presidente da república, de iniciativa popular, dos 
tribunais e do MP, e começam no Senado apenas os projetos de iniciativa de 
senadores. 
Dessa forma, o Senado atua na maior parte das vezes como instância revisora. Isso 
faz com que as duas casas não estejam em pé de igualdade no processo legislativo, 
a Câmara tem uma importância ligeiramente maior. 
Nessa fase deliberativa, delibera primeiro a casa que recebeu o projeto, e se 
aprovar, vai para a outra casa, que também delibera. Se aprovar, vai para sanção 
presidencial. Se rejeitar, arquiva o projeto. 
Caso a segunda casa faça emendas, volta para a primeira para apreciar as emendas. 
Pode ser apresentado pela segunda casa um projeto substitutivo, e ele vai para a 
casa anterior para ser apreciado. 
 
 No processo legislativo há o rito comum (sem prazo) e o rito abreviado 
(das solicitações de urgência). 
 
Art. 64. § 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado 
Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual 
sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as 
demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que 
tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação. 
 
§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos 
Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o 
disposto no parágrafo anterior. 
 
§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso 
Nacional, nem se aplicam aos projetos de código – para codificações é 
necessário um tempo maior de maturação. 
 
 Presidente sanciona ou veta. A sanção não é um ato expresso: sabemos 
que o presidente sancionou quando ele não vetou, e em seguida ele 
promulga. 
 
Em caso de veto, há uma mensagem de veto enviada ao congresso. Caso 
o prazo de veto seja vencido e o presidente não tenha apreciado, há sanção 
tácita. 
 
O projeto de lei só se transformaem lei quando há sanção ou derrubada 
do veto. 
 
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, 
em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou 
promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. 
 
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto 
de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. 
 
§ 1º Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em 
parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total 
ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do 
recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao 
Presidente do Senado Federal os motivos do veto. 
 
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de 
parágrafo, de inciso ou de alínea. 
 
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da 
República importará sanção. 
 
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a 
contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria 
absoluta dos Deputados e Senadores – veto pode ser derrubado, não é 
absoluto. Antes esse voto era secreto, mas a partir de emenda passou a ser 
público. 
 
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, 
ao Presidente da República – em caso de veto parcial, é possível 
promulgar o projeto desde logo ressalvando as partes vetadas. Caso o veto 
seja rejeitado, a parte rejeitada entra em vigor posteriormente – situação 
de insegurança jurídica. 
 
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será 
colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais 
proposições, até sua votação final. 
 
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo 
Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado 
a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-
Presidente do Senado fazê-lo. 
 
 Processo legislativo da lei complementar: 
 
É idêntico ao da lei ordinária, salvo uma questão: o quórum de aprovação. 
 
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada 
Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a 
maioria absoluta de seus membros. – o quórum de deliberação é sempre a 
maioria absoluta de seus membros (número de parlamentares suficientes para a 
assembleia pode deliberar). 
 
Só é possível deliberar quando presente a maioria absoluta dos deputados ou 
senadores. Sem isso, ocorre a levantação de presença e caso não haja a presença 
necessária é suspensa a sessão. 
 
Caso haja quórum de deliberação, as deliberações em geral (lei ordinárias) são 
tomadas por maioria simples (maioria dos presentes). Se costuma chamar isso de 
quórum de aprovação. Ex: 81 membros, 48 presentes (há quórum de deliberação), 
30 votam a favor (há quórum de aprovação). 
 
A sanção do presidente em projeto com vício de iniciativa (ex: parlamentares 
apresentam projeto em matéria de iniciativa privativa do presidente), segundo 
entendimento atual do STF, não convalida o projeto. Há inconstitucionalidade. 
 
Para um projeto de lei aprovado pelo congresso e vetado totalmente, a derrubada 
pode ser parcial. 
 
 No caso da lei complementar, só há aprovação por maioria absoluta. 
 
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta. 
 Maior estabilidade. 
 Não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar, pois 
regem matérias diferentes. Só cabe lei complementar quando a 
Constituição define. 
 
 Em algumas situações a CF prevê lei complementar para veicular normas 
gerais: 
 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, 
especialmente sobre: 
 
Caso haja invasão de um ente na competência do outro, há 
inconstitucionalidade formal tipológica. 
 
 Processo legislativo da medida provisória: 
 
Durante períodos havia um abuso dessa medida, que de provisória passava a ser 
usada como permanente. Dessa forma, em emenda à CF 1988, foi disposto que: 
 
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá 
adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato 
ao Congresso Nacional – ato legislativo simples (não complexo), pois 
exclusivamente do presidente. CF não estabelece procedimento prévio de 
elaboração, mas executivo pode estabelecer por normas internas. Pressupostos de 
relevância e urgência (não pode esperar nem menos o período do procedimento 
abreviado). 
 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
 
I - Relativa a: 
 
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito 
eleitoral – direito constitucional material. É matéria constitucional, ainda que a 
forma seja de lei infraconstitucional. 
 
b) direito penal, processual penal e processual civil; - diz respeito a liberdade e 
segurança individual. 
 
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a 
garantia de seus membros; 
 
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais 
e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; - direito financeiro. 
Matéria tributária pode. 
 
II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer 
outro ativo financeiro; - Plano Collor: foi considerado inconstitucional, logo não 
havia necessidade desse inciso. 
 
III - reservada a lei complementar; 
 
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e 
pendente de sanção ou veto do Presidente da República. 
 
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto 
os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício 
financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em 
que foi editada – princípio da anterioridade. 
 
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão 
eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta 
dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o 
Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas 
delas decorrentes – medida provisória vigora por 60 dias, mas se não for 
deliberada nesse período (projeto de lei de conversão), há uma prorrogação 
automática por mais 60 dias. O prazo máximo que uma medida vigora sem ser 
convertida em lei é 120 dias. 
 
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida 
provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso 
Nacional. 
 
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito 
das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus 
pressupostos constitucionais – exigência de que o congresso se posicione sobre 
relevância e urgência. 
 
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias 
contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, 
em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se 
ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que 
estiver tramitando – 45 dias para as duas casas juntas. 
 
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida 
provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a 
sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional – máximo 120 
dias. 
 
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos 
Deputados. 
 
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas 
provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão 
separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. 
 
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória 
que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decursode prazo 
– sessão legislativa = exercício legislativo (ano). 
 
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias 
após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas 
constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-
ão por ela regidas – na prática, aquilo que a MP regulou permanece por ela 
regulado. 
 
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida 
provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou 
vetado o projeto. 
 
 Processo legislativo de decretos legislativos e resoluções: 
 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
 
VI - decretos legislativos; 
 
VII - resoluções. 
 
Procedimento muito próximo ao da lei ordinária, única diferença é que é de 
iniciativa da Mesa da casa respectiva. 
 
São de iniciativa exclusiva do congresso e não há sanção ou veto do presidente 
pois ele não participa do processo legislativo. 
 
Decretos legislativos: Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso 
Nacional: 
 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que 
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; 
 
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a 
permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele 
permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei 
complementar; 
 
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do 
País, quando a ausência exceder a quinze dias; 
 
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de 
sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; 
 
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder 
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; 
 
VI - mudar temporariamente sua sede; 
 
VII - fixar idêntica remuneração para os Deputados Federais e os Senadores, em 
cada legislatura, para a subseqüente, observado o que dispõem os arts. 150, II, 
153, III, e 153, § 2º, I. 
 
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, 
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; 
 
VIII - fixar para cada exercício financeiro a remuneração do Presidente e do 
Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que 
dispõem os arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; 
 
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos 
Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 
153, III, e 153, § 2º, I; 
 
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e 
apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; 
 
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do 
Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; 
 
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição 
normativa dos outros Poderes; 
 
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de 
rádio e televisão; 
 
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; 
 
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; 
 
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; 
 
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos 
hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; 
 
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com 
área superior a dois mil e quinhentos hectares. 
 
Resoluções: Art. 51. Serão revistos pelo Congresso Nacional, através de 
Comissão mista, nos três anos a contar da data da promulgação da Constituição, 
todas as doações, vendas e concessões de terras públicas com área superior a 
três mil hectares, realizadas no período de 1º de janeiro de 1962 a 31 de dezembro 
de 1987. 
 
§ 1º No tocante às vendas, a revisão será feita com base exclusivamente no 
critério de legalidade da operação. 
 
§ 2º No caso de concessões e doações, a revisão obedecerá aos critérios de 
legalidade e de conveniência do interesse público. 
 
§ 3º Nas hipóteses previstas nos parágrafos anteriores, comprovada a 
ilegalidade, ou havendo interesse público, as terras reverterão ao patrimônio da 
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. 
 
 Art. 52. Até que sejam fixadas as condições do art. 192, são vedados: 
 
I - a instalação, no País, de novas agências de instituições financeiras 
domiciliadas no exterior; 
 
II - o aumento do percentual de participação, no capital de instituições 
financeiras com sede no País, de pessoas físicas ou jurídicas residentes ou 
domiciliadas no exterior. 
 
Parágrafo único. A vedação a que se refere este artigo não se aplica às 
autorizações resultantes de acordos internacionais, de reciprocidade, ou de 
interesse do Governo brasileiro. 
 
Resoluções possuem procedimento de elaboração mais simples que os decretos 
legislativos, mas não há a rigor grandes diferenças entre os dois. São normalmente 
atos legislativos apenas formais (não dispõem sobre matéria geral e abstrata) e de 
competência exclusiva do congresso nacional. 
 
Aula 9 – Poder Executivo 
 
É o principal poder a sofrer impacto com a nova formulação da separação de poderes. 
 No início, o Executivo era colocado em posição subalterna pois o Poder 
Legislativo seria o mais representativo para representar a soberania popular. O 
Poder Executivo era exercido pelo monarca, que não era eleito. Dessa forma, a 
proposta de Montesquieu valoriza mais o Legislativo. O Executivo era a força a 
serviço da lei – executar aquilo que o Legislativo determinava. 
 
 Poder Executivo sofre transformação: novas atribuições, passa a intervir na 
economia e na sociedade, exigindo rapidez de intervenção, qualidade técnica para 
seu trabalho, etc. 
o Crescimento da adm. pública: máquina com expertise técnica a serviço do 
Executivo. 
o Relações internacionais complexas: profissionalização para essa área. 
 
 Nas Constituições modernas não se fala mais em Poder Executivo, mas sim em 
governo. 
 Função de governo: planejamento e tomada de decisões em relação a políticas 
públicas (intervenção). Uso de atos legislativos como forma de implementação de 
políticas públicas. 
 Assim, o Poder Executivo assume a primazia entre os Poderes, a liderança no 
arranjo das instituições. 
 Karl Loewenstein: cabe ao Poder Executivo o planejamento governamental 
(tomada de decisões de governo) e a execução dessas decisões através de atos 
administrativos (que na maioria das vezes são propostos pelo Executivo). 
o Legislativo fica mais com uma função de controle político, para controlar 
as decisões do Executivo. 
o Poder Judiciário fica com função de controle de constitucionalidade e de 
legalidade das decisões do Executivo. 
o Um Poder que faz e dois que controlam. 
 
 Legitimidade: presidencialismo republicano com eleições diretas ou indiretas. 
o Mesmo no sistema parlamentarista a chefia de governo decorre da maioria 
parlamentar – portanto, de processo eleitoral. 
o Chefe de governo resulta de decisão popular. 
 
 Estrutura do Poder Executivo: CF 1988 
 
o Presidencialista: reúne chefia de Estado e de Governo. Presidente da 
República é chefe de Estado, chefe de Governo e chefe da Administração. 
 
 Chefia de Administração: comando do aparato administrativo. 
 
 Ministros de Estado: 
 
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre 
brasileiros (não necessariamente brasileiros natos)* maiores de 
vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos. 
 
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras 
atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: 
 
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e 
entidades da administração federal na área de sua competência e 
referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente daRepública; 
 
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e 
regulamentos – instruções ministeriais: em nível terciário na 
hierarquia normativa, normalmente veiculados pelas portarias 
ministeriais. 
 
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua 
gestão no Ministério; 
 
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem 
outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. 
 
*Exceto Ministro da Defesa, que precisa ser brasileiro nato (art. 
12). 
 
o Atribuições do presidente da república: 
 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
 
I - Nomear e exonerar os Ministros de Estado; 
 
II - Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção 
superior da administração federal; 
 
III - Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos 
nesta Constituição; 
 
IV - Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como 
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; 
 
V - Vetar projetos de lei, total ou parcialmente; 
 
VI - Dispor sobre a organização e o funcionamento da 
administração federal, na forma da lei; 
 
VI - Dispor, mediante decreto, sobre: 
 
a) organização e funcionamento da administração federal, 
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou 
extinção de órgãos públicos; 
 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 
 
VII - Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus 
representantes diplomáticos; 
 
VIII - Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, 
sujeitos a referendo do Congresso Nacional; 
 
IX - Decretar o estado de defesa e o estado de sítio; 
 
X - Decretar e executar a intervenção federal; 
 
XI - Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso 
Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo 
a situação do País e solicitando as providências que julgar 
necessárias; 
 
XII - Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se 
necessário, dos órgãos instituídos em lei; 
 
XIII - Exercer o comando supremo das Forças Armadas, 
promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que 
lhes são privativos; 
 
XIII - Exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear 
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 
promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que 
lhes são privativos; 
 
XIV - Nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os 
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais 
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral 
da República, o presidente e os diretores do banco central e 
outros servidores, quando determinado em lei; 
 
XV - Nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do 
Tribunal de Contas da União; 
 
XVI - Nomear os magistrados, nos casos previstos nesta 
Constituição, e o Advogado-Geral da União; 
 
XVII - Nomear membros do Conselho da República, nos termos 
do art. 89, VII; 
 
XVIII - Convocar e presidir o Conselho da República e o 
Conselho de Defesa Nacional; 
 
XIX - Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, 
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, 
quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas 
mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a 
mobilização nacional; 
 
XX - Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do 
Congresso Nacional; 
 
XXI - Conferir condecorações e distinções honoríficas; 
 
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que 
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele 
permaneçam temporariamente; 
 
XXIII - Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o 
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de 
orçamento previstos nesta Constituição; 
 
XXIV - Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de 
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas 
referentes ao exercício anterior; 
 
XXV - Prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma 
da lei; 
 
XXVI - Editar medidas provisórias com força de lei, nos termos 
do art. 62; 
 
XXVII - Exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. 
 
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as 
atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira 
parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da 
República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os 
limites traçados nas respectivas delegações. 
 
o Monocrático: Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da 
República, auxiliado pelos Ministros de Estado. 
 
 Ministros não compartilham a função de governo: são subalternos, 
auxiliam. 
 
 
o Eleição: vice-presidente é acessório do presidente (quem elege um, elege 
o outro). 
 
 Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República 
realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, 
em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo 
turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato 
presidencial vigente. 
 
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice-
Presidente com ele registrado. 
 
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, 
registrado por partido político (monopólio das candidaturas dos 
partidos), obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os 
em branco e os nulos. 
 
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira 
votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a 
proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais 
votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos 
votos válidos. 
 
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, 
desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, 
dentre os remanescentes, o de maior votação. 
 
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em 
segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, 
qualificar-se-á o mais idoso. 
 
 Presidente da República deve ser: brasileiro nato, em plenitude do 
gozo dos direitos políticos, mais que 35 anos e filiado a partido 
político. 
 
 Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão 
posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o 
compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, 
observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, 
sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. 
 
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a 
posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força 
maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago – 
Tancredo Neves: força maior (doença) – vice assumiu. 
 
o Impedimento e vacância do cargo de presidente: 
 
 Impedimento: circunstância que ocasionalmente impede o 
exercício do cargo. Ex: licença de saúde, suspensão do exercício 
do cargo por processo de impeachment. Caso para substituição – 
exercício interino. 
 Vacância: desocupação definitiva do cargo: morte, renúncia, 
decretação do impeachment. Caso para sucessão. 
 
 Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-
Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão 
sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o 
Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do 
Supremo Tribunal Federal. 
 
 Essas autoridades, em caso de impedimento, jamais sucedem o 
presidente – apenas substituem. 
 
 Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e 
suceder-lhe-á, no de vaga (vacância), o Vice-Presidente. 
 
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras 
atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, 
auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para 
missões especiais. 
 
 Vice-presidente substitui em caso de impedimento e sucede em 
caso de vacância. 
 Em caso de vacância dupla (presidente e vice), as autoridades 
listadas no art. 80 substituem. 
 
 Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da 
República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última 
vaga. 
 
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos doperíodo 
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias 
depois da última vaga, pelo Congresso Nacional (eleição 
indireta), na forma da lei. 
 
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o 
período de seus antecessores. 
 
 Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos 
e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua 
eleição. 
 
 Administração pública: adm. civil (não contempla forças armadas) 
CF dá atenção ao tema da profissionalização da adm. pública. 
Muda a cúpula do governo, mas a estrutura da adm. deve permanecer, pois se guia por 
padrões técnicos. 
Adm. civil serve para: 
 Ajudar no planejamento governamental 
 Preparar as decisões do governo (do ponto de vista técnico): dar as opções, 
condições de implantação, embasamento técnico, etc. 
 Ajuda na execução das decisões (controle interno) 
Adm. pública nem sempre foi profissional: a ideia da profissionalização veio de Weber, 
que falou da importância da burocracia em um momento em que o Estado estava se 
racionalizando. Antes da profissionalização, os cargos da adm. ficavam à disposição de 
quem venceu as eleições. 
 Burocracia x tecnocracia: 
 
 Burocracia: 
Sentido negativo da palavra burocracia: todos os percalços de uma 
adm. pesada, com milhares de servidores. 
Princípios da adm.: legalidade (seguir normas) e hierarquia 
(cumprir ordens do superior). 
Se há mecânico cumprimento de leis e instruções, literal, lento, 
formal, seguro em sua legalidade, sem tomada de decisões ou 
interpretação – não fazer para não assumir riscos – adm. tímida, 
excessivamente burocrática, retardamento de tomada de decisões. 
Essa forma de burocracia deve ser superada e enfrentada, com 
treinamento de servidores, delegação de competências e estimulo 
às boas práticas. 
 Tecnocracia: 
 
Servidores adm. assumindo a função decisória, assumindo que o 
político não sabe o bastante, não é competente. 
 
Ocupa o espaço da discricionariedade política, dando caráter 
pseudotécnica a algo que é político. 
 
 Normas e princípios da adm. civil: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade (isonomia), moralidade, publicidade e eficiência e, 
também, ao seguinte: 
II - a investidura em cargo (regime estatutário) ou emprego público (regime celetista) 
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, 
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista 
em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre 
nomeação e exoneração - na adm. direta prevalece o regime estatutário, nas 
autarquias, o celetista. 
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de 
cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de 
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se 
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento – evitar nomeações de 
confiança sem caráter técnico. 
 
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para 
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público – nomeados para cargo 
de comissão jamais adquirem estabilidade (podem ser exonerados). 
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: 
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; 
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; - pena 
disciplinar da demissão. 
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei 
complementar, assegurada ampla defesa – nunca foi regulamentado. Na reforma adm. 
se fala novamente nesse tema. 
A vantagem da estabilidade é dar ao servidor a garantia de que não perderá o cargo 
porque desagradou o titular do poder. Pode exercer seu cargo com mais autonomia. 
O ponto negativo é que pode acabar se acomodando, não sendo tão eficiente. 
 Tendência atual de querer conferir estabilidade apenas para funções de Estado. 
 Aposentadoria é um direito básico dos servidores – continuar recebendo 
remuneração após completar determinadas condições e não mais integrar o 
serviço ativo. 
 3 situações; 
 Aposentadoria compulsória: atingir certo limite de idade (75 anos de 
idade) ou invalidez (laudo médico). 
 Aposentadoria voluntária: algumas condições, a principal é o tempo 
de serviço. Idade mínima de 65 anos para os homens e 62 para 
mulheres. 
 Promoção: por concurso interno à sua carreira. Critérios de merecimento e 
antiguidade. 
 Responsabilidade (responsabilização por atos ilícitos): 
 Penal: crimes contra a adm. pública. Ex: corrupção passiva – receber 
vantagem patrimonial para fazer ou deixar de fazer. 
 Administrativo: exceder limite de faltas consecutivas – abandono de 
cargo. Sofre punição disciplinar (não é judicial, pode recorrer à 
Justiça). 
 Civil: ex – improbidade administrativa. Pode ser condenado a 
ressarcimento, perda de direitos políticos, etc. 
 Algo pode ser ao mesmo tempo um crime e um ilícito disciplinar. 
 
 Responsabilidade civil objetiva do Estado: 
 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, 
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso 
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 
 
 Poder regulamentar: 
 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
IV – Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e 
regulamentos para sua fiel execução; 
Decreto é o nome para os atos dos chefes do executivo. 
o Quando é geral e abstrato regulamenta a lei. 
o Todo regulamento é veiculado por decreto, mas nem todo decreto veicula um 
regulamento. 
o Há decretos que são regulamentares e que não são regulamentares. 
o Regulamento é voltado à fiel execução da lei. Dá detalhes a ela. 
o Está sujeito ao princípio da legalidade: ninguém é obrigado a fazer ou deixar de 
fazer senão em virtude de lei (em sentido formal). 
o Não serve para criar novas obrigações, pode apenas estabelecer aspectos 
acessórios à obrigação. 
 
o Decretos podem criar direitos? Sim. 
 Art. 5º. II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei; - não menciona direitos. 
 
o Se o decreto ultrapassa a legalidade, estabelece algo sem respaldo legal algum 
(ocupa espaço destinado à lei), mas não contraria lei alguma, é inconstitucional. 
Estabelece algo que está dentro de reserva legal. 
 
o Já se o decreto cria algo que contraria a lei ele é ilegal, não inconstitucional. 
 
 Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
 
V - Sustar (interromper) os atos normativos do Poder Executivo que 
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; 
 
Os fundamentos do Poder Regulamentar são: 
 A função de estabelecer detalhes para a execução da lei. 
 A hierarquia: comandante da adm. pública emite ordem para os comandados, para 
que cumpram a leis de determinada forma. 
Poderíamos regulamentar a CF sem lei? Sim. 
 Ex: decreto que regulamenta o processo legislativo. 
 Deve voltar-se ao âmbito interno da administração, não a externos. 
Existem certas matérias que escapam do âmbito do poder regulamentar: 
 Direito Civil (é entre particulares) – apenas excepcionalmente. 
 Direito Penal 
 Direito Trabalhista 
 Entre outros 
As matérias mais regulamentáveis são: 
 Direito administrativo, trabalhista, público, etc. 
 
 Modalidades de regulamento: 
o De execução 
o Autônomo (art. 84, VI) – decreto de organização da adm. pública. 
o Delegado: quando não há lei delegada. Isso não existe no Brasil, pois há 
lei delegada. 
Não cabe controle abstrato de constitucionalidade em relação a um regulamento, poisao Estado como um todo 
 Autonomia: referente às partes desse Estado. 
A autonomia tem 3 aspectos: 
 Autonomia política: eleição dos próprios governantes, legislação própria. 
Aspectos de auto-organização são todos de autonomia política. 
 Autonomia administrativa: aplicação de normas, prestação de serviços públicos 
próprios. 
 
 Autonomia financeira: receitas próprias para suportar gastos próprios; 
orçamentos e leis orçamentárias próprias. 
Repartição de rendas no Estado federal é o que permite a autonomia financeira. Pode ser 
feita por critério horizontal ou vertical. 
 Modelo de repartição horizontal de rendas: favorece uma concentração de 
rendas ao repartir por estados ou municípios. 
 
 Modelo de repartição vertical de rendas: criação dos fundos de participação. 
Ex: parte do imposto de renda vai para o fundo de participação dos estados e para 
o dos municípios. Essa distribuição se dá de forma inversa: estados e municípios 
mais ricos recebem menos. 
A CF estabelece uma série de preceitos em matéria de distribuição de renda, sobretudo 
disciplinando o sistema tributário. Ex: art. 150 – estabelece limitações ao poder de 
tributar. 
 
 Formação do Estado federal: 
 
 Pode se dar por duas maneiras: agregação ou segregação. 
O primeiro modelo histórico de Estado federal foram os EUA. 13 colônias inglesas com 
divisão análoga à das capitanias hereditárias brasileiras, mas com conteúdo patrimonial 
menor. Essas 13 colônias se tornam independentes e, para mútuo auxílio na defesa de 
suas próprias independências, celebraram tratado internacional em 1781, que estabelece 
a Confederação Estadunidense. Essa confederação evoluiu para um modelo de união 
definitiva e estável – surge a ideia do Estado federal. As 13 colônias, inicialmente Estados 
soberanos, abrem mão dessa soberania e elaboram a Constituição de um único Estado 
(Estados Unidos) soberano e indissolúvel – um só território, um só povo, um só poder 
constituinte. “Os Federalistas” – conjunto de artigos publicados na imprensa dos EUA, 
precedendo a primeira conferência da Filadélfia que elaborou a Constituição dos EUA 
em 1787. Dessa forma, o federalismo estadunidense ocorreu por agregação: estados 
soberanos que se agregam. 
Já o federalismo brasileiro ocorreu por segregação: inicialmente um Estado unitário, 
com apenas algumas formas de descentralização municipal ou comunal por conta da 
extensão do território – porém as províncias (capitanias hereditárias) eram muito mais 
subdivisões de caráter patrimonial do que uma divisão política. Essas províncias 
adquirem crescente autonomia durante o Império, até se transformarem nos estados. 
Essa origem de segregação exerceu um impacto cultural: no Brasil, o poder é visto muito 
mais como uma responsabilidade da União, do Governo Federal. Não há uma afeição tão 
forte à descentralização política como há nos EUA. Isso resulta em muitas decisões 
jurídicas pelo STF favoráveis à centralização política. 
 
 Federalismo dual e cooperativo: 
 
 Dual (“federalismo clássico”): prevalece o modelo de repartição horizontal 
(separação de matérias entregues às entidades que as regulam de modo 
independente). Modelo clássico do federalismo (primeiro modelo, 
estadunidense). Típico de um Estado federal de feições liberais (se privilegia a 
independência em vez da cooperação). 
o EUA: estados exercem maioria das competências legislativas. União 
exerce competência legislativa apenas sobre matérias expressamente 
indicadas na CF, e estados-membros exercem competência sobre todo o 
resto. Competência residual: o resíduo cabe aos estados. Grande 
autonomia estadual. 
o Brasil: CF artigo 25, § 1º - “São reservadas aos Estados as competências 
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.”. Entretanto, isso não 
significa autonomia estadual tão grande quanto nos EUA, devido à origem 
histórica diferenciada e à técnica de arrolamento dessas competências 
diferenciada. 
 
 Cooperativo (mais recente): prevalece o modelo de repartição vertical (mas que 
acaba convivendo com a repartição horizontal). Há maior espaço cooperativo. Ex: 
direito tributário no Brasil, normas gerais de licitações e contratações 
administrativas, etc. Típico de um Estado federal de conformação democrático-
social. No Brasil, surge com a CF 1934 (primeira CF democrático-social). 
 
 Federalismo brasileiro: 
Quatro categorias de entidades federadas: União, estados, municípios e Distrito 
Federal. A União não se confunde com o Estado federal!!!!! Perante a comunidade 
internacional só existe o Estado federal brasileiro, e não a União (pois é uma parte 
interna). Quem se manifesta diante da comunidade internacional e a União, que tem a 
competência para estabelecer as relações internacionais, mas age em nome do Estado 
federal. 
Cada entidade tem sua personalidade jurídica própria na esfera interna (perante a 
esfera externa só há o Estado federal). As relações internas são sempre exercidas pelas 
unidades, e não pelo Estado federal. Entidades federadas contam com autonomia, e 
Estado federal conta com soberania. 
 
 Introdução histórica: 
Brasil tem um passado de centralização político-administrativa de herança portuguesa: 
Brasil colônia era centralizado, embora houvesse alguma descentralização administrativa. 
Capitanias hereditárias eram divisões de caráter patrimonial: grandes glebas de terra 
destinadas a exploração de particulares, sobre a qual a Coroa tinha participação nos 
lucros. O Governo Geral do Brasil, durante a época colonial, controlava o país. Devido a 
extensão territorial, ocorreu um municipalismo. 
A independência do Brasil traz o Império e o primeiro padrão de forma de Estado: o 
Estado unitário, determinado na Constituição imperial de 1824. Durante a Regência, a 
vocação federalista brasileira começa a se materializar, com o exemplo dos EUA. Sem 
um imperador que pudesse impor uma centralização de poder, houve uma maior 
reinvindicação de poder por parte das províncias, que não tinham poder legislativo pela 
Constituição de 1824. 
A descentralização vem com o Ato Adicional de 1834 (espécie de emenda 
constitucional), que atribui às províncias competência legislativa. Portanto, é o poder 
constituinte derivado que estabelece a descentralização política (mas não é Estado 
regional, pois não há a assimetria de competências). Assim, as províncias adquiriram 
todas as mesmas competências legislativas (uniformidade). Além disso, o federalismo 
não foi colocado como cláusula pétrea. É um tipo sui generis entre Estado regional e o 
Estado unitário politicamente descentralizado. 
Durante o segundo reinado do Império, quando se sucederam no poder os partidos Liberal 
e Conservador, a luta federalista cresceu muito, notadamente a partir de 1875 dentro do 
partido Liberal (com o apoio de Rui Barbosa). Em 1840 foi editada uma lei de 
interpretação do Ato Adicional de 1834, dando um sentido centralizador a ele e 
eliminando algumas conquistas federalistas, devido à recusa do imperador e do partido 
Conservador à descentralização. 
O federalismo veio com a proclamação da República, e as províncias foram convertidas 
em estados. Desde a primeira Constituição republicana, o federalismo foi definido em 3 
níveis. Essa divisão se deve a uma tradição municipal brasileira que vinha desde a colônia: 
 União: competência normativa geral, com normas de âmbito de aplicação em todo 
o território nacional. 
 Estados-membros: entidades de nível regional, que editam leis para os territórios 
desses estados. 
 Munícipios: entidades de nível local, valendo apenas para aquela comuna de 
pessoas. 
O federalismo, assim, passa a se tornar um clausula pétrea, um princípio constitucional 
irremovível, desde 1891. CF 1988: art. 60, § 4º - “Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado”. 
Em alguns Estados federais, como os EUA, os estados podem eventualmente decidirem 
adotar uma forma federativa própria (federalismoele 
incide em ilegalidade e não inconstitucionalidade. Apenas se ele se reportar diretamente 
à CF caberá o controle. 
 
Aula 10 – Poder Judiciário 
 
 Função administrativa x função jurisdicional: 
 
Há uma diferença de natureza funcional entre as duas. 
 
Aplicação da lei pela Administração é instrumental, para atingir um fim – 
proporcionar serviços públicos, por exemplo. 
 
Já a função jurisdicional é a aplicação da lei para resolver controvérsias, 
contenciosamente. A aplicação da lei é finalística. 
 
Judiciário está mais preocupado com o cumprimento da lei em si, diferentemente 
da Administração que está preocupada com outras questões. 
 
Essa diferença se reflete no regime jurídico das duas funções. 
 
 Inércia: a jurisdição segue o princípio da inércia – só se movimenta 
quando provocada. Deve haver a propositura de uma ação. 
o Já administração pública, caso identifique algum problema, deve 
agir por iniciativa própria, de ofício. 
 
 Substitutividade: a Administração acusa, colhe provas e julga. Já o 
Estado juiz se substitui ao Estado administrador. 
o Separação do Estado em dois poderes diferentes; um que 
representa a pessoa jurídica (poder executivo), e outro que julga a 
relação (poder judiciário). 
o Se há um processo envolvendo o poder público e um administrado 
(particular), o poder jurisdicional irá julgar. 
 Definitividade das decisões: ex - decisões do TCU são administrativas, 
logo, não são definitivas. Já as do poder jurisdicional são definitivas. 
 
Obs.: contraditório hoje existe em vários processos administrativos, não é exclusivo dos 
processos judiciais. Porém, no Judiciário o contraditório é estrutural, não há processo 
judicial sem contraditório. Já na Administração, há vários processos sem contraditório (é 
uma espécie de diferença entre as duas funções, mas com alguma relativização). 
 
 Função do Poder Judiciário atualmente: ao lado do Legislativo, é um poder 
controlador de políticas públicas. 
 
 No Judiciário, esse controle é feito pelo ponto de vista da legalidade (controle 
jurídico). 
 Já no Legislativo, é feito pelo ponto de vista da política (controle político) 
 
 Princípio básico da função jurisdicional: inafastabilidade do controle 
jurisdicional. 
 
o Ligado ao Estado de Direito (legalidade, isonomia, segurança jurídica 
e controle jurisdicional). 
o Qualquer lesão ou ameaça de lesão de direito não pode ser afastada 
do poder jurisdicional (ex: AI-5 – atos não eram passíveis de controle 
jurisdicional). 
 
 Criação de categorias como abuso de poder, excesso de poder, desvio de 
finalidade – noção de moralidade administrativa. 
 
 Controle pela aplicação de princípios jurisdicionais – “administrador feriu o 
princípio da isonomia”. 
 
o Porém, deve haver um cuidado para o controle da legalidade não 
entrar no mérito. 
o Judiciário não pode, com o argumento de estar aplicando um 
princípio, substituir o administrador em suas escolhas. Necessidade 
de respeitar a discricionariedade administrativa. 
o Necessidade de considerar que um princípio comporta mais de uma 
forma de concretização dentro de seu espectro de incidência. 
 
 Divisão: Justiça Federal e Justiça Estadual 
 
 Desde a CF 1981, quando foi implantada a Federação, há essa divisão. 
 Há dois aparatos de organização: um mantido pela União e outro pelos 
estados. 
 Especialização: há certos órgãos que são especializados em razão da 
matéria. Só cuidam das competências de determinada matéria. Ex: direito 
militar, direito do trabalho, direito eleitoral, etc. Competência 
especializada. 
o O segmento do Judiciário que cuida de matérias mais genéricas 
tem uma competência comum. 
o Assim, tanto na Justiça Federal quando na Justiça Estadual há 
competência comum e competência especializada. 
o Dentro da justiça comum, há competência genérica (justiça 
estadual comum) e competências comuns enumeradas (justiça 
federal comum). 
o A justiça estadual comum é a subsidiaria: tudo que não couber para 
as outras justiças cabe a ela. É a mais extensa. 
 
 Justiça Federal: 
 
 Justiça Federal comum (com competências enumeradas na CF) e Justiça 
Federal especializada (Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça 
Militar). 
 CF 1891 criou a Justiça federal comum, e a especializada foi sendo criada 
com o tempo. 
 
 Justiça Federal comum: 
 
o 1º grau: juízes federais. 
 
 Competências: art. 109 
 
 Algumas são “em razão da pessoa”: I - as causas em que a 
União, entidade autárquica ou empresa pública federal 
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes 
ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de 
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do 
Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou 
organismo internacional e Município ou pessoa 
domiciliada ou residente no País; III - as causas fundadas 
em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro 
ou organismo internacional; 
 
 Algumas são “em razão de matéria”: IV - os crimes 
políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de 
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades 
autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça 
Militar e da Justiça Eleitoral; V - os crimes previstos em 
tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a 
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter 
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
 
 Novidades trazidas por EC: V- A as causas relativas a 
direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; § 5º 
Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o 
Procurador-Geral da República, com a finalidade de 
assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de 
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o 
Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior 
Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou 
processo, incidente de deslocamento de competência para 
a Justiça Federal. 
 
o 2º grau: Tribunais Regionais Federais - não há um para cada 
estado, alguns correspondem a mais de um estado. Julgam os 
recursos em face das decisões tomadas pelos juízes federais. 
 
 Justiça Federal especializada: 
 
o Justiça do Trabalho: 
 
 1º grau: juízes do trabalho. 
 2ºgrau: Tribunais Regionais do Trabalho – também não 
há correspondência perfeita com os limites territoriais 
estaduais. 
 3º grau: Tribunal Superior do Trabalho (TST). 
 Podem acabar chegando ao STF (não ao STJ) – 4 graus 
 
 Competências: art. 114. 
 
 I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos 
os entes de direito público externo e da administração 
pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios – havendo contrato de trabalho 
(CLT), em entidade privada ou pública. 
 II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; 
 III - as ações sobre representação sindical, entre 
sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre 
sindicatos e empregadores; 
 VI - as ações de indenização por dano moral ou 
patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; 
 
 Julgamento em 1º grau (juiz do trabalho) – recurso ao 2º 
grau (TRT) – recurso ao 3º grau (TST) (nesse caso, apenas 
para situações mais restritas) – recurso extraordinário ao 
STF (apenas se houver matéria constitucional). 
 
 Composição TST: Art. 111-A. O Tribunal Superior do 
Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos 
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos 
de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e 
reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República 
após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, 
sendo: 
 
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de 
efetiva atividade profissional e membros do Ministério 
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo 
exercício, observado o disposto no art. 94; 
 
II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do 
Trabalho, oriundos da magistratura dacarreira, indicados 
pelo próprio Tribunal Superior. 
 
o Justiça Militar Federal: 
 
 Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: 
I - o Superior Tribunal Militar; 
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei 
(Auditorias Militares). 
 Pouquíssimo volume de processos – única justiça 
descongestionada no Brasil. 
 
 Se compõe de parte dos juízes não técnicos: 
 
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de 
quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da 
República, depois de aprovada a indicação pelo Senado 
Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, 
quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre 
oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto 
mais elevado da carreira, e cinco dentre civis. 
 
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo 
Presidente da República dentre brasileiros maiores de 
trinta e cinco anos, sendo: 
 
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e 
conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade 
profissional; 
 
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e 
membros do Ministério Público da Justiça Militar. 
 
 Competências: 
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os 
crimes militares definidos em lei. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o 
funcionamento e a competência da Justiça Militar. 
É uma justiça de competência criminal, que segue o Código 
Penal Militar e o aplica aos integrantes das forças armadas (não 
aos PMs, que são justiça estadual). 
 
o Justiça Eleitoral: 
 
 Criada após a revolução de 1930, e teve consequências 
muito positivas para o combate à corrupção eleitoral. 
 Competências administrativo-eleitorais (ex: aplicar multas 
eleitorais, designar mesários, etc.) e judiciário-eleitorais. 
 É uma justiça sazonal. Tem uma estrutura permanente, mas 
se vale muito de recursos humanos de servidores 
municipais e estaduais. Juízes eleitorais são os juízes 
estaduais da comarca que se prestam a exercer essa função. 
 
 Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: 
I - o Tribunal Superior Eleitoral; 
II - os Tribunais Regionais Eleitorais (um por estado) 
III - os Juízes Eleitorais; 
IV - as Juntas Eleitorais. 
 
 Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no 
mínimo, de sete membros, escolhidos: 
I - mediante eleição, pelo voto secreto: 
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal 
Federal; 
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de 
Justiça; 
 
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes 
dentre seis advogados de notável saber jurídico e 
idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal 
Federal. 
 
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu 
Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre 
os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. 
 
 Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na 
Capital de cada Estado e no Distrito Federal. 
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: 
I - mediante eleição, pelo voto secreto: 
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de 
Justiça; 
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo 
Tribunal de Justiça; 
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na 
Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, 
de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal 
Regional Federal respectivo; 
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois 
juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e 
idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. 
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente 
e o Vice-Presidente- dentre os desembargadores. 
 
 Competências: Art. 121. Lei complementar disporá sobre a 
organização e competência dos tribunais, dos juízes de 
direito e das juntas eleitorais. 
 
 Justiça Estadual (art. 125): 
 
 Justiça Estadual Comum: atribuição residual. O que não for de 
competência da Justiça Federal ou da Justiça Estadual especializada. 
 
 Aplica muito mais o direito federal que o estadual: Código 
Civil, Código Penal, etc. 
 Aplica também o direito municipal, pois o Município não 
possui Justiça própria. 
 
 1º grau: Juízes de direito (divisão estadual em comarcas – 
nem sempre corresponde aos municípios, mas muitas 
correspondem); 
 2º grau: Tribunal de Justiça. 
 
 Competência comum e genérica: não são arroladas na CF. 
 
 
 
 Justiça Estadual Especializada (Justiça Militar Estadual): 
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos 
Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra 
atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a 
vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do 
posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. 
 
 Competência administrativo-disciplinar. 
 Competência criminal: julga os crimes militares cometidos por 
PMs, aplicando o CP Militar. 
 
 Garantias do Poder Judiciário: 
 
 Institucionais: outorgadas ao Poder judiciário como um todo, 
assegurando sua autonomia (art. 96). 
 
o Competências administrativas: autoadministração do Judiciário. 
o Competência de autogestão (governo próprio): eleger seus 
órgãos diretivos. 
o Competência de auto-organização: elaborar seus regimentos 
internos. 
Art. 96. Compete privativamente: 
I - aos tribunais: 
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, 
com observância das normas de processo e das garantias processuais 
das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos 
respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; 
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos 
Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, 
observado o disposto no art. 169: - matérias administrativas que 
demandam providência legislativa 
 
 Da magistratura: garantias dos magistrados, assegurando sua autonomia 
funcional. 
 
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: 
 
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau (1º instância), só será adquirida 
após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, 
de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais 
casos, de sentença judicial transitada em julgado (juiz, uma vez vitalício, 
só perde o cargo por sentença judicial transitada em julgado); 
 
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do 
art. 93, VIII – não pode ser deslocado do lugar que escolheu 
compulsoriamente, só na hipótese do artigo em questão. 
 
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e 
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I – relativo ao pagamento dos 
juízes. 
 
o Juízes pagam imposto de renda (a irredutibilidade de 
vencimentos não pode ser interpretada como isenção de imposto 
de renda): 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal 
e aos Municípios: 
 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se 
encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção 
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, 
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, 
títulos ou direitos; 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
 
§ 2º O imposto previsto no inciso III: 
 
I - será informado pelos critérios da generalidade, da 
universalidade e da progressividade, na forma da lei; 
 
Essas garantias não são privilégios, mas sim prerrogativas: pretendem assegurar a 
independência da atuação dos magistrados. 
 
 Vedações ao Poder Judiciário: 
Art. 95. Parágrafo único. Aos juízes é vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função (em geral, não 
necessariamente público), salvo uma de magistério; 
II - receber,a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; (seria 
um ato de corrupção passiva) 
III - dedicar-se à atividade político-partidária (juiz estadual muitas vezes assume a 
organização da justiça eleitoral, por exemplo) (caso queira se candidatar, primeiro 
deve se aposentar ou pedir exoneração) 
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas 
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 
três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (“quarentena”). 
 
 Estatuto constitucional da magistratura: 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o 
Estatuto da Magistratura (federal e estadual), observados os seguintes princípios: - 
segundo Elival, o certo seria a CF ter aberto essa competência para mais entes, pois caso 
o STF não tenha iniciativa o estatuto não pode mudar. 
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso 
público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em 
todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade 
jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; 
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antiguidade e 
merecimento, atendidas as seguintes normas: 
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco 
alternadas em lista de merecimento; 
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância 
e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver 
com tais requisitos quem aceite o lugar vago – mistura critério de antiguidade e 
merecimento: segundo Elival isso é corporativismo – aqueles que possuem merecimento 
deviam ser promovidos de forma mais rápida. 
c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de 
produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e aproveitamento 
em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; 
d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo 
pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento 
próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; 
e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do 
prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão 
 
 Emenda nº 45: buscou dar transparência na gestão do Poder Judiciário. 
Art. 93, X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão 
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus 
membros; 
Art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, 
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a 
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou 
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
 
Art. 93, XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores (ex: 
TJSP), poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo 
de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e 
jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade 
das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; 
 
 
Aula 11 – Supremo Tribunal Federal 
 
 Histórico 
É uma criação republicana. Havia o Supremo Tribunal de Justiça do Império, mas não 
tinha a mesma conotação. Faltavam prerrogativas, autonomia, etc. 
Com a CF republicana de 1891, inspirada na CF dos EUA, tomou-se o modelo da 
Suprema Corte americana. 
Nasce como segundo grau da justiça federal – julgava os recursos. Mas também já 
tinha competências no campo do controle de constitucionalidade. 
 
 Composição 
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos 
dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, 
de notável saber jurídico (precisa ser acima da média, não basta ser graduado; quem 
avalia isso é o Senado) e reputação ilibada (aferida objetivamente por meio de 
certidões criminais). 
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo 
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do 
Senado Federal (41 senadores). 
 Como são apenas 11, são obrigados a delegar varias funções a um conjunto 
grande de assessores, que passam a ter grande protagonismo informal. 
Problema: isso não tem a mesma transparência. 
 Na época da República eram 15 ministros, na ditadura militar era 16. 
 
 
 Competências 
 
A grande questão hoje é definir a natureza do Supremo e suas competências. 
 
Surge como uma corte com características recursais. O principal recurso que 
chegava ao STF era o recurso extraordinário: 
 
 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal (...): III - julgar, 
mediante recurso extraordinário, as causas (casos concretos) decididas 
em única ou última instância, quando a decisão recorrida. 
o Julga o mérito da causa. 
Hoje a discussão é se deve continuar assim (características recursais) ou se 
devemos transformar o STF em uma autêntica corte constitucional. 
 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição (...) – seria a função primordial? 
 Nas cortes europeias, a função exclusiva é de fazer controle de 
constitucionalidade (com poucas exceções) – só analisa as questões 
constitucionais e devolve os processos para julgamento pelas cortes 
ordinárias. 
 Muitos criticam o caráter recursal do STF – Elival também. 
 Isso diminuiria as competências notadamente em matéria penal - e hoje 
correspondem a grande parte dos processos que o STF analisa. Muitos 
habeas corpus, etc. 
 
Um dos grandes problemas atuais do STF é o excesso de processos 
(congestionamento processual). 
 Isso vem diminuindo com algumas medidas (jurisprudência, súmula 
vinculante, etc). 
 Mas só se resolverá com a redução das competências. 
Outro problema é a falta de especialização. 
 Se fosse uma corte constitucional, seus integrantes seriam especializados 
em Direito Constitucional. Isso elevaria o nível do trabalho realizado. 
 Falta de maior tecnicalidade. Muita oscilação. 
 Hoje os integrantes são de áreas muito variadas. 
Também é um problema o ativismo judicial, que será avaliado posteriormente. 
 
A função de guardião da Constituição se desdobra em várias outras atribuições. 
 Competências originárias: processo se inicia no STF, não passa por 
outras instâncias. Ex: ADIs (controle abstrato de constitucionalidade, em 
que o objeto é um ato normativo). 
 
 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, 
a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
 
I - processar e julgar, originariamente: 
 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo 
federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade 
de lei ou ato normativo federal; 
 
b) nas infrações penais comuns (não são crimes de 
responsabilidade), o Presidente da República, o Vice-Presidente, 
os membros do Congresso Nacional (seriam todos os deputados e 
senadores, mas em decisão ativista o STF reduziu para apenas os 
presidentes da câmara e do senado), seus próprios Ministros e o 
Procurador-Geral da República; (em razão do cargo ocupado pela 
autoridade, o STF julga enquanto foro por prerrogativa de função 
– “foro privilegiado”). 
 
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, 
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército 
e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, osmembros 
dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os 
chefes de missão diplomática de caráter permanente; 
 
d) o habeas corpus , sendo paciente qualquer das pessoas referidas 
nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data 
contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, 
do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo 
Tribunal Federal; 
 
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e 
a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; 
 
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o 
Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas 
entidades da administração indireta; (casos de impacto federativo 
apenas). 
 
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; 
 
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia 
da autoridade de suas decisões; (ação judicial em que se pede que 
se preserve a competência do STF; caberia na hipótese de 
descumprimento de sumula vinculante, por ex.) 
 
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma 
regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do 
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado 
Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal 
de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do 
próprio Supremo Tribunal Federal; (quando falta norma para 
implementar direito fundamental). 
 
 Competências recursais: 
 
II - julgar, em recurso ordinário: 
 
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado 
de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se 
denegatória a decisão; 
 
b) o crime político; 
 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em 
única ou última instância, quando a decisão recorrida: 
 
a) contrariar dispositivo desta Constituição; 
 
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
 
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta 
Constituição. 
 
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. 
 
 Os recursos extraordinários representam grande volume de 
processos. Por isso, se criou com a EC 45 o requisito da 
repercussão geral: 
 
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a 
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, 
nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do 
recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois 
terços de seus membros. 
 
 
 Papel uniformizador do STF na jurisprudência: 
 
 Efeitos erga omnes nas ações diretas: 
 
Art. 102, § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo 
Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações 
declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e 
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e 
à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e 
municipal. 
 
 No controle abstrato de constitucionalidade (ADI ou ADC), STF 
decide com eficácia erga omnes. 
 Ex: se STF reconhece inconstitucionalidade de uma lei, justiça 
estadual precisa reconhecer também em suas decisões. 
 Efeito vinculante (interpretação do Elival): serviria para aplicar 
medida disciplinar contra magistrado que se recusa a cumprir. 
 Boa parte da doutrina defende que efeito vinculante diz respeito 
também aos motivos determinantes da decisão. Isso daria uma 
amplitude muito grande, e seria complicado. 
 
 Repercussão geral: criada pela EC 45. Pressuposto de conhecimento ou 
admissibilidade do recurso extraordinário. Sem ela, não se julga o mérito. 
Pode ser ampla – jurídica, econômica, social, etc. Não pode se limitar a 
casos muito particulares. 
 
 § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a 
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no 
caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a 
admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela 
manifestação de dois terços de seus membros. 
 Quando identifica repercussão geral, STF comunica as demais 
instâncias para paralisação do julgamento e julga o caso, dando 
decisão que servirá de modelo. 
 Juiz de outras instâncias pode não seguir o entendimento, mas isso 
será facilmente reformado. 
 
 Súmula vinculante: criada pela EC 45. 
 
 Natureza: ato normativo. Não é uma decisão judicial. Não 
significa o julgamento de um caso, mas os julgamentos reiterados 
de casos são pressupostos para a adição da sumula – é editada em 
função desses. 
 Precedentes: origem no direito lusitano. Tribunais superiores 
fixavam entendimentos vinculativos para as demais autoridades 
judiciais. 
 Sempre houve no Brasil a súmula de orientação jurisprudencial, 
que não é vinculante. Não há nenhuma medida disciplinar contra o 
magistrado, pois ele não está praticando nenhuma infração. Esse 
tipo de súmula ainda existe, mas o STF praticamente não as edita 
mais. 
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício (se fosse 
ato jurisdicional não poderia ser de ofício) ou por provocação, 
mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas 
decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir 
de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em 
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração 
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, 
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma 
estabelecida em lei. 
 A súmula é um ato normativo de 2º grau. Não está em nível 
constitucional nem primário – é menos que o ato legislativo, 
não pode criar direitos e obrigações. Apenas interpreta a 
legislação e define seus efeitos. 
 É ato normativo relacionado à atividade jurisdicional. 
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a 
eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia 
atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração 
pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante 
multiplicação de processos sobre questão idêntica. 
 Validade: confronto entre uma lei/ato normativo e a 
Constituição – discussão de constitucionalidade. 
 Interpretação: interpretação pura e simples de lei ordinária 
não é matéria de sumula vinculante. Pode ser interpretação de 
um dispositivo da CF ou de dispositivo legal para avaliar se 
uma interpretação é ou não constitucional (interpretação 
conforme), etc. “Desde que interpretado assim, é 
constitucional” ou “tal interpretação é inconstitucional”. 
 Eficácia: precisa envolver confronto da lei/ato normativo com 
a Constituição. 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei (lei que regula 
as súmulas), a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá 
ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de 
inconstitucionalidade (lei prevê uma amplitude até maior das 
autoridades). 
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a 
súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá 
reclamação (art. 102, I, l) ao Supremo Tribunal Federal que, 
julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a 
decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida 
com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. 
 Lei que regula as súmulas prevê também a responsabilidade 
disciplinar de magistrados ou membros da administração que 
descumpram súmula vinculante. 
Problema das súmulas: se o STF as edita e, grande quantidade, caberá 
grande número de reclamações. Hoje o STF dá prioridade à 
repercussão geral, e menos às súmulas. 
 
 Conselho Nacional de Justiça 
A própria organização e estrutura do Judiciário já propicia o controle interno de 
regularidade dos atos institucionais por seu próprio funcionamento normal, uma 
vez que normalmente a tudo cabe recurso, embargos de declaração, etc. 
A ideia dacriação do CNJ não foi melhorar esse controle, mas sim era melhorar 
o controle político-administrativo do Judiciário, uma vez que esse possui auto 
administração, recursos orçamentários expressivos, etc. 
Se sentiu uma timidez muito grande do legislativo e dos TCUs a realizar esse 
controle. Para isso, foi criado um órgão voltado ao controle financeiro-
administrativo do Judiciário. 
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros 
com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: 
(majoritariamente magistrados) 
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; 
II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo 
tribunal; 
III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo 
tribunal; 
IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal 
Federal; 
V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; 
VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de 
Justiça; 
VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; 
VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior 
do Trabalho; 
IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; 
X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral 
da República; 
XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral 
da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada 
instituição estadual; 
 
XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados 
do Brasil; 
XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um 
pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. 
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do 
Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-
lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da 
Magistratura: 
 Não se trata de controle institucional. 
 Atos do CNJ são passíveis de controle pelo STF (por ser de competência 
administrativa, suas decisões são passíveis de revisão) 
 
 Ex. de funções: III - receber e conhecer das reclamações contra membros 
ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, 
serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que 
atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da 
competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar 
processos disciplinares em curso, determinar a remoção ou a 
disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas, assegurada 
ampla defesa (competência disciplinar, podendo aplicar até sanção 
disciplinar). 
 VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e 
sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos 
do Poder Judiciário; 
 
 O controle exercido é interno: 
 
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: 
 
I-A o Conselho Nacional de Justiça; 
 
 
 
 Superior Tribunal de Justiça: 
Antes da CF 1988, o STF desempenhava dois papéis: função de guardião da CF e de 
guardião do direito federal. Problema: sobrecarregava o STF. 
CF 1988 – STF abriu mão da função de guardião do direito federal. Para isso, foi criado 
o STJ. 
STJ faz seu papel de guardião do direito federal principalmente por meio do recurso 
especial. 
 
 
 Composição 
 
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três 
Ministros. 
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados 
pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e 
menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, 
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: 
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre 
desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada 
pelo próprio Tribunal; 
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério 
Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, 
indicados na forma do art. 94. 
 Essa composição demonstra uma necessidade de ter juízes afinados com a 
jurisdição comum. 
 
 Competências 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente (competências originárias, entre outras:) 
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes 
e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados 
e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito 
Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e 
do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os 
do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; 
III - julgar, em recurso especial, as causas (processos concretos) decididas, em única 
ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos 
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: (decisões da 
justiça comum federal ou estadual) 
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; 
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; 
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. 
 Na maior parte dos casos, os processos se iniciarão na justiça comum federal 
ou estadual. 
 Se couber recurso da decisão de 2º grau (recursos limitados, de caráter técnico) 
– violação de direito ou questões interpretativas de direito federal (STJ) ou 
constitucional (STF). 
 Se um mesmo caso envolver direito federal e constitucional, o STJ julga 
primeiro e o STF por último (sempre). 
 
 
 Politização da justiça e judicialização da política 
Funções normais do judiciário de controle jurídico de do poder público podem exercer 
impacto no sistema político, e isso é normal. Inclusive, essa é hoje sua função 
institucional mais importante. 
Uma certa judicialização da política vem desse controle jurídico que é normal. Há 
também uma serie de ações como o mandado de segurança, ações civis públicas, ações 
populares, etc – vários instrumentos processuais que permitem um controle jurídico. 
Ativismo judicial não é judicialização pura e simples (esta pode se dar normalmente 
dentro da separação de poderes). É a intervenção judicial que atropela os parâmetros 
que o direito dá para avaliar as competências do judiciário. 
 Quem fiscaliza as decisões do supremo? Doutrina, crítica publica, 
manifestações no parlamento, críticas governamentais, propostas de 
reformulação institucional, etc. 
 No Brasil isso se tornou um sinal de disfunção institucional a partir de 
2006/2007. 
 Ativismo é julgar fora de sua competência constitucional. 
 Supremo passa a não mais aplicar a CF e sim formatá-la, escrevê-la. 
 
 Países de democracia instável, com bom funcionamento institucional, não têm 
ativismo judicial. 
 
 O ativismo judicial é praticado a partir dos padrões morais do juiz. 
 
 Fator ideológico e fator estrutural/sistêmico do ativismo: 
 
o Estrutural/sistêmico: fragilidade da representação política (devido à 
proliferação de partidos – governo não tem apoio o bastante no congresso). 
o “Supremocracia”: enquanto no resto do mundo as lideranças políticas são 
discutidas e fiscalizadas, no Brasil discutimos falas de ministros do STF. 
o Judiciário assumindo papel político. 
o Necessidade de fortalecer os partidos diminuindo seu número (sistema 
majoritário/voto distrital), fazer com que os governos tenham maioria 
sólida no parlamento (parlamentarismo). Essas reformas tornariam a 
representação política forte o bastante para enfrentar o STF, que não faria 
mais o ativismo judicial. 
 
o Ideológico: é uma ideologia pretensamente antipositivista(de crítica ao 
positivismo jurídico), mas que na realidade não apresenta nada no lugar 
do positivismo. 
o No momento, o que predomina no STF é o moralismo jurídico – 
substituição dos padrões da norma pela moral. O problema é que a moral 
é relativa. Neoconstitucionalismo diz que entre a regra e o princípio se fica 
com o princípio, mas na realidade as regras são muito mais operacionais. 
Princípios são úteis para construir o direito, não para aplicação. 
o Interferem nas discricionariedades administrativa e legislativa entrando no 
mérito de políticas públicas. 
 
Aula 12 – Controle de Constitucionalidade 
É uma decorrência do princípio da supremacia da Constituição. 
o A distinção entre o direito ordinários infraconstitucional) e o constitucional 
pressupõe procedimento diferente de alteração da CF. 
o Há uma clara correlação entre rigidez, supremacia e controle de 
constitucionalidade. 
Poder Constituinte Originário como um poder supremo, manifestação da soberania 
estatal, e não havia nenhum poder acima dele. 
o Elabora a lei fundamental do Estado – Constituição. 
o Herda do Poder Constituinte a supremacia. 
o Essa supremacia começa no plano político e então passa ao jurídico. O direito 
nasce da política. E então, o direito regula a política. 
Surge a necessidade de atualização das normas constitucionais – Poder Constituinte 
Derivado de revisão. 
o É um poder instituído, que altera a CF por procedimentos especiais. 
o É instituído pelo Poder Legislativo, mas diferente deste. Atua em outro papel, que 
não o legislativo ordinário. 
o A rigidez decorre da supremacia. 
Mecanismo para que essa rigidez fosse observada: controle de constitucionalidade 
como procedimento para sanar as infrações à rigidez constitucional. 
Tanto a rigidez quanto o controle de constitucionalidade são decorrências da supremacia 
da constituição. 
 
 Como distinguir: vício de constitucionalidade, sanção de constitucionalidade 
e controle de constitucionalidade. 
 
o Vício de constitucionalidade: ato legislativo que não segue a forma 
correta, o conteúdo correto, se foi editado por entidade competente, que 
tem problemas quanto à finalidade – tudo em relação à Constituição. 
 
 Sanção de constitucionalidade: é a consequência do vício; 
dependendo do sistema constitucional, a sanção pode ser de 
nulidade ou de anulabilidade. No Brasil é necessariamente 
nulidade. 
o Controle de constitucionalidade: evolução do instituto do vício com o 
intuito de resolver o problema. 
 
 Fala-se de validade do ato legislativo. 
 
 
 Categorias de vício de constitucionalidade 
 
Kelsen falava em vício formal e material. Se contraria as regras do 
processo legislativo é vício formal; se o conteúdo contraria a CF, é vício 
material. 
 
Nos Estados Federais há uma terceira categoria: o vício orgânico (não 
confundir com o vício formal!). Fala-se de competência da entidade para 
legislar. 
 
A quarta categoria é o vício finalístico: ideia de que toda lei existe para 
determinado fim. Um ato legislativo deve ter aptidão a promover esse fim. 
Se a lei não é adequada a alcançar esse fim, há inconstitucionalidade 
finalística/teleológica. Aqui entra a questão do teste de proporcionalidade. 
 
Uma vez constatado o vício, dependerá do sistema de controle identificar qual a 
sanção adequada. No caso do Brasil, a sanção é sempre nulidade (nulidade ab 
initio: o ato é nulo desde seu nascimento, e essa nulidade não depende de 
identificação judicial para existir – a decisão judicial apenas constata). 
O controle de constitucionalidade é o procedimento pelo qual se efetiva uma 
sanção de inconstitucionalidade. 
 Origem histórica do controle de constitucionalidade 
Surge do constitucionalismo estadunidense (instituto do judicial review). Surge nos 
EUA sem previsão expressa na CF. Houve uma construção pretoriana (do judiciário, 
que é própria do common law), que identificou essa possibilidade de o judiciário 
invalidar leis inconstitucionais. 
Marco inicial do controle de constitucionalidade nos EUA: caso Marbury contra 
Madison, decidido em 1803. Já existiam declarações de inconstitucionalidade no 
plano estadual (em relação às constituições estaduais), mas não no plano federal. 
Nos EUA, o controle de constitucionalidade é uma atribuição ordinária do poder 
judiciário – está dentro de suas competências normais: assim como resolve conflitos 
entre lei mais antiga e mais recente, lei especial e lei geral, etc. Já na Europa, se cria 
uma corte constitucional com a competência explícita – exige previsão da 
competência de controle. 
 
 
 Sistema Estadunidense e Sistema Europeu (kelseniano/austríaco) 
São sistemas modelares (modelo de controle de constitucionalidade). O sistema 
brasileiro, por exemplo, é uma variante do estadunidense. 
 Classificações do controle de constitucionalidade 
 
 Quanto ao momento em que se realiza o controle. O momento determinante é a 
publicação do ato de promulgação de uma lei. 
 
o Controle preventivo: se é feito ao longo do processo de elaboração do ato 
legislativo. Uma lei que já passou pelo processo legislativo, mas ainda não foi 
publicada em diário oficial é sujeita a controle preventivo. 
o Controle repressivo: se é feito posteriormente à realização do ato jurídico. 
Uma lei em vacatio legis é sujeita a controle repressivo. 
 
 Quanto à natureza do controle – não se trata da titularidade do controle (não quer 
dizer, por exemplo, que é jurisdicional sempre que feito pelo Judiciário – é sobre 
o ato, não sobre o órgão). 
 
o Controle jurisdicional: controle realizado pela função estatal jurisdicional. 
Análise puramente jurídica de adequação de um ato à CF. 
o Controle político: controle realizado por qualquer outra função estatal que não 
a jurisdicional. 
 
 Quanto ao critério orgânico/subjetivo. Não admite meio termo (sistema 
misto)!!!! No Brasil, o sistema é difuso. No CPC erroneamente se faz menção a 
um suposto controle concentrado que não existe no Brasil. 
 
o Controle concentrado de constitucionalidade: se dentro do aparto 
jurisdicional há apenas um tribunal que faz o controle. 
o Controle difuso de constitucionalidade: se todo e qualquer juiz ou tribunal 
tem competência genérica de controle. 
 
 Quanto ao critério concreto/abstrato. Sistema brasileiro é misto. 
 
o Controle principal/abstrato: o objeto do processo de controle e a questão de 
constitucionalidade. Não se examina um caso, apenas uma questão em abstrato. 
Ex: união estável homoafetiva no CC. ADI e ADC são instrumentos de controle 
abstrato. 
o Controle incidental/concreto: há um processo, um caso concreto. Nesse caso 
concreto, há uma questão constitucional sendo levantada, mas a questão de 
constitucionalidade não é o objeto principal do processo. Essa questão precisa 
ser analisada antes de se avaliar o mérito. 
 
 
 Efeitos da decisão do controle de constitucionalidade 
 
 Quanto ao aspecto subjetivo (quem é afetado pela decisão): 
 
o Efeitos inter partes: apenas entre as partes. 
o Efeitos erga omnes: para todos. 
 
 Quanto ao aspecto temporal (se são retroativas ou para o futuro). A depender do 
sistema sancionatório. 
 
o Se é de nulidade, apenas constata a invalidade que precede a decisão 
judicial – aparência de retroatividade (o ato já nasceu sem efeitos). 
o Se é de anulabilidade, o ato tem uma validade temporária (nasce valido, 
mas com defeito, e pode ser invalidado). Em relação ao tempo, é 
necessário decidir como se dará: 
 
 Da decisão para adiante – irretroativa. 
 Apagando os efeitos pretéritos do ato – retroativa (total ou 
parcial). 
 Também é possível a anulação pró-futuro: mantem o ato 
legislativo e projeta sua anulação para dali a um tempo. 
 
 
 Comparação entre os sistemas modelares de controle 
Há outros sistemas atípicos, mas o estadunidense e o europeu são os principais. 
 Sistema estadunidense 
Ideia de que cabe ao Judiciário fazer o controle de constitucionalidade no uso de 
suas atribuiçõesordinárias – o controle é intrínseco ao trabalho judicial comum. 
 Sistema repressivo: atua depois da prática do ato legislativo. 
 Sistema jurisdicional: atuação munida dos atributos da função 
jurisdicional. 
 
 
 Sistema difuso: qualquer juiz/tribunal faz controle (claro que respeitadas 
suas competências processuais). 
 
 Sistema incidental: não nos EUA o controle principal (abstrato). O 
controle é sempre concreto, em função de casos. 
 
 Efeitos inter partes: porém, há a regra do precedente. A decisão de um 
órgão jurisdicional é vinculante para os órgãos inferiores ou de mesmo 
nível. No caso da Suprema Corte, é vinculante para toda a jurisdição. 
 
 Sistema sancionatório de nulidade: aparência de retroatividade. 
 
 
 
 
 
 Sistema europeu: 
Na Europa do séc. XIX não havia controle de constitucionalidade, porque 
vigorava o principio da soberania do legislador (e não da Constituição). Viam 
como se fosse o poder judiciário se colocando à frente do legislativo. 
Kelsen propõe o controle de constitucionalidade em sua feição abstrata. Não como 
função ordinária do judiciário, mas como função especial de um órgão especial. 
O tribunal constitucional exerce função jurisdicional atípica – “legislador 
negativo”: invalida atos normativos ou os revoga. 
 Sistema repressivo 
 Sistema jurisdicional 
 
 Sistema concentrado: apenas a corte constitucional tem competência 
para fazer o controle. É um tribunal especializado que tem o monopólio 
desse controle, e exerce poucas funções além disso (altamente 
especializado). Maior tecnicidade. 
 
O juiz comum pode suscitar o incidente de inconstitucionalidade, caso 
esteja em face de questão de constitucionalidade. Assim, a corte 
constitucional vai julgar apenas essa questão – e não o caso concreto. No 
Brasil também há um instituto com esse mesmo nome, mas tem outro 
sentido muito diferente. 
 
 Sistema misto: admite controle abstrato e concreto. Há as ADIs e ADCs 
e os incidentes de constitucionalidade. 
 
 Efeitos erga omnes: em qualquer circunstância. 
 
 Sistema sancionatório de anulabilidade: decisão judicial 
desconstitutiva. Estabelece os efeitos temporais - modulação dos efeitos 
temporais da decisão. 
 
O modelo americano é bem mais simples, e o europeu é mais sofisticado. O 
americano é próprio para sistemas liberais, e o europeu é mais adequado ao estado 
intervencionista. 
 
Aula 13: Controle de Constitucionalidade – Sistema brasileiro de controle de 
constitucionalidade 
Se filia ao modelo estadunidense: 
 Difuso (não há sistema misto!!!!) 
 Sanção de nulidade: decisões de inconstitucionalidade são declaratórias. 
 
Todavia, o sistema brasileiro apresenta uma tendência à europeização: 
 Adoção do controle abstrato, a partir de 1965. 
*A tendência atual do sistema brasileiro é atribuir efeitos erga omnes às decisões 
de constitucionalidade (por ex., com as súmulas vinculantes e as repercussões 
gerais). 
*Lei 9868/99: dispõe sobre o processo de julgamento de ADI e ADC perante o 
supremo. 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em 
vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o 
Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, 
restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a 
partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
o Não se trata em sentido próprio de modulação de efeitos. Nosso sistema é 
de sanção de nulidade, e isso não é colocado em xeque nessa lei. 
o Elival sustenta (de forma minoritária) que se trata de uma convalidação 
parcial, até porque se trata apenas de controle abstrato. 
o Lei inválida, mas que em determinado momento o STF é autorizado por 
lei a convalidar. 
o Entretanto, Elival também sustenta que esse artigo é constitucional, pois é 
lei ordinária contrariando a CF (e nisso não é minoritário). 
o STF busca aplicar tanto que não se de mais pra questionar sua aplicação. 
 
 
 História do controle de constitucionalidade no Brasil: 
Constituição do Império: não havia controle de constitucionalidade. 
 Judiciário tinha muito menos prerrogativas, e era muito submisso ao 
Executivo. Não havia condições de se contrapor ao Legislativo. 
 Forte influência do constitucionalismo francês, que no séc. XIX não admitiu 
qualquer tipo de controle judiciário de constitucionalidade, sob a ideia de 
soberania do parlamento. 
CF 1891: controle de constitucionalidade ingressa no Brasil, por forte influência do 
modelo dos EUA. 
1934: começa a transitar para o modelo europeu, na primeira CF democrático-social 
brasileira. 
 Criada a ação declaratória de constitucionalidade interventiva – intervenção 
federal de caráter normativo: precedente das ADI e ADC. 
 Criada a resolução do senado suspensiva de execução de leis e atos 
normativos declarados inconstitucionais pelo STF – senado como espécie de 
poder coordenador dos demais poderes (hoje é visto como uma casa revisora 
apenas). Dar efeitos gerais a decisões que eram inter partes. 
o Está até hoje na nossa CF: 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada 
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; 
CF 1937 regride em relação ao controle (era uma CF de caráter semântico, 
escondendo uma ditadura). 
CF 1946 retoma a democracia no Brasil, e a novidade vem com a EC 16 que criou o 
controle abstrato em 1965. 
 Grande ponto frágil do controle abstrato era o fato de que uma autoridade 
detinha o monopólio da propositura de ações diretas: o procurador geral da 
república (chefe do MPF). 
 Na época da ditadura militar, o PGR era demissível pelo presidente (ou seja, 
ocupava cargo de confiança). E exercia também funções de advocacia 
pública. Com isso, só entrava com ações que interessavam ao poder 
Executivo. 
*A tendência atual do sistema brasileiro é atribuir efeitos erga omnes às decisões de 
constitucionalidade (por ex., com as súmulas vinculantes e as repercussões gerais) – 
europeização. 
*Lei 9868/99: dispõe sobre o processo de julgamento de ADI e ADC perante o 
supremo. 
 Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo 
em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, 
poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus 
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha 
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha 
a ser fixado. 
 Não se trata em sentido próprio de modulação de efeitos. Nosso sistema é de 
sanção de nulidade, e isso não é colocado em xeque nessa lei. 
 Elival sustenta (de forma minoritária) que se trata de uma convalidação 
parcial, até porque se trata apenas de controle abstrato. 
O modelo de Estado social, intervencionista, é mais adequado a um modelo de 
controle como o europeu. A sanção de nulidade, por ex., é muito rígida – é melhor 
fornecer formas de convalidar a norma inconstitucional. 
 
 Constituição de 1988: 
 
 Natureza da função de controle: se faz essencialmente na função jurisdicional, 
mas existe também um controle político (fora da função jurisdicional). 
 
 Ex: comissão de justiça e cidadania da câmara ou senado dá pareceres sobre 
constitucionalidade de projetos. 
 Executivo propõe ao presidente que deixe de aplicar o dispositivo legal porque 
há inconstitucionalidade. 
 Normalmente na prática o controle político acaba envolvendo aspectos de 
mérito, ainda que isso não seja previsto. Isso é inconstitucional. 
 
 Controle repressivo e preventivo. 
 
 O controle jurisdicional é exclusivamente repressivo – não há um preventivo 
(ex: STF não pode fazer o controle sobre projetos de lei). 
 Controle político pode ser preventivo (ex: pareceres das comissões de 
constituição e justiça, veto presidencial por razões constitucionais) ou 
repressivo(intervenção federal – art. 34, VII; resolução do senado suspensiva 
da execução de lei ou ato normativo decidido inconstitucional pelo STF – não 
é uma revogação, é uma suspensão de execução; medida provisória; sustar os 
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou 
dos limites de delegação legislativa). 
 
 Controle difuso 
 
 NÃO EXISTE CONTROLE CONCENTRADO NO BRASIL!!!! 
 
 Há controle incidental (concreto) e principal (abstrato) 
 
 Nas ações diretas há isolamento da questão constitucional e há controle 
abstrato: ADC E ADI, mas também a ADPF (ação de descumprimento de 
preceito fundamental) pode ter esse uso. 
 Fortalecimento do instrumental de ações diretas 
 
 É inerente a controle principal o caráter erga omnes das decisões, já no incidental 
os efeitos são inter partes, mas há instrumentos para atribuir a essas decisões 
efeitos gerais. 
 
 No Brasil a sanção de inconstitucionalidade é a nulidade, mas há o artigo 
mencionado anteriormente que permite convalidação parcial. 
 
 
 
 O controle abstrato no Brasil 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual 
e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; 
 Não menciona as leis e atos normativos municipais: não há ação direta para 
lei municipal em confronto com a CF. 
 Os municípios estão submetidos as constituições de seus estados. Logo, se 
uma lei municipal ou estadual contrariar a constituição do estado, é possível 
controle abstrato (não pelo STF!!!) desde que essa constituição preveja o 
instrumento. 
Provocadores do controle abstrato: 
 CF traz uma disposição importantíssima, pois no regramento anterior o chefe 
do MP monopolizava a provocação. 
 Hoje o chefe do MP não é mais demissível pelo presidente – só pode ser 
retirado do cargo por decisão do senado. Prerrogativa de autonomia 
consideravelmente maior. 
 CF 1988 pluralizou a legitimidade ativa do controle em nível federal. 
 Houve um exagero, passando de uma restrição muito grande para uma 
abertura inconsequente, que fez uma propositura em demasia. 
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação 
declaratória de constitucionalidade: 
I - o Presidente da República; 
II - a Mesa do Senado Federal; 
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito 
Federal; 
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
VI - o Procurador-Geral da República; 
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
 STF criou requisitos de pertinência temática para controle abstrato: 
o Alguns legitimados precisam prover que têm interesse institucional na 
causa. 
o Mesa da assembleia, governador de estado, confederação sindical e 
entidade de classes precisam demonstrar a pertinência temática. 
o Já os demais são legitimados gerais. 
 
 Ação direta de inconstitucionalidade: 
 
 Criada pela EC 16 de 1965. 
 Instrumento de controle abstrato mais utilizado. 
 
 Ação declaratória de constitucionalidade: 
 
 Em 1993 foi criada a ação declaratória de constitucionalidade – não é um 
instrumento tão utilizado. Serve na prática para antecipar que o governo possa 
arrecadar um tributo, por ele ser constitucional. 
 O STF se manifesta, na ADC, em face de alguma controvérsia judicial, não é 
uma consulta em tese. Assim, podem existir outros vícios que não foram 
contestados, essa ação não declara a constitucionalidade da norma para 
sempre. 
 Elival é a favor da extinção da ADC. 
 Estados não podem criar em suas constituições a ADC. 
 Respeitados os requisitos de pertinência temática, os legitimados a propor 
ADC são os mesmos do artigo 103. 
 
 ADC não pode ter por objeto leis ou atos normativos estaduais: 
 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda 
da Constituição, cabendo-lhe: 
 
I - processar e julgar, originariamente: 
 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou 
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato 
normativo federal 
 
 ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 
 
 CF 1988 o criou como um dispositivo lacônico, que não explicava muito bem 
o que eram esses preceitos. 
 Foi preenchido pelo legislador infraconstitucional, com todos os problemas 
que isso acarreta (lei federal 9.882/99). 
 Espécie de ADI subsidiária – quando na cabe ADI, cabe ADPF se houver 
violação de preceito entendido como fundamental. 
 Princípio da subsidiariedade é muito importante na ADPF: se houver outro 
remédio, esse outro prevalece. 
 Maior parte das ADPFs propostas não foram conhecidas, pois não havia 
cabimento. 
 
 Hipóteses mais importantes: 
 
o Não recepção: contrariedade à CF por uma lei precedente a ela. 
Inconstitucionalidade antecedente – a lei não foi recepcionada pela 
nova CF. Opera-se a revogação. A constatação dessa revogação se faz 
por ADPF (ADI só serve para inconstitucionalidade subsequente). 
 Caso + famoso: não recepção da lei de imprensa editada no 
regime militar. 
o Contrariedade de lei municipal com a CF: único modo de levar ao 
STF de forma abstrata é por ADPF. 
 Caso + famoso: IPTU progressivo em SP. 
 
 ADPF importante hoje é a do estado de coisas inconstitucional da situação 
fática do sistema prisional. 
o Gerou grande discussão se é possível controle de constitucionalidade 
de situação fática, e não normativa. 
o Elival acredita que não pois não se resolve dessa forma, mas sim por 
políticas públicas. 
 Elival é favorável à eliminação da ADPF, e acredita que podia ser resolvido 
por entendimento mais amplo do objeto da ADI. 
 Ele acredita na eliminação da ADC e APDF e robustecimento da ADI. 
 
 
 Instrumentos para tentar dar efeitos gerais a decisões de controle incidental 
 
 Resolução do senado: suspende a execução de leis declaradas 
inconstitucionais pelo STF em casos concretos. 
 Súmula vinculante: ato normativo do STF sobre dissenso existente na 
administração ou no judiciário sobre questão de constitucionalidade. Vem 
pacificar vinculativamente, sob pena de responsabilidade disciplinar e 
desfazimento da decisão. 
 Repercussão geral: requisito de conhecimento de recurso. Já que nossa CF 
é muito analítica ela gera muitos recursos extraordinários em matéria 
constitucional. Porém, algumas não são impactantes de forma geral. 
o Reconhecida a repercussão geral de um processo pelo STF os 
processos todos daquela questão são paralisados. 
o Se prova um tema de repercussão geral, que vai balizar os 
julgamentos futuros. 
Elival defende que estamos fazendo remendos em um sistema que na realidade 
deveria caminhar para o controle concentrado como o europeu. 
 Controle da omissão inconstitucional 
 
 A não elaboração de ato normativo pode ofender a CF também. 
 Omissão normativa: carência de ato normativo. 
 Deve caracterizar omissão em face de um dever de legislar existente. 
o Ex: quando a CF estabelece prazo. 
o Normas constitucionais de eficácia limitada preceptivas. 
o Quando se fala de normas programáticas, a discussão é mais complexa. 
 
 Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 
 
 Modalidade de uso da ADI (em vez de comissiva é omissiva). 
 Consequências diferentes: se encaminha uma notificação para o poder 
competente para que legisle. 
 
 
 Mandado de injunção 
 
 Mais ligado ao campo do controle concreto. 
 Apenas em casos de normas de eficácia limitada preceptivas (e não 
programáticas), para que o STF edite legislação provisória permitindo 
o exercício de um direito fundamental.de 2º grau: CF estabelece União e 
estados, e estados em suas constituições estabelecem divisão em município, comunas, 
etc.). Porém, nesses Estados a divisão de 2º grau não é obrigatória como no Brasil, onde 
a estrutura tríplice é definida pela CF. 
O Distrito Federal não possui municípios: é uma entidade federativa sui generis, que 
possui competências estaduais e municipais. 
No Brasil, os estados não tem poder para eliminar os municípios de sua estrutura. A 
autonomia municipal é assegurada pela CF. 
 
 Federalismo brasileiro à luz da CF 1988: 
Há uma ordem jurídica da CF, que está no ápice da pirâmide normativa, e abaixo dela 
há várias ordens jurídicas: ordem jurídica federal (com leis federais), ordem jurídica 
estadual (que se inicia com as constituições estaduais), e ordem jurídica municipal (com 
a legislação do município). São três pirâmides normativas que confluem para uma 
maior, que tem em seu topo a CF. Esse modelo é complexo, dando margem a várias 
questões de repartição de competência federativa. 
 
 Repartição de competências: 
 
Modelo de 1988 combina a repartição horizontal (estabelece competências 
privativas da União, dos estados e dos municípios) com a vertical. 
 
No plano horizontal, estabelece competências administrativas e legislativas 
privativas para a União e para os municípios e, em relação aos estados, uma 
cláusula geral residual (art. 25: “são reservadas aos Estados as competências 
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição”). 
 
 Competências administrativas privativas da União: art. 21 CF 
 
 Competências legislativas privativas da União: art. 22 CF 
Um dos motivos para a existência de menor autonomia dos estados e 
competência mais alargada da União é o tamanho do rol de competências 
privativas da União (ex: art. 22 – “Compete privativamente à União legislar 
sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho”). 
 
 Competências privativas dos municípios: art. 30 CF. 
Matérias de interesse local são de legislação específica dos municípios – porém, 
esse termo é muito genérico, permitindo muita discussão. Ainda assim, há uma 
certa prática administrativa que moldou essa questão. 
 
 Competências administrativas comuns (aos três níveis federativos): art. 23 – 
“É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios”. 
 
 Competência legislativa concorrente: art. 24 – “Compete à União, aos Estados 
e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, 
financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico”. 
 
o “§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União 
limitar-se-á a estabelecer normas gerais”. Não pode estabelecer uma 
legislação que exaure todo o tema. 
o “§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não 
exclui a competência suplementar dos Estados”. A competência 
suplementar é da União, dos estados e dos municípios. Apenas as 
normas gerais são privativas da União. 
o O art. 24 não cita os municípios, essa conclusão se tira de uma 
interpretação sistêmica da CF: Art. 30 – “Compete aos Municípios: II - 
suplementar a legislação federal e a estadual no que couber”. 
o Não é possível haver contradições normativas: uma lei estadual não pode 
contrariar uma federal etc. 
o “§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a 
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.” 
o “§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a 
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.” (lei federal posterior 
suspende a eficácia da estadual no que a contradisser). 
 
Aula 2 – Entidades Federadas: autonomia e competências 
 
 Autonomia financeira: 
 
 Modalidades de tributos: Art. 145. “A União, os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva 
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao 
contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, 
decorrente de obras públicas.” 
 
o Impostos: cobranças que dizem respeito aos recursos básicos para 
manutenção da máquina pública. 
o Taxas: recitas que estão vinculadas a uma finalidade específica. 
 Taxas em razão de poder de polícia: taxa que se paga para o 
exercício de fiscalização do Estado. Art 78 CTN: “Considera-
se poder de polícia a atividade da administração pública 
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, 
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de 
interesse público concernente à segurança, à higiene, à 
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, 
ao exercício de atividades econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade 
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais 
ou coletivos.” 
 Taxas para prestação de serviços públicos 
o Contribuições de melhoria: obras públicas que valorizam imóveis – 
poder público pode cobrar o lucro em razão de obra pública (ex: 
valorização do terreno). 
o Empréstimos compulsórios: é obrigado a ceder os recursos, mas eles 
são devolvidos posteriormente. Apenas nas situações que a CF 
estabelece: Art. 148. “A União, mediante lei complementar, poderá 
instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas 
extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra 
externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de 
caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o 
disposto no art. 150, III, "b"” – princípio da anterioridade: só para o 
exercício seguinte. 
 
 
 Repartição horizontal de competência para cobrança de impostos: 
A CF não institui imposto algum, apenas reparte a competência tributária, o 
que é feito por lei de cada ente. 
 
o Art. 153. “Compete à União instituir impostos sobre: I - importação 
de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos 
nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer 
natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, 
câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - 
propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei 
complementar.” 
o Art. 155 – competências de Estados e DF. 
o Art. 156 – competências dos municípios. 
o Impostos residuais, fora os que a CF institui competência, só podem 
ser criados pela União. 
Problema: municípios arrecadam de acordo com o que existe em seu território 
– se tiverem mais ou mais serviços, área mais ou menos valorizada. 
o Para compensar essa desigualdade de arrecadação se usa um 
mecanismo análogo à técnica de repartição vertical: se prevê a 
participação de uma entidade na arrecadação de outra – ex: imposto 
sobre propriedade territorial rural – metade do valor arrecadado fica 
com o município de localização; IPVA – cabe aos município parcela 
da arrecadação. 
o Além disso, há os fundos de participação (tanto dos estados quanto 
dos municípios): uma parcela dos impostos federais vai para um 
fundo, e há uma distribuição inversamente proporcional ao potencial 
econômico do estado ou município – redistribuição de renda para 
assegurar autonomia financeira a todas as entidades federadas. 
 
 Limitações ao poder de tributar: 
Art. 150. “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:” 
 
o Princípio da legalidade tributária: I – “exigir ou aumentar tributo sem 
lei que o estabeleça” – “no taxation without representation”; 
o Princípio da igualdade em matéria tributária: II – “instituir tratamento 
desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, 
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função 
por eles exercida, independentemente da denominação jurídicados 
rendimentos, títulos ou direitos”; 
o Princípio da irretroatividade da lei tributária: III – “cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da 
lei que os houver instituído ou aumentado” – lei não pode cobrar para 
antes de sua vigência. 
o Princípio da anterioridade simples da lei tributária: III – “cobrar 
tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a 
lei que os instituiu ou aumentou” – se a lei criou ou aumentou tributo, isso 
não pode ser cobrado no mesmo exercício em que a lei foi criada. 
o Princípio da anterioridade específica (nonagesimal) da lei tributária: 
III – “cobrar tributos: c) antes de decorridos noventa dias da data em que 
haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o 
disposto na alínea b” – tempo para os contribuintes de ajustarem. 
o Princípio do não confisco tributário: “IV - utilizar tributo com efeito de 
confisco” (tributo abusivo) – reforma da previdência, segundo muitos, 
viola esse princípio pois aumentou demais a carga de contribuição 
previdenciária para algumas categorias, e isso se traduziria em um caráter 
confiscatório. 
o V – “estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de 
tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de 
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público” – 
pedágio é considerado preço público. 
o Imunidades tributárias: “VI - instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; - uma entidade em 
relação a outra. 
b) templos de qualquer culto; - em homenagem à liberdade de religião 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas 
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de 
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os 
requisitos da lei; 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. - em 
homenagem à liberdade de expressão do pensamento. 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil 
contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou 
obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os 
suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa 
de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.” 
 Não se trata de isenção – a isenção é sempre uma dispensa de 
pagamento de tributo por meio de lei. Nesse caso, a própria CF 
impede a cobrança desses tributos. 
Art. 151. – Vedações ao poder de tributar da União. 
 
 Intervenção Federal e Intervenção Estadual 
 
o Federalismo importa em reconhecer a autonomia de entidades que integram a 
Federação dentro dos marcos que a CF estabelece. 
o O instituto da intervenção é uma exceção a essa autonomia – possibilidade de 
a União intervir nos estados ou os estados nos municípios, em situações 
excepcionais que a CF estabelece. 
o A regra é a autonomia, a intervenção é exceção. 
o Instituto criado a partir da CF 1891. 
o A União não pode intervir em municípios, apenas os estados. 
o O DF não intervém em municípios, pois ele não tem municípios. 
 
o “Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto 
para: 
I - Manter a integridade nacional; 
II - Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
III - Pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
IV - Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da 
Federação; 
V - Reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos 
consecutivos, salvo motivo de força maior; 
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta 
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; 
VI - Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
VII - Assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.” 
 
o Normalmente o Presidente da República edita um decreto, afasta o chefe do 
poder executivo (governador) (poder legislativo continua funcionando 
normalmente), nomeia um interventor e estabelece os termos e condições do 
exercício da intervenção (uso de forças armadas ou não, etc). Caso a 
intervenção seja um abuso de autoridade, o governador do estado poder 
interpor uma medida judicial contra o presidente. 
 Incisos I-IV: há uma maior discricionariedade na interpretação dos 
fatos (saber se as situações justificam a intervenção). 
 Inciso V – hipóteses mais bem especificadas, mas ainda há uma certa 
possibilidade de interpretação. 
 Inciso VI – depende de uma requisição do STF, STJ ou de um TSE. 
 Será de um TSE quando for em relação a matéria eleitoral; 
 STJ quando for uma ordem sua; 
 STF nos demais casos. 
 Inciso VII: intervenção normativa. Princípios constitucionais 
sensíveis (porque autorizam a intervenção federal), que são limitações 
à auto organização de estados e municípios. PGR representa ao STF, 
que terá que julgar se autoriza a intervenção (representação de 
inconstitucionalidade). 
o “Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: 
I - No caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder 
Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, 
se a coação for exercida contra o Poder Judiciário; 
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do 
Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal 
Superior Eleitoral; 
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do 
Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de 
recusa à execução de lei federal.” 
 
Para intervenção normativa: “§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, 
IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia 
Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, 
se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade” – não precisa 
nomear interventor. 
 
 
 Autonomia dos estados, DF e municípios: 
Descentralizações políticas da federação brasileira. 
Autonomia: não é soberania pois está limitada à CF (CF é produto da soberania, e 
autonomia é um produto da CF). Estados, municípios e DF têm autonomia política, 
administrativa e financeira. 
 Estados: 
 
 Autonomia política compreende: autolegislação (possibilidade de editar 
normas próprias) e autogoverno (eleição de seus próprios governantes). 
 Autolegislação em sentido estrito: de nível não constitucional, 
ordinária. Para os estados, é a competência remanescente (em 
casos de competência privativa) e competência suplementar (em 
casos de competência concorrente). 
 Auto-organização: autolegislação de nível constitucional. São as 
normas de organização de suas principais instituições. Art. 25. 
“Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis 
que adotarem, observados os princípios desta Constituição”. 
Esses princípios são: os princípios constitucionais sensíveis, 
anteriormente referidos, e regras que vão do art. 25 ao 28 e 93 em 
seguinte (onde a CF trata da estruturação do poder judiciário). 
 Autonomia administrativa: decorre da autonomia legislativa – aplicar a lei. 
Art. 23. 
 Autonomia financeira: através de receitas próprias que são geridas pelos 
estados e municípios. 
 
 DF: 
 
 Onde fica a capital do Brasil, o STF, etc. – modelo igual ao dos EUA 
(Washington D.C.). 
 Autonomia muito próxima à dos estados. 
 Art. 32. “O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-
se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstíciomínimo de 
dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a 
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição”. 
Lei orgânica = auto-organização (corresponde às constituições dos 
estados). 
 “§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas 
reservadas aos Estados e Municípios” – autonomia legislativa maior que 
a dos estados (cumulação de competências). 
 Matéria de segurança: “§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo 
Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia 
militar e do corpo de bombeiros militar” – interferência da União, já que 
é a sede do governo da União. 
 
 Munícipios: 
 
 Todos são intraestaduais. 
 Autonomia política: Câmara de vereadores (legislativo municipal) e 
prefeito (executivo municipal), não há judiciário municipal. 
 Têm auto-organização por lei orgânica (de natureza constitucional) – Art. 
29. “O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com 
o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros 
da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios 
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e 
os seguintes preceitos”. 
 “Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos 
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: 
I - Deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos 
consecutivos, a dívida fundada; 
II - Não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; 
III - Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos 
de saúde; 
IV - O Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar 
a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para 
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.” – 
representação do Procurador Geral de Justiça, chefe do MP estadual. 
 Autolegislação ordinária (poder de legislar ordinariamente): Art. 30. 
“Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber”. 
 Art. 30. “Compete aos Municípios: III - instituir e arrecadar os tributos 
de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da 
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos 
fixados em lei”. 
 Demais competências de natureza administrativa. 
 
 
 Criação e modificação de estados e municípios: 
Art. 18. § 3º “Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-
se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, 
mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do 
Congresso Nacional, por lei complementar”. 
§ 4º “A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão 
por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e 
dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios 
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e 
publicados na forma da lei”. 
 Vedações a todas as entidades federativas: 
Art. 19. “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - 
estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o 
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou 
aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé 
aos documentos públicos; III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre 
si”. 
 Autarquias: entidades descentralizadas de caráter administrativo, PJs de direito 
público de natureza administrativa, sem poder normativo*. 
 
 Territórios: 
Não existem no Brasil atualmente, os últimos foram transformados em 
estados/incorporados a estados. 
CF prevê a figura dos territórios no art. 33: “A lei disporá sobre a organização 
administrativa e judiciária dos Territórios”. 
Não é parte do pacto federativo, não é uma descentralização política (não tem autonomia 
política), são autarquias territoriais, entidades de descentralização administrativo-
territorial. 
Art. 33, § 1º “Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, 
no que couber, o disposto no Capítulo IV deste Título” – a intervenção nesses municípios 
será praticada pela União. 
Art. 33, § 3º “Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do 
Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de 
primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos 
federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência 
deliberativa” – podem receber competência legislativa* do Congresso: União cede e 
pode retirar competência, na forma do Estado unitário politicamente descentralizado. 
Art. 18, § 2º “Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação 
em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar”. 
 Regiões metropolitanas: 
Art. 25, § 3º “Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões 
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos 
de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de 
funções públicas de interesse comum”. 
Conurbação: um munícipio cresce tanto que vai se emendando com municípios vizinhos. 
Impacta no planejamento dos serviços públicos. 
Região metropolitana de São Paulo é uma autarquia estadual. 
 Regiões de desenvolvimento: 
SUDENE e SUDAN – autarquias federais: Art. 43. “Para efeitos administrativos, a 
União poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, 
visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais”. 
 
Aula 3 - Democracia e Representação Política 
Art. 1º “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados 
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito” – 
declara o Brasil uma democracia. Isso implica reflexos em vários dispositivos e causa 
vários efeitos. 
 Forma de governo – assunto de filosofia política; formações mais abstratas a 
respeito do sistema de poder. No caso do Brasil, forma de governo democrática. 
 Sistema de governo – assunto do direito constitucional. Projeção dos valores 
democráticos em normas jurídicas. 
 Regime de governo – assunto da sociologia política/ciência política realidade 
fática do sistema, como ele funciona de fato. 
Formas de governo para Aristóteles: aspecto quantitativo (quantos exercem o poder) e 
aspecto qualitativo (relação da forma de governo com o bem comum). 
Quantitativo – formas puras (em benefício do bem comum): 
 Monarquia: poder exercido por um só. 
 Aristocracia: poder exercido por poucos. 
 Democracia: poder exercido por muitos. 
Qualitativo – formas deturpadas (em benefício não do bem comum): 
 Tirania: governo de um só em beneficio particular. 
 Oligarquia: governo de poucos em benefício de poucos. 
 Demagogia: muitos exercem o poder em benefício de poucos (por formas de 
iludir o povo). 
Maquiavel usa essa mesma classificação em O Príncipe: Monarquias e Repúblicas. A 
República, ainda, pode ser aristocrática ou democrática (república ocorre quando há 
transitoriedade do poder; não é hereditário). 
Só no séc. XX abandona-se essa terminologia clássica. É substituída pela ideia de 
sistemas de governo (conjunto de aspectos). Aristóteles simplificava demais, não 
considerava vários critérios. 
Há três grandes sistemas de governo: 
 Democráticos: baseado em três pilares fundamentais: 
 Estado de Direito: compromisso com a estabilidade institucional e a 
segurança jurídica. 
 Legalidade (rule of law): a lei determina as condutas. 
 Isonomia/impessoalidade: lei geral e abstrata (segurança 
jurídica), não prevê fatos concretos(e sim fatos tipo) nem pessoas 
individualizadas (e sim categorias personativas). 
 Separação dos poderes: poder fracionado para evitar abuso, 
funcionam de maneira equilibrada entre si. 
 Participação política: vários grupos com propostas diferentes disputando 
o poder; institucionaliza uma disputa pacífica do poder substituindo 
revoluções, guerras, etc. Se dá em vários níveis, desde a opinião até o voto, 
candidatura, etc. 
 Respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana 
 Autoritários 
 Totalitários 
A democracia e o totalitarismo são sistemas ideológicos, fundados em ideologias; já os 
sistemas autoritários são mais pragmáticos. 
A ideologia da democracia tem como fundamento mais remoto o cristianismo: afirma 
pela primeira vez a igualdade intrínseca entre seres humanos e a ideia de livre arbítrio 
(construção do destino por meio das próprias ações, ao contrário dos antigos que tinham 
ideia deterministas) – liberdade humana como categoria ideológica. 
Já no totalitarismo não se encontra nem a liberdade nem a igualdade: 
 Nazismo: partia da premissa da desigualdade étnica entre pessoas e supremacia 
racial dos arianos. Os arianos estariam determinados a comandar. 
 Fascismo: havia um determinismo histórico – ideia do império romano que seria 
refundado. 
 Marxismo-leninismo: determinismo econômico – relações de produção 
necessariamente conduziriam à transformação da sociedade (feudalismo – 
capitalismo mercantil – capitalismo financeiro – socialismo – comunismo). 
Nos sistemas autoritários há um esgarçamento do Estado de Direito – não rompem com 
ele totalmente: a legalidade é corroída, mas formalmente mantida. O mesmo em relação 
aos direitos fundamentais: as liberdades de oposição política são mais manipuladas. 
Da democracia, passando pelo autoritarismo e chegando ao totalitarismo, há uma 
gradação de participação política. Nos sistemas autoritários pode haver participação 
desde que não ameaça o poder. Já nos totalitários não pode haver – controle absoluto da 
política pelo partido único. A mesma gradação se faz para os direitos fundamentais. 
Atualmente no Brasil, como dado pela CF: 
 A forma de governo significa a estrutura do poder executivo: forma monárquica 
(vitalício e hereditário) ou republicana (temporário e eletivo). 
 O sistema (ou regime) de governo significa a dinâmica de funcionamento dos 
poderes: parlamentarismo e presidencialismo (relacionamento legislativo -
executivo). 
CF – ADCT: Art. 2º. “No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de 
plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo 
(parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País.” 
 
 Representação política: 
Classificação das democracias como direta e indireta – hoje não é utilizada, pois a 
democracia direta é uma ilusão que jamais existiu e não há indícios de que poderá existir. 
A democracia é sempre indireta, por meio de representantes. 
Mandato representativo é anterior à democracia: nas assembleias medievais dos senhores 
feudais, havia mandato representativo (que seguia as regras do direito privado, de 
mandato de representação). 
Democratas das revoluções liberais (na realidade eram mais próximos de aristocratas: nas 
primeiras democracias, o mandato vira de direito público, não é mais um contrato, e sim 
uma investidura. Diziam que a maioria das pessoas seria capaz apenas de escolher os 
representantes, poucos tinham condições de governar. E uma vez eleito o representante 
se desvincula do eleitor, não precisa prestar contas formalmente a ele – como nos 
contratos anteriormente - apenas sofre a sanção de não ser mais eleito. Ademais, seu 
mandato não pode ser encerrado, apenas em situações muito específicas. 
Voto censitário: justificativa – voto de quem não tem propriedade poderia por em risco a 
propriedade, que era um direito absoluto. Contraria o princípio da isonomia. Hoje as 
garantias eleitorais são cláusula pétrea: Art. 60. “§ 4º Não será objeto de deliberação a 
proposta de emenda tendente a abolir: II - o voto direto, secreto, universal e periódico”. 
A situação de total liberdade do representante em relação aos eleitores não parecia 
saudável para a democracia. Isso começa a mudar a partir da criação dos partidos 
políticos. 
O partido político surge a partir de necessidades práticas. São úteis para recrutar os 
candidatos e igualar a disputa (juntando recursos para compensar a falta de recursos 
individuais); e organizar a maneira pela qual esses representantes atuarão após eleitos, 
por meio das orientações partidárias e do programa do partido. A disputa se dá entre 
partidos. 
 Mandato deixa de ser de direito privado e vira de direito público; 
 Representante deixa de ser vinculado ao representado para haver uma 
desvinculação intermediária, e uma nova vinculação com os partidos políticos. 
Além dos partidos políticos, nessa camada intermediária entre representantes e 
representados também há os grupos de pressão: sindicatos, movimento estudantil, etc. 
A diferença entre esses e os partidos é que o partido tem como objetivo fundamental 
assumir o poder; esses grupos objetivam pressionar o poder. Além disso, o partido é mais 
ideológico (defende ideais), e os grupos de pressão defendem interesses. Partidos tem 
visão universalista sobre todas as questões necessárias; grupos de pressão tem visões 
pontuais sobre algumas questões. Partidos têm uma base social mais ampla, representam 
maior número de pessoas; já os grupos de pressão têm base social mais restrita. 
Quando os grupos de pressão assumem um poder fora do normal, é porque os partidos 
são fracos (não há vazio na política), e isso não é bom para a democracia. Nesses casos, 
se vai para um sistema corporativista, que não é igualitário e não preserva o ideal 
democrático. 
No Brasil, não há uma legislação sobre esse tema (está atrasado): o chamado lobby 
(pressão dos grupos sobre o parlamento) não é regulamentado. Os regimentos da câmara 
e do senado preveem essa regulamentação, mas até hoje não foi feita. 
Problemas: 
 Programas partidários tendem a ser muito amplos e pouco detalhados, e se 
perdem em banalidades. A melhor maneira de melhorar seria é diminuir o número 
de partidos com representação no parlamento. Um pluripartidarismo atomizado 
como há hoje não funciona. E a melhor forma de limitar isso é pelo sistema 
eleitoral. 
 Caráter oligárquico das estruturas partidárias – sempre são partidos de líderes. 
No Brasil isso ainda é aguçado pelo personalismo (valorização do indivíduo em 
detrimento das instituições). Possível solução: criação de um estatuto de proteção 
do filiado ao partido político, atribuir direitos que o partido precisa respeitar para 
estimular a participação, e acabar com o jogo de cartas marcadas na escolha das 
candidaturas e otimizar o manuseio das verbas. 
 Propaganda eleitoral de massa, que não é feita não na discussão de ideias e 
debate de projetos, mas usando de antipatias e simpatias, induções, exploração de 
sentimentos. 
 Fidelidade partidária: já foi tentado um modelo mais interventivo para garantir 
essa fidelidade, mas pode acabar sendo usado para a perda de mandatos por outros 
interesses. Justiça eleitoral então precisaria fiscalizar, o que demandaria entrar em 
discussão política e ideológica. A melhor forma seria o eleitor conseguir 
fiscalizar. 
Democracia semidireta: para Elival não existe, o que existe são democracias indiretas 
com instrumentos de participação direta. 
CF Art. 1º. Parágrafo único. “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”. Assim, a 
democracia direta existe no Brasil pontualmente, como no art. 14: “A soberania popular 
será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para 
todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa 
popular.” – porém, é mais raro essas formas departicipação direta ocorrerem. 
 Plebiscito: consulta de base, de princípio. Ex: sobre casamento homoafetivo ou 
escola sem partido. Sempre precede uma legislação. 
 Referendo: vem para confirmar uma legislação – uma decisão já tomada que será 
confirmada ou não. 
 Iniciativa popular: iniciativa de propor projetos de lei – em nível federal, 
estadual ou municipal. 
Aula 4 – Partidos Políticos 
 Histórico de aparecimento dos partidos: 
Na Antiguidade e Idade Média não havia partidos como hoje os entendemos (instituição 
organizada com estatuto, normas jurídicas, reconhecimento legislativo, atuação dentro do 
aparato estatal, etc). São contemporâneos à implantação da democracia. 
A democracia começa em um modelo de Estado liberal (democracia liberal) – final do 
séc. XIII até os anos 1930, quando passa para a democracia social. Na democracia liberal, 
de início, partidos não eram bem vistos. 
Rousseau: para que houvesse democracia devia haver livre expressão da vontade geral. 
Essa liberdade só pode ocorrer onde não houver representação, onde a democracia for 
direta. Partidos e quaisquer grupos intermediários (sindicatos, associações, corporações 
de oficio) vistos como algo a ser combatido. 
1791: França edita Lei Le Chatelier – entidades sindicais foram proscritas (proibidas). 
Não havia referência a partidos pois eles ainda nem existiam, mas eles também eram 
proibidos. Apesar disso, eles floresceram. 
A origem dos partidos são os comitês eleitorais da Revolução Francesa, feitos para 
angariar recursos financeiros. Esses comitês pretendiam eleger apenas um candidato 
(muito diferente da forma atual de partidos). Esses comitês geraram associações 
chamadas “partidos de quadros” (não importava o número de candidatos, mas sim a 
“qualidade” desses candidatos – na verdade a riqueza). Esses partidos se reuniam apenas 
às vésperas das eleições, não tinham muito um papel de divulgação, mas sim financeiro. 
Isso começa a mudar com o surgimento dos partidos socialistas no séc. XIX. Se 
beneficiaram muito da extensão do voto (censitário -> majoritário). Tinham no operariado 
um conjunto de eleitores simpatizantes. Eram chamados de partidos de massa (lançavam 
mais candidatos e faziam divulgação ideológica). 
Hoje não há mais partidos de quadros, apenas de massa. Todos tentam atingir o maior 
número de pessoas possível, projetando o maior número de candidatos possível. 
Têm 3 funções primordiais: selecionar candidatos, elaborar o programa de governo 
deles e fazer proselitismo (divulgação ideológica). A representação clássica (eleito é livre 
para decidir seu governo) passa para uma representação na qual há uma instrução ao eleito 
através do programa partidário. A atuação dos partidos passa a ser permanente, e não 
apenas episódica durante as eleições. 
Ferreira Filho: “democracia contra os partidos” passa a ser “democracia apesar dos 
partidos políticos” – precisou aprender a lidar com os partidos como uma realidade, ainda 
que desconfiados dela. Partido como mal necessário na visão liberal. 
Década de 1920 (transição democracia liberal -> social; racionalização do poder; 
necessidade de políticas públicas) exige planificação do Estado, que precisa atuar mais 
ativamente, o que necessitará de partidos políticos fortes. 
A democracia, que antes era apenas a liberal, passa a admitir duas formas: liberal e social. 
Dessa forma, percebe que pode usar os partidos para definir se a política será de direita 
ou esquerda – “democracia por meio dos partidos políticos”. O mandato de direito público 
de um candidato, que necessariamente deve estar vinculado a um partido (CF exige), deve 
ser vinculado ao programa de ação do partido. 
CFs passam não apenas a tolerar os partidos, mas a discipliná-los. Lei Fundamental de 
Bonn (atual CF em vigor na Alemanha): partidos colaboram na formação da vontade do 
povo, ajudam a politizar a população; sua fundação é livre; sua organização interna deve 
corresponder aos ideias democráticos; devem prestar contas sobre seus recursos; os 
partidos que tentarem prejudicar ou eliminar a democracia são inconstitucionais. 
Democracia não pode tolerar partidos antidemocrático, pois eles eliminariam a 
democracia. Devem ser proibidos. No Brasil há a lei de segurança nacional para prevenir 
ações dos integrantes. Democracia combatente. 
CF 1946: vedada a organização registro ou funcionamento de partido que contraria o 
regime democrático. Na CF 1988 essa posição permanece. 
CF 1988 segue o modelo de “democracia por meio dos partidos políticos”: 
 Monopólio das candidaturas: Art. 14. § 3º “São condições de elegibilidade, 
na forma da lei: V - a filiação partidária”; 
 Estatuto dos partidos políticos na CF: regulação mínima dos partidos em nível 
constitucional – Art. 17. 
 Análise do estatuto constitucional dos partidos políticos: 
A criação do partido está na mesma linha logica da liberdade de associação. É uma 
manifestação setorial dessa liberdade. 
Há partidos que estão registrados, mas não têm representação parlamentar, não têm 
candidatos eleitos. O problema para Elival não é a existência de muitos partidos, mas a 
existência de muitos partidos com representação parlamentar. 
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, 
resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo*, os 
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: 
*Não se aceita o partido único. 
I - Caráter nacional: não pode representar apenas uma região do país, mas sim o povo 
brasileiro, deve ter proposta nacional; deve comprovar essa dimensão nacional: 
 Lei orgânica dos partidos políticos: Art. 7. § 1o “Só é admitido o registro do 
estatuto de partido político que tenha caráter nacional, considerando-se como tal 
aquele que comprove, no período de dois anos, o apoiamento de eleitores não 
filiados a partido político, correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos 
por cento) dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, 
não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou 
mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo por cento) do eleitorado 
que haja votado em cada um deles.” 
II - Proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo 
estrangeiros ou de subordinação a estes: colocaria em risco a própria soberania 
nacional; intenção de coibir o internacionalismo proletário; 
III - Prestação de contas à Justiça Eleitoral: aperfeiçoado ao longo dos anos, visa 
manter a igualdade de oportunidades mínima no processo eleitoral; hoje é disciplinada 
em minúcias na legislação eleitoral; 
IV - Funcionamento parlamentar de acordo com a lei: além de disputar eleições, o 
partido ajuda no funcionamento do Parlamento. 
 Funcionamento de um parlamento moderno: a figura central do partido é o líder 
partidário. Há um colégio de líderes, que se reúnem para organizar as pautas das 
votações (por isso o número exagerado de partidos é um problema). Há um “alto 
clero” – líderes e pessoas próximas dos líderes e “baixo clero”. 
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar: evitar 
utilização das milícias. 
 
 Liberdade interna de organização do partido: 
Art. 17. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura 
interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos 
permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os 
critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a 
sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as 
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus 
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. 
Fidelidade partidária: alguém precisa avaliar se houve violação, e isso é uma questão 
política (justiça eleitoral se envolver em questões ideológicasx deixar isso na mão dos 
partidos). CF privilegiou o modelo de fidelidade como assunto interno ao partido, se o 
parlamentar agir contra o programa do partido as instâncias partidárias poderão expulsá-
lo do partido, mas ele não perde o mandato. 
STF criou por jurisprudência a hipótese de mandato (que não está na CF) por desfiliação 
partidária (se desfilia de um partido e se filia a outro após ser eleito). 
 Personalidade jurídica dos partidos políticos: 
Os partidos são instituições da sociedade, não governamentais. Intermediam aa relações 
entre sociedade e governo. Tratar os partidos como parte do Estado seria uma visão 
autoritária. 
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil*, 
registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. 
*Associação: são PJs de fim associativo, sem caráter lucrativo. 
Dois registros: registro civil das PJs (dá nascimento à PJ) e registro na Justiça Eleitoral 
(limita essa PJ a atuar no processo eleitoral). 
 Cláusula de desempenho 
Enfrentamento do problema da atomização partidária: remédio para isso foi a cláusula de 
desempenho. No Brasil não há clausula de barreira como há na Alemanha (não poder 
exercer mandato), mas sim cláusula de desempenho. Partido perde bônus ou possui ônus 
por não ter tido muitos votos – menos recursos financeiros no fundo partidário, menos 
tempo de televisão/rádio e menor participação na montagem da pauta parlamentar. 
STF declarou inconstitucional a lei orgânica dos partidos que regulamentava essa cláusula 
de desempenho. Isso agravou a atomização partidária. O ativismo judiciário vem como 
um resultado da disfunção do parlamento, por causa da atomização. 
Em 2017 se aprovou uma EC que reabilita a cláusula de desempenho. Pode funcionar 
como estímulo para que os partidos se aglutinem: 
Art. 17. § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao 
rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: 
I - Obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por 
cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da 
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; 
ou 
II - Tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos 
um terço das unidades da Federação. 
Porém, há uma disposição transitória que diz que essas restrições só entram em vigor 
totalmente a partir de 2030. Até lá as porcentagens vão sendo progressivamente 
implantadas. 
 Modelo de mandato de direito público de natureza partidária tem alguns 
problemas: 
 
1- Programa dos partidos: tendência a programas amplos para não excluir eleitores 
– elenca obviedades sem dar detalhes. Dificuldade de comparação de programas 
por serem muitos partidos. 
2- Infidelidade partidária: trocas de partidos frequentes, não cumprimento de 
programas. 
3- Oligarquização: brasileiro não costuma se envolver com partidos, isso facilita a 
oligarquização. 
4- Número exagerado de partidos com representação no Parlamento: muitos partidos 
encarregados da tomada de decisões. 
5- Meios de comunicação: têm um impacto tornando o debate de ideais mais pobre 
e trabalhando com emoções. Transmissão de ódio, antipatia e preconceitos. 
Possíveis soluções para esses problemas: 
1- Redução do número de partidos com representação parlamentar: por meio da 
mudança do sistema eleitoral; não por cláusula de barreira, mas pela mudança do 
sistema proporcional para majoritário e pela divisão distrital. Isso daria maior 
coesão ao partido e maior conhecimento por parte do eleitor. 
2- Ciência política americana – accountability (prestação de contas: candidato se 
elege prometendo um programa e deve prestar contas do que fez) e 
responsiveness (receptividade: o partido deve ser receptivo às demandas sociais; 
se o candidato não for fiel ao programa partidário, não prestar contas, etc, não se 
reelege – isso fica muito claro em uma sistema majoritário, pois no sistema atual 
um candidato “queimado” em um lugar pode buscar voto no outro); 
3- Voto majoritário e distrital. 
 
Aula 5 - Separação dos Poderes 
É um dos princípios que constituem o cerne intangível da CF (cláusula pétrea), com 
rigidez absoluta. 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
III - a separação dos Poderes; 
É um dos princípios básicos do constitucionalismo, e está presente desde a primeira CF 
do Brasil. Não há democracia sem Estado de Direito, e não há Estado de Direito sem 
limitação do poder, a qual é obtida por meio da separação dos poderes. 
A CF e o constitucionalismo se valem de 3 técnicas de limitação do poder: sistema de 
direitos e garantias fundamentais (em especial as liberdades individuais – esferas de 
autonomia que o cidadão possui asseguradas em face do poder público), federalismo 
(divisão territorial dos exercícios de poder), separação dos poderes (partilha funcional 
do exercício do poder). 
 
Separação de Poderes: se dá entre órgãos do Estado e tendo em vista funções. 
 Órgãos: centros de competência abstratamente previstos na legislação. 
 Ex: prefeitura do município de São Paulo. A PJ é o município, a prefeitura 
é um órgão. Ela é composta de vários órgãos internos, como as secretarias 
municipais, que também e compõem de vários órgãos. 
 Elemento estático. 
 Funções: atividades propriamente ditas, desempenhadas pelos órgãos. 
 Ex: prestação de serviços, como o serviço educacional. 
 Pode ser jurisdicional, administrativa, legislativa, de planejamento, de 
chefia de Estado, etc. 
 Cada órgão predominantemente exercerá uma função específica. 
 Elemento dinâmico. 
 Poderes: órgão com prerrogativa de independência, autonomia. Nem todo órgão 
é um poder. 
 Ex: tribunais superiores, Senado, Câmara, presidência da república, chefia 
do MP. 
 Sempre com P maiúsculo, para diferenciar de poder como atribuições. 
 
Há diversos acórdãos do STF dizendo que a CF se refere a um modelo específico de 
separação dos Poderes, não é apenas um princípio abstrato. Esse princípio tem elementos 
nucleares essenciais, e que se repetem. Mas também há elementos específicos à CF 1988 
brasileira. 
 Núcleo essencial do princípio da separação dos Poderes: 
Construído a partir de: 
 Identificação das funções do Estado: Aristóteles já mencionava essas 
funções. Vários pensadores políticos ao longo da história procuram 
identificá-las também, como Locke, Montesquieu (pai da separação dos 
Poderes), etc. 
Para Montesquieu, as funções do Estado são: 
 Função legislativa: elaboração da lei, é a mais importante. 
 Função executiva: caráter executório, execução da lei, atribuições 
administrativas. 
 Função jurisdicional: caráter executório, mas para resolver litígios. 
 
 Identificar Poderes dentro do Estado: instituições – ex: monarca, 
parlamento e corte. 
 
 Distribuição de funções entre os órgãos: tendo em vista o objetivo de 
contenção do poder (checks and balances). 
 
O número de funções, de órgãos, a técnica de distribuição, etc., não compõem o núcleo 
da separação. Variam de acordo com o tipo de Estado. Aspectos que gravitam em torno 
do núcleo essencial, e que variam com cada Constituição. Diversos modelos de separação. 
Para que haja alguma forma de inconstitucionalidade, é preciso que ofenda o cerne desse 
princípio, e não seja apenas aspecto acessório, o qual pode constituir emenda à CF. 
 
 Teoria clássica da separação de Poderes 
A teoria da separação de Poderes sofreu evolução ao longo do tempo, de modo que 
seu aspecto nuclear se manteve, mas há aspectos complementares que sofrem as 
oscilações do tempo. 
Não há uma teoria da tripartição dos Poderes, e sim da separação. O modelo de 3 
Poderes é um aspecto especifico da CF 1988, que tem órgãos com prerrogativas de 
independência que não são Poderes, mas funcionam como se fossem (Ministério 
Publico e TCU, por ex.).Na antiguidade clássica, havia uma separação social dos poderes estatais – teoria do 
governo misto: modelo da república romana como o ideal de governo – comícios da 
plebe, senado e magistraturas. 
Locke – séc. VXII, a partir da Rev. Gloriosa: nobreza britânica rivalizou com o poder 
dos monarcas até chegar em um acordo de compromissos – ideia de pelo menos 2 
Poderes: monarquia constitucionalizada e Parlamento (representando o povo). 
Revolução Francesa – identificar funções. Ideia de Rousseau da lei como 
manifestação da vontade geral. Para Montesquieu então o poder legislativo 
(parlamento) seria o mais importante, deveria haver um poder executivo (monarca) 
e um judiciário (magistratura). Haveria, portanto, uma subalternidade: o executivo 
seria subalterno ao legislativo. 
Teoria de Montesquieu: 
Identificar funções dentro do Estado (3 básicas: legislativo, executivo e judiciário) e 
distribuí-las a órgãos de poder (3 Poderes distintos, todos com prerrogativa de 
independência: Monarca – titular do executivo; Parlamento – titular do legislativo; 
Magistratura – titular do judiciário). Assim, cada Poder tinha uma função 
preponderante (as funções não seriam exclusivas). 
Essa é a modelagem clássica, que passa para as primeiras Constituições liberais e já 
na Constituição do Império brasileiro aparece, mas com 4 poderes (Poder 
Moderador). 
O modelo clássico é rígido, e há uma dificuldade na atribuição de funções. Hoje, já 
se procura privilegiar a limitação do poder, e não a harmonia entre os poderes. 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário. 
 
 Modelo contemporâneo de separação de Poderes 
O presidencialismo é uma espécie de tiranossauro rex das instituições jurídico-
constitucionais – reflete um modelo de Estado que não existe mais, o Estado liberal 
clássico. O parlamentarismo é mais flexível, mais adaptável às circunstâncias do tempo. 
O presidencialismo é muito rígido, o que facilita a contenção do poder, mas dificulta a 
harmonia dos poderes e a solução de crises – há uma modelagem anacrônica, e no Brasil 
há uma crise da separação de Poderes. 
Nos EUA as ideias da revolução francesa foram incorporadas pelos pais da pátria, mas a 
separação dos Poderes teve de ser adaptada pois não era uma monarquia. Criaram a figura 
do presidente. Os revolucionários franceses procuravam de toda maneira conter o 
judiciário (pois no passado apoiou o antigo regime). Já nos EUA não houve essa 
preocupação de contenção, e o judiciário foi visto como um poder que garantiria o 
cumprimento da CF não apenas pelo executivo, mas até mesmo pelo legislativo. Daí vem 
a ideia da supremacia da CF, e não do parlamento – por isso o controle de 
constitucionalidade surge nos EUA, e só vai ser aceito na Europa muitos anos depois. 
 
Separação de Poderes no Brasil foi adaptada de forma apegada à concepção clássica, com 
dificuldade em flexibilizar e aceitar novos órgãos, novas funções, etc; continuamos 
apegados a uma ideia clássica, mas a CF já não aplica essa ideia clássica de forma tão 
exata. O Estado é democrático-social, mas a separação de poderes ainda reflete visão 
liberal. Isso gera muitas incompatibilidades. A grande reforma política deveria ser a 
adequação das instituições ao modelo de Estado. 
 
 Visão moderna da separação dos Poderes 
Ideia de separação dos Poderes nasce com o constitucionalismo e perdura por todo o 
avanço institucional desse campo. Persiste, pelo menos em sua essência. Muito 
importante para a contenção do poder e para garantir eficiência ao Estado. Identificação 
das funções, atribuição a órgãos e contenção de poder que não impeça a eficiência do 
Estado. 
A mudança do perfil do Estado liberal para o Estado social (mais complexo) determinou 
mudança de arranjos. As funções do Estado aumentam. 
Karl Loewenstein: 
 Função de chefia de Estado 
 Função de governo (policy determination) – tomar decisões no sentido de 
movimentar o aparato estatal, determina políticas públicas. Precede a função 
legislativa. 
 Função de execução da política (policy execution) – passa inicialmente pela 
função legislativa, a lei é um instrumento de governo. No modelo democrático-
social, a função legislativa está a serviço do governo. Então, passa pela execução 
da lei. 
A diferença para o arranjo de Montesquieu é que para Loewenstein, existe uma função 
típica de controle, autônoma. Para Montesquieu, existia apenas como decorrência do 
arranjo governamental. 
Hoje, as leis mais importantes são geralmente propostas pelo poder executivo, e não pelo 
legislativo. Ex: todos os códigos tiveram seu início no executivo. 
Já o parlamento controla a política, discutindo as questões mais sociais, e os aspectos 
técnicos ficam para o poder executivo. O parlamento atualmente não é tão importante 
para a legislação como era no passado; é muito mais importante para controlar o 
executivo, inclusive para aprovar o que o executivo propõe. 
Existe, além do controle político, o controle jurídico. E exercido pelo poder judiciário, 
que exerce uma macro atuação judiciaria no controle de políticas públicas. Fazendo o 
controle de constitucionalidade das leis e atos normativos. Assim, o judiciário controla o 
legislativo. Problema do ativismo judicial é a violação da separação de Poderes. 
Demais funções: de planejamento (por atos legislativos e atuação administrativa); de 
fomento a atividades (como pesquisa científica). Por isso é necessário que haja mais do 
que apenas três órgãos. Ex: chefe de Estado, governo, legislativo, judiciário, ministério 
público, cortes de contas, etc. 
A classificação dos sistemas de governo (presidencialismo ou parlamentarismo) está 
ligada à dinâmica da separação de Poderes (mais rígida ou mais flexível). 
 
Aula 6 – Sistemas de Governo 
Classificação dos sistemas de governo diz respeito à forma de separação dos Poderes. 
Parlamentarismo ou presidencialismo: dois tipos de sistema de governo que adotam a 
separação de poderes. Há uma separação mais rígida no presidencialismo e mais flexível 
no parlamentarismo. 
A modelagem de Montesquieu corresponde ao presidencialismo (sem mencionar seu 
nome) – se referia a um modelo de monarquia constitucional, com 3 poderes e um 
executivo monárquico. Mas o núcleo essencial da separação dos poderes está presente 
também no parlamentarismo. 
O nome presidencialismo só surge com a CF de 1787 – “versão republicana da monarquia 
constitucional”. 
CF 1988 convocou plebiscito para decidir parlamentarismo ou presidencialismo. Não 
haveria problema em uma EC para a implementação do parlamentarismo pois não fere o 
núcleo essencial da cláusula pétrea de separação dos Poderes. 
Modelo presidencialista é adequado a um Estado liberal, que privilegia a independência 
e a contenção do poder, e não a eficiência do sistema. O parlamentarista é mais 
adequado ao Estado democrático-social, que preza pela eficiência do aparato estatal. 
A crise do sistema de governo no Brasil está na inadequação do sistema de governo 
(presidencialismo) em face do modelo de Estado (democracia social). 
 
 Sistema presidencialista: 
Adotado pela CF 1988. 
Origem – CF EUA 1787 – pretendia implementar uma democracia, sem um monarca: 
 Executivo: o substituto do monarca foi o presidente. 
 Legislativo: parlamento independente (congresso nacional, bicameral). 
 Judiciário: encimado pela Suprema Corte. 
Características jurídicas: 
 Observância do princípio da separação dos Poderes 
 Estrutura: 
 
 Poder executivo unitário: apenas um chefe para o poder executivo 
(presidente da República), que vai exercer as 3 funções básicas do 
poder executivo – chefe de Estado (comandar o Estado como um todo, 
supervisionar e coordenar demais poderes, comandar política externa, 
defender soberania nacional, representar país no exterior); chefe de 
governo (exercer a função de governo – fixação, escolha e execução 
das políticas públicas), chefe da administração

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