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Linha de pesquisa 1 :Educação de surdos e suas interfaces ESTER ANGELICA OLIVEIRA DOS SANTOS BARBOSA A atuação do professor interlocutor na rede regular de ensino Artigo Científico apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em Libras Educação para surdos Curso de Pós-Graduação em Educação, IBPEX – Instituto Brasileiro de Pós Graduação e Extensão S/S Ltda. Orientador (a): Sara Moitinho da Silva SÃO PAULO 2024 ESTER ANGELICA OLIVEIRA DOS SANTOS BARBOSA SUMÁRIO 1.Introdução …….. 4 2. Justificativa - Um pouco sobre Inclusão Escolar….. 5 3. Objetivos Gerais……. 5 4. Objetivos Específicos…….6 5. Fundamentação Teórica - Linguismo, Bilinguismo e Surdez…… 6 6. Metodologia ……. 8 7. Cronograma …… 9 8. Conclusão ….. 9 9. Referência ….. 10 INTRODUÇÃO No Brasil através da Lei n°10.436/2002 que a comunidade surda, depois de muitas lutas conseguiu que a Língua Brasileira de Sinais (Libras), fosse reconhecida como meio de comunicação e expressão da pessoa surda, no ano de 2005, essa lei foi regularizada com o decreto n°5.626, onde várias condições são mencionadas a fim de legalizar a condição do surdo na sociedade; como: a garantia de inclusão do aluno nas escolas. Com a Resolução SE – 38, de 19-6-2009 que “Dispõe sobre a admissão de docentes com qualificação na Língua Brasileira de Sinais – Libras, nas escolas da rede estadual de ensino”. Além disso, em São Paulo os alunos surdos matriculados nas redes de ensino regular contam com o professor interlocutor para auxiliar no aprendizado dos alunos. Dentro da sala de aula regular,de escola estadual, há diferentes fatores que podem atrapalhar os processos de aprendizado do surdo, como por exemplo: sua auto estima, sua relação com os demais alunos, aceitação dos professores da sala em enfrentar a situação e estabelecer fatores para um aprendizado eficaz a qualificação do professor interlocutor, a interação entre professor e interlocutor. Há uma dificuldade em entender o verdadeiro papel de cada profissional,uma vez que todos tenham clareza das funções por eles exercida, ficará mais fácil atingir o aluno surdo, e assim progredir no aprendizado do mesmo. JUSTIFICATIVA UM POUCO SOBRE INCLUSÃO ESCOLAR No Brasil, a inclusão tem sido amplamente discutida e sustentada por diversas leis e decretos que defendem a inclusão como um meio fundamental para o desenvolvimento humano, tanto no âmbito social quanto psicológico. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei Nº 9.394/1996, no Capítulo V, aborda a Educação Especial em três artigos que reforçam a inclusão. O Artigo 58 destaca que essa modalidade de educação deve preferencialmente ocorrer na rede regular de ensino, prevendo a existência de serviços de apoio especializado quando necessário (SAVIANI, 2001). A presença de alunos com deficiência nas salas de aula regulares possibilita um ambiente em que todos aprendem uns com os outros, promovendo o respeito e a compreensão das diferenças. Ao vivenciarem a inclusão, os alunos são preparados para conviver com a diversidade na sociedade, reduzindo o preconceito e reconhecendo que cada indivíduo, independentemente de suas limitações, é parte integrante da comunidade. Entretanto, o avanço da inclusão nas escolas regulares depende do aperfeiçoamento das práticas pedagógicas, que muitas vezes precisam ser adaptadas ou modificadas para atender a todos os alunos. O professor desempenha um papel crucial nesse processo, uma vez que deve interagir com os alunos, mediando suas dificuldades e promovendo um aprendizado significativo. Como aponta Paulon et al. (2005), a responsabilidade pela eficácia do processo educativo recai sobre os professores, e, para que possam atuar de forma efetiva, é essencial que recebam a formação adequada. A Declaração de Salamanca (1994) enfatiza a importância de programas de treinamento que integrem a educação especial nas escolas inclusivas. Neste contexto, este estudo investiga o papel do interlocutor como mediador no processo de aprendizagem de alunos surdos, com o intuito de contribuir para a formação de educadores mais preparados e conscientes de suas funções. . OBJETIVOS GERAIS O objetivo do projeto é investigar o papel do interlocutor na mediação do processo de aprendizagem de alunos surdos em salas de aula regulares é fundamentado em diversas razões que refletem a importância da inclusão educacional. Primeiramente, a inclusão de alunos surdos nas escolas regulares é um direito garantido por legislações como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Decreto nº 5.626/2005, que visam promover um ambiente educacional equitativo e acessível. No entanto, a efetivação desse direito depende, em grande parte, da preparação dos profissionais envolvidos, especialmente dos professores e dos interlocutores. Os interlocutores desempenham um papel crucial na mediação da comunicação entre alunos surdos e seus colegas, além de facilitar o entendimento das atividades propostas. A falta de conhecimento sobre o papel e as competências desse profissional pode comprometer a inclusão e o aprendizado efetivo do aluno surdo. Portanto, ao investigar como o interlocutor atua na sala de aula, é possível identificar práticas pedagógicas que contribuem para um ensino mais inclusivo e eficaz. Além disso, a pesquisa busca ressaltar a importância da formação contínua para os interlocutores e professores, pois a capacitação adequada pode melhorar a qualidade da interação e do ensino, resultando em um ambiente de aprendizado mais enriquecedor para todos os alunos. Ao promover um espaço onde as diferenças são respeitadas e valorizadas, a inclusão não só beneficia os alunos surdos, mas também enriquece a experiência educativa de todos os estudantes. Por fim, ao compreender o papel do interlocutor, este estudo pode contribuir para o desenvolvimento de políticas e práticas educacionais que garantam a inclusão efetiva, permitindo que alunos surdos alcancem seu potencial acadêmico e social. Assim, a investigação se torna não apenas relevante para a comunidade acadêmica, mas também para a sociedade como um todo, ao promover a inclusão e a diversidade nas escolas. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar as Práticas Pedagógicas Utilizadas pelos Interlocutores: Realizar observações em salas de aula regulares para mapear as estratégias e métodos que os interlocutores utilizam para facilitar a comunicação e a aprendizagem dos alunos surdos. Analisar a Percepção dos Educadores: Conduzir entrevistas com professores e interlocutores para compreender como eles percebem o papel do interlocutor e quais desafios enfrentam na implementação de práticas inclusivas. Avaliar o Impacto da Intervenção do Interlocutor no Aprendizado: Desenvolver questionários para alunos surdos e seus colegas, com o intuito de avaliar como a presença do interlocutor influencia o aprendizado e a interação social na sala de aula. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Linguagem,bilinguismo e Surdez A linguagem é um fator essencial para o desenvolvimento humano, pois permeia a estruturação dos processos cognitivos, sendo assumida como constitutiva do sujeito. Através da linguagem, possibilitam-se interações fundamentais para a construção do conhecimento (VIGOTSKI, 2001). A aquisição da linguagem ocorre no convívio social, e é a partir dela que a pessoa se constitui com suas características pessoais e humanas. Segundo Fernandes e Correia (2005, p. 20), para a aquisição de uma língua, é imprescindível que esta faça parte do convívio da pessoa. Eles afirmam: “O fato de crianças ouvintes não desenvolverem a língua de sinais após o balbucio se deve apenas ao fato de não estarem expostas a ela, assim como crianças brasileiras que desenvolvema aquisição do português e não do inglês, se não estiverem expostas a essa língua. Do mesmo modo, o fato de crianças surdas não desenvolverem a língua oral-auditiva após o balbucio se deve ao fato de não estarem expostas a ela, naturalmente, por causa da surdez”. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), utilizada pela comunidade surda, fundamenta a proposta do bilinguismo. Com base em conceitos filosóficos, sociológicos e políticos, o bilinguismo reconhece que o surdo vive uma realidade bilíngue, convivendo com duas línguas diariamente: a língua portuguesa e a LIBRAS. Além disso, o surdo também vive uma realidade bicultural, interagindo com a cultura ouvinte e a cultura surda. A comunidade surda defende que a primeira língua a ser ensinada deve ser a língua de sinais, com a língua oral sendo introduzida como segunda língua. Autores defendem que, para ensinar a língua de sinais, é ideal que outro surdo, já dominando a língua, faça a instrução, permitindo a aquisição natural da língua. Na Suécia, surgiram os primeiros movimentos para a implantação do bilinguismo. No início da década de 1960, os Estados Unidos adotaram o bilinguismo como proposta educacional. Em 1979, em Paris, Danielle Bouvet começou a primeira turma bilíngue, onde a língua de sinais dos surdos da França foi a língua que norteou o aprendizado, enquanto a língua francesa ficou como segunda língua. O enfoque bilíngue na educação de surdos foi registrado pela professora francesa em 1981 (LACERDA; LODI, 2009). Como cita Sá (2002, p. 68), para que ocorra uma educação bilíngue, é preciso muito mais que o uso ou o conhecimento de uma das línguas. É necessário que a educação de surdos seja vista como uma educação multicultural, voltada para a cultura surda. Quando isso não acontece, corre-se o risco de priorizar aspectos linguísticos e negligenciar os inter-relacionados. A partir dos anos 1990, começou a surgir no Brasil o modelo de educação bilíngue e de escola inclusiva (FELIX, 2006, p. 18). O artigo segundo da Lei nº 12.319, de 1° de setembro de 2010, regulamenta a profissão de tradutor e intérprete de LIBRAS: “O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das duas línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da LIBRAS e da Língua Portuguesa”. A função do intérprete, conforme a Lei, estabelece que este profissional deve facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes. A Resolução SE nº 38, de 19/06/2009, dispõe sobre a admissão de docentes com qualificação na Língua Brasileira de Sinais nas escolas estaduais, garantindo que as unidades escolares incluam em seu quadro funcional docentes que apresentem essa qualificação quando tiverem alunos surdos matriculados. O professor interlocutor deve ser um educador flexível, capaz de atender às necessidades do aluno surdo, estar disposto a se capacitar e oferecer o melhor possível. É importante ressaltar que o aluno surdo não é do professor interlocutor, mas sim da escola em que está matriculado. Cabe ao professor interlocutor mediar a comunicação e os conteúdos ministrados pelo professor regente. O professor titular também é responsável por preparar materiais adaptados para o aluno surdo, garantindo que a inclusão seja plena, permitindo que o aluno participe integralmente de tudo que acontece na sala e na escola. Entretanto, há situações em que o próprio professor interlocutor não conhece seu papel, assumindo responsabilidades que não lhe cabem, como a preparação de adaptações das disciplinas e a explicação do conteúdo. A falta de profissionais devidamente capacitados agrava essa situação, pois muitos professores que atuam nas aulas não têm conhecimento em LIBRAS, conforme apontado pela Resolução SE nº 89, de 29/12/2011. METODOLOGIA 1. Definição do Problema:Identificar a importância do interlocutor na dinâmica de ensino-aprendizagem. Delimitar como diferentes tipos de interlocutores (professores, alunos, especialistas) influenciam a interação na sala de aula. 2. Objetivos: Analisar o papel do interlocutor na promoção do diálogo e da participação. Investigar como a presença e a atuação do interlocutor impactam o aprendizado dos alunos. Propor estratégias para otimizar a função do interlocutor. 3. Tipo de Pesquisa: Qualitativa, utilizando métodos como observação, entrevistas e grupos focais. 4. População e Amostra: Seleção de turmas de diferentes níveis (fundamental e médio) . Escolha de professores e alunos como participantes da pesquisa. 5. Coleta de Dados: Observação: Realizar observações em sala de aula para identificar interações entre alunos e professores. Entrevistas: Conduzir entrevistas semiestruturadas com professores e alunos sobre suas percepções do papel do interlocutor. Grupos Focais: Organizar grupos focais para discutir experiências e práticas que favorecem a interlocução. 6. Análise dos Dados: Transcrição das entrevistas e grupos focais. Análise temática para identificar padrões, categorias e subcategorias. Comparação das observações com os dados das entrevistas para um entendimento mais profundo. 7. Desenvolvimento de Propostas: Com base nas análises, desenvolver propostas de formação continuada para professores sobre como atuar como interlocutores eficazes. Criar materiais de apoio para promover uma melhor interação entre alunos e professores. 8. Validação das Propostas: Apresentar as propostas a educadores e especialistas para feedback. Realizar um piloto em algumas salas de aula e coletar novas observações para ajustar as estratégias. 9. Relato dos Resultados: Elaborar um relatório final com os principais achados, as propostas desenvolvidas e as recomendações para práticas pedagógicas. CRONOGRAMA Etapa Descrição Período Levantamento Bibliográfico Pesquisa e revisão de literatura sobre educação bilíngue, inclusão de alunos surdos e o papel do professor interlocutor 04/2025 á 09/2025 Definição de Metodologias Desenvolvimento de metodologias pedagógicas específicas para a inclusão do aluno surdo, considerando as particularidades do ensino regular 09/2025 á 03/2026 Monitoramento e Avaliação Coleta de dados sobre a evolução do aprendizado dos alunos surdos e a efetividade das práticas pedagógicas, com feedback dos professores. 03/2026 á 07/2026 Análise de Resultados Análise dos dados coletados e elaboração de um relatório sobre as práticas e desafios enfrentados no processo de inclusão. 07/2026 á 11/2026 CONCLUSÃO Sabemos então que professor interlocutor, é um profissional habilitado em Libras (Língua Brasileira de Sinais), a ele são atribuídas algumas funções que auxiliam no aprendizado do aluno surdo, pouco se sabe ao certo quais são suas responsabilidades, mas temos conhecimento de que ele está na escola com o intuito de acompanhar o aluno surdo e fazer a interpretação das aulas e de todo andamento da aula para o aluno. Com base nos depoimentos, podemos dizer que esse professor é muito útil na rede regular de ensino, pois sem ele não haveria como o aluno participar das aulas, ou acompanhar o andamento das atividades. Cabe a esse profissional e aos demais professores uma orientação, respectiva onde fosse delimitada suas funções e contribuições. Para que não aconteça como é comum acontecer, o professor interlocutor toma para si a responsabilidade do aprendizado do aluno surdo, adaptando atividade, prova e textos. Houve uma aceitação muito boa dos alunos ouvintes em ter nas aulas o acompanhamento do professor interlocutor, muitos deles aprenderam um pouco de Libras. Os demais professores na maioria também aprovaram a participação do professor interlocutor. É importante, porém, que o professor tenha domínio da Libras, pois só assim é possível um desenvolvimento eficaz das ações feitas na escola para o aluno surdo. REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. 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