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Transtornos de HEMOSTASIA PATOLOGIA MÉDICA Hemostasia: conjunto de mecanismos que mantêm o sangue circulando em sua forma fluida dentro dos vasos. São importantes no controle de sangramentos e integridade vascular por lesões nos vasos. Tem 3 componentes: Vascular, plaquetas e cascata de coagulação. A cascata de coagulação é ativada, resultando na conversão de fibrinogênio em fibrina , que estabiliza o coágulo. O processo é regulado por uma série de fatores de coagulação numerados (I a XIII) que são ativados sequencialmente a partir de duas vias: A via extrínseca é iniciada pelo fator tecidual (Fator VII que se ativa nos tecidos), enquanto a via intrínseca envolve a ativação do fator XII. O fator X converte a protrombina em trombina , que transforma o fibrinogênio em fibrina. TROMBO x COÁGULO São sinônimos, mas podem ter diferenças importantes e definitivas. Trombo (coágulo branco) -> formado + por plaquetas - > Intravascular -> processo patológico Coágulo (coágulo vermelho) -> + fibrinas -> + extravascular -> geralmente faz parte de um processo fisiológico normal, a menos que ocorra dentro de vasos sanguíneos e seja semelhante a um trombo. HEMOFILIA A É uma doença hereditária ligada ao cromossomo X, causada pela deficiência do fator VIII de coagulação. Epidemiologicamente: é a forma mais comum de hemofilia, com uma prevalência de aproximadamente 1 em cada 5.000 homens. Mulheres geralmente são portadoras assintomáticas, enquanto os homens são afetados. A deficiência do fator VIII afeta a via intrínseca da cascata de coagulação, prejudicando a formação da rede de fibrina e a estabilidade do coágulo. HEMOFILIA B Também é conhecida como Enfermidade de Christmas, é causada pela deficiência do fator IX de coagulação, sendo também uma doença hereditária ligada ao cromossomo X. Menos comum que a hemofilia A, com prevalência de aproximadamente 1 em 30.000 homens. A deficiência do fator IX compromete a via intrínseca da coagulação de maneira semelhante à hemofilia A, levando a dificuldade em formar coágulos estáveis. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Apesar da diferença entre frequência e fatores no quadro clínico a apresentação de ambas são muito semelhantes. Como estão relacionadas ao processo de da via intrinseca na cascata de coagulação, sua deficiência faz com que haja quadros de sangramentos profundos, devido ao comprometimento da hemostasia secundária, causando principalmente hemartrose e hematomas musculares. As hemartroses geral- mente acometem mais articulações como joe- lhos, cotovelos e torno- zelos. Os sintomas iniciam quando criança portadora começa andar, por volta de 1 a 3 anos. O quadro costuma vir acompanhado de intensa dor articular e pode evoluir para uma pioartrite. A grande complicação, no entanto, é a deformidade articular: pelas repetidas hemartroses, instalam-se inflamação sinovial e sinovite crônica, com consequente artropatia. COAGULOPATIAS Significa que há um déficit nos componentes de formação de coágulos -> que geram síndromes hemorragíparas. As coagulopatias são distúrbios que afetam o sistema de coagulação sanguínea, resultando em sangramentos excessivos ou, em alguns casos, tendência à trombose. Esses distúrbios são congênitos ou adquiridos e relacionados à produção ou à função de fatores de coagulação, plaquetas ou ambos (qualitativos ou quantitativos. Podem ser classificadas em: Coagulopatias Congênitas: Inclui condições como hemofilia A (deficiência de fator VIII), hemofilia B (deficiência de fator IX) e doença de von Willebrand. Essas condições geralmente se manifestam na idade jovem, com episódios de sangramento prolongado. Coagulopatias Adquiridas: Inclui condições causadas por doenças hepáticas, deficiências nutricionais (como deficiência de vitamina K), uso de anticoagulantes e distúrbios imunológicos como a púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) HEMOFILIAS Hemofilia A: Deficiência do fator VIII Hemofilia B: Deficiência do fator IX Hemofilia de Von Willebrand: do fator com seu nome ou também o VIII Quadro clínico com sangramentos articulares (hemartrose), hematomas intramusculares, e esses hematomas podem gerar síndromes com necrose e neuropatías. Esses hematomas podem surgir dias depois de traumas de forma espontânea, o sangramento intracraniano é uma complicação grave e importante causa de morte na condição. Entre hemofilias A e B clinicamente não há como distinguir. (disturbios de hemostasia secundária): Déficit no fator XII não produz alterações fisiológicas e não tem expressividade clínica (Farreras) Laboratorialmente as hemofilias no perfil de coagulograma são marcadas por Prolongamento do TTPA - Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (exame de coagulação que avalia as vias intrínseca e comum) e o TP- Tempo de Protrombina - estará normal (exame que estuda as vias extrínseca e comum). Apesar da clínica junto aos resultados dos exames TTPA e TP sugerirem, a confirmação laboratorial só vem com a dosagem específica da atividade do fator de coagulação acometido: Fator VIII reduzido na hemofilia A e fator IX reduzido na hemofilia B. Valores citados por Dr. Nivoli com relação aos exames TTPa e TP: TTPa: seu valor normal é até 40" segundos, passou disso considera-se prolongado, indicando problema na via intrínseca ou comum de coagulação. TP: seu valor normal é até 13" segundos, passados 20 a 30% a mais do valor normal se considera prolongamento e algo errado com a via extrínseca ou comum da cascata. Tempo de Tromboplastina Parcial (KPTT): também estuda a integridade da via intrinseca e seu valor normal é igual (40"), pode ser utilizado para monitorar a heparina não fracionada, assim como para investigar coagulopatias. presença de cefaleias persistentes e não habituais em hemofílicos deve levar a suspeita de sangramentos intracranianos Clinica + TTPA prolongado + TP normal sugestivo de hemofilia dosagem específica de fatores para confirmar tipo de hemofilia FATOR ANTI-HEMOFÍLICO: fator VIII ENFERMIDADE DE VON WILLEBRAND A enfermidade de von Willebrand é um distúrbio hereditário da coagulação (autossômica não ligada ao sexo) causado pela deficiência quantitativa ou qualitativa do fator de von Willebrand (vWF), uma glicoproteína essencial para a adesão plaquetária. As pessoas com a enfermidade tem um defeito composto comprometendo tanto a função plaquetária quanto a via de coagulação (primária e secundária). Aqui seu quadro clínico vai predominar sintomas de hemostasia primária, como: Sangramento Mucocutâneo: Característico de enfermidade gengival, com sangramento nas gengivas, epistaxe (sangramento nasal) e menorragia em mulheres. Equimoses e Hematomas: Comumente observados em áreas de impacto ou de maneira espontânea. Hemorragias Pós-Cirúrgicas: Risco de sangramento excessivo após procedimentos invasivos e cirúrgicos. Observação importante: aqui o quadro plaquetário geralmente é normal. Esse distúrbio afeta a função das plaquetas, especificamente sua adesão ao endotélio vascular, mas não altera o número total de plaquetas circulantes. TRANSTORNOS DE DÉFICIT DE VITAMINA K A vitamina K é essencial para a síntese dos fatores de coagulação no fígado, incluindo os fatores II (protrombina), VII, IX e X, além das proteínas C e S, que possuem função anticoagulante. Esses fatores dependem da vitamina K para a carboxilação, processo necessário para que eles se liguem ao cálcio e desempenhem sua função na cascata de coagulação. No caso de insuficiência de vitamina K o fígado sintetiza os fatores em sua forma INATIVA. E o laboratório aqui, como vai estar? Diferente das hemofilias... TP -> prolongado TTPa: normal TP Prolongado devido à deficiência do fator VII, ou que afeta a via extrínseca. TTPa Pode ser normal ou prolongado em deficiências avançadas. Níveis de Fatores de Coagulação Dependentes de Vitamina K : Reduzidos, incluindo fatores II, VII, IX e X. Púrpura Trombocitopênica Imunológica (PTI): Destruição autoimune de plaquetas por autoanticorpos.Pode ser primária ou idiopática; mas também estar relacionada a LUPUS, infecções virais, leucemias, linfomas e outras doenças. Podem ter casos que estão mais relacionados às crianças e associados a infecções ou pós vacinação, mas a há casos envolvidos com fármacos, transfusão de sangue, etc. Caracterizada por um início repentino de petéquias e púrpuras, mas pode apresentar equimose, sangramento gengival, epistaxe, melena e hemorragias menstruais anômalas. Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) É uma combinação de: Transtorno raro Farreras classifica como uma microangiopatia trombótica, caracterizada pela formação de trombos disseminados em pequenos vasos sanguíneos. Esse processo causa trombocitopenia e anemia hemolítica microangiopática e pode levar a manifestações em órgãos como cérebro, rins e coração. ocorre frequentemente devido à deficiência ou prevenção da enzima ADAMTS13, responsável pela clivagem do fator de von Willebrand. É possivel que essa insuficiência enzimática seja herdada ou adquira. Manifestações mais comuns são: febre, púrpura, petequias, hemorragias vaginais e alterações neurológicas (como confusão mental e cefaleia). Trombocitopenia antes conhecida como idiopática por não se confirmar seu mecanismo fisiopatológico TROMBOCITOPENIA A trombocitopenia (plaquetopenia) é caracterizada por uma diminuição na contagem de plaquetas no sangue periférico, geralmente definida por valores abaixo de 150.000 plaquetas/ µL. Pode variar em gravidade, com risco aumentado de sangramento quando as plaquetas estão abaixo de 50.000/µL e risco de sangramento espontâneo grave abaixo de 20.000/µL por enletecimento da formação de coágulo. Pode ser gerada por diferentes causas: Diminuição na Produção: Ocorre em doenças da medula óssea, como anemia aplásica, leucemias, síndromes mielodisplásicas, e devido ao efeito de alguns medicamentos e quimioterápicos. Aumento na Destruição: seja em processos autoimunes como na púrpura trombocitopênica idiopática (PTI); Trombocitopenia Imune Secundária (pode ocorrer em doenças autoimunes como lúpus, em infecções como o HIV; e devido a medicamentos); ou microangiopatias como a púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e a síndrome hemolítica-urêmica (SHU), em que há destruição plaquetária aumentada. Sequestro Esplênico: Ocorre em esplenomegalia (aumento do baço), que retém um grande número de plaquetas, reduzindo sua contagem no sangue periférico. Diluição: Pode ocorrer após grandes transfusões de sangue, em que o sangue transfundido dilui a contagem de plaquetas. A trombocitopenia é caracterizada pela queda das plaquetas em 70 000 Moderada: 20 - 70 000 Grave: