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LILAC PROTOCOLOS DE HIGIENE ORAL E A PREVENCAO A PNEUMONIA ASPIRATIVA POR VENTILACAO MECANICA

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ARTIGO DE REVISÃO
1Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
2Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
3Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
RESUMO
Objetivo: Este trabalho teve como objetivo revisar a literatura sobre a eficiência dos protocolos de higienização oral que 
utilizaram digluconato de clorexidina como agente antimicrobiano de escolha em pacientes internados em Unidades de 
Terapia Intensiva. 
Métodos: Para o levantamento dos protocolos, foram analisadas as plataformas de dados científicos Scientific Electronic 
Library Online e National Library of Medicine, utilizando descritores específicos em português e em inglês, respectivamente. 
Resultados: Dos 59 trabalhos inicialmente analisados, 27 artigos foram lidos na íntegra e seis destes foram selecionados 
para o estudo. Os estudos utilizaram digluconato de clorexidina em concentrações variando de 0,05% a 2%. Os dispositivos 
utilizados para higiene oral variaram entre escovas de dentes, cotonete e gaze. A frequência de higienização apresentou 
variação, sendo realizada duas ou três vezes ao dia. 
Conclusão: Devido à heterogeneidade dos protocolos de higiene oral utilizando digluconato de clorexidina em Unidades 
de Terapia Intensiva, apresentados na literatura, não foi possível compará-los em relação à sua eficiência na redução da 
pneumonia aspirativa por ventilação mecanica.
ABSTRACT
Objective: This study aimed to review the literature on the efficiency of oral hygiene protocols that used chlorhexidine 
digluconate as an antimicrobial agent in patients admitted to Intensive Care Units. 
Methods: To research the protocols, the scientific data platforms Scientific Electronic Library Online and National Library of 
Medicine were analyzed, using specific descriptors in Portuguese and in English, respectively. 
Results: Of the 59 studies initially analyzed, 27 articles were read in full and six of these were selected for the study. The 
studies used chlorhexidine digluconate in different concentrations, 0.05% to 2%. The devices used for oral hygiene varied 
between toothbrushes, cotton swabs, and gauze. The frequency varied, being performed two or three times a day. 
Conclusion: Due to the heterogeneity of oral hygiene protocols using chlorhexidine digluconate in Intesive Care Units, 
presented in the literature, it was not possible to compare them in relation to their efficiency in ventilator-associated 
pneumonia reduction.
RESUMEN
Objetivo: Este estudio tuvo como objetivo revisar la literatura sobre la eficacia de los protocolos de higiene bucal que utilizan 
digluconato de clorhexidina como agente antimicrobiano en pacientes ingresados en unidades de cuidados intensivos. 
Métodos: Para investigar los protocolos, se analizaron las plataformas de datos científicos Scientific Electronic Library 
Online y National Library of Medicine, utilizando descriptores específicos en portugués y en inglés, respectivamente. 
Resultados: De los 59 estudios inicialmente analizados, se leyeron 27 artículos en su totalidad y seis de estos fueron 
seleccionados para el estudio. Los estudios utilizaron digluconato de clorhexidina en concentraciones que van desde 0.05% 
a 2%. Los dispositivos utilizados para la higiene bucal variaron entre cepillos de dientes, hisopos de algodón y gasas. La 
frecuencia de la limpieza varió, realizándose dos o tres veces al día. 
Conclusión: Debido a la heterogeneidad de los protocolos de higiene oral que utilizan el digluconato de clorhexidina en las 
Unidades de Cuidados Intensivos, presentados en la literatura, no fue posible compararlos en relación con su eficiência en 
la reducción de la neumonía asociada al ventilador.
Descritores
Unidade de Terapia Intensiva; 
Pneumonia associada à ventilação 
mecânica; Higiene bucal; 
Clorexidina; Promoção da saúde
Descriptors
Intensiva Care Units; Pneumonia 
ventilator-associated; Oral hygiene; 
Chlorhexidine; Health promotion
Descriptores
Unidades de Cuidados Intensivos; 
Neumonía asociada al ventilador; 
Higiene bucal; Clorhexidina; 
Promoción de la salud
Submetido 
17 de Maio de 2020
Aceito 
03 de Novembro de 2021
Conflitos de interesse: 
nada a declarar.
Autor correspondente 
Fernanda Brito 
E-mail: fernanda.brito.s@hotmail.com 
Editor Associado (Avaliação pelos pares): 
Aurilene Josefa Cartaxo de Arruda 
Cavalcanti 
(https://orcid.org/0000-0003-2325-4647) 
Centro de Ciências da Saúde, Universidade 
Federal da Paraíba. João Pessoa, PB, Brasil
PROTOCOLOS DE HIGIENE ORAL E A 
PREVENÇÃO À PNEUMONIA ASPIRATIVA 
POR VENTILAÇÃO MECÂNICA
ORAL HYGIENE PROTOCOLS AND PREVENTION OF ASPIRATION PNEUMONIA BY MECHANICAL VENTILATION
PROTOCOLOS DE HIGIENE BUCAL Y PREVENCIÓN DE LA NEUMONÍA POR ASPIRACIÓN MEDIANTE VENTILACIÓN 
MECÁNICA
Rayane Fernanda Fortunato de Oliveira1 (https://orcid.org/0000-0003-4490-5592) 
Guilherme Goulart Cabral-Oliveira1 (https://orcid.org/0000-0001-9762-4669) 
Brenda do Amaral Almeida2 (https://orcid.org/0000-0002-2247-0308) 
Fernanda Brito1,3 (https://orcid.org/0000-0003-4067-9372) 
Como citar: 
Oliveira RF, Cabral-Oliveira GG, Almeida BA, Brito F. Protocolos de higiene oral e a prevenção à pneumonia aspirativa 
por ventilação mecânica. Enferm Foco. 2023;14:e-202301.
DOI: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2023.v14.e-202301
Enferm Foco. 2023;14:e-202301 1
mailto:fernanda.brito.s@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0003-2325-4647
https://orcid.org/0000-0003-4490-5592
https://orcid.org/0000-0001-9762-4669
https://orcid.org/0000-0002-2247-0308
https://orcid.org/0000-0003-4067-9372
PROTOCOLOS DE HIGIENE ORAL E A PREVENçãO à PNEUMONIA ASPIRATIVA POR VENTILAçãO MECâNICA
Oliveira RF, Cabral-Oliveira GG, Almeida BA, Brito F
INTRODUÇÃO 
A pneumonia aspirativa por ventilação mecânica (PAVM), 
considerada uma infecção relacionada à assistência à saú-
de, possui diversos agentes etiológicos como fungos, vírus 
e principalmente bactérias. Sua incidência em unidades 
de terapia intensiva (UTI) ou centros de terapia intensiva 
(CTI) é elevado e apresenta alta mortalidade, principal-
mente em pacientes com comorbidades.(1,2) Bactérias como 
Staphylococcus aureus, Klebsiella sp., Pseudomonas sp., 
Acinetobacter baumannii e Escherichia coli são frequente-
mente associadas a esta infecção. Diferentes vias podem 
possibilitar o acesso desses microrganismos ao trato res-
piratório, como a inoculação direta por aspiração, inalação 
de aerossóis infectados, disseminação hematogênica, e 
área com infecções extensas.(2,3) Tais potenciais patógenos 
respiratórios não são comuns na microbiota oral de indiví-
duos saudáveis, porém pacientes internados em UTI estão 
mais susceptíveis a apresentarem o biofilme colonizado 
por eles,(3) especialmente os que possuem periodontite.(4)
Os biofilmes são comunidades microbianas estrutu-
radas de forma tridimensional, aderidas a uma superfície 
biótica ou abiótica. Quando maduro, confere proteção as 
ações ambientais, à desidratação e ao sistema imune do 
hospedeiro.(5) Essa estrutura pode ser formada e amadure-
cida sobre a superfície dos dentes ou em sítios periodontais 
como resultado de uma higiene bucal inadequada, poden-
do acarretar no aparecimento de lesões de cárie, agravar 
o processo inflamatório dos tecidos periodontais e causar 
infecções em outras regiões do organismo.(3-5) A aspiração 
desses patógenos da cavidade oral é a via mais comum de 
infecção pulmonar, demonstrando o papel significativo da 
microbiota oral na etiologia da pneumonia aspirativa por 
ventilação mecânica.(2,4)
Protocolos de higienização oral, baseados na limpeza 
da cavidade bucal com a utilização de antimicrobianos de 
baixo custo, como o digluconato de clorexidina (DGC), pas-
saram a ser utilizados como um método de prevenção ao 
desenvolvimento da PAVM, além de auxiliar na promoção, 
conscientização e integração da equipe de saúde, incluin-
do médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,enfermeiros e 
cirurgiões-dentistas.(1)
Apesar de a literatura apresentar diferentes modelos de 
protocolos de higienização oral para a prevenção de pneu-
monia aspirativa por ventilação mecânica com diferentes 
índices de sucesso,(6-11) não há um consenso sobre a eficiên-
cia, a padronização do antimicrobiano ou a concentração 
do mesmo e dos dispositivos de higiene utilizados. Sendo 
assim, este trabalho tem como objetivo revisar a literatura 
sobre a eficiência dos protocolos de higienização oral que 
utilizaram DGC como agente antimicrobiano de escolha em 
pacientes internados em UTIs.
MÉTODOS 
Trata-se de uma revisão narrativa da literatura. Para o 
levantamento dos protocolos, foram utilizadas as plata-
formas de dados científicos SciELO e PubMed, durante o 
período de setembro de 2019, utilizando como descritores: 
“protocol”, “oral care” e “pneumonia ventilator associated”, 
e “protocolo”, “higiene oral” e “pneumonia”, respectivamen-
te em cada base analisada.
Como critérios de inclusão para o estudo, foram acei-
tos trabalhos publicados em português e inglês que apre-
sentaram protocolos postos em prática e seus respectivos 
resultados. Como critérios de exclusão, não foram incluí-
dos no estudo trabalhos publicados antes de 2012, que não 
utilizavam o DGC como agente antimicrobiano de escolha, 
revisões de literatura e relatos de casos.
Dois avaliadores selecionaram os artigos e em caso de 
dúvida um terceiro avaliador foi consultado. Os trabalhos 
foram avaliados quanto às etapas e período de aplicação 
dos protocolos empregados, a concentração de DGC, o 
uso de instrumentos para a remoção mecânica do biofil-
me e o emprego de atividades educativas associadas aos 
protocolos.
RESULTADOS
A revisão realizada encontrou um total de 59 trabalhos que 
tiveram seus resumos lidos e avaliados por dois autores. 
Após a leitura dos resumos e a aplicação dos critérios de 
inclusão e exclusão, 27 artigos foram lidos na íntegra por 
dois avaliadores, sendo um terceiro avaliador consultado 
no caso de eventuais dúvidas. Dos trabalhos lidos, seis fo-
ram considerados adequados para o estudo (Figura 1).
Os trabalhos selecionados apresentaram diferentes 
intervalos de duração dos protocolos. Além disso, utiliza-
ram a clorexidina na forma de digluconato de clorexidina 
em diferentes concentrações, variando de 0,05% a 2%. A 
frequência média da realização da higiene oral também 
apresentou variação. Cinquenta por cento dos artigos se-
lecionados realizaram a higiene oral duas vezes ao dia,(6,8,9) 
enquanto os outros 50% realizaram a higiene oral três ve-
zes ao dia.(7,10,11) 
Além da utilização da solução de digluconato de clorexi-
dina, alguns protocolos contaram com instrumentos para 
a higienização e remoção mecânica do biofilme oral, como 
escovas dentais, cotonetes e compressas,(6-8,11) e utilizaram 
de atividades educativas para a conscientização sobre a 
pneumonia aspirativa por ventilação mecânica (Tabela 1).(9,11) 
Enferm Foco. 2023;14:e-2023012
PROTOCOLOS DE HIGIENE ORAL E A PREVENçãO à PNEUMONIA ASPIRATIVA POR VENTILAçãO MECâNICA
Oliveira RF, Cabral-Oliveira GG, Almeida BA, Brito F
Busca nas bases de dados científicos
PubMed e SciELO no período de
setembro de 2019
Leitura dos resumos e
aplicação dos critérios de
inclusão e exclusão
Leitura integral dos
trabalhos por dois
avaliadores
Resultado da busca
59 artigos
27 artigos
6 artigos
selecionados
Figura 1. Organograma da revisão realizada
Tabela 1. Categorização dos trabalhos selecionados na revisão
Autor Período de 
aplicação Etapas do protocolo
Concentração de 
Digluconato de 
Clorexidina (DGC)
Frequência da 
aplicação do 
protocolo (nº 
de vezes ao dia)
Presença de 
atividades educativas 
sobre a Pneumonia 
aspirativa por 
ventilação mecânica 
(PAVM) associadas 
ao protocolo
Alja’afreh et 
al. (2019)(11) 6 meses
Higiene realizada através de escovação dos dentes.Aplicação 
de solução de DGC com um cotonete nos dentes, língua, 
palato duro e lubrificação dos lábios a cada 6 horas. Sucção 
da boca e faringe a cada 2 horas ou quando necessário.
0,05% 3 Sim
Jadot et al. 
(2018)(10) 72 meses Avaliação diária da sedação. Elevação da cabeceira da cama para 
ao menos 30°; aspiração oral, higiene oral com solução de DGC. 2% 3 Não
Burja et al. (2018)(9) 4 meses Elevação da cama para ao menos 30°, higiene oral com solução de DGC, 
aspiração subglótica a cada 4 horas, uso de sistemas fechados de sucção. Não mencionada 2 Sim
Ory et al. (2017)(7)
Protocolo 1
(6 meses)
Higiene oral com escovação, cotonete e compressas 
embebidas em solução de clorexidina. 0,50% 3 Não
Protocolo 2
(7 meses)
Higiene oral com duas escovas acopladas ao equipamento de 
aspiração, embebidas em solução de DGC clorexidina, da linha. 0,50% 3 Não
Zand et al. (2017)(8)
Protocolo 1
(5 meses)
Higiene oral a cada 12 horas, com solução de DGC, sucção subglótica, 
higienização dos dentes com uma escova pediátrica macia (pacientes 
dentados) ou cotonete (para pacientes edêntulos) e cotonete embebido 
em clorexidina para gengiva, mucosa oral, palato duro e língua.
0,20% 2 Não
Protocolo 2
(5 meses)
Higiene oral realizada a cada 12 horas, com solução de DGC, sucção 
subglótica, higienização dos dentes com uma escova pediátrica macia 
(pacientes dentados) ou cotonete (para pacientes edêntulos) e cotonete 
embebido em clorexidina para gengiva, mucosa oral, palato duro e língua.
2,00% 2 Não
Conley et al. 
(2013)(6) 12 meses
Higienização com escovação realizada na língua, mucosa oral, 
dentes e lábios durante um período de 1 a 2 minutos com 
dentifrícios, logo após a escovação foi realizado o enxague com 
uma pequena quantidade de água, que era aspirada em seguida. 
Por fim foi aplicado uma solução de DGC de 30 a 60 minutos.
0,12% 2 Não
Tabela 2. Protocolo de Higiene Oral Simplificado para Higienização Oral e Utilização do Digluconato de Clorexidina
Protocolo Perfil do paciente internado em Unidade de Terapia 
Intensiva e submetido à Ventilação Mecânica
Solução de Digluconato de Clorexidina 0,12% 15mL ou 0,2% 10mL, 2x/dia Dentado Edentado
Limpeza da mucosa oral com gaze ou cotonetes embebidas em solução de Digluconato de Clorexidina X X
Escovação com escovas de dente embebidas em solução de Digluconato de Clorexidina X -
Higienização do dorso da língua com raspador lingual e aplicação da 
solução de Digluconato de Clorexidina no dorso da língua X X
Em pacientes edentados que continuarão utilizando as próteses enquanto estiverem internados, uma pequena quantidade adicional de Digluconato de Clorexidina 0,12% deve ser utilizada para higienização da prótese. 
Em pacientes que não utilizarão a prótese durante a internação, a prótese pode ser higienizada com Digluconato de Clorexidina a 2% antes de ser armazenada pela equipe de Enfermagem ou entregue à família.
Todos os artigos selecionados relataram uma queda no 
número de novos casos de pneumonia aspirativa por venti-
lação mecânica. Após a realização da pesquisa foi confec-
cionado um protocolo simplifidado de higiene oral utilizan-
do o digluconato de clorexidina (Tabela 2).
DISCUSSÃO
O resultado dessa revisão demonstrou que a literatura é 
escassa e apresenta trabalhos com metodologias hetero-
gêneas sobre protocolos de higienização bucal utilizando 
digluconato de clorexidina em pacientes internados em UTI 
e/ou CTI. Por esses motivos, não foi possível comparar a 
eficiência dos protocolos de higienização avaliados, mas 
alguns dos aspectos abordados nos estudos selecionados 
devem ser discutidos. 
A clorexidina é uma bisbiguanida catiônica com eleva-
da atividade antimicrobiana e de baixa toxicidade em ma-
míferos. Essa substância é usualmente selecionada como 
antisséptico de primeira escolha devido ao seu efeito an-
timicrobiano de amplo espectro – agindo sobre bactérias 
Enferm Foco. 2023;14:e-202301 3
PROTOCOLOS DE HIGIENE ORAL E A PREVENçãO à PNEUMONIA ASPIRATIVA POR VENTILAçãO MECâNICA
Oliveira RF, Cabral-OliveiraGG, Almeida BA, Brito F
gram-positivas, gram-negativas, fungos e vírus – e à sua 
substantividade, uma vez que esse composto é capaz de 
aderir a diferentes superfícies da cavidade oral e à saliva, 
podendo exercer sua atividade antimicrobiana por um perí-
odo em torno de 12 horas.(12-14)
O digluconato de clorexidina é indicado para a higieniza-
ção da cavidade oral de pacientes internados em UTI, como 
também na higiene corporal, visto que o banho diário com 
esse composto tem sido indicado na prevenção de infecções 
comuns em UTI, principalmente em áreas onde são introdu-
zidos cateteres.(15) Apesar das diversas vantagens, há relatos 
na literatura de efeitos adversos após o contato direto com 
a pele, mucosa ou objetos tratados com essa substância, 
principalmente quando em altas concentrações.(12,16)
Dos estudos selecionados, dois protocolos utilizaram 
o digluconato de clorexidina na concentração de 2%.(8,10) 
Contudo, seu uso nessa concentração não é clinicamente 
indicado devido aos efeitos citotóxicos que esse produto 
apresenta sobre diferentes células humanas, e por causar 
queimadura em mucosa oral.(12,17) Essa concentração é uti-
lizada para a higienização de próteses,(18) embora o uso da 
peça protética imediatamente após a higienização com a 
concentração de 2% não seja recomendado devido a pos-
síveis efeitos anafiláticos ou deletérios em tecidos orais, 
decorrentes da presença residual do antisséptico.(12,16) Caso 
o paciente esteja consciente e venha a utilizar a prótese, 
é recomendada sua higienização nas concentrações de 
0,12% ou 0,2%, a fim de evitar efeitos adversos.
As concentrações de digluconato de clorexidina re-
comendadas para o uso oral são as de 0,12% e 0,2%,(12,19) 
amplamente comercializadas. No Brasil, a solução de clo-
rexidina a 0,12% é facilmente encontrada em farmácias, 
enquanto solução de clorexidina a 0,2% só é vendida sob 
manipulação. Em pacientes que apresentem a capacidade 
de expelir a solução, é recomendado o bochecho com 15mL 
de solução a 0,12% ou 10mL de solução a 0,2%. Em pacien-
tes submetidos à Ventilação Mecânica, é recomendada a 
aplicação tópica dos antissépticos.(12,18) 
A frequência de aplicação do digluconato de clorexidina 
também apresentou divergências nos protocolos selecio-
nados. Devido à substantividade de 12 horas, a aplicação 
duas vezes ao dia em cavidade oral é a frequência preconi-
zada.(19) Uma frequência maior de sua utilização pode pro-
vocar o aparecimento de efeitos colaterais indesejados de-
correntes do uso excessivo do produto, como pigmentação 
extrínseca e alterações no paladar,(12,14,18) além de acarretar 
maiores despesas hospitalares.
Gaze e cotonetes são recomendados para higienização 
da mucosa oral, tanto em pacientes edentados quanto em 
pacientes dentados. É importante ressaltar que em pa-
cientes com dentes, a escova dentária é o instrumento im-
prescindível para a remoção mecânica do biofilme dental, 
a prevenção de doenças periodontais e o aparecimento de 
lesões de cárie.(14,20) A escova de dente não pode ser substi-
tuída por gaze ou cotonetes.(20) O uso de agentes químicos 
é uma etapa auxiliar para o controle da presença e a for-
mação de biofilme, mas sua eficácia é diretamente depen-
dente da remoção mecânica do mesmo, previamente à sua 
utilização.(5,14,21,22)
O uso de dentifrícios na escovação, prévia à higieniza-
ção com digluconato de clorexidina, foi encontrado em um 
dos protocolos selecionados.(6) Entretanto, o uso de cre-
mes dentais não é indicado em pacientes internados devido 
a dois motivos principais. O primeiro é que os surfactantes 
presentes nos dentifrícios interagem com a clorexidina re-
duzindo sua atividade.(12,23) Sendo assim, o ideal é que a clo-
rexidina não seja empregada imediatamente após a escova-
ção com dentifrícios, devendo-se manter um intervalo de 
tempo de no mínimo 30 minutos entre a utilização dos dois 
compostos.(23) O segundo motivo é a produção de espuma 
proveniente da utilização da pasta de dentes. A remoção 
da espuma gera mais uma etapa durante os protocolos de 
higiene, especialmente em pacientes intubados onde será 
necessária a aspiração da espuma, lavagem da cavidade 
oral e uma segunda aspiração da cavidade oral.
As atividades educativas e programas de treinamento 
são implementados a fim de promoverem medidas de lim-
peza e assepsia, objetivando a prevenção da aquisição de 
outras infecções ou comorbidades decorrentes da ausên-
cia destas práticas.(24) Apenas dois estudos(9,11), apresenta-
ram atividades educativas associadas a seus protocolos. 
Considerando a importância desta abordagem, atividades 
de educação contínua em saúde deveriam ser realizadas 
em todas as unidades hospitalares.
A média de ocorrência de PAVM apresenta uma variação 
entre 9-40%.(25) Sendo considerados grupos de risco para 
essa infecção pacientes com idade avançada, induzidos ao 
coma, intubados, submetidos à reintubação traqueal, com 
antecedente de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, sob 
ventilação mecânica prolongada (maior que 7 dias) e que 
aspiraram secreções contaminadas.(26) Sob o aspecto oral, 
pacientes com periodontite são mais propensos ao desen-
volvimento de pneumonia nosocomial quando comparados 
aos indivíduos sem periodontite.(4)
Os artigos selecionados neste estudo sugerem um 
grau de efetividade na redução de novos casos de pneu-
monia por ventilação mecânica através das práticas de 
higiene oral utilizadas, visto que, ao final de seus estudos, 
Enferm Foco. 2023;14:e-2023014
PROTOCOLOS DE HIGIENE ORAL E A PREVENçãO à PNEUMONIA ASPIRATIVA POR VENTILAçãO MECâNICA
Oliveira RF, Cabral-Oliveira GG, Almeida BA, Brito F
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os índices de pneumonia aspirativa por ventilação mecâ-
nica sofreram redução quando comparados às avaliações 
iniciais. No entanto, como as metodologias foram bas-
tante heterogêneas e nem todos os protocolos seguiram 
as posologias de digluconato de clorexidina recomenda-
das, conclusões não podem ser inferidas. Sendo assim, 
o desenvolvimento de mais estudos padronizados faz-se 
necessário.
A literatura ainda é escassa e inconsistente em rela-
ção a utilização do agente antimicrobiano padrão-ouro nos 
protocolos de higiene oral em UTIs, o que foi demonstrado 
pelo número reduzido de artigos selecionados. Só foram 
selecionados artigos que utilizaram o digluconato de clo-
rexidina como agente antimicrobiano.
Este trabalho visa esclarecer as eventuais dúvidas so-
bre a prática da higiene oral em pacientes internados em 
Unidades de Terapia Intensiva, oferecendo uma visão crí-
tica da literatura para a equipe hospitalar. O protocolo de 
higiene oral simplicado descrevendo os procedimentos a 
serem realizados tanto nos pacientes dentados quanto nos 
edentados, é de grande valia para a sistematização da as-
sistência de enfermagem e odontológica.
CONCLUSÃO
Devido à heterogeneidade dos protocolos de higiene oral 
utilizando digluconato de clorexidina em UTIs, apresentados 
na literatura, não foi possível compará-los em relação à sua 
eficiência na redução de pneumonia aspirativa por ventila-
ção mecânica. Essa revisão ressalta a necessidade da rea-
lização de mais pesquisas sobre protocolos de higienização 
oral em Unidades de Terapia Intensiva utilizando-se metodo-
logias padronizadas.
Agradecimentos
à Professora Tereza de Abreu, da Faculdade de Odontologia 
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pela leitura e 
revisão gramatical do manuscrito.
Contribuições
Concepção e/ou desenho do estudo: Oliveira RFF, Cabral-
Oliveira GG e Brito F; Coleta, análise e interpretação dos dados: 
Oliveira RFF, Cabral-Oliveira GG, Almeida BA e Brito F; Redação 
e/ou revisão crítica do manuscrito: Oliveira RFF, Cabral-Oliveira 
GG, Almeida BA e Brito F; Aprovação da versão final a ser pu-
blicada: Oliveira RFF, Cabral-Oliveira GG, Almeida BA e Brito F.
Enferm Foco. 2023;14:e-202301 5
PROTOCOLOS DE HIGIENE ORAL E A PREVENçãO à PNEUMONIA ASPIRATIVA POR VENTILAçãO MECâNICA
Oliveira RF, Cabral-Oliveira GG, Almeida BA, Brito F
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