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253 | P á g i n a 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras Chave: Infecções congênitas; TORCHS; Infecções perinatais.
ANA WLÁDIA BARRETO RODRIGUES¹ 
ANDRÉ MATERSON DE OLIVEIRA SILVA² 
DANIELA MARIA TELES FARIAS¹ 
DESIRÉE CORREIA LUCENA² 
ESTHER FROTA GOMES¹ 
JOÃO PEDRO FEITOSA CAJUAZ CASTRO¹ 
JÚLIA TELES AGUIAR DE OLIVEIRA¹ 
LIGIA CRESTON ALDIGUERI ARRUDA¹ 
LUCAS FONTENELLE DE LIMA PONTES² 
MARIANA MIZAEL SANT’ANNA DA SILVA² 
MATHEUS SALVIANO DE MELO¹ 
NAYLA LIMA DOS SANTOS² 
RAQUEL TÁVORA BARROSO² 
REBECCA FREIRE MAIA VIEIRA¹ 
TEREZA VITÓRIA MONTE CORDEIRO AGUIAR² 
Capítulo 27 
INFECÇÕES CONGÊNITAS 
E PERINATAIS 
 
1. Discente – Medicina da Universidade de Fortaleza. 
2. Discente – Medicina do Centro Universitário Christus. 
10.59290/978-65-6029-053-2.27 
Capítulo 02DOI 
 
 
254 | P á g i n a 
INTRODUÇÃO 
 
As doenças infecciosas e congênitas perina-
tais são importantes causas de injúrias durante 
a gravidez ao concepto ou à criança durante seu 
desenvolvimento. O acrônimo TORCHS, faz 
referência à toxoplasmose, rubéola, citomega-
lovírus, hepatite B, hepatite C, herpes vírus e sí-
filis, essas patologias infecciosas muito acome-
tem crianças no período perinatal pelas suas 
altas capacidades infecciosas no período intra 
útero ou durante o trabalho de parto (OSTRAN-
DER & BALE, 2019). 
As TORCHS são um grande desafio no que 
diz respeito à promoção à saúde, tendo em vista 
que a prevenção contra essas não depende ape-
nas de um cuidado imediato, mas de, até mes-
mo, ações de saúde que antecedem o período da 
gravidez até o período de aleitamento da crian-
ça. Além disso, segundo dados do Ministério da 
Saúde, de agosto de 2022 até julho de 2023 cer-
ca de 7.256 crianças foram internadas devido a 
doenças infecciosas e parasitárias (DATASUS, 
2023). Outra problemática desafiadora é o fato 
de que significativa parcela das crianças que 
nascem com alguma TORCHS é assintomática 
ou, quando apresentam sintomas, são aqueles 
que são comuns a todas elas: prematuridade, 
baixo peso ao nascer, hepatoesplenomegalia, 
icterícia, púrpura e pneumonia (BRASIL, 
2022a). 
Portanto, perante esse cenário conflituoso, 
o objetivo deste capítulo é tratar acerca de cada 
uma das doenças do acrônimo TORCHS, abor-
dando sobre a etiologia, transmissão, epidemio-
logia, os sinais e sintomas, o tratamento e os 
métodos de prevenção. 
 
MÉTODO 
 
Trata-se de uma revisão integrativa realiza-
da no período de setembro a outubro de 2023, 
por meio de pesquisas nas bases de dados: Pub-
Med e SciELO. Foram utilizados os descritores: 
“congenital”, “perinatal”, “infection”, “syphi-
lis”, “congenital”, “Transmissão Vertical de 
Doenças Infecciosas” e “Hepacivirus”. Desta 
busca foram encontrados 15 artigos, posterior-
mente submetidos aos critérios de seleção. 
Os critérios de inclusão foram: artigos nos 
idiomas português e inglês; publicados no pe-
ríodo de 2014 a 2022 e que abordavam as te-
máticas propostas para esta pesquisa, estudos 
do tipo revisão, disponibilizados na íntegra. Os 
critérios de exclusão foram: artigos duplicados, 
disponibilizados na forma de resumo, que não 
abordavam diretamente a proposta estudada e 
que não atendiam aos demais critérios de 
inclusão. 
Após os critérios de seleção restaram 7 ar-
tigos que foram submetidos à leitura minuciosa 
para a coleta de dados. Os resultados foram a-
presentados de forma descritiva, divididos em 
categorias temáticas abordando com base na ân-
cora teórica das principais infecções congênitas 
no recém nascido. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
TOXOPLASMOSE 
 
Etiologia 
O agente etiológico causador da toxoplas-
mose é o Toxoplasma gondii, um protozoário 
intracelular obrigatório que apresenta seu ciclo 
de vida dividido em três fases. Possuem um 
período de vida de um ano, no qual, ainda, 
podem causar a infecção (SBP, 2021). 
 
Epidemiologia 
A prevalência da forma congênita da toxo-
plasmose é de 1-3/1000 recém-natos brasileiros 
e o modo de transmissão mais usual é pela in-
fecção primária adquirida na gestação, eventual 
 
255 | P á g i n a 
reinfecção da gestante por formas mais agres-
sivas do parasita e por fim pela reagudização 
em grávidas com imunocomprometimento gra-
ve. Estima-se que cerca de 40% das gestantes 
infectadas transmitem a doença para seus filhos 
por via placentária (SBP, 2021). 
 
Transmissão 
A contaminação pode ocorrer de duas for-
mas, tanto pela ingestão dos cistos teciduais 
presentes em carnes cruas ou mal passadas de 
animais infectados, como também pela ingestão 
de frutas, verduras e hortaliças mal higieniza-
das. Isso ocorre devido a possibilidade dos es-
porozoítos permanecerem vivos nos solos ou 
em fontes de água por um período de 12 meses 
(SBP, 2021). 
A infecção congênita é mais comum de 
ocorrer na fase aguda da contaminação ou em 
casos de reativação da doença devido ao estado 
de imunomodulação vigente na gravidez (SBP, 
2021). 
 
Diagnóstico 
A suspeita de infecção congênita no recém-
nato é realizada clinicamente pela tríade clás-
sica composta por hidrocefalia, coriorretinite e 
calcificações cerebrais. Todavia, esses sinais só 
são assertivos quando excluída a possibilidade 
de outras infecções congênitas, como rubéola e 
citomegalovírus. A forma mais precoce é a 
identificação de DNA-T. gondii pelo RT-PCR 
do líquido amniótico quando a mãe é suspeita 
ou confirmada para toxoplasmose (SBP, 2021). 
Classicamente, o diagnóstico laboratorial 
da Toxoplasmose congênita tem se baseado na 
pesquisa de anticorpos contra o parasito através 
de testes sorológicos, que devem ser realizados 
logo que possível após o nascimento, mas se 
realizados nos primeiros 5-10 dias de vida o 
reteste pode ser necessário para excluir os re-
sultados falso-positivos de IgM e IgA. A espe-
cificidade global é melhor nos testes realizados 
no sangue neonatal (98%) quando comparada 
com a dos realizados no cordão umbilical (SBP, 
2021). 
O diagnóstico sorológico no RN é dificul-
tado pela presença de anticorpos de classe IgG 
maternos transferidos por via transplacentária 
durante a gestação. Em geral, os títulos de IgG 
no RN são semelhantes aos títulos maternos no 
momento do parto. A persistência de IgG 
positivo para T.gondii por mais de 12 meses de 
vida, confirma o diagnóstico. 
Atualmente, Toxoplasmose Congênita po-
de ser rastreada pelo Teste do pezinho. Além 
dos testes sorológicos supracitados, é necessá-
ria a realização de exames complementares para 
avaliação de possíveis complicações da infec-
ção. Dentre eles, estão os exames neurológicos, 
que contam com estudo do LCR para determi-
nar proteína liquórica, USG transfontanelar e 
tomografia computadorizada, os quais podem 
evidenciar as calcificações intracranianas difu-
sas. Testes de visão e audição também são reco-
mendados, como a fundoscopia ocular indireta 
e OEA e PEATE respectivamente. Em crianças 
com sintomas, a avaliação das enzimas hepáti-
cas deve ser incluída nos exames complementa-
res. 
 
Sinais e sintomas 
Cerca de 70 a 85% dos recém-nascidos não 
apresentam sintomas ao nascer, porém, mesmo 
assim devem ser tratados. No RN as manifes-
tações clínicas são diversas e inespecíficas. A 
tríade clínica clássica (Sabin) – hidrocefalia, 
calcificações cerebrais e retinocoroidite – não é 
comum (SBP, 2021). 
As manifestações clínicas na criança inclu-
em coriorretinite, encefalite, convulsões, PC 
anormal (microcefalia 37 cm e hidrocefalia), nistagmo, hipotonia, 
paralisia, espasticidade, calcificações intracra-
 
256 | P á g i n a 
nianas, deficiência psicomotora ou intelectual, 
hepatoesplenomegalia, ascite, icterícia, peté-
quias, rash, perda auditiva ou RCU. Manifesta-
ções neurológicas no RN podem estar presentes 
como única manifestação da infecção ou associ-
ado a outros sintomas (SBP, 2021). 
 
Tratamento 
O tratamento é feito emassociação com três 
medicamentos, que são: sulfadiazina, pirimeta-
mina e ácido folínico nas seguintes posologias: 
Sulfadiazina: 100 mg/kg/dia, 12/12h; Pirimeta-
mina: 1 mg/kg/dia, 1x/dia; 2-6 meses A seguir, 
1 mg/kg/dia, 1x/dia, 3 x/semana até completar 
1 ano e .Ácido folínico: 10 mg 1x/dia, 3 vezes 
por semana. Corticoides como prednisona e 
prednisolona são receitados em caso de retino-
coroidite ou proteinorraquia na dose de 1 
mg/kg/dia divididos em 2 doses diárias até 
estabilização da inflamação (SBP, 2021). Os 
efeitos colaterais mais rotineiros são tromboci-
topenia (decorrente da pirimetamina), anemia, 
hiperbilirrubinemia, hipersensibilidade e into-
lerância gastrointestinal. Além da terapia medi-
camentosa, é importante o monitoramento e 
acompanhamento desse recém-nascido. A me-
lhor forma de monitorar esses possíveis sinto-
mas adversos é a realização por meio de hemo-
grama seriado para avaliação dos níveis séricos 
de neutrófilos e a necessidade de suspensão 
temporária da pirimetamina e aumento da dosa-
gem de ácido folínico. O controle da bilirrubina 
também é importante nos casos de icterícia cau-
sada pela sulfadiazina. O acompanhamento of-
talmológico em caso de retinocoroidite deve ser 
individualizado e ocorrer a cada 15 dias ou 6 
meses dependendo da gravidade da inflamação 
e posteriormente à idade escolar, devem ser 
anuais (SBP, 2021). 
 
Prevenção 
A profilaxia contra o T.gondii consiste pri-
meiramente na prevenção da contaminação ma-
terna, a qual se dá pela lavagem adequada de 
alimentos como frutas, legumes e hortaliças; a 
não ingestão de carnes cruas ou mal passadas; 
consumo de água filtrada ou fervida; boa hi-
giene das mãos (principalmente após manipular 
alimentos e antes de se alimentar), evitar prati-
car jardinagem e contato com fezes de gatos e 
controlar o acesso de insetos à cozinha (SBP, 
2021). 
 
RUBÉOLA 
 
Etiologia 
O vírus infecto-contagiante da rubéola é 
pertencente ao gênero Rubivírus e à família 
Togaviridae. A rubéola, assintomática em 25% 
a 50% dos casos, acomete, preferencialmente, 
jovens adultos e crianças (afetando apenas seres 
humanos). A transmissão ocorre quando um in-
divíduo saudável tem contato com outro infec-
tado (por meio de secreções respiratórias) (LI-
MA et al., 2019). 
Secundariamente à infecção fetal por via 
transplacentária, através da presença de vírus 
Rubivírus no sangue materno, há a Síndrome da 
Rubéola Congênita (SRC), que surge, com pro-
babilidade aumentada, quando a contaminação 
materna ocorre no primeiro trimestre gestacio-
nal (MONTENEGRO & REZENDE FILHO, 
2018). 
 
Transmissão 
O período de incubação do vírus varia entre 
14 a 21 dias. Assim, observa-se que o intervalo 
de maior transmissibilidade da doença ocorre 7 
dias antes e 7 dias depois do aparecimento do 
exantema, característico da rubéola (LIMA et 
al., 2019). Durante as primeiras 12 semanas 
gestacionais, a taxa de transmissão da doença 
pode chegar à 90%, porém, esse número decai 
com o decorrer da gestação, entre as 12 e 28 
semanas gestacionais. Ao final da gravidez, 
 
257 | P á g i n a 
ocorre um último aumento na taxa de trans-
missão vertical, chegando a 100% de chance de 
contaminação do feto (MONTENEGRO & RE-
ZENDE FILHO, 2018). 
 
Epidemiologia 
No Brasil, o monitoramento da rubéola pas-
sou a ser feito de modo eficaz em 1999, graças 
à implementação conjugada de vigilância da ru-
béola com o sarampo. Durante os primeiros 
anos do século XXI, observou-se que medidas 
como campanhas de vacinação de jovens mu-
lheres (em idade fértil) ajudaram a diminuir os 
índices de rubéola e de SRC, passando de 108 
casos confirmados no país, em 2001, para 14 
casos confirmados em 2006. Em 2014, consta-
tou-se que o último caso de SRC foi registrado 
em 2008. Em 2022, o Brasil recebeu um certi-
ficado de eliminação da rubéola em território 
nacional, durante uma cerimônia na Organiza-
ção Panamericana de Saúde (OPAS), pela Or-
ganização Mundial da Saúde (OMS), por man-
ter-se sem casos de transmissão endêmica por 
cinco anos consecutivos (BRASIL, 2022d). 
 
Sinais e sintomas 
No feto, o bebê pode sofrer morte intrau-
terina, pode apresentar ausência de sintomas ou 
pode manifestar a SRC. Os sinais e sintomas 
mais característicos da síndrome da rubéola 
congênita são: perda auditiva, persistência do 
canal arterial e estenose da artéria pulmonar, re-
tinopatia, cataratas, meningoencefalite, micro-
cefalia, restrição do crescimento intrauterino, 
hepatoesplenomegalia e radiolucência ósseas. 
Para diagnosticar perda autivia, endocrinopa-
tias ou retardo mental, faz-se necessário uma 
observação contínua e longitudinal Além disso, 
as manifestações clínicas da SRC podem ser 
divididas em: transitórias, permanentes e tar-
dias. As transitórias resultam da infecção se-
cundária ou da presença de complexos imunes 
no recém-nascido e lactente, alguns exemplos 
são: hepatite, trombocitopenia e hepatoesple-
nomegalia. As alterações permanentes podem 
acontecer desde o nascimento até os primeiros 
anos de vida, como as cardiopatias, surdez cen-
tral ou periférica, catarata, etc. Ademais, as ma-
nifestações tardias progridem durante a infân-
cia, adolescência e a vida adulta, são resultado 
da infecção permanente ou da reativação do 
vírus, como a surdez, puberdade precoce, autis-
mo e distúrbios psicomotores (SBP, 2021). 
 
Diagnóstico 
A análise clínica é insuficiente, de modo a 
necessitar a análise laboratorial para confirmar 
o diagnóstico de SRC. No recém-nascido, a pre-
sença de IgM no sangue periférico ou no cordão 
umbilical é um indicador de infecção, pois esses 
anticorpos não ultrapassam a membrana pla-
centária, significando que o bebê já está infec-
tado e que não adquiriu IgM passados direta-
mente pela mãe (todavia, deve-se atentar aos 
falso-positivos ou falso-negativos). Se o recém-
nascido for IgG positivo, pode indicar tanto in-
fecção como transmissão materno-fetal de anti-
corpos contra a doença para o bebê (a manu-
tenção da elevação de IgG séricos pode indicar 
o diagnóstico de SRC) (SBP, 2021). 
 
Tratamento 
Não há um tratamento específico para a sín-
drome de rubéola congênita e não há alteração 
da doença com as medicações antivirais exis-
tentes 
 
Prevenção 
Deve-se fazer a vacinação de mulheres em 
idade fértil para prevenir a aquisição de rubéola 
pelas mães e para também diminuir os índices 
de aquisição de síndrome da rubéola congênita 
pelos recém-nascidos. Portanto, é fundamental 
que a conscientização do paciente pelo profis-
 
258 | P á g i n a 
sional de saúde acerca da vacinação seja feita e 
que as vacinas estejam acessíveis a toda a po-
pulação e às respectivas faixas etárias. 
 
CITOMEGALOVÍRUS 
 
Etiologia 
O citomegalovírus pertence à família her-
pesviridae, é composto por dupla fita de DNA 
linear e possui propriedades de latência, assim 
como outros patógenos dessa família. Nesse 
período, apesar de portar o vírus, o indivíduo 
não apresenta sinais e sintomas que tornam-se 
visíveis em períodos de maior fragilidade do 
sistema imunológico, sendo reativado (NAD-
DEO et al., 2015). 
 
Transmissão 
A transmissão dessa patologia pode ocorrer 
de três maneiras, de forma congênita e no pe-
ríodo perinatal, sendo ela durante o parto, atra-
vés do contato com secreções resultantes da 
passagem pelo canal de parto infectado ou após 
a concepção, ao entrar em contato com leite ma-
terno ou transfusão sanguínea (BRASIL, 
2014a) 
 
Epidemiologia 
A citomegalovirose é a doença mais fre-
quente responsável por infecção congênita na 
gravidez em todo o mundo, se manifestando de 
5-20/1000 nascimentos (SBP 2021). No Brasil, 
é estimado que apenas 1% dos recém-nascidos 
sejam infectados pelo citomegalovírus de forma 
intrauterina e ,entre esses, os que são sintomá-
ticos apresentam mau prognóstico, com chan-
cesexpressivas de apresentar sequelas neuro-
lógicas e auditivas (BRASIL, 2014a). 
 
Sinais e sintomas 
Dessa forma, das crianças infectadas de for-
ma intrauterina, 10% a 15% apresentam sinais 
clínicos quando nascem, sendo esses principal-
mente restrição do crescimento, petéquias, he-
patoesplenomegalia, perda auditiva neurossen-
sorial, trombocitopenia, calcificações periven-
triculares e comprometimento neurológico 
(BRASIL, 2014a). 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico dessa doença ocorre através 
da sorologia e da pesquisa de DNA realizada 
com o teste de PCR ou isolamento viral com 
secreções corporais, como saliva e urina, que 
apresentam alta carga viral até 3 semanas de 
idade (BRASIL, 2014a). A detecção da doença 
através da sorologia IgM e IgG anti-CMV não 
é muito eficaz, pois o IgM apresenta baixa 
sensibilidade, podendo resultar em testes falso-
negativos e o IgG anti-CMV atravessa a placen-
ta, sendo insuficiente para a interpretação da 
infecção na criança. (SBP, 2021; BRASIL, 
2014a). A detecção da infecção após 3 semanas 
de vida explicita que a transmissão ocorreu no 
período perinatal e não de forma congênita 
(SBP, 2021). 
 
Tratamento 
O tratamento da citomegalovirose não é 
recomendado a recém-nascidos assintomáticos 
ou com leves sintomas, sendo preconizada ape-
nas para os que apresentam sintomas expres-
sivos, acometendo mais de um sistema, com 
destaque para o sistema nervoso central (SIL-
VA et al., 2022). Dessa forma, a medicação 
recomendada são 2 retrovirais, o Ganciclovir 
endovenoso com dose de 8-12mg/kg/dia de 
12/12h durante 6 semanas e a sua pró droga, 
Valganciclovir de uso oral (BRASIL, 2014a). 
 
Prevenção 
Como o citomegalovírus é transmitido prin-
cipalmente através de secreções que apresen-
tam alta carga viral, como saliva, urina e sêmen, 
é importante que tanto as mães soropositivas e 
 
259 | P á g i n a 
como as soronegativas sejam orientadas em 
relação a prevenção de tal patologia, reforçando 
medidas de higiene, como não dividir talheres e 
utensílios de higiene pessoal, lavar as mãos 
após contato com secreções e usar preservativo 
em relações sexuais. No entanto, ainda não há 
orientações definitivas a respeito da amamen-
tação (BRASIL, 2014a). 
 
HIV 
 
Etiologia 
O Vírus de Imunodeficiência Humana 
(HIV) é um lentivírus que pode levar ao desen-
volvimento da síndrome da imunodeficiência 
adquirida (AIDS), suprimindo o sistema imu-
nológico do paciente acometido e contribuindo 
para uma maior ocorrência de infecções opor-
tunistas, como candidíase oral, tuberculose, va-
ricela zoster e pneumonias bacterianas (LO-
CKS et al., 2022; PINTO NETO et al., 2021). 
 
Transmissão 
A transmissão do HIV ocorre através do 
contato com secreções corporais contaminadas 
como sangue, sêmen, lubrificação vaginal ou 
leite materno. Esses contatos se dão por meio 
do compartilhamento de seringas e outros ma-
teriais perfurocortantes, de relações sexuais 
desprotegidas ou pela transmissão vertical 
(PINTO NETO et al., 2021). 
A transmissão vertical pode ocorrer durante 
a gestação, no periparto e através da amamen-
tação (PETRAGLIA & SZTAJNBOK, 2020). 
Além disso, ela depende de alguns fatores, co-
mo a carga viral da gestante (CV-HIV), o uso 
de antirretrovirais (ARV) e a relação entre o 
tempo desse uso e o parto (BRASIL, 2022c). 
 
Epidemiologia 
A infecção pelo HIV em gestante, partu-
riente, puérpera e criança exposta ao risco de 
transmissão vertical faz parte da Lista Nacional 
de Notificação Compulsória de doenças desde 
2000. Segundo o boletim epidemiológico de 
HIV/Aids de 2022, no ano de 2021 foram 
notificadas 8.323 gestantes infectadas com HIV 
e 64,4% realizou o uso de terapia com antir-
retrovirais durante o pré-natal. Nesse mesmo 
ano, 7.026 crianças expostas foram diagnosti-
cadas (BRASIL, 2022c). 
 
Sinais e sintomas 
Os sinais e sintomas específicos da infecção 
pelo HIV em recém nascidos são aqueles que 
representam os efeitos da imunossupressão e 
das infecções oportunistas, como linfonodome-
galia, hepatoesplenomegalia, candidíase oral 
e/ou genital, alterações no perímetro cefálico e 
retardo no crescimento e desenvolvimento 
(BRASIL, 2018). 
 
Tratamento 
Todo recém-nascido (RN) exposto ao HIV 
deve receber cuidados especiais ainda na sala 
de parto. Esses cuidados incluem o clampea-
mento imediato do cordão umbilical, um banho 
em água corrente e a limpeza de sangue e se-
creções visíveis, realizados delicadamente para 
evitar lesões e possível contaminação. Após es-
sas primeiras medidas, é importante colher uma 
amostra de sangue periférico para avaliar a 
carga viral, iniciar a profilaxia antirretroviral de 
acordo com a classificação de exposição ao 
HIV e o RN deverá ser entregue à mãe (BRA-
SIL, 2022c). 
Em situações que contraindicam a coleta de 
sangue periférico, como baixo peso ao nascer 
(na realização de tri-
agem no pré-natal, por meio de testes rápidos 
no 1° trimestre, 3° trimestres e no momento do 
parto, com o intuito de identificação e tratamen-
to precoce, reduzindo as chances de infecção do 
feto. Além disso, o aleitamento é contraindica-
do em mães com HIV para evitar a transmissão 
por meio do leite materno (BRASIL, 2022c). 
 
HEPATITE B 
 
Etiologia 
O vírus da hepatite B (HBV) é da família 
Hepadnaviridae, em sua superfície encontra-se 
uma partícula chamada antígeno de superfície 
da hepatite B (HBsAg). A porção interna do 
virion contém antígeno do core da hepatite B 
(HBcAg). O antígeno “e” (HBeAg) do vírus da 
HBV encontra-se no nucleocapsídeo, é deriva-
do do HBcAg e serve como marcador de repli-
cação viral ativa, significando que a doença 
 
261 | P á g i n a 
pode ser transmitida (KLIEGMAN et al., 
2017). 
 
Epidemiologia 
O HBV foi encontrado em todo o mundo, 
com 400 milhões de pessoas infectadas cronica-
mente. No Brasil, esse vírus está predominante-
mente presente na região Norte do País, nas po-
pulações ribeirinhas e indígenas. Além do 
HBV, nesta localidade encontra-se o vírus da 
hepatite delta (HDV), que atinge apenas aque-
las pessoas já infectadas com hepatite B. Neste 
caso, o paciente poderá ter uma coinfecção (he-
patite B e Delta ao mesmo tempo) ou uma su-
perinfecção (hepatite Delta posterior a B) 
(BRASIL, 2022b). 
 
Transmissão 
O maior meio de transmissão é o sangue, 
porém pode-se encontrar HBV em outros flui-
dos, como semem e saliva. Para crianças, o fa-
tor de risco mais relevante é o perinatal, no caso 
em que a mãe é HBsAg-positivo. Se a gestante 
possuir HBeAg-positivo, o risco de transmissão 
é ainda maior (KLIEGMAN et al., 2017) A 
contaminação pode ser vertical ou horizontal. 
Vertical quando acontece durante a gestação e 
parto, e horizontal quando é por contato sexual 
e compartilhamento de objetos perfurocortantes 
(SBP, 2021). Quando a infecção é adquirida no 
período perinatal, ela resulta em 90% de croni-
cidade; se acometida na primeira infância, ocor-
re 20% a 40% de cronicidade; porém, se a he-
patite B for contraída na adolescência e idade 
adulta, esses valores caem para 0% a 10% 
(BRASIL, 2022b). 
 
Sinais e sintomas 
A maioria dos casos de HBV em crianças 
são assintomáticos, porém quando há presença 
de sintomas, eles podem ser mais graves que as 
demais hepatites, acometendo assim, pele e ar-
ticulações (KLIEGMAN et al., 2017). As con-
dições extra-hepáticas vão aparecer nas crian-
ças em que se apresenta o estágio agudo da 
infecção, com manifestações de poliartrite no-
dosa, glomerulonefrite e anemia aplástica. A 
icterícia também pode estar presente em pacien-
tes nessa fase da doença, acometendo 25% de-
les e iniciando aproximadamente oito semanas 
após a exposição, durando cerca de 4 semanas. 
(KLIEGMAN et al., 2017) Uma parte dos casos 
subclínicos apresentam os sintomas gerais: fa-
diga, anorexia, náuseas e mal-estar geral. Já nos 
períodos agudos da doença, os pacientes vão 
apresentar urina escura (colúria), fezes esbran-
quiçadas e icterícia. Geralmente, o diagnóstico 
de HBV se dá ao acaso, com exames de rotina 
ou triagem do sangue no banco de dados, sendo 
assim, a identificação da infecção se dá na sua 
forma crônica (BRASIL, 2018) 
 
Diagnóstico 
Os diagnósticos de hepatite B se dão pela 
triagem dos múltiplos marcadores sorológicos 
(HBsAg, anti-HBc, anti-HBs). O HBsAg é o 
primeiro marcador a aparecer juntamente com 
os sintomas, se passados 6 meses e ele persistir 
elevado, significa que a infecção é crônica. Já o 
anti-HBcIgM pode ser o único marcador de 
uma infecção aguda, ou seja, quando o HBsAg 
diminui e os sintomas continuam. Apenas o 
anti-HBs encontra-se em pessoas imunizadas 
com vacina contra hepatite B, caso ele apareça 
junto com o anti-HBc, significa que a infecção 
foi resolvida. O HBeAg é um marcador de in-
fectividade e o anti-HBe significa soroconver-
são, ou seja, marca melhora do quadro infeccio-
so do paciente, sendo assim um objetivo no 
tratamento (KLIEGMAN et al., 2017). 
 
Tratamento 
O principal tratamento para infecções agu-
das por HBV é o suporte e monitoramento do 
 
262 | P á g i n a 
paciente, a fim de identificar rapidamente al-
gum sinal de falência hepática e morbidades ex-
trahepáticas (KLIEGMAN et al., 2017). O tra-
tamento das crianças ainda é complexo, sendo 
a biópsia hepática o padrão-ouro para classifi-
car a infecção e discutir a forma de abordagem. 
Infelizmente, ainda não se conhece um medica-
mento que seja capaz de curar ou erradicar o 
vírus da hepatite B (SBP, 2021). 
 
Prevenção 
Nas crianças é feito o esquema de 4 doses, 
sendo uma ao nascimento e doses aos 2, 4 e 6 
meses de vida (KLIEGMAN et al., 2017) As 
crianças recém-nascidas de mulheres com he-
patite B devem receber imunoglobulina huma-
na anti-hepatite B e a primeira dose do esquema 
vacinal para HBV (KLIEGMAN et al., 2017). 
 
HEPATITE C 
 
Etiologia 
O VHC, um vírus conhecido como Hepatite 
C, faz parte do gênero Hepacivirus e pertence à 
família Flaviviridae. Ele é classificado como 
um vírus de RNA, portanto possui uma única 
fita de material genético. A doença manifestada 
através do VHC é causada pelo próprio vírus 
instalado no corpo humano (BRASIL, 2022b). 
 
Transmissão 
Pode ocorrer tanto durante a vida intraute-
rina do recém-nascido (RN), como durante o 
parto devido algum contato direto entre o san-
gue materno e do RN, sendo a forma de trans-
missão congênita mais comum. Além disso, 
também há uma pequena porcentagem de chan-
ce de a mãe difundir o vírus para o filho através 
da amamentação. Deve-se ressaltar que nem 
sempre o VHC será transmitido para o RN, 
dependendo, inclusive, da carga viral materna. 
Logo, se a quantidade de vírus da mãe for baixa, 
a probabilidade de o VHC ser transmitido para 
o bebê também será pequena (FERREIRA et 
al., 2014). 
 
Epidemiologia 
Um boletim epidemiológico emitido pelo 
Ministério da Saúde do Brasil relatou 228 mil 
casos confirmados de hepatite C entre 1999 e 
2018. Embora os dados sobre a ocorrência de 
infecção pelo VHC durante a gravidez perma-
neçam escassos, um estudo recente estimou o 
risco de TV por VHC em 5,8% (FREIRE et al., 
2021). 
 
Sinais e sintomas 
A Hepatite C, em sua fase aguda, não costu-
ma apresentar sintomas, no entanto, por ser um 
diagnóstico difícil já que não apresenta sinais, é 
muito comum essa infecção evoluir para uma 
infecção crônica, que, no RN, muitas vezes, 
permanece sendo assintomático. Embora os 
casos de VHC em RN sejam raros, 4 a 6% dos 
pacientes evoluem com cirrose e insuficiência 
hepática durante a infância. Os fatores respon-
sáveis pela evolução mais agressiva ainda não 
foram identificados (FERREIRA et al., 2014). 
De uma forma geral, o que pode acontecer 
no início da infecção é um aumento das 
aminotransferases, que são enzimas responsá-
veis pela metabolização de algumas proteínas 
no nosso corpo. No entanto, com o passar do 
tempo essas enzimas vão diminuindo, podendo 
chegar a níveis de normalidade sem intercorrên-
cias para a criança acometida. Assim, não têm 
sido descritas em crianças doenças extra-
hepáticas causadas pelo HCV, que em adultos 
são relativamente frequentes, como crioglobuli-
nemia, tireoidite, transtornos depressivos, lí-
quen plano e glomerulonefrites (FERREIRA et 
al., 2014). 
 
Diagnóstico 
Deve ser realizado analisando a sorologia 
do RN. Em primeiro lugar, é analisado o anti-
 
263 | P á g i n a 
HBsAg, caso dê negativo, a suspeita de infec-
ção será descartada, mas, caso o resultado seja 
positivo, deve-se solicitar a carga viral, se a 
carga for detectável, o paciente está com a 
infecção, caso indetectável, é porque houve um 
contato passado ou uma cura espontânea. Deve-
se acompanhar os testes sorológicos em um 
período de 18 a 24 meses (BRASIL,2022b). 
 
Tratamento 
O tratamento para RN não é recomendado, 
apenas para crianças a partir de 3 anos (FER-
REIRA et al., 2014). 
 
Prevenção 
Não existe vacina para a Hepatite C, logo, a 
prevenção se dá por meio da aspiração oral e 
nasal, tendo cuidado para não lesar as mucosas, 
a limpeza do RN deve ser realizada imediata-
mente após o parto através do banho, elimi-
nando qualquer secreção e sangue materno. A 
amamentação não é contraindicada, pois a 
transmissão do VHC pelo aleitamento materno 
não está comprovada. Entretanto, se existirem 
fissuras na mama que propiciem a passagem de 
sangue, deve-se evitar amamentar até que as 
lesões sejam cicatrizadas (SBP, 2021). 
 
HERPES 
 
Etiologia 
A herpes viral é uma doença causada pelo 
vírus da família Herpesviridae, é constituído 
por dupla fita de DNA de filamento linear en-
volvido por uma capa proteica e uma de suas 
características particulares é estabelecer latên-
cias vitalícias no interior de células específicas 
(VERONESI & FOCACCIA, 2021). 
A herpes viral pode ser causada pelos vírus 
herpes simplex tipo 1 (HSV-1) e o tipo 2 (HSV-
2). O HSV-1 é geralmente associado a infec-
ções orais, como feridas nos lábios (herpes la-
bial), enquanto o HSV-2 é frequentemente as-
sociado a infecções genitais. No entanto, ambos 
os tipos podem infectar tanto a região oral quan-
to a genital (SBP, 2017). 
 
Transmissão 
A transmissão ocorre pelo contato direto 
com a superfícies mucosas internas, o RN pode 
ser infectado em três momentos distintos: (1) 
Intrauterino: infecção congênita, porém muito 
rara, a qual decorre da viremos materna ou as-
cendente do trato genital. (2) Perinatal: Ocorre 
quando o RN entra em contato com o trato ge-
nital materno infectado e é reconhecida como a 
forma mais comum. (3). Pós-natal: Acontece 
em cerca de 10% das infecções totais e acontece 
quando o RN entra em contato com um cuida-
dor com infecção ativa (herpes labial) (SBP, 
2017). 
 
Epidemiologia 
A herpes viral é uma doença em que as 
infecções são gerais e não existem variações 
sazonais no risco de adquirir. Visto que o único 
hospedeiro natural é o ser humano, e como já 
foi visto anteriormente, o modo de transmissão 
é a partir do contato direto com as superfícies 
mucosas internas. As taxas de infecção de HSV 
são mais elevadas nos países em desenvolvi-
mento e entre grupos socioeconômicos mais ba-
ixos. Apesar de as altas taxas de infecções se-
rem mais comuns durante o período da infância 
e adolescência, também são diagnosticados 
muitos casos na fase adulta (SBP, 2017). 
No Brasil, a análise dos casos por faixa etá-
ria apresenta que a herpes viral se concentra em 
crianças de 1 a 4 anos de idade, em crianças 
com menos de 1 ano e de 5 a 9 anos de idade, 
respectivamente. Portanto o maior número ab-
soluto de hospitalizações é observado entre cri-
anças, grupo em que se espera o maior número 
de casos da doença (BRASIL, 2010) 
 
264 | P á g i n a 
Sinais e sintomas 
As crianças infectadas durante o parto ou no 
período puerperal podem apresentar três dife-
rentes padrões da doença: (1) lesões na pele, 
olhos ou boca, pequenas bolhas cheias de lí-
quido claro ou amarelado que formam crostas 
quando se rompem, é precedida por alguns sin-
tomas locais como coceira, ardor, agulhadas, 
formigamentos (BRASIL, 2010), (2) encefalite 
com ou sem lesões localizadas da pele, olhos e 
boca e (3) infecções disseminadas envolvendo 
múltiplos órgãos, incluindo coração, pulmão, 
cérebro, fígado e pele (SBP, 2017). 
 
Diagnóstico 
Na suspeita clínica de infecção por HSV, 
deve ser confirmado por testes laboratoriais, 
preferencialmente por isolamento viral ou de-
tecção de DNA do vírus através do PCR no 
sangue e no líquor, além do swab das lesões 
cutâneas e mucosas por imunofluorescência 
direta (SBP, 2017). 
 
Tratamento 
Consiste em terapia farmacológica com aci-
clovir endovenoso por 14 a 21 dias, variando de 
acordo com o tipo de infecção. Casos mais gra-
ves, que afetam o sistema nervoso central ou 
todo o organismo, requerem um tratamento 
mais prolongado. Além disso, é importante 
manter os RN em isolamento de contato caso 
estejam com infecção ativa (SBP, 2021). 
No caso da doença localizada (pele, boca ou 
conjuntiva), o tratamento é feito com aciclovir 
na dose de 20 mg/kg IV a cada 8h por 14 dias. 
Os RN com doença disseminada e/ou do sis-
tema nervoso central recebem 20 mg/kg, IV a 
cada 8h por 21 dias. Após esse regime, as crian-
ças com doença do sistema nervoso central re-
cebem aciclovir oral, 300 mg/m2 3 vezes ao dia 
por 6 meses (SBP, 2021). 
 
Prevenção 
A estratégia para a prevenção da infecção 
de intrauterina e perinatal pelo HSV inclui 
identificar gestantes de alto risco (com infec-
ções genitais ativas), realizar cesárea após o 
rompimento das membranas e fornecer terapia 
antiviral materna. Lactantes com esses herpéti-
cas na mama devem evitar amamentar o RN na 
mama afetada e cobrir lesões para evitar conta-
minações e proteger o recém-nascido (SBP, 
2021). 
 
SÍFILIS 
 
Etiologia 
Sífilis congênita é uma doença causada pela 
espiroqueta Treponema pallidum, reconhecido 
por sua alta capacidade de invasão sistêmica e 
de evasão imunológica, devido à fragilidade e à 
pouca quantidade de suas proteínas expostas à 
superfície. Os espiroquetas se multiplicam nos 
tecidos, gerando resposta inflamatória, e depois 
se disseminam a outros tecidos por meio do 
sistema linfático e da corrente sanguínea, oca-
sionando sinais e sintomas sistêmicos caracte-
rísticos da doença (PEELING et al., 2017). 
 
Transmissão 
Durante a relação sexual em que ocorre 
contato com um parceiro ativamente infectado, 
há o contágio da mulher. Os espiroquetas pene-
tram as mucosas por meio de lesões na pele, se 
multiplicam e se disseminam por meio do sis-
tema linfático e sanguíneo (PEELING et al., 
2017). Dessa forma, estando a mulher infectada 
grávida, o concepto pode ser infectado na hora 
do parto ao entrar em contato com lesões mater-
nas (transversal) ou por causa da circulação 
placentária (intra útero) (PEELING et al., 2017; 
BRASIL, 2022b). A transmissão na gravidez 
ocorre predominantemente intra útero e as fases 
mais recentes da doença materna aumentam o 
 
265 | P á g i n a 
risco de transmissão em 70-100% e culminam 
em sintomas mais graves, enquanto o risco 
diminui para cerca de 30% nas fases mais 
tardias (DOMINGUES et al., 2021). 
 
Epidemiologia 
Houve aumento do número de casos de sífi-
lis adquirida na população adulta, em gestantes 
e congênitas no Brasil em decorrência da dis-
seminação de testes rápido, da diminuição do 
uso de preservativos e da redução do uso de pe-
nicilina (DOMINGUES et al., 2021). Confor-
me dados do Ministério da Saúde entre os anos 
de 2019 e 2021 foram notificados 58.095 casos 
de sífilis congênita (DATASUS, 2023). 
 
Sinais e sintomas 
Os sinais e sintomas atrelados à sífilis con-
gênita são muito semelhantes aos das outras 
TORCHS. Além disso, não é só a criança sinto-
mática que deve ser investigada, tendo em vista 
que 50% a 70% das crianças com sífilis congê-
nita são assintomáticas (BRASIL, 2022b). 
Para avaliação do recém-nascido exposto 
ou com sífilis congênita deve-se analisar o his-
tórico obstétrico materno, exame físico da cri-
ança e testes laboratoriais e de rastreio (BRA-
SIL, 2022b). 
Em relação ao exame físico, os sinais e sin-
tomas relacionados ao quadro precoce (menor 
que 2 anos) da doença mais frequentes são he-
patoesplenomegalia, icterícia, corrimento na-
sal, exantema maculopapular e anormalidades 
esqueléticas. E aqueles relacionados ao quadro 
tardio (maior que 2 anos) estão mais atrelados a 
malformações durante o desenvolvimento 
(BRASIL, 2022b). 
Quanto aos exames laboratoriais e de ras-
treio, determina-se que a criança contraiu sífilis 
congênita quando o teste não-treponêmico(VDRL) do sangue do infante (não pode ser do 
cordão) resultou em valores de titulação duas 
vezes maiores que o da mãe; quando houve 
manifestação clínica, alteração liquórica ou ra-
diológica de sífilis congênita e VDRL positivo. 
Atentar para os valores da punção liquórica, 
pois caso haja alteração é indicativo de neuros-
sífilis (BRASIL, 2022b). 
 
Tratamento 
Caso a mãe seja diagnosticada com sífilis 
durante a gravidez, caso ela não tenha sido tra-
tada adequadamente, deve-se notificar para sífi-
lis congênita e realizar o teste não-treponêmico 
na mãe e no recém-nascido, além de solicitar 
um hemograma completo, glicemia, RX de os-
sos longos e coletar o líquor (celular idade, pro-
teinorraquia e VDRL) do neonato. Caso não ha-
ja nenhuma alteração nos exames físico e labo-
ratorial do neonato, deve-se realizar neste uma 
dose única de penicilina benzatina intramus-
cular com uma dose de 50.000UI/Kg. Caso haja 
alguma alteração dos exames com resultado do 
líquor positivo para neurossífilis, tratar com pe-
nicilina cristalina 50.000UI/Kg/dose intraveno-
sa, de 12h em 12h nos primeiros 7 dias e de 8h 
em 8h até completar 10 dias. E nos casos em 
que haja alteração do exame com líquor ne-
gativo para neurossífilis, tratar com penicilina 
cristalina 50.000UI/Kg/dose, intravenosa, de 
12h em 12h nos primeiros 7 dias e de 8h em 8h 
até completar 10 dias ou com penicilina pro-
caína 50.000UI/Kg/dose, intramuscular, uma 
vez por dia durante 10 dias (BRASIL, 2022b; 
DOMINGUES et al., 2021). 
Caso a mãe tenha sido diagnosticada com 
sífilis durante a gravidez e tenha sido tratada 
adequadamente, deve-se realizar o teste não-
treponêmico na mãe e no recém-nascido. Se o 
resultado do VDRL da criança for pelo menos 
duas vezes maior que o da mãe, deve-se notifi-
car como sífilis congênita e tratar conforme 
haja alterações dos exames físico e laboratorial. 
Caso o VDRL da criança não seja pelo menos 
duas vezes maior que o da mãe, o exame físico 
 
266 | P á g i n a 
não seja normal e o teste não-treponêmico seja 
reagente, deve-se notificar como sífilis congê-
nita e tratar conforme haja alterações dos exa-
mes físico e laboratorial. Caso o VDRL da cri-
ança não seja pelo menos duas vezes maior que 
o da mãe, o exame físico não seja normal e o 
teste não-treponêmico não seja reagente, deve-
se avaliar outras TORCHS. E nos casos que o 
exame físico da criança for normal, trata-se de 
um recém-nascido sem necessidade de trata-
mento inicial. 
Por fim, em todos os casos, deve-se realizar 
o encaminhamento para acompanhamento la-
boratorial e clínico na puericultura (BRASIL, 
2022b; DOMINGUES et al., 2021). 
 
Prevenção 
O melhor método de prevenção contra sífi-
lis congênita é a realização de um pré-natal ade-
quado durante a gestação e a identificação pre-
coce de sífilis congênita, com o fito de promo-
ver intervenções que melhorem o prognóstico 
da doença (BRASIL, 2022b; DOMINGUES et 
al., 2021). 
 
CONCLUSÃO 
 
É mister que o profissional da área da saúde 
tenha conhecimentos e noções básicas sobre as 
doenças infecciosas e congênitas perinatais (a-
crônimo TORCHS). Além disso, faz-se neces-
sária a prevenção de tais doenças e infecções, 
mediante ao incentivo do pré-natal adequado 
pelos profissionais para as gestantes, a capaci-
tação dos atuantes da área da saúde para melhor 
atender suas pacientes, o diagnóstico preciso e 
o tratamento, quando possível, dessas doenças 
nos infantes e nas gestantes. 
Dessa maneira, após a abordagem durante o 
capítulo da etiologia, transmissão, epidemiolo-
gia, sinais e sintomas, tratamento e métodos de 
prevenção, espera-se que o leitor possa conhe-
cer e consolidar seus conhecimentos sobre as 
TORCHS com o fito de realizar diagnósticos 
acurados e saber quais condutas tomar em cada 
caso clínico. 
Assim, o encerramento deste capítulo sobre 
as doenças TORCHS proporciona aos profis-
sionais da saúde e estudantes uma base sólida 
de conhecimentos para lidar com essas pato-
logias, no intuito de compreender os aspectos 
fundamentais para prevenir, diagnosticar e tra-
tar essas condições, visando a saúde e bem-estar 
tanto as gestantes quanto dos recém-nascidos, 
contribuindo para a redução de casos e dos 
impactos negativos na saúde materno-infantil.
 
267 | P á g i n a 
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