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ASPECTOS
MORFOLÓGICOS E
FUNCIONAIS DO SISTEMA
CARDIOVASCULAR E
LINFÁTICO
Aula 1
SANGUE E CORAÇÃO
Sangue e coração
Olá, estudante! Nesta videoaula você irá conhecer o sangue e a anatomia e
histologia do coração, suas funções essenciais e a importância para a
manutenção da homeostase corporal. Prepare-se para uma jornada de
conhecimento que enriquecerá sua compreensão do corpo humano e
fortalecerá suas habilidades profissionais. Vamos começar?
Ponto de Partida
Nessa aula, você, estudante, continuará o estudo do sistema circulatório.
Você conhecerá as principais características do sangue e do coração, e os
papéis essenciais desempenhados por eles para garantir o bom
funcionamento corporal. Desse modo, os conteúdos trabalhados permitirão a
compreensão e aplicação desses conhecimentos no seu dia a dia
profissional.
A partir de agora, você irá acompanhar o caso de Pedro, um estudante de
graduação da área da saúde que, durante um almoço em família, descobriu
que o bebê de sua prima tinha sido diagnosticado com hemofilia. Segundo
sua tia, o bebê, sexo masculino, 5 meses, começou a apresentar "manchas
rochas espontâneas no corpo e febre", sem história de traumas ou possíveis
agressões. Como o bebê se encontrava em bom estado geral, os médicos
optaram por interná-lo para investigar a causa das manchas. Após a
realização de vários exames, ele foi diagnosticado com hemofilia A grave.
Segundo a tia, o bebê fez uma transfusão de sangue e, em poucos dias,
retornou para casa. Agora, todos precisariam tomar muito cuidado com o
bebê, para evitar lesões ou sangramentos. Além disso, ele necessitaria de
cuidados médicos constantes para garantir sua saúde e qualidade de vida.
Ainda assustado, mas bastante curioso sobre a doença do bebê de sua
prima, Pedro resolveu buscar respostas para as seguintes dúvidas que tinha:
“O que é a hemofilia? O que causa? Tem cura? Por que precisou de
transfusão de sangue? Por que precisaria ter um cuidado ainda maior com
lesões no bebê?”.
Caro estudante, como você responderia a todas essas dúvidas? 
Vamos Começar!
O sistema circulatório é formado por três componentes: o sangue, o coração
e os vasos sanguíneos.
Sangue
O sangue é um tecido conjuntivo especializado composto por elementos
celulares e uma matriz líquida denominada plasma. É responsável por cerca
de 7% do peso corporal total e, em um indivíduo adulto, seu volume é de
aproximadamente 5 a 6 litros. O sangue desempenha funções vitais para o
corpo humano, incluindo transporte de gases, nutrientes e resíduos,
regulação de pH, temperatura e volume de fluidos, além de proteção contra
patógenos. O plasma constitui cerca de 55% do volume sanguíneo, sendo
composto principalmente por água (± 92%). Os outros componentes do
plasma sanguíneo incluem as proteínas plasmáticas (7-8%; albuminas,
globulinas, fibrinogênio) e outros solutos (1-2%), como íons, moléculas
orgânicas dissolvidas (glicose, aminoácidos, lipídios), gases (O2 e CO2),
hormônios e resíduos metabólicos (ureia, amônia, ácido úrico, bilirrubina e
creatinina). Os elementos celulares do sangue incluem eritrócitos, leucócitos
e plaquetas. Os eritrócitos ou hemácias são produzidos na medula óssea e
constituem o tipo celular presente em maior quantidade no sangue. São
células anucleadas e apresentam formato de disco bicôncavo, o que lhes
confere uma ampla área de superfície para trocas gasosas. Essas células
são fundamentais para o transporte de O2 dos pulmões para os tecidos e
remoção de CO2 dos tecidos para os pulmões. O transporte de O2 é
realizado pela hemoglobina (proteína carreadora de O2), contida em cada
uma das hemácias e que confere a cor vermelha a essas células. Já os
leucócitos são células esféricas com função de proteção do organismo. São
produzidos na medula óssea ou em tecidos linfoides, permanecendo
temporariamente no sangue. Podem ser classificados em granulócitos e
agranulócitos.
Os leucócitos granulócitos apresentam núcleo com formato irregular e
citoplasma com grânulos específicos que, ao microscópio eletrônico,
aparecem envoltos por membrana. Os três tipos de granulócitos são:
neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Além dos grânulos específicos, essas
células apresentam grânulos azurófilos, que se coram em púrpura, e são
lisossomos. Os neutrófilos, ou leucócitos polimorfonucleares, são células
arredondadas com núcleos formados por dois a cinco lóbulos (normalmente,
três lóbulos) ligados entre si por finas pontes de cromatina. São o tipo mais
numeroso de leucócitos no sangue, podendo chegar a 70% do total, e são
responsáveis pela defesa do hospedeiro contra a invasão de bactérias e
fungos, resíduos celulares, além de uma diversidade de substâncias
estranhas. Os eosinófilos apresentam núcleos bilobulados (dois lóbulos),
com grânulos citoplasmáticos corados em vermelho. São encontrados
principalmente nos tecidos e não na circulação. Constituem 1 a 3% dos
leucócitos totais. Estão associados à defesa contra parasitas, reações
alérgicas e inflamação crônica. Os basófilos são os leucócitos presentes em
menor quantidade, apresentam núcleo volumoso, com formato retorcido e
irregular, lembrando uma letra “S”. 
No citoplasma, apresenta grande quantidade de grânulos grandes que, por
vezes, podem esconder o núcleo. Os grânulos contêm heparina
(anticoagulante), histamina (vasodilatador) e outros mediadores inflamatórios
(bradicinina e leucotrienos). Essas células estão envolvidas em reações
alérgicas e de hipersensibilidade.
Os leucócitos agranulócitos apresentam núcleo com formato mais regular, e
o citoplasma não apresenta granulações específicas, embora seja possível a
presença de grânulos azurófilos inespecíficos. Os dois tipos de agranulócitos
são os linfócitos e os monócitos. Os linfócitos correspondem a cerca de 30%
do total de leucócitos e são responsáveis pela defesa imunológica do
organismo. Essas células apresentam núcleo redondo, ligeiramente
chanfrado, com coloração escura. O citoplasma cora-se em azul claro e
forma um halo ao redor do núcleo. Quanto maior o linfócito, mais visível se
torna o citoplasma. Existem três tipos principais de linfócitos: linfócitos B,
linfócitos T e células natural killer (NK). Os monócitos são produzidos na
medula óssea, apresentam núcleo em formato de rim ou ferradura, e o
citoplasma tem coloração azul acinzentada e com aparência espumosa.
Quando saem dos vasos sanguíneos para os tecidos, os monócitos se
transformam em macrófagos, cuja função principal é a defesa do hospedeiro
(englobamento de materiais estranhos).
Um outro tipo celular presente no sangue é a plaqueta. As plaquetas são
fragmentos celulares derivados dos megacariócitos da medula óssea. Desse
modo, apresentam-se como corpúsculos anucleados e discoides. Participam
do processo de coagulação sanguínea e auxiliam no reparo da parede dos
vasos sanguíneos lesionados, prevenindo a perda sanguínea. É importante
lembrar que o sangue é fluido e circula livremente através dos vasos
sanguíneos. Assim, o corpo precisa lançar mão de mecanismos que
permitam o fluxo de sangue pelo vaso sanguíneo lesionado, enquanto ao
mesmo tempo a parede desse vaso danificado é reparada, processo
denominado de coagulação sanguínea. Esta envolve uma série de reações
coordenadas entre proteínas plasmáticas, células sanguíneas e
componentes vasculares, culminando na formação de um coágulo que
estanca a perda de sangue de um vaso lesionado. Este processo pode ser
dividido em três fases principais: a fase vascular, a fase plaquetária e a fase
de coagulação propriamente dita. A fase vascular se inicia imediatamente
após a lesão do vaso sanguíneo. A vasoconstrição local reduz o fluxo
sanguíneo, limitando a perda de sangue. Este efeito é mediado pela
liberação de endotelinas e outros vasoconstritores pelas células endoteliais
danificadas. A vasoconstrição é rapidamente seguida pela segunda fase,
chamada de fase vascular. Nesta, ocorre um bloqueio mecânico do orifício
presente na parede do vaso sanguíneo por um tampão plaquetário solto.
Quando um vaso sanguíneo é lesionado,supervisor da equipe
levantou os seguintes questionamentos a Pedro e seus colegas: “Vocês
saberiam explicar o que é a filariose? Qual a sua relação com o sistema
linfático? Por que nessa doença ocorre o edema? Existe cura para essa
doença?”.
Como você, no lugar Pedro, responderia a todos esses questionamentos? 
Vamos Começar!
O sistema linfático é uma rede complexa de vasos, tecidos e órgãos que
trabalha em colaboração com o sistema circulatório para manter a
homeostase, defender o organismo contra patógenos e garantir o transporte
adequado de fluidos e nutrientes. Assim, são componentes do sistema
linfático: linfa, vasos linfáticos, tecidos linfáticos e medula óssea vermelha.
Nesse sistema, um líquido denominado linfa flui através dos vasos,
denominados vasos linfáticos, por diferentes estruturas e órgãos que
apresentem tecido linfático.
Os vasos linfáticos são componentes fundamentais do sistema linfático,
consistindo em capilares linfáticos, vasos linfáticos coletores e ductos
linfáticos. Os capilares linfáticos são pequenos vasos situados nos espaços
entre as células e distribuídos em quase todos os tecidos corporais, exceto
em tecidos avasculares, parte central do sistema nervoso, partes do baço e
na medula óssea. No intestino delgado, são denominados lactíferos, sendo
responsáveis pelo transporte de lipídios absorvidos pelo trato
gastrointestinal.
Os capilares linfáticos apresentam uma das extremidades fechadas e são
formados por uma única camada de células endoteliais e uma lâmina basal
incompleta. As células endoteliais se sobrepõem umas às outras, e essa
região de sobreposição da célula endotelial atua como uma válvula
unidirecional, permitindo a passagem de líquido intersticial para o capilar
linfático e impedindo seu refluxo. Os capilares linfáticos apresentam diâmetro
maior que de um capilar sanguíneo e são altamente permeáveis, permitindo
a entrada de fluidos intersticiais, proteínas e macromoléculas. Isso ocorre
devido à presença de fendas relativamente grandes entre as células
endoteliais que permitem a passagem não somente de líquido intersticial e
solutos dissolvidos, mas também de microrganismos como bactérias, vírus,
ou ainda de fragmentos celulares que eventualmente estejam presentes nos
tecidos danificados ou infectados. Uma outra característica importante dos
capilares linfáticos é a presença de fibras elásticas denominadas filamentos
de ancoragem. Esses filamentos envolvem o capilar linfático e se estendem
para fora, ligando as células endoteliais linfáticas aos tecidos circunjacentes,
ajudando a manter as vias de passagem abertas quando as pressões
intersticiais aumentam. Assim, quando o excesso de líquido intersticial se
acumula, provocando edema do tecido, os filamentos de ancoragem são
tracionados, tornando as aberturas entre as células ainda maiores, de modo
que possa ocorrer maior fluxo de líquido para dentro do capilar linfático.
Figura 1 | Sistema linfático. Fonte: adaptada de Fox (2007, p. 402) e Tortora e Derrickson (2023, p. 847).
Os capilares linfáticos convergem para formar os vasos linfáticos,
frequentemente encontrados correndo ao lado das artérias e veias que
irrigam a área na qual se encontram. Os vasos linfáticos são formados por
uma camada de células endoteliais envolvida por pequena quantidade de
músculo liso. Como observado nas veias, os vasos linfáticos apresentam
válvulas que garantem o fluxo da linfa em um único sentido, em direção aos
linfonodos e ductos linfáticos maiores. Essas válvulas são especialmente
importantes nos membros superiores e inferiores. Embora estejam ausentes
em alguns tecidos, como o miocárdio e o cérebro, são abundantes na pele e
nos sistemas geniturinário, respiratório e gastrintestinal. Conforme percorrem
o sistema linfático, os vasos linfáticos se unem formando vasos de maior
calibre, que conduzem a linfa na direção de troncos linfáticos nas cavidades
abdominopélvica e torácica. Os principais troncos linfáticos são os troncos
lombar, intestinal, broncomediastinal, subclávio e jugular. Os troncos
jugulares, localizados nas regiões direita e esquerda, coletam linfa da cabeça
e do pescoço, drenando para o ducto linfático direito ou o ducto torácico. Os
troncos subclávios drenam a linfa dos membros superiores. Os troncos
broncomediastinais, por sua vez, coletam linfa do coração, pulmões e
mediastino, enquanto os troncos lombares drenam a linfa da parte inferior do
corpo, incluindo membros inferiores, pelve e órgãos abdominais inferiores.
Ambos os troncos broncomediastinais e lombares seguem para o ducto
linfático direito ou o ducto torácico. O tronco intestinal, responsável pela
drenagem da linfa do trato gastrointestinal e outros órgãos abdominais,
também se conecta à cisterna do quilo, uma estrutura dilatada que se
continua como o ducto torácico. Finalmente, a linfa alcança os dois grandes
ductos, o torácico e o linfático direito, que a drenam para as veias subclávias.
O ducto torácico drena a linfa da maior parte do corpo e a devolve à
circulação venosa na junção da veia jugular interna esquerda com a veia
subclávia esquerda. O ducto linfático direito drena a linfa da parte superior
direita do corpo e a devolve à circulação na junção da veia jugular interna
direita com a veia subclávia direita. Dessa forma, o sistema linfático auxilia
na manutenção do volume sanguíneo ao retornar o excesso de fluido
intersticial para o sangue.
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Formação e fluxo da linfa
A linfa é um fluido claro e incolor que circula pelo sistema linfático. Sua
formação e fluxo desempenham papéis cruciais na manutenção do equilíbrio
de fluidos no corpo, na absorção de gorduras e na resposta imunológica. A
linfa se forma a partir do líquido intersticial, originado do plasma sanguíneo
que extravasa dos capilares sanguíneos devido à pressão hidrostática.
Desse modo, o líquido intersticial apresenta na sua constituição nutrientes,
gases e hormônios. Contudo, apenas uma parte do líquido intersticial
consegue retornar diretamente aos capilares sanguíneos. A parte restante
desse líquido acaba sendo coletada pelos capilares linfáticos, que são
altamente permeáveis devido à estrutura de suas paredes, que permite a
entrada de fluidos, proteínas e partículas maiores. Assim, o excesso de
líquido que extravasa do capilar sanguíneo drena para os capilares linfáticos
e passa a ser chamado de linfa. É importante lembrar que as proteínas
plasmáticas geralmente não conseguem atravessar os vasos sanguíneos,
devido ao seu tamanho, para compor o líquido intersticial. Por consequência,
o líquido intersticial apresenta pequena quantidade de proteínas na sua
composição. Porém, as poucas proteínas que deixam os vasos sanguíneos
não conseguem retornar por difusão, já que a concentração de proteínas no
interior dos vasos sanguíneos é maior, e as proteínas teriam que retornar
contra um gradiente de concentração. Por outro lado, as proteínas
conseguem se mover facilmente através dos capilares linfáticos, pois são
mais permeáveis. Assim, os vasos linfáticos acabam retornando as proteínas
plasmáticas perdidas juntamente com linfa à corrente sanguínea.
O movimento da linfa através do sistema linfático é unidirecional, e isso é
assegurado pelos seguintes fatores:
1. Contração rítmica da musculatura lisa do vaso linfático (bomba
linfática), que gera uma pressão na parede do vaso linfático,
empurrando a linfa em direção aos ductos linfáticos.
2. Contração dos músculos esqueléticos adjacentes aos vasos
linfáticos (bomba do músculo esquelético), que realizam uma ação de
“ordenha”, comprimindo os vasos linfáticos e gerando uma força que
empurra a linfa em direção aos ductos linfáticos.
3. Alterações da pressão torácica associadas ao ciclo respiratório
(bomba respiratória), que atuam durante a inspiração e expiração,
facilitando o fluxo da linfa. Durante a inspiração, o diafragma se contrai
e desce, aumentando o volume da cavidade torácica e diminuindo a
pressão interna. Essa diminuição da pressão torácica cria um
gradiente de pressão entrea cavidade torácica e os vasos linfáticos,
facilitando o fluxo da linfa em direção aos ductos linfáticos. Durante a
expiração, o diafragma relaxa e sobe, diminuindo o volume da
cavidade torácica e aumentando a pressão interna. Embora essa
pressão possa tentar empurrar a linfa para trás, as válvulas
unidirecionais nos vasos linfáticos impedem esse refluxo, garantindo
que a linfa continue seu caminho em direção aos ductos linfáticos.
4. Presença de válvulas nos vasos linfáticos, que estão dispostas de
tal maneira que a linfa pode fluir apenas em direção aos ductos
linfáticos. Quando a linfa se move em direção contrária, as válvulas se
fecham, evitando o refluxo.
Quando a taxa de filtração capilar supera a taxa de drenagem linfática por
um determinado período temos a instalação de um edema (inchaço). Nesse
caso, a quantidade de plasma e/ou proteínas filtradas do capilar para o
espaço intersticial é maior do que a capacidade dos capilares linfáticos de
drenarem o excesso de líquido intersticial e/ou proteínas, levando ao
desenvolvimento do edema. O edema pode ser causado por:
1. Obstrução linfática, devido a infecções (como filariose), tumores,
cirurgias ou radioterapia que danificam ou removem linfonodos,
impedindo o fluxo normal da linfa, resultando em acúmulo de líquido
nos tecidos afetados.
2. Insuficiência linfática, que pode ser congênita (linfedema primário)
ou adquirida (linfedema secundário). Nesse caso, o sistema linfático é
incapaz de drenar adequadamente o excesso de líquido intersticial
devido a um desenvolvimento inadequado ou danos aos vasos
linfáticos.
3. Aumento da permeabilidade capilar, ocasionado por inflamações,
reações alérgicas, infecções ou traumas, que permitem que mais
líquido e proteínas drenem para o interstício, sobrecarregando o
sistema linfático.
4. Insuficiência cardíaca, ocasionada por doenças que afetam o
coração, como insuficiência cardíaca congestiva, e comprometem a
função de bombeamento do coração, resultando em aumento da
pressão venosa e capilar, forçando mais líquido para fora dos capilares
e sobrecarregando o sistema linfático.
5. Baixa pressão oncótica, ocasionada por condições como
desnutrição, doenças hepáticas ou síndromes nefróticas que reduzem
as concentrações de proteínas plasmáticas dentro do capilar
sanguíneo e, consequentemente, aumentam o extravasamento de
líquido para o espaço intersticial, levando ao acúmulo de líquido no
interstício.
6. Trauma ou cirurgia, que podem gerar danos diretos aos vasos
linfáticos, interrompendo o fluxo normal de linfa, resultando em
acúmulo de líquido no local afetado.
Outras estruturas do sistema linfático e suas funções
· Órgãos linfáticos primários: são os locais onde as células-tronco se
dividem e se tornam imunocompetentes, ou seja, capazes de produzir uma
resposta imune. Os principais órgãos linfáticos são: medula óssea
vermelha e timo. A medula óssea vermelha é o local de produção e
maturação de linfócitos B e células pré-T. As células pré-T migram para o
timo, localizado no mediastino superior, onde amadurecem e se
transformam em linfócitos T imunocompetentes.
· Órgãos e tecidos linfáticos secundários: são os locais onde ocorre
a maior parte das respostas imunes. Incluem os linfonodos, baço e os
nódulos linfáticos. O baço, localizado no quadrante superior esquerdo do
abdome, filtra o sangue, removendo células sanguíneas velhas e
patógenos. Também é um local de resposta imune. As tonsilas são um
conjunto de tecidos linfáticos localizados na faringe. Protegem contra
patógenos inalados ou ingeridos. Os nódulos linfáticos são massas de
tecido linfoide ovaladas, que não são envolvidas por uma cápsula, sendo
locais onde ocorre a resposta imune. Os linfonodos são pequenas
estruturas em forma de feijão distribuídas ao longo dos vasos linfáticos.
Contêm células imunológicas, como linfócitos e macrófagos, que filtram a
linfa e combatem patógenos e detritos celulares.
Funções do sistema linfático:
· Drenagem do excesso de líquido intersticial: auxilia na
manutenção do equilíbrio de fluidos. Os vasos linfáticos drenam o excesso
de líquido intersticial dos tecidos, retornando esse excesso em forma de
linfa ao sangue venoso, auxiliando na manutenção do volume do sangue
circulante.
· Transporte de lipídios da dieta: os capilares lactíferos, no intestino
delgado, drenam lipídios e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) absorvidos
da dieta pelo sistema digestório, transportando-os na forma de quilo para a
circulação sanguínea.
· Defesa do organismo: o tecido linfático inicia respostas altamente
específicas dirigidas contra determinados microrganismos ou células
anormais, mantendo a integridade do organismo.
Agora que você conheceu a estrutura do sistema linfático e sua importância
para o nosso organismo, você é capaz de compreender a importância do
conhecimento desses temas para uma boa atuação profissional. 
Vamos Exercitar?
Agora que você conheceu a estrutura do sistema linfático e a sua
importância para o organismo humano, vamos retomar à nossa situação-
problema. Consideremos o caso de Pedro, um aluno de graduação na área
da saúde, que realiza estágio junto à equipe multidisciplinar de sua
universidade. Nesse momento, Pedro está acompanhando a discussão do
caso clínico da paciente A.M.R, 47 anos, que procurou a Unidade Básica de
Saúde de sua cidade, relatando dor na perna esquerda, inchaço,
vermelhidão, sensação de calor e dificuldade para deambular. A paciente
relatou que já possui diagnóstico de filariose há quinze anos. Devido à
queixa do edema e notável extravasamento de líquido, foi encaminhada ao
Hospital Universitário de sua cidade, onde foi realizada a drenagem do
membro inferior afetado. Após a drenagem, a paciente apresentou uma lesão
no mesmo local, que, com o passar do tempo, foi aumentando e abrangendo
quase toda a parte posterior da perna esquerda. Devido à ocorrência de
quadro infeccioso no local da drenagem, utilizou-se antibiótico (Cefalexina
500mg) e colagenase + clorafencol, apresentando melhora. A paciente
apresenta sobrepeso e relata hipotireoidismo, tratado com levotiroxina sódica
50mcg. Como de costume, o caso clínico apresentado foi utilizado para
discussão dos procedimentos realizados e, também, para que os estagiários
relembrassem conceitos anatômicos e funcionais importantes sobre os
diferentes sistemas corporais. Nesse momento, o foco era o sistema linfático.
O supervisor da equipe levantou os seguintes questionamentos a Pedro e
seus colegas: “Vocês saberiam explicar o que é a filariose? Qual a sua
relação com o sistema linfático? Por que nessa doença ocorre o edema?
Existe cura para essa doença?”.
Agora, você já é capaz de ajudar Pedro e seus colegas a responder os
questionamentos do supervisor. Vamos lá?
Primeiramente, é importante lembrar que o sistema linfático desempenha
diversas funções vitais no corpo humano, contribuindo para a manutenção
da homeostase e proteção contra doenças. Ele drena o excesso de fluidos
corporais, absorve e transporta lipídios e nutrientes lipossolúveis oriundos da
dieta e atua na defesa imunológica do organismo, trabalhando em conjunto
com o sistema circulatório sanguíneo para garantir o equilíbrio interno e a
proteção contra agentes patogênicos. A filariose linfática ou elefantíase é
uma doença parasitária crônica, causada pelo nematoide Wuchereria
bancrofti, também conhecido como filária. A transmissão da filária ocorre por
mosquitos Culex quiquefasciatus infectados com larvas do parasita. As
larvas infectantes do mosquito migram para os vasos linfáticos, nas quais se
desenvolvem até chegarem a vermes adultos (período que varia de 6 a 12
meses), machos e fêmeas. Esses vermes se acasalam, liberando
microfilárias na corrente sanguínea, propiciando a infecção de novos
mosquitos e o início de novo ciclo de transmissão. Alguns indivíduos podem
ser assintomáticos, havendo ou não detecção de microfilárias no sangue
periférico. Outros indivíduos podem apresentar febre recorrente aguda,
astenia,mialgias, fotofobia, urticária, pericardite, dor de cabeça e inflamação
de nódulos e vasos linfáticos, com ou sem microfilaremia. Nos casos
crônicos mais graves observa-se linfedema persistente dos membros e
órgãos genitais, hidrocele e aumento de linfonodos, presença de gordura na
urina. A pele pode exibir dilatação de vasos linfáticos dérmicos, infiltrados
linfocíticos disseminados e depósitos focais de colesterol. A epiderme se
torna espessada e hiperceratótica. Podem ser encontradas filárias adultas
nos linfáticos ou em linfonodos de drenagem, geralmente circundadas por
granuloma. Com o tempo, os vasos linfáticos vão alterando sua morfologia e
perdendo sua função. Na filariose, o edema ocorre devido à incapacidade do
sistema linfático em drenar adequadamente o excesso de líquido dos
tecidos, uma vez que os parasitas obstruem o fluxo linfático. Isso acaba
resultando em um acúmulo de líquido intersticial, que causa os sintomas
observados na paciente. Embora não haja cura definitiva para a filariose, o
tratamento inclui medicações antiparasitárias para reduzir a carga parasitária
e terapia para aliviar os sintomas, como drenagem linfática manual e
antibióticos para tratar infecções secundárias. 
Saiba Mais
O sistema linfático é composto por vasos linfáticos, que transportam a linfa
rica em células imunológicas; nódulos linfáticos, que filtram e ajudam a
combater infecções; baço, envolvido na destruição de células sanguíneas
velhas e na resposta imunológica; e o timo, essencial para o
desenvolvimento de células T. Juntos, esses componentes formam uma
defesa crucial contra patógenos e auxiliam na regulação do volume de
fluidos no corpo.
Para saber mais sobre os componentes do sistema linfático, acesse a
seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual:
· TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e
fisiologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. cap. 22,
p. 845-856.
O sistema linfático desempenha funções essenciais para a saúde humana,
incluindo a drenagem e transporte de linfa, que contém células imunológicas
e resíduos metabólicos, para circulação de volta ao sistema circulatório.
Esse sistema também atua na defesa imunológica, filtrando e removendo
microrganismos, células mortas e toxinas nos nódulos linfáticos. Além disso,
regula o equilíbrio hídrico e a absorção de lipídios do sistema digestório, por
meio dos vasos lactíferos. Essas funções são essenciais para a resposta
imune, a manutenção da saúde dos tecidos e a prevenção de edemas,
destacando a importância vital do sistema linfático no organismo humano.
Para saber mais sobre as funções do sistema linfático, acesse a seguinte
obra disponível na Biblioteca Virtual:
· WAUGH, A.; GRANT, A. Ross & Wilson: anatomia e fisiologia
integradas. 13. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. cap. 6,
p. 141-149.
A linfa é um fluido transparente que circula pelo sistema linfático,
transportando células imunológicas, nutrientes e resíduos metabólicos pelos
tecidos. O fluxo da linfa ocorre através dos vasos linfáticos e envolve
diferentes mecanismos, como a contração muscular esquelética,
movimentos respiratórios, presença de válvulas nos vasos linfáticos e
compressão dos vasos adjacentes. Esse fluxo é essencial para a remoção
de toxinas, a defesa imunológica e a absorção de gorduras no sistema
digestório. A circulação adequada da linfa ajuda a manter o equilíbrio hídrico
e a saúde dos tecidos, prevenindo edemas e promovendo a resposta imune
eficiente no organismo humano.
Para saber mais sobre a formação e fluxo da linfa, acesse a seguinte obra
disponível na Biblioteca Virtual:
SANTOS, R. A. S. dos; SANTOS, M. J. C. dos; ANDRADE, S. P. Aspectos
morfofuncionais da microcirculação. In: AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. cap. 34; p. 557-559. 
Referências Bibliográficas
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 
FOX, S. I. Fisiologia Humana. 7. ed. Barueri: Manole 2007.
KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. C. Robbins & Cotran: patologia:
bases patológicas das doenças. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2023.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia.
16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023.
WAUGH, A.; GRANT, A. Ross & Wilson: anatomia e fisiologia integradas.
13. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. 
Encerramento da Unidade
ASPECTOS MORFOLÓGICOS E
FUNCIONAIS DO SISTEMA
CARDIOVASCULAR E
LINFÁTICO
Videoaula de Encerramento
Olá, estudante! Nesta videoaula, você irá continuar a jornada fascinante pelo
sistema circulatório, explorando conceitos fundamentais para a sua prática
profissional. Você já desvendou vários mistérios que envolvem esse sistema,
seus componentes e seu funcionamento, e mergulhou no estudo de algumas
patologias que podem acometer esse sistema. Agora, convidamos você a
continuar nessa jornada! Assista à videoaula e descubra como conhecer o
sistema circulatório pode enriquecer e transformar a sua prática profissional.
Não perca!
Ponto de Chegada
Olá, estudante! Para desenvolver a competência desta unidade, que é “Ter
senso crítico para identificar e compreender os componentes do sangue e
suas funções no organismo humano. Conhecer e compreender a anatomia
do coração, suas propriedades mecânicas e elétricas. Conhecer e
compreender as características estruturais e funcionais do sistema linfático”,
você primeiramente conheceu os componentes do sangue, como hemácias,
leucócitos, plaquetas e plasma, e suas funções vitais no transporte de
oxigênio, defesa imunológica e coagulação sanguínea. Explorou a anatomia
do coração, observando suas câmaras, válvulas e principais vasos
sanguíneos, além de compreender as propriedades elétricas e mecânicas
que garantem o bombeamento eficiente do sangue. Além disso, você
compreendeu os mecanismos neurais e hormonais que mantêm a pressão
arterial, garantindo a homeostase cardiovascular. Por fim, conheceu o
sistema linfático, analisando sua estrutura, função na drenagem de fluidos,
absorção de gorduras e defesa imunológica. Desse modo, a discussão
desses assuntos abordados ao longo da unidade permitiu consolidar seu
entendimento e incentivá-lo a refletir a respeito desses conteúdos e como se
aplicam em seu contexto prático. 
É Hora de Praticar!
Nessa semana, um grupo de estudantes da área da saúde irá acompanhar a
rotina do Ambulatório do Hospital de sua Universidade. Uma das atividades a
ser realizada durante esse período será o acompanhamento de alguns casos
clínicos de pacientes atendidos pelo Hospital Universitário. No primeiro dia
de atividades, um dos alunos do grupo acompanhou o caso do paciente
João, 62 anos, que procurou seu dentista para uma consulta de rotina,
queixando-se de desconforto na mandíbula. O dentista, suspeitando da
presença de um cisto envolvendo alguns elementos dentais, solicitou uma
radiografia panorâmica. Durante a análise da radiografia, o dentista notou a
presença de calcificações nas áreas das artérias carótidas, sugerindo a
possível existência de placas ateromatosas. João foi então encaminhado
para o Hospital Universitário para uma avaliação mais detalhada. Durante a
consulta, João relatou alguns sintomas que vinha ignorando: cansaço
frequente, sensação de peso no peito após esforços moderados, e uma leve
dor na perna direita ao caminhar por longos períodos. Relatou ao médico
que é tabagista há mais de 40 anos e sua dieta é rica em carboidratos e
gorduras. Além disso, João tem um histórico de hiperlipidemia não
controlada e não faz uso regular de medicamentos para esse problema. No
exame clínico, foi observado sobrepeso e pressão arterial elevada (150/95
mmHg). Foram solicitados alguns exames laboratoriais e de imagem para
confirmação do diagnóstico. Os exames laboratoriais revelaram níveis
elevados de colesterol total (290 mg/dL), LDL (190 mg/dL), triglicerídeos (280
mg/dL), além de HDL abaixo do normal (32 mg/dL). O ultrassom das
carótidas confirmou a presença de placas ateromatosas significativas,
indicandoaterosclerose. Para incentivar as discussões a respeito do caso
apresentado, o supervisor da equipe sugeriu que os estagiários iniciassem
as discussões relembrando alguns conceitos anatômicos e funcionais a
respeito do sistema circulatório. Para tal, o supervisor da equipe levantou os
seguintes questionamentos aos alunos de graduação: “Vocês saberiam
explicar o que é a aterosclerose? Quais são os fatores de risco para essa
doença? Qual seria a relação entre os sintomas apresentados pelo paciente
e a presença das placas ateroscleróticas? Como influencia para o aumento
da pressão arterial?”.
Como você, no lugar desses alunos, responderia a todos esses
questionamentos?
Reflita
Como as diferentes células do sangue contribuem para a manutenção da
saúde e o funcionamento do organismo humano?
De que maneira as propriedades elétricas e mecânicas do coração
interagem para garantir um bombeamento eficiente de sangue?
Qual é o papel do sistema linfático na manutenção da homeostase corporal e
na defesa imunológica?
Resolução do estudo de caso
Você já viu vários conceitos importantes a respeito do sistema circulatório.
Você já sabe que cada componente desse sistema apresenta funções que
contribuem para a manutenção da homeostase corporal. Você também já
sabe que alterações no funcionamento dessas estruturas resultam em
diferentes efeitos que podem ser deletérios ao organismo, acarretando a
instalação e desenvolvimento de uma patologia. Dentre as patologias
associadas ao sistema circulatório, temos a aterosclerose, que é uma
condição patológica caracterizada pelo acúmulo de placas de ateroma, ou
placas ateroscleróticas, nas paredes internas das artérias de médio e grande
porte, resultando em seu estreitamento e endurecimento. Essas placas são
formadas por depósitos de lipídios, colesterol, cálcio e outros elementos
celulares, o que pode levar a uma obstrução parcial ou completa do fluxo
sanguíneo. Os principais fatores de risco para aterosclerose incluem:
tabagismo, hiperlipidemia, obesidade, hipertensão arterial, sedentarismo,
diabetes e histórico familiar. A formação das placas ateromatosas é um
processo complexo que envolve várias etapas e componentes. O processo
se inicia com uma lesão ou disfunção no endotélio, a camada interna das
artérias, causada por fatores como tabagismo, hipertensão, hiperlipidemia e
diabetes. Essas lesões tornam a superfície endotelial mais permeável a
lipídios e permitem a adesão de células inflamatórias. Os lipídios,
particularmente as lipoproteínas de baixa densidade (LDL), penetram na
camada íntima das artérias através das lesões endoteliais. Uma vez dentro
da parede arterial, esses LDLs sofrem oxidação, tornando-se mais
propensos a serem engolfados por macrófagos. Os macrófagos ingerem os
LDLs oxidados, transformando-se em células espumosas que se acumulam
e formam estrias gordurosas, as primeiras manifestações visíveis de
aterosclerose. A presença de LDLs oxidados e células espumosas provoca
uma resposta inflamatória crônica, recrutando células inflamatórias como
linfócitos T, que exacerbam a inflamação e promovem a progressão da lesão.
As citocinas inflamatórias, substâncias liberadas pelas células inflamatórias,
estimulam a migração e a proliferação de células musculares lisas da
camada média da artéria para a camada íntima. Essas células musculares
lisas produzem matriz extracelular, formada por colágeno, elastina e outras
proteínas, constituindo a capa fibrosa da placa. À medida que a placa se
desenvolve, ela se torna mais complexa, consistindo em um núcleo lipídico,
formado por lipídios acumulados e células espumosas mortas, e uma capa
fibrosa formada por células musculares lisas e matriz extracelular. Com o
tempo, as placas podem endurecer e calcificar, reduzindo a elasticidade da
artéria. O crescimento da placa pode estreitar o lúmen da artéria, limitando o
fluxo sanguíneo e causando isquemia, ou seja, falta de oxigênio nos tecidos.
Placas instáveis com uma capa fibrosa fina são propensas a rupturas, e,
quando uma placa se rompe, o conteúdo lipídico é exposto ao sangue,
desencadeando a formação de um trombo que pode obstruir a artéria. A
calcificação das placas endurece as artérias, contribuindo para a hipertensão
e aumentando o risco de ruptura. Os sintomas da aterosclerose dependem
das artérias afetadas. Quando ocorre nas artérias coronárias, pode causar
angina (dor no peito) e infarto do miocárdio (ataque cardíaco). Nas artérias
carótidas, pode levar a acidentes vasculares encefálicos (AVE). Nas artérias
periféricas, pode causar claudicação intermitente (dor nas pernas ao
caminhar) e, em casos graves, gangrena. A aterosclerose é uma doença
progressiva e multifatorial que requer uma abordagem integrada para
prevenção e tratamento, incluindo mudanças no estilo de vida,
medicamentos e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas. Assim, os
sintomas relatados por João estão diretamente relacionados às placas
ateroscleróticas nas suas artérias. O cansaço frequente e sensação de peso
no peito são indicativos de doença arterial coronariana, em que as placas
nas artérias coronárias reduzem o fluxo sanguíneo para o coração, podendo
causar angina. A dor na perna direita ao caminhar sugere doença arterial
periférica, em que o fluxo sanguíneo nas artérias das pernas é reduzido
devido às placas, causando dor durante o esforço físico. O desconforto na
mandíbula pode ser um sinal referencial de isquemia cardíaca, em que a dor
se irradia para a mandíbula. 
Dê o play!
Assimile
Olá, estudante! Você está convidado a embarcar a partir de agora na jornada
fascinante pelo sistema circulatório, explorando as informações ricas e
instigantes presentes nesta animação. Aprecie e aproveite as informações
sobre os dispositivos que podem auxiliar na atividade cardíaca em indivíduos
com doença cardiovascular! Vamos lá?
Referências
KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. C. Robbins & Cotran: patologia:
bases patológicas das doenças. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2023.
NORRIS, T. L. Porth: fisiopatologia. 10. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2021.
SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia.
16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023.as plaquetas aderem ou são
expostas ao colágeno na área danificada. As plaquetas aderidas são
ativadas, mudam de forma e liberam de seus grânulos serotonina, ADP e
fator de ativação plaquetária na área ao redor da lesão, o que promove a
ativação de mais plaquetas e a agregação de umas às outras, formando um
tampão plaquetário solto. Ao mesmo tempo, o colágeno exposto e o fator
tecidual iniciam a terceira fase, a de coagulação propriamente dita. Nessa
fase, ocorre a formação de uma rede de fibrina, como resultado de uma série
de reações enzimáticas, denominada cascata da coagulação. Essa rede de
fibrina formada estabiliza o tampão plaquetário, formando o coágulo. Por fim,
quando o vaso sanguíneo é reparado, o coágulo retrai devido à dissolução
da fibrina pela enzima plasmina. A cascata de coagulação ocorre por duas
vias distintas (intrínseca e extrínseca) que terminam em uma via comum. A
via é iniciada pelo contato do sangue com o colágeno exposto. Essa via
envolve os fatores XII, XI, IX e VIII. O colágeno ativa a primeira enzima da
via, o fator XII, iniciando a cascata, que resulta na ativação do fator X. A via
extrínseca inicia quando o fator tecidual, também chamado tromboplastina
ou fator III, é exposto pelos tecidos danificados. O fator tecidual ativa o fator
VII, iniciando a cascata da via extrínseca, que também resultará na ativação
do fator X. Assim, ambas as vias ativam fator X, que, juntamente com o fator
V, convertem a protrombina (fator II) em trombina (fator IIa). A trombina
converte o fibrinogênio solúvel em fibrina insolúvel. A fibrina polimeriza e
forma uma rede que, em conjunto com o tampão plaquetário, forma o
coágulo estável. Contudo, conforme o vaso sanguíneo danificado é
reparado, o coágulo vai sendo desintegrado. Para tal, a fibrina é quebrada
em fragmentos pela enzima plasmina, processo denominado fibrinólise.
Qualquer disfunção nos componentes da coagulação pode levar a distúrbios
hemorrágicos ou trombóticos. Por exemplo, a hemofilia, uma desordem
genética que afeta a capacidade do sangue de coagular adequadamente.
Ela é caracterizada pela deficiência ou ausência de certos fatores de
coagulação, proteínas essenciais para a formação de coágulos sanguíneos.
Existem dois tipos principais de hemofilia: tipo A e tipo B. A hemofilia A é a
forma mais comum, representando cerca de 80% dos casos. É ocasionada
pela ausência ou baixa atividade do fator VIII, o que compromete a via
intrínseca da coagulação. A hemofilia B é menos comum e representa cerca
de 20% dos casos. Nesse tipo de hemofilia, a ausência ou deficiência do
fator IX de coagulação compromete igualmente a via intrínseca da
coagulação.
Figura 1 | Cascata de coagulação. Fonte: Silverthorn (2017, p. 528).
Siga em Frente...
Coração
O coração é um órgão muscular, localizado no mediastino, ligeiramente
deslocado para a esquerda da linha média do corpo. É responsável por
bombear o sangue através do sistema circulatório, fornecendo oxigênio e
nutrientes aos tecidos e removendo resíduos metabólicos. O coração
apresenta formato de cone invertido, com base voltada para cima e ápice
apontando para baixo e esquerda. Todos os vasos sanguíneos principais
emergem da base do coração. A aorta e o tronco pulmonar (artéria)
direcionam o sangue do coração para os tecidos e pulmões,
respectivamente. As veias cavas e pulmonares retornam o sangue para o
coração.
O coração está envolvido por um saco membranoso resistente, denominado
pericárdio. Este é formado pelo pericárdio fibroso e seroso. O pericárdio
fibroso é a camada externa e resistente que protege e ancora o coração. É
formado por tecido conjuntivo denso não modelado e inelástico e, devido a
sua constituição, impede a distensão excessiva do coração. O pericárdio
seroso é mais profundo, sendo constituído por duas lâminas, parietal e
visceral. A lâmina parietal é mais externa no pericárdio seroso. A lâmina
visceral é mais interna, sendo também denominada epicárdio, constituindo
uma das camadas da parede do coração. Entre as lâminas parietal e visceral
há um espaço (espaço pericárdico) contendo líquido pericárdico, um líquido
lubrificante que reduz o atrito entre as lâminas do pericárdio seroso durante
os movimentos cardíacos. A parede do coração apresenta três camadas:
epicárdio, miocárdio e endocárdio. O epicárdio é a camada mais externa da
parede do coração, composta pela lâmina visceral do pericárdio seroso e
uma camada variável de tecido fibroelástico delicado e tecido adiposo. O
miocárdio é a camada média da parede do coração e, também, a camada
mais espessa. É composta por músculo cardíaco, responsável pela
contração e bombeamento do sangue. O músculo cardíaco é formado por
fibras musculares cardíacas alongadas, ramificadas e unidas entre si por
junções intercelulares especializadas chamadas discos intercalares. Esse
músculo apresenta estriações devido à organização regular dos filamentos
de actina e miosina em sarcômeros, as unidades contráteis da célula
muscular. O epicárdio é a camada mais interna, formada por endotélio e
tecido conjuntivo, que reveste as câmaras cardíacas e recobre suas valvas.
O coração é dividido em quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. Os
átrios são as câmaras superiores que recebem o sangue que retorna ao
coração. Essas câmaras são delineadas externamente por sulcos que
contêm vasos sanguíneos e gordura. O sulco coronário, ou sulco
atrioventricular, circunda o coração horizontalmente e separa os átrios dos
ventrículos. O sulco interventricular anterior, que corre obliquamente na
superfície anterior do coração, e o sulco interventricular posterior, que corre
na superfície posterior, marcam a separação entre os ventrículos direito e
esquerdo. Na superfície anterior de cada átrio existe uma estrutura sacular
enrugada chamada aurícula, que serve como um reservatório adicional para
o sangue que retorna ao coração. As principais artérias coronárias, que
fornecem sangue ao miocárdio, estão localizadas na superfície externa do
coração. A artéria coronária direita e a artéria coronária esquerda (que se
bifurca em artéria descendente anterior esquerda e artéria circunflexa)
correm ao longo dos sulcos e são essenciais para a nutrição do músculo
cardíaco.
Figura 2 | Anatomia do coração. Fonte: adaptada de Silverthorn (2017, p. 445) e Wikimedia Commons.
Internamente, as câmaras cardíacas são separadas por septos. O septo
interatrial divide os dois átrios, enquanto o septo interventricular separa os
ventrículos direito e esquerdo. Esses septos evitam a mistura de sangue
entre os lados direito e esquerdo do coração. Dois conjuntos de valvas
cardíacas, valvas atrioventriculares e valvas semilunares, asseguram que o
sangue flua em um único sentido através do coração. As valvas
atrioventriculares estão localizadas entre os átrios e os ventrículos, enquanto
as valvas semilunares (pulmonar e aórtica) estão localizadas entre os
ventrículos e as artérias. O átrio direito (AD) recebe sangue desoxigenado de
todo o corpo através da veia cava superior, da veia cava inferior e do seio
coronário. A face interna da parede anterior do AD é áspera devido à
presença de cristas musculares denominadas músculos pectíneos, que
também se estendem para a aurícula direita. Entre o AD e o ventrículo direito
(VD), encontra-se a valva atrioventricular direita ou tricúspide, que impede o
refluxo do sangue para o átrio direito durante a sístole ventricular. O VD
desempenha um papel essencial na circulação pulmonar, bombeando
sangue desoxigenado para os pulmões. Apresenta formato triangular e
possui paredes mais finas em comparação ao ventrículo esquerdo (VE),
devido à menor resistência encontrada no circuito pulmonar. Internamente, o
VD possui uma superfície irregular devido à presença de trabéculas cárneas,
que são feixes musculares que ajudam na contração do ventrículo. As
válvulas da valva atrioventricular direita estão ligadas às cordas tendíneas,
que, por sua vez, estão conectadas a trabéculas cárneas em formato de
cone denominadas músculos papilares. Separandoo VD do tronco pulmonar,
encontramos a valva pulmonar, que evita o retorno do sangue para o
ventrículo direito após a ejeção do sangue do ventrículo esquerdo para o
tronco pulmonar. O átrio esquerdo (AE) recebe sangue oxigenado
proveniente dos pulmões, através das veias pulmonares. A parede interna do
AE é relativamente lisa, diferentemente do átrio direito, que apresenta
músculos pectíneos. Na região anterior, próximo ao septo interatrial, está a
aurícula esquerda, que é uma extensão do AE e, nela, estão os músculos
pectíneos. O sangue passa do AE para o VE através da valva atrioventricular
esquerda ou valva bicúspide ou mitral, que evita o refluxo de sangue para o
AE. O VE tem paredes musculares espessas e fortes, significativamente
mais espessas do que as do VD. Esta diferença se deve à necessidade de
gerar uma pressão alta o suficiente para impulsionar o sangue através da
aorta e por todo o corpo. A espessura das paredes é fundamental para
suportar a alta resistência oferecida pela circulação sistêmica. Internamente,
o VE é revestido por trabéculas cárneas, que ajudam a melhorar a eficiência
da contração ventricular. Na base do ventrículo, estão localizados os
músculos papilares, que se conectam às cúspides da valva mitral por meio
de cordas tendíneas. Estes músculos papilares se contraem durante a
sístole ventricular para evitar a inversão das cúspides da valva mitral,
garantindo que o sangue flua corretamente para a aorta e não de volta para
o AE. Na saída do VE, está localizada a valva aórtica, que durante a sístole
ventricular se abre, permitindo que o sangue seja ejetado do VE para a
aorta. Após a contração, a valva aórtica se fecha para impedir o retorno do
sangue ao VE.
A cada contração, o coração bombeia sangue através de dois circuitos
fechados: a circulação sistêmica e a circulação pulmonar. A circulação
pulmonar se inicia no VD do coração, que bombeia sangue venoso (baixa
concentração de O2) para os pulmões através da artéria pulmonar. Esta
artéria se ramifica em artérias menores, arteríolas e, finalmente, capilares
pulmonares. Nos capilares pulmonares, o sangue passa pelos alvéolos, onde
ocorre a troca gasosa. O CO2 é liberado do sangue e o O2 é absorvido. O
sangue agora oxigenado retorna ao coração pelo AE através das veias
pulmonares, completando o circuito da circulação pulmonar. A circulação
sistêmica inicia quando o VE bombeia sangue oxigenado para os tecidos do
corpo através da aorta. Dessa forma, oxigênio e nutrientes são
disponibilizados aos tecidos e resíduos metabólicos são removidos. O
sangue desoxigenado e carregado de resíduos flui em direção ao coração,
desembocando no AD oriundo das veias cavas superior e inferior,
completando o circuito da circulação sistêmica. Contudo, os gases e
nutrientes não conseguem se difundir rápido o suficiente a partir do sangue
presente nas câmaras cardíacas para suprir as células da parede cardíaca.
O coração, sendo um músculo altamente ativo, requer um suprimento
constante de sangue oxigenado para manter suas funções vitais. De fato, o
miocárdio apresenta sua própria rede de vasos sanguíneos, que formam a
chamada circulação coronariana. A circulação coronariana se inicia com as
artérias coronárias, que se originam na porção ascendente da aorta, logo
acima da válvula aórtica, e circundam o coração como uma coroa, daí o
nome coronariana. Existem duas principais artérias coronárias: a artéria
coronária esquerda e a artéria coronária direita. A artéria coronária esquerda
(ACE) se divide em duas principais ramificações: 1) artéria descendente
anterior esquerda (DAE), que desce pela superfície anterior do coração,
fornecendo sangue à maior parte do VE e ao septo interventricular; e 2)
artéria circunflexa, que envolve o coração pela esquerda, fornecendo sangue
à parede lateral e posterior do ventrículo esquerdo. A artéria coronária direita
(ACD) fornece sangue principalmente ao AD, ao VD e a partes do sistema de
condução do coração, como o nó sinoatrial e o nó atrioventricular. Além
disso, a ACD possui ramos marginais que suprem a superfície lateral do VD
e a artéria descendente posterior, que, em alguns casos, origina-se da ACD
e fornece sangue à parte posterior do septo interventricular e ao VE. O
retorno do sangue desoxigenado do músculo cardíaco ocorre através das
veias coronárias, que drenam para o seio coronário, uma grande veia
localizada na parte posterior do coração. O seio coronário então drena
diretamente para o AD. A circulação coronariana é crucial para o
funcionamento do coração, pois qualquer interrupção no fluxo sanguíneo
pode resultar em isquemia e, potencialmente, em um infarto do miocárdio.
Agora que você conheceu as principais características do sangue e do
coração, você é capaz de compreender a importância do conhecimento
desses temas para uma boa atuação profissional. 
Vamos Exercitar?
Agora que você conheceu e aprendeu a respeito das principais
características do sangue e do coração, bem como a importância desses
componentes do sistema circulatório para o funcionamento do corpo
humano, vamos retomar à nossa situação-problema. A partir de agora,
vamos considerar o caso de Pedro, um estudante de graduação da área da
saúde que, durante um almoço em família, descobriu que o bebê de sua
prima tinha sido diagnosticado com hemofilia. Segundo sua tia, o bebê, sexo
masculino, 5 meses, começou a apresentar "manchas rochas espontâneas
no corpo e febre", sem história de traumas ou possíveis agressões. Como o
bebê se encontrava em bom estado geral, os médicos optaram por interná-lo
para investigar a causa das manchas. Após a realização de vários exames, o
bebê foi diagnosticado com hemofilia A grave. Segundo a tia, o bebê fez uma
transfusão de sangue e, em poucos dias, retornou para casa. Mas todos
precisariam tomar muito cuidado com o bebê, para evitar lesões ou
sangramentos, e ele necessitaria de cuidados médicos constantes para
garantir sua saúde e qualidade de vida. Ainda assustado, mas bastante
curioso sobre a doença do bebê de sua prima, Pedro resolveu buscar
respostas para as seguintes dúvidas que tinha: “O que é a hemofilia? O que
causa? Tem cura? Por que precisou de transfusão de sangue? Por que
precisaria ter um cuidado ainda maior com lesões no bebê?”.
Agora você já é capaz de ajudar a solucionar as dúvidas de Pedro. Vamos
lá?
Primeiro, é importante lembrar que a hemofilia é um distúrbio hemorrágico
hereditário causado pela deficiência do fator de coagulação VIII ou o fator IX,
dependendo do tipo de hemofilia, que afeta principalmente indivíduos do
sexo masculino e que resulta na incapacidade do sangue de formar coágulos
adequados, levando a sangramentos prolongados ou espontâneos. A
hemofilia A, que representa cerca de 80% de todos os casos, é uma
deficiência do fator de coagulação VIII. A hemofilia B é uma deficiência do
fator de coagulação IX, sendo menos comum. O principal sintoma da
hemofilia é a hemorragia excessiva, que pode ocorrer em uma articulação ou
músculo, dentro do abdômen ou da cabeça, ou devido lesões ou cortes, ou
ainda após procedimentos odontológicos ou cirurgia. Em crianças, é comum
o aparecimento de equimoses (manchas roxas) na pele. Atualmente, não há
cura para a hemofilia, mas o tratamento inclui a reposição regular do fator de
coagulação deficiente por meio de infusões, o que pode prevenir
sangramentos e minimizar complicações. No caso apresentado, o bebê
precisou de uma transfusão de sangue para repor rapidamente o fator VIII e
tratar um episódio agudo de sangramento. Essa medida emergencial é
crucial para estabilizar o paciente, controlando a hemorragia e prevenindo
danos maiores. As transfusões são essenciais em casos de sangramento
grave ou antes de procedimentos cirúrgicos para garantir a coagulação
adequada. Devido à deficiência de fator VIII, o bebê precisa de cuidados
constantes para evitar lesões que possam resultar em sangramentos
severos. Atividades cotidianas que para outros seriam inofensivas podem
causar hematomas ou sangramentos internos em indivíduos com hemofilia.Portanto, é fundamental um cuidado redobrado para minimizar o risco de
traumas e garantir que o bebê receba tratamento imediato em caso de
sangramento. 
Saiba Mais
A hemostasia é um processo essencial para prevenir a perda excessiva de
sangue após lesões e garantir a continuidade do fluxo sanguíneo. Esse
processo abrange os mecanismos envolvidos na coagulação sanguínea, e
distúrbios na hemostasia podem levar a condições como hemofilia ou
trombose. Tais distúrbios podem causar complicações graves, incluindo
hemorragias internas, derrames ou ataques cardíacos, destacando a
importância de um sistema hemostático funcional para a saúde geral do
organismo.
Para saber mais sobre a hemostasia e o papel da coagulação sanguínea
nesse processo, leia a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual:
· WIMBERLEY, P. Distúrbios da hemostasia. In: NORRIS, T. L.
Porth: fisiopatologia. 10. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2021. Cap. 22, p. 620-623.
O coração é responsável por bombear o sangue através do sistema
circulatório, garantindo a chegada de oxigênio e nutrientes aos tecidos e a
remoção de resíduos metabólicos. Para desempenhar com eficiência suas
funções, o coração conta com diferentes estruturas que o compõem. Embora
suas principais características anatômicas envolvam a presença de quatro
câmaras (dois átrios e dois ventrículos) separadas por válvulas que
controlam o fluxo sanguíneo e impedem o refluxo do sangue, o coração
apresenta várias outras estruturas que permitem o seu funcionamento
adequado.
Para saber mais sobre as principais características anatômicas do coração e
a importância de cada estrutura, leia a seguinte obra disponível na Biblioteca
Virtual:
· MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia
humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. cap. 21, p. 582-595.
O coração bombeia sangue através de dois circuitos fechados: a circulação
sistêmica e a circulação pulmonar, que proporcionam o suprimento constante
de oxigênio e nutrientes ao organismo, além de remover produtos
metabólicos e dióxido de carbono dos tecidos. Contudo, essas circulações
não permitem um suprimento adequado para a parede do coração. Esse
suprimento é fornecido pela circulação coronariana, que fornece o oxigênio
necessário para manter a função contrátil do músculo cardíaco, além de
remover os resíduos metabólicos dessas células. Sem esses circuitos
eficientes (circulação sistêmica, pulmonar e coronariana), as células não
receberiam os recursos necessários para suas funções básicas,
comprometendo a saúde e o bem-estar do organismo como um todo.
Para saber mais sobre o assunto, leia a seguinte obra disponível na
Biblioteca Virtual:
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia.
16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. cap. 20, p. 736-740. 
Referências Bibliográficas
KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Berne & Levy: fisiologia. 7. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2024.
MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. cap. 21, p. 582-595.
NORRIS, T. L. Porth: fisiopatologia. 10. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2021.
SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia.
16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023.
Aula 2
ELETROFISIOLOGIA E CICLO
CARDÍACO
Eletrofisiologia e ciclo cardíaco
Olá, estudante! Nesta videoaula você irá conhecer os elementos da função
cardíaca, suas funções essenciais e a importância para o funcionamento
eficiente do coração. Assim, você entenderá como esse conhecimento
impacta na sua prática profissional. Vamos juntos explorar esse tema tão
empolgante e fundamental para sua atuação profissional! Não perca essa
oportunidade e assista à videoaula agora mesmo!
Ponto de Partida
Nessa aula, você, estudante, irá continuar o estudo do sistema circulatório.
Você conhecerá os principais elementos responsáveis pelo funcionamento
cardíaco, suas características e funções, explorando suas aplicações clínicas
e considerações terapêuticas. Você será capaz de compreender como esses
temas o tornarão preparado para desafios do cotidiano profissional, lidando
com situações clínicas complexas de maneira segura e competente.
Portanto, aproveite esta oportunidade de aprendizado e esteja preparado
para aplicar os conceitos aprendidos no seu cotidiano profissional. Vamos
lá?
A partir de agora, você irá acompanhar o caso de Tiago, um estudante de
graduação na área da saúde que iniciou seu estágio junto à equipe do
Programa de Atenção Integral à Saúde de sua universidade. O programa,
realizado em parceria com a prefeitura, tem como objetivo desenvolver, junto
à comunidade, ações de diagnóstico, prevenção, tratamento e reabilitação
de doenças, bem como acompanhamento psicossocial. Para tal, conta com
uma equipe multidisciplinar formada por nutricionistas, médicos, enfermeiros,
psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos e biomédicos. Nesse momento,
Tiago está acompanhando as discussões de casos clínicos de alguns idosos
participantes do programa. Durante essa reunião, realizada pela equipe, foi
discutido o caso clínico do paciente J.M.T., sexo masculino, 65 anos, que
vem sendo acompanhado pela equipe. Durante uma consulta de rotina, o
paciente relatou que vinha sentindo episódios frequentes de tontura, cansaço
extremo, falta de ar e palpitações. Ele também mencionou que, em algumas
ocasiões, quase desmaiou após realizar atividades simples, como subir
escadas ou caminhar pequenas distâncias. Diante do quadro apresentado,
foi solicitado um eletrocardiograma, sendo observada uma bradicardia
severa. Após avaliação clínica e dos resultados dos exames solicitados, o
paciente foi informado que necessitaria da implantação de um marcapasso
artificial, para ajudar a regularizar seu ritmo cardíaco. Considerando a
presença de vários estagiários junto à equipe, o supervisor do programa
aproveitou para instigar Tiago e seus colegas a relembrarem alguns
conceitos importantes a respeito do funcionamento do coração, mais
especificamente sobre a condução elétrica do coração. Ele fez os seguintes
questionamentos a eles: “Vocês saberiam explicar que alterações estavam
acontecendo no sistema de condução elétrica do coração para levar ao
aparecimento dos sintomas no paciente? Por que a necessidade de um
marcapasso? Como o marcapasso artificial ajudaria no alívio dos sintomas?”.
No lugar do Tiago, como você responderia a todos esses questionamentos? 
Vamos Começar!
O coração é responsável pelo bombeamento do sangue através do sistema
de vasos sanguíneos distribuídos pelo corpo. Porém, para que esse
bombeamento seja efetivo, é necessário que a contração e relaxamento do
músculo cardíaco presente nas câmaras cardíacas ocorram de forma
sincronizada e rítmica. Além disso, esses processos precisam fornecer força
suficiente para que o bombeamento do sangue ocorra através das
circulações sistêmica e pulmonar, para suprir, com oxigênio e nutrientes, as
necessidades de todos os tecidos do organismo. As contrações do músculo
cardíaco são geradas por impulsos elétricos (potenciais de ação) gerados
espontaneamente em células presentes no nó sinoatrial (NSA), localizado na
parede posterolateral superior do átrio direito, imediatamente abaixo e
ligeiramente lateral à abertura da veia cava superior. A partir do NSA, o
marca-passo cardíaco, os impulsos elétricos seguem dois caminhos até
chegarem ao nó atrioventricular (AV):
1. Se espalham pela parede muscular do átrio, uma vez que as fibras
do NSA se conectam diretamente com as fibras do músculo atrial e,
desse modo, qualquer potencial de ação que se inicie no NSA é
transmitida ao miocárdio atrial, espalhando-se por essa musculatura
até alcançar o nó AV.
2. Ao mesmo tempo, os impulsos elétricos gerados no NSA são
transmitidos pelas vias internodais até o nó AV, a uma velocidade muito
mais rápida do que a condução pelas fibras musculares atriais.As vias
internodais são três feixes pequenos de fibras especializadas que
partem do NSA e terminam no nó AV. São chamados de vias
internodais anterior, média e posterior.
O nó AV, localizado medialmente à valva atrioventricular direita, recebe os
impulsos elétricos do NSA, mas atrasa a transmissão desses impulsos em
cerca de 0,1 segundos, permitindo que os átrios completem a contração e
que os ventrículos possam se encher de sangue antes de se contraírem. O
atraso ocorre devido à constituição dessa estrutura. Os impulsos elétricos
são conduzidos lentamente, em comparação ao restante do sistema de
condução, uma vez que o nó AV apresenta fibras musculares de menor
diâmetro e com menor quantidade de junções comunicantes nos seus discos
intercalares. Como consequência, ocorre um atraso de 0,11 segundos a
partir do momento em que os impulsos atingem o nó AV até que ocorra a sua
passagem para o feixe atrioventricular (AV). Esse atraso é essencial, pois
permite que contração atrial se complete antes do início da contração
ventricular. É importante destacar que os impulsos elétricos provenientes
tanto da musculatura atrial quanto das vias internodais só se propagam do
átrio para o ventrículo via nó AV. Entre os átrios e os ventrículos existe uma
barreira fibrosa que atua como um isolante elétrico entre esses
compartimentos, impedindo a passagem direta dos impulsos elétricos entre
estas câmaras, exceto através do nó AV. Este isolamento garante que a
ativação elétrica dos ventrículos ocorra após a contração dos átrios,
permitindo um preenchimento adequado dos ventrículos antes de sua
contração. Sem o isolamento elétrico proporcionado por esta estrutura, os
impulsos elétricos poderiam se propagar desordenadamente entre os átrios e
os ventrículos, resultando em arritmias graves.
Fonte: adaptada de Wikimedia Commons.
Quando os impulsos elétricos chegam ao feixe AV, ocorre um novo atraso, de
cerca de 0,04 segundos, principalmente na porção penetrante ou porção
inicial do feixe AV, uma região composta de inúmeros fascículos que passam
pelo tecido fibroso que separa os átrios dos ventrículos. A partir do final
dessa porção inicial, essas fibras especiais denominadas fibras de Purkinje
propagam os impulsos elétricos para os ventrículos. Essas fibras de Purkinje
se projetam pelo septo interventricular em direção ao ápice do coração,
divide-se em ramos direito e esquerdo, que se espalham para baixo em
direção ao ápice do coração, dividindo-se progressivamente em ramos
menores. Esses ramos menores correm lateralmente ao redor de cada
câmara ventricular e voltam em direção à base do coração, espalhando-se
pelas paredes dos ventrículos. As fibras de Purkinje são fibras muito
grandes, ainda maiores do que as fibras musculares normais dos ventrículos.
Por isso, transmitem impulsos elétricos a uma velocidade cerca de seis
vezes maior do que no músculo ventricular normal. Essa velocidade permite
a transmissão praticamente instantânea do impulso cardíaco por todo o
restante do músculo ventricular, permitindo uma contração coordenada e
eficiente dos ventrículos. Assim, as contrações disparadas por impulsos
elétricos gerados espontaneamente por células marca-passo do NSA são
transmitidas sequencialmente ao miocárdio atrial, ao nó AV, ao feixe AV, às
fibras de Purkinje e ao miocárdio ventricular. Normalmente, o impulso elétrico
surge no NSA. Porém, em algumas condições anormais, fibras nodais AV e
as fibras de Purkinje podem exibir excitação rítmica intrínseca, gerando o
impulso elétrico. Contudo, a frequência de disparo de impulsos elétricos
(potenciais de ação) do NSA é consideravelmente mais rápida do que a
frequência de disparo do nó AV ou das fibras de Purkinje. Dessa forma, o
NSA dita a frequência do batimento cardíaco, já que sua taxa de descarga
rítmica é mais rápida do que a de qualquer outra parte do coração e, por
isso, é considerado o marca-passo natural do coração.
Siga em Frente...
Ciclo cardíaco
O ciclo cardíaco é o conjunto de eventos que ocorre do início de um
batimento cardíaco até o início do próximo, e envolve as fases de sístole
(contração) e diástole (relaxamento) dos átrios e ventrículos. Esse ciclo é
fundamental para o funcionamento eficiente do coração e para garantir a
circulação contínua do sangue pelo corpo. No ciclo cardíaco, as alterações
de pressão no interior das câmaras cardíacas, ocasionadas pela contração
do músculo cardíaco, movimentam o sangue de regiões de maior pressão
para regiões de menor pressão. Desse modo, alterações na pressão das
câmaras cardíacas, bem como a abertura e o fechamento das valvas
cardíacas, determinam a direção do fluxo sanguíneo no coração e ao longo
dos vasos sanguíneos. Portanto, durante o repouso, a maior parte do
movimento de sangue em direção às câmaras cardíacas é um processo
passivo, resultante da maior pressão nas grandes veias comparado às
câmaras cardíacas. À medida que o sangue se move para os átrios, vai
preenchendo essa câmara, o que aumenta a pressão nesse local. Esse
aumento de pressão nos átrios promove a abertura das valvas
atrioventriculares (AV). Como a pressão é maior nos átrios do que nos
ventrículos, grande parte do volume de sangue presente no átrio (cerca de
80%) flui para os ventrículos. O NSA gera um potencial de ação (impulso
elétrico) que percorre a musculatura atrial e vias internodais, estimulando a
contração atrial e começando o ciclo cardíaco. Quando os átrios se
contraem, os 20% restantes de sangue presentes nos átrios são forçados a
fluir em direção aos ventrículos. O potencial de ação passa pelo nó AV,
desce o feixe AV e suas ramificações, e pelas fibras de Purkinje, levando à
contração ventricular (sístole ventricular). A contração ventricular promove
um aumento na pressão ventricular, empurrando o sangue de volta para os
átrios, o que acarreta o fechamento das valvas AV. Esse fechamento das
valvas AV gera o primeiro som cardíaco (primeira bulha cardíaca), que pode
ser observado por meio do uso de um estetoscópio. A contração ventricular
continua aumentando ainda mais a pressão ventricular; porém, como as
valvas AV e semilunares estão fechadas, o sangue não sai dos ventrículos,
um período chamado contração isovolumétrica (não há alteração do volume
de sangue nos ventrículos, mesmo com a contração ocorrendo). A contração
ventricular continua causando um aumento adicional na pressão ventricular.
Essa pressão se torna maior que a pressão no tronco da artéria pulmonar e
aorta, forçando a abertura das valvas pulmonar e aórtica. O sangue flui dos
ventrículos para as artérias. Esse período do movimento do sangue dos
ventrículos para as artérias é chamado de período de ejeção. Com a diástole
ventricular, os ventrículos relaxam, a pressão dentro dessas câmaras
diminui, tornando-se menor que as pressões no tronco da artéria pulmonar e
na aorta, e o sangue flui de volta para os ventrículos, levando ao fechamento
das valvas semilunares e, consequentemente, à geração do segundo som
cardíaco (segunda bulha cardíaca). Nesse momento, as valvas cardíacas
estão fechadas e não flui sangue para os ventrículos. Esse período é
chamado de período de relaxamento isovolumétrico. Durante a sístole
ventricular, inicia a diástole atrial, ou seja, os átrios estão relaxando e o
sangue chega pelas veias e vai enchendo os átrios. Os ventrículos estão
relaxando e, com isso, a pressão ventricular cai, ficando menor que a pressa
nos átrios, acarretando a abertura das valvas AV. O enchimento ventricular
inicia novamente e, quando o próximo potencial de ação é gerado no NSA,
outro ciclo cardíaco se inicia.
Figura 2 | Ciclo cardíaco. Fonte: Silverthorn (2017, p. 463).
Agora que você conheceu as principais características do sistema de
condução elétrica do coração, bem como os eventos que ocorrem durante
um ciclo cardíaco, você é capaz de compreender a importância do
conhecimento desses temas para uma boa atuação profissional. 
Vamos Exercitar?
Agora que você conheceu as principais características do sistema de
condução elétrica do coração,bem como os eventos que ocorrem durante
um ciclo cardíaco, vamos retomar à nossa situação-problema. A partir de
agora, vamos considerar o caso de Tiago, um estudante de graduação na
área da saúde que iniciou seu estágio junto à equipe do Programa de
Atenção Integral à Saúde de sua universidade. Nesse momento, Tiago está
acompanhando as discussões de casos clínicos de alguns idosos
participantes do programa. Durante essa reunião, realizada pela equipe, foi
discutido o caso clínico do paciente J.M.T., sexo masculino, 65 anos, que
vem sendo acompanhado pela equipe. Durante uma consulta de rotina, o
paciente relatou que vinha sentindo episódios frequentes de tontura, cansaço
extremo, falta de ar e palpitações. Ele também mencionou que, em algumas
ocasiões, quase desmaiou após realizar atividades simples, como subir
escadas ou caminhar pequenas distâncias. Diante do quadro apresentado,
foi solicitado um eletrocardiograma, sendo observada uma bradicardia
severa. Após avaliação clínica e dos resultados dos exames solicitados, o
paciente foi informado que necessitaria da implantação de um marcapasso
artificial, para ajudar a regularizar seu ritmo cardíaco. Para aproveitar a
presença de vários estagiários junto à equipe, o supervisor do programa
aproveitou para instigar Tiago e seus colegas a relembrarem alguns
conceitos importantes a respeito do funcionamento do coração, mais
especificamente sobre a condução elétrica do coração. Ele fez os seguintes
questionamentos: “Vocês saberiam explicar que alterações estavam
acontecendo no sistema de condução elétrica do coração para levar ao
aparecimento dos sintomas no paciente? Por que a necessidade de um
marcapasso? Como o marcapasso artificial ajudaria no alívio dos sintomas?”.
Agora, você já é capaz de ajudar Tiago a responder aos questionamentos do
supervisor. Vamos lá?
Primeiramente, é importante ressaltar que os sintomas apresentados pelo
paciente indicam problemas no sistema de condução elétrica do coração. No
coração saudável, o ritmo cardíaco é controlado pelo nó sinoatrial (NSA),
que gera impulsos elétricos que se propagam pelos átrios, levando à sua
contração. Esses impulsos chegam ao nó atrioventricular (AV). Nesse local,
ocorre um retardo na condução do impulso elétrico, antes que se propague
para o feixe AV, ramos direito e esquerdo, e finalmente para as fibras de
Purkinje, levando à contração coordenada dos ventrículos. A bradicardia
severa sugere uma falha no NSA ou em algum ponto do sistema de
condução elétrica, resultando em uma frequência cardíaca anormalmente
baixa. Essa falha impede o coração de bombear sangue de maneira
eficiente, causando os sintomas de cansaço, falta de ar e quase desmaios
devido à perfusão inadequada dos órgãos. Nesses casos, no qual o sistema
de condução elétrica do coração não funciona com eficiência para manter
um ritmo cardíaco adequado, há indicação de colocação de um marcapasso
artificial. O marcapasso implantado assume a função de regulador do ritmo
cardíaco, gerando impulsos elétricos regulares para garantir que o coração
bata a uma frequência apropriada. O marcapasso detecta a frequência
cardíaca do paciente e, quando necessário, emite impulsos elétricos para
estimular o coração a bater em um ritmo regular e adequado. Isso ajuda a
manter uma perfusão adequada dos órgãos e tecidos, aliviando os sintomas
de cansaço extremo, falta de ar, e prevenindo episódios de quase desmaio.
O marcapasso, portanto, assegura que o coração bombeie sangue de
maneira eficiente, melhorando a qualidade de vida do paciente ao evitar os
perigos de uma frequência cardíaca excessivamente baixa. 
Saiba Mais
O sistema de condução elétrica do coração é fundamental para o
funcionamento coordenado e eficiente do órgão. Ele é composto pelo nó
sinusal (ou sinoatrial), nó atrioventricular, feixe de His, ramos direito e
esquerdo, e fibras de Purkinje. Este sistema gera e transmite impulsos
elétricos que iniciam e regulam as contrações cardíacas, permitindo que o
coração bata ritmicamente. A coordenação entre as contrações dos átrios e
ventrículos garante o bombeamento eficaz de sangue para todo o corpo,
fornecendo oxigênio e nutrientes essenciais. Qualquer disfunção nesse
sistema pode levar a arritmias, comprometendo a circulação sanguínea e
podendo resultar em sintomas graves como tontura, cansaço extremo e, em
casos severos, a necessidade de intervenção médica.
Para saber mais sobre o sistema de condução elétrica no coração, acesse a
seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual:
· HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia
médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. cap. 10, p.
125-131.
O ciclo cardíaco é crucial para a circulação sanguínea eficiente e a
manutenção da homeostase. Ele consiste em fases de contração (sístole) e
relaxamento (diástole) dos átrios e ventrículos, garantindo que o sangue
oxigenado seja bombeado para o corpo e o sangue desoxigenado para os
pulmões. Durante a sístole, os ventrículos contraem, ejetando o sangue para
a circulação sistêmica e pulmonar. Na diástole, os ventrículos relaxam e se
enchem de sangue proveniente dos átrios. Este ciclo contínuo e coordenado
mantém a pressão arterial adequada, fornece oxigênio e nutrientes aos
tecidos e remove resíduos metabólicos. Qualquer interrupção ou
irregularidade no ciclo cardíaco pode levar a disfunções cardíacas graves,
afetando a saúde geral do organismo.
Para explorar mais a respeito do ciclo cardíaco, acesse a seguinte obra
disponível na Biblioteca Virtual:
· SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem
integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. cap. 14, p. 461-465.
As bulhas cardíacas são sons produzidos pelo fechamento das válvulas
cardíacas durante o ciclo cardíaco. São essenciais para avaliar a função
cardíaca e a integridade das válvulas. Alterações nos sons, como sopros ou
cliques adicionais, podem indicar doenças cardíacas ou valvulares. Assim, a
ausculta das bulhas cardíacas é uma ferramenta diagnóstica vital na prática
clínica.
Para saber mais sobre as bulhas e funcionamento das valvas cardíacas,
acesse a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual:
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia.
16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. Cap. 20, p. 743-751. 
Referências Bibliográficas
CURI, R.; PROCOPIO, J. Fisiologia básica. 2. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 14. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia.
16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. 
Aula 3
CONTROLE DA PRESSÃO
ARTERIAL
Controle da pressão arterial
Olá, estudante! Nesta videoaula você irá compreender os mecanismos
envolvidos no controle da pressão arterial e sua importância para o
funcionamento eficiente do coração. Prepare-se para uma jornada de
conhecimento enriquecedora e relevante para sua prática profissional!
Vamos lá!
Ponto de Partida
Nesta aula, você, estudante, continuará a conhecer o sistema circulatório.
Primeiramente, você irá compreender como o débito cardíaco e a frequência
cardíaca influenciam a circulação sanguínea e a eficiência do coração como
bomba. Em seguida, você será capaz de compreender como o sistema
nervoso regula a pressão arterial em resposta a mudanças imediatas. Por
fim, você irá explorar os mecanismos homeostáticos que mantêm a pressão
arterial dentro de limites saudáveis ao longo do tempo, o que proporcionará
uma visão abrangente e prática para desafios enfrentados na sua rotina
profissional. Prepare-se para mergulhar nesse universo fascinante de
conhecimento! Vamos lá!
A partir de agora, você irá acompanhar Pedro, um aluno de graduação na
área da saúde. Pedro é estagiário junto à equipe multidisciplinar de sua
instituição. Nesse momento, ele está acompanhando a discussão do caso
clínico dopaciente S.V.R., 63 anos, que vem sendo acompanhado no
ambulatório da universidade. O paciente possui diabetes tipo 2 não
controlada, e procurou atendimento para renovação da receita de seus
medicamentos a pedido da filha. O paciente foi diagnosticado com diabetes
tipo 2 há três anos e relata que, na época, foi orientado a realizar tratamento
não medicamentoso, ao qual não aderiu, e uso de medicamentos, que toma
de maneira esporádica. Não realiza atividade física, apresenta sobrepeso.
Relata ingestão de álcool pelo menos duas vezes por semana e é tabagista.
Durante o exame físico, foi realizada a aferição da pressão arterial, sendo
verificado um valor de 140mmHg/95mmHg. Como somente essa medição
era insuficiente para um diagnóstico preciso, foi solicitada uma monitoração
residencial da pressão arterial (MRPA). Todos os procedimentos para a
realização da monitoração foram explicados ao paciente, esposa e filha, para
a obtenção de um resultado confiável. Após a realização da MRPA, o
resultado revelou uma pressão arterial média de 140mmHg/94mmHg,
fechando o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica. Como rotina das
discussões entre a equipe e seus estagiários, o caso clínico apresentado foi
utilizado para que estes fossem instigados a relembrar conceitos anatômicos
e funcionais importantes sobre o sistema circulatório e, desse modo,
relacioná-los à sua realidade profissional. Para tal, o supervisor da equipe
levantou os seguintes questionamentos a Pedro e seus colegas: “Vocês
saberiam explicar o que é hipertensão arterial? Que fatores influenciam na
pressão arterial? A curto prazo, como o organismo reage tentando controlar o
aumento da pressão arterial? Qual a importância desses mecanismos de
controle para o nosso organismo?”.
Como você, no lugar de Pedro, responderia a todos esses
questionamentos? 
Vamos Começar!
A pressão arterial é a força exercida pelo sangue contra as paredes das
artérias enquanto é bombeado pelo coração para o resto do corpo. É um
indicador crucial da saúde cardiovascular e é geralmente medida em
milímetros de mercúrio (mmHg). A pressão arterial é composta por duas
leituras: a pressão sistólica e a pressão diastólica. A pressão sistólica é a
pressão máxima nas artérias durante a contração do ventrículo esquerdo do
coração. Representa o primeiro número na leitura da pressão arterial e
reflete a força com a qual o sangue é empurrado para as artérias. Já a
pressão diastólica é a pressão nas artérias quando o coração está em
repouso entre os batimentos, durante a fase de enchimento ventricular.
Representa o segundo número na leitura da pressão arterial e indica a
resistência das artérias ao fluxo sanguíneo. A pressão arterial é determinada
pelo débito cardíaco (DC) e pela resistência vascular periférica (RVP). O DC
é o volume de sangue que o coração bombeia por minuto, calculado pela
fórmula: DC = frequência cardíaca (FC) x volume sistólico (VS). A FC é
definida como o número de batimentos por minuto, e é controlada pelo
sistema nervoso autônomo e por fatores hormonais. A FC se ajusta
rapidamente em resposta às demandas do corpo. Desse modo, durante
exercícios ou situações de estresse, o sistema nervoso autônomo simpático
aumenta a FC e, consequentemente, o DC. O aumento da FC permite um
maior suprimento de oxigênio e nutrientes aos tecidos. O VS é definido como
a quantidade de sangue ejetada por cada ventrículo em um batimento. Ele
depende da pré-carga (volume de sangue no ventrículo ao final da diástole),
contratilidade (força de contração do músculo cardíaco) e pós-carga
(resistência contra a qual o ventrículo deve bombear). A RVP é a resistência
encontrada pelo sangue ao fluir pelos vasos sanguíneos. A vasoconstrição
(diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos) aumenta a RVP, elevando a
pressão arterial, enquanto a vasodilatação (aumento do diâmetro dos vasos
sanguíneos) diminui a RVP, reduzindo a pressão arterial. Alterações no
volume sanguíneo também promovem mudanças na pressão arterial, uma
vez que influenciam diretamente no DC. Assim, o aumento do volume
sanguíneo resulta em aumento do VS, que por sua vez aumenta o DC,
levando ao aumento da pressão arterial. Já a diminuição do volume
sanguíneo, como ocorre em hemorragias, reduz o volume sistólico,
diminuindo o DC, resultando em uma redução na pressão arterial.
Regulação a curto prazo da pressão arterial
A regulação da pressão arterial envolve mecanismos complexos que
garantem a homeostase do fluxo sanguíneo nos tecidos do corpo. Essa
regulação ocorre tanto a curto quanto a longo prazo, envolvendo diferentes
sistemas e mecanismos fisiológicos que atuam para manter a pressão
arterial normal ou próxima do normal. A curto prazo, o principal mecanismo
de controle da pressão arterial é o reflexo barorreceptor, que envolve a
ativação de receptores de estiramento denominados barorreceptores,
localizados principalmente no seio carotídeo e arco aórtico. O aumento da
pressão arterial promove um estiramento nos barorreceptores, ativando-os.
Os sinais oriundos dos barorreceptores são enviados ao centro de controle
cardiovascular no bulbo, localizado no sistema nervoso central (SNC). Em
resposta, o centro de controle cardiovascular aumenta a atividade
parassimpática e diminui a atividade simpática, diminuindo a frequência e
contratilidade cardíaca, reduzindo a pressão arterial. Nos vasos sanguíneos,
a redução da atividade simpática promove dilatação das arteríolas, reduzindo
sua resistência periférica e, consequentemente, a pressão arterial até o nível
normal. É importante lembrar que o reflexo barorreceptor funciona o tempo
todo, monitorando a pressão arterial. Contudo. quando a pressão arterial
permanece elevada por um período prolongado, os barorreceptores podem
se adaptar a esse novo estado. Isso significa que eles se tornam menos
sensíveis ao estímulo da pressão arterial elevada, perdendo parte de sua
capacidade de enviar sinais robustos ao SNC. Essa adaptação pode
dificultar a regulação adequada da pressão arterial e contribuir para a
manutenção da hipertensão arterial. Por isso, é um mecanismo de regulação
a curto prazo da pressão arterial.
Um outro reflexo envolvido no controle a curto prazo da pressão arterial é o
reflexo quimiorreceptor. Os quimiorreceptores são receptores localizados
nas artérias carótidas (quimiorreceptores carotídeos) e aorta
(quimiorreceptores aórticos). Esses receptores são sensíveis a variações nos
níveis baixos de oxigênio ou níveis altos de dióxido de carbono e íons
hidrogênio. Assim, quando esses receptores são ativados, as informações
são enviadas ao centro vasomotor do tronco encefálico e, como resposta, há
um aumento da pressão arterial ao nível normal. Porém, o reflexo
quimiorreceptor não é tão eficiente no controle da pressão arterial até que
ela esteja abaixo de 80 mmHg. Desse modo, esse reflexo se torna bastante
importante em pressões mais baixas, ajudando a prevenir novas quedas da
pressão arterial.
Regulação a longo prazo da pressão arterial
É constituído por um conjunto de mecanismos que vão ajustar rigorosamente
a pressão arterial, no período de horas, dias e semana, desempenhando
papel fundamental na regulação da homeostase cardiovascular e na
prevenção de condições como hipertensão arterial. Esse controle a longo
prazo da pressão arterial está intimamente vinculado à homeostase do
volume de líquido corporal, que é determinada pelo equilíbrio entre a
ingestão e a eliminação de líquidos. Esses mecanismos incluem ajustes
hormonais, mecanismos renais e adaptações vasculares que trabalham de
forma contínua para manter a pressão arterial dentro de limites saudáveis.
Um dos mecanismos que atuam a longo prazo no controle da pressão
arterial é o sistema rim-volume plasmático. Esse sistema atua de forma
lenta, mas bastante eficiente. Quando o volume de sangue (volume
plasmático) aumenta, sem que haja alteração na capacitância vascular, a
pressão arterial também aumenta. Esse aumento da pressão faz com que os
rins aumentem a excreção do excesso de volume. Assim, diminuio volume
plasmático, retornando a pressão arterial ao valor normal. De fato, os rins
exercem um papel fundamental no controle da pressão a longo prazo, não
somente por controlar a pressão arterial por meio de alterações no volume
do líquido extracelular, mas também por meio de outro mecanismo
denominado sistema renina-angiotensina-aldosterona. Esse sistema atua
por meio de uma série de reações hormonais complexas que resultam em
vasoconstrição e retenção de sódio e água. A primeira etapa envolve a
liberação de renina pelas células justaglomerulares dos rins, desencadeada
por uma queda na pressão arterial, diminuição do volume do líquido
extracelular ou pela redução da concentração de sódio no túbulo distal do
néfron. A renina é uma enzima proteolítica que converte o angiotensinogênio,
uma proteína produzida pelo fígado e que circula no plasma na forma inativa,
em angiotensina I (ANG I). Em seguida, a ANG I é convertida em
angiotensina II (ANG II) pela enzima conversora de angiotensina (ECA),
encontrada principalmente nos pulmões. A ANG II é um potente
vasoconstritor que aumenta a resistência periférica, elevando a pressão
arterial. A ANG II também estimula a secreção de aldosterona pela zona
glomerulosa do córtex adrenal, promovendo o aumento da reabsorção de
sódio pelos túbulos renais. O aumento de sódio faz com que a água também
seja retida, aumentando gradativamente o volume de líquido extracelular e,
consequentemente, aumentando a pressão arterial durante as horas e dias
subsequentes. Além disso, a ANG II ativa os centros de sede no cérebro,
promovendo o aumento da ingestão de água, o que aumenta o volume
sanguíneo e, por fim, a pressão arterial. A ANG II estimula a liberação de
vasopressina ou hormônio antidiurético (ADH) pela neuro-hipófise. O ADH
atua nos rins aumentando a reabsorção de água, o que, por sua vez,
aumenta o volume sanguíneo, levando ao aumento da pressão arterial. Por
fim, a ANG II também provoca a constrição das arteríolas eferentes nos rins,
aumentando a pressão de filtração glomerular.
Siga em Frente...
Hipertensão arterial
A hipertensão é a pressão arterial cronicamente elevada, o que pode levar a
várias complicações cardiovasculares, renais e neurológicas. A etiologia e a
patogênese da hipertensão são multifatoriais e complexas, envolvendo uma
interação entre fatores genéticos, ambientais e fisiológicos. A hipertensão
pode ser classificada em primária (essencial) e secundária. A hipertensão
primária representa 90-95% dos casos e não tem uma causa única definida,
sendo influenciada por fatores como genética, dieta rica em sódio e pobre
em potássio, obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de álcool,
tabagismo e estresse. Já a hipertensão secundária, responsável por 5-10%
dos casos, é causada por condições médicas secundárias a causas
conhecidas, como doenças renais, distúrbios endócrinos, apneia do sono,
medicações e doenças cardiovasculares. A patogênese da hipertensão
arterial envolve vários mecanismos inter-relacionados. Um dos principais é o
aumento da resistência vascular periférica, frequentemente iniciado por
disfunção endotelial, onde há redução na produção de óxido nítrico
(vasodilatador) e aumento de endotelina (vasoconstritor). Além disso, ocorre
o remodelamento vascular, com espessamento das paredes das arteríolas,
aumentando a resistência ao fluxo sanguíneo. Alterações no volume
sanguíneo também desempenham um papel importante, com a retenção de
sódio e água pelos rins sendo influenciada pelo sistema renina-angiotensina-
aldosterona, que eleva o volume sanguíneo e, consequentemente, a pressão
arterial. A ativação do sistema nervoso autônomo simpático contribui para a
hipertensão arterial, pois aumenta a liberação de catecolaminas, que
promovem vasoconstrição e aumentam a frequência cardíaca e a força de
contração do coração. Disfunções no sistema renina-angiotensina-
aldosterona levam à produção de ANG II, um potente vasoconstritor, e à
secreção de aldosterona, que promove a retenção de sódio e água.
Alterações hormonais, como concentrações plasmáticas elevadas de insulina
em casos de resistência à insulina, podem causar retenção de sódio,
ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e aumento da atividade
simpática. Por fim, fatores genéticos também influenciam a função renal, a
reatividade vascular e a regulação hormonal, predispondo os indivíduos à
hipertensão arterial.
O tratamento da hipertensão arterial envolve uma combinação de mudanças
no estilo de vida (dieta saudável, exercício físico regular, perda de peso em
indivíduos com sobrepeso ou obesidade, redução do consumo de álcool,
cessação do tabagismo e gestão do estresse) e intervenções
farmacológicas, visando reduzir a pressão arterial para níveis normais,
prevenir complicações cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida do
paciente. No tratamento farmacológico, várias classes de medicamentos
podem ser utilizadas:
1. Diuréticos, que auxiliam na eliminação do excesso de sódio e
água do organismo, reduzindo o volume sanguíneo e a pressão
arterial.
2. Inibidores da ECA, que reduzem a produção de ANG II, levando à
vasodilatação e redução da pressão arterial. Exemplos incluem
enalapril e lisinopril.
3. Bloqueadores dos receptores da ANG II, que impedem a ação da
ANG II nos vasos sanguíneos, promovendo vasodilatação. Exemplos
incluem losartana e valsartana.
4. Beta bloqueadores, que reduzem a frequência cardíaca e a força
de contração do coração, diminuindo a pressão arterial. Exemplos
incluem metoprolol e atenolol.
5. Bloqueadores dos canais de cálcio, que relaxam os vasos
sanguíneos ao impedir a entrada de cálcio nas células musculares
lisas dos vasos, reduzindo a pressão arterial. Exemplos incluem
amlodipina e verapamil.
6. Inibidores da renina, que bloqueiam diretamente a atividade da
renina, acarretando uma diminuição da pressão arterial.
7. Vasodilatadores diretos, que atuam diretamente nas paredes dos
vasos sanguíneos causando dilatação. Exemplos incluem hidralazina e
minoxidil.
Agora que você conheceu os fatores que alteram a pressão arterial e quais
são os mecanismos envolvidos no seu controle, a curto e longo prazo, você
é capaz de compreender a importância do conhecimento desses temas para
uma boa atuação profissional. 
Vamos Exercitar?
Agora que você conheceu os fatores que alteram a pressão arterial e quais
são os mecanismos envolvidos no seu controle, a curto e longo prazo, bem
como a importância desse controle para o bom funcionamento do corpo
humano, vamos retomar à nossa situação-problema. Vamos considerar o
caso de Pedro, um aluno de graduação na área da saúde. Pedro é estagiário
junto à equipe multidisciplinar de sua instituição. Nesse momento, ele está
acompanhando a discussão do caso clínico do paciente S.V.R., 63 anos, que
vem sendo acompanhado no ambulatório da universidade. O paciente possui
diabetes tipo 2 não controlada, e procurou atendimento para renovação da
receita de seus medicamentos a pedido da filha. O paciente foi diagnosticado
com diabetes tipo 2 há três anos e relata que na época foi orientado a
realizar tratamento não medicamentoso, ao qual não aderiu, e uso de
medicamentos, que toma de maneira esporádica. Não realiza atividade
física, apresenta sobrepeso. Relata ingestão de álcool pelo menos duas
vezes por semana e é tabagista. Durante o exame físico, foi realizada a
aferição da pressão arterial, sendo verificado um valor de
140mmHg/95mmHg. Como somente essa medição era insuficiente para um
diagnóstico preciso, foi solicitada uma monitoração residencial da pressão
arterial (MRPA). Todos os procedimentos para a realização da monitoração
foram explicados ao paciente, esposa e filha, para a obtenção de um
resultado confiável. Após a realização da MRPA, o resultado revelou uma
pressão arterial média de 140mmHg/94mmHg, fechando o diagnóstico de
hipertensão arterial sistêmica. Como rotina das discussões entre a equipe e
seus estagiários, o caso clínico apresentado foi utilizado para que estes
fossem instigadosa relembrarem conceitos anatômicos e funcionais
importantes sobre o sistema circulatório e, desse modo, relacioná-los à sua
realidade profissional. Para tal, o supervisor da equipe levantou os seguintes
questionamentos a Pedro e seus colegas: “Vocês saberiam explicar o que é
hipertensão arterial? Que fatores influenciam na pressão arterial? A curto
prazo, como o organismo reage tentando controlar o aumento da pressão
arterial? Qual a importância desses mecanismos de controle para o nosso
organismo?”.
Agora, você já é capaz de ajudar Pedro e seus colegas a responderem aos
questionamentos do supervisor. Vamos lá?
A hipertensão arterial é uma condição crônica na qual a pressão arterial nas
artérias está cronicamente elevada. Isso significa que o coração está
trabalhando mais para bombear o sangue através dos vasos sanguíneos, o
que pode levar a complicações sérias como ataques cardíacos, derrames e
danos aos órgãos vitais. Vários fatores podem influenciar a pressão arterial,
incluindo o débito cardíaco (volume de sangue bombeado pelo coração), a
resistência vascular periférica (resistência dos vasos sanguíneos à
passagem do sangue), a viscosidade do sangue e a elasticidade das
paredes arteriais. Além disso, fatores comportamentais como dieta, atividade
física, consumo de álcool e tabagismo também desempenham um papel
importante. O organismo apresenta diferentes mecanismos para regular
alterações na pressão arterial. A curto prazo, o organismo possui
mecanismos rápidos e eficazes para controlar o aumento da pressão arterial.
Um dos principais mecanismos envolvidos é a atuação dos barorreceptores,
que são receptores sensoriais localizados nas paredes das artérias,
especialmente nas artérias carótidas e na aorta. Quando a pressão arterial
aumenta, os barorreceptores são estimulados pela distensão das paredes
arteriais. Esses receptores enviam sinais nervosos para o centro
cardiovascular no tronco encefálico. Em resposta a esse estímulo, o sistema
nervoso autônomo, especialmente o sistema nervoso parassimpático, é
ativado. O sistema nervoso parassimpático reduz a frequência cardíaca,
diminuindo o débito cardíaco. Além disso, promove a vasodilatação,
especialmente nas arteríolas periféricas. Isso resulta em uma redução da
resistência vascular periférica e, consequentemente, da pressão arterial.
Esses ajustes rápidos permitem que o organismo normalize temporariamente
a pressão arterial elevada, garantindo um fluxo sanguíneo adequado para os
tecidos e órgãos vitais. No entanto, em condições crônicas de hipertensão ou
quando os mecanismos de controle falham, podem ocorrer danos aos vasos
sanguíneos e órgãos, aumentando o risco de complicações cardiovasculares
graves. 
Saiba Mais
O débito cardíaco e a frequência cardíaca são cruciais para a manutenção
da circulação sanguínea eficaz no corpo. O débito cardíaco, volume de
sangue bombeado pelo coração por minuto, determina a quantidade de
oxigênio e nutrientes que chegam aos tecidos. Por sua vez, a frequência
cardíaca, número de batimentos por minuto, influencia diretamente o débito
cardíaco. Juntos, eles asseguram que o corpo receba um suprimento
adequado de sangue para sustentar as funções vitais. Alterações na
frequência cardíaca e no débito cardíaco podem indicar problemas
cardiovasculares e afetar a eficiência do coração como bomba, impactando a
saúde geral do organismo.
Para explorar mais sobre o assunto, leia a seguinte obra disponível na
Biblioteca Virtual:
SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2017. Cap. 15, p. 484-485.
O controle neural da pressão arterial é fundamental para a regulação rápida
e precisa da pressão sanguínea. Este sistema envolve os barorreceptores,
localizados nas paredes das artérias principais, que detectam mudanças na
pressão arterial e enviam sinais ao cérebro. O sistema nervoso autônomo
responde ajustando o diâmetro dos vasos sanguíneos e a frequência
cardíaca, mantendo a pressão arterial dentro de limites normais. Esse
controle é essencial para garantir que todos os órgãos recebam um
suprimento adequado de sangue, especialmente durante situações de
estresse ou atividade física, preservando a homeostase e prevenindo danos
aos órgãos vitais.
Para saber mais sobre o controle neural da pressão arterial, acesse a
seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual.
HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 14. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. cap. 18, p. 215-226.
O controle a longo prazo da pressão arterial é crucial para a manutenção da
homeostase cardiovascular. Esse controle envolvendo mecanismos renais e
hormonais, como o sistema renina-angiotensina-aldosterona, regula o
volume de sangue e a resistência vascular periférica. Os rins ajustam a
excreção de sódio e água, influenciando diretamente o volume sanguíneo e,
consequentemente, a pressão arterial. Manter a pressão arterial estável a
longo prazo é essencial para prevenir doenças cardiovasculares, como
hipertensão, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral, garantindo a
saúde e o funcionamento eficiente dos sistemas corporais ao longo da vida.
Para saber mais sobre o controle a longo prazo da pressão arterial, acesse a
seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual:
HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 14. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. cap. 19, p. 227-242. 
Referências Bibliográficas
CURI, R.; PROCOPIO, J. Fisiologia básica. 2. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017. 
HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 14. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia.
16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. 
Aula 4
SISTEMA LINFÁTICO
Sistema linfático
Olá, estudante! Nesta videoaula você irá compreender os componentes e
funções do sistema linfático. Prepare-se para uma jornada de conhecimento
enriquecedora e relevante para sua prática profissional! Vamos lá!
Ponto de Partida
Nesta aula, você, estudante, irá conhecer o sistema linfático. Primeiramente,
você conhecerá seus componentes e compreenderá quais são as funções
essenciais desse sistema. Em seguida, você será capaz de compreender
como ocorre a circulação da linfa e a importância dessa circulação para o
organismo. Prepare-se para explorar o sistema linfático e como esse
conhecimento se aplica no cotidiano profissional. Venha desvendar a
importância deste sistema para a saúde e bem-estar! Vamos começar?
A partir de agora, você continuará a acompanhar Pedro, um aluno de
graduação na área da saúde. Pedro é estagiário junto à equipe
multidisciplinar de sua universidade. Nesse momento, Pedro está
acompanhando a discussão do caso clínico da paciente A.M.R, 47 anos, que
procurou a Unidade Básica de Saúde de sua cidade, relatando dor na perna
esquerda, inchaço, vermelhidão, sensação de calor e dificuldade para
deambular. A paciente relatou que já possui diagnóstico de filariose há
quinze anos. Devido à queixa do edema e notável extravasamento de
líquido, foi encaminhada ao Hospital Universitário de sua cidade, onde foi
realizada a drenagem do membro inferior afetado. Após a drenagem, a
paciente apresentou uma lesão no mesmo local, que, com o passar do
tempo, foi aumentando e abrangendo quase toda a parte posterior da perna
esquerda. Devido à ocorrência de quadro infeccioso no local da drenagem,
utilizou-se antibiótico (Cefalexina 500mg) e colagenase + clorafencol,
apresentando melhora. A paciente apresenta sobrepeso e relata
hipotireoidismo, tratado com levotiroxina sódica 50mcg. Como de costume, o
caso clínico apresentado foi utilizado para discussão dos procedimentos
realizados e, também, para que os estagiários relembrassem conceitos
anatômicos e funcionais importantes sobre os diferentes sistemas corporais.
Nesse momento, o foco era o sistema linfático. O

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