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ASPECTOS MORFOLÓGICOS E FUNCIONAIS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR E LINFÁTICO Aula 1 SANGUE E CORAÇÃO Sangue e coração Olá, estudante! Nesta videoaula você irá conhecer o sangue e a anatomia e histologia do coração, suas funções essenciais e a importância para a manutenção da homeostase corporal. Prepare-se para uma jornada de conhecimento que enriquecerá sua compreensão do corpo humano e fortalecerá suas habilidades profissionais. Vamos começar? Ponto de Partida Nessa aula, você, estudante, continuará o estudo do sistema circulatório. Você conhecerá as principais características do sangue e do coração, e os papéis essenciais desempenhados por eles para garantir o bom funcionamento corporal. Desse modo, os conteúdos trabalhados permitirão a compreensão e aplicação desses conhecimentos no seu dia a dia profissional. A partir de agora, você irá acompanhar o caso de Pedro, um estudante de graduação da área da saúde que, durante um almoço em família, descobriu que o bebê de sua prima tinha sido diagnosticado com hemofilia. Segundo sua tia, o bebê, sexo masculino, 5 meses, começou a apresentar "manchas rochas espontâneas no corpo e febre", sem história de traumas ou possíveis agressões. Como o bebê se encontrava em bom estado geral, os médicos optaram por interná-lo para investigar a causa das manchas. Após a realização de vários exames, ele foi diagnosticado com hemofilia A grave. Segundo a tia, o bebê fez uma transfusão de sangue e, em poucos dias, retornou para casa. Agora, todos precisariam tomar muito cuidado com o bebê, para evitar lesões ou sangramentos. Além disso, ele necessitaria de cuidados médicos constantes para garantir sua saúde e qualidade de vida. Ainda assustado, mas bastante curioso sobre a doença do bebê de sua prima, Pedro resolveu buscar respostas para as seguintes dúvidas que tinha: “O que é a hemofilia? O que causa? Tem cura? Por que precisou de transfusão de sangue? Por que precisaria ter um cuidado ainda maior com lesões no bebê?”. Caro estudante, como você responderia a todas essas dúvidas? Vamos Começar! O sistema circulatório é formado por três componentes: o sangue, o coração e os vasos sanguíneos. Sangue O sangue é um tecido conjuntivo especializado composto por elementos celulares e uma matriz líquida denominada plasma. É responsável por cerca de 7% do peso corporal total e, em um indivíduo adulto, seu volume é de aproximadamente 5 a 6 litros. O sangue desempenha funções vitais para o corpo humano, incluindo transporte de gases, nutrientes e resíduos, regulação de pH, temperatura e volume de fluidos, além de proteção contra patógenos. O plasma constitui cerca de 55% do volume sanguíneo, sendo composto principalmente por água (± 92%). Os outros componentes do plasma sanguíneo incluem as proteínas plasmáticas (7-8%; albuminas, globulinas, fibrinogênio) e outros solutos (1-2%), como íons, moléculas orgânicas dissolvidas (glicose, aminoácidos, lipídios), gases (O2 e CO2), hormônios e resíduos metabólicos (ureia, amônia, ácido úrico, bilirrubina e creatinina). Os elementos celulares do sangue incluem eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Os eritrócitos ou hemácias são produzidos na medula óssea e constituem o tipo celular presente em maior quantidade no sangue. São células anucleadas e apresentam formato de disco bicôncavo, o que lhes confere uma ampla área de superfície para trocas gasosas. Essas células são fundamentais para o transporte de O2 dos pulmões para os tecidos e remoção de CO2 dos tecidos para os pulmões. O transporte de O2 é realizado pela hemoglobina (proteína carreadora de O2), contida em cada uma das hemácias e que confere a cor vermelha a essas células. Já os leucócitos são células esféricas com função de proteção do organismo. São produzidos na medula óssea ou em tecidos linfoides, permanecendo temporariamente no sangue. Podem ser classificados em granulócitos e agranulócitos. Os leucócitos granulócitos apresentam núcleo com formato irregular e citoplasma com grânulos específicos que, ao microscópio eletrônico, aparecem envoltos por membrana. Os três tipos de granulócitos são: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Além dos grânulos específicos, essas células apresentam grânulos azurófilos, que se coram em púrpura, e são lisossomos. Os neutrófilos, ou leucócitos polimorfonucleares, são células arredondadas com núcleos formados por dois a cinco lóbulos (normalmente, três lóbulos) ligados entre si por finas pontes de cromatina. São o tipo mais numeroso de leucócitos no sangue, podendo chegar a 70% do total, e são responsáveis pela defesa do hospedeiro contra a invasão de bactérias e fungos, resíduos celulares, além de uma diversidade de substâncias estranhas. Os eosinófilos apresentam núcleos bilobulados (dois lóbulos), com grânulos citoplasmáticos corados em vermelho. São encontrados principalmente nos tecidos e não na circulação. Constituem 1 a 3% dos leucócitos totais. Estão associados à defesa contra parasitas, reações alérgicas e inflamação crônica. Os basófilos são os leucócitos presentes em menor quantidade, apresentam núcleo volumoso, com formato retorcido e irregular, lembrando uma letra “S”. No citoplasma, apresenta grande quantidade de grânulos grandes que, por vezes, podem esconder o núcleo. Os grânulos contêm heparina (anticoagulante), histamina (vasodilatador) e outros mediadores inflamatórios (bradicinina e leucotrienos). Essas células estão envolvidas em reações alérgicas e de hipersensibilidade. Os leucócitos agranulócitos apresentam núcleo com formato mais regular, e o citoplasma não apresenta granulações específicas, embora seja possível a presença de grânulos azurófilos inespecíficos. Os dois tipos de agranulócitos são os linfócitos e os monócitos. Os linfócitos correspondem a cerca de 30% do total de leucócitos e são responsáveis pela defesa imunológica do organismo. Essas células apresentam núcleo redondo, ligeiramente chanfrado, com coloração escura. O citoplasma cora-se em azul claro e forma um halo ao redor do núcleo. Quanto maior o linfócito, mais visível se torna o citoplasma. Existem três tipos principais de linfócitos: linfócitos B, linfócitos T e células natural killer (NK). Os monócitos são produzidos na medula óssea, apresentam núcleo em formato de rim ou ferradura, e o citoplasma tem coloração azul acinzentada e com aparência espumosa. Quando saem dos vasos sanguíneos para os tecidos, os monócitos se transformam em macrófagos, cuja função principal é a defesa do hospedeiro (englobamento de materiais estranhos). Um outro tipo celular presente no sangue é a plaqueta. As plaquetas são fragmentos celulares derivados dos megacariócitos da medula óssea. Desse modo, apresentam-se como corpúsculos anucleados e discoides. Participam do processo de coagulação sanguínea e auxiliam no reparo da parede dos vasos sanguíneos lesionados, prevenindo a perda sanguínea. É importante lembrar que o sangue é fluido e circula livremente através dos vasos sanguíneos. Assim, o corpo precisa lançar mão de mecanismos que permitam o fluxo de sangue pelo vaso sanguíneo lesionado, enquanto ao mesmo tempo a parede desse vaso danificado é reparada, processo denominado de coagulação sanguínea. Esta envolve uma série de reações coordenadas entre proteínas plasmáticas, células sanguíneas e componentes vasculares, culminando na formação de um coágulo que estanca a perda de sangue de um vaso lesionado. Este processo pode ser dividido em três fases principais: a fase vascular, a fase plaquetária e a fase de coagulação propriamente dita. A fase vascular se inicia imediatamente após a lesão do vaso sanguíneo. A vasoconstrição local reduz o fluxo sanguíneo, limitando a perda de sangue. Este efeito é mediado pela liberação de endotelinas e outros vasoconstritores pelas células endoteliais danificadas. A vasoconstrição é rapidamente seguida pela segunda fase, chamada de fase vascular. Nesta, ocorre um bloqueio mecânico do orifício presente na parede do vaso sanguíneo por um tampão plaquetário solto. Quando um vaso sanguíneo é lesionado,supervisor da equipe levantou os seguintes questionamentos a Pedro e seus colegas: “Vocês saberiam explicar o que é a filariose? Qual a sua relação com o sistema linfático? Por que nessa doença ocorre o edema? Existe cura para essa doença?”. Como você, no lugar Pedro, responderia a todos esses questionamentos? Vamos Começar! O sistema linfático é uma rede complexa de vasos, tecidos e órgãos que trabalha em colaboração com o sistema circulatório para manter a homeostase, defender o organismo contra patógenos e garantir o transporte adequado de fluidos e nutrientes. Assim, são componentes do sistema linfático: linfa, vasos linfáticos, tecidos linfáticos e medula óssea vermelha. Nesse sistema, um líquido denominado linfa flui através dos vasos, denominados vasos linfáticos, por diferentes estruturas e órgãos que apresentem tecido linfático. Os vasos linfáticos são componentes fundamentais do sistema linfático, consistindo em capilares linfáticos, vasos linfáticos coletores e ductos linfáticos. Os capilares linfáticos são pequenos vasos situados nos espaços entre as células e distribuídos em quase todos os tecidos corporais, exceto em tecidos avasculares, parte central do sistema nervoso, partes do baço e na medula óssea. No intestino delgado, são denominados lactíferos, sendo responsáveis pelo transporte de lipídios absorvidos pelo trato gastrointestinal. Os capilares linfáticos apresentam uma das extremidades fechadas e são formados por uma única camada de células endoteliais e uma lâmina basal incompleta. As células endoteliais se sobrepõem umas às outras, e essa região de sobreposição da célula endotelial atua como uma válvula unidirecional, permitindo a passagem de líquido intersticial para o capilar linfático e impedindo seu refluxo. Os capilares linfáticos apresentam diâmetro maior que de um capilar sanguíneo e são altamente permeáveis, permitindo a entrada de fluidos intersticiais, proteínas e macromoléculas. Isso ocorre devido à presença de fendas relativamente grandes entre as células endoteliais que permitem a passagem não somente de líquido intersticial e solutos dissolvidos, mas também de microrganismos como bactérias, vírus, ou ainda de fragmentos celulares que eventualmente estejam presentes nos tecidos danificados ou infectados. Uma outra característica importante dos capilares linfáticos é a presença de fibras elásticas denominadas filamentos de ancoragem. Esses filamentos envolvem o capilar linfático e se estendem para fora, ligando as células endoteliais linfáticas aos tecidos circunjacentes, ajudando a manter as vias de passagem abertas quando as pressões intersticiais aumentam. Assim, quando o excesso de líquido intersticial se acumula, provocando edema do tecido, os filamentos de ancoragem são tracionados, tornando as aberturas entre as células ainda maiores, de modo que possa ocorrer maior fluxo de líquido para dentro do capilar linfático. Figura 1 | Sistema linfático. Fonte: adaptada de Fox (2007, p. 402) e Tortora e Derrickson (2023, p. 847). Os capilares linfáticos convergem para formar os vasos linfáticos, frequentemente encontrados correndo ao lado das artérias e veias que irrigam a área na qual se encontram. Os vasos linfáticos são formados por uma camada de células endoteliais envolvida por pequena quantidade de músculo liso. Como observado nas veias, os vasos linfáticos apresentam válvulas que garantem o fluxo da linfa em um único sentido, em direção aos linfonodos e ductos linfáticos maiores. Essas válvulas são especialmente importantes nos membros superiores e inferiores. Embora estejam ausentes em alguns tecidos, como o miocárdio e o cérebro, são abundantes na pele e nos sistemas geniturinário, respiratório e gastrintestinal. Conforme percorrem o sistema linfático, os vasos linfáticos se unem formando vasos de maior calibre, que conduzem a linfa na direção de troncos linfáticos nas cavidades abdominopélvica e torácica. Os principais troncos linfáticos são os troncos lombar, intestinal, broncomediastinal, subclávio e jugular. Os troncos jugulares, localizados nas regiões direita e esquerda, coletam linfa da cabeça e do pescoço, drenando para o ducto linfático direito ou o ducto torácico. Os troncos subclávios drenam a linfa dos membros superiores. Os troncos broncomediastinais, por sua vez, coletam linfa do coração, pulmões e mediastino, enquanto os troncos lombares drenam a linfa da parte inferior do corpo, incluindo membros inferiores, pelve e órgãos abdominais inferiores. Ambos os troncos broncomediastinais e lombares seguem para o ducto linfático direito ou o ducto torácico. O tronco intestinal, responsável pela drenagem da linfa do trato gastrointestinal e outros órgãos abdominais, também se conecta à cisterna do quilo, uma estrutura dilatada que se continua como o ducto torácico. Finalmente, a linfa alcança os dois grandes ductos, o torácico e o linfático direito, que a drenam para as veias subclávias. O ducto torácico drena a linfa da maior parte do corpo e a devolve à circulação venosa na junção da veia jugular interna esquerda com a veia subclávia esquerda. O ducto linfático direito drena a linfa da parte superior direita do corpo e a devolve à circulação na junção da veia jugular interna direita com a veia subclávia direita. Dessa forma, o sistema linfático auxilia na manutenção do volume sanguíneo ao retornar o excesso de fluido intersticial para o sangue. Siga em Frente... Formação e fluxo da linfa A linfa é um fluido claro e incolor que circula pelo sistema linfático. Sua formação e fluxo desempenham papéis cruciais na manutenção do equilíbrio de fluidos no corpo, na absorção de gorduras e na resposta imunológica. A linfa se forma a partir do líquido intersticial, originado do plasma sanguíneo que extravasa dos capilares sanguíneos devido à pressão hidrostática. Desse modo, o líquido intersticial apresenta na sua constituição nutrientes, gases e hormônios. Contudo, apenas uma parte do líquido intersticial consegue retornar diretamente aos capilares sanguíneos. A parte restante desse líquido acaba sendo coletada pelos capilares linfáticos, que são altamente permeáveis devido à estrutura de suas paredes, que permite a entrada de fluidos, proteínas e partículas maiores. Assim, o excesso de líquido que extravasa do capilar sanguíneo drena para os capilares linfáticos e passa a ser chamado de linfa. É importante lembrar que as proteínas plasmáticas geralmente não conseguem atravessar os vasos sanguíneos, devido ao seu tamanho, para compor o líquido intersticial. Por consequência, o líquido intersticial apresenta pequena quantidade de proteínas na sua composição. Porém, as poucas proteínas que deixam os vasos sanguíneos não conseguem retornar por difusão, já que a concentração de proteínas no interior dos vasos sanguíneos é maior, e as proteínas teriam que retornar contra um gradiente de concentração. Por outro lado, as proteínas conseguem se mover facilmente através dos capilares linfáticos, pois são mais permeáveis. Assim, os vasos linfáticos acabam retornando as proteínas plasmáticas perdidas juntamente com linfa à corrente sanguínea. O movimento da linfa através do sistema linfático é unidirecional, e isso é assegurado pelos seguintes fatores: 1. Contração rítmica da musculatura lisa do vaso linfático (bomba linfática), que gera uma pressão na parede do vaso linfático, empurrando a linfa em direção aos ductos linfáticos. 2. Contração dos músculos esqueléticos adjacentes aos vasos linfáticos (bomba do músculo esquelético), que realizam uma ação de “ordenha”, comprimindo os vasos linfáticos e gerando uma força que empurra a linfa em direção aos ductos linfáticos. 3. Alterações da pressão torácica associadas ao ciclo respiratório (bomba respiratória), que atuam durante a inspiração e expiração, facilitando o fluxo da linfa. Durante a inspiração, o diafragma se contrai e desce, aumentando o volume da cavidade torácica e diminuindo a pressão interna. Essa diminuição da pressão torácica cria um gradiente de pressão entrea cavidade torácica e os vasos linfáticos, facilitando o fluxo da linfa em direção aos ductos linfáticos. Durante a expiração, o diafragma relaxa e sobe, diminuindo o volume da cavidade torácica e aumentando a pressão interna. Embora essa pressão possa tentar empurrar a linfa para trás, as válvulas unidirecionais nos vasos linfáticos impedem esse refluxo, garantindo que a linfa continue seu caminho em direção aos ductos linfáticos. 4. Presença de válvulas nos vasos linfáticos, que estão dispostas de tal maneira que a linfa pode fluir apenas em direção aos ductos linfáticos. Quando a linfa se move em direção contrária, as válvulas se fecham, evitando o refluxo. Quando a taxa de filtração capilar supera a taxa de drenagem linfática por um determinado período temos a instalação de um edema (inchaço). Nesse caso, a quantidade de plasma e/ou proteínas filtradas do capilar para o espaço intersticial é maior do que a capacidade dos capilares linfáticos de drenarem o excesso de líquido intersticial e/ou proteínas, levando ao desenvolvimento do edema. O edema pode ser causado por: 1. Obstrução linfática, devido a infecções (como filariose), tumores, cirurgias ou radioterapia que danificam ou removem linfonodos, impedindo o fluxo normal da linfa, resultando em acúmulo de líquido nos tecidos afetados. 2. Insuficiência linfática, que pode ser congênita (linfedema primário) ou adquirida (linfedema secundário). Nesse caso, o sistema linfático é incapaz de drenar adequadamente o excesso de líquido intersticial devido a um desenvolvimento inadequado ou danos aos vasos linfáticos. 3. Aumento da permeabilidade capilar, ocasionado por inflamações, reações alérgicas, infecções ou traumas, que permitem que mais líquido e proteínas drenem para o interstício, sobrecarregando o sistema linfático. 4. Insuficiência cardíaca, ocasionada por doenças que afetam o coração, como insuficiência cardíaca congestiva, e comprometem a função de bombeamento do coração, resultando em aumento da pressão venosa e capilar, forçando mais líquido para fora dos capilares e sobrecarregando o sistema linfático. 5. Baixa pressão oncótica, ocasionada por condições como desnutrição, doenças hepáticas ou síndromes nefróticas que reduzem as concentrações de proteínas plasmáticas dentro do capilar sanguíneo e, consequentemente, aumentam o extravasamento de líquido para o espaço intersticial, levando ao acúmulo de líquido no interstício. 6. Trauma ou cirurgia, que podem gerar danos diretos aos vasos linfáticos, interrompendo o fluxo normal de linfa, resultando em acúmulo de líquido no local afetado. Outras estruturas do sistema linfático e suas funções · Órgãos linfáticos primários: são os locais onde as células-tronco se dividem e se tornam imunocompetentes, ou seja, capazes de produzir uma resposta imune. Os principais órgãos linfáticos são: medula óssea vermelha e timo. A medula óssea vermelha é o local de produção e maturação de linfócitos B e células pré-T. As células pré-T migram para o timo, localizado no mediastino superior, onde amadurecem e se transformam em linfócitos T imunocompetentes. · Órgãos e tecidos linfáticos secundários: são os locais onde ocorre a maior parte das respostas imunes. Incluem os linfonodos, baço e os nódulos linfáticos. O baço, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, filtra o sangue, removendo células sanguíneas velhas e patógenos. Também é um local de resposta imune. As tonsilas são um conjunto de tecidos linfáticos localizados na faringe. Protegem contra patógenos inalados ou ingeridos. Os nódulos linfáticos são massas de tecido linfoide ovaladas, que não são envolvidas por uma cápsula, sendo locais onde ocorre a resposta imune. Os linfonodos são pequenas estruturas em forma de feijão distribuídas ao longo dos vasos linfáticos. Contêm células imunológicas, como linfócitos e macrófagos, que filtram a linfa e combatem patógenos e detritos celulares. Funções do sistema linfático: · Drenagem do excesso de líquido intersticial: auxilia na manutenção do equilíbrio de fluidos. Os vasos linfáticos drenam o excesso de líquido intersticial dos tecidos, retornando esse excesso em forma de linfa ao sangue venoso, auxiliando na manutenção do volume do sangue circulante. · Transporte de lipídios da dieta: os capilares lactíferos, no intestino delgado, drenam lipídios e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) absorvidos da dieta pelo sistema digestório, transportando-os na forma de quilo para a circulação sanguínea. · Defesa do organismo: o tecido linfático inicia respostas altamente específicas dirigidas contra determinados microrganismos ou células anormais, mantendo a integridade do organismo. Agora que você conheceu a estrutura do sistema linfático e sua importância para o nosso organismo, você é capaz de compreender a importância do conhecimento desses temas para uma boa atuação profissional. Vamos Exercitar? Agora que você conheceu a estrutura do sistema linfático e a sua importância para o organismo humano, vamos retomar à nossa situação- problema. Consideremos o caso de Pedro, um aluno de graduação na área da saúde, que realiza estágio junto à equipe multidisciplinar de sua universidade. Nesse momento, Pedro está acompanhando a discussão do caso clínico da paciente A.M.R, 47 anos, que procurou a Unidade Básica de Saúde de sua cidade, relatando dor na perna esquerda, inchaço, vermelhidão, sensação de calor e dificuldade para deambular. A paciente relatou que já possui diagnóstico de filariose há quinze anos. Devido à queixa do edema e notável extravasamento de líquido, foi encaminhada ao Hospital Universitário de sua cidade, onde foi realizada a drenagem do membro inferior afetado. Após a drenagem, a paciente apresentou uma lesão no mesmo local, que, com o passar do tempo, foi aumentando e abrangendo quase toda a parte posterior da perna esquerda. Devido à ocorrência de quadro infeccioso no local da drenagem, utilizou-se antibiótico (Cefalexina 500mg) e colagenase + clorafencol, apresentando melhora. A paciente apresenta sobrepeso e relata hipotireoidismo, tratado com levotiroxina sódica 50mcg. Como de costume, o caso clínico apresentado foi utilizado para discussão dos procedimentos realizados e, também, para que os estagiários relembrassem conceitos anatômicos e funcionais importantes sobre os diferentes sistemas corporais. Nesse momento, o foco era o sistema linfático. O supervisor da equipe levantou os seguintes questionamentos a Pedro e seus colegas: “Vocês saberiam explicar o que é a filariose? Qual a sua relação com o sistema linfático? Por que nessa doença ocorre o edema? Existe cura para essa doença?”. Agora, você já é capaz de ajudar Pedro e seus colegas a responder os questionamentos do supervisor. Vamos lá? Primeiramente, é importante lembrar que o sistema linfático desempenha diversas funções vitais no corpo humano, contribuindo para a manutenção da homeostase e proteção contra doenças. Ele drena o excesso de fluidos corporais, absorve e transporta lipídios e nutrientes lipossolúveis oriundos da dieta e atua na defesa imunológica do organismo, trabalhando em conjunto com o sistema circulatório sanguíneo para garantir o equilíbrio interno e a proteção contra agentes patogênicos. A filariose linfática ou elefantíase é uma doença parasitária crônica, causada pelo nematoide Wuchereria bancrofti, também conhecido como filária. A transmissão da filária ocorre por mosquitos Culex quiquefasciatus infectados com larvas do parasita. As larvas infectantes do mosquito migram para os vasos linfáticos, nas quais se desenvolvem até chegarem a vermes adultos (período que varia de 6 a 12 meses), machos e fêmeas. Esses vermes se acasalam, liberando microfilárias na corrente sanguínea, propiciando a infecção de novos mosquitos e o início de novo ciclo de transmissão. Alguns indivíduos podem ser assintomáticos, havendo ou não detecção de microfilárias no sangue periférico. Outros indivíduos podem apresentar febre recorrente aguda, astenia,mialgias, fotofobia, urticária, pericardite, dor de cabeça e inflamação de nódulos e vasos linfáticos, com ou sem microfilaremia. Nos casos crônicos mais graves observa-se linfedema persistente dos membros e órgãos genitais, hidrocele e aumento de linfonodos, presença de gordura na urina. A pele pode exibir dilatação de vasos linfáticos dérmicos, infiltrados linfocíticos disseminados e depósitos focais de colesterol. A epiderme se torna espessada e hiperceratótica. Podem ser encontradas filárias adultas nos linfáticos ou em linfonodos de drenagem, geralmente circundadas por granuloma. Com o tempo, os vasos linfáticos vão alterando sua morfologia e perdendo sua função. Na filariose, o edema ocorre devido à incapacidade do sistema linfático em drenar adequadamente o excesso de líquido dos tecidos, uma vez que os parasitas obstruem o fluxo linfático. Isso acaba resultando em um acúmulo de líquido intersticial, que causa os sintomas observados na paciente. Embora não haja cura definitiva para a filariose, o tratamento inclui medicações antiparasitárias para reduzir a carga parasitária e terapia para aliviar os sintomas, como drenagem linfática manual e antibióticos para tratar infecções secundárias. Saiba Mais O sistema linfático é composto por vasos linfáticos, que transportam a linfa rica em células imunológicas; nódulos linfáticos, que filtram e ajudam a combater infecções; baço, envolvido na destruição de células sanguíneas velhas e na resposta imunológica; e o timo, essencial para o desenvolvimento de células T. Juntos, esses componentes formam uma defesa crucial contra patógenos e auxiliam na regulação do volume de fluidos no corpo. Para saber mais sobre os componentes do sistema linfático, acesse a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: · TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. cap. 22, p. 845-856. O sistema linfático desempenha funções essenciais para a saúde humana, incluindo a drenagem e transporte de linfa, que contém células imunológicas e resíduos metabólicos, para circulação de volta ao sistema circulatório. Esse sistema também atua na defesa imunológica, filtrando e removendo microrganismos, células mortas e toxinas nos nódulos linfáticos. Além disso, regula o equilíbrio hídrico e a absorção de lipídios do sistema digestório, por meio dos vasos lactíferos. Essas funções são essenciais para a resposta imune, a manutenção da saúde dos tecidos e a prevenção de edemas, destacando a importância vital do sistema linfático no organismo humano. Para saber mais sobre as funções do sistema linfático, acesse a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: · WAUGH, A.; GRANT, A. Ross & Wilson: anatomia e fisiologia integradas. 13. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. cap. 6, p. 141-149. A linfa é um fluido transparente que circula pelo sistema linfático, transportando células imunológicas, nutrientes e resíduos metabólicos pelos tecidos. O fluxo da linfa ocorre através dos vasos linfáticos e envolve diferentes mecanismos, como a contração muscular esquelética, movimentos respiratórios, presença de válvulas nos vasos linfáticos e compressão dos vasos adjacentes. Esse fluxo é essencial para a remoção de toxinas, a defesa imunológica e a absorção de gorduras no sistema digestório. A circulação adequada da linfa ajuda a manter o equilíbrio hídrico e a saúde dos tecidos, prevenindo edemas e promovendo a resposta imune eficiente no organismo humano. Para saber mais sobre a formação e fluxo da linfa, acesse a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: SANTOS, R. A. S. dos; SANTOS, M. J. C. dos; ANDRADE, S. P. Aspectos morfofuncionais da microcirculação. In: AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. cap. 34; p. 557-559. Referências Bibliográficas AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. FOX, S. I. Fisiologia Humana. 7. ed. Barueri: Manole 2007. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. C. Robbins & Cotran: patologia: bases patológicas das doenças. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. WAUGH, A.; GRANT, A. Ross & Wilson: anatomia e fisiologia integradas. 13. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. Encerramento da Unidade ASPECTOS MORFOLÓGICOS E FUNCIONAIS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR E LINFÁTICO Videoaula de Encerramento Olá, estudante! Nesta videoaula, você irá continuar a jornada fascinante pelo sistema circulatório, explorando conceitos fundamentais para a sua prática profissional. Você já desvendou vários mistérios que envolvem esse sistema, seus componentes e seu funcionamento, e mergulhou no estudo de algumas patologias que podem acometer esse sistema. Agora, convidamos você a continuar nessa jornada! Assista à videoaula e descubra como conhecer o sistema circulatório pode enriquecer e transformar a sua prática profissional. Não perca! Ponto de Chegada Olá, estudante! Para desenvolver a competência desta unidade, que é “Ter senso crítico para identificar e compreender os componentes do sangue e suas funções no organismo humano. Conhecer e compreender a anatomia do coração, suas propriedades mecânicas e elétricas. Conhecer e compreender as características estruturais e funcionais do sistema linfático”, você primeiramente conheceu os componentes do sangue, como hemácias, leucócitos, plaquetas e plasma, e suas funções vitais no transporte de oxigênio, defesa imunológica e coagulação sanguínea. Explorou a anatomia do coração, observando suas câmaras, válvulas e principais vasos sanguíneos, além de compreender as propriedades elétricas e mecânicas que garantem o bombeamento eficiente do sangue. Além disso, você compreendeu os mecanismos neurais e hormonais que mantêm a pressão arterial, garantindo a homeostase cardiovascular. Por fim, conheceu o sistema linfático, analisando sua estrutura, função na drenagem de fluidos, absorção de gorduras e defesa imunológica. Desse modo, a discussão desses assuntos abordados ao longo da unidade permitiu consolidar seu entendimento e incentivá-lo a refletir a respeito desses conteúdos e como se aplicam em seu contexto prático. É Hora de Praticar! Nessa semana, um grupo de estudantes da área da saúde irá acompanhar a rotina do Ambulatório do Hospital de sua Universidade. Uma das atividades a ser realizada durante esse período será o acompanhamento de alguns casos clínicos de pacientes atendidos pelo Hospital Universitário. No primeiro dia de atividades, um dos alunos do grupo acompanhou o caso do paciente João, 62 anos, que procurou seu dentista para uma consulta de rotina, queixando-se de desconforto na mandíbula. O dentista, suspeitando da presença de um cisto envolvendo alguns elementos dentais, solicitou uma radiografia panorâmica. Durante a análise da radiografia, o dentista notou a presença de calcificações nas áreas das artérias carótidas, sugerindo a possível existência de placas ateromatosas. João foi então encaminhado para o Hospital Universitário para uma avaliação mais detalhada. Durante a consulta, João relatou alguns sintomas que vinha ignorando: cansaço frequente, sensação de peso no peito após esforços moderados, e uma leve dor na perna direita ao caminhar por longos períodos. Relatou ao médico que é tabagista há mais de 40 anos e sua dieta é rica em carboidratos e gorduras. Além disso, João tem um histórico de hiperlipidemia não controlada e não faz uso regular de medicamentos para esse problema. No exame clínico, foi observado sobrepeso e pressão arterial elevada (150/95 mmHg). Foram solicitados alguns exames laboratoriais e de imagem para confirmação do diagnóstico. Os exames laboratoriais revelaram níveis elevados de colesterol total (290 mg/dL), LDL (190 mg/dL), triglicerídeos (280 mg/dL), além de HDL abaixo do normal (32 mg/dL). O ultrassom das carótidas confirmou a presença de placas ateromatosas significativas, indicandoaterosclerose. Para incentivar as discussões a respeito do caso apresentado, o supervisor da equipe sugeriu que os estagiários iniciassem as discussões relembrando alguns conceitos anatômicos e funcionais a respeito do sistema circulatório. Para tal, o supervisor da equipe levantou os seguintes questionamentos aos alunos de graduação: “Vocês saberiam explicar o que é a aterosclerose? Quais são os fatores de risco para essa doença? Qual seria a relação entre os sintomas apresentados pelo paciente e a presença das placas ateroscleróticas? Como influencia para o aumento da pressão arterial?”. Como você, no lugar desses alunos, responderia a todos esses questionamentos? Reflita Como as diferentes células do sangue contribuem para a manutenção da saúde e o funcionamento do organismo humano? De que maneira as propriedades elétricas e mecânicas do coração interagem para garantir um bombeamento eficiente de sangue? Qual é o papel do sistema linfático na manutenção da homeostase corporal e na defesa imunológica? Resolução do estudo de caso Você já viu vários conceitos importantes a respeito do sistema circulatório. Você já sabe que cada componente desse sistema apresenta funções que contribuem para a manutenção da homeostase corporal. Você também já sabe que alterações no funcionamento dessas estruturas resultam em diferentes efeitos que podem ser deletérios ao organismo, acarretando a instalação e desenvolvimento de uma patologia. Dentre as patologias associadas ao sistema circulatório, temos a aterosclerose, que é uma condição patológica caracterizada pelo acúmulo de placas de ateroma, ou placas ateroscleróticas, nas paredes internas das artérias de médio e grande porte, resultando em seu estreitamento e endurecimento. Essas placas são formadas por depósitos de lipídios, colesterol, cálcio e outros elementos celulares, o que pode levar a uma obstrução parcial ou completa do fluxo sanguíneo. Os principais fatores de risco para aterosclerose incluem: tabagismo, hiperlipidemia, obesidade, hipertensão arterial, sedentarismo, diabetes e histórico familiar. A formação das placas ateromatosas é um processo complexo que envolve várias etapas e componentes. O processo se inicia com uma lesão ou disfunção no endotélio, a camada interna das artérias, causada por fatores como tabagismo, hipertensão, hiperlipidemia e diabetes. Essas lesões tornam a superfície endotelial mais permeável a lipídios e permitem a adesão de células inflamatórias. Os lipídios, particularmente as lipoproteínas de baixa densidade (LDL), penetram na camada íntima das artérias através das lesões endoteliais. Uma vez dentro da parede arterial, esses LDLs sofrem oxidação, tornando-se mais propensos a serem engolfados por macrófagos. Os macrófagos ingerem os LDLs oxidados, transformando-se em células espumosas que se acumulam e formam estrias gordurosas, as primeiras manifestações visíveis de aterosclerose. A presença de LDLs oxidados e células espumosas provoca uma resposta inflamatória crônica, recrutando células inflamatórias como linfócitos T, que exacerbam a inflamação e promovem a progressão da lesão. As citocinas inflamatórias, substâncias liberadas pelas células inflamatórias, estimulam a migração e a proliferação de células musculares lisas da camada média da artéria para a camada íntima. Essas células musculares lisas produzem matriz extracelular, formada por colágeno, elastina e outras proteínas, constituindo a capa fibrosa da placa. À medida que a placa se desenvolve, ela se torna mais complexa, consistindo em um núcleo lipídico, formado por lipídios acumulados e células espumosas mortas, e uma capa fibrosa formada por células musculares lisas e matriz extracelular. Com o tempo, as placas podem endurecer e calcificar, reduzindo a elasticidade da artéria. O crescimento da placa pode estreitar o lúmen da artéria, limitando o fluxo sanguíneo e causando isquemia, ou seja, falta de oxigênio nos tecidos. Placas instáveis com uma capa fibrosa fina são propensas a rupturas, e, quando uma placa se rompe, o conteúdo lipídico é exposto ao sangue, desencadeando a formação de um trombo que pode obstruir a artéria. A calcificação das placas endurece as artérias, contribuindo para a hipertensão e aumentando o risco de ruptura. Os sintomas da aterosclerose dependem das artérias afetadas. Quando ocorre nas artérias coronárias, pode causar angina (dor no peito) e infarto do miocárdio (ataque cardíaco). Nas artérias carótidas, pode levar a acidentes vasculares encefálicos (AVE). Nas artérias periféricas, pode causar claudicação intermitente (dor nas pernas ao caminhar) e, em casos graves, gangrena. A aterosclerose é uma doença progressiva e multifatorial que requer uma abordagem integrada para prevenção e tratamento, incluindo mudanças no estilo de vida, medicamentos e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas. Assim, os sintomas relatados por João estão diretamente relacionados às placas ateroscleróticas nas suas artérias. O cansaço frequente e sensação de peso no peito são indicativos de doença arterial coronariana, em que as placas nas artérias coronárias reduzem o fluxo sanguíneo para o coração, podendo causar angina. A dor na perna direita ao caminhar sugere doença arterial periférica, em que o fluxo sanguíneo nas artérias das pernas é reduzido devido às placas, causando dor durante o esforço físico. O desconforto na mandíbula pode ser um sinal referencial de isquemia cardíaca, em que a dor se irradia para a mandíbula. Dê o play! Assimile Olá, estudante! Você está convidado a embarcar a partir de agora na jornada fascinante pelo sistema circulatório, explorando as informações ricas e instigantes presentes nesta animação. Aprecie e aproveite as informações sobre os dispositivos que podem auxiliar na atividade cardíaca em indivíduos com doença cardiovascular! Vamos lá? Referências KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. C. Robbins & Cotran: patologia: bases patológicas das doenças. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. NORRIS, T. L. Porth: fisiopatologia. 10. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023.as plaquetas aderem ou são expostas ao colágeno na área danificada. As plaquetas aderidas são ativadas, mudam de forma e liberam de seus grânulos serotonina, ADP e fator de ativação plaquetária na área ao redor da lesão, o que promove a ativação de mais plaquetas e a agregação de umas às outras, formando um tampão plaquetário solto. Ao mesmo tempo, o colágeno exposto e o fator tecidual iniciam a terceira fase, a de coagulação propriamente dita. Nessa fase, ocorre a formação de uma rede de fibrina, como resultado de uma série de reações enzimáticas, denominada cascata da coagulação. Essa rede de fibrina formada estabiliza o tampão plaquetário, formando o coágulo. Por fim, quando o vaso sanguíneo é reparado, o coágulo retrai devido à dissolução da fibrina pela enzima plasmina. A cascata de coagulação ocorre por duas vias distintas (intrínseca e extrínseca) que terminam em uma via comum. A via é iniciada pelo contato do sangue com o colágeno exposto. Essa via envolve os fatores XII, XI, IX e VIII. O colágeno ativa a primeira enzima da via, o fator XII, iniciando a cascata, que resulta na ativação do fator X. A via extrínseca inicia quando o fator tecidual, também chamado tromboplastina ou fator III, é exposto pelos tecidos danificados. O fator tecidual ativa o fator VII, iniciando a cascata da via extrínseca, que também resultará na ativação do fator X. Assim, ambas as vias ativam fator X, que, juntamente com o fator V, convertem a protrombina (fator II) em trombina (fator IIa). A trombina converte o fibrinogênio solúvel em fibrina insolúvel. A fibrina polimeriza e forma uma rede que, em conjunto com o tampão plaquetário, forma o coágulo estável. Contudo, conforme o vaso sanguíneo danificado é reparado, o coágulo vai sendo desintegrado. Para tal, a fibrina é quebrada em fragmentos pela enzima plasmina, processo denominado fibrinólise. Qualquer disfunção nos componentes da coagulação pode levar a distúrbios hemorrágicos ou trombóticos. Por exemplo, a hemofilia, uma desordem genética que afeta a capacidade do sangue de coagular adequadamente. Ela é caracterizada pela deficiência ou ausência de certos fatores de coagulação, proteínas essenciais para a formação de coágulos sanguíneos. Existem dois tipos principais de hemofilia: tipo A e tipo B. A hemofilia A é a forma mais comum, representando cerca de 80% dos casos. É ocasionada pela ausência ou baixa atividade do fator VIII, o que compromete a via intrínseca da coagulação. A hemofilia B é menos comum e representa cerca de 20% dos casos. Nesse tipo de hemofilia, a ausência ou deficiência do fator IX de coagulação compromete igualmente a via intrínseca da coagulação. Figura 1 | Cascata de coagulação. Fonte: Silverthorn (2017, p. 528). Siga em Frente... Coração O coração é um órgão muscular, localizado no mediastino, ligeiramente deslocado para a esquerda da linha média do corpo. É responsável por bombear o sangue através do sistema circulatório, fornecendo oxigênio e nutrientes aos tecidos e removendo resíduos metabólicos. O coração apresenta formato de cone invertido, com base voltada para cima e ápice apontando para baixo e esquerda. Todos os vasos sanguíneos principais emergem da base do coração. A aorta e o tronco pulmonar (artéria) direcionam o sangue do coração para os tecidos e pulmões, respectivamente. As veias cavas e pulmonares retornam o sangue para o coração. O coração está envolvido por um saco membranoso resistente, denominado pericárdio. Este é formado pelo pericárdio fibroso e seroso. O pericárdio fibroso é a camada externa e resistente que protege e ancora o coração. É formado por tecido conjuntivo denso não modelado e inelástico e, devido a sua constituição, impede a distensão excessiva do coração. O pericárdio seroso é mais profundo, sendo constituído por duas lâminas, parietal e visceral. A lâmina parietal é mais externa no pericárdio seroso. A lâmina visceral é mais interna, sendo também denominada epicárdio, constituindo uma das camadas da parede do coração. Entre as lâminas parietal e visceral há um espaço (espaço pericárdico) contendo líquido pericárdico, um líquido lubrificante que reduz o atrito entre as lâminas do pericárdio seroso durante os movimentos cardíacos. A parede do coração apresenta três camadas: epicárdio, miocárdio e endocárdio. O epicárdio é a camada mais externa da parede do coração, composta pela lâmina visceral do pericárdio seroso e uma camada variável de tecido fibroelástico delicado e tecido adiposo. O miocárdio é a camada média da parede do coração e, também, a camada mais espessa. É composta por músculo cardíaco, responsável pela contração e bombeamento do sangue. O músculo cardíaco é formado por fibras musculares cardíacas alongadas, ramificadas e unidas entre si por junções intercelulares especializadas chamadas discos intercalares. Esse músculo apresenta estriações devido à organização regular dos filamentos de actina e miosina em sarcômeros, as unidades contráteis da célula muscular. O epicárdio é a camada mais interna, formada por endotélio e tecido conjuntivo, que reveste as câmaras cardíacas e recobre suas valvas. O coração é dividido em quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são as câmaras superiores que recebem o sangue que retorna ao coração. Essas câmaras são delineadas externamente por sulcos que contêm vasos sanguíneos e gordura. O sulco coronário, ou sulco atrioventricular, circunda o coração horizontalmente e separa os átrios dos ventrículos. O sulco interventricular anterior, que corre obliquamente na superfície anterior do coração, e o sulco interventricular posterior, que corre na superfície posterior, marcam a separação entre os ventrículos direito e esquerdo. Na superfície anterior de cada átrio existe uma estrutura sacular enrugada chamada aurícula, que serve como um reservatório adicional para o sangue que retorna ao coração. As principais artérias coronárias, que fornecem sangue ao miocárdio, estão localizadas na superfície externa do coração. A artéria coronária direita e a artéria coronária esquerda (que se bifurca em artéria descendente anterior esquerda e artéria circunflexa) correm ao longo dos sulcos e são essenciais para a nutrição do músculo cardíaco. Figura 2 | Anatomia do coração. Fonte: adaptada de Silverthorn (2017, p. 445) e Wikimedia Commons. Internamente, as câmaras cardíacas são separadas por septos. O septo interatrial divide os dois átrios, enquanto o septo interventricular separa os ventrículos direito e esquerdo. Esses septos evitam a mistura de sangue entre os lados direito e esquerdo do coração. Dois conjuntos de valvas cardíacas, valvas atrioventriculares e valvas semilunares, asseguram que o sangue flua em um único sentido através do coração. As valvas atrioventriculares estão localizadas entre os átrios e os ventrículos, enquanto as valvas semilunares (pulmonar e aórtica) estão localizadas entre os ventrículos e as artérias. O átrio direito (AD) recebe sangue desoxigenado de todo o corpo através da veia cava superior, da veia cava inferior e do seio coronário. A face interna da parede anterior do AD é áspera devido à presença de cristas musculares denominadas músculos pectíneos, que também se estendem para a aurícula direita. Entre o AD e o ventrículo direito (VD), encontra-se a valva atrioventricular direita ou tricúspide, que impede o refluxo do sangue para o átrio direito durante a sístole ventricular. O VD desempenha um papel essencial na circulação pulmonar, bombeando sangue desoxigenado para os pulmões. Apresenta formato triangular e possui paredes mais finas em comparação ao ventrículo esquerdo (VE), devido à menor resistência encontrada no circuito pulmonar. Internamente, o VD possui uma superfície irregular devido à presença de trabéculas cárneas, que são feixes musculares que ajudam na contração do ventrículo. As válvulas da valva atrioventricular direita estão ligadas às cordas tendíneas, que, por sua vez, estão conectadas a trabéculas cárneas em formato de cone denominadas músculos papilares. Separandoo VD do tronco pulmonar, encontramos a valva pulmonar, que evita o retorno do sangue para o ventrículo direito após a ejeção do sangue do ventrículo esquerdo para o tronco pulmonar. O átrio esquerdo (AE) recebe sangue oxigenado proveniente dos pulmões, através das veias pulmonares. A parede interna do AE é relativamente lisa, diferentemente do átrio direito, que apresenta músculos pectíneos. Na região anterior, próximo ao septo interatrial, está a aurícula esquerda, que é uma extensão do AE e, nela, estão os músculos pectíneos. O sangue passa do AE para o VE através da valva atrioventricular esquerda ou valva bicúspide ou mitral, que evita o refluxo de sangue para o AE. O VE tem paredes musculares espessas e fortes, significativamente mais espessas do que as do VD. Esta diferença se deve à necessidade de gerar uma pressão alta o suficiente para impulsionar o sangue através da aorta e por todo o corpo. A espessura das paredes é fundamental para suportar a alta resistência oferecida pela circulação sistêmica. Internamente, o VE é revestido por trabéculas cárneas, que ajudam a melhorar a eficiência da contração ventricular. Na base do ventrículo, estão localizados os músculos papilares, que se conectam às cúspides da valva mitral por meio de cordas tendíneas. Estes músculos papilares se contraem durante a sístole ventricular para evitar a inversão das cúspides da valva mitral, garantindo que o sangue flua corretamente para a aorta e não de volta para o AE. Na saída do VE, está localizada a valva aórtica, que durante a sístole ventricular se abre, permitindo que o sangue seja ejetado do VE para a aorta. Após a contração, a valva aórtica se fecha para impedir o retorno do sangue ao VE. A cada contração, o coração bombeia sangue através de dois circuitos fechados: a circulação sistêmica e a circulação pulmonar. A circulação pulmonar se inicia no VD do coração, que bombeia sangue venoso (baixa concentração de O2) para os pulmões através da artéria pulmonar. Esta artéria se ramifica em artérias menores, arteríolas e, finalmente, capilares pulmonares. Nos capilares pulmonares, o sangue passa pelos alvéolos, onde ocorre a troca gasosa. O CO2 é liberado do sangue e o O2 é absorvido. O sangue agora oxigenado retorna ao coração pelo AE através das veias pulmonares, completando o circuito da circulação pulmonar. A circulação sistêmica inicia quando o VE bombeia sangue oxigenado para os tecidos do corpo através da aorta. Dessa forma, oxigênio e nutrientes são disponibilizados aos tecidos e resíduos metabólicos são removidos. O sangue desoxigenado e carregado de resíduos flui em direção ao coração, desembocando no AD oriundo das veias cavas superior e inferior, completando o circuito da circulação sistêmica. Contudo, os gases e nutrientes não conseguem se difundir rápido o suficiente a partir do sangue presente nas câmaras cardíacas para suprir as células da parede cardíaca. O coração, sendo um músculo altamente ativo, requer um suprimento constante de sangue oxigenado para manter suas funções vitais. De fato, o miocárdio apresenta sua própria rede de vasos sanguíneos, que formam a chamada circulação coronariana. A circulação coronariana se inicia com as artérias coronárias, que se originam na porção ascendente da aorta, logo acima da válvula aórtica, e circundam o coração como uma coroa, daí o nome coronariana. Existem duas principais artérias coronárias: a artéria coronária esquerda e a artéria coronária direita. A artéria coronária esquerda (ACE) se divide em duas principais ramificações: 1) artéria descendente anterior esquerda (DAE), que desce pela superfície anterior do coração, fornecendo sangue à maior parte do VE e ao septo interventricular; e 2) artéria circunflexa, que envolve o coração pela esquerda, fornecendo sangue à parede lateral e posterior do ventrículo esquerdo. A artéria coronária direita (ACD) fornece sangue principalmente ao AD, ao VD e a partes do sistema de condução do coração, como o nó sinoatrial e o nó atrioventricular. Além disso, a ACD possui ramos marginais que suprem a superfície lateral do VD e a artéria descendente posterior, que, em alguns casos, origina-se da ACD e fornece sangue à parte posterior do septo interventricular e ao VE. O retorno do sangue desoxigenado do músculo cardíaco ocorre através das veias coronárias, que drenam para o seio coronário, uma grande veia localizada na parte posterior do coração. O seio coronário então drena diretamente para o AD. A circulação coronariana é crucial para o funcionamento do coração, pois qualquer interrupção no fluxo sanguíneo pode resultar em isquemia e, potencialmente, em um infarto do miocárdio. Agora que você conheceu as principais características do sangue e do coração, você é capaz de compreender a importância do conhecimento desses temas para uma boa atuação profissional. Vamos Exercitar? Agora que você conheceu e aprendeu a respeito das principais características do sangue e do coração, bem como a importância desses componentes do sistema circulatório para o funcionamento do corpo humano, vamos retomar à nossa situação-problema. A partir de agora, vamos considerar o caso de Pedro, um estudante de graduação da área da saúde que, durante um almoço em família, descobriu que o bebê de sua prima tinha sido diagnosticado com hemofilia. Segundo sua tia, o bebê, sexo masculino, 5 meses, começou a apresentar "manchas rochas espontâneas no corpo e febre", sem história de traumas ou possíveis agressões. Como o bebê se encontrava em bom estado geral, os médicos optaram por interná-lo para investigar a causa das manchas. Após a realização de vários exames, o bebê foi diagnosticado com hemofilia A grave. Segundo a tia, o bebê fez uma transfusão de sangue e, em poucos dias, retornou para casa. Mas todos precisariam tomar muito cuidado com o bebê, para evitar lesões ou sangramentos, e ele necessitaria de cuidados médicos constantes para garantir sua saúde e qualidade de vida. Ainda assustado, mas bastante curioso sobre a doença do bebê de sua prima, Pedro resolveu buscar respostas para as seguintes dúvidas que tinha: “O que é a hemofilia? O que causa? Tem cura? Por que precisou de transfusão de sangue? Por que precisaria ter um cuidado ainda maior com lesões no bebê?”. Agora você já é capaz de ajudar a solucionar as dúvidas de Pedro. Vamos lá? Primeiro, é importante lembrar que a hemofilia é um distúrbio hemorrágico hereditário causado pela deficiência do fator de coagulação VIII ou o fator IX, dependendo do tipo de hemofilia, que afeta principalmente indivíduos do sexo masculino e que resulta na incapacidade do sangue de formar coágulos adequados, levando a sangramentos prolongados ou espontâneos. A hemofilia A, que representa cerca de 80% de todos os casos, é uma deficiência do fator de coagulação VIII. A hemofilia B é uma deficiência do fator de coagulação IX, sendo menos comum. O principal sintoma da hemofilia é a hemorragia excessiva, que pode ocorrer em uma articulação ou músculo, dentro do abdômen ou da cabeça, ou devido lesões ou cortes, ou ainda após procedimentos odontológicos ou cirurgia. Em crianças, é comum o aparecimento de equimoses (manchas roxas) na pele. Atualmente, não há cura para a hemofilia, mas o tratamento inclui a reposição regular do fator de coagulação deficiente por meio de infusões, o que pode prevenir sangramentos e minimizar complicações. No caso apresentado, o bebê precisou de uma transfusão de sangue para repor rapidamente o fator VIII e tratar um episódio agudo de sangramento. Essa medida emergencial é crucial para estabilizar o paciente, controlando a hemorragia e prevenindo danos maiores. As transfusões são essenciais em casos de sangramento grave ou antes de procedimentos cirúrgicos para garantir a coagulação adequada. Devido à deficiência de fator VIII, o bebê precisa de cuidados constantes para evitar lesões que possam resultar em sangramentos severos. Atividades cotidianas que para outros seriam inofensivas podem causar hematomas ou sangramentos internos em indivíduos com hemofilia.Portanto, é fundamental um cuidado redobrado para minimizar o risco de traumas e garantir que o bebê receba tratamento imediato em caso de sangramento. Saiba Mais A hemostasia é um processo essencial para prevenir a perda excessiva de sangue após lesões e garantir a continuidade do fluxo sanguíneo. Esse processo abrange os mecanismos envolvidos na coagulação sanguínea, e distúrbios na hemostasia podem levar a condições como hemofilia ou trombose. Tais distúrbios podem causar complicações graves, incluindo hemorragias internas, derrames ou ataques cardíacos, destacando a importância de um sistema hemostático funcional para a saúde geral do organismo. Para saber mais sobre a hemostasia e o papel da coagulação sanguínea nesse processo, leia a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: · WIMBERLEY, P. Distúrbios da hemostasia. In: NORRIS, T. L. Porth: fisiopatologia. 10. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. Cap. 22, p. 620-623. O coração é responsável por bombear o sangue através do sistema circulatório, garantindo a chegada de oxigênio e nutrientes aos tecidos e a remoção de resíduos metabólicos. Para desempenhar com eficiência suas funções, o coração conta com diferentes estruturas que o compõem. Embora suas principais características anatômicas envolvam a presença de quatro câmaras (dois átrios e dois ventrículos) separadas por válvulas que controlam o fluxo sanguíneo e impedem o refluxo do sangue, o coração apresenta várias outras estruturas que permitem o seu funcionamento adequado. Para saber mais sobre as principais características anatômicas do coração e a importância de cada estrutura, leia a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: · MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. cap. 21, p. 582-595. O coração bombeia sangue através de dois circuitos fechados: a circulação sistêmica e a circulação pulmonar, que proporcionam o suprimento constante de oxigênio e nutrientes ao organismo, além de remover produtos metabólicos e dióxido de carbono dos tecidos. Contudo, essas circulações não permitem um suprimento adequado para a parede do coração. Esse suprimento é fornecido pela circulação coronariana, que fornece o oxigênio necessário para manter a função contrátil do músculo cardíaco, além de remover os resíduos metabólicos dessas células. Sem esses circuitos eficientes (circulação sistêmica, pulmonar e coronariana), as células não receberiam os recursos necessários para suas funções básicas, comprometendo a saúde e o bem-estar do organismo como um todo. Para saber mais sobre o assunto, leia a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. cap. 20, p. 736-740. Referências Bibliográficas KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Berne & Levy: fisiologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2024. MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. cap. 21, p. 582-595. NORRIS, T. L. Porth: fisiopatologia. 10. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. Aula 2 ELETROFISIOLOGIA E CICLO CARDÍACO Eletrofisiologia e ciclo cardíaco Olá, estudante! Nesta videoaula você irá conhecer os elementos da função cardíaca, suas funções essenciais e a importância para o funcionamento eficiente do coração. Assim, você entenderá como esse conhecimento impacta na sua prática profissional. Vamos juntos explorar esse tema tão empolgante e fundamental para sua atuação profissional! Não perca essa oportunidade e assista à videoaula agora mesmo! Ponto de Partida Nessa aula, você, estudante, irá continuar o estudo do sistema circulatório. Você conhecerá os principais elementos responsáveis pelo funcionamento cardíaco, suas características e funções, explorando suas aplicações clínicas e considerações terapêuticas. Você será capaz de compreender como esses temas o tornarão preparado para desafios do cotidiano profissional, lidando com situações clínicas complexas de maneira segura e competente. Portanto, aproveite esta oportunidade de aprendizado e esteja preparado para aplicar os conceitos aprendidos no seu cotidiano profissional. Vamos lá? A partir de agora, você irá acompanhar o caso de Tiago, um estudante de graduação na área da saúde que iniciou seu estágio junto à equipe do Programa de Atenção Integral à Saúde de sua universidade. O programa, realizado em parceria com a prefeitura, tem como objetivo desenvolver, junto à comunidade, ações de diagnóstico, prevenção, tratamento e reabilitação de doenças, bem como acompanhamento psicossocial. Para tal, conta com uma equipe multidisciplinar formada por nutricionistas, médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos e biomédicos. Nesse momento, Tiago está acompanhando as discussões de casos clínicos de alguns idosos participantes do programa. Durante essa reunião, realizada pela equipe, foi discutido o caso clínico do paciente J.M.T., sexo masculino, 65 anos, que vem sendo acompanhado pela equipe. Durante uma consulta de rotina, o paciente relatou que vinha sentindo episódios frequentes de tontura, cansaço extremo, falta de ar e palpitações. Ele também mencionou que, em algumas ocasiões, quase desmaiou após realizar atividades simples, como subir escadas ou caminhar pequenas distâncias. Diante do quadro apresentado, foi solicitado um eletrocardiograma, sendo observada uma bradicardia severa. Após avaliação clínica e dos resultados dos exames solicitados, o paciente foi informado que necessitaria da implantação de um marcapasso artificial, para ajudar a regularizar seu ritmo cardíaco. Considerando a presença de vários estagiários junto à equipe, o supervisor do programa aproveitou para instigar Tiago e seus colegas a relembrarem alguns conceitos importantes a respeito do funcionamento do coração, mais especificamente sobre a condução elétrica do coração. Ele fez os seguintes questionamentos a eles: “Vocês saberiam explicar que alterações estavam acontecendo no sistema de condução elétrica do coração para levar ao aparecimento dos sintomas no paciente? Por que a necessidade de um marcapasso? Como o marcapasso artificial ajudaria no alívio dos sintomas?”. No lugar do Tiago, como você responderia a todos esses questionamentos? Vamos Começar! O coração é responsável pelo bombeamento do sangue através do sistema de vasos sanguíneos distribuídos pelo corpo. Porém, para que esse bombeamento seja efetivo, é necessário que a contração e relaxamento do músculo cardíaco presente nas câmaras cardíacas ocorram de forma sincronizada e rítmica. Além disso, esses processos precisam fornecer força suficiente para que o bombeamento do sangue ocorra através das circulações sistêmica e pulmonar, para suprir, com oxigênio e nutrientes, as necessidades de todos os tecidos do organismo. As contrações do músculo cardíaco são geradas por impulsos elétricos (potenciais de ação) gerados espontaneamente em células presentes no nó sinoatrial (NSA), localizado na parede posterolateral superior do átrio direito, imediatamente abaixo e ligeiramente lateral à abertura da veia cava superior. A partir do NSA, o marca-passo cardíaco, os impulsos elétricos seguem dois caminhos até chegarem ao nó atrioventricular (AV): 1. Se espalham pela parede muscular do átrio, uma vez que as fibras do NSA se conectam diretamente com as fibras do músculo atrial e, desse modo, qualquer potencial de ação que se inicie no NSA é transmitida ao miocárdio atrial, espalhando-se por essa musculatura até alcançar o nó AV. 2. Ao mesmo tempo, os impulsos elétricos gerados no NSA são transmitidos pelas vias internodais até o nó AV, a uma velocidade muito mais rápida do que a condução pelas fibras musculares atriais.As vias internodais são três feixes pequenos de fibras especializadas que partem do NSA e terminam no nó AV. São chamados de vias internodais anterior, média e posterior. O nó AV, localizado medialmente à valva atrioventricular direita, recebe os impulsos elétricos do NSA, mas atrasa a transmissão desses impulsos em cerca de 0,1 segundos, permitindo que os átrios completem a contração e que os ventrículos possam se encher de sangue antes de se contraírem. O atraso ocorre devido à constituição dessa estrutura. Os impulsos elétricos são conduzidos lentamente, em comparação ao restante do sistema de condução, uma vez que o nó AV apresenta fibras musculares de menor diâmetro e com menor quantidade de junções comunicantes nos seus discos intercalares. Como consequência, ocorre um atraso de 0,11 segundos a partir do momento em que os impulsos atingem o nó AV até que ocorra a sua passagem para o feixe atrioventricular (AV). Esse atraso é essencial, pois permite que contração atrial se complete antes do início da contração ventricular. É importante destacar que os impulsos elétricos provenientes tanto da musculatura atrial quanto das vias internodais só se propagam do átrio para o ventrículo via nó AV. Entre os átrios e os ventrículos existe uma barreira fibrosa que atua como um isolante elétrico entre esses compartimentos, impedindo a passagem direta dos impulsos elétricos entre estas câmaras, exceto através do nó AV. Este isolamento garante que a ativação elétrica dos ventrículos ocorra após a contração dos átrios, permitindo um preenchimento adequado dos ventrículos antes de sua contração. Sem o isolamento elétrico proporcionado por esta estrutura, os impulsos elétricos poderiam se propagar desordenadamente entre os átrios e os ventrículos, resultando em arritmias graves. Fonte: adaptada de Wikimedia Commons. Quando os impulsos elétricos chegam ao feixe AV, ocorre um novo atraso, de cerca de 0,04 segundos, principalmente na porção penetrante ou porção inicial do feixe AV, uma região composta de inúmeros fascículos que passam pelo tecido fibroso que separa os átrios dos ventrículos. A partir do final dessa porção inicial, essas fibras especiais denominadas fibras de Purkinje propagam os impulsos elétricos para os ventrículos. Essas fibras de Purkinje se projetam pelo septo interventricular em direção ao ápice do coração, divide-se em ramos direito e esquerdo, que se espalham para baixo em direção ao ápice do coração, dividindo-se progressivamente em ramos menores. Esses ramos menores correm lateralmente ao redor de cada câmara ventricular e voltam em direção à base do coração, espalhando-se pelas paredes dos ventrículos. As fibras de Purkinje são fibras muito grandes, ainda maiores do que as fibras musculares normais dos ventrículos. Por isso, transmitem impulsos elétricos a uma velocidade cerca de seis vezes maior do que no músculo ventricular normal. Essa velocidade permite a transmissão praticamente instantânea do impulso cardíaco por todo o restante do músculo ventricular, permitindo uma contração coordenada e eficiente dos ventrículos. Assim, as contrações disparadas por impulsos elétricos gerados espontaneamente por células marca-passo do NSA são transmitidas sequencialmente ao miocárdio atrial, ao nó AV, ao feixe AV, às fibras de Purkinje e ao miocárdio ventricular. Normalmente, o impulso elétrico surge no NSA. Porém, em algumas condições anormais, fibras nodais AV e as fibras de Purkinje podem exibir excitação rítmica intrínseca, gerando o impulso elétrico. Contudo, a frequência de disparo de impulsos elétricos (potenciais de ação) do NSA é consideravelmente mais rápida do que a frequência de disparo do nó AV ou das fibras de Purkinje. Dessa forma, o NSA dita a frequência do batimento cardíaco, já que sua taxa de descarga rítmica é mais rápida do que a de qualquer outra parte do coração e, por isso, é considerado o marca-passo natural do coração. Siga em Frente... Ciclo cardíaco O ciclo cardíaco é o conjunto de eventos que ocorre do início de um batimento cardíaco até o início do próximo, e envolve as fases de sístole (contração) e diástole (relaxamento) dos átrios e ventrículos. Esse ciclo é fundamental para o funcionamento eficiente do coração e para garantir a circulação contínua do sangue pelo corpo. No ciclo cardíaco, as alterações de pressão no interior das câmaras cardíacas, ocasionadas pela contração do músculo cardíaco, movimentam o sangue de regiões de maior pressão para regiões de menor pressão. Desse modo, alterações na pressão das câmaras cardíacas, bem como a abertura e o fechamento das valvas cardíacas, determinam a direção do fluxo sanguíneo no coração e ao longo dos vasos sanguíneos. Portanto, durante o repouso, a maior parte do movimento de sangue em direção às câmaras cardíacas é um processo passivo, resultante da maior pressão nas grandes veias comparado às câmaras cardíacas. À medida que o sangue se move para os átrios, vai preenchendo essa câmara, o que aumenta a pressão nesse local. Esse aumento de pressão nos átrios promove a abertura das valvas atrioventriculares (AV). Como a pressão é maior nos átrios do que nos ventrículos, grande parte do volume de sangue presente no átrio (cerca de 80%) flui para os ventrículos. O NSA gera um potencial de ação (impulso elétrico) que percorre a musculatura atrial e vias internodais, estimulando a contração atrial e começando o ciclo cardíaco. Quando os átrios se contraem, os 20% restantes de sangue presentes nos átrios são forçados a fluir em direção aos ventrículos. O potencial de ação passa pelo nó AV, desce o feixe AV e suas ramificações, e pelas fibras de Purkinje, levando à contração ventricular (sístole ventricular). A contração ventricular promove um aumento na pressão ventricular, empurrando o sangue de volta para os átrios, o que acarreta o fechamento das valvas AV. Esse fechamento das valvas AV gera o primeiro som cardíaco (primeira bulha cardíaca), que pode ser observado por meio do uso de um estetoscópio. A contração ventricular continua aumentando ainda mais a pressão ventricular; porém, como as valvas AV e semilunares estão fechadas, o sangue não sai dos ventrículos, um período chamado contração isovolumétrica (não há alteração do volume de sangue nos ventrículos, mesmo com a contração ocorrendo). A contração ventricular continua causando um aumento adicional na pressão ventricular. Essa pressão se torna maior que a pressão no tronco da artéria pulmonar e aorta, forçando a abertura das valvas pulmonar e aórtica. O sangue flui dos ventrículos para as artérias. Esse período do movimento do sangue dos ventrículos para as artérias é chamado de período de ejeção. Com a diástole ventricular, os ventrículos relaxam, a pressão dentro dessas câmaras diminui, tornando-se menor que as pressões no tronco da artéria pulmonar e na aorta, e o sangue flui de volta para os ventrículos, levando ao fechamento das valvas semilunares e, consequentemente, à geração do segundo som cardíaco (segunda bulha cardíaca). Nesse momento, as valvas cardíacas estão fechadas e não flui sangue para os ventrículos. Esse período é chamado de período de relaxamento isovolumétrico. Durante a sístole ventricular, inicia a diástole atrial, ou seja, os átrios estão relaxando e o sangue chega pelas veias e vai enchendo os átrios. Os ventrículos estão relaxando e, com isso, a pressão ventricular cai, ficando menor que a pressa nos átrios, acarretando a abertura das valvas AV. O enchimento ventricular inicia novamente e, quando o próximo potencial de ação é gerado no NSA, outro ciclo cardíaco se inicia. Figura 2 | Ciclo cardíaco. Fonte: Silverthorn (2017, p. 463). Agora que você conheceu as principais características do sistema de condução elétrica do coração, bem como os eventos que ocorrem durante um ciclo cardíaco, você é capaz de compreender a importância do conhecimento desses temas para uma boa atuação profissional. Vamos Exercitar? Agora que você conheceu as principais características do sistema de condução elétrica do coração,bem como os eventos que ocorrem durante um ciclo cardíaco, vamos retomar à nossa situação-problema. A partir de agora, vamos considerar o caso de Tiago, um estudante de graduação na área da saúde que iniciou seu estágio junto à equipe do Programa de Atenção Integral à Saúde de sua universidade. Nesse momento, Tiago está acompanhando as discussões de casos clínicos de alguns idosos participantes do programa. Durante essa reunião, realizada pela equipe, foi discutido o caso clínico do paciente J.M.T., sexo masculino, 65 anos, que vem sendo acompanhado pela equipe. Durante uma consulta de rotina, o paciente relatou que vinha sentindo episódios frequentes de tontura, cansaço extremo, falta de ar e palpitações. Ele também mencionou que, em algumas ocasiões, quase desmaiou após realizar atividades simples, como subir escadas ou caminhar pequenas distâncias. Diante do quadro apresentado, foi solicitado um eletrocardiograma, sendo observada uma bradicardia severa. Após avaliação clínica e dos resultados dos exames solicitados, o paciente foi informado que necessitaria da implantação de um marcapasso artificial, para ajudar a regularizar seu ritmo cardíaco. Para aproveitar a presença de vários estagiários junto à equipe, o supervisor do programa aproveitou para instigar Tiago e seus colegas a relembrarem alguns conceitos importantes a respeito do funcionamento do coração, mais especificamente sobre a condução elétrica do coração. Ele fez os seguintes questionamentos: “Vocês saberiam explicar que alterações estavam acontecendo no sistema de condução elétrica do coração para levar ao aparecimento dos sintomas no paciente? Por que a necessidade de um marcapasso? Como o marcapasso artificial ajudaria no alívio dos sintomas?”. Agora, você já é capaz de ajudar Tiago a responder aos questionamentos do supervisor. Vamos lá? Primeiramente, é importante ressaltar que os sintomas apresentados pelo paciente indicam problemas no sistema de condução elétrica do coração. No coração saudável, o ritmo cardíaco é controlado pelo nó sinoatrial (NSA), que gera impulsos elétricos que se propagam pelos átrios, levando à sua contração. Esses impulsos chegam ao nó atrioventricular (AV). Nesse local, ocorre um retardo na condução do impulso elétrico, antes que se propague para o feixe AV, ramos direito e esquerdo, e finalmente para as fibras de Purkinje, levando à contração coordenada dos ventrículos. A bradicardia severa sugere uma falha no NSA ou em algum ponto do sistema de condução elétrica, resultando em uma frequência cardíaca anormalmente baixa. Essa falha impede o coração de bombear sangue de maneira eficiente, causando os sintomas de cansaço, falta de ar e quase desmaios devido à perfusão inadequada dos órgãos. Nesses casos, no qual o sistema de condução elétrica do coração não funciona com eficiência para manter um ritmo cardíaco adequado, há indicação de colocação de um marcapasso artificial. O marcapasso implantado assume a função de regulador do ritmo cardíaco, gerando impulsos elétricos regulares para garantir que o coração bata a uma frequência apropriada. O marcapasso detecta a frequência cardíaca do paciente e, quando necessário, emite impulsos elétricos para estimular o coração a bater em um ritmo regular e adequado. Isso ajuda a manter uma perfusão adequada dos órgãos e tecidos, aliviando os sintomas de cansaço extremo, falta de ar, e prevenindo episódios de quase desmaio. O marcapasso, portanto, assegura que o coração bombeie sangue de maneira eficiente, melhorando a qualidade de vida do paciente ao evitar os perigos de uma frequência cardíaca excessivamente baixa. Saiba Mais O sistema de condução elétrica do coração é fundamental para o funcionamento coordenado e eficiente do órgão. Ele é composto pelo nó sinusal (ou sinoatrial), nó atrioventricular, feixe de His, ramos direito e esquerdo, e fibras de Purkinje. Este sistema gera e transmite impulsos elétricos que iniciam e regulam as contrações cardíacas, permitindo que o coração bata ritmicamente. A coordenação entre as contrações dos átrios e ventrículos garante o bombeamento eficaz de sangue para todo o corpo, fornecendo oxigênio e nutrientes essenciais. Qualquer disfunção nesse sistema pode levar a arritmias, comprometendo a circulação sanguínea e podendo resultar em sintomas graves como tontura, cansaço extremo e, em casos severos, a necessidade de intervenção médica. Para saber mais sobre o sistema de condução elétrica no coração, acesse a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: · HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. cap. 10, p. 125-131. O ciclo cardíaco é crucial para a circulação sanguínea eficiente e a manutenção da homeostase. Ele consiste em fases de contração (sístole) e relaxamento (diástole) dos átrios e ventrículos, garantindo que o sangue oxigenado seja bombeado para o corpo e o sangue desoxigenado para os pulmões. Durante a sístole, os ventrículos contraem, ejetando o sangue para a circulação sistêmica e pulmonar. Na diástole, os ventrículos relaxam e se enchem de sangue proveniente dos átrios. Este ciclo contínuo e coordenado mantém a pressão arterial adequada, fornece oxigênio e nutrientes aos tecidos e remove resíduos metabólicos. Qualquer interrupção ou irregularidade no ciclo cardíaco pode levar a disfunções cardíacas graves, afetando a saúde geral do organismo. Para explorar mais a respeito do ciclo cardíaco, acesse a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: · SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. cap. 14, p. 461-465. As bulhas cardíacas são sons produzidos pelo fechamento das válvulas cardíacas durante o ciclo cardíaco. São essenciais para avaliar a função cardíaca e a integridade das válvulas. Alterações nos sons, como sopros ou cliques adicionais, podem indicar doenças cardíacas ou valvulares. Assim, a ausculta das bulhas cardíacas é uma ferramenta diagnóstica vital na prática clínica. Para saber mais sobre as bulhas e funcionamento das valvas cardíacas, acesse a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. Cap. 20, p. 743-751. Referências Bibliográficas CURI, R.; PROCOPIO, J. Fisiologia básica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. Aula 3 CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL Controle da pressão arterial Olá, estudante! Nesta videoaula você irá compreender os mecanismos envolvidos no controle da pressão arterial e sua importância para o funcionamento eficiente do coração. Prepare-se para uma jornada de conhecimento enriquecedora e relevante para sua prática profissional! Vamos lá! Ponto de Partida Nesta aula, você, estudante, continuará a conhecer o sistema circulatório. Primeiramente, você irá compreender como o débito cardíaco e a frequência cardíaca influenciam a circulação sanguínea e a eficiência do coração como bomba. Em seguida, você será capaz de compreender como o sistema nervoso regula a pressão arterial em resposta a mudanças imediatas. Por fim, você irá explorar os mecanismos homeostáticos que mantêm a pressão arterial dentro de limites saudáveis ao longo do tempo, o que proporcionará uma visão abrangente e prática para desafios enfrentados na sua rotina profissional. Prepare-se para mergulhar nesse universo fascinante de conhecimento! Vamos lá! A partir de agora, você irá acompanhar Pedro, um aluno de graduação na área da saúde. Pedro é estagiário junto à equipe multidisciplinar de sua instituição. Nesse momento, ele está acompanhando a discussão do caso clínico dopaciente S.V.R., 63 anos, que vem sendo acompanhado no ambulatório da universidade. O paciente possui diabetes tipo 2 não controlada, e procurou atendimento para renovação da receita de seus medicamentos a pedido da filha. O paciente foi diagnosticado com diabetes tipo 2 há três anos e relata que, na época, foi orientado a realizar tratamento não medicamentoso, ao qual não aderiu, e uso de medicamentos, que toma de maneira esporádica. Não realiza atividade física, apresenta sobrepeso. Relata ingestão de álcool pelo menos duas vezes por semana e é tabagista. Durante o exame físico, foi realizada a aferição da pressão arterial, sendo verificado um valor de 140mmHg/95mmHg. Como somente essa medição era insuficiente para um diagnóstico preciso, foi solicitada uma monitoração residencial da pressão arterial (MRPA). Todos os procedimentos para a realização da monitoração foram explicados ao paciente, esposa e filha, para a obtenção de um resultado confiável. Após a realização da MRPA, o resultado revelou uma pressão arterial média de 140mmHg/94mmHg, fechando o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica. Como rotina das discussões entre a equipe e seus estagiários, o caso clínico apresentado foi utilizado para que estes fossem instigados a relembrar conceitos anatômicos e funcionais importantes sobre o sistema circulatório e, desse modo, relacioná-los à sua realidade profissional. Para tal, o supervisor da equipe levantou os seguintes questionamentos a Pedro e seus colegas: “Vocês saberiam explicar o que é hipertensão arterial? Que fatores influenciam na pressão arterial? A curto prazo, como o organismo reage tentando controlar o aumento da pressão arterial? Qual a importância desses mecanismos de controle para o nosso organismo?”. Como você, no lugar de Pedro, responderia a todos esses questionamentos? Vamos Começar! A pressão arterial é a força exercida pelo sangue contra as paredes das artérias enquanto é bombeado pelo coração para o resto do corpo. É um indicador crucial da saúde cardiovascular e é geralmente medida em milímetros de mercúrio (mmHg). A pressão arterial é composta por duas leituras: a pressão sistólica e a pressão diastólica. A pressão sistólica é a pressão máxima nas artérias durante a contração do ventrículo esquerdo do coração. Representa o primeiro número na leitura da pressão arterial e reflete a força com a qual o sangue é empurrado para as artérias. Já a pressão diastólica é a pressão nas artérias quando o coração está em repouso entre os batimentos, durante a fase de enchimento ventricular. Representa o segundo número na leitura da pressão arterial e indica a resistência das artérias ao fluxo sanguíneo. A pressão arterial é determinada pelo débito cardíaco (DC) e pela resistência vascular periférica (RVP). O DC é o volume de sangue que o coração bombeia por minuto, calculado pela fórmula: DC = frequência cardíaca (FC) x volume sistólico (VS). A FC é definida como o número de batimentos por minuto, e é controlada pelo sistema nervoso autônomo e por fatores hormonais. A FC se ajusta rapidamente em resposta às demandas do corpo. Desse modo, durante exercícios ou situações de estresse, o sistema nervoso autônomo simpático aumenta a FC e, consequentemente, o DC. O aumento da FC permite um maior suprimento de oxigênio e nutrientes aos tecidos. O VS é definido como a quantidade de sangue ejetada por cada ventrículo em um batimento. Ele depende da pré-carga (volume de sangue no ventrículo ao final da diástole), contratilidade (força de contração do músculo cardíaco) e pós-carga (resistência contra a qual o ventrículo deve bombear). A RVP é a resistência encontrada pelo sangue ao fluir pelos vasos sanguíneos. A vasoconstrição (diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos) aumenta a RVP, elevando a pressão arterial, enquanto a vasodilatação (aumento do diâmetro dos vasos sanguíneos) diminui a RVP, reduzindo a pressão arterial. Alterações no volume sanguíneo também promovem mudanças na pressão arterial, uma vez que influenciam diretamente no DC. Assim, o aumento do volume sanguíneo resulta em aumento do VS, que por sua vez aumenta o DC, levando ao aumento da pressão arterial. Já a diminuição do volume sanguíneo, como ocorre em hemorragias, reduz o volume sistólico, diminuindo o DC, resultando em uma redução na pressão arterial. Regulação a curto prazo da pressão arterial A regulação da pressão arterial envolve mecanismos complexos que garantem a homeostase do fluxo sanguíneo nos tecidos do corpo. Essa regulação ocorre tanto a curto quanto a longo prazo, envolvendo diferentes sistemas e mecanismos fisiológicos que atuam para manter a pressão arterial normal ou próxima do normal. A curto prazo, o principal mecanismo de controle da pressão arterial é o reflexo barorreceptor, que envolve a ativação de receptores de estiramento denominados barorreceptores, localizados principalmente no seio carotídeo e arco aórtico. O aumento da pressão arterial promove um estiramento nos barorreceptores, ativando-os. Os sinais oriundos dos barorreceptores são enviados ao centro de controle cardiovascular no bulbo, localizado no sistema nervoso central (SNC). Em resposta, o centro de controle cardiovascular aumenta a atividade parassimpática e diminui a atividade simpática, diminuindo a frequência e contratilidade cardíaca, reduzindo a pressão arterial. Nos vasos sanguíneos, a redução da atividade simpática promove dilatação das arteríolas, reduzindo sua resistência periférica e, consequentemente, a pressão arterial até o nível normal. É importante lembrar que o reflexo barorreceptor funciona o tempo todo, monitorando a pressão arterial. Contudo. quando a pressão arterial permanece elevada por um período prolongado, os barorreceptores podem se adaptar a esse novo estado. Isso significa que eles se tornam menos sensíveis ao estímulo da pressão arterial elevada, perdendo parte de sua capacidade de enviar sinais robustos ao SNC. Essa adaptação pode dificultar a regulação adequada da pressão arterial e contribuir para a manutenção da hipertensão arterial. Por isso, é um mecanismo de regulação a curto prazo da pressão arterial. Um outro reflexo envolvido no controle a curto prazo da pressão arterial é o reflexo quimiorreceptor. Os quimiorreceptores são receptores localizados nas artérias carótidas (quimiorreceptores carotídeos) e aorta (quimiorreceptores aórticos). Esses receptores são sensíveis a variações nos níveis baixos de oxigênio ou níveis altos de dióxido de carbono e íons hidrogênio. Assim, quando esses receptores são ativados, as informações são enviadas ao centro vasomotor do tronco encefálico e, como resposta, há um aumento da pressão arterial ao nível normal. Porém, o reflexo quimiorreceptor não é tão eficiente no controle da pressão arterial até que ela esteja abaixo de 80 mmHg. Desse modo, esse reflexo se torna bastante importante em pressões mais baixas, ajudando a prevenir novas quedas da pressão arterial. Regulação a longo prazo da pressão arterial É constituído por um conjunto de mecanismos que vão ajustar rigorosamente a pressão arterial, no período de horas, dias e semana, desempenhando papel fundamental na regulação da homeostase cardiovascular e na prevenção de condições como hipertensão arterial. Esse controle a longo prazo da pressão arterial está intimamente vinculado à homeostase do volume de líquido corporal, que é determinada pelo equilíbrio entre a ingestão e a eliminação de líquidos. Esses mecanismos incluem ajustes hormonais, mecanismos renais e adaptações vasculares que trabalham de forma contínua para manter a pressão arterial dentro de limites saudáveis. Um dos mecanismos que atuam a longo prazo no controle da pressão arterial é o sistema rim-volume plasmático. Esse sistema atua de forma lenta, mas bastante eficiente. Quando o volume de sangue (volume plasmático) aumenta, sem que haja alteração na capacitância vascular, a pressão arterial também aumenta. Esse aumento da pressão faz com que os rins aumentem a excreção do excesso de volume. Assim, diminuio volume plasmático, retornando a pressão arterial ao valor normal. De fato, os rins exercem um papel fundamental no controle da pressão a longo prazo, não somente por controlar a pressão arterial por meio de alterações no volume do líquido extracelular, mas também por meio de outro mecanismo denominado sistema renina-angiotensina-aldosterona. Esse sistema atua por meio de uma série de reações hormonais complexas que resultam em vasoconstrição e retenção de sódio e água. A primeira etapa envolve a liberação de renina pelas células justaglomerulares dos rins, desencadeada por uma queda na pressão arterial, diminuição do volume do líquido extracelular ou pela redução da concentração de sódio no túbulo distal do néfron. A renina é uma enzima proteolítica que converte o angiotensinogênio, uma proteína produzida pelo fígado e que circula no plasma na forma inativa, em angiotensina I (ANG I). Em seguida, a ANG I é convertida em angiotensina II (ANG II) pela enzima conversora de angiotensina (ECA), encontrada principalmente nos pulmões. A ANG II é um potente vasoconstritor que aumenta a resistência periférica, elevando a pressão arterial. A ANG II também estimula a secreção de aldosterona pela zona glomerulosa do córtex adrenal, promovendo o aumento da reabsorção de sódio pelos túbulos renais. O aumento de sódio faz com que a água também seja retida, aumentando gradativamente o volume de líquido extracelular e, consequentemente, aumentando a pressão arterial durante as horas e dias subsequentes. Além disso, a ANG II ativa os centros de sede no cérebro, promovendo o aumento da ingestão de água, o que aumenta o volume sanguíneo e, por fim, a pressão arterial. A ANG II estimula a liberação de vasopressina ou hormônio antidiurético (ADH) pela neuro-hipófise. O ADH atua nos rins aumentando a reabsorção de água, o que, por sua vez, aumenta o volume sanguíneo, levando ao aumento da pressão arterial. Por fim, a ANG II também provoca a constrição das arteríolas eferentes nos rins, aumentando a pressão de filtração glomerular. Siga em Frente... Hipertensão arterial A hipertensão é a pressão arterial cronicamente elevada, o que pode levar a várias complicações cardiovasculares, renais e neurológicas. A etiologia e a patogênese da hipertensão são multifatoriais e complexas, envolvendo uma interação entre fatores genéticos, ambientais e fisiológicos. A hipertensão pode ser classificada em primária (essencial) e secundária. A hipertensão primária representa 90-95% dos casos e não tem uma causa única definida, sendo influenciada por fatores como genética, dieta rica em sódio e pobre em potássio, obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de álcool, tabagismo e estresse. Já a hipertensão secundária, responsável por 5-10% dos casos, é causada por condições médicas secundárias a causas conhecidas, como doenças renais, distúrbios endócrinos, apneia do sono, medicações e doenças cardiovasculares. A patogênese da hipertensão arterial envolve vários mecanismos inter-relacionados. Um dos principais é o aumento da resistência vascular periférica, frequentemente iniciado por disfunção endotelial, onde há redução na produção de óxido nítrico (vasodilatador) e aumento de endotelina (vasoconstritor). Além disso, ocorre o remodelamento vascular, com espessamento das paredes das arteríolas, aumentando a resistência ao fluxo sanguíneo. Alterações no volume sanguíneo também desempenham um papel importante, com a retenção de sódio e água pelos rins sendo influenciada pelo sistema renina-angiotensina- aldosterona, que eleva o volume sanguíneo e, consequentemente, a pressão arterial. A ativação do sistema nervoso autônomo simpático contribui para a hipertensão arterial, pois aumenta a liberação de catecolaminas, que promovem vasoconstrição e aumentam a frequência cardíaca e a força de contração do coração. Disfunções no sistema renina-angiotensina- aldosterona levam à produção de ANG II, um potente vasoconstritor, e à secreção de aldosterona, que promove a retenção de sódio e água. Alterações hormonais, como concentrações plasmáticas elevadas de insulina em casos de resistência à insulina, podem causar retenção de sódio, ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e aumento da atividade simpática. Por fim, fatores genéticos também influenciam a função renal, a reatividade vascular e a regulação hormonal, predispondo os indivíduos à hipertensão arterial. O tratamento da hipertensão arterial envolve uma combinação de mudanças no estilo de vida (dieta saudável, exercício físico regular, perda de peso em indivíduos com sobrepeso ou obesidade, redução do consumo de álcool, cessação do tabagismo e gestão do estresse) e intervenções farmacológicas, visando reduzir a pressão arterial para níveis normais, prevenir complicações cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida do paciente. No tratamento farmacológico, várias classes de medicamentos podem ser utilizadas: 1. Diuréticos, que auxiliam na eliminação do excesso de sódio e água do organismo, reduzindo o volume sanguíneo e a pressão arterial. 2. Inibidores da ECA, que reduzem a produção de ANG II, levando à vasodilatação e redução da pressão arterial. Exemplos incluem enalapril e lisinopril. 3. Bloqueadores dos receptores da ANG II, que impedem a ação da ANG II nos vasos sanguíneos, promovendo vasodilatação. Exemplos incluem losartana e valsartana. 4. Beta bloqueadores, que reduzem a frequência cardíaca e a força de contração do coração, diminuindo a pressão arterial. Exemplos incluem metoprolol e atenolol. 5. Bloqueadores dos canais de cálcio, que relaxam os vasos sanguíneos ao impedir a entrada de cálcio nas células musculares lisas dos vasos, reduzindo a pressão arterial. Exemplos incluem amlodipina e verapamil. 6. Inibidores da renina, que bloqueiam diretamente a atividade da renina, acarretando uma diminuição da pressão arterial. 7. Vasodilatadores diretos, que atuam diretamente nas paredes dos vasos sanguíneos causando dilatação. Exemplos incluem hidralazina e minoxidil. Agora que você conheceu os fatores que alteram a pressão arterial e quais são os mecanismos envolvidos no seu controle, a curto e longo prazo, você é capaz de compreender a importância do conhecimento desses temas para uma boa atuação profissional. Vamos Exercitar? Agora que você conheceu os fatores que alteram a pressão arterial e quais são os mecanismos envolvidos no seu controle, a curto e longo prazo, bem como a importância desse controle para o bom funcionamento do corpo humano, vamos retomar à nossa situação-problema. Vamos considerar o caso de Pedro, um aluno de graduação na área da saúde. Pedro é estagiário junto à equipe multidisciplinar de sua instituição. Nesse momento, ele está acompanhando a discussão do caso clínico do paciente S.V.R., 63 anos, que vem sendo acompanhado no ambulatório da universidade. O paciente possui diabetes tipo 2 não controlada, e procurou atendimento para renovação da receita de seus medicamentos a pedido da filha. O paciente foi diagnosticado com diabetes tipo 2 há três anos e relata que na época foi orientado a realizar tratamento não medicamentoso, ao qual não aderiu, e uso de medicamentos, que toma de maneira esporádica. Não realiza atividade física, apresenta sobrepeso. Relata ingestão de álcool pelo menos duas vezes por semana e é tabagista. Durante o exame físico, foi realizada a aferição da pressão arterial, sendo verificado um valor de 140mmHg/95mmHg. Como somente essa medição era insuficiente para um diagnóstico preciso, foi solicitada uma monitoração residencial da pressão arterial (MRPA). Todos os procedimentos para a realização da monitoração foram explicados ao paciente, esposa e filha, para a obtenção de um resultado confiável. Após a realização da MRPA, o resultado revelou uma pressão arterial média de 140mmHg/94mmHg, fechando o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica. Como rotina das discussões entre a equipe e seus estagiários, o caso clínico apresentado foi utilizado para que estes fossem instigadosa relembrarem conceitos anatômicos e funcionais importantes sobre o sistema circulatório e, desse modo, relacioná-los à sua realidade profissional. Para tal, o supervisor da equipe levantou os seguintes questionamentos a Pedro e seus colegas: “Vocês saberiam explicar o que é hipertensão arterial? Que fatores influenciam na pressão arterial? A curto prazo, como o organismo reage tentando controlar o aumento da pressão arterial? Qual a importância desses mecanismos de controle para o nosso organismo?”. Agora, você já é capaz de ajudar Pedro e seus colegas a responderem aos questionamentos do supervisor. Vamos lá? A hipertensão arterial é uma condição crônica na qual a pressão arterial nas artérias está cronicamente elevada. Isso significa que o coração está trabalhando mais para bombear o sangue através dos vasos sanguíneos, o que pode levar a complicações sérias como ataques cardíacos, derrames e danos aos órgãos vitais. Vários fatores podem influenciar a pressão arterial, incluindo o débito cardíaco (volume de sangue bombeado pelo coração), a resistência vascular periférica (resistência dos vasos sanguíneos à passagem do sangue), a viscosidade do sangue e a elasticidade das paredes arteriais. Além disso, fatores comportamentais como dieta, atividade física, consumo de álcool e tabagismo também desempenham um papel importante. O organismo apresenta diferentes mecanismos para regular alterações na pressão arterial. A curto prazo, o organismo possui mecanismos rápidos e eficazes para controlar o aumento da pressão arterial. Um dos principais mecanismos envolvidos é a atuação dos barorreceptores, que são receptores sensoriais localizados nas paredes das artérias, especialmente nas artérias carótidas e na aorta. Quando a pressão arterial aumenta, os barorreceptores são estimulados pela distensão das paredes arteriais. Esses receptores enviam sinais nervosos para o centro cardiovascular no tronco encefálico. Em resposta a esse estímulo, o sistema nervoso autônomo, especialmente o sistema nervoso parassimpático, é ativado. O sistema nervoso parassimpático reduz a frequência cardíaca, diminuindo o débito cardíaco. Além disso, promove a vasodilatação, especialmente nas arteríolas periféricas. Isso resulta em uma redução da resistência vascular periférica e, consequentemente, da pressão arterial. Esses ajustes rápidos permitem que o organismo normalize temporariamente a pressão arterial elevada, garantindo um fluxo sanguíneo adequado para os tecidos e órgãos vitais. No entanto, em condições crônicas de hipertensão ou quando os mecanismos de controle falham, podem ocorrer danos aos vasos sanguíneos e órgãos, aumentando o risco de complicações cardiovasculares graves. Saiba Mais O débito cardíaco e a frequência cardíaca são cruciais para a manutenção da circulação sanguínea eficaz no corpo. O débito cardíaco, volume de sangue bombeado pelo coração por minuto, determina a quantidade de oxigênio e nutrientes que chegam aos tecidos. Por sua vez, a frequência cardíaca, número de batimentos por minuto, influencia diretamente o débito cardíaco. Juntos, eles asseguram que o corpo receba um suprimento adequado de sangue para sustentar as funções vitais. Alterações na frequência cardíaca e no débito cardíaco podem indicar problemas cardiovasculares e afetar a eficiência do coração como bomba, impactando a saúde geral do organismo. Para explorar mais sobre o assunto, leia a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Cap. 15, p. 484-485. O controle neural da pressão arterial é fundamental para a regulação rápida e precisa da pressão sanguínea. Este sistema envolve os barorreceptores, localizados nas paredes das artérias principais, que detectam mudanças na pressão arterial e enviam sinais ao cérebro. O sistema nervoso autônomo responde ajustando o diâmetro dos vasos sanguíneos e a frequência cardíaca, mantendo a pressão arterial dentro de limites normais. Esse controle é essencial para garantir que todos os órgãos recebam um suprimento adequado de sangue, especialmente durante situações de estresse ou atividade física, preservando a homeostase e prevenindo danos aos órgãos vitais. Para saber mais sobre o controle neural da pressão arterial, acesse a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual. HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. cap. 18, p. 215-226. O controle a longo prazo da pressão arterial é crucial para a manutenção da homeostase cardiovascular. Esse controle envolvendo mecanismos renais e hormonais, como o sistema renina-angiotensina-aldosterona, regula o volume de sangue e a resistência vascular periférica. Os rins ajustam a excreção de sódio e água, influenciando diretamente o volume sanguíneo e, consequentemente, a pressão arterial. Manter a pressão arterial estável a longo prazo é essencial para prevenir doenças cardiovasculares, como hipertensão, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral, garantindo a saúde e o funcionamento eficiente dos sistemas corporais ao longo da vida. Para saber mais sobre o controle a longo prazo da pressão arterial, acesse a seguinte obra disponível na Biblioteca Virtual: HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. cap. 19, p. 227-242. Referências Bibliográficas CURI, R.; PROCOPIO, J. Fisiologia básica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. HALL, J. E.; HALL, M. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2023. Aula 4 SISTEMA LINFÁTICO Sistema linfático Olá, estudante! Nesta videoaula você irá compreender os componentes e funções do sistema linfático. Prepare-se para uma jornada de conhecimento enriquecedora e relevante para sua prática profissional! Vamos lá! Ponto de Partida Nesta aula, você, estudante, irá conhecer o sistema linfático. Primeiramente, você conhecerá seus componentes e compreenderá quais são as funções essenciais desse sistema. Em seguida, você será capaz de compreender como ocorre a circulação da linfa e a importância dessa circulação para o organismo. Prepare-se para explorar o sistema linfático e como esse conhecimento se aplica no cotidiano profissional. Venha desvendar a importância deste sistema para a saúde e bem-estar! Vamos começar? A partir de agora, você continuará a acompanhar Pedro, um aluno de graduação na área da saúde. Pedro é estagiário junto à equipe multidisciplinar de sua universidade. Nesse momento, Pedro está acompanhando a discussão do caso clínico da paciente A.M.R, 47 anos, que procurou a Unidade Básica de Saúde de sua cidade, relatando dor na perna esquerda, inchaço, vermelhidão, sensação de calor e dificuldade para deambular. A paciente relatou que já possui diagnóstico de filariose há quinze anos. Devido à queixa do edema e notável extravasamento de líquido, foi encaminhada ao Hospital Universitário de sua cidade, onde foi realizada a drenagem do membro inferior afetado. Após a drenagem, a paciente apresentou uma lesão no mesmo local, que, com o passar do tempo, foi aumentando e abrangendo quase toda a parte posterior da perna esquerda. Devido à ocorrência de quadro infeccioso no local da drenagem, utilizou-se antibiótico (Cefalexina 500mg) e colagenase + clorafencol, apresentando melhora. A paciente apresenta sobrepeso e relata hipotireoidismo, tratado com levotiroxina sódica 50mcg. Como de costume, o caso clínico apresentado foi utilizado para discussão dos procedimentos realizados e, também, para que os estagiários relembrassem conceitos anatômicos e funcionais importantes sobre os diferentes sistemas corporais. Nesse momento, o foco era o sistema linfático. O