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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS JOHN HEBERT DA SILVA ALMEIDA ANÁLISE DE RISCOS EM FÁBRICAS DE ARTEFATOS DE CIMENTO DO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS - BA CRUZ DAS ALMAS – BA 2017 JOHN HEBERT DA SILVA ALMEIDA ANÁLISE DE RISCOS EM FÁBRICAS DE ARTEFATOS DE CIMENTO DO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS - BA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Exatas e Tecnológicas. Orientador: Prof. M.Sc. Gilmar Emanoel Silva de Oliveira CRUZ DAS ALMAS – BA 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS JOHN HEBERT DA SILVA ALMEIDA ANÁLISE DE RISCOS EM FÁBRICAS DE ARTEFATOS DE CIMENTO DO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS - BA Aprovado em: _____/_____/_____ EXAMINADORES: ______________________________________________________________ Prof. M.Sc. Gilmar Emanoel Silva de Oliveira (Orientador) ______________________________________________________________ Prof. M.Sc. Cleidson Carneiro Guimarães ______________________________________________________________ Prof. Dr. Renê Medeiros de Souza CRUZ DAS ALMAS – BA 2017 Dedico aos meus pais, que tanto me apoiaram e sempre acreditaram nos meus sonhos. AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus por sempre ter me amparado e guiado nos momentos da minha jornada até hoje. Aos meus pais e meu irmão por sempre estarem ao meu lado, me incentivando pela busca ao conhecimento, minha independência e meus sonhos. Sempre me apoiando e garantindo que o necessário não me falte. Obrigado por todo o suporte. Amo vocês! A Elton, Bruna, Tamiles, Manu, Elisa, Felipe, Paulinho, Renata, Julio, Alice, Ruan, Vitor e tantos outros que de certa forma, contribuíram para esta minha conquista. Não só nos momentos de alegria e descontração, mas nos momentos de preocupação e tristeza, nos momentos que pensei que não fosse conseguir. À Laryssa, Aline, Alexandre, Brenno, Caio, Marcello e Lucas por terem se tornado a minha família no intercâmbio. Sempre cuidando um do outro pra que nunca faltasse afeto e carinho durante esse período longe de casa. Mesmo distantes, vocês ainda fazem parte da minha vida. Ao meu orientador Gilmar Emanoel por todo o apoio, paciência e palavras de sabedoria. Sempre me motivando, mostrando o meu potencial e torcendo pelo meu sucesso pessoal e profissional. Sem a sua ajuda, este trabalho não teria sido o mesmo. Aos professores que me incentivam cada vez mais em busca do sonho com seus conselhos. À minha família que, mesmo distante, sempre torce pelo meu sucesso e minha felicidade. O meu carinho e gratidão a todos aqueles que incentivaram e contribuíram nessa minha conquista. “Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que você conquista.” (Aldo Novak) RESUMO Diante da conjuntura econômica atual do Brasil, diversas empresas precisam vencer a competitividade a fim de garantir a sobrevivência no mercado, onde uma gama de fatores acaba influenciando também os sistemas de trabalho e locais em que as mesmas estão inseridas. Sendo assim, este trabalho buscou analisar o panorama geral das condições de segurança do trabalho em três fábricas de artefatos de cimento no município de Cruz das Almas – BA. A partir de visitas de campo foi possível observar e coletar dados utilizando o método de Análise Preliminar de Risco (APR) e o auxílio de checklists, que permitiu identificar e analisar riscos relacionados às atividades realizadas pelos trabalhadores, além das condições do meio ambiente de trabalho. Foram apresentados resultados de forma individual de acordo com cada fábrica por meio de descrição de características, layout, APR e representação de mapa de risco. Por fim, os mesmos foram discutidos e exemplificados de forma geral de acordo com os tipos de risco encontrados. Dessa forma, percebeu-se que muitos deles são comuns às três fábricas, seja por similaridades nos processos de fabricação, falta de informações quanto à segurança do trabalho ou hábitos já atrelados às atividades realizadas pelos mesmos. Concluiu-se que apesar de determinados riscos estarem ligados ao tipo de exercício, muitos podem ser minimizados por meio de medidas preventivas estabelecidas em todo o ambiente laboral a fim de manter o bem-estar e a integridade física e mental dos trabalhadores. Palavras-chave: Artefatos de cimento, segurança, risco, acidente, prevenção. ABSTRACT Given the current economic situation in Brazil, several companies must overcome competitiveness in order to survive in the market, however a range of factors also end up influencing the work systems and places where they are inserted. Thus, this work aimed to analyze the general panorama of safety conditions of work in three cement products factories in the city of Cruz das Almas – BA. Through technical visits, it was possible to observe and collect information for analysis using the Preliminary Risk Analysis (PRA) method and the support of checklists, which allowed to identify and analyze risks related to activities performed by the workers, including to the environmental working conditions. Individual results were presented according to each factory through description of their characteristics, layout, PRA and risk map representation. Finally, they were discussed and exemplified in general according to the types of risk found. In this way, it was noticed that many of them are common to the three factories, due to either similarities in manufacturing processes, lack of information regarding work safety or habits already linked to the activities carried out by them. It was concluded that although certain risks are linked to the type of activities, many of them can be minimized through precautionary actions established throughout the work environment in order to ensure the well-being and physical and psychological integrity of workers. Keywords: Cement products, risk, safety, accident, prevention. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Exemplos de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) ......................................... 23 Figura 2: Exemplos de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ....................................... 24 Figura 3: Layout da Fábrica A .................................................................................................. 45 Figura 4: Mapa de Risco da Fábrica A ..................................................................................... 48 Figura 5: Layout da Fábrica B .................................................................................................. 50 Figura 6: Mapa de Risco da Fábrica B ...................................................................................... 53 Figura 7: Layout da Fábrica C .................................................................................................. 55 Figura 8: Mapa de Risco da Fábrica C ...................................................................................... 58 Figura 9: Betoneira ................................................................................................................... 59 Figura 10: Uso da betoneiraforam organizadas e guardadas para auxílio em outras etapas da pesquisa realizadas posteriormente. As avaliações dos riscos se deram com auxílio de um modelo de APR, onde, com a identificação dos perigos aos quais os trabalhadores estão expostos, pode-se classificar os mesmos de forma qualitativa, descrevendo possibilidades e medidas para eliminação dos riscos ou redução, no caso de não ser possível eliminá-lo. Como outro método de obtenção e análise de dados, foram aplicados checklists (modelo disponível no Apêndice A) adaptados de acordo com requisitos que as fábricas deveriam cumprir de acordo com as NRs. Os mesmos foram preenchidos juntamente no processo de análise dos riscos com a APR, o que permitiu melhor avaliação de situações não percebidas diretamente pelo pesquisador. Este método foi escolhido porque, além de ser um meio de melhor aferição que os questionários abertos, tem grande aceitação na área de saúde e segurança do trabalho, além de ser uma ferramenta simples tanto para quantificar como para qualificar o local e as condições dos casos analisados (BRASIL, 2003). Após a aplicação dos formulários, os resultados obtidos foram organizados para análise qualitativa possibilitando a caracterização, segundo as Normas Regulamentadoras vigentes, da real situação das fábricas, verificando-se assim, se as mesmas atendem as solicitações mínimas de segurança do trabalho. Com base nos dados das etapas anteriores, como os riscos já tinham sido analisados e categorizados, as classificações de acordo com o seu tipo e grau de potencialidade (pequeno, médio ou grande) para criação do mapa de risco se deram de forma menos complexa. 4.1 ESTRUTURA DOS RESULTADOS Os resultados dos estudos realizados foram demonstrados em etapas, onde cada uma delas foi analisada e posicionada, como no fluxograma abaixo, de forma lógica para que o sua avaliação e entendimento sejam facilitados. 43 Descrição das etapas: 1. Informações gerais sobre a fábrica: Cada fábrica foi descrita de forma geral com dados sobre jornada diária de trabalho, quantidade de funcionários, tempo de funcionamento no mercado, tipos de produtos fabricados e método de comercialização. 2. Descrição do layout: Foram utilizadas como ferramentas uma trena para medição dos espaços físicos, além do software AutoCAD para desenho dos layouts das fábricas. 3. Descrição dos riscos encontrados: Exibição dos principais riscos encontrados e classificados após análise utilizando um modelo de APR. Os mesmos serão apresentados em um quadro síntese, adaptado a partir do modelo de Análise Preliminar de Risco, agrupando diferentes aspectos: risco, causa, efeito, categoria do risco e medidas preventivas. 4. Mapa de risco: Representação gráfica dos riscos nos layouts das fábrica após categorização realizada já realizada com o auxílio da APR, sendo produzidos com o apoio do software Microsoft Office Visio. Após a realização de análises gerais de cada fábrica, os resultados foram discutidos a partir de comparações de dados e exemplificados por meio de recursos fotográficos obtidos nas visitas de campo como forma de apoio para melhor entendimento dos riscos descritos, trazendo melhor entendimento e conforto para o leitor que não teve acesso às visitas in loco nas fábricas. Para finalização dos resultados, foram propostas algumas medidas preventivas e corretivas para eliminação total do risco ou, ao menos, para tentar minimizá-lo o máximo possível. 1. Informações gerais sobre a fábrica 2. Descrição do layout 3. Demonstração dos riscos encontrados através da APR 4. Mapa de risco 44 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos com o estudo realizado descrevendo as empresas de acordo com a carga horária de trabalho, quantidade de funcionário e tempo de mercado, as análises dos riscos ambientais encontrados em cada fábrica, além da apresentação dos mapas de risco de cada fábrica avaliada. 5.1 AVALIAÇÃO GERAL DA FÁBRICA A 5.1.1 Características da Fábrica A O Quadro 06 apresenta um panorama geral quanto às características da fábrica A: Quadro 06: Características da Fábrica A Fábrica estudada Dias de funcionamento na semana Jornada diária de trabalho Tempo de mercado Quantidade de funcionários Fábrica A Segunda a sábado Seg. a sex. – 8:30 horas Sábado - 4:30 horas 30 anos 5 Fonte: Autor, 2017. A fábrica em questão atua na confecção de blocos calhas e com furos, postes, estacas, lavanderias, manilhas e pisos. A produção é dividida em três setores onde no setor de produção de blocos, canaletas e pias trabalham dois funcionários, no setor de produção de postes, estacas, pilares e pisos há dois funcionários colaborando e no setor de produção de armaduras para estacas e postes trabalha apenas uma pessoa executa as atividades. A produção da argamassa/concreto é feita no próprio setor de fabricação, ou seja, a betoneira é utilizada no setor de produção de postes, estacas, pilares e pisos e a argamassa/concreto do setor de blocos e lavanderias é produzida manualmente pelos trabalhadores desse setor. A fábrica tem funcionamento de segunda a sábado, onde operam das 7h às 11:30h e 13h às 17h de segunda a sexta e 7h às 11:30h aos sábados. As vendas são realizadas em atacado e varejo, onde, mesmo quando não há pedidos de compra, a produção continua para geração de pequeno estoque. 45 5.1.2 Layout da Fábrica A A empresa A conta com o layout apresentado na Figura 3: Figura 3: Layout da Fábrica A Fonte: Autor, 2017. 46 5.1.3 Apresentação dos riscos da Fábrica A através da APR Quadro 07: Análise Preliminar de Risco da Fábrica A LOCAL/ SETOR RISCO CAUSA(S) DANO(S) PROB. GRAV. CR GERENCIAMENTOS NECESSÁRIOS Produção de pisos, estacas, postes e pilares Ruído Presença de máquina Perda auditiva 3 4 RE Uso de EPIs Exposição excessiva à radiação solar Raios solares Queimaduras, insolação, câncer de pele 4 5 RE Uso de protetor solar, reforma do posto de trabalho Poeira em ascensão Transporte e manuseio de produtos com pequenas partículas Complicações respiratórias, irritação nos olhos 5 2 MO Uso de EPIs Contato direto com cimento Produto químico Lesões e irritações na pele 5 2 MO Uso de EPIs Má postura Execução de atividades de maneira incorreta Lesões na coluna e/ou articulações, tendinite 5 2 MO Adequação dos postos de trabalho, correção postural ao realizar atividades Quedas, tropeços Arranjo físico deficiente Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 3 3 MO Reforma e nivelamento do piso do ambiente Quedas, tropeços Obstrução dos locais de circulação Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 3 3 MO Organização e limpeza das vias de circulação Voltagem Fiação desprotegida e exposta na via de circulação Choque elétrico, queimadura, morte 2 5 MO Uso de EPIs, adequações à fiação exposta Esmagamento de membros Transporte de materiais pesados Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 1 4 TO Uso de EPIs, boas práticas ao transportar cargas Produção de blocos, canaletas, pias Poeira em ascensão Transporte e manuseio de produtos com pequenas partículas Complicações respiratórias, irritação nos olhos 5 2 MO Uso de EPIs Contato direto com cimento Produto químico Lesões e irritações na pele 5 2 MO Uso de EPIs 47 Produção de blocos, canaletas, pias Má postura Execução de atividades de maneira incorreta Lesões na coluna e/ou articulações, tendinite 5 2 MO Adequação dos postos de trabalho, correção postural ao realizar atividades Quedas, tropeços Obstrução dos locais de circulação Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 3 3 MO Organização e limpezadas vias de circulação Esmagamento de membros Armazenamento de produtos de forma inadequada Lesões, fraturas de membros 2 4 MO Adequação do modo de armazenamento Esmagamento de membros Transporte de materiais pesados Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 1 4 TO Uso de EPIs, boas práticas ao transportar cargas Produção de armaduras de aço para fabricação de estacas, postes e pilares Má postura Execução de atividades de maneira incorreta Lesões na coluna e/ou articulações, tendinite 5 2 MO Adequação dos postos de trabalho, correção postural ao realizar atividades Quedas, tropeços Obstrução dos locais de circulação Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 2 3 TO Organização e limpeza das vias de circulação Queda de materiais Uso de materiais pesados como apoio para suspensão Lesões, fraturas de membros 3 3 MO Correção da condição insegura adequando o local para apoio dos materiais Esmagamento de membros Uso de martelo Lesões, fraturas de membros 5 3 RE Uso de EPIs, boas práticas ao realizar a atividade Instalações sanitárias e outros espaços físicos da fábrica Fungos, vírus, bactérias, parasitas Instalações sanitárias deficientes Infecções, inflamações e outras doenças 3 3 MO Limpeza periódica e adaptação dos ambientes sanitários Mosquitos e Protozoários Recipientes acumulando água de forma inadequada Dengue, Chikungunya, Zika 3 2 TO Cobrir os recipientes em que água pode ser armazenada Acidente por picada de animais peçonhentos Descarte incorreto de resíduos dentro dos espaços de trabalho Picada de aranhas, cobras, escorpiões e outros animais peçonhentos 2 5 MO Criação de local para disposição dos resíduos, realização de limpeza periódica Fonte: Autor, 2017. 48 LEGENDA T Trivial MO Moderado TO Tolerável IN Intolerável RE Relevante 5.1.4 Mapa de Risco da Fábrica A Figura 4: Mapa de Risco da Fábrica A Fonte: Autor, 2017. LEGENDA Tipo de Risco Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes Grau do Risco Pequeno Médio Grande 49 5.2 AVALIAÇÃO GERAL DA FÁBRICA B 5.2.1 Características da Fábrica B O Quadro 08 apresenta um panorama geral quanto às características da Fábrica B: Quadro 08: Características da Fábrica B Fábrica estudada Dias de funcionamento na semana Jornada diária de trabalho Tempo de mercado Quantidade de funcionários Fábrica B Segunda a sábado Seg. a sex. – 7:30 horas Sábado - 4:30 horas Mais de 30 anos 2 Fonte: Autor, 2017. A fábrica em questão atua na confecção de blocos calhas e com furos, postes, estacas de cimento, balaústres, caixas para instalação de ar condicionado e pisos. Não há divisão de setores, onde, os dois funcionários trabalham juntos na produção de todos os produtos que a fábrica confecciona. Os mesmos, na grande maioria, são preparados no mesmo local (área coberta) com troca dos equipamentos de acordo com o tipo de produto a ser fabricado, com exceção na fabricação de pisos, pois a betoneira fica fora da área coberta e é utilizada nesse processo produtivo. A mesma tem funcionamento de segunda a sábado, onde operam das 7:30h às 11:30h e 13:30h às 17h de segunda a sexta e 7:30h às 12h aos sábados. As vendas são realizadas tanto de forma direta com os consumidores do varejo, quanto para fornecedores. 5.2.2 Layout da Fábrica B A empresa B conta com o layout apresentado na Figura 5: 50 Figura 5: Layout da Fábrica B Fonte: Autor, 2017. 51 5.2.3 Apresentação dos riscos da Fábrica B através da APR Quadro 09: Análise Preliminar de Risco da Fábrica B LOCAL/ SETOR RISCO CAUSA(S) DANO(S) PROB. GRAV. CR GERENCIAMENTOS NECESSÁRIOS Produção em geral Ruído Presença de máquina Perda auditiva 3 4 RE Uso de EPIs Voltagem Fiação desprotegida e exposta nas vias de circulação Choque elétrico, queimadura, morte 3 5 RE Uso de EPIs, adequações à fiação exposta Exposição à radiação solar Raios solares Queimaduras, insolação, câncer de pele 1 4 TO Uso de protetor solar, reforma do posto de trabalho Incêndio por curto- circuito Um curto-circuito na fiação elétrica pode causar incêndio Choque elétrico, queimadura, morte 3 5 RE Adequações à fiação instalada de maneira deficiente Voltagem A betoneira não tem dispositivo de partida/parada e é ligada/desligada pela tomada Choque elétrico, queimadura, morte 2 5 TO Conserto da parte elétrica da máquina, uso de EPIs Poeira em ascensão Transporte e manuseio de produtos com pequenas partículas Complicações respiratórias, irritação nos olhos 5 2 MO Uso de EPIs Contato direto com cimento Produto químico Lesões e irritações na pele 5 2 MO Uso de EPIs Má postura Execução de atividades de maneira incorreta Lesões na coluna e/ou articulações, tendinite 5 2 MO Adequação dos postos de trabalho, correção postural ao realizar atividades Esmagamento de membros Transporte de materiais pesados Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 1 4 TO Uso de EPIs, boas práticas ao transportar cargas Quedas, tropeços Obstrução das vias de circulação Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 2 3 TO Organização e limpeza das vias de circulação 52 Quedas, tropeços Arranjo físico deficiente Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 3 3 MO Reforma e nivelamento do piso do ambiente Queda de materiais Resíduos pesados descartados de forma incorreta Lesões, fraturas de membros 2 3 TO Correção do local para descarte de resíduos sólidos Instalações sanitárias e outros espaços físicos da fábrica Fungos, vírus, bactérias, parasitas Instalações sanitárias deficientes Infecções, inflamações e outras doenças 3 3 MO Limpeza periódica e adaptação dos ambientes sanitários Mosquitos e Protozoários Armazenamento inadequado de água Dengue, Chikungunya, Zika 3 2 TO Cobrir os recipientes em que água pode ser armazenada Acidente por picada de animais peçonhentos Descarte incorreto de resíduos dentro dos espaços de realização de atividades Proliferação de aranhas, cobras, escorpiões e outros animais peçonhentos 2 5 MO Criação de local para disposição dos resíduos, realização de limpeza periódica Fonte: Autor, 2017. LEGENDA T Trivial TO Tolerável RE Relevante MO Moderado IN Intolerável 53 5.2.4 Mapa de Risco da Fábrica B Figura 6: Mapa de Risco da Fábrica B Fonte: Autor, 2017. LEGENDA Tipo de Risco Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes Grau do Risco Pequeno Médio Grande 54 5.3 AVALIAÇÃO GERAL DA FÁBRICA C 5.3.1 Características da Fábrica C O Quadro 10 apresenta um panorama geral quanto às características da fábrica C: Quadro 10: Características da Fábrica C Fábrica estudada Dias de funcionamento na semana Jornada diária de trabalho Tempo de mercado Quantidade de funcionários Fábrica C Segunda a sábado Seg. a sex. – 8 horas Sábado - 4 horas Mais de 30 anos 1 Fonte: Autor, 2017. A fábrica C atua na confecção de blocos calhas e com furos, postes, estacas de cimento, manilhas e pisos. Não há divisão de setores e apenas um funcionário trabalha na produção de todos os produtos que a fábrica confecciona. Os produtos são feitos no mesmo local com troca dos equipamentos de acordo com o tipo de produto a ser fabricado. As vendas são realizadas tanto de forma direta, quanto para fornecedores. A mesma tem funcionamento de segunda a sábado, onde operam das 7:30h às 11:30h e 13:30h às 17h de segunda a sexta e 7:30h às 12h aossábados. 5.3.2 Layout da Fábrica C A empresa C conta com o layout apresentado na Figura 7: 55 Figura 7: Layout da Fábrica C Fonte: Autor, 2017. 56 5.3.3 Apresentação dos riscos da Fábrica C através da APR Quadro 11: Análise Preliminar de Risco da Fábrica C LOCAL/ SETOR RISCO CAUSA(S) DANO(S) PROB. GRAV. CR GERENCIAMENTOS NECESSÁRIOS Produção em geral Quedas, tropeços Arranjo físico deficiente Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 3 3 MO Reforma e nivelamento das vias de circulação Exposição à radiação solar Raios solares Queimaduras, insolação, câncer de pele 1 4 TO Uso de protetor solar, reforma do posto de trabalho Quedas, tropeços Obstrução dos locais de circulação Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 2 3 TO Organização e limpeza das vias de circulação Voltagem Fiação desprotegida em diversos locais da fábrica Choque elétrico, queimadura, morte 4 5 RE Adequações à fiação exposta Voltagem Máquina sem proteção da parte elétrica Choque elétrico, queimadura, morte 4 5 RE Adequações à parte elétrica das máquinas Contato direto com cimento Produto químico Lesões e irritações na pele 5 2 MO Uso de EPIs Poeira em ascensão Transporte e manuseio de produtos com pequenas partículas Complicações respiratórias, irritação nos olhos 5 2 MO Uso de EPIs Má postura Execução de atividades de maneira incorreta Lesões na coluna e/ou articulações, tendinite 5 2 MO Adequação dos postos de trabalho, correção postural ao realizar atividades Ruído Presença de máquinas Perda auditiva 3 3 MO Uso de EPIs Esmagamento de membros Transporte de materiais pesados Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 1 4 TO Uso de EPIs, boas práticas ao transportar cargas 57 Produção em geral Queda de materiais Equipamentos amontoados próximo ao local de atividades Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 3 3 MO Armazenamento adequado dos equipamentos Queda de materiais Alguns equipamentos são armazenados em locais altos com alto risco de queda Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 3 3 MO Armazenamento adequado dos equipamentos Risco de desabamento A estrutura física é inadequada e deficiente Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais, morte. 1 4 TO Reforma e adequação do local de realização de atividades Acidente por picada de animais peçonhentos Descarte incorreto de resíduos dentro dos espaços de realização de atividades Proliferação de aranhas, cobras, escorpiões 2 5 MO Criação de local para disposição dos resíduos, realização de limpeza periódica Instalações sanitárias e outros espaços físicos da fábrica Mosquitos e Protozoários Materiais descartados de forma incorreta Dengue, Chikungunya, Zika 3 2 TO Cobrir os recipientes em que água pode ser armazenada Voltagem Fiação desprotegida dentro do sanitário (ambiente úmido) Choque elétrico, queimadura, morte 2 5 MO Adequações à fiação exposta Queda de materiais Alguns equipamentos são armazenados em locais altos com alto risco de queda Lesões, fraturas de membros, danos patrimoniais 3 3 MO Armazenamento adequado dos equipamentos Fungos, vírus, bactérias, parasitas Instalações sanitárias deficientes Infecções, inflamações e outras doenças 3 3 MO Limpeza periódica e adaptação dos ambientes sanitários Fonte: Autor, 2017. LEGENDA T Trivial MO Moderado TO Tolerável IN Intolerável RE Relevante 58 5.3.4 Mapa de Risco da Fábrica C Figura 8: Mapa de Risco da Fábrica C Fonte: Autor, 2017. LEGENDA Tipo de Risco Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes Grau do Risco Pequeno Médio Grande 59 5.4 DISCUSSÃO Avaliando de forma geral, percebeu-se que os determinados riscos se repetem e são comuns a pelo menos duas das fábricas. Alguns porque são inerentes às atividades realizadas, outros por falta de informação e/ou rigorosidade quanto à segurança das atividades realizadas pelos trabalhadores e adequações do ambiente de trabalho. De qualquer forma, são fatores presentes que podem afetar de forma definitiva na vida dos presentes no local. Abaixo pode-se elencar os principais riscos encontrados e que são comuns às fábricas analisadas: a) Ruído: Cada uma das três fábricas conta com no mínimo uma máquina betoneira (Figura 9) e percebeu-se que quando a mesma estava em operação, o nível de ruído emitido era de alta intensidade. Apesar de não terem sido executadas medições dos níveis por meio de equipamento adequado (decibelímetro), pôde-se perceber desconforto por parte das pessoas que estavam próximas à máquina. Foi observado que nenhum dos trabalhadores expostos ao ruído estava fazendo uso de protetor auricular ou abafador de ruídos (Figura 10), apresentando desconformidade com a NR 6. Porém, as atividades realizadas com a betoneira acontecem em menor recorrência, logo, acredita-se que a quantidade de horas aos quais os trabalhadores ficam expostos ao risco não ultrapassa o máximo permitido pela NR 15. Figura 9: Betoneira Figura 10: Uso da betoneira sem EPI Fonte: Autor, 2017 Fonte: Autor, 2017 60 b) Exposição excessiva à radiação solar: na Fábrica A, os colaboradores do setor de fabricação de estacas, postes, pisos e pilares realizam atividades a céu aberto, ficando expostos à radiação solar como demonstrado na Figura 11. Dependendo do período de exposição, esta prática pode causar insolação nos membros expostos ou até mesmo doenças mais graves, como o câncer de pele. Na Fábrica B, apesar da maioria do espaço não contar com cobertura, quase todas as atividades realizadas pelos trabalhadores são em área protegida. O período que os mesmos ficam fora desta região pode ser considerado de curta duração. Na Fábrica C, o espaço conta com espaço a céu aberto, porém, assim como na fábrica B, as atividades são realizadas em local protegido (Figura 12). Logo, a Fábrica A apresenta desconformidade com a NR 8 e NR 21. Figura 11: Espaço não coberto na Fábrica A Fonte: Autor, 2017. Figura 12: Espaço não coberto na Fábrica C Fonte: Autor, 2017. 61 c) Inalação de poeira: nas três fábricas, os ambientes contam com grande quantidade de poeira devido aos materiais utilizados na fabricação dos artefatos de cimento. Os colaboradores fazem manejo do cimento e areia sem a utilização dos EPIs adequados para proteção das vias respiratórias (Figuras 13 e 14), onde quando esses produtos são inalados, podem causar diversas complicações respiratórias, como silicose e pneumoconiose. Estas práticas não apresentam conformidade com a NR 6. Figura 13: Realização de atividades com poeira em ascensão - Fábrica A Fonte: Autor, 2017. Figura 14: Realização de atividades com poeira em ascensão - Fábrica B Fonte: Autor, 2017. 62 d) Contato direto com cimento: na Fábrica A, apenas dois dos quatro trabalhadores dos setores de produção de estacas e postes e de fabricação de blocos usavam EPIs para impedir ou diminuir o contato direto do cimento com a pele. Onde ambos utilizavam calçado fechado e calça para proteção dos membros inferiores, porém, apenas um calçava botas adequadas para as atividades realizadas (Figura 15). Nas Fábricas B e C, nenhum dos trabalhadoresestavam fazendo uso de EPI no momento das visitas. O cimento em contato com a água produz uma reação alcalina que em contato com a pele, torna-a seca e enrijecida. Após certo tempo, faz com que apareçam fissuras e rachaduras nos locais onde houve o contato. Esses danos podem ser evitados/amenizados com o uso de luvas, botas, calças e vestimentas que protegem a região das mãos, braços e membros inferiores. Estas práticas não apresentam conformidade com a NR 6. Figura 15: Contato direto com cimento – Fábrica A Fonte: Autor, 2017. Figura 16: Contato direto com cimento – Fábrica B Fonte: Autor, 2017. 63 e) Instalações sanitárias deficientes: Nenhuma das fábricas analisadas apresentou instalações sanitárias com boa estrutura e em condições de higiene adequadas. Os locais podem conter fungos e bactérias que em contato com os colaboradores podem contaminá-los e causar infecções, inflamações ou outras doenças. Constatou-se que algumas instalações não possuem porta, iluminação, válvula para descarga, lavatório, papel higiênico e recipiente adequado para descarte de papel higiênico. Além disso, o piso e as paredes não são revestidos de material impermeável e lavável, onde pode-se perceber, a partir das imagens abaixo (Figuras 17, 18 e 19), que as fábricas não apresentam conformidade com a NR 24. Figura 17: Instalações sanitárias da Fábrica A Fonte: Autor, 2017. Figura 18: Instalações sanitárias da Fábrica B Fonte: Autor, 2017. 64 Figura 19: Instalações sanitárias da Fábrica C Fonte: Autor, 2017. f) Há armazenamento inadequado de água nos ambientes de trabalho, além de recipientes descobertos que podem acumular água nos períodos de chuva. Tais situações (vide Figuras 20 e 21) podem favorecer a proliferação de protozoários nas proximidades, onde, o mosquito Aedes aegypti pode transmitir a Dengue, Chikungunya e Zika. Figura 20: Armazenamento inadequado de água na Fábrica A Fonte: Autor, 2017. Figura 21: Armazenamento inadequado de água na Fábrica B Fonte: Autor, 2017. 65 g) Foi observado que nenhum dos trabalhadores apresentam boas práticas de ergonomia enquanto realizam as atividades diárias. Percebeu-se que não há preocupação quanto à posição da coluna ao realizar o transporte de objetos relativamente pesados, realização de atividades próximas ao solo, e até mesmo em atividades de altura intermediária, que na maioria das vezes acontecem em locais improvisados por falta de postos de trabalho adequados. Além disso, os locais de trabalho não contam com espaço para descanso dos colaboradores. Caso os mesmos sintam necessidade, precisam sentar-se no chão ou em algum equipamento/material. Com isso, percebeu-se que as condições não apresentam conformidade com a NR 17. Figura 22: Postura dos trabalhadores da Fábrica A ao realizar atividades Fonte: Autor, 2017. Figura 23: Postura dos trabalhadores da Fábrica B ao realizar atividades Fonte: Autor, 2017. 66 h) Das três fábricas analisadas, apenas a Fábrica C apresenta piso de cimento, o que propicia melhor deslocamento dentro das instalações e, além disso, evita o lançamento de mais poeira no ambiente de trabalho. Porém, determinadas regiões precisam ser reparadas já que estão deterioradas e acabam apresentando certo risco pois estão na principal via de circulação da fábrica (portão principal), como ilustrado na Figura 26. Já nas Fábricas A e B, as mesmas não contam com piso e nivelamento, onde também pode-se encontrar locais com pequenos buracos, saliências e leves depressões. Estas condições podem acarretar em acidentes entre os trabalhadores ou outras pessoas que transitam pelo local, resultando em algum dano mais grave para o patrimônio, ambiente ou pessoas. As imagens abaixo (Figuras 24 e 25) ilustram as condições relatadas e mostram que as fábricas não apresentam conformidade com a NR 8. Figura 24: Via de circulação na Fábrica A Fonte: Autor, 2017. Figura 25: Via de circulação na Fábrica B Fonte: Autor, 2017. 67 Figura 26: Via de circulação na Fábrica C Fonte: Autor, 2017. i) Apesar das vias de circulação obedecerem às condições mínimas da NR 12 (no mínimo 1,20m de largura) nas Fábricas A e B, em determinados locais, as mesmas apresentam resíduos, ferramentas e produtos finais armazenados (Figuras 27 e 28). Na Fábrica C, o espaço não conta com as especificações mínimas, e em certos espaços são menores que 1m de largura. Além disso, conta com um agravante que é o acúmulo de materiais e ferramentas nas adjacências das vias de circulação o que acaba tornando o ambiente caótico (Figura 29). Se essas obstruções não forem percebidas por aqueles que transitam no local, isto pode causar quedas/tropeços resultando em lesões e danos. Uma melhor definição e organização na disposição dos locais adequados para estocagem e armazenamento de materiais, ferramentas e produtos poderiam manter o ambiente mais conforme com a NR 12. Figura 27: Via de circulação na Fábrica A Figura 28: Via de circulação na Fábrica B Fonte: Autor, 2017. Fonte: Autor, 2017. 68 Figura 29: Via de circulação na Fábrica C Fonte: Autor, 2017. j) Eletricidade: Dentre os ambientes analisados, o que apresentou situação menos crítica, foi a Fábrica A. O risco de choque elétrico na mesma estava presente somente nas proximidades da betoneira, onde o fio condutor que alimenta a máquina, em determinada parte, estava com reparo inadequado, permitindo o contato dos transeuntes com a fiação (Figura 30). Já as Fábricas B e C, as mesmas apresentaram diversas situações de risco quanto às instalações elétricas. Os disjuntores não estavam instalados de maneira correta e ficam amarrados em pilares e paredes. Além disso, deparou-se com casos em que não há proteção para tomadas (Figura 31) e além de fiação desencapada no solo (Figura 32), facilitando o contato com pessoas que transitam pelo local e na geração de incêndios. No geral, nenhuma das fábricas apresenta conformidade com a NR 10. Figura 30: Riscos com eletricidade na Fábrica A Fonte: Autor, 2017. 69 Figura 31: Riscos com eletricidade na Fábrica B Fonte: Autor, 2017. Figura 32: Riscos com eletricidade na Fábrica C Fonte: Autor, 2017. k) Riscos de quedas de materiais: nas três fábricas A e C pode-se encontrar situações em que materiais são armazenados de maneira inadequada, tornando-as em condições inseguras. Isso deve-se ao fato de, na maioria das vezes, o piso não ser nivelado, provocando inclinação no empilhamento dos produtos estocados (Figura 33). Em outros casos, determinados objetos são utilizados como apoio para realização das atividades, porém, os mesmos não oferecem segurança pois não estão fixados firmemente. Quanto aos materiais guardados de maneira inadequada, percebeu-se que certas ferramentas são colocadas de maneira improvisada na estrutura do telhado da região de produção, onde os mesmos podem cair com choque ou impacto nas proximidades (Figura 34). 70 Figura 33: Risco de queda de materiais na Fábrica A Fonte: Autor, 2017.Figura 34: Risco de queda de materiais na Fábrica C Fonte: Autor, 2017. l) Picada de animais peçonhentos: nas três fábricas há locais onde os resíduos são armazenados de maneira que podem favorecer surgimento de animais peçonhentos. Esses resíduos são colocados em diversas regiões do ambiente de trabalho indiscriminadamente sem preocupação com a limpeza ou remoção periódica. Além disso, certos materiais velhos ou pouco usados estão dispostos de modo que facilita a entrada desses animais. Picadas de animais peçonhentos podem causar lesões na pele, necrose na região da picada, hemorragia, e em certos casos, a morte. 71 Figura 35: Locais que favorecem surgimento de animais peçonhentos na Fábrica A Fonte: Autor, 2017. Figura 36: Locais que favorecem surgimento de animais peçonhentos na Fábrica B Fonte: Autor, 2017. Figura 37: Locais que favorecem surgimento de animais peçonhentos na Fábrica C Fonte: Autor, 2017. 72 m) Esmagamento de membros por queda de materiais: o carregamento dos produtos vendidos para os veículos de frete são realizados pelos próprios empregados da fábrica, além disso, ainda há o transporte interno dos materiais a serem utilizados na produção dos artefatos de cimento. Como a maioria dos colaboradores não faz o uso de EPIs, os membros inferiores principalmente, ficam propícios ao recebimento de choques e impactos caso ocorra queda do material transportado (Figuras 38 e 39). Parte dos materiais comercializados pelas empresas são relativamente pesados (Figura 40) e podem causar graves lesões em casos de acidentes. Figura 38: Risco no transporte de carga na Fábrica A Figura 39: Risco no transporte de carga na Fábrica B Fonte: Autor, 2017. Fonte: Autor, 2017. Figura 40: Exemplos de produtos comercializados pelas fábricas Fonte: Autor, 2017. 73 5.4.1 Sugestões de melhorias ATIVIDADE/ SETOR SUGESTÕES Espaços físicos • Adaptação das vias de circulação para o mínimo de 1,20m de largura; • Construção de piso nivelado nas instalações físicas das fábricas; • Reorganização e limitação dos locais para despejo de resíduos provenientes da produção dos artefatos; • Adaptação de espaço para estoque e armazenamento de produtos para comercialização; • Criação de área coberta para locais onde são realizadas atividades a céu aberto; • Manter cobertos os locais de captação ou reserva d’água; Atividades com máquinas e equipamentos • Uso de EPI adequado ao realizar atividades com máquinas (luvas, máscaras, óculos protetores, abafadores ou protetores auriculares e entre outros); • Conserto/adaptação das máquinas que não apresentam dispositivo de acionamento e parada; • Organização e adaptação de local para armazenamento correto dos equipamentos; Instalações sanitárias • Instalação de portas com dispositivo de trancamento nos sanitários; • Instalação de iluminação adequada dentro dos sanitários; • Instalação de vaso sanitário com válvula de descarga; • Instalação de lavabo e chuveiro para higienização dos trabalhadores e transeuntes; • Fornecimento de recipiente adequado para descarte de papel; • Adaptação de revestimento lavável para paredes e pisos; • Higienização periódica do local; 74 Instalações elétricas • Organização da disposição dos fios nas instalações físicas das fábricas (os mesmos não devem ter livre acesso e contato direto com os transeuntes do local); • Adaptação de painel elétrico geral para desligamento de redes em casos de emergência; Ergonomia • Boas práticas ergonômicas ao realizar as atividades diárias (postura correta ao levantar cargas, abaixar-se ao realizar atividades próximas ao solo, evitar esforços repetitivos); • Adaptação de ambiente com assento para descanso dos trabalhadores; • Adaptação da altura e locais de apoio dos postos de trabalho (mesas e bancadas para realização de atividades específicas); • Atenção com a quantidade de carga transportada (a mesma deve ser compatível com as capacidades físicas dos trabalhadores); • Realizar pausas para descanso; Demais atividades/situações • Orientar os trabalhadores quanto ao uso dos EPIs adequados de acordo com a atividade a ser realizada (máscara, luvas e botas para atividades com cimento; máscara para proteção contra poeira; calçados fechados e resistentes para a realização transporte de cargas e produtos pesados) • Atenção ao realizar atividades com martelos e ferramentas cortantes; • Orientar os trabalhadores quanto ao uso de protetor solar; • Disponibilização de EPIs por parte das empresas (para que o empregado use os equipamentos corretos para cada atividade, a empresa precisa se preocupar com o fornecimento dos mesmos); 75 6 CONCLUSÃO Com a realização das visitas técnicas às três fábricas de artefatos de cimento localizadas na cidade de Cruz das Almas – BA foi possível identificar diversos riscos à integridade física, saúde e bem-estar dos trabalhares dos locais. As análises e resultados demonstram as diversas situações de risco que podem afetar os colaboradores de forma permanente, tendo efeitos, não somente na saúde, mas também em aspectos sociais e econômicos pois podem afetar relações familiares e a empregabilidade dos mesmos posteriormente. Pôde-se constatar que alguns riscos são comuns às empresas analisadas, seja por semelhanças nas atividades executadas (linha de produção similar), falta de informações quanto a fundamentos em saúde e segurança do trabalho ou à cultura já atrelada ao ambiente de trabalho. De modo geral, os principais riscos identificados estão relacionados ao espaço e instalações físicas das fábricas que são deficientes e não organizados em diversos aspectos. Percebeu-se também que determinados riscos são inerentes às atividades realizadas pelos trabalhadores e não podem ser eliminados totalmente, porém, os mesmos podem ser amenizados com a adoção de boas práticas na realização das atividades e no uso dos equipamentos de proteção adequados para cada exercício. Portanto, conclui-se que nenhuma das fábricas de artefatos de cimento analisadas estão em conformidade com os fundamentos da saúde e segurança do trabalho estabelecidos pelas Normas Regulamentadoras. As mesmas apresentam riscos que, caso não sejam tomadas medidas preventivas ou corretivas, podem afetar de forma negativa em aspectos que vão além do ambiente dentro das fábricas. Essas medidas prevencionistas visam, não somente a integridade física dos trabalhadores e do ambiente, mas também a saúde e o bem-estar dos mesmos. 6.2 PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS De acordo com os resultados obtidos, onde as fábricas analisadas se mostraram carentes de medidas de prevenção e fundamentos em saúde e segurança do trabalho, percebe- se a possibilidade de realização de aprofundamento no assunto abordado. Diante da existência 76 de outras fábricas de artefatos de cimento presentes na cidade de Cruz das Almas, outros ambientes semelhantes podem ser estudados e assim, podem complementar os resultados desta pesquisa. Os riscos encontrados estão presentes em atividades e condições relacionadas não somente à construção civil. Analisando de forma mais minuciosa, podemos perceber problemas relacionados às instalações elétricas, sanitárias, máquinas e equipamentos e assim, grupos de pesquisa ou de extensão envolvendo de forma interdisciplinar os cursos de Bacharelado em Ciências Exatas e Tecnológicas, Engenharia Civil, Mecânica, Elétrica e Sanitária e Ambiental da UFRB poderiamrealizar estudos em cooperação, estreitando laços não somente dentro da universidade, mas externa a ela também. Além disso, com a busca de apoio em agências de fomento, equipamentos poderiam ser adquiridos (decibelímetros, termômetros e outros equipamentos para realização de medidas) para obtenção de maior precisão nos dados coletados e portanto, um aprimoramento na confiabilidade dos resultados das pesquisas e ações. 77 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9062: Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-Moldado. Rio de Janeiro, 1985. AYRES, Dennis de Oliveira; CORRÊA, José Aldo Peixoto. 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Área Geral de Trabalho/Instalações Sim Não 1 – A área conta com espaço e layout adequados para realização segura da tarefa. 2 – As superfícies de trabalho estão secas ou então são antiderrapantes. 3 – A iluminação é adequada às tarefas que são executadas. 4 – Não se percebem odores estranhos ou contaminantes aéreos visíveis (poeiras, fumaça, névoas, vapores) na área de trabalho. 5 – O mobiliário do posto de trabalho é adequado ao funcionário (conforto/altura). 6 – Pisos, paredes e teto estão em boas condições. 02. Vias de circulação: Sim Não 7 – Os corredores são mantidos livres de refugos e desimpedidos para o uso. 8 – Buracos, obstruções ou depressões encontram-se cobertos, demarcados, ou protegidos por qualquer outra forma, de modo a evitar que representem risco à segurança. 9 – Saídas de emergência estão claramente demarcadas desimpedidas e iluminadas. 03. Equipamentos de Proteção Individual: Sim Não 10 – Existem EPIs disponíveis para cada tipo de tarefa. 11 – Os empregados estão usando corretamente os EPIs e estes são apropriados a tarefa. 12 – Os EPIs que estão sendo usados apresentam-se limpos e em boas condições. 04. Equipamentos de Combate a Incêndio: Sim Não 13 – Todos os equipamentos de combate a incêndio estão devidamente identificados. 14 – Todos os extintores encontram-se dentro de seu prazo de validade (carga/teste hidrostático) 15 – Os equipamentos de combate a incêndio (hidrantes/extintores) encontram-se desobstruídos. 16 – Existem extintores descarregados no setor. 05. Produtos Químicos: Sim Não 17 – Utilização na área de trabalho de forma adequada e em recipientes apropriados. 18 – Embalagens de produtos químicos estão rotuladas com o nome do material e com advertências referentes aos riscos imediatos que representam. 19 – Os cilindros de gases comprimidos estão adequadamente fixados para evitar que caiam durante o uso ou armazenagem. 06. Equipamentos, Máquinas e Ferramentas: Sim Não 20 – Existe espaço adequado para a armazenagem de ferramentas e outros equipamentos. 21 – As ferramentas estão em bom estado e são inspecionadas antes do uso. 22 – As ferramentas e equipamentos danificados são retirados de serviço. 23 – As ferramentas são transportadas adequadamente. 86 24 – Há espaço adequado em torno das máquinas para permitir operação e movimentação segura de materiais e pessoal. 25 – Todos os equipamentos fixos estão presos no piso de modo a impedir que se desloquem durante o uso. 26 – Todas as fontes de energia possuem sistema sinalizado e adequado para bloqueio. 27 – As máquinas possuem dispositivo de desligamento de emergência. 28 – O posto de operação da máquina/equipamento oferece ampla visão para o operador. 07. Instalações Elétricas: Sim Não 29 – Existem fiações expostas no setor. 30 – Não se usa cabos/fiação elétrica temporária em instalações permanentes. 31 – Os cabos/fios de extensão temporária não oferecem risco de tropeços na área de trabalho. 32 – Todas as máquinas/equipamentos estão devidamente aterrados. 33 – Os fios elétricos e cabos estão protegidos por eletrodutos, conduletes, etc. 34 – Os circuitos elétricos estão identificados em seus painéis para orientar os reparos e operação. 08. Arranjo físico: Sim Não 35 - A área está arrumada, limpa, organizada e livre de refugos. 36 - Não se encontra acúmulo de sujeira, poeira ou outros materiais. 37 - Não há risco de escorregões, tropeços ou riscos de queda na área de trabalho. 38 - Existem recipientes apropriados para cada tipo de resíduo gerado na área e são utilizados corretamente. 39 - Os recipientes são esvaziados todos os dias ou sempre que necessário. 09. Equipamentos para Transporte: Sim Não 40 - Carrinhos manuais estão em boas condições de uso. 41 - Os equipamentos para transporte de materiais, possuem identificação da capacidade máxima de carga. Fonte: Adaptado de Marcelo Gênesi.sem EPI ....................................................................................... 59 Figura 11: Espaço não coberto na Fábrica A ............................................................................ 60 Figura 12: Espaço não coberto na Fábrica C ............................................................................ 60 Figura 13: Realização de atividades com poeira em ascensão - Fábrica A .............................. 61 Figura 14: Realização de atividades com poeira em ascensão - Fábrica B .............................. 61 Figura 15: Contato direto com cimento – Fábrica A ................................................................ 62 Figura 16: Contato direto com cimento – Fábrica B ................................................................. 62 Figura 17: Instalações sanitárias da Fábrica A ......................................................................... 63 Figura 18: Instalações sanitárias da Fábrica B .......................................................................... 63 Figura 19: Instalações sanitárias da Fábrica C .......................................................................... 64 Figura 20: Armazenamento inadequado de água na Fábrica A ................................................ 64 Figura 21: Armazenamento inadequado de água na Fábrica B ................................................ 64 Figura 22: Postura dos trabalhadores da Fábrica A ao realizar atividades ............................... 65 Figura 23: Postura dos trabalhadores da Fábrica B ao realizar atividades ............................... 65 Figura 24: Via de circulação na Fábrica A ............................................................................... 66 Figura 25: Via de circulação na Fábrica B ................................................................................ 66 Figura 26: Via de circulação na Fábrica C ................................................................................ 67 Figura 27: Via de circulação na Fábrica A ............................................................................... 67 Figura 28: Via de circulação na Fábrica B ................................................................................ 67 Figura 29: Via de circulação na Fábrica C ................................................................................ 68 Figura 30: Riscos com eletricidade na Fábrica A ..................................................................... 68 Figura 31: Riscos com eletricidade na Fábrica B ..................................................................... 69 Figura 32: Riscos com eletricidade na Fábrica C ..................................................................... 69 Figura 33: Risco de queda de materiais na Fábrica A .............................................................. 70 Figura 34: Risco de queda de materiais na Fábrica C ............................................................... 70 Figura 35: Locais que favorecem surgimento de animais peçonhentos na Fábrica A .............. 71 Figura 36: Locais que favorecem surgimento de animais peçonhentos na Fábrica B .............. 71 Figura 37: Locais que favorecem surgimento de animais peçonhentos na Fábrica C .............. 71 Figura 38: Risco no transporte de carga na Fábrica A .............................................................. 72 Figura 39: Risco no transporte de carga na Fábrica B .............................................................. 72 Figura 40: Exemplos de produtos comercializados pelas fábricas ........................................... 72 LISTA DE QUADROS Quadro 01: Probabilidade de ocorrência de acidentes ou danos ............................................... 37 Quadro 02: Nível de Gravidade de acidentes que possam ocorrer ........................................... 37 Quadro 03: Classificação a partir da Gravidade e Probabilidade ............................................. 38 Quadro 04: Índice de risco e gerenciamento de ações a serem tomadas .................................. 38 Quadro 05: Descrição dos tipos de riscos ................................................................................. 40 Quadro 06: Características da Fábrica A .................................................................................. 44 Quadro 07: Análise Preliminar de Risco da Fábrica A ............................................................. 46 Quadro 08: Características da Fábrica B .................................................................................. 49 Quadro 09: Análise Preliminar de Risco da Fábrica B ............................................................. 51 Quadro 10: Características da Fábrica C .................................................................................. 54 Quadro 11: Análise Preliminar de Risco da Fábrica C ............................................................. 56 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABREVIATURAS ATIV. Atividade CR Categoria do Risco GRAV. Gravidade nº Número PROB. Probabilidade Seg. Segunda-feira Sex. Sexta-feira SIGLAS APR Análise Preliminar de Risco ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AEPS Anuário Estatístico da Previdência Social CA Certificado de Aprovação CAI Certificado de Aprovação de Instalações CAT Comunicação de Acidente de Trabalho CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT Consolidação das Leis do Trabalho CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas CR Categoria do Risco CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia MTE Ministério do Trabalho e Emprego NBR Norma Brasileira NR Norma Regulamentadora OIT Organização Internacional do Trabalho PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SESI Serviço Social da Indústria SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SGSST Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho SIASS Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor SIT Secretaria de Inspeção do Trabalho SST Segurança e Saúde do Trabalho SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15 2 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 17 2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 17 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 17 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 18 3.1 FÁBRICAS DE ARTEFATOS DE CIMENTO ............................................................. 18 3.2 AMBIENTE DE TRABALHO ....................................................................................... 19 3.3 ACIDENTE DE TRABALHO ....................................................................................... 19 3.4 SEGURANÇA DO TRABALHO .................................................................................. 21 3.5 PREVENÇÃO DE ACIDENTES ................................................................................... 22 3.4.1 Normas Regulamentadoras ...................................................................................... 25 3.4.2 Classificações dos Riscos ........................................................................................27 3.5 SISTEMAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO ........................................................ 31 3.5.1 Conceito ................................................................................................................... 31 3.5.2 Estrutura ................................................................................................................... 32 3.5.3 Índices de Acidentes de Trabalho e Custos ............................................................. 32 3.5.4 Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ....................................................... 34 3.5.5 Gestão dos Riscos .................................................................................................... 34 3.5.5.1 Análise Preliminar de Risco (APR) .................................................................. 35 3.5.5.2 Mapa de Risco ................................................................................................... 39 4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 41 4.1 ESTRUTURA DOS RESULTADOS ............................................................................. 42 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 44 5.1 AVALIAÇÃO GERAL DA FÁBRICA A ..................................................................... 44 5.1.1 Características da Fábrica A .................................................................................... 44 5.1.2 Layout da Fábrica A ................................................................................................. 45 5.1.3 Apresentação dos riscos da Fábrica A através da APR ........................................... 46 5.1.4 Mapa de Risco da Fábrica A .................................................................................... 48 5.2 AVALIAÇÃO GERAL DA FÁBRICA B ...................................................................... 49 5.2.1 Características da Fábrica B ..................................................................................... 49 5.2.2 Layout da Fábrica B ................................................................................................. 49 5.2.3 Apresentação dos riscos da Fábrica B através da APR ............................................ 51 5.2.4 Mapa de Risco da Fábrica B .................................................................................... 53 5.3 AVALIAÇÃO GERAL DA FÁBRICA C ...................................................................... 54 5.3.1 Características da Fábrica C ..................................................................................... 54 5.3.2 Layout da Fábrica C ................................................................................................. 54 5.3.3 Apresentação dos riscos da Fábrica C através da APR ............................................ 56 5.3.4 Mapa de Risco da Fábrica C .................................................................................... 58 5.4 DISCUSSÃO .................................................................................................................. 59 5.4.1 Sugestões de melhorias ............................................................................................ 73 6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 75 6.2 PERSPECTIVAS PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................... 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 77 APÊNDICE A – Checklist para Inspeção de Segurança ..................................................... 85 15 1 INTRODUÇÃO Com a evolução do setor imobiliário, dos programas governamentais de moradias, além do surgimento de obras de infraestrutura decorrentes das demandas para a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, o setor da construção civil teve grande fortalecimento no Brasil, principalmente entre os anos 2007 e 2013. Como parte da cadeia da construção civil, o ramo de fabricação de artefatos de cimento experimentou a mesma ascensão e consolidou-se no mercado faturando aproximadamente R$ 4,2 bilhões nesse período (OSTROVSKI, 2014). Atualmente, o Brasil está inserido num momento econômico no qual propicia uma desaceleração do consumo, acarretando em uma retração da indústria. Para sobrevivência dessas empresas, o desenvolvimento de produtos focados nos requisitos dos clientes tem se tornado de suma importância, visto que a vantagem competitiva é obtida pelo competidor que, com maior precisão, satisfaz seus clientes (REIS et al., 2017). As estratégias que visam aumentar a competitividade da empresa estão ligadas de forma inerente ao trabalhador e ao ambiente, pois estes são os bens e capital que as empresas necessitam para se desenvolverem. Nesta gama de fatores que influenciam o sistema humano- máquina-ambiente, se estabelece a necessidade do estudo da adaptação confortável e produtiva entre as condições de trabalho, o ser humano e a integridade ambiental (TAKEDA, 2010). Eventos relacionados a acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e más condições ambientais podem ser decisivos para a competitividade da empresa, influenciando, até mesmo, na sua sobrevivência no mercado. Isto se torna evidente pelo fato de que as instituições deste ramo são, predominantemente, de micro e pequeno porte (OSTROVSKI, 2014). Quanto ao aspecto humano, percebeu-se que a falta de informação e consciência dos riscos envolvidos nas etapas do trabalho faz com que muitos trabalhadores e empregadores não tomem as devidas precauções para se evitar acidentes ou doenças ocupacionais. Segundo Yamakami (2013), são muitos os acidentes que levam a morte ou deixam sequelas que impossibilitam ou dificultam o retorno do homem ao trabalho, tendo como consequência a desestruturação do ambiente familiar, onde tais perdas repercutem por tempo indeterminado. 16 É bastante comum a negligência, em algumas organizações, quanto a assuntos de segurança ocupacional, justificada, na maioria das vezes, pela escassez de recursos e pela mentalidade de que empresas com quadro reduzido de funcionários estão dispensadas das práticas de prevenção (OSTROVSKI, 2014). Apesar das empresas desse seguimento serem, majoritariamente, de pequeno e médio porte, as mesmas influenciam em aspectos econômicos e sociais dos locais em que estão inseridas. Considerando a importância das condições de conforto, saúde e segurança de trabalhadores dessas empresas, este trabalho buscou, através de pesquisa exploratória de campo e estudo de caso, avaliar as condições de trabalho e do ambiente em fábricas de artefatos de cimento presentes na cidade de Cruz das Almas - Bahia. Este estudo está dividido em 6 capítulos. Na presente seção inicial, introduz-se o tema escolhido para estudo e no capítulo 2 são demonstrados os objetivos geral e específicos. No capítulo 3, apresenta-se a fundamentação teórica em que os estudos foram embasados e no capítulo 4 estão explicitados a metodologia utilizada para o seguimento da pesquisa. No capítulo 5 estão disponíveis os resultados obtidos, discussões e recomendações acerca das avaliações efetuadas in loco. E por fim, conclui-se o trabalho no capítulo 6. 17 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL • Identificar e analisar os riscos aos quais trabalhadores estão expostos em fábricas de artefatos de cimento localizadas na cidade de Cruz das Almas - BA. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Identificar riscos ambientais presentes nos locais de trabalho; • Identificar riscos, inerentes ou não, relacionados às atividades executadas pelos trabalhadores das fábricas; • Desenvolver mapas derisco de acordo com as análises realizadas em cada fábrica; • Propor medidas preventivas visando minimizar os riscos identificados e evitar acidentes de trabalho; 18 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 FÁBRICAS DE ARTEFATOS DE CIMENTO Para Bonafé et al. (2015), qualquer material que utilize cimento como aglomerante pode ser caracterizado como um artefato de cimento. De forma geral, isso pode ser referido a peças pré-moldadas ou produtos decorativos para acabamento de obras. De acordo com a NBR 9062 (ABNT, 2006), os elementos pré-moldados podem ser definidos como peças executadas industrialmente, mesmo em instalações temporárias em canteiros de obra, ou em instalações permanentes de empresa destinada para este fim que atende aos requisitos mínimos de mão-de-obra qualificada. Com a forte concorrência, as empresas que atuam na construção civil acabam criando estratégias para se manter cada vez mais competitivas, de modo que a redução de custos de produção, menor desperdício, tempos de execução, otimização da mão de obra são fatores que devem ser ponderados. O uso de metodologias que propiciem a industrialização da construção civil se torna uma alternativa interessante, como é o caso da aplicação de elementos pré- moldados (MILANI et al., 2012). Nas indústrias de fabricação de artefatos de cimento, as atividades desenvolvidas envolvem risco de grau 4 numa escala que varia de 1 (mínimo) a 4 (máximo), de acordo com o Quadro I da NR 4 que relaciona Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) com um correspondente grau de risco (BRASIL, 2008). E diante de um mundo globalizado é importante que as organizações voltem sua atenção não apenas para o desenvolvimento da produção e comercialização de seus produtos e serviços, mas principalmente para seus trabalhadores de forma que esses não sejam caracterizados como meros recursos produtivos. As empresas devem atuar de forma consciente e responsável no mercado, enxergando os impactos que as suas atividades geram na saúde e segurança de seus trabalhadores, no mercado consumidor, e no meio ambiente (SILVA e MENDONÇA, 2012). 19 3.2 AMBIENTE DE TRABALHO A proteção e a preservação do meio ambiente do trabalho são fatores essenciais para a realização de um trabalho com dignidade, onde o trabalhador não pode ser considerado como mera máquina para execução de serviços sofrendo prejuízos à sua integridade física, psicológica e moral (MORAES, 2012). De acordo com Fiorillo (2006), ambiente de trabalho: é o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos, etc). O ambiente de trabalho é composto por um conjunto de fatores que fogem ao controle, seja pelos níveis permitidos ou pelos processos que desencadeia, tornando o ambiente de trabalho suscetível ao desenvolvimento das chamadas patologias do trabalho que podem ser citadas como acidentes do trabalho, doenças profissionais ou doenças do trabalho (SANTOS, 2013). O conceito de Meio Ambiente do Trabalho não abrange apenas o local onde o trabalhador desenvolve suas atividades, mas também todas as condições a que ele se submete para que determinada atividade se torne possível. Logo, a definição de meio ambiente do trabalho também deve levar em consideração a jornada de trabalho, horas extras, horário intra e entre jornadas, bem como o salário ou remuneração. Tudo isso visando a satisfação da parte hipossuficiente da relação, o trabalhador (LOPES et al., 2015). 3.3 ACIDENTE DE TRABALHO Para Souza (1998), acidente de trabalho deve ser entendido como: não só como aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou perda ou redução permanente ou temporária, da capacidade de trabalho, mas também como variada gama de doenças profissionais. Segundo o Artigo 19 da Lei n° 8.213 (BRASIL, 1991), acidente do trabalho é: 20 o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. O Artigo 21 (BRASIL, 1991) da mesma Lei ainda acrescenta que pode ser definido como acidente de trabalho: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; Para que o acidente, ou a doença, seja considerado como acidente do trabalho é imprescindível que seja caracterizado tecnicamente pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que fará o reconhecimento técnico do nexo casual entre o acidente e a lesão, a doença e o trabalho, e a causa mortis e o acidente. Na conclusão da perícia médica, o médico perito pode decidir pelo encaminhamento do segurado para retornar ao trabalho ou emitir um parecer sobre o afastamento (ZAGO, 2014). Além das explanações feitas anteriormente para definir o termo acidente de trabalho, também faz-se necessário o conhecimento de outros termos ligados ao mesmo. Estes conceitos básicos precisam ser conhecidos para uma melhor contextualização sobre o assunto, onde os mesmos podem ser descritos como (WELTER, 2014): a) Risco: combinação da probabilidade e das consequências de ocorrer um evento não desejado que pode se transformar em dano à saúde, integridade das pessoas, materiais e ambiente do trabalho. Assim, o termo “risco” deve ser entendido como sendo um adjetivo que caracteriza os perigos, ou seja, um perigo pode ter um risco alto ou baixo. b) Segurança: o estado de estar livre de riscos inaceitáveis de danos. 21 c) Saúde: estado de bem estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doenças ou enfermidades. d) Segurança e Saúde no Trabalho: é o estado de estar livre de riscos inaceitáveis de danos nos ambientes de trabalho, garantindo o bem estar físico, mental e social dos trabalhadores. e) Não-conformidade: é não-atendimento a um requisito legal, norma técnica, diretriz ou procedimento interno da organização, ou seja, qualquer desvio em relação às normas de trabalho, práticas, procedimentos, regulamentos, desempenho do sistema de gestão, etc., que podem direta ou indiretamente levar a lesões ou doenças, danos à propriedade, prejuízo ao ambiente de trabalho, ou à combinação desses. f) Correção: é a ação tomada para eliminar uma não-conformidade definida para transformar uma situação não-conforme em conforme. 3.4 SEGURANÇA DO TRABALHO A Segurança do Trabalho pode ser definida como a ciência que, através de metodologias e técnicas apropriadas, estuda as possíveis causas de acidentes do trabalho, tendo como objetivo a prevenção de sua ocorrência, cujo papel é auxiliar o empregador, visando a preservação da integridade físicae mental dos trabalhadores e a continuidade do processo produtivo (VOTORANTIM METAIS, 2005 apud SILVA, 2006). Este é um tema que vem sendo discutido pelo mundo, e apesar de ser abordado em escalas diferentes em cada lugar, deve ser um dos assuntos centrais na rotina de diversas empresas, seja ela de pequeno, médio ou grande porte, pois tem como objetivo a preocupação com o bem estar do funcionário e de sua família (MORAIS, 2015). Morais (2015) ainda afirma que os acidentes são causados pelos atos inseguros ou pelas condições inadequadas de trabalho. Os atos inseguros são denominados por ações indevidas ou inadequadas cometidas pelos colaboradores, podendo resultar em acidentes, enquanto que as condições inadequadas são aquelas presentes no ambiente de trabalho que podem vir a causar um acidente, podendo estar ligada de forma direta ou indireta ao trabalhador, ou seja, é uma situação em que o ambiente pode proporcionar riscos de acidentes do trabalho, ao meio ambiente e equipamentos durante a realização das atividades. 22 Para exemplificar algumas ações consideradas “atos inseguros”, tem-se (MENDES, 2013): • Não uso de EPI; • Trabalho sob a influência de álcool ou outras drogas; • Operação de equipamentos sem autorização; • Realização de manutenção de equipamentos em operação; • Utilização de equipamento defeituoso; • Utilização de equipamentos de maneira incorreta; • Operação em velocidade inadequada; • Extração dos dispositivos de segurança; • Transporte de maneira incorreta; • Levantamento de objetos de forma incorreta; • Adoção de uma posição inadequada para o trabalho; Como exemplos de “condições inseguras”, tem-se (MENDES, 2013): • Equipamentos de proteção inadequados ou insuficientes; • Proteções e barreiras impróprias; • Perigos de explosão e incêndio; • Ferramentas, equipamentos ou materiais imperfeitos; • Espaço restrito ou congestionado; • Desordem; • Condições ambientais perigosas: gases, poeira, fumaça, vapores; • Radiações; • Temperaturas extremas; • Ruídos excessivos; • Iluminação excessiva ou inadequada. 3.5 PREVENÇÃO DE ACIDENTES A prevenção dos acidentes deve ser realizada por meio de medidas gerais de comportamento, eliminação de condições inseguras e treinamento dos empregados, onde o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) deve ser obrigatório, havendo 23 fiscalização em todas as atividades, oferecimento de treinamento quanto ao seu uso correto. As tarefas devem ser previamente avaliadas, os riscos e os padrões de trabalho identificados e todos devem ser responsáveis pela segurança e prevenção dos acidentes (SILVA, 2006). A utilização dos EPIs é de extrema importância na prevenção dos acidentes, pois muitas vezes, as medidas de controle relativas ao ambiente não são suficientes para eliminar os riscos. O uso e o cuidado com o equipamento de segurança faz parte do trabalho de cada um, sendo que existe sempre um EPI apropriado à tarefa que será realizada (VOTORANTIM METAIS, 2005 apud SILVA, 2006). Além disso, junto com os equipamentos de proteção individual, atuam os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) na prevenção dos acidentes. Os mesmos são equipamentos que neutralizam o risco na fonte. Quando instalada, por exemplo, uma proteção acústica, está havendo uma atuação sobre o ambiente de trabalho, sendo esta medida chamada de proteção coletiva, pois protege o conjunto de trabalhadores (SILVA, 2006). Nas Figuras 1 e 2 estão ilustrados alguns exemplos de Equipamentos de Proteção Individual e Equipamentos de Proteção Coletiva: Figura 1: Exemplos de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) Fonte: Blog da Engenharia, 2014. 24 Figura 2: Exemplos de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) Fonte: Aguado Máquinas & Ferramentas, 2017. Porém, por mais que uma empresa faça investimentos na aquisição dos EPIs, se os empregados não estiverem dispostos a mudarem seus hábitos no dia a dia de trabalho, os resultados continuarão sendo os mesmos. Munir os colaboradores com equipamentos de proteção individual, como uniformes, óculos, máscaras e luvas é indispensável para dar segurança durante a execução das atividades laborais, mas cada indivíduo também precisa contribuir efetivamente para o bem individual e da própria equipe (MORAIS, 2015). De acordo com Gelfei (2012), engenheiro de Segurança do Trabalho e inspetor do CREA-Paraná, a falta de conscientização dos trabalhadores e da sociedade é o grande problema. Para ele, não basta o engenheiro analisar os riscos e transmiti-los ao técnico de Segurança do Trabalho que supervisionará a obra. Ele afirma que “os funcionários precisam entender que a segurança depende de sua própria conduta, enquanto os técnicos atuam como auxiliadores na orientação da segurança”, explica. Segundo o engenheiro, exigir condições seguras de trabalho é obrigação de todos, desde trabalhadores em cargos mais baixos aos de gerência, além da sociedade. O manual Comportamento Seguro (FIBRIA, 2013) ainda afirma que: A eliminação dos comportamentos de risco sem modificar os valores da organização pode ser muito difícil. Quando existem práticas de risco, não basta apenas modificá- las. Se os valores não se alteram, a modificação da prática não traz benefícios a longo prazo. Uma fábrica pode desejar ser líder em segurança, entretanto se um grupo de funcionários não der o mesmo valor à segurança, ele não vê razões para mudar o que está sendo feito, mesmo que isso envolva algum risco de acidente. [...] O empregado sabe que para trabalhar no esmeril deve-se usar protetor facial. Mas se 25 está acostumado a não usar o protetor facial e, por diversas vezes, já viu seus colegas também trabalharem no esmeril sem usar o protetor facial, mesmo reconhecendo o risco, irá escolher trabalhar sem a proteção facial. A implementação de um projeto de conscientização para gestores e trabalhadores faz- se necessário pois traz melhorias na qualidade de vida dos envolvidos, qualidade e produtividade no trabalho além da redução de custos com benefícios, despesas médicas e hospitalares e substituição de pessoal (MORAIS, 2015). Itiro Iida (2002) afirma que, o acompanhamento da segurança pode ser feito por meio de inspeções periódicas aos principais postos de trabalho, sendo disponíveis questionários ou checklists para fazer essas verificações. Se houver um acidente, deve ser preparado um relatório minucioso, descrevendo o tipo de acidente, a lesão causada e as condições do local onde ocorreu o acidente, verificando, principalmente, se houve algum desvio, em relação às condições normais de operação. 3.4.1 Normas Regulamentadoras A Norma Regulamentadora tem como objetivo servir de balizamento e de parâmetro técnico às pessoas ou empresas que devem atender aos ditames legais e que, também, devem observar o pactuado nas convenções e nos Acordos Coletivos de Trabalho de cada categoria e nas Convenções coletivas sobre Prevenção de Acidentes (SCHROPFER, 2013). Segundo a NR 1 (BRASIL, 1978), as Normas Regulamentadoras são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e indireta, incluindo-se órgãos dos poderes legislativo e judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). As mesmas regulamentam e fornecem orientações sobre procedimentos obrigatórios relacionados à medicina e segurança do trabalho. Nem todas as normas são pertinentes a todos os setores da economia, devendo ser utilizadas as correspondentes com as avaliações realizadas. Algumas podem ser brevemente descritas como (SCHROPFER, 2013): 26 • NR 01 – Disposições Gerais: As empresas privadas e públicas que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) deverão cumpriras normas regulamentadoras relativas à segurança e à medicina do trabalho. • NR 02 – Inspeção Prévia: Estabelece que todo estabelecimento novo deverá solicitar aprovação de suas instalações ao órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que emitirá o Certificado de Aprovação de Instalações (CAI). • NR 03 – Embargo ou Interdição: A Delegacia Regional do Trabalho poderá interditar e/ou embargar o estabelecimento, as máquinas, o setor de serviços, se eles demonstrarem grave e iminente risco para o trabalhador. • NR 04 – Serviços Especializados em Medicina e Segurança do Trabalho (SESMT): Estabelece a obrigatoriedade de manter um SESMT vinculado à gradação do risco de atividade e ao número de empregados. • NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): Estabelece a obrigatoriedade de organizar e manter CIPA composta por representantes do empregador e dos empregados, com o objetivo de verificar condições de risco e participar das soluções para controle das mesmas. • NR 06 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI): As empresas são obrigadas a fornecer gratuitamente aos seus empregados equipamentos de proteção individual (EPI), destinados a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. Todo equipamento deve ter o Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho e Emprego. • NR 08 – Edificações: Estabelece os requisitos técnicos que devem ser observados nas edificações para garantir a segurança e o conforto dos que nelas trabalham. • NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA): Dispõe sobre a elaboração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais visando a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores. • NR 10 – Instalações e Serviços de Eletricidade: Estabelece as condições mínimas exigíveis para garantir a segurança dos empregados, usuários e terceiros que trabalham em instalações elétricas. • NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais: Estabelece normas de segurança para o transporte, manuseio, movimentação e armazenagem de materiais. 27 • NR 12 – Máquinas e equipamentos: Estabelece normas de segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Regulamente as instalações e áreas de trabalho; distâncias mínimas entre as máquinas e os equipamentos; dispositivos de acionamento, partida e parada das máquinas e equipamentos. • NR 17 – Ergonomia: Estabelece parâmetros para adaptação das condições de trabalho as características psicofisiológicas dos trabalhadores. Obriga o empregador a realizar a análise ergonômica do trabalho. • NR 21 – Trabalho a céu aberto: Dispõe sobre as condições do trabalho a céu aberto. Define o tipo de proteção aos trabalhadores que trabalham sem abrigo contra intempéries, insolação e condições sanitárias. • NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho: Dispõe sobre as condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho. Todo estabelecimento deve atender às determinações desta norma, no tocante à otimização das condições, e às instalações sanitárias e de conforto. 3.4.2 Classificações dos Riscos De acordo com Costa (2010), os riscos são comuns e estão presentes em todos os ambientes nos quais se desenvolvem atividades humanas. Seja em locais de trabalho ou em práticas diárias frequentes, a segurança e a saúde humana podem ser afetadas. Como consequências diretas dos riscos presentes no ambiente de trabalho, podem surgir lesões imediatas e/ou doenças do trabalho em curto, médio e longo prazo. Ainda segundo o autor, é imprescindível saber reconhecer, identificar e avaliar os riscos existentes no local de trabalho. São considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos que possam trazer ou ocasionar danos à saúde do trabalhador nos ambientes de trabalho, em função de sua natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição ao agente (AYRES E CORREA, 2011). De acordo com a Portaria n˚ 3.214 do Ministério do Trabalho (BRASIL, 1978), os riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores, presentes ou relacionados ao trabalho, podem ser classificados em cinco grupos: I. Riscos Físicos 28 De acordo com Santos (2014), os riscos físicos são efeitos que podem ser ocasionados por máquinas, equipamentos e condições físicas que de acordo com o ambiente de trabalho que podem vir a causar danos à saúde do trabalhador. A partir da NR 9 (BRASIL, 1978), pode-se exemplificar e conceituar alguns agentes físicos como: • Ruído - definido como um som indesejável, produto das atividades diárias da comunidade. O som representa as vibrações mecânicas da matéria através do qual ocorre o fluxo de energia na forma de ondas sonoras; • Vibração - É qualquer movimento que o corpo executa em torno de um ponto fixo. Assim como o ruído, pode provocar danos à saúde se houver exposição em altos decibéis; • Radiação ionizante - São emissões de energia em diversos níveis, desde a faixa do visível, passando pelo ultravioleta, raios-X, raios gama, partículas alfa e beta capazes de em contato com elétrons de um átomo, retirá-los, provocando a ionização dos mesmos; • Radiação não ionizante - São classificadas pelo comprimento de onda de nanômetros a quilômetros. Conforme a sua freqüência podem ser apenas refletidas e absorvidas sem conseqüências, a medida que aumentam fazem contrações cardíacas, debilitação do sistema nervoso central e como efeitos agudos causam catarata ou até mesmo a morte. Fator determinante é o tempo de exposição. São exemplos: raios visíveis, infravermelho, microondas, freqüência de rádio, raios laser; • Umidade - Faixa de conforto a que corresponde à temperatura de 22 a 26 °C e umidade relativa do ar entre 45% e 50%; • Variações atmosféricas - exposição a temperaturas e climas variáveis e/ou extremados, pressão atmosférica. II. Riscos Químicos Os agentes químicos, assim como outros agentes, também são definidos pela NR 9 (BRASIL, 1978) como substâncias, produtos ou compostos que possam afetar a saúde e integridade do colaborador através de absorção pelo organismo através da pele e ingestão ou 29 pela penetração através das vias aéreas respiratórias. Alguns riscos químicos podem ser exemplificados como: poeiras, fumos, névoas, gases, vapores e entre outros. Os agentes químicos que podem causar doenças profissionais são encontrados nas formas gasosa, líquida e sólida e, quando absorvidos pelo nosso organismo, produzem, na grande maioria dos casos, reações chamadas de venenosas ou tóxicas. Há três vias básicas de penetração dos tóxicos no corpo humano: respiratória, cutânea e digestiva (SANTOS, 2013). Os riscos químicos podem ser exemplificados em diferentes formas como (QUEIROZ, 2010): a) Contato com soluções químicas: líquidos, aerossóis, gases, poeiras, vapores; b) Manipulação de substâncias que podem produzir alguma toxicidade em quem os manipula: alvejantes, chumbo, desinfetantes, anestésicos, compostos químicos, fotográficos; c) Falhas técnicas quanto à concentração e indicação de desinfetantes ou outras substâncias. III. Riscos Biológicos De acordo com a NR 9 (BRASIL, 1978), os riscos biológicos englobam bactérias, fungos, vírus e outros que constam no Quadro 05. Geralmente, esses agentes biológicos são visíveis apenas ao microscópio, sendo capazes de resultar em doenças, deteriorações de alimentos e mau cheiro. Os mesmos apresentam muita facilidade de reprodução, além de contarem com diversos processos de transmissão. Santos (2014) completa que os mesmos podem vir a desencadear doenças provenientes da contaminação ou do próprio ambiente de trabalho, onde os casos mais comuns de manifestação são: a) Nos ferimentos podem provocar infecção por tétano; b) Hepatite, tuberculose, micoses da pele, entre outras, que podem ser levados por funcionárioscontaminados para o ambiente de trabalho; c) Diarreias causadas pela falta de asseio e higiene em ambiente de alimentação. 30 IV. Riscos Ergonômicos A ergonomia é definida pela NR 17 (BRASIL, 1978) como um conjunto de parâmetros que podem adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos colaboradores, para que estes possam trabalhar em um ambiente com um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Mattos (2011) compara o rendimento do homem ao de uma máquina, apresentando dados relevantes que demonstram a superioridade desta última citada em aspectos como potência, capacidade de levantamento de carga e gasto energético. Finaliza comparando o homem a uma ferramenta universal, com baixa capacidade para realizar grandes potências, mas com grande versatilidade na realização de tarefas. Diante desse quadro adverso, existem diversas situações anti-ergonômicas no ajuste da carga do trabalho físico e da capacidade do trabalhador, sendo as principais, segundo Couto (1995): a) Carga do trabalho físico excessivamente pesada para quase todos os trabalhadores. b) Peso da carga de trabalho, mesmo não sendo excessivamente pesada, ultrapassa o limite de 1/3 da capacidade aeróbica do pessoal (capacidade máxima física de um ser humano numa jornada de 8 horas), não existindo pausas suficientes para recuperação. c) Número de horas reais de trabalho muito altas, seja na empresa ou na complementação de rendimentos fora dela. d) Quando um novo trabalhador, com baixa capacidade aeróbica, entra em uma função tolerada por trabalhadores com alta capacidade aeróbica, sem prévia verificação médica. e) Quando há a combinação de uma pesada carga de trabalho com alta temperatura. V. Riscos de Acidentes (Risco Mecânico) De acordo com Costa (2010), diversos elementos presentes no ambiente de trabalho podem comprometer a integridade física dos trabalhadores em diferentes formas. Porém, fazem parte dos riscos de acidentes, os que têm potencial de agredirem os indivíduos por meio de alguma ação mecânica. Os mesmos podem ser elencados como: 31 a) O arranjo físico quando inadequado ou deficiente pode ocasionar graves acidentes ou desgaste físico excessivo dos trabalhado; b) Máquinas sem proteção que aumentam consideravelmente o risco de provocar acidentes graves, e muitas vezes letais; c) Instalações elétricas naturalmente trazem riscos como curto circuito, choques elétricos, dentre outros, que podem ser potencializados em caso de inadequações; d) Ferramentas, quando defeituosas ou usadas inadequadamente podem provocar acidentes e lesões graves; e) Transporte de materiais, peças e equipamentos pode ser um carreador de riscos de acidentes graves, muitas vezes até letais; f) Edificações com defeitos de construção podem conter vários fatores que contribuam para a ocorrência de acidentes, como desníveis, escadas fora de ausência de saídas de emergência, mezaninos sem proteção, passagens sem a altura necessária; g) Armazenamento e manipulação de inflamáveis, curto circuito e sobrecargas elétricas oferecem um perigo eminente de incêndios e explosões; h) Armazenamento e transporte de materiais e a eventual obstrução de áreas no ambiente de trabalho traz consigo riscos de acidentes, de quedas, de incêndio, explosão e outros; i) Equipamento de proteção contra incêndios quando instalados de maneira deficiente, insuficiente ou até mesmo a instalação de equipamentos defeituosos configuram um risco efetivo de incêndios; j) Sinalização deficiente, como a não identificação de equipamentos perigosos, não delimitação de áreas informações de segurança insuficientes ou inadequadas comprometem a saúde ocupacional dos indivíduos. 3.5 SISTEMAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO 3.5.1 Conceito Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2004 apud BENITE, 2004, p. 31), o objetivo da Segurança e Saúde do Trabalho (SST) é: promover e manter um elevado grau de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as suas atividades, impedir qualquer dano causado pelas 32 condições de trabalho e proteger contra os riscos da presença de agentes prejudiciais à saúde. Barreiros (2002) define SGSST como um conjunto de iniciativas da organização formalizado através de políticas, programas, procedimentos e processos integrados ao negócio da organização para auxiliá-la a estar em conformidade com as exigências legais e demais partes interessadas e, ao mesmo tempo, dar coerência a sua própria filosofia para conduzir suas atividades de forma ética e com responsabilidade social. Para Benite (2004, p. 70), um aspecto fundamental para um bom resultado de gestão da SST é: a aderência entre as ações concretas que são desencadeadas na empresa e a política estabelecida, pois, caso contrário, o programa poderá perder a sua credibilidade. Com isso, as políticas que não expressam a realidade e objetivos exequíveis podem provocar desmotivação dos funcionários. 3.5.2 Estrutura As funções, responsabilidades e autoridades do pessoal que administra, executa e verifica atividades que têm efeitos sobre os riscos de atividades, instalações e processos da organização, devem ser definidas, documentadas e comunicadas para facilitar a gestão de Segurança e Saúde do Trabalho (BENITE, 2004). Benite (2004) acrescenta que, a responsabilidade final sobre SGSST pertence à alta administração. A organização deve designar um membro da alta administração (diretor ou membro do comitê executivo, por exemplo) com a responsabilidade de assegurar que o Sistema de Gestão de SST seja devidamente implementado e atenda aos requisitos nas situações e locais de operação da organização. 3.5.3 Índices de Acidentes de Trabalho e Custos A OIT fez a estimativa que 2,34 milhões de pessoas morrem todo ano no mundo devido a acidentes de trabalho e doenças, onde as doenças relacionadas ao trabalho seriam a causa de cerca de dois milhões dessas mortes (OIT, 2013). 33 Nesse cenário, o Brasil é o quarto colocado na quantidade de acidentes de trabalho, onde segundo dados da última atualização do Anuário Estatístico da Previdência Social 2015, no referido ano foram registrados no INSS cerca de 612,5 mil acidentes do trabalho, onde só na Bahia, ocorreram 17.599 acidentes, resultando na mesma ocupando o primeiro lugar no número de acidentes na região Nordeste (PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2016). Este é um número relativamente alto pois dados do anuário referente ao ano de 2013, mostram que 45% dos acidentes registrados resultaram em afastamento temporário do trabalho, invalidez ou óbito (PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2015). Além disso, tem-se como agravante o fato que as estatísticas incluem apenas os trabalhadores com carteira assinada, o que equivale a pouco menos de 50% da população economicamente ativa no País. Além de metade da população trabalhadora não estar contemplada nas estatísticas de Segurança do Trabalho, ainda existe um engessamento na cultura com relação à notificação de acidentes de trabalho no País, fazendo com que muitos nem sejam registrados ou notificados através da Comunicação de Acidentes de Trabalho (VOTORANTIM METAIS, 2015). Levando em consideração os prejuízos de um acidente de trabalho, os efeitos são inúmeros e extremamente negativos e onerosos. O trabalhador e a família sofrem os maiores prejuízos, pois o mesmo acaba ficando impedido de exercer o seu trabalho, o sustento da família. Os custos do INSS são muito altos considerando os gastos com benefícios: aposentadoria antecipada, auxílio acidente, reabilitação e readaptação do segurado-acidentado e gastos com saúde (BOSI, 2006). Em pesquisas junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Costa (2016) constatou que: o número de contribuintes em 2014, dado mais recente, era de 54,8 milhões. Nesse mesmo ano, a Previdência gastou R$ 9,56 bilhões empagamentos de benefícios por acidente de trabalho. Em dezembro de 2014, 861,13 mil pessoas recebiam esse tipo de benefício. Já em relação às empresas, Bosi (2006) acrescenta que as mesmas são prejudicadas com a diminuição na produção, gastos com trabalhadores substitutos, e até mesmo pagando hora extra, além disso, acabam perdendo credibilidade social, danificando a imagem da empresa. 34 3.5.4 Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) CAT é um registro administrativo que deve ser preenchido toda vez que um trabalhador regido pela CLT sofre um acidente de trabalho ou uma doença ocupacional. O seu objetivo é notificar o caso ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), o qual deverá tomar as devidas providências no caso do trabalhador ter que se afastar do trabalho para tratamento e recuperação por um período superior a 15 dias consecutivos (COCHARERO, 2007). Há necessidade de notificar a ocorrência de acidentes sejam esses fatais ou não. Essa comunicação deve ser feita através de um formulário que a empresa deverá preencher após o fato ocorrido com o seu empregado, havendo ou não afastamento do acidentado, em caso de ocorrência letal ou não letal. Assim, após a execução dos procedimentos de primeiros socorros e assistência ao acidentado, a empresa deverá comunicar o ocorrido à Previdência Social em no máximo um dia útil após o ocorrido. Em caso de morte, porém, essa comunicação deve ser feita de imediato junto à autoridade policial. Em ambos os casos a pena pela irregularidade de não notificar as autoridades competentes é de multa variável entre o limite mínimo e o limite do salário de contribuição, podendo ser aumentada sucessivamente conforme reincidência (SESI-SEBRAE, 2005). O seu preenchimento é imprescindível, não só para garantir o direito do trabalhador ao seguro acidentário, mas também para alimentar a base de dados que é utilizada para mapear as ocorrências por tipo, motivo, região, atividade econômica, faixa etária, etc (COCHARERO, 2007). Além do preenchimento através de formulário impresso, o INSS disponibiliza aplicativo que permite o registro da CAT pela internet. Desse modo, o registro e notificação dos acidentes se dão de forma mais rápida e tornam o processo mais acessível pois não exige locomoção a longas distâncias, além disso, evita filas em agências do INSS (PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2016). 3.5.5 Gestão dos Riscos As avaliações de risco constituem num conjunto de procedimentos com o objetivo de estimar o potencial de danos à saúde ocasionados pela exposição de indivíduos a agentes 35 ambientais. Tais avaliações servem de subsídio para o controle e a prevenção dessa exposição. Nos ambientes de trabalho, esses agentes podem estar relacionados a processos de produção, produtos e resíduos (HOKERBERG, 2006). As mesmas devem incluir as seguintes etapas: identificação de perigos e de trabalhadores potencialmente expostos a riscos resultantes desses perigos, estimativa qualitativa e quantitativa do risco, estudo da possibilidade de eliminação do risco, verificação da necessidade de tomar novas medidas para prevenir ou reduzir o risco no caso de não ser possível eliminá-lo (PONZETTO, 2002). Tradicionalmente, as avaliações de risco são realizadas por especialistas, que aplicam métodos científicos cada vez mais sofisticados para identificar e mensurar os mesmos de forma quantitativa, ou são baseados em instrumentos pré-definidos por comissões de segurança ou de qualidade para avaliar os riscos e a conformidade das operações. Porém, pode-se utilizar também outros tipos de abordagem onde há um diagnóstico mais rápido participativo, que prioriza a identificação dos riscos pelos trabalhadores, implicando na discussão coletiva sobre as fontes dos riscos, o ambiente de trabalho e as estratégias preventivas para reduzir os riscos identificados (HOKERBERG, 2006). 3.5.5.1 Análise Preliminar de Risco (APR) De acordo com Do Valle (1995 apud BENITE, 2004), a Análise Preliminar de Risco teve origem nos programas de segurança criados pelo Departamento de Defesa do Estados Unidos como uma ferramenta para identificar os pontos mais vulneráveis de uma instalação e de um processo, permitindo a adoção de medidas para prevenir acidentes. A APR abrange as principais etapas do ciclo de gerenciamento de riscos. A mesma é aplicada e desenvolvida na fase inicial de projeto e de processo, porém, também é muito útil quando se faz a revisão geral de segurança em sistemas já em operação, mostrando aspectos que poderiam passar despercebidos (FARIA, 2011). França, Toze e Quelhas (2008) confirmam que, o objetivo da APR é definir os riscos e as medidas preventivas antes da operação de um sistema, levantando as causas e efeitos de cada risco, medidas e prevenção ou correção e categorização dos riscos. No entanto, a mesma também pode ser uma ótima ferramenta para avaliação geral da segurança em sistemas já 36 operacionais, mostrando fatores que podem não ter sido considerados durante a fase de projeto. A técnica APR consiste na formação de grupos de trabalho que utilizam um formulário específico para analisar cada uma das origens levantadas e identificar quais os perigos existentes, em que situações ocorrem, quais os danos podem gerar e realizar uma avaliação dos riscos (BENITE, 2004). Tavares (2012, p. 77) define a APR como o estudo realizado durante a fase de concepção ou desenvolvimento prematuro de um novo sistema, com o objetivo de se determinarem os riscos que poderão estar presentes na fase operacional. Segundo o mesmo, a APR deve seguir algumas etapas básicas, como: a) Revisão de problemas conhecidos; b) Revisão de missão (objetivos, procedimentos, funções, atividades, meio ambiente); c) Determinação dos principais riscos; d) Determinação dos riscos iniciais e contribuintes (elaboração da série de riscos); e) Revisão dos meios de eliminação ou de controle dos riscos; f) Análise dos métodos de restrição de danos; g) Determinação dos responsáveis pelas ações preventivas ou corretivas. Segundo De Cicco e Fantazzini (1994), o desenvolvimento de uma APR necessita dos seguintes procedimentos: a) Definição do grupo que participará da análise; b) Subdivisão da instalação em diversos subsistemas; c) Definição das fronteiras do sistema e de cada subsistema; d) Determinação dos produtos e atividades com possibilidades de gerar acidentes; e) Preenchimento das planilhas de APR em reuniões do grupo de análises; f) Elaboração do relatório final. A aplicação dessa técnica exige a formalização dos dados obtidos para permitir a sua utilização em uma situação futura e para que exista um processo de aprendizado em relação aos riscos identificados anteriormente (BENITE, 2004). 37 A classificação dos riscos, implícita na APR, permite a priorização das ações destinada à prevenção. Os Quadros 01 e 02 contemplam cinco categorias por ordem crescente de prioridade, onde a combinação dos mesmos permite a categorização dos riscos de acordo com o Quadro 03 (FARIA, 2011): Quadro 01: Probabilidade de ocorrência de acidentes ou danos PROB. OCORRÊNCIA DESCRIÇÃO FREQUÊNCIA 1 Improvável Baixíssima probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada 2 anos 2 Possível Baixa probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada um ano 3 Ocasional Moderada probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada 6 meses 4 Regular Elevada probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada 3 meses 5 Certa Elevadíssima probabilidade de ocorrer o dano Uma vez por mês Fonte: Adaptado de FARIA (2011). Quadro 02: Nível de Gravidade de acidentes que possam ocorrer GRAV. EFEITO DESCRIÇÃO AFASTAMENTO 1 Leve Acidentes que não provocam lesões corporais que proporcionem dificuldades motoras ou perturbação funcional (batidas leves, arranhões, choques leves). Não há necessidade de afastamento. 2 ModeradoAcidentes com afastamento e lesões que provocam dificuldades motoras ou perturbação funcional (cortes medianos, alergias fortes, torções leves). Necessário afastamento, entre 01 a 30 dias. 3 Grande Acidentes com afastamentos e lesões incapacitantes, sem perdas de substâncias ou membros (fraturas, cortes profundos) Necessário afastamento, entre 31 a 60 dias. 4 Severo Acidentes com afastamentos e lesões incapacitantes, com perdas membros (perda de parte do dedo, choques de intensidade média). Necessário afastamento, entre 61 a 90 dias. 38 5 Catastrófico Invalidez permanente, incapacitação física a longo prazo ou morte. Não há possibilidade de retorno laboral, prejuízos à longevidade. Fonte: Adaptado de FARIA (2011). Quadro 03: Classificação a partir da Gravidade e Probabilidade Fonte: Adaptado de FARIA (2011). Para o estabelecimento do Índice de Risco, faz-se a multiplicação entre o nível de gravidade e a probabilidade de ocorrência de cada risco. Conforme o Quadro 04, por meio do índice é possível estabelecer a Categoria do Risco (CR) e as medidas que deverão ser tomadas (FARIA, 2011). Quadro 04: Índice de risco e gerenciamento de ações a serem tomadas ÍNDICE DE RISCO CR NÍVEL DE AÇÕES Até 3 Triviais Não necessitam ações especiais, nem preventivas, nem de detecção. De 4 a 6 Toleráveis Não requerem ações imediatas. Poderão ser implementadas em ocasião oportuna, em função das disponibilidades de mão de obra e recursos financeiros. De 8 a 10 Moderados Requer previsão e definição de prazo (curto prazo) e responsabilidade para a implementação das ações. NÍVEL DE GRAVIDADE LEVEMENTE PREJUDICIAL PREJUDICIAL EXTREM. PREJUDICIAL P R O B A B I L I D A D E ALTAMENTE IMPROVÁVEL Trivial (T) Tolerável (TO) Moderado (MO) IMPROVÁVEL Tolerável (TO) Moderado (MO) Relevantes (RE) 39 De 12 a 20 Relevantes Exige a implementação imediata das ações (preventivas e de detecção) e definição de responsabilidades. O trabalho pode ser liberado para execução somente com acompanhamento e monitoramento contínuo. A interrupção do trabalho pode acontecer quando as condições apresentarem algum descontrole. Maior que 20 Intoleráveis Os trabalhos não poderão ser iniciados e se estiver em curso, deverão ser interrompidos de imediato e somente poderão ser reiniciados após implementação de ações de contenção. Fonte: Adaptado de FARIA (2011). 3.5.5.2 Mapa de Risco Mapa de risco é a representação gráfica do reconhecimento dos riscos existentes nos locais de trabalho, por meio de círculos de diferentes tamanhos e cores. O seu objetivo é informar e conscientizar os trabalhadores pela fácil visualização desses riscos e diminuir a ocorrência de acidentes do trabalho, objetivo que interessa aos empresários a aos trabalhadores (SANTOS, 2008). O mapeamento ajuda a criar uma atitude mais cautelosa por parte dos trabalhadores diante dos perigos identificados e graficamente sinalizados. O mesmo deve ser fixado em locais acessíveis no ambiente de trabalho, para informação e orientação de todos os que ali atuam e de outros que eventualmente transitem pelo local, quanto às principais áreas de risco. Desse modo, contribui para a eliminação ou controle dos riscos detectados (SANTOS, 2008). A partir de uma planta baixa de cada seção são levantados todos os tipos de riscos, classificando-os por grau de perigo: pequeno, médio e grande. São utilizadas cores para identificar o tipo de risco (SANTOS, 2008), conforme o Quadro 05. A gravidade é representada pelo tamanho dos círculos, onde: • Círculo Pequeno: indica risco de pequena gravidade; • Círculo Médio: indica situações de risco que gera potencial de perigo que pode ser controlado; • Círculo Grande: alto nível de perigo, apontando risco que pode ter consequências drásticas (matar, mutilar, gerar doenças) e que não dispõe de mecanismos para redução, neutralização ou controle. 40 Quadro 05: Descrição dos tipos de riscos GRUPO RISCOS COR DE IDENTIFICAÇÃO DESCRIÇÃO I Físicos Verde Ruído, calor/frio, pressões, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, vibrações, etc. II Químicos Vermelho Poeira, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas, outros produtos químicos. III Biológicos Marrom Fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários, insetos. IV Ergonômicos Amarelo Levantamento manual de peso, monotonia, repetitividade, ritmo excessivo, posturas inadequadas de trabalho, trabalho em turnos, etc. V Acidentes Azul Arranjo físico inadequado, iluminação inadequada, incêndio e explosão, máquinas e equipamentos sem proteção, eletricidade. Fonte: Adaptado de CAMARGO, 2011. Nos casos onde encontram-se diversos riscos de um só tipo num mesmo ponto de uma seção, por exemplo, riscos físicos: ruído, vibração e calor, não é preciso colocar um círculo para cada um desses agentes. Basta um círculo apenas neste exemplo, com a cor verde, dos riscos físicos, desde que os riscos tenham o mesmo grau de nocividade (GERÊNCIA DE SAÚDE E PREVENÇÃO, 2012). No caso de construção de um novo setor de trabalho ou implantação de um novo equipamento em qualquer setor da empresa, novos círculos poderão ser acrescentados ao mapa. Portanto, percebe-se que o mapa é dinâmico, pois os círculos mudam de tamanho, no caso de alterar-se o grau de nocividade; desaparecem, quando medidas de segurança conseguem extinguir o risco ou riscos existentes; ou surgem, quando novos riscos forem constatados (BITENCOURT, 1999). 41 4 METODOLOGIA Estudo de caso pode ser definido como um instrumento pedagógico que apresenta um problema mal estruturado. O mesmo não tem uma solução pré-definida, exigindo empenho do pesquisador para identificar o problema, analisar evidências, desenvolver argumentos, avaliar e propor soluções. Além disso, pode também ser descrito como um problema que reproduz os questionamentos, as incertezas e as possibilidades de um contexto empresarial que exibe a necessidade de uma tomada de decisão. O processo para tomar uma decisão, por meio da análise e discussão individual e coletiva das informações expostas, acaba promovendo o raciocínio crítico e argumentativo dos envolvidos no estudo realizado (INSPER, 2016). No fluxograma abaixo tem-se uma proposta de conteúdo e sequência adaptada para condução do estudo de caso: Fonte: Adaptado de MIGUEL el al., 2010. Buscando-se atingir os objetivos propostos previamente neste trabalho, foi realizada revisão bibliográfica utilizando livros, artigos, normas, monografias, dissertações, teses e entre outras fontes relevantes. Para Medeiros e Tomasi (2008), além de auxiliar na definição dos objetivos da pesquisa científica, a revisão bibliográfica também contribui nas construções teóricas, nas comparações e na validação de resultados de trabalhos de conclusão de curso e de artigos científicos. Para realização do estudo de caso, foram identificadas cinco empresas de artefatos de cimento localizadas na cidade de Cruz das Almas – Bahia. Destas, três foram selecionadas para realização de visitas de campo de acordo com a acessibilidade e permissão para avaliação in loco dos ambientes. Foram investigados possíveis riscos para os trabalhadores e, então, os eventos e dados foram documentados para serem analisados de forma mais minuciosa posteriormente. Toda visita de campo se deu mediante autorização de algum profissional que estava presente e responsável pelas atividades do local no momento. Além disso, foi solicitado Definir uma estrutura conceitual-teórica Planejar o(s) caso(s) Coletar os dados Analisar os dados Gerar resultados 42 permissão para registros fotográficos (fotos e vídeos) das instalações, onde esses registros foram obtidos de modo que as identidades da empresa e dos trabalhadores fossem preservadas. As mídias obtidas