Prévia do material em texto
UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE A DISLEXIA E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DA ESCOLA PÚBLICA Isabela Claudia Nobre1 Morgana Negreiros Nascimento2 Marcia Elizabete da Silva3 RESUMO Este artigo bibliográfico deseja compreender a dislexia como um transtorno de aprendizagem que atinge as habilidades básicas de leituras e linguagem e na maioria das vezes esses transtornos de aprendizagem são vistos no ano inicial com crianças de seis anos. No entanto o estudo bibliográfico busca investigar a alfabetização de crianças disléxicas e estratégias de ensino e práticas pedagógicas voltadas para essas crianças que sofrem de transtornos de aprendizagem buscando solucionar também uma reflexão crítica levando em consideração o contexto social. Dessa forma, contribuir com propostas de intervenção pedagógicas fonológica e psicomotora. Os resultados levantados mostram que a dislexia pode ser entendida como um distúrbio fonológico que podem ser minimizados gradativamente. Cabe ao docente desenvolver estratégias de ensino para conscientizar a família ao aprendizado do sujeito. PALAVRAS-CHAVE: Dislexia. Alfabetização. Ludicidade. ABSTRACT This bibliographic article wishes to understand dyslexia as a learning disorder that affects basic reading and language skills and most of the time these learning disorders are seen in the initial year with six year old children. However, the bibliographic study seeks to investigate the literacy of dyslexic children and teaching strategies and pedagogical practices aimed at these children who suffer from learning disorders, also seeking to solve a critical reflection taking into account the social context. Thus, to contribute with proposals for phonological and psychomotor pedagogical intervention. The surveyed results show that dyslexia can be understood as a phonological disorder that can be minimized gradually. It is up to the teacher to develop teaching strategies to make the family aware of the subject's learning. KEYWORDS: Dyslexia. Literacy. Playfulness. 1 Graduanda Isabela Claudia Nobre da Silva, isanobre97@gmail.com 2 Graduanda Morgana Negreiros Nascimento, morganannegreiros@gmail.com 3 Orientadora Marcia Elizabete da Silva, Professora da UNISSAU, Doutora em Educação pela Universidad Americana. mailto:isanobre97@gmail.com mailto:morganannegreiros@gmail.com 2 1 INTRODUÇÃO Este artigo bibliográfico busca compreender a alfabetização de crianças disléxicas, além de apresentar uma reflexão crítica acerca da temática dislexia nos anos inicias da criança que são discriminadas e rotuladas como incapazes. Assim, torna-se relevante o desenvolvimento de estratégias de ensino para alfabetizá-los. Nesse contexto, o objeto de estudo visa investigar todas as implicações da alfabetização de crianças disléxicas no ano inicial, verificar os desafios do docente na sala de aula, identificar quais propostas de intervenção pedagógica são adotadas pela escola e compreender às estratégias e métodos de ensino voltadas para crianças disléxicas. O artigo é de natureza bibliográfica e contribui para uma reflexão acerca da alfabetização de crianças disléxicas em vista de romper concepções preconcebidas e tradicionais da prática de ensino na rede pública, desse modo, contextualizando- se como uma prática docente desafiadora frente ao desafio da alfabetização em sala de aula. Diante do número crescente de alunos reprovados na escola, por meio de transtorno de aprendizagem e da dislexia que compromete o desenvolvimento intelectual e cognitivo, o artigo tem o seguinte problema de pesquisa: como ocorre o processo de aprendizagem de crianças disléxicas? O estudo aponta como hipótese uma metodologia especificamente voltada as necessidades das crianças disléxicas por meios de ensino inovadores, como: atividades lúdicas e jogos pedagógicos. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O objeto de estudo resulta de uma pesquisa bibliográfica que reflete sobre a alfabetização em relação às crianças disléxicas, na metodologia buscou-se entender quais os desafios do professor na sala de aula no processo de alfabetizar crianças disléxicas, e quais métodos e recursos podem auxiliá-los na prática docente. É importante analisar como a escola poderá implementar alternativas para minimizar as limitações e deficiência dos disléxicos. O estudo aponta como hipótese que é preciso trabalhar uma metodologia voltada as suas necessidades, por meio de recursos didáticos lúdicos e inovadores evitando o retardo escolar nos anos iniciais. 3 O ensino predominante em escolas públicas brasileiras é o tradicional. Esse tipo de ensino está centralizado na figura do professor e determinado para o aluno aprender a ler e escrever por meio de memorização de padrões linguísticos, isolado da sua realidade social. Por outro lado, percebe-se um ensino mecânico voltado aos interesses da repetição, em vez do aprendizado propriamente dito, como mostra a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) publicado em 2015, onde 22% dos alunos do 3° ano do Ensino Fundamental só desempenharam a capacidade de ler palavras isoladas e 34% desses alunos não se enquadra como alfabetizados, não apresentam resultados significativos para o bom desempenho da criança. Dada a complexidades das características multifatoriais dos transtornos de aprendizagem é da natureza dos disléxicos possuir dificuldade de apropriação da escrita, decodificação, reconhecimento das palavras e déficit sensorial. Nesse sentido, faz-se necessário um acompanhamento psicopedagógico juntamente com a família, conforme ilustrado por Muszkat e Rizzutti (2012, p. 20), “a aquisição da linguagem requer integração e interação recursiva de fatores fluídos, como as experiências ambientais, culturais, sociais e fatores, neurobiológico”. No quesito “ludicidade” implica uma proposta de intervenção pedagógica para envolver e desenvolver o saber do aluno em um ambiente estimulante e mais afetivo, com atividades de conteúdo pragmático que pertença à grade curricular da criança, pois “A criança inicialmente desenvolve as palavras faladas (nível fonológico e morfológico) e atribui significado a elas (nível semântico)” (MUSZKAT; RIZZUTTI, 2012, p. 26). Embora o disléxico tenha dificuldade na socialização das palavras, seu cérebro memoriza imagens naturais vivas atuais podendo ser estimuladas. “Ou seja, quanto mais a criança passe a dominar os signos culturais e desenvolver os aspectos cognitivos, mais o gesto motor tende a se reduzir como agitação, ganhando em refino e qualidade motora autônoma” (WALLON; GRATIOT- ALFANDÉRY, 2010, p. 38). 4 2.1 DISLEXIA De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) é considerada como dislexia um transtorno neurobiológico caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e ou fluente das palavras, na habilidade de decodificação e em soletração. Como se encontra no site da ABD alguns sinais na pré-escola: dispersão; déficit de atenção; atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem; dificuldade de aprender rimas e canções; fraco desenvolvimento da coordenação motora; falta de interesse por livros impressos. Embora o conceito da dislexia seja variável, outros autores afirmam que, [a dislexia] “é definida de maneira ampla, como uma dificuldade de aquisição da leitura apesar de inteligência normal e oportunidade econômica adequada” (MUSZKAT; RIZZUTTI, 2012, p. 10). Geralmente os educadores passam por desafios em sala de aula, por exemplo, o enfrentamento da diversidade e limitações de cada aluno é bastante complexo, pois, o docente muitas vezes fica angustiado quando falta de apoio da gestão escolar, desse modo, as vezes acontece um número crescente de alunos reprovados. Nessa lógica, o ideal é detectar a dislexia ainda na alfabetização, pois, segundo a ABD, de 10% a 15% dapopulação mundial possui dislexia, número que seria equivalente ao do Brasil. Nos anos iniciais de sua infância a criança adota autonomia e criticidade, esta etapa equivale ao descobrimento da língua, de materiais concretos, do uso da linguagem como forma de interação, como aponta Soares (2004a, p. 16), “Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno”. Para tanto, cuidados serão necessários ao conduzir a alfabetização. Há um projeto de lei nº 7.081/2010 que institui o programa de diagnóstico e apoio aos alunos com Dislexia e TDAH na Rede Estadual de Ensino. Caso seja aprovada a legislação visa amparar o aluno disléxico, repelindo qualquer tipo de discriminação no ambiente escolar, criada nas implicações da necessidade educacional especial em virtude ao abandono dessas crianças da rede de ensino, conforme a educação é direito constitucional. 5 Na tentativa de compreender melhor a dislexia, em 2002, a equipe de G. Reid Lyon, do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano dos Estados Unidos, em Bethesda (Maryland), avaliou exames de imagens do cérebro em funcionamento de 70 crianças, entre 7 a 18 anos. Os pesquisadores notaram que pessoas sem nenhuma dificuldade para ler apresentaram ativação da parte posterior do cérebro, enquanto entre os pacientes com dislexia a atividade dessa região mostrou-se significativamente reduzida. Os exames de crianças disléxicas mostraram atividade maior nas regiões do lobo frontal e lateral do cérebro sendo as partes mais afetadas. Existem diferentes tipos desse transtorno de aprendizagem, que possuem a origem calcada na neurobiologia. Uma vez que o conceito de dislexia baseia-se na dificuldade da 19 leitura e escrita, é possível perceber que o transtorno manifesta-se nos demais sentidos do indivíduo: visão e audição. O Instituto Português de Dislexia e outras necessidades - IPODINE explica que são três os tipos de dislexia: Dislexia visual, também conhecida como ortográfica ou diseitética; a dislexia auditiva ou fonológica/disfonética e, por ultimo, a dislexia mista, que seria um conjunto dos dois tipos já citados anteriormente. Ainda segundo a IPODINE 4 , a dislexia visual refere-se a falta de ordem executada pela criança. Ela não segue uma sequência, quer seja ao contar uma história ou situar os dias da semana e apresenta também dificuldade na escrita. O Instituto de Apoio e Desenvolvimento – ITAD (2018) acrescenta que na dislexia visual, as crianças apresentam “confusão entre grupos de letras e dificuldade em transformar letras em sons. Confundem letras e palavras parecidas”. O segundo tipo, a dislexia auditiva, está ligada a dificuldade que as crianças tem em reconhecer os sons da lingua. A dificuldade que possuem em reconhecer e diferenciar grafemas e fonemas não permite que elas escrevam a palavra corretamente, assim como separar as silabas ou soletrar algo. É muito comum que as crianças que apresentam esse tipo de dislexia confundam o som do m com n e as letras b, d, t, p e g. 2.2. O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO 4 Instituto Português de Dislexia e outras Necessidades Especiais 6 É importante que a família e a criança disléxica tenham conhecimento dos direitos que possuem em relação a escola, pois só assim poderão garantir o seu espaço no ambiente educacional. Por muitas vezes a matricula ou o acompanhamento adequado é negado ao individuo que apresenta a dislexia ou outro transtorno de aprendizagem. A legislação prevê: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988) Segundo o artigo 205, do capitulo III da Constituição Federal, que rege as leis no Brasil, a educação é um direito que pertence a todos os cidadãos. A família e o Estado são responsáveis por propiciar ao menor de idade a inserção no âmbito educacional. E é de responsabilidade dos espaços educacionais qualificar o individuo para o convívio em sociedade. A seção I, que se refere a educação, acrescenta: “Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;”. Entretanto, ao observar a realidade das escolas públicas, é possível perceber que a teoria não se aplica a prática. As dúvidas que pairam a cabeça dos pais de crianças disléxicas, no sentido jurídico, permeiam em torno de como proteger legalmente o/a filho/a disléxico, quais são as mudanças que a escola precisa realizar para atender as necessidades destes, entre outras. Embora esteja previsto pela lei que deve ser garantido o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988), muitos pais relatam que a escola não reconhece dislexia como um transtorno de aprendizagem, chegando a reter o aluno disléxico. Por falta de orientação, de conhecimento, de recursos, etc, os pais, muitas vezes, procuram por soluções na internet. Atualmente, existem alguns sites específicos sobre dislexia. Nesses sites, é possível compreender o que é dislexia, quais são os tipos, as características, compartilhar experiências com outros pais de crianças disléxicas, mas dificilmente contém algum tipo de orientação jurídica. Aos pais interessados, vale se respaldar através da constituição, onde consta no Art. 206, inciso I que deve-se manter a igualdade de condições para o acesso e 7 permanência na escola. Dessa maneira, os alunos considerados com algum tipo de deficiência (inclusive, disléxicos) devem receber condições semelhantes aos demais para continuar estudando. Embora a constituição preserve o direito a todos de receber educação, inclusive os portadores de necessidades especiais, não contem uma lei especifica que inclua os indivíduos que apresentam transtornos de aprendizagem. A constituição é muito ampla quando referida a igualdade que contribui na permanência da criança em sala de aula. Por isso, alguns pais encontram dificuldades ao solicitar à escola as mudanças necessárias para receber ou manter seus filhos. Segundo Lima (2013) embora o Brasil não apresente leis especificas, algumas ações tem mudado o rumo dessa situação: [...] o Dia Municipal de Luta pela Educação Inclusiva, que inclui homenagens e eventos de divulgação, e a segunda obriga o Poder Executivo a implantar o Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação, objetivando o diagnóstico precoce e o acompanhamento dos estudantes com o distúrbio, o que abrange a capacitação permanente dos educadores para que eles tenham condições de identificar os sinais da dislexia e de outros distúrbios nos educandos. (LIMA, 2013, p.12) O dia municipal de Luta pela educação Inclusiva, refere-se ao evento que ocorre anualmente em São Paulo. É possível citar também o dia nacional da luta pela educação inclusiva, que ocorre em 14 de abril e cerca todo território nacional na tentativa de chamar atenção para um problema que atinge diversas crianças. Realizada, principalmente, por pais, profissionais da área da educação e saúde, o dia da luta pela educação inclusiva prevê a divulgação dos transtornos de aprendizagem para alertar e conscientizar as pessoas sobre a questão. 2.3. CONCEITO HISTÓRICO DA ALFABETIZAÇÃO A história da alfabetização de acordo com alguns educadores e estudiosos podem ser classificadas em diferentes épocas, desse modo, neste trabalho visamos compreender por meio de um breve estudo histórico os quatro momentos considerados cruciais em torno dos métodos de alfabetização. 8 A complexidade da Alfabetização,principalmente, nas escolas públicas brasileiras, como iremos observar, ocorre desde o tempo da colonização visto que, “existia neste país um grande número de pessoas que não sabiam ler e escrever nem tinha instrução elementar, ou de primeiras letras” (MORTATTI, 2004, p. 50). Entretanto, com a chegada da companhia de Jesus, os filhos dos colonos e os índios puderam por meio da catequese aprender a cultura cristã atrelada à leitura e escrita. A primeira escola elementar secundária fundada pelos jesuítas surge em 1599. Após a expulsão dos jesuítas em 1759 “[...] iniciou-se um processo de organização de instrução pública cujo objetivo era forma o indivíduo para o Estado (português) e não mais para a Igreja (católica)” (MORTATTI, 2004, p. 51). Apesar que, mesmo diante de tantos conflitos por posse de terras e disputa de poderes políticos nesta época, se iniciava o desenvolvimento da educação. Neste mesmo cenário, em primeiro momento, se caracteriza pela publicação da Cartilha Paterna ou (primeiro livro) do Poeta João de Deus em Portugal, trazendo uma proposta contra os métodos sintéticos neste período houve uma diversidade de cartilhas trazidas por vários autores portugueses, porém essa se consolidou porque coincidia com o período que antecedia a Programação da República em 1890, que porventura era um movimento de ideais republicanos sendo disseminados no país. Em função do conhecimento dessa Cartilha e do seu uso no Brasil o positivista e educador Silva Jardim, no qual se torna um dos grandes defensores do método adotado pela Cartilha. “Silva Jardim passa a produzir as primeiras tematizações brasileiras a respeito do ensino da leitura e da língua materna, propondo reformas no ensino tradicional praticado até sua época” (MORTATTI, 2004, p. 19), justamente, o método chamado na época de “palavração” de modo que, parte-se de uma lista de palavras relacionadas a uma mesma letra do alfabeto. Tais populares conquistaram a redemocratização política no Brasil em 1985, embora com as reformas educacionais, o índice de analfabetismo nesta época era grande bem como o fracasso escolar. Certamente, no início do século XX, iniciaram-se os termos “analfabetos” (não sabia ler nem escrever) por não frequentar a escola ou por ter sido reprovado no primeiro ano letivo, “analfabetismo” (estado e, ou efeito de analfabeto), “alfabetizado” (designar alfabetizar, aquele que aprende a ler e escreve na escola além de ser aprovado na escola). Desencadeando também o Termo Alfabetizado 9 Funcional conhecido atualmente como Analfabetismo Funcional, que fruto do reflexo real, o problema do analfabetismo é construído a partir de sílabas canônicas que devem ser decoradas; posteriormente estudam-se suas sílabas e letras. Seguindo a ordem alfabética. Este método está classificado como (analítico) sendo o oposto do método (sintético), pois começava pela parte para chegar ao todo, ou seja, da letra até a palavra. No segundo momento, após a primeira República em 1890, com a reforma da instrução pública de São Paulo o Brasil buscou refletir sobre a prática da leitura e escrita, embora defendesse o método analítico no aparelho escolar. Para Mortatti (2004, p. 55), “Concomitantemente identificou também a necessidade de se implementar o processo de escolarização das práticas culturais e da leitura é escrita, entendidas, de um ponto de vista um projeto político liberal”. Dessa forma, buscou-se um novo modelo e modernização das escolas paulistas, assim reorganizou o currículo escolar, o diretor escolar passou a fiscalizar, os horários mais rígidos foram aplicados além da racionalidade da disseminação das disciplinas de modo a oficializar o método analítico pra o ensino dos analfabetos. Na tentativa de solucionar os problemas dos analfabetos inaugurou-se o termo “alphabetização” designado oficialmente no ensino da leitura e (escrita). Sampaio em sua gestão era contra o analfabetismo e seu ideal era alfabetizar o povo crianças e adultos a ler, escrever e calcular. Já no terceiro momento da história da alfabetização entre 1920 a 1980 Antônio de Sampaio Dória propôs “autonomia didática” partindo do pressuposto o relativismo pedagógico, ou seja, o “método” não necessariamente seria algo obrigatório, ficaria ao critério do professor e da sua didática usá-lo com seus alunos. Logo adiante, o brasileiro e grande pensador Lourenço Filho descentralizava a questão da Alfabetização trazendo Testes ABC, trazendo concepções pautadas na psicologia, por meio da maturidade de aprender, um ecletismo processual e conceitual, que passa a permear as tematizações, normatizações e concretizações relativas a alfabetização, fundou-se uma nova tradição: alfabetização sob medida” (MORTATTI, 2004, p. 21). No quarto e último momento histórico, a partir de 1980, realizamos uma breve descrição até os dias de hoje. A década de 1980 é traçada por movimentos populares, o novo governo ganha forças e há uma transição da política para um Estado democrático. A luta da sociedade civil pela educação como direito de todos 10 cidadãos brasileiros, uma vez que a educação é o principal veículo de formação da cidadania. Nessa época, as pesquisadoras Emília Ferreiro e Ana Teberosky, em 1985, lançam um livro que foi o marco da Educação no Brasil chamado de “Psicogênese da Linguagem e Escrita”, em que abordam novas concepções no processo de alfabetizar crianças, atreladas na teoria do construtivismo, baseado em uma ideia que “Não se trata, portanto, de discutir métodos de ensino, mas de se compreender o processo de construção, por parte da criança, do conhecimento da língua escrita para buscarem procedimento didático-pedagógico adequado a esse processo” (MORTATTI, 2004, p. 12). A princípio na perspectiva tradicional, uma criança alfabetizada bastava dominar a decodificação, não havia nenhum conceito simbólico do processo da aprendizagem. Através das pesquisas e estudos de Emília Ferreiro e Teberosky (1985), o conceito da Alfabetização foi ganhando significado, a partir de então, várias mudanças administrativas, estruturais, didáticas e pedagógicas foram destinadas a normatização do ensino baseado neste novo conceito do construtivismo tendo como mentor o psicólogo Vygostsky seu principal representante. 2.4 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Vamos iniciar uma análise sobre o processo de Alfabetização e Letramento em duas instâncias, a primeira respectivamente apegada nas concepções de Emília Ferreiro e Teberosky (1985) que traz uma discussão sobre as propostas desenvolvidas para alfabetização. Em seguida, as ideias da Soares (2004a, 2004b, 2009, 2020), professora e pesquisadora, utiliza os termos "letramento" e "alfabetização" para distinguir dois momentos no processo de apropriação da escrita pela criança, entretanto, seja impossível uma definição concreta do mesmo, bem como sua avalição. O conceito da Alfabetização, certamente, não é um processo que consiste apenas em saber ler e escrever, ele vai além de um simples ato da leitura e escrita. Sistematicamente vai além da capacidade de interpretação, do entendimento, da 11 criticidade, da ressignificação, como da produção de textos. Todas essas habilidades são adquiridas ao longo do processo nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, do 1° até o 5°. Esse método passou a ser criticado por estudiosos progressistas, pois a criança era tratada como um sujeito passivo do aprendizado, e, assim, “Nas décadas 1970 e 1980, todos os métodos de alfabetização utilizados na escola apregoavam que o aluno, para poder ler textos reais, primeiro tinha que ser capaz de decodificar letras e sons (fonemas) corretamente. Não se lia, por exemplo, para uma criança que não sabia ler” (MORTATTI, 2004, p. 56). A alfabetização pode ser entendida como a aprendizagem do alfabeto, de certa forma essa aprendizagem, esse entendimentoconsiste também, na utilização desse alfabeto pra se comunicar e de uma forma mais abrangente a alfabetização, é a construção do vocabulário do indivíduo, que faz ele interagir em diferentes formas de comunicação. A criança precisa entender este processo de aprendizagem, ela tem que está situada. Seguindo esse raciocínio nesta perspectiva para Ferreiro e Teberosky (1985), o Letrar, é ensinar a leitura e a escrita dentro de um contexto em que essas práticas tenham sentido e façam parte da vida, do cotidiano, da práxis diária, da vida em sociedade da criança. Sobre os métodos tradicionais de Alfabetização, Emília Ferreiro e Teberosky (1985) tinha uma visão crítica aos dois termos Analíticos e Sintéticos, pois na visão tradicional tornavam os dois processos independente. Os testes ABC, por exemplo, o conjunto de habilidades medidas por esses testes eram visual e auditiva discriminando de certa forma a coordenação motora e visiomotora da criança. Ela era submetida a repetição de palavras grandes e difíceis, traçando com lápis e ou recortando determinadas figuras geométrica, memorizando palavras, como um código, embora incluíssem testes de avaliação, não avaliam a consciência fonológica. Na perspectiva de Ferreiro e Teberosky (1985), a escrita tem grande proporção, pois tudo se organiza em torno dela. Diante desse novo contexto, o letramento refere-se ao uso da escrita em uma sociedade grafocêntrica. Assim poderíamos afirmar que seu conceito de sujeito alfabetizador é um conceito bastante amplo e que abrange o que vem sendo identificado como letramento nos meios acadêmicos: usos sociais da leitura e da escrita. De modo a que a autora “rejeita a coexistência dos dois termos com o argumento de que em 12 alfabetização estaria compreendido o conceito de letramento, ou vice-versa, em letramento estaria compreendido o conceito de alfabetização” (SOARES, 2004a, p. 15). 2.5 ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM PARA OS DISLÉXICOS NA ALFABETIZAÇÃO Independentemente de quais forem às dificuldades apresentadas durante o processo de desenvolvimento de aprendizagem do estudante, a intervenção terapêutica é de fundamental importância. As intervenções pontual centradas nas particularidades de cada criança ou adolescente objetivam auxiliar na superação e adaptação de limitações e dificuldades, visam promover o pleno desenvolvimento do aprendiz. Para crianças e adolescente que apresentam um desempenho atípico ou atrasado, uma intervenção correta contribuirá no fortalecimento e melhora da autoestima e também na sua autoconfiança. O professor precisa desenvolver competências e habilidades na formação inicial na maioria das vezes. Competências adquiridas inteiramente novas. O professor deve fazer a intervenção que é necessária para o conhecimento do aluno disléxico. O professor deve promover ao aluno a possibilidade de relacionar o aprendizado com o concreto para os disléxicos aprendem melhor. O professor deve também criar e desenvolver metodologias voltadas a estratégias de ampliar o conhecimento dos disléxicos com os seguintes materiais: jogos da memória, jogos de letras e sílabas e tabletes. Também fazem parte de boas estratégias de aprendizagem: Exercícios de respiração, organizar uma rotina de estudos, utilizar mapas mentais, utilizar áudio books, além de usar estratégias lúdicas e multissensoriais. 2.6 ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS DISLÉXICAS, UMA REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A DISLÉXIA NO ANO INICIAL O construtivismo é uma concepção ligada a um dos métodos mais difundidos no Brasil, no entanto, para que ele seja verdadeiramente aplicado é preciso que os 13 gestores estejam alinhados com os princípios para que possa a partir deste método para conseguir difundi-los com sucesso nas escolas. O construtivismo afirma que é um resultado da construção professor-aluno e é um importante mediador do processo ensino-aprendizagem. • Estratégias de ensino para alfabetizar os disléxicos. • Identificar a dificuldade do aluno. • Propor atividades lúdicas com letras e práticas de leitura com a criança. • Trabalhar métodos fônicos. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define que deve ser aprendido nas instituições de ensino básico de todo Brasil. Parte fundamental e abertura dos aprendizados escolares, a alfabetização é destacada no documento no início do Ensino Fundamental. O construtivismo, teoria de Piaget, aplicada por Ferreiro e Teberosky (1985) na alfabetização, a criança é ativa, neste sentido, possui uma estrutura lógico- cognitiva que permite construí generalidades sobre a língua. O conhecimento é operatório e processual, o erro faz parte do processo de aprendizagem. Nesta perspectiva a criança constrói o próprio conhecimento. Um professor que aplicar este método em sala de aula enriquece o conhecimento e a experiência dos alunos possibilitando a investigação, senso crítico, pensamento flexível e sensível às mudanças. A teoria construtivista aplicada ao processo da alfabetização em leitura, também chamados analíticos ou globais partem das frases que se examinam e se comparam para, no processo de dedução, o alfabetizando encontrar palavras idênticas, silabas parecidas e discriminar os signos gráficos do sistema alfabético. De modo que, na prática, o aluno é visto como o centro do processo de aprendizagem diferentemente do método tradicional, ou seja, o ponto de partida é o sujeito, e não o método. Esse entendimento, se baseia no sentido da interação, do ambiente, o meio social em que a criança está inserida dessa forma, está atrelada, e faz parte do processo de aprendizagem. É necessário que o professor dentro de uma metodologia construtivista de Alfabetização, tenha conhecimento dos níveis e etapas da aquisição da leitura e escrita nos níveis, pré-silábica, silábica, silábica-alfabético e Alfabético. Para isso, 14 vamos descrever os níveis da escrita pelo método da Psicogênese da Língua Escrita e quais as etapas de desenvolvimento da aprendizagem da criança. • Pré-silábica – Desenhos e garatujas usam como forma de escrita. A criança nesta etapa não tem a percepção entre a linguagem falada e formas de escrita; • Silábica – A criança vincula a escrita e pronúncia, relaciona a quantidade de sílaba orais com cada letra, palavra. Embora ocorram conflitos que levam a hipótese como: impossibilidade de ler simpaticamente, impossibilidade de ler o que os outros escrevem; • Silábica-alfabético – A criança escreve, passa entre o nível silábico e alfabético. As letras sozinhas possuírem som da sílaba; • Alfabético – A criança já possui formas fixas e grafa muitas sílabas completas. Ela tem a percepção que precisa de uma letra para cada sílaba, nesta fase pode ocorrer o erro ortográfico. Ao observamos a criança percorrer caminhos para apropria-se dos objetos de conhecimento: a leitura e escrita. Como base nesses pressupostos afirma: A consequência última desta dicotomia se exprime em termos ainda mais dramáticos; se a escrita é concebida como um código de transcrição, sua aprendizagem é concebida como a aquisição de uma técnica; se a escrita é considerada como um sistema de representação, sua aprendizagem se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento, ou seja, em uma aprendizagem conceitual (FERREIRO; TEBEROSKY, 1985, p. 284). Em uma segunda análise sobre a alfabetização e letramento numa intenção de continuidade, provindo das reflexões de Soares (2000), que contribuíram na teoria e na prática para o ensino, ao analisamos a alfabetização, ela pode ser entendida por diferentes perspectivas. Para a autora: Alfabetização é aqui entendia como o processo de aquisição da língua escrita, isto é, de aprendizagem das habilidades básicas de leitura; excluir- se, pois, a produção a respeito do desenvolvimento do domínioda língua escrita, aperfeiçoando e ampliação dessas habilidades. É que, embora o processo de aprendizagem da língua escrita seja um processo permanente, nunca interrompido, não parece apropriado, nem etimologicamente ou pedagogicamente. (SOARES, 2000, p. 15). 15 O letramento pode ser entendido como um processo cujo início antecede ao da alfabetização, pois, apesar de, geralmente, iniciar formalmente na escola começa muito antes, por meio do convívio da escrita. Por sua vez: a concepção tradicional de alfabetização, traduzida nos métodos analíticos ou sintéticos, tornava os dois processos independentes, a alfabetização, a aquisição do sistema convencional de escrita, o aprender a ler como decodificação e a escrever como codificação precedendo o letramento [...] (SOARES, 2004a, p. 34). Sendo assim, percebe-se que há uma diferença em saber ler e escrever, a palavra letramento traduzida da palavra inglesa “Literacy” partindo da etimologia de acordo com autora Soares (2009) em seu livro “Letramento”, defini esta palavra como “a condição de ser Letrado”. A palavra “Literate”, na ótica de Magda (2009, p. 22) “é, pois o adjetivo que caracteriza a pessoa que domina a leitura e a escrita [...]”. Visto que, a palavra letramento é bastante atual na área da educação nos últimos tempos, acredita-se que apareceu pela primeira pela autora Kato em 1986, em seu livro No Mundo da Escrita – uma Perspectiva Psicolinguística. Embora Magda (2009) faça uma crítica em relação a avaliação do nível de letramento no Brasil, podemos analisar o contexto histórico da alfabetização voltada aos interesses das classes dominantes, dessa forma, não contribuir para a diminuição dos analfabetos funcionais. Sendo assim, [...] é importante compreender que é o letramento que se estão referindo os pais desenvolvido quando denunciaram, como tem feitos em frequência, indicies altamente alarmantes illiteray (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália) e ou França, na verdade não estão denunciando como se costuma crer no Brasil (SOARES, 2009, p. 11). Há uma diferença entre alfabetização e letramento. O letramento é um fenômeno de estado ou condição de quem saber ler e escreve. Essa nova realidade social vem crescendo nas últimas décadas, por meio de uma discussão de modo que, é preciso alcançar as exigências impostas pela sociedade capitalista. Portanto, compreende-se que a alfabetização é um processo de aquisição do código da Língua Escrita, é o ensino das habilidades de ler e escrever, visto que, o letramento é o uso social e prático do processo de aquisição da Língua Escrita no cotidiano da criança. O letramento é uma prática que atua junto da alfabetização no mesmo processo, embora em contextos distintos, para o desenvolvimento da leitura 16 e escrita são indispensáveis, pois, “A necessidade de se começar a falar em letramento surgiu, creio eu, da tomada de consciência que se deu, [...], de que havia alguma coisa além da alfabetização, que era mais ampla, e até determinante desta” (SOARES, 2010, p. 32). 3 METODOLOGIA A pesquisa bibliográfica se pautou no estudo teórico de livros, artigos científicos e dados estatísticos acerca da alfabetização de crianças com dislexia. De acordo com Gil (1999, p. 71), “A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”. Falar desta temática certamente, é uma tarefa complexa, geralmente os sintomas da Dislexia são confundidos com outras dificuldades de aprendizagem, afetando rendimento escolar da criança. Partimos do contexto social e cultual do aluno, em como se dá o processo da alfabetização das crianças disléxicas, e quais os desafios enfrentados pelos professores ainda nos anos iniciais, a quantidade de alunos reprovados é crescente como mostra a Associação Brasileira de Dislexia (ABD). Analisamos e descrevemos o processo de alfabetização atual do Brasil, partindo do conceito histórico, que se centralizou na eficácia e desenvolvimento de métodos de ensino, o Brasil passou por mudanças educacionais consequentemente provindas dos movimentos sociais naquela época. Como o processo de Alfabetização e Letramento em duas perspectivas, ressaltamos brevemente a teoria da aprendizagem construtivista baseadas nas concepções da Psicogênese da Língua Escrita de Ferreiro Teberosky (1985). Procuramos utilizar como instrumento de analise textos bibliográficos para compreender, o cérebro do aluno disléxico durante a práxis da leitura e escrita. Foram necessários dados estatísticos e artigos científicos, pesquisados da internet, com o propósito de extrair e perceber indicativos significantes para minimizar os efeitos da dislexia no âmbito escolar. De modo a trazer matérias de conhecimento concreto que venham contribuir verdadeiramente na pratica docente. 17 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os resultados da análise dos dados deste trabalho se tornaram possíveis mediante a pesquisa bibliográfica, atrelada ao estudo dos grandes estudiosos acerca da temática. É importante saber que a Dislexia não é uma doença se resulta a um transtorno neurológico. A dislexia presente em sala de aula pode ser confundida como um ato de “preguiça” ou “falta de desinteresse” do aluno ou pode ser confundida com outros tipos transtornos das aprendizagens. De modo que, o diagnóstico ainda na idade precoce se faz necessário para poder minimizar o efeito da dislexia. Analisamos o conceito histórico da Alfabetização e seus impactos no processo da leitura e escrita, identificamos como os movimentos educacionais em toda história da educação brasileira trouxeram grandes mudanças para o ensino no país. Embora ainda se percebesse um alto índice de alunos atrasados e analfabetos nos anos iniciais. É importante ressaltar, o papel da escola pública, e dever da escola em adaptar e garantir a educação, o desenvolvimento do aluno, a interação e convivência como proposta inclusiva conforme normatizar a lei. Entretanto, a construção de políticas públicas para amparar as crianças disléxicas, a escola para alfabetizar os portadores da dislexia, tem certas dificuldades, a professora em sala de aula, sem nenhum auxilio em matérias didáticos não atuar como redentor dos efeitos peculiares da dislexia, se faz necessário uma intervenção pedagógica com uma equipe multidisciplinar atuante no desenvolvimento intelectual e cognitivo. Abordamos a ludicidade como mecanismo de ensino, podemos identificar como a pratica docente é desafiadora diante deste contexto. Segundo estudiosos e educadores da educação e da psicanálise, a ludicidade desperta e estimula o senso crítico do aluno, embora o aluno dislexo tenha uma dificuldade de soletração e na decodificação das palavras eles memorizam imagens vivas. E gradativamente podem ser trabalhadas suas limitações. A família faz parte deste processo, sendo importante na participação ativa na escola. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 18 Como analisamos por meio desta pesquisa bibliográfica, em artigos científicos, livros e embasamento teórico, a dislexia é um distúrbio neurobiológico que ocasiona dificuldades de aprendizagem respectivamente na leitura e escrita. Podendo ser hereditária, sendo reduzida gradativamente. De início buscamos identificar como se dá o processo de alfabetização com crianças dislexias. Podemos destacar que há uma fragilidade no ensino no qual faltam recursos pedagógicos voltados para os disléxicos, enquanto a prática docente, é notável o desafio em alfabetizar, diante da diversidade de alunos cada um com suas peculiaridades, limitações e dificuldades de aprendizagem. A falta de suporte da escola com propostas pedagógicas e uma equipe multidisciplinarpara auxiliá-los em suas dificuldades. Enfatizamos o conceito histórico da dislexia em diferentes variáveis por diferentes autores da Educação e Psicologia. De fato, a dislexia afeta o rendimento do aluno, visto a necessidade de professores capacitados a identificarem os sintomas ainda na idade precoce, sendo constatado pelos dados estatísticos de 10% a 15% da população brasileira sendo portadoras da dislexia conforme a Associação Brasileira de Dislexia. Sobre a Alfabetização nos Anos inicias baseamos nosso estudo na teoria do Construtivismo de Ferreiro e Teberosky (1985) que foram e vem sendo até os dias atuais uma grande influência na Educação Brasileira. O estudo também apresenta o trabalho de Soares (2004a, 2004b, 2009, 2020) na relevância do “alfabetizar” e “letrar” como dois mecanismos similares que precisam estar conectados entre si, distinguindo que o letramento parte do contexto social do aluno e da sua cultura. A conclusão deste trabalho apresenta uma percepção de como é importante falar sobre esse tema nos dias atuais, pois, ainda hoje é raro o debate acerca da alfabetização de crianças disléxicas nas escolas brasileiras. A complexidade em torno do retardo escolar, se faz presente, não levando em consideração que transtornos de aprendizagem podem afetar também o rendimento do aluno, e que a falta de informações causa exclusão e descriminação. Em virtude dos fatos mencionados, como estudantes do curso de pedagogia, o trabalho é fruto de grande aprendizado, além de vasta compreensão e análise que se faz necessário refletir na busca e construção de métodos de aprendizagem e políticas públicas para o processo de Alfabetização no Brasil, inclusive das crianças que sofrem de algum transtorno da aprendizagem. 19 REFERÊNCIAS ABD. Associação Brasileira de Dislexia. Disponível em: https://www.dislexia.org.br/. Acesso em: 19 dez. 2020. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 19 dez. 2020. BRASIL. Projeto de Lei 7.081. Associação Brasileira de Dislexia. Artigo 2°. Disponível em: http://www.dislexclub.com/projeto-de-lei-nacional-para-dislexia-e- tdah-ultima-etapa/. Acesso em: 12 nov. 2020. FERREIRO, Emilia; Teberosky, Ana. A Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Ed. Atlas, 1999. KATO, Mary. No mundo da escrita – uma perspectiva psicolingüística. São Paulo: Ática, 1986. MORGAN, W. A. Case of Congenital Word Blindness. British Medical Journal, n. 2, p. 378, nov. 1896. MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Educação e Letramento. São Paulo: Ed. UNESP, 2004. MUSZKAT. M. RIZZUTTI, S. Educação & Saúde: O professor e a dislexia. Ed. Cortez, volume. 8, coleção educação e saúde. 2012. OLIVEIRA, Rosane de Machado. A importância de analisar as dificuldades de aprendizagem no contexto escolar – dislexia, disgrafia, disortográfica, discalculia e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, v. 16. p. 492-521, mar. 2017. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dislexia- disgrafia-disortografica. Acesso em: 19 dez. 2020. SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento, Caminhos e descaminhos. São Paulo: Pátio, 2004a. SOARES. Magda, Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Paulo: Ed. Contexto, 2020. SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2004b. SOARES, Magda. Letramento: Um tema em Três Gêneros. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. https://www.dislexia.org.br/ http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ http://www.dislexclub.com/projeto-de-lei-nacional-para-dislexia-e-tdah-ultima-etapa/ http://www.dislexclub.com/projeto-de-lei-nacional-para-dislexia-e-tdah-ultima-etapa/ https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dislexia-disgrafia-disortografica https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dislexia-disgrafia-disortografica 20 TERRA. Cientistas identificam região do cérebro afetada pela dislexia. 2002. Disponível em: https://www.boasaude.com.br/noticias/4301/index-2.html. Acesso em: 19 dez. 2020. WALLON, H.; GRATIOT-ALFANDÉRY, H. Henri Wallon. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. 134 p.: il. – (Coleção Educadores) https://www.boasaude.com.br/noticias/4301/index-2.html Também fazem parte de boas estratégias de aprendizagem: Exercícios de respiração, organizar uma rotina de estudos, utilizar mapas mentais, utilizar áudio books, além de usar estratégias lúdicas e multissensoriais.