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CONTABILIDADE 
SOCIETÁRIA 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Reconhecer o propósito da estrutura conceitual das IFRS.
 > Identificar os principais conceitos das normas internacionais.
 > Descrever as características qualitativas das informações contábeis.
Introdução
Em razão da internacionalização da economia e dos mercados, o conhecimento 
sobre as informações econômico-financeiras para a tomada de decisões tem 
se acentuado e se tornado essencial, pois os relatórios contábeis são fontes 
importantes de informações para orientar decisões e subsidiar previsões dos 
stakeholders em qualquer parte do mundo. Essa internacionalização motivou 
a convergência das normas contábeis em âmbito internacional, levando a uma 
uniformidade no processo de elaboração dos relatórios financeiros para os 
países convergentes à internacionalização.
A estrutura conceitual para a elaboração e divulgação de relatórios finan-
ceiros nasceu em 1998 para atender a aspectos de harmonização e internacio-
nalização das demonstrações contábeis em alguns países europeus, por meio 
As normas 
internacionais 
de relatórios 
financeiros (IFRS)
Andréa Oliveira da Silveira
do International Accounting Standards Committee (IASC), que, a partir de abril 
de 2001, passou a se chamar International Accounting Standards Board (IASB), 
vigente até hoje. Essas normativas contábeis e financeiras atendiam pela sigla 
IAS (internacional accounting standards), passando a ter, a partir de 2001, 
a nomenclatura international financial reporting standards (IFRS), que, em 
uma tradução livre, significa normas internacionais de relatórios financeiros.
No Brasil, a estrutura conceitual para elaboração e divulgação dos relató-
rios financeiros foi introduzida e implantada no meio contábil pelo Conselho 
Federal de Contabilidade (CFC) com a criação do Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis (CPC) em 2008, o qual adotou a Estrutura Conceitual para Relatório 
Financeiro emitida pelo IASB no desenvolvimento dos pronunciamentos téc-
nicos. No ano de 2011, o pronunciamento conceitual passou por uma grande 
revisão e foi aprovado pela Deliberação CVM nº. 675/2011 e pela Resolução CFC 
nº. 1.374/2011, originando o pronunciamento Estrutura Conceitual para Elabo-
ração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro — CPC 00 (R1).
Em março de 2018, o IASB promoveu uma revisão no pronunciamento concei-
tual básico, realizando diversas modificações. No Brasil, a revisão foi igualmente 
feita e aprovada em novembro de 2019 e divulgada no mês seguinte, dando 
origem à segunda revisão, denominada Estrutura Conceitual para Relatório 
Financeiro — CPC 00 (R2). O pronunciamento foi aprovado pela Deliberação 
CVM nº. 835, de 10/12/2019, e pela Resolução CFC nº. 2019/NBC TG EC.
Neste capítulo, você entenderá o propósito da estrutura conceitual das IFRS, 
aprenderá os principais conceitos das normas internacionais e conhecerá as 
características qualitativas que as informações contábeis devem apresentar.
Propósito da estrutura conceitual das IFRS
Com o processo de globalização e harmonização das informações contábeis 
e financeiras, houve a necessidade de criar organismos internacionais que 
pudessem dar conta desse desafio. No Brasil, por meio da criação do CPC 
e da Lei nº. 11.638/2007, o processo de convergência contábil às normas 
internacionais foi acelerado.
O CPC é o órgão responsável por emitir as normas nacionais harmonizadas 
com as normas contábeis internacionais emitidas pelo IASB, as chamadas 
IFRS. Assim, tem como objetivo:
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS)2
[…] o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre proce-
dimentos de contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para 
permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à cen-
tralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta 
a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais (CONSELHO 
FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2005). 
Portanto, os pronunciamentos emitidos pelo CFC têm caráter de manual 
para as mais diferentes práticas contábeis.
O processo de internacionalização das normas contábeis trata da adoção 
de uma linguagem que permita o mesmo entendimento sobre as informa-
ções geradas pela contabilidade, independentemente do país em que essas 
informações forem elaboradas. Para isso, foi criada a estrutura conceitual 
para relatórios financeiros, a qual, conforme Rios e Marion (2020), tem como 
finalidade descrever os conceitos e o objetivo do relatório financeiro para 
fins gerais.
O CPC Estrutura Conceitual lista várias de suas finalidades, reproduzidas 
a seguir (COMITÊ DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS, 2019, p. 3):
(a) auxiliar o desenvolvimento das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) 
para que tenham base em conceitos consistentes;
(b) auxiliar os responsáveis pela elaboração (preparadores) dos relatórios financei-
ros a desenvolver políticas contábeis consistentes quando nenhum pronunciamento 
se aplica à determinada transação ou outro evento, ou quando o pronunciamento 
permite uma escolha de política contábil; e
(c) auxiliar todas as partes a entender e interpretar os Pronunciamentos.
A estrutura conceitual tem como objetivo auxiliar no cumprimento da 
missão da IFRS Foundation e do IASB, que é desenvolver pronunciamentos 
que tragam transparência, prestação de contas (accountability) e eficiência 
aos mercados financeiros em todo o mundo, atendendo ao interesse público 
(COMITÊ DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS, 2019). Porém, é importante que saiba 
que a estrutura conceitual não tem função normativa, e sim a de ser um guia. 
Portanto, nada que esteja contido nessa estrutura conceitual se sobrepõe 
a nenhum outro pronunciamento ou requisito contido em pronunciamento.
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS) 3
De acordo com a nova estrutura conceitual, o objetivo da elaboração e da 
divulgação do relatório financeiro consiste em fornecer informações financei-
ras sobre a entidade que está reportando e que estas sejam úteis aos seus 
usuários, como investidores existentes e potenciais, credores por empréstimos 
e outros credores, quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento 
de recursos para a entidade (COMITÊ DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS, 2019). 
As decisões mencionadas referem-se às incertezas quanto à geração de fluxos 
de caixa futuros pela entidade. Assim, esses usuários precisam da informação 
contábil para que consigam avaliar as perspectivas em termos de entrada 
de fluxos de caixa futuros para a entidade e de sua avaliação da gestão de 
recursos da administração sobre os recursos econômicos. Portanto, a estru-
tura conceitual contribui para a padronização da elaboração dos relatórios 
financeiros até que possam chegar aos usuários, os quais utilizarão essas 
informações para tomadas de decisões.
Os relatórios financeiros para fins gerais não fornecem nem podem fornecer 
todas as informações de que necessitam investidores, credores por emprés-
timos e outros credores existentes (COMITÊ DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS, 
2019). Desse modo, investidores, credores por empréstimos e outros credores, 
existentes e potenciais, precisam considerar informações pertinentes de 
outras fontes, por exemplo, condições e expectativas econômicas gerais, 
eventos políticos e ambiente político e perspectivas do setor e da empresa 
(COMITÊ DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS, 2019).
Os usuários primários têm interesses e desejos diferentes e, possivelmente, 
conflitantes aos dos demais usuários dos relatórios financeiros, como órgãos 
reguladores, público em geral, administração, etc. Assim, a estrutura conceitual 
para elaboração e divulgação dos relatórios financeiros busca fornecer um 
conjunto de informações que atenda às necessidades do maior número de 
principais usuários (COMITÊ DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS, 2019).
Ainda, a nova estrutura conceitual estabelece claramente que os relatórios 
contábil-financeiros não são elaborados para determinaro valor econômico 
de uma entidade que, em última análise, seria o preço negocial de uma organi-
zação, embora possam auxiliar na estimativa desse valor (MÜLLER; CORDEIRO; 
SCHERER, 2019). Assim, os relatórios se baseiam em estimativas, julgamentos 
e modelos, e não em descrições e retratos exatos (RIOS; MARION, 2020).
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS)4
Outro ponto importante da estrutura conceitual apresenta reside no fato 
de que todas as transações, independentemente de pagamentos e recebi-
mentos, devem ser registradas considerando o regime de competência, o qual 
possibilita aos usuários avaliarem a capacidade passada e futura na geração 
de fluxos de caixa líquidos para, consequentemente, tomarem decisões mais 
assertivas acerca dos negócios (MÜLLER; CORDEIRO; SCHERER, 2019). Os autores 
ressaltam que o estudo dos fluxos de caixa da entidade permite identificar 
informações sobre empréstimos e resgates de títulos de dívidas, dividendos e 
outras distribuições para seus investidores, além da possibilidade de prever 
problemas de liquidez e solvência.
Portanto, no regime de competência, os registros devem ser realizados 
quando ocorrerem, independentemente do recebimento ou do pagamento, 
isto é, no momento do surgimento dos fatos geradores.
Principais conceitos das normas 
internacionais
Conforme a estrutura conceitual, o objetivo das demonstrações contábeis 
(relatórios financeiros) consiste em fornecer informações financeiras sobre 
ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade que 
reporta, de modo que sejam úteis aos usuários das demonstrações contábeis 
(COMITÊ DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS, 2019). As demonstrações contábeis 
são elaboradas para um período específico (período de relatório) e fornecem 
dados sobre: (a) ativos e passivos — incluindo ativos e passivos não reconhe-
cidos — e patrimônio líquido que existiam no final do período de relatório, ou 
durante o período de relatório; e (b) receitas e despesas para o período de 
relatório (COMITÊ DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS, 2019). Ainda, com a finali-
dade de auxiliar os usuários, as demonstrações contábeis também fornecem 
informações comparativas de, pelo menos, um período de relatório anterior. 
De acordo com Rios e Marion (2020), a última revisão da estrutura conceitual 
modifica os critérios de reconhecimento de elementos nas demonstrações 
contábeis, que antes eram que uma entidade deveria reconhecer um item 
que atendesse à definição de um elemento se fosse provável que benefícios 
econômicos fluiriam para a entidade e se o item tivesse um custo ou valor 
que pudesse ser determinado com segurança. Porém, as definições de ativo, 
passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas foram alteradas. O Quadro 
1 apresenta as definições desses elementos das demonstrações contábeis 
antes e depois da revisão 2 do CPC 00. 
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS) 5
Quadro 1. Definições dos elementos dos relatórios financeiros
Antes da revisão Depois da revisão
Ativo Recurso controlado pela 
entidade como resultado de 
eventos passados e do qual 
se espera que benefícios 
econômicos futuros fluam 
para a entidade
Recurso econômico presente 
controlado pela entidade como 
resultado de eventos passados. 
Recurso econômico é um direito 
que tem o potencial de produzir 
benefícios econômicos
Passivo Obrigação presente da 
entidade, derivada de 
eventos passados, cuja 
liquidação se espera que 
resulte na saída de recursos 
da entidade capazes de gerar 
benefícios econômicos
Obrigação presente da entidade 
de transferir um recurso 
econômico como resultado de 
eventos passados
Patrimônio 
líquido
Interesse residual nos 
ativos da entidade depois 
de deduzidos todos os seus 
passivos
Participação residual nos ativos 
da entidade após a dedução de 
todos os seus passivos
Receitas Aumentos nos benefícios 
econômicos durante o 
período contábil, sob a forma 
da entrada de recursos ou 
do aumento de ativos ou 
diminuição de passivos, que 
resultam em aumentos do 
patrimônio líquido, e que 
não estejam relacionados 
à contribuição dos 
detentores dos instrumentos 
patrimoniais
Aumentos nos ativos, ou 
reduções nos passivos, 
que resultam em aumentos 
no patrimônio líquido, 
exceto aqueles referentes a 
contribuições de detentores de 
direitos sobre o patrimônio
Despesas Decréscimos nos benefícios 
econômicos durante o 
período contábil, sob a 
forma da saída de recursos 
ou da redução de ativos ou 
assunção de passivos, que 
resultam em decréscimo do 
patrimônio líquido, e que 
não estejam relacionados 
a distribuições aos 
detentores dos instrumentos 
patrimoniais
Reduções nos ativos, ou 
aumentos nos passivos, 
que resultam em reduções 
no patrimônio líquido, 
exceto aqueles referentes a 
distribuições aos detentores de 
direitos sobre o patrimônio
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS)6
Reconhecimento e desreconhecimento
Conforme o CPC 00 (R2), somente itens que atendam às definições de ativo, 
passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas podem ser reconhecidos nos 
relatórios financeiros (COMITÊ DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS, 2019). Alguns 
critérios, segundo o CPC 00 (R2), precisam ser observados para o reconheci-
mento desses elementos nas demonstrações contábeis; veja a seguir.
Critério de utilidade da informação: o ativo ou passivo é reconhecido somente 
se o seu reconhecimento e de quaisquer receitas, despesas ou mutações do 
patrimônio líquido resultantes fornece aos usuários dos relatórios financeiros 
informações úteis.
Critério do custo: o ativo ou passivo deve ser reconhecido se for provável que 
os benefícios das informações fornecidas aos usuários das demonstrações 
contábeis pelo reconhecimento justifiquem os custos de fornecer e utilizar 
essas informações. Há casos em que os custos do reconhecimento podem 
superar seus benefícios.
Critério da incerteza da mensuração: para que o ativo ou passivo seja reco-
nhecido, ele deve ser mensurado confiavelmente. Em muitos casos, essas 
mensurações devem ser estimadas e, portanto, estão sujeitas à incerteza na 
mensuração. Se a incerteza for severa, pode ser necessário não reconhecer 
o item, dando ampla divulgação em nota explicativa ao fato e ao julgamento 
empregado.
A estrutura conceitual também trata do desreconhecimento dos elementos 
dos relatórios financeiros. Trata-se da retirada em parte ou na totalidade de 
ativos ou passivos reconhecidos na demonstração contábil. Conforme Rios 
e Marion (2020), isso ocorre porque esse(s) item(ns) não atende(m) mais à 
definição de ativo ou de passivo. O CPC 00 (R2), item 5.26, explica que, para 
o ativo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a entidade perde 
o controle da totalidade ou de parte do ativo reconhecido, e, para o passivo, 
quando a entidade não tem mais uma obrigação presente pela totalidade ou 
parte do passivo reconhecido (COMITÊ DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS, 2019). 
Assim, o desreconhecimento contribui para a representação fidedigna das 
demonstrações contábeis.
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS) 7
Embora a palavra “desreconhecimento” possa soar estranha para 
você, trata-se de uma tradução literal do inglês britânico derecog-
nition (RIOS; MARION, 2020).
Um exemplo de desreconhecimento é quando reconhecemos na 
contabilidade da Empresa X uma obrigação com o Fornecedor Y. 
Na contabilidade da Empresa X, essa obrigação com o Fornecedor Y representa 
um passivo. Temos, depois, que a Empresa X realiza o pagamento para o For-
necedor Y, liquidando o passivo anteriormente reconhecido. Esse passivo que 
em um momento foi reconhecido agora será desreconhecido. Isso já ocorria 
do ponto de vista contábil, no entanto não havia um nome para definir esse 
procedimento. A nova estrutura conceitual definiu essa nomenclatura.
Outro exemplo seria ter contabilizado no ativo intangível da empresa o 
direito de exploração da linha rodoviária entre a cidade Alfa e a cidade Beta 
pelo período de 10anos. A empresa em questão ganhou a licitação da prefeitura 
para explorar tal trecho. Após findo esse prazo, a empresa desreconhecerá esse 
ativo das suas demonstrações contábeis, já que perdeu o controle deste ativo 
reconhecido, bem como não terá mais os benefícios econômicos gerados em 
prol da entidade.
Os critérios de contabilização das concessões de contratos podem 
ser verificados na norma de interpretação do CPC01, o ICPC01(R1), 
disponível na página do Comitê de Pronunciamentos Contábeis na internet.
Bases de mensuração
A estrutural conceitual também aborda as diversas bases de mensuração 
dos elementos das demonstrações contábeis. Na última revisão, o IASB am-
pliou as orientações sobre mensuração, descrevendo várias bases, a saber: 
custo histórico; valor atual; valor justo; valor em uso e valor de cumprimento; 
e custo corrente. O Quadro 2 apresenta as definições apresentadas pelo 
pronunciamento para cada base de mensuração.
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS)8
Quadro 2. Definições das bases de mensuração dos elementos das demons-
trações contábeis
Bases de 
mensuração Definição
Custo 
histórico
“A mensuração ao custo histórico fornece informações 
monetárias sobre ativos, passivos e respectivas receitas e 
despesas, utilizando informações derivadas, pelo menos em 
parte, do preço da transação ou outro evento que deu origem 
a eles. Diferentemente do valor atual, o custo histórico não 
reflete as mudanças nos valores, exceto na medida em que 
essas mudanças se referirem à redução ao valor recuperável de 
ativo ou passivo que se torna onerosa” (CPC 00 (R2), item 6.4.)
Valor atual “As mensurações ao valor atual fornecem informações 
monetárias sobre ativos, passivos e respectivas receitas e 
despesas, utilizando informações atualizadas para refletir 
condições na data de mensuração. Devido à atualização, os 
valores atuais de ativos e passivos refletem as mudanças, 
desde a data de mensuração anterior, em estimativas de 
fluxos de caixa e outros fatores refletidos nesses valores 
atuais. Diferentemente do custo histórico, o valor atual de 
ativo ou passivo não resulta, mesmo em parte, do preço 
da transação ou outro evento que deu origem ao ativo ou 
passivo” (CPC 00 (R2), item 6.10.). As bases de mensuração do 
valor atual incluem: valor justo, custo corrente, valor em uso 
de ativos e valor de cumprimento de passivos
Valor justo “Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de 
ativo ou que seria pago pela transferência de passivo em 
transação ordenada entre participantes do mercado na data 
de mensuração” (CPC 00 (R2), item 6.12.)
Custo corrente “O custo corrente de ativo é o custo de ativo equivalente na 
data de mensuração, compreendendo a contraprestação 
que seria paga na data de mensuração mais os custos de 
transação que seriam incorridos nessa data. O custo corrente 
de passivo é a contraprestação que seria recebida pelo passivo 
equivalente na data de mensuração menos os custos de 
transação que seriam incorridos nessa data. Custo corrente, 
como custo histórico, é o valor de entrada: reflete preços no 
mercado em que a entidade adquiriria o ativo ou incorreria 
no passivo. Assim, é diferente do valor justo, valor em uso 
e valor de cumprimento, que são valores de saída. Contudo, 
diferentemente de custo histórico, custo corrente reflete 
condições na data de mensuração” (CPC 00 (R2), item 6.21.)
(Continua)
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS) 9
Bases de 
mensuração Definição
Valor em uso e 
Valor de 
cumprimento
“Valor em uso é o valor presente dos fluxos de caixa, ou 
outros benefícios econômicos, que a entidade espera 
obter do uso de ativo e de sua alienação final. Valor de 
cumprimento é o valor presente do caixa, ou de outros 
recursos econômicos, que a entidade espera ser obrigada a 
transferir para cumprir a obrigação. Esses valores de caixa 
ou outros recursos econômicos incluem não somente os 
valores a serem transferidos à contraparte do passivo, mas 
também os valores que a entidade espera ser obrigada a 
transferir a outras partes de modo a permitir que ela cumpra 
a obrigação” (CPC 00 (R2), item 6.17.)
Apresentação e divulgação
Por fim, a nova revisão da estrutura conceitual inclui um capítulo que trata 
dos objetivos e princípios da apresentação e da divulgação dos relatórios, 
conforme a Figura 1.
Figura 1. Objetivos e princípios da apresentação e divulgação dos relatórios financeiros.
Fonte: Adaptada de Comitê de Procedimentos Contábeis (2019).
(Continuação)
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS)10
Assim, a comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis 
torna essas informações mais relevantes e contribui para uma representação 
fidedigna de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da 
entidade. Ainda, aprimora a compreensibilidade e a comparabilidade das 
informações nas demonstrações contábeis.
Características qualitativas das 
informações contábeis
Para que as informações financeiras sejam úteis, precisam ser relevantes e 
representar fidedignamente aquilo que pretendem representar. A estrutura 
conceitual apresenta várias características qualitativas que melhoram a 
utilidade da informação, separando-as em dois tipos: as fundamentais e as 
de melhoria.
Características qualitativas fundamentais
Correspondem à relevância e à representação fidedigna. Para ser considerada 
relevante, a informação financeira deve ser capaz de fazer diferença nas even-
tuais decisões tomadas pelos usuários dos relatórios financeiros. Geralmente, 
uma informação faz a diferença nas decisões quando tem um valor preditivo 
ou confirmatório, ou ambos, ou seja, o valor preditivo consiste em utilizar a 
informação contábil para projetar cenários futuros e, assim, tomar decisões 
mais precisas. Já o valor confirmatório consiste no fato de a informação servir 
de feedback em avaliações prévias, permitindo a confirmação ou não de uma 
avaliação prévia cujos fatos realizaram-se (RIOS; MARION, 2020).
A representação fidedigna corresponde à representação justa e verdadeira 
da situação patrimonial e financeira das entidades (RIOS; MARION, 2020). Con-
forme a estrutura conceitual, como os relatórios financeiros representam um 
fenômeno econômico em palavras e números, a informação financeira deve 
não apenas representar um fenômeno relevante, mas também representar 
de maneira fidedigna a essência do fenômeno. Essa representação deve dar 
mais peso à essência econômica das transações reportadas do que à forma 
jurídica adotada.
Assim, a realidade retratada precisa ter três atributos: ser completa, neutra 
e livre de erro. Para ser completa, a informação deve conter o necessário 
para que o usuário compreenda o fenômeno retratado. Para ser neutra, deve 
estar livre de viés na seleção ou na apresentação, não podendo ser distorcida 
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS) 11
para mais ou para menos. Por fim, o processo utilizado para obtenção da 
informação reportada deve ser selecionado e aplicado de modo a mitigar a 
possibilidade de erros.
Características qualitativas de melhoria
São aquelas que melhoram a utilidade da informação que é relevante e 
apresentada com fidedignidade:
 � a comparabilidade;
 � a capacidade de verificação;
 � a tempestividade; 
 � a compreensibilidade.
Comparabilidade é a característica que possibilita que os usuários iden-
tifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenças entre eles, isto 
é, deve permitir aos usuários comparar a posição financeira e o desempenho 
de uma empresa com informações similares de outras entidades e, também, 
na mesma entidade, em relação a outros períodos ou datas.
A característica da capacidade de verificação ajuda a assegurar aos usu-
ários que a informação representa de fato o fenômeno econômico que se 
propõe representar. Significa que diferentes observadores bem informados 
e independentes podem chegar a certo consenso quanto às transações que 
estão sendoreportadas, embora não a um acordo necessariamente completo, 
de que a representação específica seja uma representação fidedigna da 
realidade econômica subjacente.
A característica da tempestividade indica que a informação financeira, para 
ser útil e poder influenciar as decisões dos usuários, precisa estar disponível 
no tempo certo. Quanto mais antiga a informação, menor será sua utilidade.
Por fim, as informações financeiras precisam ser compreensíveis pelos 
usuários das demonstrações contábeis. A classificação, a caracterização e a 
apresentação das informações devem ser realizadas com clareza e concisão, 
tornando-a compreensível. Alguns fenômenos econômicos são naturalmente 
complexos, mas devem ser reportados, pois sua exclusão distorceria as 
informações prestadas pela empresa.
Assim, espera-se que os relatórios financeiros sejam elaborados de modo 
a serem compreensíveis a usuários com conhecimento razoável das atividades 
comerciais e econômicas da empresa, bem como a usuários que revisam e 
analisam as informações de modo diligente. Mesmo nesses casos, os usuá-
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS)12
rios podem precisar buscar o auxílio de consultor para a compreensão das 
informações sobre fenômenos econômicos complexos. Essa possibilidade 
não torna a demonstração contábil incompreensível, e sim apenas demanda 
um esforço razoável por parte do usuário para a sua adequada compreensão, 
compatível com a complexidade das atividades da entidade reportada.
Portanto, se as informações financeiras devem ser úteis, precisam ser 
relevantes e representar fidedignamente aquilo que pretendem representar — 
estes são os pré-requisitos fundamentais para a qualidade das informações. 
E a utilidade das informações financeiras aumenta se forem comparáveis, 
verificáveis, tempestivas e compreensíveis.
Caso você queira entender outros aspectos abordados pela nova 
estrutura conceitual aborda, leia o CPC 00 (R2) na íntegra, que está 
no site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).
Referências
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tura conceitual para relatórios financeiros. Brasília: CPC, 2019. 62 p. Disponível em: http://
www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80. 
Acesso em: 5 jan. 2021.
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2005. Cria o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC e dá outras providências. 
Brasília: CFC, 2005. 8 p. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Imagens/Res_1055.
pdf. Acesso em: 5 jan. 2021.
MÜLLER, A; CORDEIRO, C. M. R.; SCHERER, L. Contabilidade avançada e internacional. 
4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 208 p.
RIOS, R. P.; MARION, J. C. Contabilidade avançada: de acordo com as normas brasileiras 
de contabilidade (NBC) e normas internacionais de contabilidade (IFRS). 2. ed. São 
Paulo: Atlas, 2020. 440 p.
Leituras recomendadas
BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei 
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e 
estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação 
de demonstrações financeiras. Brasília: Presidência da República, 2007. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso 
em: 5 jan. 2021.
As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS) 13
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação nº 675, de 13 de dezembro de 2011. 
Aprova o Pronunciamento Conceitual Básico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
– CPC, que dispõe sobre a Estrutura Conceitual para a Elaboração e Divulgação de Rela-
tório Contábil-Financeiro. Rio de Janeiro; São Paulo; Brasília: CVM, 2011. Disponível em: 
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COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação nº 835, de 10 de dezembro de 2019. 
Aprova o Pronunciamento Técnico CPC 00 (R2) – Estrutura Conceitual para Relatório 
Financeiro emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC. Rio de Janeiro; 
São Paulo; Brasília: CVM, 201p. Disponível em: http://conteudo.cvm.gov.br/export/
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Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Dá nova redação à NBC TG ESTRUTURA CON-
CEITUAL, que dispõe sobre a estrutura conceitual para relatório financeiro. Brasília: 
CFC, 2019. Disponível em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTGEC.pdf. 
Acesso em: 5 jan. 2021.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução nº 1.374, de 8 de dezembro de 2011. 
Dá nova redação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para Ela-
boração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Brasília: CFC, 2011. Disponível 
em: https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_1374.pdf. Acesso em: 5 jan. 2021.
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária aplicável a todas as sociedades: 
de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 880 p.
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As normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS)14

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