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Efeito da inclusao de fibras polimericas e de cimento na resistencia de cisalhamento solo

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9815 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.16, n.8, p. 9815-9828, 2023 
 
 jan. 2021 
Efeito da inclusão de fibras poliméricas e de cimento na resistência ao 
cisalhamento do solo 
 
Effect of inclusion of polymeric and cement fibers on soil shear strength 
 
DOI: 10.55905/revconv.16n.8-100 
 
Recebimento dos originais: 10/07/2023 
Aceitação para publicação: 10/08/2023 
 
Maitê Rocha Silveira 
Mestre em Engenharia Civil 
Instituição: Faculdade de Engenharia de Bauru da Universidade Estadual Paulista "Júlio de 
Mesquita Filho" (UNESP) 
Endereço: Bauru - SP, Brasil 
E-mail: maiterocha7@gmail.com 
 
Gabriela Bolini Dias dos Santos 
Graduada em Engenharia Civil 
Instituição: Faculdade de Engenharia de Bauru da Universidade Estadual Paulista "Júlio de 
Mesquita Filho" (UNESP) 
Endereço: Bauru - SP, Brasil 
E-mail: gabrielabolini@gmail.com 
 
Willian de Brito Giacometti 
Graduado em Engenharia Civil 
Instituição: Faculdade de Engenharia de Bauru da Universidade Estadual Paulista "Júlio de 
Mesquita Filho" (UNESP) 
Endereço: Bauru - SP, Brasil 
E-mail: wbg9811@hotmail.com 
 
Roger Augusto Rodrigues 
Doutor em Engenharia Geotécnica 
Instituição: Faculdade de Engenharia de Bauru da Universidade Estadual Paulista "Júlio de 
Mesquita Filho" (UNESP) 
Endereço: Bauru - SP, Brasil 
E-mail: roger_ar@feb.unesp.br 
 
Caio Gorla Nogueira 
Doutor em Engenharia de Estruturas 
Instituição: Faculdade de Engenharia de Bauru da Universidade Estadual Paulista "Júlio de 
Mesquita Filho" (UNESP) 
Endereço: Bauru - SP, Brasil 
E-mail: cgnogueira@feb.unesp.br 
 
mailto:maiterocha7@gmail.com
mailto:gabrielabolini@gmail.com
mailto:wbg9811@hotmail.com
mailto:roger_ar@feb.unesp.br
mailto:cgnogueira@feb.unesp.br
 
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Paulo César Lodi 
Pós-Doutor em Engenharia Geotécnica 
Instituição: Faculdade de Engenharia de Bauru da Universidade Estadual Paulista "Júlio de 
Mesquita Filho" (UNESP) 
Endereço: Bauru - SP, Brasil 
E-mail: paulo.lodi@unesp.br 
 
RESUMO 
Esse trabalho compreende uma avaliação da variação da resistência ao cisalhamento de um solo 
argiloso em função da inclusão de cimento e fibras poliméricas, propondo a utlização de materais 
alternativos em um contexto em que os recursos ambientais tornam-se cada vez mais escassos. 
Assim, foram realizados ensaios de compactação do solo argiloso em seu estado natural e com 
adição de teores de 2% e 10% de cimento, a fim de avaliar o efeito da adição de cimento nos 
parâmetros de compactação do solo. Também foram realizados ensaios de cisalhamento direto 
no solo sem adição de cimento e com adição nos teores de 2%, 4%, 6%, 8% e 10%, com o 
objetivo de avaliar o teor de inclusão de cimento que resulta em maior ganho de resistência. A 
melhor combinação de solo-cimento encontrada foi submetida à adição aleatória de fibras 
poliméricas de PET com comprimentos de 10 e 15 mm, além de percentagens pré-determinadas 
de 0,75, 1,0; 1,5% em relação à massa seca do solo. Assim, verificou-se que os parâmetros de 
compactação do solo não são muito afetados pela adição de cimento. A inclusão de cimento ao 
solo mostrou-se efetiva, sendo possível observar grandes aumentos da coesão e do ângulo de 
atrito do solo, principalmente para acréscimos de maiores quantidades de cimento. Em relação à 
inclusão de fibras, foi possível notar aumento na resistência do compósito, entretanto, a adição 
aleatória de fibras a uma matriz cimentada tornou o material heterogêneo: a resistência do 
material e seu plano de ruptura mostraram-se imprevisíveis. 
 
Palavras-chave: solo-cimento, solo-cimento-fibra, resistência ao cisalhamento, parâmetros de 
compactação. 
 
ABSTRACT 
This work is an evaluation of the variation of a clay soil’s shear strength due to the inclusion of 
cement and polymeric fibers, proposing the use of alternative materials in a context in which 
environmental resources become increasingly scarce. Therefore, soil compaction tests were 
performed in the natural state and with 2% and 10% cement content added, in order to evaluate 
the the effect of cement addition on soil compaction parameters. Direct shear tests were also done 
in the soil without cement addition and with addition in the contents of 2%, 4%, 6%, 8% and 10 
% in order to evaluate the inclusion content of cement that results in greater resistance gain. The 
best combination of soil-cement was subjected to the random addition of PET polymer fibers 
with lengths of 10 and 15 mm, in addition to predetermined percentages of 0.75, 1.0 and 1.5% in 
relation to the dry mass of the soil. Thus, it was verified that soil compaction parameters are not 
affected by the addition of cement. The inclusion of cement in the soil proved to be effective, 
and it was possible to observe large increases in soil cohesion and friction angle, mainly in 
additions of larger quantities of cement. In relation to the inclusion of fibers, it was possible to 
notice an increase in the composite strength, however, the random addition of fibers to a 
cemented matrix made the material heterogeneous: the strength of the material and its rupture 
plane were unpredictable. 
 
mailto:paulo.lodi@unesp.br
 
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Keywords: soil-cement, soil-cement-fiber, shear strength, compaction parameters. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
A aplicação de fibras poliméricas para reforço de solos vem crescendo e ganhando espaço 
em aplicações geotécnicas nas últimas décadas. Esse fato justifica-se por motivos diversos como 
o advento do grande avanço das indústrias químicas, consagração da utilização de materiais 
poliméricos em obras de reforços e diversas vantagens que surgem desses fatos como economia, 
segurança, praticidade, menores volumes de solo, dentre outros (Casagrande, 2005, Trindade et. 
al., 2006; Sieira & Sayão, 2010). Bueno (1996) cita o fato das fibras estarem associadas à prática 
já consagrada de reforço de solos com inclusões direcionais (fitas, barras, mantas, grelhas) e à 
tradição da engenharia geotécnica em executar correção granulométrica por misturas de dois ou 
mais solos. Casagrande (2005) também afirma que avaliações de reforço de solos através de 
inclusões aleatoriamente distribuídas tem ganhado um campo de pesquisa maior. Este método 
tem demonstrado eficiência quando empregado tanto em solos cimentados como em solos não 
cimentados, devido à melhoria nas propriedades mecânicas que é capaz de conferir a estes 
materiais, principalmente os aumentos da resistência, da ductilidade e da tenacidade, e a 
diminuição da queda de resistência pós-pico. 
Outro tipo de reforço de solo que tem ganhado cada vez mais destaque é o solo-cimento. 
Este compósito é formado pela adição de cimento em percentagens pré-determinadas a uma 
matriz. De acordo com a ABCP, o solo é o material mais utilizado, com a quantidade de cimento 
variando entre 5% a 10% do peso do solo, apenas o suficiente para conferir as propriedades de 
resistência desejadas ao composto. De acordo com SILVA (2005) a utilização do solo-cimento 
na construção civil apresenta diversas vantagens como a grande disponibilidade do solo, o que 
propicia o uso intensivo de recursos do local, diminuindo gastos com transporte e escavação. 
Além disso, a tecnologia simples e a fácil aplicação não demandam mão de obra especializada. 
O compósito apresenta ainda grande durabilidade e manutenção reduzida, devido às elevadas 
resistências e menor grau de permeabilidade. 
No contexto hodierno, em que a escassez de recursos naturais é uma preocupação cada 
vez mais freqüente, o solo-cimento mostrou-se uma excelente alternativa para melhoria da 
capacidade resistente do solo em obras geotécnicas. Assim, diversos autores estudaram o 
desempenho do compósito quandoutilizado em conjunto com fibras de diferentes tipos. Specht 
 
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(2000) analisando os estudos de diversos autores (Crockford et al. (1993); Maher & Ho (1993); 
Li & Mitchell (1997); Liang (1992); Omine et al. (1996); Montardo (1999); Ulbrich (1997); 
Consoli et al. (1998 e 1999); Lima et al. (1996); Cavey et al. (1995)) concluiu que, em geral, as 
fibras apresentaram diminuição da amplitude das fissuras associadas à ruptura do compósito, 
aumentando sua tenacidade. Além disso, fibras com maior capacidade de alongação, 
principalmente fibras poliméricas, apresentam resultados mais satisfatórios que fibras com 
módulo de rigidez muito elevado, como por exemplo, fibras metálicas. O sucesso desse tipo de 
inclusão foi associado ao maior intertravamento entre as partículas da matriz. Além disso, o autor 
pôde concluir que as propriedades do material final dependerão das características da fibra e do 
compósito de solo-cimento, além da tensão de confinamento e modo de carregamento. 
 
2 MATERIAIS E MÉTODOS 
Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizado solo argiloso da região de Pederneiras 
(SP). Para caracterização do solo foram realizados ensaios de granulometria e de compactação 
(Proctor Normal). Todos os ensaios foram realizados no Laboratório de Mecânica dos Solos da 
Faculdade de Engenharia de Bauru. 
Para avaliação da influência da inclusão de cimento na resistência ao cisalhamento do 
solo foram moldados corpos de prova, na umidade ótima, com a adição de cimento em 
porcentagens pré-determinadas em relação à massa seca do solo. 
A fim de se avaliar a influência da adição de cimento aos parâmetros de compactação do 
solo estudado, foram realizados ensaios de compactação (Proctor Normal) com adição de 2% e 
10% de cimento, cujo procedimento é descrito a seguir. 
Conforme determinado pela NBR 12023/1992, a qual trata sobre ensaios de compactação 
em solo - cimento, após a secagem ao ar foi adicionada a quantidade especificada de cimento 
Portland CP II - F - 32, da fabricante CSN, e, depois de misturado o cimento ao solo, foi 
adicionada água em quantidade previamente calculada. Realizada a adição do cimento e da água, 
foi feita a compactação do corpo de prova, em três camadas, através da aplicação de 26 golpes 
de um soquete pequeno por camada, utilizando-se um molde cilíndrico acoplado à base. Após a 
compactação removeu-se o colarinho do cilindro e, com a utilização de uma régua biselada, foi 
retirado o excesso de material. Foi então determinada a massa do conjunto molde e corpo de 
prova, de modo a se obter a massa da amostra compactada úmida. Após a extração do corpo de 
 
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prova do molde (Figura 1) foi determinada a umidade da amostra. Os ensaios realizados com 
solo-cimento foram elaborados sem reuso de material e, portanto, foi utilizada uma amostra 
virgem para cada ponto da curva. 
 
Figura 1 - Corpo de prova do ensaio Proctor normal, após ser feita sua extração do molde 
 
Fonte: Autor 
 
Depois de realizados os ensaios de compactação foram realizados ensaios de 
cisalhamento direto, avaliando a resistência do solo argiloso com e sem a adição de cimento e 
com a adição de cimento e fibras de polietileno. 
Inicialmente foi feita a moldagem dos corpos de prova (cps) na umidade ótima do solo, 
colocando-se uma massa previamente calculada de solo-cimento, de acordo com o volume de 
cada molde e da densidade máxima do compósito, buscando-se o grau de compactação de 95% 
(Figura 2). Os corpos de prova foram então colocados no interior de uma cápsula que foi ajustada 
na máquina de cisalhamento direto para iniciar a ruptura. Antes de cisalhar, os corpos de prova 
foram adensados com o uso de cargas de 1, 2 ou 4 kg, o que variou de acordo com cada cp. A 
junção dos 3 resultados foi usada para formar uma envoltória. A Figura 3 ilustra a montagem do 
ensaio de cisalhamento direto. A figura 4, a seguir, mostra o corpo de prova já rompido, 
evidenciando o plano de ruptura. 
 
 
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Figura 2 - Corpo de prova do ensaio de cisalhamento direto já moldado 
 
Fonte: Autor 
 
Figura 3 - Processo de cisalhamento do corpo de prova no ensaio de cisalhamento direto 
 
Fonte: Autor 
 
 
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Figura 4 - Corpo de prova já rompido, evidenciando o plano de ruptura 
 
Fonte: Autor 
 
Para obtenção da envoltória reta de Mohr-Coulomb foram utilizados 3 resultados dos 
ensaios de cisalhamento direto, variando-se a carga normal aplicada em cada um. Adotou-se a 
compactação estática, na qual um êmbolo metálico é acoplado ao mesmo equipamento de 
compressão simples, e pressiona a parte superior do molde metálico do ensaio de cisalhamento 
direto a uma velocidade constante, compactando a quantidade previamente calculada de solo, 
fibra e água. Foram realizadas 6 envoltórias de solo para fins de comparação: solo argiloso sem 
a adição de cimento e com adição de cimento nas porcentagens de 2%, 4%, 6%, 8% e 10% em 
relação à massa seca do solo. 
Obtida a porcentagem ótima de solo-cimento, ou seja, a porcentagem de adição de 
cimento que apresenta maior ganho de resistência ao cisalhamento em relação ao solo argiloso 
puro foi feita a adição de fibras do tipo PET em diferentes tamanhos e porcentagens ao 
compósito, avaliando-se então, a melhoria que as fibras geram ao compósito. Foram utilizadas 
fibras de 10 e 15 mm, respectivamente, em porcentagens que variam em 0,75%, 1,00%, 1,50% 
em relação à massa seca do solo. 
Todos os ensaios foram realizados de acordo com as normas da ABNT. 
 
3 RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISES 
Foram realizados ensaios de granulometria e de compactação (Proctor Normal) no solo 
argiloso obtendo-se os seguintes resultados: o solo argiloso foi classificado como argila arenosa 
roxa escura. Do ensaio de Proctor foram obtidos os seguintes parâmetros para máxima 
compactação (100%): 
 
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Teor de umidade ótimo, wótimo= 16,1%; Massa específica seca máxima, ρdmáx = 1,837 
g/cm³. 
Além disso, foram realizados ensaios de compactação para o solo argiloso com adição de 
2% e 10% de cimento em relação à massa seca do solo, obtendo-se os seguintes parâmetros: 
• Adição de 2% de cimento 
Teor de umidade ótimo, wótimo= 16,5%; Massa específica seca máxima, ρdmáx = 1,775 
g/cm³. 
• Adição de 10% de cimento 
Teor de umidade ótimo, wótimo= 15,4%; Massa específica seca máxima, ρdmáx = 1,820 
g/cm³. 
Uma vez que os resultados apresentaram-se muito semelhantes aos resultados obtidos 
através do ensaio de compactação do solo sem adição de cimento verificou-se que a umidade 
ótima e a densidade aparente seca máxima não são muito afetadas pela adição de cimento, o que 
foi condizente com os resultados obtidos por Kézdi (1979) e Ulbrich (1997). 
Os corpos de prova de solo-cimento foram então moldados para os ensaios de 
cisalhamento direto na umidade ótima do solo de 16,1%, que em todos os casos se mostrou 
condizente com o desvio aceitável da umidade ótima de 1%, compatível com os desvios que 
podem ocorrer em campo. 
Em relação aos ensaios de cisalhamento direto, estes foram moldados na umidade ótima 
do solo, com grau de compactação de 95%, variando-se a porcentagem de cimento aplicada em 
relação à massa seca do solo. Foram obtidas seis envoltórias: uma envoltória referente ao solo 
argiloso puro, sem acréscimo de cimento, enquanto que as demais envoltórias foram referentes 
ao solo argiloso com acréscimo de 2%, 4%, 6%, 8% e 10% de cimento.Cada envoltória foi obtida 
através do cisalhamento de 3 corpos de prova, os quais foram adensados com o uso de cargas de 
1, 2 e 4 kg. 
A Tabela 1 a seguir mostra os parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo, 
encontrados para cada envoltória, e a Figura 5 ilustra as envoltórias do solo argiloso com e sem 
a inclusão de cimento, visando à comparação entre elas. 
Na tabela 1, Ø representa o ângulo de atrito do compósito, valor que corresponde à 
resistência do solo que é devida ao atrito entre as partículas. Em se tratando de taludes, o ângulo 
de atrito pode ser entendido como o ângulo máximo que a força transmitida à superfície pode 
 
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fazer com a normal ao plano de contato, sem que ocorra deslizamento. Atingido este ângulo, a 
componente tangencial é maior do que a resistência ao deslizamento, que depende da 
componente normal. 
 
Figura 5 - Envoltória de resistência ao cisalhamento do solo-cimento, obtida através dos parâmetros de coesão e 
ângulo de atrito 
 
Fonte: Autor 
 
Tabela 1 - Parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo, encontrados para cada envoltória 
Solo analisado Coesão (kPa) Ø (o) 
Solo argiloso puro 64,8 17,2 
Solo com 2% de cimento 67,3 20,0 
Solo com 6% de cimento 66,7 60,0 
Solo com 8% de cimento 40,6 73,7 
Solo com 10% de cimento 69,3 71,7 
Fonte: Autor 
 
Além da resistência causada pelo atrito entre as partículas, a atração química existente 
entre os grãos provocam a existência de uma coesão. A coesão é a principal parcela da resistência 
ao cisalhamento dos solos finos e coesivos, como as argilas, enquanto que para os solos 
granulares ou não coesivos, como as areais, a maior parcela da resistência é devida ao ângulo de 
atrito. 
Assim, a inclusão de cimento ao solo argiloso estudado mostrou-se efetiva, uma vez que 
foi possível observar grandes aumentos da coesão e do ângulo de atrito do solo, dependendo da 
quantidade de cimento adicionada. Efeitos mais pronunciados foram notados para acréscimo de 
maiores quantidades de cimento. 
No caso em que se adicionou 2% de cimento em relação à massa seca do solo nota-se um 
pequeno aumento da coesão, de 3,7%, enquanto houve uma diminuição de 7,9% do ângulo de 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Argila
https://pt.wikipedia.org/wiki/Atrito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Atrito
 
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atrito. Dessa forma, através da comparação entre as envoltórias ilustradas pela figura 5, a adição 
de 2% de cimento ao solo seria vantajosa no aumento da resistência deste apenas quando o solo 
em questão estiver confinado com uma tensão normal menor que 39,8 kPa, o que pode ser 
calculado através da equação a seguir, em que s representa a resistência ao cisalhamento do solo, 
c a coeão, σ a tensão normal efetiva atuante e Ø o ângulo de atrito do solo. 
 
s = c + σ . tan Ø (1) 
 
As envoltórias obtidas com adição de 4% e 6% de cimento ao solo mostraram, em todos 
os casos, aumento da resistência ao cisalhamento do solo. Com a adição de 4% de cimento 
obteve-se um aumento de 10,8% da coesão do solo e de 58,3% do ângulo de atrito, enquanto que 
com a adição de 6% de cimento o aumento da coesão foi de apenas 2,9%, além de um grande 
aumento de 81,3% do ângulo de atrito. Portanto, em se tratando do aumento da resistência, para 
tensões normais acima de 11,8 kPa o uso de 6% de cimento mostrou-se mais efetivo. 
A adição de 8% de cimento ao solo estudado, por sua vez, foi a única que apresentou 
diminuição da coesão do solo (de 37,4 %), entretanto, também apresentou o maior aumento do 
ângulo de atrito entre as porcentagens analisadas (de 122,7%), mostrando potencial para 
aplicação em solos em que a tensão normal atuante é alta. 
Os resultados mais satisfatórios foram obtidos para a adição de 10% de cimento em 
relação à massa seca do solo analisado, apresentando aumento considerável da coesão e um 
aumento muito grande do ângulo de atrito. O aumento de coesão foi de 6,9% e do ângulo de 
atrito de 166,6%. 
A seguir, a Figura 6 ilustra as envoltórias do solo-cimento-fibra, para a adição de fibras 
de 10 e 15 mm, respectivamente, em porcentagens que variam em 0,75%, 1,00%, 1,50% em 
relação à massa seca do solo e a Tabela 2 mostra os parâmetros de resistência ao cisalhamento 
do solo, encontrados para cada envoltória. 
 
 
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Tabela 2 - Parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo, encontrados para cada envoltória de solo-cimento-
fibra 
Tamanho das 
fibras incluídas 
Porcentagem de fibras Coesão (kPa) Ø (o) 
10 mm 0,75% 188,2 71,8 
10 mm 1,00% 57,3 60,3 
10 mm 1,50% 202,8 46,7 
15 mm 0,75% 116,0 60,0 
15 mm 1,00% 277,7 57,2 
15 mm 1,50% 60,6 71,4 
Fonte: Autor 
 
Assim, através da análise dos resultados é possível perceber que o compósito solo-
cimento-fibra apresentou um significativo ganho de resistência em relação ao solo argiloso puro, 
entretanto, em relação ao solo-cimento, em alguns casos a adição de fibras apresentou uma 
diminuição na resistência. 
Dentre as combinações estudadas, a maior coesão foi obtida para adição de 1,00% de 
fibras de 15 mm de comprimento, em relação à massa seca do solo, resultando em uma coesão 
de 277,7 kPa, equivalente a um aumento de 328,5% em relação ao solo argiloso puro e de 300,7% 
em relação ao solo argiloso com adição de 10% de cimento. O maior ângulo de atrito encontrado 
foi para adição de 0,75% de fibras de 10 mm de comprimento, resultando em um ângulo de atrito 
de 71,8º, 116,9% maior que o ângulo obtido para o solo argiloso puro e aproximadamente igual 
ao ângulo obtido para o solo argiloso com adição de 10% de cimento. 
No geral, avaliando-se ambos os parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo 
percebe-se que o maior ganho foi em relação à adição de 0,75% de fibras de 10 mm de 
comprimento, em que, em relação à resistência atingida pelo compósito de solo-cimento, o 
ângulo de atrito obtido foi muito próximo ao ângulo obtido sem a adição de fibras e a coesão 
apresentou um aumento de 171,6% quando da adição desta combinação de fibras. 
Além disso, analisando-se os resultados de maneira mais geral (a se excluir algumas 
exceções) pode-se verificar que a adição de fibras ao composto de solo-cimento tem efeito mais 
pronunciado no aumento da coesão do solo, apresentando também diminuição no ângulo de 
atrito, de modo que sua adição ao compósito fica, então, condicionada ao parâmetro de resistência 
ao cisalhamento do solo que se deseja alterar. 
 
 
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Figura 6 - Resistência ao cisalhamento do solo-cimento-fibra, obtida através dos parâmetros de coesão e ângulo de 
atrito, para adição de fibras de 10 e 15 mm de comprimento 
 
 
Fonte: Autor 
 
Os resultados obtidos também apontam características importantes do material solo-
cimento-fibra: o compósito torna-se heterogêneo. A adição de fibras a uma matriz cimentada 
torna o comportamento do material imprevisível, de forma que, no momento da ruptura dos 
corpos de prova a matriz cimentada agrega as fibras de modo a criar um material heterogêneo, 
cuja tensão resistida e o plano de ruptura irão depender da distribuição das fibras, em especial da 
quantidade de fibras que serão solicitadas durante a ruptura e da forma com que os esforços se 
distribuirão. 
 
 
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4 CONCLUSÕES 
Diante dos resultados obtidos e analisados, as principais conclusões estão elencadas a 
seguir. 
Através da realização de ensaios de compactação com solo-cimento notou-se que aumidade ótima e a densidade aparente seca máxima não são muito afetadas pela adição de 
cimento; 
A inclusão de cimento ao solo mostrou-se efetiva, sendo possível observar grandes 
aumentos da coesão e do ângulo de atrito, dependendo da quantidade de cimento adicionada. 
Efeitos mais pronunciados foram notados para acréscimo de maiores quantidades de cimento; 
Os resultados mais satisfatórios foram obtidos para a adição de 10% de cimento, 
apresentando aumento considerável da coesão e um aumento muito grande do ângulo de atrito; 
Em todos os casos a adição de cimento resultou na estabilização volumétrica do solo; 
Em relação ao compósito solo-cimento-fibra é possível perceber que este apresenta um 
significativo ganho de resistência em relação ao solo argiloso puro, entretanto, em relação ao 
solo-cimento, em alguns casos a adição de fibras apresentou uma diminuição na resistência; 
Dentre as combinações estudadas, a maior coesão foi obtida para adição de 1,00% de 
fibras de 15 mm de comprimento e o maior ângulo de atrito encontrado foi para adição de 0,75% 
de fibras de 10 mm de comprimento. 
Pode-se verificar também que a adição de fibras ao composto de solo-cimento tem efeito 
mais pronunciado no aumento da coesão do solo, apresentando também diminuição no ângulo 
de atrito. 
Por fim, conclui-se que a adição de fibras a uma matriz cimentada torna o comportamento 
do material imprevisível, pois a adição de fibra ao compósito de solo-cimento faz com que o 
material resultante mostre-se heterogêneo. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Os autores agradecem à FAPESP pelo financiamento desta pesquisa e ao laboratório de 
Geotecnia da Faculdade de Engenharia de Bauru (FEB/UNESP). 
 
 
9828 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.16, n.8, p. 9815-9828, 2023 
 
 jan. 2021 
REFERÊNCIAS 
 
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