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SAIBA MAIS 1 – AULA 7 Juros, na visão de quem paga e de quem recebe Quando a pessoa está sem dinheiro para comprar à vista, mas não quer ou não pode esperar para comprar e acaba fazendo uma dívida e pagando juros, dizemos que a pessoa está em uma posição devedora. Na posição devedora, a pessoa antecipa o momento de usar o produto ou serviço. Sem dinheiro para pagar pela compra, o consumidor deixa para pagar depois, e por isso terá que pagar a mais, pois, além de pagar pelo produto ou serviço, terá que também pagar os juros pelo dinheiro que tomou emprestado. Isso ocorre quando, por exemplo, o indivíduo financia a compra de uma casa, toma um empréstimo consignado, decide comprar um eletrodoméstico em prestações. Naturalmente, ao dizermos que o consumidor “deixa para pagar depois”, o que na verdade estamos dizendo é que, ao efetuar a compra de algo, o consumidor não despende seu próprio dinheiro no ato da compra. Sem recursos próprios para poder pagar por aquilo que está comprando, o consumidor toma crédito da loja que lhe está vendendo em prestações, ou recorre a um financiamento ou a um empréstimo de uma instituição financeira (sob forma de um empréstimo consignado, um crédito direto ao consumidor, um financiamento imobiliário, por exemplo). Note que, se um indivíduo estiver em uma posição devedora, o fato de pagar ou não suas prestações em dia, no prazo certo, não interfere na sua posição – o que pode variar é o fato de o devedor estar adimplente (em dia com suas obrigações) ou inadimplente (um indivíduo que tem uma dívida a ser paga em prestações e não as paga nos seus devidos prazos). Muitos brasileiros confundem essa situação, entendendo que estão com dívidas somente quando não pagam as prestações, ou quando as pagam com atraso. Na verdade, se uma pessoa tem uma prestação, um carnê, uma dívida de qualquer espécie para pagar, ela está em uma posição devedora. Assim, até mesmo ao usarmos a energia elétrica de nossa casa, usufruindo agora para pagar por ela depois (quando chegar a conta para ser paga no dia do vencimento), estamos em uma posição devedora. Mas é claro que, neste caso, a concessionária de energia não nos cobra juros por isso – nem vai cobrar juros nem multas se a conta for paga na data certa (ou mesmo antes da data de vencimento da conta). De qualquer forma, esse exemplo deixa clara a posição de dívida quando se usufrui agora e se paga depois, mesmo que dentro do vencimento e, neste caso, sem juros ou multas. Por outro lado, na visão de quem recebe os juros, eles são o prêmio, os rendimentos que se ganha por emprestar dinheiro a uma instituição financeira. Temos aqui um detalhe fundamental: o dinheiro poupado não receberá rendimentos se estiver guardado debaixo do colchão ou dentro de um pote enterrado no jardim. Os rendimentos são o resultado da aplicação do dinheiro (como vimos mais detalhadamente, nas aulas anteriores, sobre os atos de poupar e investir). 01 É por isso que podemos dizer que, na visão de quem recebe juros, sendo remunerado pelo dinheiro poupado e aplicado em um investimento, os juros são a bonificação pela paciência. Quando o indivíduo junta dinheiro ao longo do tempo, não usa o dinheiro e ainda investe seus recursos poupados, aplicando, por exemplo, em um produto de investimento oferecido por uma instituição financeira (“emprestando” seu dinheiro à instituição), este “empréstimo” lhe pagará juros – esta será a sua remuneração por saber ou poder esperar. Assim, quando o indivíduo espera para comprar, juntando seus recursos até ter dinheiro para pagar à vista, fazendo uma poupança e aplicando o seu dinheiro, emprestando-o a uma instituição financeira, o indivíduo recebe juros na forma de rendimentos, e assim dizemos que está em uma posição credora. 02