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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES: CONCEITOS E PRINCÍPIOS BÁSICOS. Visa a objetividade, a clareza e a obviedade para que a obrigação seja cumprida. Ex: Não há condição nenhuma de um processo judicial, com a participação somente de um autor, sem a triangulação do autor, o juiz e o réu. 1. NOÇÃO GERAL DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES (17/03/2021) Ramo que pertence ao Direito Civil; Obs: uma obrigação que se espera ser cumprida pelo devedor (sujeito passivo). Relações jurídicas patrimoniais –> Relações obrigacionais que ligam um sujeito a outro; É um vínculo jurídico, ao qual, o sujeito se submete, obrigando-o a uma dada prestação; Obs: Muito cuidado ao ouvir as palavras, prestações, credor e etc, que se referem aos vínculos de submissão Pergunta Como é a duração de uma relação de caráter patrimonial? O que se pretende nessa relação obrigacional? - Até quando o objeto da obrigação for totalmente prestado pela figura do devedor. A relação jurídica entre credor e devedor tem caráter transitório de duração, tendo ao final, como objeto, uma prestação patrimonial e/ou econômica positiva ou negativa em favor do credor. Uma vez que essa prestação é cumprida, essa obrigação jurídica se encerra. As obrigações, positiva ou negativa em favor do credor, são Mecanismos judiciais de exigir a prestação. ex: Entrega de um bem (positiva). pagamento de um preço (positiva), se abster de uma prática de um ato, como nas situações irregulares nas relações de vizinhança (negativa). 1.1. CREDOR (SUJEITO ATIVO) X DEVEDOR (SUJEITO PASSIVO) As obrigações devem ser lícitas, possíveis, determinadas ou pelo menos determináveis. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. (equilíbrio contratual). 2. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO (24/03/2021) Todo ser humano tem por vocação inicial viver em grupo. É por essa vocação que acabamos assumindo uma obrigação. Constitui uma ligação entre o credor e o devedor (ligação jurídica), sendo que o primeiro tem o direito de receber do segundo uma determinada prestação. São dois elementos: A existência de uma prestação/obrigação e a responsabilidade do devedor pelo seu pagamento. A Obrigação é um vínculo jurídico, ao qual, nos submetemos coercitivamente, trata-se de uma sujeição. O devedor tem responsabilidade sobre uma prestação, e espera-se que isso aconteça de uma forma pactuada. O vínculo jurídico obrigacional é temporário. No entanto, pode o credor exigir do devedor na esfera judicial. Em resumo, a obrigação para EXISTIR exige: OBJETO Prestação -Fazer (positiva) -Não fazer (negativa) SUJEITO DA RELAÇÃO Credor e Devedor -Sujeito ativo -Sujeito passivo RESPONSABILIDADE Sanção Jurídica Espera-se do devedor O direito das obrigações consiste em um complexo de normas que regem relação jurídica de ordem patrimonial, seu conteúdo é a prestação patrimonial, ou seja, meios lícitos para exigir do devedor o cumprimento da obrigação. 3. TERMOS IMPORTANTES NO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES (31/03/2021) Obrigação - > É o Vínculo jurídico, onde uma pessoa pode exigir da outra uma prestação economicamente apreciável - Espera-se comportamento ativo do devedor, para que seja cumprida a obrigação; Dever jurídico -> É algo voltado para o ordenamento jurídico e quando nós falhamos neste comando, estamos assumindo a inocorrência de sanções. É a necessidade de todas as pessoas observarem as ordens do ordenamento jurídico, sob pena de incorrer em uma sanção. Não se aplica apenas nas relações obrigacionais, mas também, no direito das coisas, no direito de família, nos direitos da personalidade e etc. No direito das coisas, nós falamos sobre a parte patrimonial, impostos, coisas envolvendo este tipo de situação e incidências; Ônus jurídico -> Comportamento, a conduta, algumas necessidades procedimentais. A conduta para satisfazer um interesse. Necessidade de agir de certo modo, para a tutela de interesses próprios. Art: 373 CPC; Direito potestativo -> É o poder que a pessoa tem de influir na esfera jurídica de outrem. Gera um estado de sujeição. Art. 1521 CC. Ex: é o poder que os empregadores exercem sobre os empregados. 4. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Objeto -> Prestação, fato a ser prestado podendo ser positivo ou negativo. Esta prestação tem que ser determinada, ou pelo menos, determinável (objeto direto imediato da relação). O Objeto mediato é a coisa e o objeto imediato é a especificação da coisa. O vínculo jurídico pode ser mediante a um contrato escrito ou tácito (verbal). Exigibilidade -> Compromisso assumido entre o credor e o devedor; Direito relativo -> Cumprimento daquela prestação. O objetivo é atender o interesse pessoal e econômico do credor, não pode ser imposta para a coletividade. exemplo: dever de pagar tributo; Prestação -> Prestação positiva: dar coisa certa, dar coisa incerta, restituir e fazer. Prestação negativa: abstenção; Autonomia privada -> Liberdade que os sujeitos da obrigação têm quando fazem ou combinam as obrigações. Ampla liberdade em externar a sua vontade, limitada pela licitude do objeto. Os sujeitos das relações obrigacionais acertam entre si esta ampla liberdade de externar a sua vontade. 4.1. DIREITOS OBRIGACIONAIS X DIREITOS REAIS (06/04/2021) Quanto ao objeto: Direitos Obrigacionais -> exigem o comprimento de determinada prestação. O objeto (a prestação) deve ser cumprido. Gera uma sanção ou responsabilidade sobre o devedor em caso de inércia. Direito reais -> Incidem sobre a coisa (A casa, O carro... Aquilo que é ligado ao seu patrimônio). Quanto ao sujeito: Direitos Obrigacionais -> A figura do sujeito passivo é determinada ou minimamente determinável. É apresentada figura do credor é a do devedor, onde o sujeito passivo (devedor) deve ser determinado ou, minimamente determinável. Direito reais -> A figura do sujeito passivo é indeterminável, É apresentada a figura do credor, entretanto, o devedor não aparece, logo, nos leva a conclusão de que todas as pessoas do universo devem se abster de molestar o titular deste direito. Efeito contra todos (erga omnes). Quanto à duração (tempo): Direitos Obrigacionais -> Exige-se que o devedor se mexa e cumpra suas prestações, pois, na própria ciência obrigacional, exige-se que os vínculos obrigacionais sejam transitórios, ou seja, passem a não existir quando o devedor se movimenta, a fim, de adimplir a prestação. Direito reais -> São perpétuos, não se extingue pelo uso. Quanto à formação: Direitos Obrigacionais -> Podem resultar da vontade das partes. Não há um número limitado de contratos, pode-se contratar livremente. Direito reais -> Só podem ser criados pela lei e regulados por esta. Quanto ao exercício: Direitos Obrigacionais -> Exige-se a figura intermediária do sujeito passivo, o devedor precisa adimplir através de sua não inércia o objeto contratual. Direito reais -> Os direitos são exercidos diretamente sobre a coisa, sem a necessidade da figura intermediária do sujeito passivo. Quanto à ação (muito ligado ao item b): Direitos Obrigacionais -> O sujeito passivo é minimamente determinável, pois, nos direitos obrigacionais, a ação é dirigida somente contra quem figura na relação de sujeito passivo Direito reais -> Por via de regra, esta ação pode ser exercida contra quem quer que detenha a coisa. 5. ELEMENTOS (ESTRUTURA) DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL Três elementos básicos da obrigação: ->Sujeito ( ativo ou passivo); -> Vínculo obrigacional; -> Objeto; Três fases que correspondem a esta estrutura obrigacional (iter criminis): -> O nascimento da Obrigação - Espera-se a boafé entre as partes do credor e do devedor. Representada pelos princípios da boa fé, autonomia da vontade e a validade prevista no art. 104 CC. -> A submissão do vínculo em favor de alguém - Se tem um sujeito passivo (devedor) intimamente submisso a esta relação obrigacional. Com a possibilidade de tendência local, pois, temos que ter a dimensão territorial, onde os climas e culturas, por exemplo, interferem nessas relações. obs: atenção a situações particulares, uso e costumes locais, a convivência do homem em sociedade. -> Dever - O cumprimento da obrigação, o dever jurídico. Espera-se nesta fase do dever, o cumprimento espontâneo da obrigação. Exige-se agente capaz, objeto lícito (possível, determinado ou determinável) e a forma prescrita (tem que haver uma conformidade prevista em lei). 6. OBRIGAÇÃO “SEM RESPONSABILIDADE” X RESPONSABILIDADE “SEM OBRIGAÇÃO” (07/04/2021) 6.1. OBRIGAÇÃO “SEM RESPONSABILIDADE”. - Os direitos prescrevem após o decurso de um determinado prazo fixado por lei. Após isto, perdura a obrigação, sem perdurar a responsabilidade. A responsabilidade é um elemento fundamental para o vínculo obrigacional e quando este cumprimento não é realizado, voltamos os olhos para a responsabilidade desses agentes, através de mecanismos legais (negando a justiça com as próprias mãos). A obrigação gera uma responsabilidade. 6.2. RESPONSABILIDADE “SEM OBRIGAÇÃO” - A figura do fiador. Pois o fiador é um coadjuvante, ele não está obrigado, pois lá nas origens das questões embrionárias, ele sequer foi citado, pois o pacto da situação foi dado entre outra parte, logo, ele não figura como devedor, se torna responsável, mas não obrigado. Ex: obrigação de pagar aluguel, pois se torna obrigação do inquilino e não do fiador. Se o devedor não pagar, o fiador (compõe o polo passivo) é responsável. Quando nós temos essas duas frentes: Obrigação “sem responsabilidade” ou Responsabilidade “sem obrigação”, nós automaticamente voltamos aos olhos as hipóteses e situações pragmáticas entre as partes da relação obrigacional. Também trazemos em pauta, direitos prescritos, onde o devedor, por lapso temporal, e não cumprindo sua responsabilidade a tempo, a obrigação perdura (não há responsabilidade). A obrigação sem responsabilidade, nos devemos lembrar daquela máxima de que o direito não socorre a quem dorme.Ex: CLT, prazos prescricionais e decadenciais. 7. MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES Classificações gerais; - Na prática, as categorias obrigacionais podem se entrelaçar. Ex: numa questão de compra e venda, o comprador tem a obrigação de entregar o dinheiro e o vendedor de entregar o bem. Logo, se resume numa relação positiva de dar. E também de se responsabilizar pelos vícios redibitórios (ocultos) art. 26 CDC. Divisão no Código Civil; - Obrigação de dar coisa certa (positiva); - Obrigação de dar coisa incerta (positiva); - Obrigação de fazer (positiva); - Obrigação de não fazer (negativa); Para a efetivação na obrigação, a prestação deverá ser: Possível -> Materialmente realizável; Lícita -> Deve apresentar licitude (normas de ordem pública); Determinada -> Individualização do objeto, ao menos, determinável (momento do cumprimento), não a possibilidade de eu individualizar; Patrimonial -> Valor econômico ( não existe prestação da obrigação sem a presença de um valor econômico) ex: compra e venda, aluguel; Obs: dever moral não compõe dever jurídico. 8. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA Palavra chave – Individualização - Entrega de uma coisa, móvel ou imóvel, fungível (troca justa) ou não fungível, divisível ou indivisível. São consideradas coisas fungíveis, os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. - Mesmo que a mercadoria, ou bem transferido ao credor, conte como valorização superior a que havia se comprometido. O devedor não se exonera da obrigação principal, Nesta modalidade de obrigação, não se tolera a realização de prestação diversa pelo sujeito passivo (o que foi combinado, deve ser cumprido). 8.1. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA X OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR (13/04/2021) Enquanto na obrigação de dar, a coisa pertence ao devedor até o momento da tradição, na obrigação de restituir a coisa já pertencia ao credor, que recebe de volta, em devolução. - Obrigação de dar coisa certa é individualizada, “é a coisa/objeto”. - Nas obrigações de dar, é necessária a determinação do gênero, da espécie e quantidade. Constituído de um corpo certo e determinado. Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. - Nas obrigações de dar coisa certa, é necessário que se transfira a posse e a propriedade de uma coisa. É preciso que ocorra o fenômeno da tradição da real transferência deste objeto, ou seja, literalmente entregar o objeto; obs: Tradição -> É o translado do objeto de uma pessoa para outra, em cumprimento da obrigação de dar. - Quem faz a tradição é o devedor. 8.2. BENS MÓVEIS - TRADIÇÃO X BENS IMÓVEIS - VIA REGISTRO Não se fala tradição de um bem imóvel, se fala transcrição de bem imóvel. Bens móveis - tradição: Institui o Código Civil. Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição. Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico. Bens Imóveis - via registro: Institui o Código Civil. Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. § 1 o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. § 2 o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. A tradição simbólica reúne os caracteres da tradição real que se encontra implícita. (Ex: sorteio de concessionaria, programa de televisão, sorteio de instagram). 8.3. RESPONSABILIDADE DO DEVEDOR NA OBRIGAÇÃO Cuidado na conservação; Pode ocorrer de a coisa ter se deteriorado ou perecido. Pode ocorrer por culpa ou não do devedor; Ex: Quando um carro se incendeia e é reduzido às cinzas, este carro pereceu (desaparecimento patrimonial). Ex²: Uma pequena guimba de cigarro cai e causa um pequeno incêndio no interior do veículo, houve a deterioração do objeto - perda parcial da coisa. Responsabilidade do devedor (1º parte do artigo) Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas às partes; (2º parte do artigo) se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. - A metodologia (culpa do devedor) adotada pelo código civil expõe o cabimento de indenização favorável ao credor, abrangendo efetivamente o que se perdeu e indenizando, quando provado o prejuízo; - A responsabilidade abrange os acessórios; - Em um contrato de locação de prédio, o inquilino, no vencimento contratual, não terá obrigação de entregar o imóvel com os moveis que nele colocou. 8.4. DANOS EMERGENTES E LUCRO CESSANTE (12/05/2021) Perecendo a coisa por culpa do devedor ele deverá responder pelo equivalente, isto é, pelo valor que a coisa tinha no momento em que pereceu, mais perdas e danos (segunda partedo art. 234), que compreendem a perda efetivamente sofrida pelo credor (dano emergente) e o lucro que deixou de auferir (lucro cessante). Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. Deteriorada -> Perda Parcial Perecimento -> Perda Total Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. Se houver melhoramentos no objeto da prestação, antes da tradição, o devedor poderá aumentar o preço. Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. Se acontecer de um objeto em restituição se perder antes da tradição, resolve- se a questão e o credor terá seus direitos garantidos somente o dia da perda, depois perderá o objeto. No caso de ocorrerem melhorias na obrigação de restituir coisa certa, caberá a aplicação destes artigos. Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa- fé ou de má-fé. Exemplo: Avulsão Benfeitorias necessárias (Indenizáveis) –São as que têm por fim conservar ou evitar que o bem se deteriore . Exemplo: a reforma do telhado de uma casa; Exemplo: instalação de uma grade na janela de uma casa. Benfeitorias voluptuárias (Não indenizáveis) – São as de mero deleite, de mero luxo, para tornar mais agradável o seu uso. 9. OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA (19/05/2021) Na obrigação de dar coisa incerta, o devedor se compromete a entregar ao credor uma coisa não considerada em sua individualidade, mas no gênero a que pertence e pela quantidade. Consiste em dar ou restituir coisa fungível (tocável), que admite a substituição por outra de igual valor, qualidade ou quantidade. A quantidade e a qualidade previamente estipuladas servirão como pressupostos de identificação desta modalidade. Base legal: “Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.” Obs: A quantidade e a qualidade previamente estipuladas servirão como pressupostos de identificação desta modalidade. PERGUNTA É possível que nos tenhamos a possibilidade de estipular uma obrigação futura? É possível nos depararmos com o fato de a prestação envolver coisa futura, na medida em que, no instante que a obrigação é contraída, a coisa não tenha existência. Ex: Determinado produtor de grãos que vende a outrem sua produção objeto da próxima colheita. Cabe a quem determinar a escolha do produto desta coisa futura? Qual será o critério utilizado? É razoável que a escolha nem a melhor e nem a pior, e o legislador traça um critério mediano desta relação e elege o devedor como aquele que deverá escolher, de acordo com o art. 244. do CP. Entretanto, a escolha do devedor será somente quando há o silencio das partes ou quando não há uma especificação em contrato Quando se estingue a obrigação de dar coisa incerta? Com a entrega do produto Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. O deve deverá ser cientificado da escolha na obrigação de dar coisa incerta. A cientificação da escolha, em relação ao credor, vem a caracterizar a individualização da coisa e a presença das obrigações de dar coisa certa. Essa escolha do devedor não pode ser absoluta, na falta de disposição contratual, o devedor não poderá dar a coisa pior e nem será obrigado a prestar uma coisa melhor, integrará uma coisa de qualidade media. CUIDADO! Trata-se de prestação genérica (estipulada pelo gênero) “O GENERO NÃO PERECE”. genus nunquam perit Exemplo: prometer 50 sacos de laranja que venham a se perder na fazenda: não há a extinção da obrigação, poderá obter as laranjas em outro local. – APLICAÇÃO DO PRINCIPIO DA RAZOABILIDADE Inexistindo a culpa do devedor, haverá a extinção de dar coisa incerta Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. 10. OBRIGAÇÃO DE FAZER (26/05/2021) - Obrigação positiva (Permitidas/ Possíveis/ Determinadas ou determináveis); - É a obrigação que vincula o devedor a um serviço ou a um ato positivo material ou imaterial, seu ou de terceiro, em beneficio do credor ou de terceira pessoa.; 10.1. OBRIGAÇÃO DE FAZER X OBRIGAÇÃO DE DAR A obrigação de dar baseia-se na entrega de algo, nas obrigações de fazer, o sujeito passivo é responsável, em muitos casos, por produzir o objeto da produção. Nas obrigações de fazer, quando o caráter for personalíssimo, o próprio devedor devera confeccionar a prestação. Se o devedor tem de dar alguma coisa, não tendo, porem, de faze-la previamente, a obrigação é de dar; todavia, se, primeiramente, ele tende a confeccionar a coisa para depois integra-la, se tem ele de realizar algum ato, tecnicamente a obrigação é de fazer. Na obrigação de fazer, são levadas em conta as habilidades pessoais do devedor. Se for infungível, torna-se personalíssima. Art. 247 CC. Obrigação de fazer FUNGÍVEL X INFUNGÍVEL: CRITÉRIO à qualidade pessoal do devedor. As habilidades pessoais do devedor (art. 247). Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. INFUNGÍVEL à "intuitu personae" O legislador de 1916 tratava este assunto no sentido da necessidade de a infungibilidade estar expressamente convencionada entre as partes. O diploma atual estabelece a possibilidade de identificação da infungibilidade por suas próprias circunstâncias, sem a necessidade de convenção expressa. Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos. Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Se o devedor se negar a cumprir a obrigação ou estiver em mora, o credor tem direito de ordenar um terceiro a executar a prestação (OBRIGAÇÃO FUNGÍVEL) à ART. 249. As despesas ficaram a cargo do devedor inadimplente, cabendo ainda perdas e danos Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 11. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER - Obrigação NEGATIVA O devedor compromete-se a uma abstenção. Cumpre-se a obrigação todas as vezes que poderia praticar o ato, mas deixa de fazê-lo. Na obrigação de não fazer, o devedor está IMPEDIDO de praticar o ato com o qual se comprometeua não fazer. Se executar o ato estará sendo inadimplente com relação àquele compromisso. Nas obrigações negativas se tem sempre como conteúdo uma OMISSÃO. Exemplo 1: obrigação contraída pelo locatário de não sublocar o imóvel. Exemplo 2: obrigação de um artista de somente se apresentar em um canal de televisão. Obs: Também trata-se de dever de tolerância não realizar atos que possam perturbar uma das partes e o terceiro. Ex. O locador se compromete a não obstar o uso da coisa locada. Nesta modalidade não nos deparamos com uma renuncia expressa ao direito de fazer, mas apenas um comprometimento do individuo em não praticar o ato positivo, é uma obrigação pessoal, o devedor está pessoalmente obrigado a abstenção, de forma livre. Art. 250 do Código Civil. Ex: norma municipal com limite de edificação Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. No momento em que o devedor se vinculou ao credor, na obrigação de abster- se de algum ato, e nesse mesmo ato foi praticado pelo devedor, o credor pode exigir que se desfaçam o ato e o ressarcimento por perdas e danos. Ex: Ações demolitórias. Em caso de urgência, poderá o credor, agir independentemente de autorização judicial. Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido Toda relação obrigacional deve ser licita, será licita sempre que não envolva restrição sensível a liberdade individual. 11.1. OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER DE CARÁTER INSTANTÂNEO X OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER DE CARÁTER PERMANENTE Obrigações de Não fazer de caráter instantâneo -> Não é possível a reversão, no caso de descumprimento do que foi convencionado, não tem como desfazer o ato, pois já ocorreu. Ex: ator que não deveria se apresentar em um canal e apareceu. Obrigações de Não fazer de caráter permanente -> É possível reversão. Ex: construção de muro e construção. 11.2. DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER X DE NÃO FAZER Os resultados dos descumprimentos geralmente são complexos, a infração de sua prestação leva, quase sempre, a um dano irremediável ou de difícil reparação. Muitas vezes não comportam execução direta, sendo utilizadas medidas coercitivas, ou perdas e danos. As astreintes (multa diária no caso de atraso do cumprimento da obrigação) 12. A TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES (09/06/2021) A posição do sujeito ativo pode ser transmitida a terceiro, assim como também a posição do devedor. Transmissão de crédito e débito. Sessão de crédito-> negocia jurídico bilateral onde o credor transmite todos os acessórios e garantias a terceiros livre da permissão do devedor, sua colocação na relação obrigacional. O devedor não faz parte desses negócios, pois ao mesmo, apenas, interessa saber quem é o legítimo detentor do crédito. A sessão de crédito é o negócio jurídico, em geral, de caráter oneroso, pelo qual, o sujeito ativo de uma obrigação a transfere a terceiro, estranho ao negócio original. Independentemente da anuência do devedor. O alienante toma o nome de cedente, o adquirente cessionário e o devedor cedido. Obs: A sessão de crédito é figura importante nas relações obrigacionais, dada a sua praticidade na realização das negociações, colocando os títulos em circulação. A sessão de crédito = Negócio Jurídico // art 104 CC Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. Inciso I -> é necessário que o agente tenha capacidade pra os atos jurídicos e legitimidade para praticar atos de alienação Inciso II -> Qualquer objeto pode ser cedido, salvo os direitos personalíssimos ou crédito à natureza alimentar. Ex: não posso alienar meu salario ou transferir legalmente uma pensão alimentícia. Inciso III -> A lei não estabelece forma pré-fixada entre cedente e cessionário, ou seja, forma prescrita, não defesa em lei O credor poderá transferir seu credito sem anuência do devedor. Poderá haver certas restrições decorrentes da natureza da obrigação, da lei, ou da convenção entre as partes. Base legal: arts: 286 a 298 do Código civil Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios. Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1 o do art. 654. Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel. Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. Art. 290. O devedor necessita ser notificado a, pois precisa ficar ciente da nova relação jurídica, a que está atrelado, e fazer o pagamento ao novo cessionário. Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido. Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. Art. 292. Pode ocorrer de o devedor efetuar o pagamento e resgatar seu débito junto ao cedente, antes da notificação, pois o mesmo ainda desconhece a transação, mas que, desde o momento que é notificado, sobre a transmissão do crédito, não poderá mais fazê-lo, porque já está atrelado a uma nova relação obrigacional. Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido. Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança. Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro. Art. 298. Tratando-se de crédito penhorado e credor ciente da penhora, não poderá mais transferi-lo, pois, na penhora o crédito torna-se indisponível.