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1
2
DA DEFESA DO ESTADO E
DAS INSTITUIÇÕES
DEMOCRÁTICAS
3a EDIÇÃO/2024
1. SISTEMA CONSTITUCIONAL DAS CRISES 3
1.1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 3
1.2. APROFUNDAMENTO -
CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO E
CONTROLE JUDICIAL 4
1.2.1. CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO:
QUADRO DESCRITIVO 4
1.2.2. CONTROLE JUDICIAL 8
2. ESTADO DE DEFESA 11
2.1. INTRODUÇÃO 11
2.2. HIPÓTESES DE DECRETAÇÃO 13
2.3. TITULARIDADE 13
2.4. PRESSUPOSTOS 14
2.5. PROCEDIMENTO 14
2.6. MEDIDAS COERCITIVAS 15
2.7. CONTROLE 15
3. ESTADO DE SÍTIO 17
3.1. INTRODUÇÃO 17
3.2. HIPÓTESES DE DECRETAÇÃO 17
3.3. TITULARIDADE 17
3.4. PRESSUPOSTOS 18
3.5. PROCEDIMENTO 18
3.6. RESTRIÇÕES DE DIREITOS 19
3.7. CONTROLE 20
3.8. ESTADO DE DEFESA X ESTADO DE SÍTIO 20
4. FORÇAS ARMADAS 24
4.1. INTRODUÇÃO 24
4.2. HABEAS CORPUS EM FACE DAS PUNIÇÕES
DISCIPLINARES 25
4.3. MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS 26
5. SEGURANÇA PÚBLICA 27
5.1. INTRODUÇÃO 27
5.2. ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA 27
5.3. DIREITO DE GREVE E CARREIRAS DE
SEGURANÇA PÚBLICA 30
6. GUARDAS MUNICIPAIS 31
3
1. SISTEMA CONSTITUCIONAL
DAS CRISES1
1.1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS2
No estudo sobre a “defesa do Estado e das
instituições democráticas”, destacam-se dois grupos
principais: os instrumentos para manter ou
restabelecer a ordem durante anormalidades
constitucionais e a defesa do país ou sociedade,
envolvendo as Forças Armadas e a segurança
pública.
◾Defesa do Estado: A defesa do Estado
engloba a proteção do território nacional contra
invasões estrangeiras, a defesa da soberania nacional e
a defesa da Pátria, conforme estabelecido nos artigos
34, II, 137, II e 142 da Constituição.
◾Defesa das Instituições Democráticas: Já
a defesa das instituições democráticas é caracterizada
pelo equilíbrio da ordem constitucional, evitando a
preponderância de um grupo sobre outro. Quando a
competição entre grupos sociais extrapola os limites
constitucionais, surge o que a doutrina chama de
situação de crise.
◾Sistema Constitucional das Crises: Diante
de violações à normalidade constitucional, é acionado o
sistema constitucional das crises. Esse sistema,
segundo Aricê Amaral Santos, é um conjunto
ordenado de normas constitucionais que visa
manter ou restabelecer a normalidade
constitucional.
2 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção
esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora
Saraiva, 2023. P. 525.
1 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção
esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora
Saraiva, 2023. P. 525.
José Afonso da Silva destaca que esse sistema
visa estabilizar a Constituição contra mudanças
violentas e perturbações da ordem constitucional. Em
situações críticas, a legalidade normal é substituída por
uma legalidade extraordinária, definindo e regendo o
estado de exceção.
◾ Características dos Estados de Exceção
Constitucional: Walter Claudius Rothenburg ressalta
características dos estados de exceção constitucional:
● excepcionalidade: a decretação dos
estados de defesa e de sítio deve se dar
em último caso, quando não existirem
outras medidas mais adequadas e
menos gravosas para enfrentar a crise;
● taxatividade: os pressupostos
materiais para a decretação devem ser
apenas aqueles indicados na
Constituição;
● temporariedade (transitoriedade): a
legalidade extraordinária não pode ser
perpetuada no tempo;
● determinação geográfica: deve haver
determinação do espaço de atuação
das medidas restritivas, não apenas em
relação ao estado de defesa (em razão
de sua própria definição — “locais
restritos e determinados”) como
também em relação ao estado de sítio,
pois as medidas deverão se
circunscrever às “áreas abrangidas”,
mesmo nas hipóteses de decretação de
estado de sítio nos casos de “comoção
grave de repercussão nacional” — art.
138, caput;
● sujeição a controles: “o controle
decorre do caráter excepcional das
medidas, da proteção aos direitos
afetados e do inter-relacionamento dos
4
Poderes de Estado (separação de
poderes)”;
● publicidade: a regra é a publicidade,
seguindo, inclusive, a exigência da
comunidade internacional, prevista,
por exemplo, no art. 4.º, n. 3, do Pacto
Internacional de Direitos Civis e
Políticos (ONU, 1966);
● regramento constitucional:
qualificação especial a dar maior
segurança às situações de legalidade
extraordinária;
● proporcionalidade: “essas situações
de crise grave justificam-se apenas
excepcionalmente, na proporção
justamente necessária para debelar as
causas e restabelecer a normalidade”.
◾Mecanismos Constitucionais para o
Restabelecimento da Normalidade Os mecanismos
constitucionais para o restabelecimento da
normalidade incluem a decretação do estado de defesa,
do estado de sítio, e o papel das Forças Armadas e da
segurança pública (Título V da CF/88). Esses
mecanismos devem respeitar os princípios da
necessidade e temporariedade, evitando arbítrios e
ditaduras.
◾Reflexos históricos: Refletindo sobre a
história o professor Pedro Lenza destaca que
observamos infelizmente situações de abuso e arbítrio,
como no "Estado Novo" de Getúlio Vargas, na ditadura
militar de 1964 até a Constituição de 1988 e durante o
período ditatorial com a utilização do AI-5. Esses
momentos evidenciam a importância de respeitar os
princípios constitucionais, especialmente em situações
de crise, para evitar abusos e preservar a normalidade
e a democracia.
Para a implementação do sistema
constitucional das crises, de forma “segura”, ou seja, de
forma que esse ato não se transforme em um golpe de
estado ou ditadura, é obrigatória a observância de
três critérios, como apresenta Rodrigo Padilha:
1. NECESSIDADE – significa que somente
situações extremas e excepcionais ensejam a
adoção dessas medidas para manutenção da
estabilidade da ordem constitucional e das
instituições democráticas. Sem necessidade, a
decretação dessas medidas pode configurar
golpe de estado;
2. TEMPORARIEDADE – essas medidas devem ser
adotadas por prazo determinado, pois, como
gera supressão de direitos e concentração de
poder, é possível que a adoção de uma delas
sem prazo configure regime ditatorial;
3. PROPORCIONALIDADE – os estados de defesa
e de sítio devem ser proporcionais aos fatos
que justificaram a sua adoção.
1.2. APROFUNDAMENTO -
CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO E
CONTROLE JUDICIAL
1.2.1. CONSTITUCIONALISMO
BRASILEIRO: QUADRO DESCRITIVO3
O professor Pedro Lenza destaca a evolução
do instituto das crises nas Constituições brasileiras
para, em seguida, analisar a problemática do controle
judicial:
3 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível
em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
5
CONSTITUIÇÃO COMENTÁRIOS
1824
“■ art. 148: competia
privativamente ao Poder
Executivo empregar a Força
Armada de Mar e Terra como
bem lhe parecesse conveniente
à Segurança e defesa do Império
■ art. 179, XXXIV e XXXV: em
razão de ato especial do Poder
Legislativo, nos casos de
rebelião, ou invasão de inimigos,
pedindo a segurança do Estado,
poderiam ser dispensadas, por
tempo determinado, algumas
das formalidades que
garantem a liberdade
individual. Não estando reunida
a Assembleia, e correndo a
Pátria perigo iminente, poderia o
Governo tomar essa providência,
como medida provisória, e
indispensável, suspendendo-a
imediatamente ao cessar a
necessidade urgente, que a
motivou. Ao final, deveria prestar
contas, prescrevendo-se a
responsabilização por abusos
praticados”4
1891
“■ art. 34, n. 21: estabelecia a
competência do Congresso
Nacional para decretar o estado
de sítio (a EC n. 3/26 alterou para
n. 20) na emergência de
agressão por forças estrangeiras
ou de comoção interna
4 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível
em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
■ art. 80, § 1.º: não se achando
reunido o Congresso Nacional e
correndo a Pátria iminente
perigo, a decretação poderia ser
realizadatema foi cobrado na prova para o cargo de
Defensor Público da DPE-RS (CEBRASPE, 2022). Na
oportunidade, a banca considerou errada a assertiva
que indicava que “O rol de órgãos encarregados do
exercício da segurança pública, previsto na Lei Maior,
não é taxativo, permitindo-se aos estados-membros e
ao Distrito Federal a criação de outros órgãos com a
mesma função”, isso porque, conforme o informativo
indicado acima, o rol é taxativo.
No Informativo 1042 do STF , a Corte
determinou que “o Estado do Rio de Janeiro elabore e
encaminhe ao STF, no prazo máximo de 90 dias, um plano
para redução da letalidade policial e controle das
violações aos direitos humanos pelas forças de segurança,
que apresente medidas objetivas, cronogramas específicos
e previsão dos recursos necessários para a sua
51 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não é possível que os
Estados-membros criem órgão de segurança pública diverso daqueles que
estão previstos no art. 144 da CF/88. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
. Acesso em: 27/10/2022
30
implementação. ”, ou seja, a decisão indica que é52
possível ao Poder Judiciário determinar que o
Estado implemente políticas públicas no campo da
segurança pública.
Nesse sentido, merece destaque o seguinte
entendimento da Corte:
A jurisprudência desta Corte entende ser
possível ao Poder Judiciário determinar ao
Estado a implementação, ainda que em
situações excepcionais, de políticas públicas
previstas na Constituição, sem que isso acarrete
contrariedade ao princípio da separação dos
poderes. Agravos regimentais a que se nega
provimento.(RE 595129 AgR / SC – SANTA
CATARINA AG.REG. NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI Julgamento: 03/06/2014).
🚨 JÁ CAIU
Esse assunto foi cobrado na prova para o cargo de
Defensor Público da DPE-RS (CEBRASPE, 2022). Na
oportunidade, a banca considerou certa a assertiva
que indicou que “O Poder Judiciário pode determinar
que o Estado implemente políticas públicas no campo
da segurança pública se caracterizada inadimplência
quanto a tal dever constitucional”.
“Situação que merece destaque é a do
Distrito Federal: compete à União organizar e manter
a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo
de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como
prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a
execução de serviços públicos, por meio de fundo
próprio. Em face disso, nos termos do art. 32, § 4º, lei
federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da
52 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. “ADPF das favelas”.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
. Acesso em: 27/10/2022
polícia militar e do corpo de bombeiros militar.
Sobre esse último tema, segundo o STF,
compete privativamente à União legislar sobre
vencimentos dos membros das polícias civis e
militar do Distrito Federal (Súmula nº 647). O
entendimento deve se estender à polícia penal do
Distrito Federal. Ainda, Súmula Vinculante nº 39:
“Compete privativamente à União legislar sobre
vencimentos dos membros das polícias civil e militar e
do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal”.
Ainda, na ADI nº 2.587, o STF assentou o
entendimento de que é vedada a outorga de foro
por prerrogativa de função a delegados de polícia.
Em outra ADI, a de nº 3.614, declarou que não se
pode atribuir a função de atendimento em
delegacia de polícia, a policiais militares, em
municipalidade que não dispõe de servidor de
carreira para o desempenho das atribuições de
delegado de polícia ”.53
5.3. DIREITO DE GREVE E CARREIRAS
DE SEGURANÇA PÚBLICA
“O exercício do direito de greve, sob
qualquer forma ou modalidade, é vedado aos
policiais civis e a todos os servidores públicos que
atuem diretamente na área de segurança pública. É
obrigatória a participação do Poder Público em
mediação instaurada pelos órgãos classistas das
carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165
do CPC, para vocalização dos interesses da categoria.
STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).”
Utilizando os ensinamentos do professor
53 Carnaúba, Aline Soares L. Direito Constitucional. (Coleção
Método Essencial). Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo
GEN, 2022. p. 298.
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/73bf6c41e241e28b89d0fb9e0c82f9ce
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/73bf6c41e241e28b89d0fb9e0c82f9ce
31
Márcio Cavalcante , abordamos os seguintes54
questionamentos:
● Os servidores públicos possuem direito à
greve? SIM. Isso encontra-se previsto no art.
37, VII, da CF/88: “Art. 37. A administração
pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: VII - o direito de greve será
exercido nos termos e nos limites definidos em
lei específica”;
● A greve é um direito de todos os servidores
públicos? NÃO. Existem determinadas
categorias para quem a greve é proibida.
● Os policiais militares podem fazer greve?
NÃO. A CF/88 proíbe expressamente que os
Policiais Militares, Bombeiros Militares e
militares das Forças Armadas façam greve (art.
142, 3º, IV c/c art. 42, § 1º).
● Além dos policiais civis, os policiais federais
também estão proibidos de fazer greve? SIM.
O STF entendeu que o exercício de greve é
vedado a todas as carreiras policiais previstas
no art. 144, ou seja, não podem fazer greve os
integrantes da:
• Polícia Federal;
• Polícia Rodoviária Federal;
• Polícia Ferroviária Federal;
• Polícia Civil;
• Polícia Militar e do Corpo de
54 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Policiais são proibidos de
fazer greve. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
. Acesso em: 30/08/2022
Bombeiros militar.
● Greve não é direito absoluto
A greve não é um direito absoluto e, neste caso,
deverá ser feito um balanceamento entre o direito de
greve e o direito de toda a sociedade à segurança
pública e à manutenção da ordem pública e paz social.
Neste caso, há a prevalência do interesse
público e do interesse social sobre o interesse
individual de uma categoria. Por essa razão, em nome
da segurança pública, os policiais não podem fazer
greve.Importante destacar que a ponderação de
interesses aqui não envolve direito de greve X
continuidade do serviço público. A greve dos policiais é
proibida não por causa do princípio da continuidade do
serviço público (o que seria muito pouco), mas sim por
conta do direito de toda a sociedade à garantia da
segurança pública, à garantia da ordem pública e da
paz social.
● Carreira policial possui tratamento
diferenciado
A pessoa que ingressa na carreira policial sabe
que estará integrando um órgão com regime especial,
que possui regime de trabalho diferenciado, escala,
hierarquia e disciplina. Deve saber também que se trata
de uma carreira cuja atividade é incompatível com o
direito de greve.
6. GUARDAS MUNICIPAIS55
As Guardas Municipais, conforme previsto no
artigo 144, § 8.º da Constituição Federal, têm a função
principal de proteger os bens, serviços e instalações do
município. A Lei n. 13.022/2014, conhecida como o
55 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 556.
32
Estatuto Geral das Guardas Municipais, regulamentou
esse dispositivo constitucional.
■ Controvérsias Jurídicas: ADI 5.156 e
Questões Relevantes:
A constitucionalidadeda Lei n. 13.022/2014 foi
objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)
5.156 no Supremo Tribunal Federal (STF). Duas
questões cruciais foram apresentadas:
a) A lei referida no art. 144, § 8.º, é
federal ou se refere à legislação de
cada município, considerando o
interesse local?;
b) Em sendo lei federal, as normas
estabelecidas extrapolam a "vocação
constitucional específica" das guardas
municipais, limitada à proteção de
bens, serviços e instalações
municipais?
Para entender a lei indicada no art. 144, § 8.º,
a interpretação mais adequada é considerá-la como
uma legislação federal que estabelece diretrizes,
disposições e normas gerais. A criação efetiva das
Guardas Municipais ocorre por meio de leis específicas
de cada município, conforme destacado no art. 6.º do
Estatuto da Guarda Municipal.
Quanto às competências, é essencial
interpretar o art. 5.º do estatuto à luz dos parâmetros
constitucionais, focando na proteção dos bens, serviços
e instalações do município. Vale ressaltar que a atuação
das guardas municipais não inclui funções de polícia
ostensiva, sendo sua principal responsabilidade
assegurar a incolumidade do patrimônio municipal.
■ Competências de Trânsito: Decisão do
STF e Implicações Práticas: Uma decisão relevante do
STF (RE 658.570) estabeleceu que as guardas municipais
têm a atribuição constitucional de exercer poder de
polícia de trânsito, inclusive para impor sanções
administrativas legalmente previstas. Isso significa que,
na prática, as guardas municipais podem fiscalizar o
trânsito, lavrar autos de infração e impor multas.
■ Porte de Armas e Reconhecimento da
Atividade de Segurança Pública: Outro julgamento
significativo assegurou o porte de armas para todas as
guardas municipais do país, independentemente do
tamanho da população do município. Esse
reconhecimento decorreu da compreensão de que as
guardas municipais executam atividade de segurança
pública, essencial ao atendimento das necessidades da
comunidade.
■ Limites da Atuação e Restrições: Direito
de Greve e Outras Questões Pendentes
Apesar do reconhecimento da atuação na
área de segurança pública, o STF negou o direito de
greve às guardas municipais, submetendo-as às
restrições estabelecidas no julgamento do ARE 654.432
(RE 846.854).
Quanto à atuação como polícia preventiva ou
de investigação, a tendência da Corte é não admitir
essa função, conforme indicado em recentes decisões
(REsp 1.977.119/STJ e RE 1.281.774 Agr-ED-Agr, 1.ª T.,
STF, j. 13.06.2022)pelo Poder Executivo
federal (art. 48, n. 15), com o
posterior controle pelo
Congresso Nacional (havendo
expressa responsabilização
pelos abusos cometidos pelas
autoridades — art. 80, § 4.º)”5
1934
“■ art. 56, § 13: alterando a regra
das Constituições anteriores, a
competência para decretar o
estado de sítio (“na iminência de
agressão estrangeira, ou na
emergência de insurreição
armada”) era privativa do
Presidente da República, na
forma do art. 175, § 7.º, depois
de autorização do Poder
Legislativo, que também
realizava posterior controle
político (art. 40, “d” e “j”). Estando
em recesso, a competência para
autorizar (“aquiescência prévia”)
era da Seção permanente do
Senado Federal, havendo
posterior controle pelo
Congresso Nacional
■ art. 175, § 13: prescrevia a
responsabilização civil ou
criminal do Presidente da
República e demais autoridades
5 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível
em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
6
pelos abusos cometidos”6
1937
“■ art. 74, “k”: competência
privativa do Presidente da
República para decretar o
estado de emergência e o estado
de guerra (no “caso de ameaça
externa ou iminência de
perturbações internas ou
existências de concerto, plano
ou conspiração, tendente a
perturbar a paz pública ou pôr
em perigo a estrutura das
instituições, a segurança do
Estado ou dos cidadãos” — art.
166, caput)
■ art. 166, parágrafo único:
refletindo o estado ditatorial que
se estabelecia naquele
momento, em razão de criticável
concentração do Poder
Executivo e do Poder Legislativo
nas mãos do Presidente da
República, dispensava-se a
autorização do Parlamento
nacional para a instituição das
medidas extraordinárias,
vedando-se, também, a
possibilidade de o Parlamento
suspender o estado de
emergência ou o estado de
guerra declarado pelo
Presidente da República
■ art. 167: cessados os motivos
que determinaram a declaração
6 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível
em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
do estado de emergência ou do
estado de guerra, o Presidente
da República deveria comunicar
à Câmara dos Deputados as
medidas tomadas durante o
período de vigência de um ou de
outro. Na hipótese de a Câmara
dos Deputados não aprovar as
medidas, deveria promover a
responsabilidade do Presidente
da República. Contudo, este
tinha o direito de apelar da
deliberação da Câmara para o
pronunciamento do País,
mediante a dissolução desta
realização de novas eleições.
■ art. 169: permitia o brutal e
ditatorial afastamento das
imunidades parlamentares por
ato exclusivo do Presidente da
República
■ art. 186: declarou em todo o
País o estado de emergência.
Esse estado de exceção
permanente só veio a ser
suspenso em 30.11.1945, pela
Lei Constitucional n. 16”7
1946
“■ art. 206, I e II: era atribuição
do Congresso Nacional
decretar o estado de sítio nos
casos de comoção intestina
grave ou de fatos que
evidenciassem estar a comoção
a irromper e de guerra externa
7 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível
em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
7
■ art. 208: no intervalo das
sessões legislativas, era da
competência exclusiva do
Presidente da República a
decretação ou a prorrogação do
estado de sítio, havendo
posterior controle político pelo
Congresso Nacional8
1967
“■ art. 83, XIV: competência do
Presidente da República para
decretar o estado de sítio nos
casos de grave perturbação da
ordem ou ameaça de sua
irrupção ou de guerra, com
controle político posterior pelo
Congresso Nacional (art. 153, I e
II e §§ 1.º e 2.º)
■ art. 154, caput: durante a
vigência do estado de sítio e sem
prejuízo das medidas previstas
no art. 151, o Congresso
Nacional, mediante lei, poderia
determinar a suspensão de
garantias constitucionais”9
EC n. 1/69
“■ art. 81, XVI: manteve a
competência do Presidente da
República para decretação do
estado de sítio nos casos de
grave perturbação da ordem ou
ameaça de sua irrupção ou de
guerra (art. 155, I e II), com o
controle político pelo Congresso
9 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível
em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
8 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível
em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
Nacional”10
EC n. 11/78
“■ art. 81, XVI: competência
privativa do Presidente da
República para:
a) determinar medidas de
emergência (art. 155, caput):
“para preservar ou,
prontamente, restabelecer, em
locais determinados e restritos a
ordem pública ou a paz social,
ameaçadas ou atingidas por
calamidades ou graves
perturbações que não
justifiquem a decretação dos
estados de sítio ou de
emergência”. Essas medidas de
emergência encontram
correspondência com o estado
de defesa previsto na CF/88
b) decretar o estado de sítio
(art. 156): “no caso de guerra ou
a fim de preservar a integridade
e a independência do País, o
livre funcionamento dos Poderes
e de suas instituições, quando
gravemente ameaçados ou
atingidos por fatores de
subversão”
c) decretar o estado de
emergência (art. 158): “quando
forem exigidas providências
imediatas, em caso de guerra,
bem como para impedir ou
10 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
8
repetir as atividades subversivas
a que se refere o art. 156”
■ OBS.: para todas as hipóteses
havia previsão de controle
político pelo Congresso
Nacionall”11
1988
“■ art. 84, IX: competência
privativa do Presidente da
República para decretação dos
estados de defesa e de sítio, com
controle político pelo Congresso
Nacional (art. 49, IV) e
comentários nos itens
seguintes”l”12
1.2.2. CONTROLE JUDICIAL13
O professor Pedro Lenza afirma que “A
instituição da legalidade extraordinária ou excepcional
implementa-se por ato político do Poder Executivo (art.
84, IX) e o seu controle parlamentar é, de fato, também
político (art. 49, IV — decreto legislativo do Congresso
Nacional no exercício de sua competência exclusiva).
“A questão que se coloca é em relação ao
controle judicial. O quadro abaixo, que complementa
o anterior, destaca a sua previsão ou restrição ao
longo da história de nosso país. Ao final, como se
verá, concluiremos no sentido da possibilidade do
controle judicial em relação às medidas de restrição
implantadas, assim como aos aspectos do seu
cabimento. Vejamos:”
13 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
12 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
11 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526.
CONSTITUIÇÃO COMENTÁRIOS
1824
(HC 300)
“■ conforme vimos no quadro
anterior, havia previsão de
responsabilização apenas pelos
abusos cometidos durante os
estados de emergência (art. 179,
XXXV)
■ conveniência e oportunidade
política da decretação: no
julgamento do HC 300
(27.04.1892), o STF, por maioria
(10 x 1), entendeu impossível o
controle judicial do mérito
administrativo. Tratava-se de
habeas corpus impetrado pelo
advogado Rui Barbosa em favor
do Senador Almirante Eduardo
Wandenkolk e outros militares
indiciados por crimes de sedição
e conspiração contra o
Presidente da República,
Marechal Floriano Peixoto. Os
pacientes alegaram
inconstitucionalidade do
estado de sítio e a ilegalidade
das prisões determinadas pelo
governo, teses não admitidas
pela Corte. Vejamos:
a) “não é da índole do Supremo
Tribunal Federal envolver-senas
funções políticas do Poder
Executivo ou Legislativo”
b) “ainda quando na situação
criada pelo estado de sítio
estejam ou possam estar
9
envolvidos alguns direitos
individuais, esta circunstância
não habilita o Poder Judicial a
intervir para nulificar as
medidas de segurança
decretadas pelo Presidente da
República, visto ser impossível
isolar esses direitos da questão
política que os envolve e
compreende, salvo se
unicamente tratar-se de punir
os abusos dos agentes
subalternos na execução das
mesmas medidas, porque a
esses agentes não se estende a
necessidade do voto político do
Congresso”14
1891
(HC 3.527)
(EC de
03.09.1926)
“■ HC 3.527 (j. 15.04.1914):
neste precedente, a impetração
do habeas corpus se deu em
favor de Eduardo de Macedo
Soares e outros presos
acusados de crime político na
vigência do estado de sítio. Os
pacientes alegavam que o
estado de sítio estaria em
desacordo com os requisitos
exigidos no art. 80 da
Constituição Federal de 1891. O
Tribunal, por maioria, conheceu
do pedido e declarou-se
incompetente para conceder o
habeas corpus. Nos
“considerandos” da decisão,
prescreve-se: “o Judiciário, em
regra, só julga os efeitos ou
14 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528.
fatos decorrentes de atos dos
dois outros poderes, porventura
lesivos dos direitos individuais, e
jamais os motivos ou razões,
pelas quais foram tais atos
adotados ou postos em
execução” (nessa linha, cf.,
também, o julgamento do HC
3.536)
■ art. 60, § 5.º (introduzido pela
EC de 03.09.1926): “nenhum
recurso judiciário é permitido,
para a justiça federal ou local,
contra a intervenção nos
Estados, a declaração do
estado de sítio e a verificação de
poderes, o reconhecimento, a
posse, a legitimidade e a perda
de mandato dos membros do
Poder Legislativo ou Executivo,
federal ou estadual; assim
como, na vigência do estado
de sítio, não poderão os
tribunais conhecer dos atos
praticados em virtude dele
pelo Poder Legislativo ou
Executivo”15
1934
“■ art. 68: “é vedado ao Poder
Judiciário conhecer de questões
exclusivamente políticas” (cf.,
também, art. 18 das disposições
transitórias)”16
1937
“■ art. 94: “é vedado ao Poder
Judiciário conhecer de questões
16 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528.
15 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528.
10
exclusivamente políticas”
■ art. 170: “durante o estado de
emergência ou o estado de
guerra, dos atos praticados em
virtude deles não poderão
conhecer os Juízes e Tribunais”17
1946
“■ art. 215: “a inobservância de
qualquer das prescrições dos
arts. 206 a 214 tornará ilegal a
coação e permitirá aos
pacientes recorrerem ao Poder
Judiciário”18
1967
“■ art. 156: “a inobservância de
qualquer das prescrições
relativas ao estado de sítio
tornará ilegal a coação e
permitirá ao paciente recorrer
ao Poder Judiciário””19
EC n. 1/69
“■ art. 181: aprovou e excluiu
da apreciação judicial os atos
praticados pelo Comando
Supremo da Revolução de 31 de
março de 1964”20
AI n. 5/68
“■ art. 11: excluiu de qualquer
apreciação judicial todos os atos
praticados de acordo com
referido e brutal Ato
Institucional e seus Atos
Complementares, bem como os
20 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528.
19 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528.
18 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528.
17 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528.
respectivos efeitos”21
1988
“■ não há vedação explícita para
o controle judicial”22
O artigo 5.º, XXXV, da CF/88 assegura a todos
o acesso ao Judiciário para a defesa de seus direitos.
Essa garantia, presente desde a Constituição de 1946, é
essencial para a manutenção do Estado Democrático de
Direito.
Nesse contexto, o Poder Judiciário é
incumbido da responsabilidade de reprimir abusos e
ilegalidades durante estados de crise constitucional.
Para tal, instrumentos como mandado de segurança,
habeas corpus e outras medidas jurisdicionais são
empregados.
No entanto, surge uma questão crucial: o
Judiciário pode ou não analisar o mérito político da
decretação em situações de crise constitucional?
Alexandre de Moraes, embasado por Manoel Gonçalves
Ferreira Filho, argumenta que a análise da
conveniência e oportunidade política é impraticável
para o Poder Judiciário.
Contrapondo essa posição, Olavo Ferreira
destaca a possibilidade de controle judicial em casos
excepcionais, especialmente quando há abuso de
direito ou desvio de finalidade. Ele fundamenta essa
perspectiva nos princípios da supremacia da
Constituição e do Estado Democrático de Direito.
Walter Claudius Rothenburg contribui para a
discussão ao apresentar critérios de proporcionalidade
para o controle judicial. Propõe a utilização de
instrumentos como ADI, mandado de segurança no STF
e ADPF, dependendo da natureza do decreto.
Fazendo uma analogia, consideramos o
controle dos requisitos constitucionais de relevância e
22 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528.
21 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528.
11
urgência para a edição de medidas provisórias. O STF,
no julgamento da ADI 4.029, reconheceu a
possibilidade de controle judicial, desde que
exercido com parcimônia em casos excepcionais.
O professor Pedro Lenza destacou que
“Apesar de o STF não ter apreciado o tema na vigência
da atual Constituição (até porque essas situações de
legalidade extraordinária não foram verificadas),
parece-nos possa a Corte seguir o entendimento
firmado em relação ao controle dos requisitos
constitucionais de relevância e urgência para edição de
medida provisória. No julgamento da ADI 4.029, a
Suprema Corte entendeu possível o controle judicial,
desde que o exame seja feito cum grano salis,
parcimônia e em hipóteses excepcionais. Nesses
termos, certamente, o Poder Judiciário poderá controlar
eventual abuso de poder ou desvio de finalidade” .23
2. ESTADO DE DEFESA
2.1. INTRODUÇÃO
O estado de defesa “consiste na instauração
de uma legalidade extraordinária, por certo tempo, em
locais restritos e determinados, mediante decreto
do Presidente da República, ouvidos o Conselho da
República e o Conselho de Defesa Nacional, para
preservar a ordem pública ou a paz social
ameaçadas por grave e iminente instabilidade
institucional ou atingidas por calamidades de
grandes proporções na Natureza. ”24
A previsão do estado de defesa encontra-se no
art. 136 da CF:
Art. 136. O Presidente da República pode,
24 MOTA, Sílvio. Direito Constitucional . Disponível em: Minha
Biblioteca, (29ª edição). Grupo GEN, 2021.
23 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 529.
ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, decretar
estado de defesa para preservar ou
prontamente restabelecer, em locais
restritos e determinados, a ordem pública
ou a paz social ameaçadas por grave e
iminente instabilidade institucional ou
atingidas por calamidades de grandes
proporções na natureza.
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa
determinará o tempo de sua duração,
especificaráas áreas a serem abrangidas e
indicará, nos termos e limites da lei, as medidas
coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das
associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e
telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e
serviços públicos, na hipótese de calamidade
pública, respondendo a União pelos danos e
custos decorrentes.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa
não será superior a 30 dias, podendo ser
prorrogado uma vez, por igual período, se
persistirem as razões que justificaram a sua
decretação.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado,
determinada pelo executor da medida, será
por este comunicada imediatamente ao juiz
competente, que a relaxará, se não for legal,
facultado ao preso requerer exame de corpo de
delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de
declaração, pela autoridade, do estado físico e
mental do detido no momento de sua
autuação;
🚨 JÁ CAIU
Na prova para o cargo de Delegado de Polícia da
12
PC-PA (INSTITUTO AOCP, 2021), acerca do estado de
defesa, a banca considerou correta a seguinte assertiva
“Na vigência do estado de defesa, a comunicação feita
ao Juiz será acompanhada de declaração, pela
autoridade, do estado físico e mental do detido no
momento de sua autuação.”
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa
não poderá ser superior a 10 dias, salvo
quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - É VEDADA A INCOMUNICABILIDADE DO
PRESO.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua
prorrogação, o Presidente da República, dentro
de 24 horas, submeterá o ato com a respectiva
justificação ao Congresso Nacional, que decidirá
por maioria absoluta.
🚨 JÁ CAIU
Na prova para o cargo de Delegado de Polícia da
PC-ES (CEBRASPE, 2022), acerca da defesa do Estado e
das instituições democráticas, a banca considerou
correta a seguinte assertiva: “Decretado o estado de
defesa ou sua prorrogação, o presidente da República,
dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a
respectiva justificação ao Congresso Nacional, que
decidirá por maioria absoluta”.
O assunto também foi cobrado na prova para o cargo
de Delegado de Polícia da PC-SP (VUNESP, 2023),
oportunidade em que a bvanca considerou correta a
seguinte assertiva: “Nos termos da Constituição Federal,
aprovar o estado de defesa e a intervenção federal é da
competência exclusiva do Congresso Nacional, para
ambas”.
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em
recesso, será convocado, extraordinariamente,
no prazo de 5 dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto
dentro de 10 dias contados de seu
recebimento, devendo continuar funcionando
enquanto vigorar o estado de defesa.
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o
estado de defesa.
PROCEDIMENTOS E REGRAS GERAIS25
TITULARIDADE
O Presidente da República
(art. 84, IX, c/c o art. 136),
mediante decreto, pode,
ouvidos o Conselho da
República e o Conselho de
Defesa Nacional, decretar
estado de defesa.
CONSELHO DA
REPÚBLICA E
DEFESA NACIONAL
como órgãos de consulta,
são previamente ouvidos,
porém suas opiniões não
possuem caráter vinculativo,
ou seja, o Presidente da
República, mesmo diante de
um parecer opinando pela
desnecessidade de
decretação, poderá decretar
o estado de defesa.
O DECRETO QUE
INSTITUIR O
ESTADO DE
DEFESA DEVERÁ
DETERMINAR
a) o tempo de duração;
b) a área a ser abrangida
(locais restritos e
determinados);
c) as medidas coercitivas
que devem vigorar durante
a sua vigência.
25 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®).
Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. P. 530.
13
TEMPO DE
DURAÇÃO
máximo de 30 dias
prorrogados por mais 30
dias, uma única vez.
MEDIDAS
COERCITIVAS
a) restrições (não
supressão) aos direitos de
reunião, sigilo de
correspondência, sigilo de
comunicação telegráfica e
telefônica e à garantia
prevista no art. 5.º, LXI, ou
seja, prisão somente em
flagrante delito ou por
ordem escrita e
fundamentada da
autoridade judicial
competente;
b) ocupação e uso
temporário de bens e
serviços públicos, na
hipótese de calamidade
pública, respondendo a
União pelos danos e custos
decorrentes.
PRISÃO POR CRIME
CONTRA O ESTADO
como exceção ao art. 5.º,
LXI, a prisão po derá ser
determinada pelo executor
da medida (não pela
autoridade judicial
competente). O juiz
competente, imediatamente
comunicado, poderá
relaxá-la. Tal comunicação
deverá vir acompanhada do
estado físico e mental do
detido no momento de sua
autuação. Referida ordem
de prisão não poderá ser
superior a 10 dias,
facultando-se ao preso
requerer o exame de corpo
de delito à autoridade
policial.
INCOMUNICABILID
ADE DO PRESO
é vedada.
2.2. HIPÓTESES DE DECRETAÇÃO
As hipóteses em que se poderá
decretar o estado de defesa estão previstas, de forma
taxativa, no art. 136, caput da CF, quais sejam: para
preservar ou prontamente restabelecer, em locais
restritos e determinados, a ordem pública ou a paz
social ameaçadas por grave e iminente instabilidade
institucional ou atingidas por calamidades de grandes
proporções na natureza.
⚠ ATENÇÃO
● “Preservar”: dispõe a ideia de uma ação
preventiva;
● “Prontamente restabelecer”: dispõe a ideia de
uma ação repressiva.
2.3. TITULARIDADE
A titularidade é conferida ao Presidente da
República (art. 136, caput, CF), o qual, mediante
decreto, pode, ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de
defesa.
Conforme ensina Pedro Lenza , o Conselho26
da República e Defesa Nacional “como órgãos de
consulta, são previamente ouvidos, porém suas
opiniões não possuem caráter vinculativo, ou seja, o
26 Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional.
Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022.
14
Presidente da República, mesmo diante de um parecer
opinando pela desnecessidade de decretação, poderá
decretar o estado de defesa”.
🚨 JÁ CAIU
Esse tema foi cobrado na prova para o cargo de
Promotor de Justiça Militar do MPM (banca própria,
2021). A banca considerou correta a assertiva que
indicou que compete ao conselho da república
"pronunciar-se sobre a intervenção federal, estado de
defesa e estado de sítio.”
2.4. PRESSUPOSTOS27
Para sua decretação, devem ser observados
pressupostos diversos:
Os pressupostos materiais são as condições
fáticas exigíveis para a decretação do estado de defesa.
A instauração desse estado de legalidade
extraordinária depende, alternativamente, da existência
de grave e iminente instabilidade institucional ou de
calamidade de grandes proporções na natureza (CF, art.
136).
Os pressupostos formais dizem respeito aos
procedimentos exigíveis para a legitimidade das
medidas a serem adotadas.
A Constituição prevê cinco requisitos
cumulativos:
1) prévia manifestação do Conselho da
República e do Conselho de Defesa
Nacional. Por serem órgãos consultivos, a
manifestação não tem caráter vinculante
para o Presidente da República;
2) decretação do Estado de Defesa pelo
Presidente da República;
3) previsão do prazo de duração da medida de,
no máximo, de trinta dias, podendo ser
27 Novelino, Marcelo. Curso de direito constitucional - 17 . ed.
rev., ampl. e atual. - São Paulo: Ed. Juspodivm, 2022. p. 889.
prorrogado por uma única vez;
4) especificação das áreas abrangidas;
5) indicação das medidas coercitivas (CF, art.
136, §1º e 2º).
🚨 JÁ CAIU
Na prova para o cargo de Promotor de Justiça do
MPE-BA (Fundação CEFETBAHIA, 2018), de acordo
com o regramento constitucional alusivo ao estado de
defesa e ao estado de sítio, a banca considerou correta
a assertiva “O decreto que instituir o estado de defesa
determinará o tempo de sua duração, especificará as
áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e
limites da lei, as restrições aos direitos de reunião,
ainda queexercida no seio das associações, e ao sigilo
de correspondência, dentre outras medidas coercitivas
que poderão vigorar”.
⚠ ATENÇÃO
Será necessária a aprovação do decreto editado
pelo Presidente da República pela maioria absoluta dos
membros do Congresso Nacional (controle político).
🚨 JÁ CAIU
Esse tema foi cobrado na prova para o cargo de Juiz de
Direito do TJ-PA (2019, CEBRASPE). A banca
considerou correta a assertiva que indicou que, no que
se refere ao estado de defesa e ao estado de sítio, “O
estado de defesa, decretado pelo presidente da
República, deve ser aprovado pelo Congresso Nacional”.
2.5. PROCEDIMENTO
Para a decretação do Estado de Defesa deverá
ser seguido o seguinte procedimento:
● Quando o Presidente verificar a existência de
algum dos pressupostos materiais, havendo
necessidade de decretação do estado de
15
defesa, deve solicitar pareceres consultivos
(não vinculativos) ao Conselho da República
(art. 89) e Conselho de Defesa Nacional (art. 91),
para que opinem a respeito. Após a análise dos
pareceres, o Chefe do Executivo Federal
decidirá.
🚨 JÁ CAIU
Na prova para o cargo de Promotor de Justiça do
MPE-BA (Fundação CEFETBAHIA, 2018), sobre a defesa
do estado e das instituições democráticas, a banca
considerou correta a assertiva “Para a decretação do
estado de defesa e do estado de sítio, a Constituição
Federal exige a prévia manifestação – que possui
caráter meramente consultivo – dos Conselhos da
República e de Defesa Nacional”.
● O Presidente da República, dentro do prazo
máximo de 24 horas, submeterá o ato, com a
respectiva justificativa, ao Congresso Nacional.
● O Congresso Nacional terá o prazo de 10 dias
para deliberação e somente aprovará a
decretação por maioria absoluta em ambas
as Casas Legislativas (art. 136, § 4.º), editando
o respectivo Decreto Legislativo (art. 49, IV).
● Se o Congresso não aprovar, cessa
imediatamente a medida, com efeitos ex nunc.
* Elaborado em conformidade com as palavras
do Professor Rodrigo Padilha28
⚠ ATENÇÃO
Se o Congresso Nacional estiver em recesso,
será convocado, extraordinariamente, no prazo de 5
dias, devendo continuar funcionando enquanto vigorar
o estado de defesa (art. 136, §§ 5.º e 6.º).
28 Padilha, Rodrigo. Direito Constitucional. Disponível em:
Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2019.
2.6. MEDIDAS COERCITIVAS
As medidas coercitivas cabíveis no estado de
defesa consistem em restrições (não supressão) de
alguns direitos fundamentais. Conforme estabelece o
artigo 136, §1°, CF/88, num rol taxativo:
● reunião, ainda que exercida no seio das
associações;
● sigilo de correspondência;
● sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
● ocupação e uso temporário de bens e serviços
públicos, na hipótese de calamidade pública,
respondendo a União pelos danos e custos
decorrentes.
⚠ ATENÇÃO
“É possível ainda a prisão por crime contra o
Estado, determinada pelo executor da medida. Este
deverá comunicá-la imediatamente ao juiz competente,
que a relaxará, se não for legal, facultando ao preso
requerer exame de corpo de delito à autoridade
policial. A comunicação será acompanhada de
declaração, pela autoridade, do estado físico e mental
do detido no momento de sua autuação (art. 136, § 3.º).
Apesar de haver restrições a alguns direitos
constitucionais, o art. 136, § 3.º, IV, impede a
incomunicabilidade do preso ”.29
2.7. CONTROLE
A Constituição da República
estabeleceu um sistema de controle, acompanhamento
e fiscalização dos atos praticados no curso do estado de
defesa. Referido sistema se perfaz por meio do controle
político, exercido pelo Congresso Nacional, e do
controle judicial, realizado pelo Poder Judiciário.
29 Padilha, Rodrigo. Direito Constitucional. Disponível em:
Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2019.
16
CONTROLE POLÍTICO
CONTROLE
POLÍTICO
IMEDIATO
Logo após a decretação do
estado de defesa ou sua
prorrogação (art. 136, §§ 4.º
a 7.º)
CONTROLE
POLÍTICO
CONCOMITANTE
É a inspeção simultânea à
adoção das providências do
Estado de Defesa. A
comissão criada é
temporária, haja vista
somente se manter em
funcionamento pelo período
que durar a medida
excepcional. (Art. 140, CF).
🚨 JÁ CAIU
Na prova para o cargo de
Promotor de Justiça do
MPE-SC (2019, Instituto
Consulplan), a banca
cobrou a redação do art.
140 da CF e considerou
certa a assertiva que
indicou que “Decretado o
estado de defesa pelo
Presidente da República, a
mesa do Congresso
Nacional, ouvidos os líderes
partidários, designará
comissão composta de cinco
de seus membros para
acompanhar e fiscalizar a
execução das medidas
referentes ao estado de
defesa”.
CONTROLE Exercido após o término do
POLÍTICO
SUCESSIVO
estado de defesa. Tão logo
seja finalizado, as medidas
que foram aplicadas
durante a sua vigência serão
relatadas pelo Presidente da
República, por meio de
mensagem enviada ao
Congresso Nacional, na qual
ele especificará e justificará
as ordens determinadas,
apresentando relação
nominal dos atingidos e
indicação de quais foram as
restrições aplicadas,
conforme exige a
Constituição da República
(art. 141, parágrafo único,
CF/88). Se o Congresso
Nacional detectar qualquer
tipo de arbítrio, excesso ou
atos ilícitos, os executores
sujeitar-se-ão à
responsabilização (art. 141,
caput, CF/88).
CONTROLE JUDICIAL
CONTROLE
JUDICIAL
CONCOMITANTE
Fiscalizar a legalidade das
medidas que estão sendo
empregadas no desenrolar
do estado de defesa é o que
configura o controle judicial
concomitante. Exemplo:
averiguação da prisão
efetuada pelo executor da
medida e das prisões e
detenções de qualquer
pessoa, que não poderão
ser superiores a 10 dias,
17
salvo quando autorizadas
pelo Poder Judiciário.
CONTROLE
JUDICIAL
SUCESSIVO
O Poder Judiciário será o
órgão competente para
responsabilizar o Presidente
da República e demais
agentes censuráveis, tanto
na esfera cível quanto
criminal pelas medidas que
foram aplicadas de forma
abusiva (ou
desproporcional, ou, ainda,
imprópria).
* Tabela elaborada em conformidade com os ensinamentos da
doutrinadora Nathalia Masson30
3. ESTADO DE SÍTIO
3.1. INTRODUÇÃO
“O Estado de sítio corresponde à
suspensão temporária e localizada de garantias
constitucionais, apresentando maior gravidade do que
o Estado de defesa e obrigatoriamente o Presidente
da República deverá solicitar autorização da maioria
absoluta dos membros da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal para decretá-lo. ”31
🚨 JÁ CAIU
Esse tema foi cobrado na prova para o cargo de Juiz de
Direito do TJ-PA (2019, CEBRASPE). A banca
considerou correta a assertiva que indicou que “O
presidente da República deve solicitar ao Congresso
31Moraes, Alexandre D. Direito Constitucional. Disponível em:
Minha Biblioteca, (38th edição). Grupo GEN, 2022.
30Masson, Nathalia. Manual de direito constitucional. 8. ed
Salvador: JusPODIVM, 2020.
Nacional a autorização para decretar o estado de sítio”.
3.2. HIPÓTESES DE DECRETAÇÃO
As hipóteses em que poderá ser
decretado o estado de sítio estão, de forma taxativa,
previstas no art. 137, caput, da CF/88:
Art. 137. O Presidente da República pode,
ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao
Congresso Nacional autorização para
decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional
ou ocorrência de fatos que comprovem a
ineficácia de medida tomada durante o
estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou
resposta a agressão armada estrangeira.
⚠ ATENÇÃO
Há doutrina que diferencia o estado de
sítio repressivo do defensivo. As duas primeiras
hipóteses (inciso I) seriam o estado de sítio repressivo, e
as duas últimas (inciso II) soariam como estado de sítio
defensivo .32
3.3. TITULARIDADE
“Assim como no estado de defesa,
quem decreta o estado de sítio é o Presidente da
República (art. 84, IX, c/c o art. 137), após prévia oitiva
do Conselho da República e do Conselhode Defesa
Nacional (pareceres não vinculativos). ”33
33Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional.
Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022.
32Padilha, Rodrigo. Direito Constitucional. Disponível em:
Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2019.
18
3.4. PRESSUPOSTOS34
A decretação do estado de sítio depende da
existência de um dos seguintes pressupostos
materiais :35
a. comoção grave de repercussão
nacional, caracterizada por série crise
capaz de colocar em risco as
instituições democráticas ou o governo
legitimamente eleito;
b. ocorrência de fatos comprobatórios da
ineficácia de medida adotada durante o
estado de defesa;
c. declaração de estado de guerra pelo
Presidente da República ;
d. ou resposta a agressão armada
estrangeira.
Diversamente dos pressupostos materiais,
exigidos alternativamente, os pressupostos formais são
cumulativos, devendo ser observados os seguintes
procedimento :36
1) oitiva do Conselho da República (CF,
art. 89) e do Conselho de Defesa
Nacional (CF, art. 91), órgãos
consultivos do Presidente da República,
cujas manifestações não o vinculam;
2) solicitação ao Congresso Nacional de
autorização para decretar o estado de
sítio ou sua prorrogação, devidamente
fundamentada com os motivos
determinantes do pedido;
3) autorização do Congresso Nacional
pela maioria absoluta de seus
membros;
36 Novelino, Marcelo. Curso de direito constitucional - 17 . ed.
rev., ampl. e atual. - São Paulo: Ed. Juspodivm, 2022. p. 891.
35 Novelino, Marcelo. Curso de direito constitucional - 17 . ed.
rev., ampl. e atual. - São Paulo: Ed. Juspodivm, 2022. p. 891.
34Novelino, Marcelo. Curso de direito constitucional - 17 . ed.
rev., ampl. e atual. - São Paulo: Ed. Juspodivm, 2022. p. 891.
4) edição de decreto pelo Presidente da
República indicando a duração do
estado de sítio, as medidas necessárias
a sua execução e as garantias
constitucionais a serem suspensas.
Após publicação do decreto, o Presidente da
República designará o executor das medidas específicas
e as áreas abrangidas (CF, arts. 137 e 13).
⚠ ATENÇÃO
“A duração do Estado de Sítio pode variar. No
caso do art. 137, I, ele não poderá ser decretado por
mais de 30 dias, nem prorrogado, de cada vez, por
prazo superior; no caso do inciso II, poderá ser
decretado por todo o tempo em que durar a
beligerância.”
3.5. PROCEDIMENTO
Para a decretação do Estado de Sítio deverá ser
seguido o seguinte procedimento:
● Quem decreta o estado de sítio é o Presidente
da República (art. 84, IX, c/c o art. 137), após
prévia oitiva do Conselho da República e do
Conselho de Defesa Nacional (pareceres não
vinculativos);
● Deverá haver, relatando os motivos
determinantes do pedido, prévia solicitação
pelo Presidente da República de autorização do
Congresso Nacional, que se manifestará pela
maioria absoluta de seus membros, mediante
decreto legislativo (art. 49, IV, c/c o art. 137,
parágrafo único);
CONTROLE
POLÍTICO
PRÉVIO
NEGATIVO
Se o Congresso Nacional recusar
a prévia solicitação, realizada
pelo Presidente da República,
para decretação do Estado de
sítio, seu efeito será vinculante, e
19
o Presidente da República não
poderá decretar o estado de sítio
pelo motivo que especificou, sob
pena de responsabilidade.
CONTROLE
POLÍTICO
PRÉVIO
POSITIVO
Se o Congresso Nacional
autorizar a prévia solicitação,
realizada pelo Presidente da
República, para decretação do
Estado de sítio, o Presidente da
República poderá ou não
decretar o estado de sítio, uma
vez que não terá efeito
vinculante.
● Na hipótese do controle político positivo, no
qual o Presidente queira decretar o Estado de
Sítio, este deverá elaborar o decreto do estado
de sítio, o qual indicará sua duração, as normas
necessárias a sua execução e as garantias
constitucionais que ficarão suspensas.
● Depois de publicado, o Presidente da República
designará o executor das medidas específicas e
as áreas abrangidas (art. 138, caput).
* Elaborado com base da obra do professor Pedro
Lenza37
3.6. RESTRIÇÕES DE DIREITOS
Na decretação do estado de sítio alguns
direitos e garantias constitucionais são passíveis de
restrições.
Na hipótese do art. 137, inciso I (comoção grave
de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o
estado de defesa) as seguintes medidas poderão ser
empregadas, conforme o art. 139:
37Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional.
Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022.
● obrigação de permanência em localidade
determinada;
● detenção em edifício não destinado a acusados
ou condenados por crimes comuns;
● restrições relativas à inviolabilidade da
correspondência, ao sigilo das comunicações, à
prestação de informações e à liberdade de
imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da
lei;
● suspensão da liberdade de reunião;
🚨 JÁ CAIU
Na prova para o cargo de Promotor de Justiça do
MPE-AM, (CESPE/CEBRASPE, 2023), a , a banca
considerou correta a seguinte assertiva no que tange à
defesa do Estado e das instituições democráticas: “Na
vigência de estado de sítio, admite-se a imposição de
restrições à liberdade de imprensa, de radiodifusão e
de televisão”.
Na prova para o cargo de Defensor Público da
DPE-MG (FUNDEP, 2019), em relação ao sistema
constitucional brasileiro de defesa do estado e das
instituições democráticas, a banca considerou correta
a assertiva que indicou que “Na vigência do estado de
sítio por comoção grave de repercussão nacional,
admite-se a suspensão do direito de reunião”.
● busca e apreensão em domicílio;
● intervenção nas empresas de serviços públicos;
● requisição de bens.
“Noutro giro, se a medida houver sido
decretada com fundamento no estado de guerra ou
resposta a agressão armada estrangeira — portanto,
tendo por pressuposto material legitimador o art. 137,
II, da CF/88 — qualquer garantia constitucional poderá
ser suspensa, ao menos em tese. Isso porque a
20
Constituição Federal não estabeleceu os limites que
deverão ser observados na imposição de medidas
coercitivas contra as pessoas” .38
3.7. CONTROLE
"Diferentemente do estado de defesa, no
estado de sítio existe um controle político prévio, pois
há solicitação para poder decretar, sem a qual a
intenção não sairá do papel. ”39
No mais, o estado de sítio se submete ao
mesmo controle político concomitante (art. 140) e ao
controle político sucessivo (ou a posteriori), na forma
do art. 141, parágrafo único. Quanto ao controle
judicial, assim como no estado de defesa, também
haverá o controle concomitante (art. 136, § 3.º, I), e
posterior (art. 141, caput).
3.8. ESTADO DE DEFESA X ESTADO DE
SÍTIO
ESTADO DE
DEFESA
■ Previsão legal: Art. 136,
caput
■ Hipóteses:
1. Ordem pública ou paz
social ameaçada
2. Instabilidade
institucional
3. Calamidade natural
■ Atribuição para a
decretação: Presidente da
República (art. 84, IX, da CF)
■ Procedimento: Presidente
verifica a hipótese legal,
solicita pareceres dos
39 Padilha, Rodrigo. Direito Constitucional. Disponível em:
Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2019.
38Masson, Nathalia. Manual de direito constitucional. 8. ed
Salvador: JusPODIVM, 2020.
Conselhos da República (CF,
art. 89) e de Defesa Nacional
(CF, art. 91). Com os
pareceres, decidirá se decreta
ou não o Estado de Defesa.
■ Prazo: Máximo de 30 dias,
prorrogado por mais 30
(trinta) dias uma única vez.
■ Áreas abrangidas: Locais
restritos e determinados (CF,
art. 136, caput).
■ Restrições a direitos e
garantias individuais:
Poderão ser restringidas (CF,
art. 136) as previsões do art.
5º, XII (sigilo de
correspondência e de
comunicações telegráficas e
telefônicas), XVI (direito de
reunião) e LXI (exigibilidade de
prisão somente em flagrante
delito ou por ordem da
autoridade judicial competente).
■ Controle político sobre a
decretação: É posterior.
Decretado o Estado de defesa
ou suaprorrogação, o
Presidente da República,
dentro de 24 horas,
submeterá o ato com a
respectiva justificativa ao
Congresso Nacional, que
somente aprovará a
decretação por maioria
absoluta de ambas as Casas
Legislativas (CF, art. 136, § 4º),
editando o respectivo Decreto
Legislativo (CF, art. 49, IV).
21
■ Fiscalização Política sobre
as medidas: O Congresso
Nacional permanecerá em
funcionamento até o término
das medidas coercitivas (CF,
art. 136, § 6º). Em hipótese
alguma permite-se o
constrangimento do Poder
Legislativo, sob pena de crime
de responsabilidade (CF, art.
85, II).
■ Atividade parlamentar: O
Congresso Nacional
permanecerá em
funcionamento até o término
das medidas coercitivas (CF,
art. 136, § 6º). Em hipótese
alguma permite-se o
constrangimento do Poder
Legislativo, sob pena de crime
de responsabilidade (CF, art.
85, II).
■ Responsabilidade: Cessado
o estado de defesa ou o
estado de sítio, cessarão
também seus efeitos, sem
prejuízo da responsabilidade
pelos ilícitos cometidos por
seus executores ou agentes
(CF, art. 141, caput).
■ Prestação de contas:
Cessada a situação
excepcional, as medidas
aplicadas em sua vigência
serão relatadas pelo
Presidente da República, em
mensagem ao Congresso
Nacional, com especificação e
justificação das providências
adotadas, com relação
nominal dos atingidos, e
indicação das restrições
aplicadas (CF, art. 141,
parágrafo único).
■ Desrespeito dos requisitos
e pressupostos
constitucionais por parte do
Presidente da República:
Crime de responsabilidade
(CF, art. 85), sem prejuízo das
responsabilidades civis e
penais.
ESTADO DE SÍTIO
PREVENTIVO
■ Previsão legal: Art. 137, I
■ Hipóteses:
1. Comoção nacional
2. Ineficácia do Estado de
Defesa
■ Atribuição para a
decretação: Presidente da
República (art. 84, IX, da CF)
■ Procedimento: Presidente
verifica a hipótese legal,
solicita pareceres dos
Conselhos da República (CF,
art. 89) e de Defesa Nacional
(CF, art. 91). Com os
pareceres, solicita ao
Congresso Nacional autorização
para decretação do Estado de
Sítio, expondo os motivos
determinantes do pedido. O
Congresso Nacional somente
poderá autorizar por maioria
absoluta da Câmara dos
Deputados e do Senado
22
Federal. Com a autorização, o
Presidente poderá decretar o
Estado de Sítio.
■ Prazo: Máximo de 30 dias,
prorrogado por mais 30 dias,
de cada vez.
■ Áreas abrangidas: Âmbito
nacional. Após o Decreto, o
Presidente especificará as
medidas específicas e as áreas
abrangidas (CF, art. 138,
caput).
■ Restrições a direitos e
garantias individuais:
Poderão ser restringidas (CF,
139) as previsões do art. 5º, XI
(inviolabilidade domiciliar), XII
(sigilo de correspondência e de
comunicações telegráficas e
telefônicas), XVI (direito de
reunião), XXV (direito de
propriedade), LXI (exigibilidade
de prisão somente em flagrante
delito ou por ordem da
autoridade judicial competente)
e também o art. 220 (liberdade
de manifestação do
pensamento, a criação, a
expressão e a informação).
■ Controle político sobre a
decretação: O Controle
Congressual é prévio, uma vez
que há necessidade de
autorização para que o
Presidente o decrete.
■ Fiscalização Política sobre
as medidas: A mesa do
Congresso Nacional, ouvidos
os líderes partidários,
designará Comissão composta
de cinco de seus membros para
acompanhar e fiscalizar a
execução das medidas
referentes ao estado de
defesa e ao estado de sítio.
■ Atividade parlamentar: o
Congresso Nacional
permanecerá em
funcionamento até o término
das medidas coercitivas. Além
disso, no Estado de Sítio não
se incluirá a possibilidade de
restrição à liberdade de
informação, a difusão de
pronunciamentos de
parlamentares efetuados em
suas Casas Legislativas, desde
que liberada pela respectiva
Mesa.
■ Responsabilidade: Cessado
o estado de defesa ou o
estado de sítio, cessarão
também seus efeitos, sem
prejuízo da responsabilidade
pelos ilícitos cometidos por
seus executores ou agentes
(CF, art. 141, caput).
■ Prestação de contas:
Cessada a situação
excepcional, as medidas
aplicadas em sua vigência
serão relatadas pelo
Presidente da República, em
mensagem ao Congresso
Nacional, com especificação e
justificação das providências
23
adotadas, com relação
nominal dos atingidos, e
indicação das restrições
aplicadas (CF, art. 141,
parágrafo único).
■ Desrespeito dos requisitos
e pressupostos
constitucionais por parte do
Presidente da República:
Crime de responsabilidade
(CF, art. 85), sem prejuízo das
responsabilidades civis e
penais.
ESTADO DE SÍTIO
REPRESSIVO
■ Previsão legal: Art. 137, II
■ Hipóteses:
1. Declaração de guerra
2. Resposta à agressão
armada estrangeira
■ Atribuição para a
decretação: Presidente da
República (art. 84, IX, da CF)
■ Procedimento: Presidente
verifica a hipótese legal,
solicita pareceres dos
Conselhos da República (CF,
art. 89) e de Defesa Nacional
(CF, art. 91). Com os
pareceres, solicita ao
Congresso Nacional autorização
para decretação do Estado de
Sítio, expondo os motivos
determinantes do pedido. O
Congresso Nacional somente
poderá autorizar por maioria
absoluta da Câmara dos
Deputados e do Senado
Federal. Com a autorização, o
Presidente poderá decretar o
Estado de Sítio.
■ Prazo: O tempo necessário
da guerra ou para repelir a
agressão armada estrangeira.
■ Áreas abrangidas: Âmbito
nacional. Após o Decreto, o
Presidente especificará as
medidas específicas e as áreas
abrangidas (CF, art. 138,
caput).
■ Restrições a direitos e
garantias individuais:
Poderão ser restringidas, em
tese, todas as garantias
constitucionais, desde que
presentes três requisitos
constitucionais:
1. Necessidade de efetivação
da medida.
2. Tenham sido objeto de
deliberação por parte do
Congresso Nacional no
momento de autorização
da medida.
3. Devem estar
expressamente previstos no
Decreto presidencial. (CF,
art. 138, caput, c.c. 139,
caput).
■ Controle político sobre a
decretação: O Controle
Congressual é prévio, uma vez
que há necessidade de
autorização para que o
Presidente o decrete
■ Fiscalização Política sobre
as medidas: A mesa do
24
Congresso Nacional, ouvidos
os líderes partidários,
designará Comissão composta
de cinco de seus membros para
acompanhar e fiscalizar a
execução das medidas
referentes ao estado de
defesa e ao estado de sítio.
■ Atividade parlamentar: o
Congresso Nacional
permanecerá em
funcionamento até o término
das medidas coercitivas. Além
disso, no Estado de Sítio não
se incluirá a possibilidade de
restrição à liberdade de
informação, a difusão de
pronunciamentos de
parlamentares efetuados em
suas Casas Legislativas, desde
que liberada pela respectiva
Mesa.
■ Responsabilidade: Cessado
o estado de defesa ou o
estado de sítio, cessarão
também seus efeitos, sem
prejuízo da responsabilidade
pelos ilícitos cometidos por
seus executores ou agentes
(CF, art. 141, caput).
■ Prestação de contas:
Cessada a situação
excepcional, as medidas
aplicadas em sua vigência
serão relatadas pelo
Presidente da República, em
mensagem ao Congresso
Nacional, com especificação e
justificação das providências
adotadas, com relação
nominal dos atingidos, e
indicação das restrições
aplicadas (CF, art. 141,
parágrafo único).
■ Desrespeito dos requisitos
e pressupostos
constitucionais por parte do
Presidente da República:
Crime de responsabilidade
(CF, art. 85), sem prejuízo das
responsabilidades civis e
penais.
* Tabela elaborada por Alexandre de Moraes40
4. FORÇAS ARMADAS
4.1. INTRODUÇÃO
“A Marinha, o Exército e a Aeronáutica
constituem as Forças Armadas, sendo consideradas
instituições nacionais permanentes e regulares,
destinadas à defesa da Pátria,15 à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
lei e da ordem. ” Conforme estabelece o caput do art.41
142 da Constituição da República:
Art. 142. As Forças Armadas, constituídaspela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a
autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria,
à garantia dos poderes constitucionais e, por
41 Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional.
Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022.
40Moraes, Alexandre D. Direito Constitucional. Disponível em:
Minha Biblioteca, (38th edição). Grupo GEN, 2022.
25
iniciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem.
Qualquer dos Poderes da República, sob a
autoridade suprema do Presidente da República, pode
invocar as Forças Armadas para manutenção da lei e da
ordem.
Embora os Comandantes do Exército, da
Marinha e da Aeronáutica não sejam Ministros de
Estado nos termos estritos, possuem foro por
prerrogativa de função:
a) nos crimes de responsabilidade e
comuns, são julgados pelo STF (art. 102,
I, c);
b) já nos crimes de responsabilidade
conexos com o Presidente da
República, o julgamento é perante o
Senado Federal (art. 52, I).
O serviço militar é obrigatório nos termos da
lei, salvo às mulheres e aos eclesiásticos em tempos de
paz, podendo se sujeitar a outros encargos que a lei
lhes atribuir (art. 143).
O STF firmou entendimento de que o serviço
militar obrigatório pode ser remunerado em valor
inferior ao salário-mínimo; segundo a Corte, os
conscritos não se aperfeiçoam em sua definição ao
contido no art. 7º, IV, da CF/1988, por essa razão,
podem receber aquém do mínimo legal. Eis o
enunciado da Súmula Vinculante nº 6 do STF: “Não viola
a Constituição o estabelecimento de remuneração
inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras
de serviço militar inicial ”.42
4.2. HABEAS CORPUS EM FACE DAS
PUNIÇÕES DISCIPLINARES
O art. 142, § 2º da Constituição, apresenta a
42 Carnaúba, Aline Soares L. Direito Constitucional. (Coleção
Método Essencial). Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo
GEN, 2022. p. 295.
seguinte redação: “Não caberá habeas corpus em
relação a punições disciplinares militares”. Contudo,
essa regra deve ser analisada com cautela, conforme
dispõe Sylvio Motta :43
“O art. 142, § 2o, impede o habeas corpus em
relação a punições disciplinares militares, mas
esta regra deve ser vista com cautela. Se a
punição tiver sido determinada por militar sem
atribuição para tanto, se estiver com o prazo
expirado etc., há quem entenda (e nós estamos
entre estes) que é possível o remédio heróico
do habeas corpus. Tanto quanto possível, deve
o Judiciário evitar interferir na disciplina militar,
pois ela tem natureza própria e peculiar. O
preparo para a guerra tem certas características
que são, e parece que é difícil evitar isto,
incompatíveis com os princípios processuais
aos quais já estamos acostumados. Se
impusermos aos membros das Forças Armadas,
no aspecto disciplinar, as mesmas garantias
processuais que conhecemos, é bem possível
que o adestramento militar seja prejudicado.
Assim, embora lá também se repudie a
injustiça, os mecanismos de sua repressão são
distintos. O problema aqui não é das
instituições militares, mas da existência de
guerras, situação excepcional que demanda
especiais providências. Estas distinções são as
que permitem limitações ao writ, mas não são
as únicas. Basta lembrar que a guerra permite,
em nosso país, a pena de morte.”
A CF/1988, excetuando a regra da
universalidade do habeas corpus em qualquer caso em
que a liberdade de locomoção esteja ameaçada,
determina que não caberá habeas corpus em relação a
punições disciplinares militares, em seu § 2º do art. 142.
O STF, interpretando a regra, por sua vez, afirmou que
essa impossibilidade se restringe ao mérito da medida,
43 MOTA, Sílvio. Direito Constitucional . Disponível em: Minha
Biblioteca, (29ª edição). Grupo GEN, 2021.
26
não acerca de sua legalidade; nesse caso, pode ser
impetrado para que se verifique a legalidade da medida
aplicada, como competência da autoridade que aplicou
(RHC nº 88.543). ”44
🚨 JÁ CAIU
Esse termo foi cobrado na prova para o cargo de
Delegado de Polícia da PC-AL (2023,
CESPE/CEBRASPE). Na oportunidade, a banca
considerou correta a seguinte assertiva em relação às
forças armadas e ao meio ambiente: “A Constituição
Federal de 1988 define como poderes apenas o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário e, ao tratar das
forças armadas, atribui-lhes funções essencialmente
militares e de segurança do país, de modo que,
segundo a interpretação predominante do papel delas,
não lhes cabe exercer nenhum poder moderador de
possíveis conflitos entre os três poderes”.
4.3. MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS
Conforme a redação do §3º do art. 142 da CF,
os membros das Forças Armadas são denominados
militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser
fixadas em lei, as seguintes disposições:
● as patentes, com prerrogativas, direitos e
deveres a elas inerentes, são conferidas pelo
Presidente da República e asseguradas com
plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou
reformados, sendo-lhes privativos os títulos e
postos militares e, juntamente com os demais
membros, o uso dos uniformes das Forças
Armadas;
● o militar em atividade que tomar posse em
cargo ou emprego público civil permanente
será transferido para a reserva, nos termos da
44 Carnaúba, Aline Soares L. Direito Constitucional. (Coleção
Método Essencial). Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo
GEN, 2022. p. 295.
lei;
● o militar da ativa que, de acordo com a lei,
tomar posse em cargo, emprego ou função
pública civil temporária, não eletiva, ainda que
da administração indireta, ficará agregado ao
respectivo quadro e somente poderá, enquanto
permanecer nessa situação, ser promovido por
antiguidade, contando-se-lhe o tempo de
serviço apenas para aquela promoção e
transferência para a reserva, sendo depois de
dois anos de afastamento, contínuos ou não,
transferido para a reserva, nos termos da lei;
● ao militar são proibidas a sindicalização e a
greve;
● o militar, enquanto em serviço ativo, não pode
estar filiado a partidos políticos;
● o oficial só perderá o posto e a patente se for
julgado indigno do oficialato ou com ele
incompatível, por decisão de tribunal militar de
caráter permanente, em tempo de paz, ou de
tribunal especial, em tempo de guerra;
● o oficial condenado na justiça comum ou militar
a pena privativa de liberdade superior a dois
anos, por sentença judicial transitada em
julgado, será submetido ao julgamento previsto
no inciso anterior;
● aplica-se aos militares o disposto no art. 7º,
incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV e no art. 37,
incisos XI, XIII, XIV e XV;
● aos pensionistas dos militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que
for fixado em lei específica do respectivo ente
estatal;10
● a lei disporá sobre o ingresso nas Forças
Armadas, os limites de idade, a estabilidade e
outras condições de transferência do militar
para a inatividade, os direitos, os deveres, a
remuneração, as prerrogativas e outras
27
situações especiais dos militares, consideradas
as peculiaridades de suas atividades, inclusive
aquelas cumpridas por força de compromissos
internacionais e de guerra.
5. SEGURANÇA PÚBLICA
5.1. INTRODUÇÃO
“O termo “segurança” significa garantia,
proteção e estabilidade. Diversas formas de segurança
nos são apresentadas pelo Direito, como a segurança
jurídica, a segurança social (seguridade social) e a
segurança pública. Assim, a segurança pública constitui
um mecanismo de tutela institucional que busca
preservar ou restabelecer a ordem pública e a paz
social ”.45
O poder público no exercício de suas
atribuições constitucionais e legais precisa ser
eficiente.
“No exercício da atividade de segurança pública
do Estado, a eficiência exigida baseia-se na própria
Constituição Federal, que consagrou a segurança
pública como dever do Estado, direitoe
responsabilidade de todos, e determinou que seja
exercida com a finalidade de preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, por meio de seus dois grandes ramos, a
polícia judiciária e polícia administrativa ”.46
“A ruptura da segurança pública é tão grave
que a Constituição Federal permite a decretação do
Estado de Defesa para preservar ou prontamente
restabelecer, em locais restritos e determinados, a
ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e
46Moraes, Alexandre D. Direito Constitucional. Disponível em:
Minha Biblioteca, (38th edição). Grupo GEN, 2022. p. 919.
45Padilha, Rodrigo. Direito Constitucional. Disponível em:
Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2019.
iminente instabilidade institucional; inclusive, com a
restrição de diversos direitos fundamentais, conforme
previsto no artigo 136 do texto constitucional. Caso o
próprio Estado de defesa se mostre ineficaz, haverá,
inclusive, a possibilidade de decretação do Estado de
Sítio, nos termos do inciso I do artigo 137 da Carta
Magna. ”47
🚨 JÁ CAIU
Esse termo foi cobrado na prova para o cargo de
Defensor Público da DPE-RR (2021, FCC). Na
oportunidade, a banca considerou correta a assertiva
que indicou que a ruptura da segurança pública,
conforme previsão constitucional, "autoriza a
decretação do Estado de Defesa.”
5.2. ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
A Constituição Federal no art. 144, com auxílio
dos seus parágrafos, apresenta os órgãos da segurança
pública:
● Polícia Federal: instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União
e estruturado em carreira, destina-se a:
I – apurar infrações penais contra a ordem
política e social ou em detrimento de bens,
serviços e interesses da União ou de suas
entidades autárquicas e empresas públicas,
assim como outras infrações cuja prática tenha
repercussão interestadual ou internacional e
exija repressão uniforme, segundo se dispuser
em lei;
II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o contrabando e
o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária
e de outros órgãos públicos nas respectivas
áreas de competência;
III – exercer as funções de polícia marítima,
47Moraes, Alexandre D. Direito Constitucional. Disponível em:
Minha Biblioteca, (38th edição). Grupo GEN, 2022. p. 919.
28
aeroportuária e de fronteiras;
IV – exercer, com exclusividade, as funções de
polícia judiciária da União.
⚠ ATENÇÃO
Uma vez que não é da competência da Justiça
Federal julgar crimes praticados em detrimento de
bens, serviços e interesses de sociedade de economia
mista da qual a União participe, também não compete à
Polícia Federal investigá-los. Compete à Polícia Civil!48
● Polícia Rodoviária Federal: órgão
permanente, organizado e mantido pela União
e estruturado em carreira, destina-se, na forma
da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias
federais.
● Polícia Ferroviária Federal: órgão
permanente, organizado e mantido pela União
e estruturado em carreira, destina-se, na forma
da lei, ao patrulhamento ostensivo das
ferrovias federais.
● Polícia Civil: dirigidas por delegados de polícia
de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais,
exceto as militares.
● Polícia Militar: cabem a polícia ostensiva e a
preservação da ordem pública; aos corpos de
bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.
● Polícia Penal: vinculadas ao órgão
48 Carnaúba, Aline Soares L. Direito Constitucional. (Coleção
Método Essencial). Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo
GEN, 2022. p. 298.
administrador do sistema penal da unidade
federativa a que pertencem, cabe a segurança
dos estabelecimentos penais.
🚨 JÁ CAIU
Esse tema foi cobrado na prova para o cargo de
Delegado de Polícia da PC-MS (FAPEC, 2021). Na
oportunidade, a banca considerou correta a assertiva
que indicou, nos exatos termos do artigo 144 da
Constituição Federal, que “às polícias penais, vinculadas
ao órgão administrador do sistema penal da unidade
federativa a que pertencem, cabe a segurança dos
estabelecimentos penais”.
O termo também foi cobrado na prova para o cargo de
Defensor Público da DPE-SC (FCC, 2021). Nessa prova,
a banca considerou correta a assertiva que indicava
que às polícias penais compete a “segurança dos
estabelecimentos penais”.
Na prova para o cargo de Promotor de Justiça do
MPE-MS (INSTITUTO AOCP, 2022), foi apresentado o
seguinte enunciado: “É lição básica das Ciências
Criminais que, com a ocorrência de uma infração penal,
materializa-se o poder-dever de punir do Estado,
cabendo a ele iniciar a persecutio criminis para aplicar a
lei penal ao caso concreto. Com efeito, a investigação
preliminar é o ponto de partida para uma persecução
penal bem-sucedida, que atenda ao interesse da
sociedade de elucidar crimes, sem abrir mão do
respeito aos direitos mais comezinhos dos investigados.
Daí a importância da Polícia Judiciária, dirigida por
Delegado de Polícia de carreira (art. 144 da Constituição
Federal), a quem incumbe a condução da investigação
criminal por meio dos diversos procedimentos policiais,
nos termos da legislação correlata. Tendo em vista
esses preceitos, analisados sob o enfoque
constitucional conferido à Polícia Judiciária, tido como
29
órgão estatal destinado à Segurança Pública, assinale a
alternativa correta.”. Tendo sido considerada correta a
seguinte assertiva; “Incumbe à Polícia Civil dos
Estados-membros e do Distrito Federal, ressalvada a
competência da União Federal e excetuada a apuração
dos crimes militares, a função de proceder à
investigação dos ilícitos penais (crimes e
contravenções), sem prejuízo do poder investigatório
de que dispõe, como atividade subsidiária, o Ministério
Público, observando o permanente controle
jurisdicional dos atos documentados”.
⚠ ATENÇÃO
O STF entende que essa lista de agentes
responsáveis pela segurança pública é taxativa, não
podendo os outros entes federativos criar outras
carreiras ou órgãos incumbidos da tarefa (ADI nº 1.182
e, recentemente, ADI nº 3.996 ).49
“A atividade policial divide-se, então, em duas
grandes áreas: administrativa (no sentido estrito
indicado) e judiciária. A polícia administrativa (polícia
preventiva, ou ostensiva) atua preventivamente,
evitando que o crime aconteça. Já a polícia judiciária
(polícia de investigação) atua repressivamente, depois
de ocorrido o ilícito penal, exercendo atividades de
apuração das infrações penais cometidas, bem como a
indicação da autoria. Não lhe cabe a promoção da ação
penal, atribuição essa privativa do Ministério Público
nas ações penais públicas, na forma da lei (art. 129, I,
CF/88). ”50
⚠ ATENÇÃO
Não é possível que os Estados-membros
criem órgão de segurança pública diverso
50 Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional.
Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022.
49 Carnaúba, Aline Soares L. Direito Constitucional.
(Coleção Método Essencial). Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd
edição). Grupo GEN, 2022. p. 296.
daqueles que estão previstos no art. 144 da
CF/88. Os Estados-membros e o Distrito Federal
devem seguir o modelo federal. O art. 144 da
Constituição aponta os órgãos incumbidos do
exercício da segurança pública, sendo esse rol
taxativo. Assim, a Constituição Estadual não
pode prever a criação de Polícia Científica como
órgão integrante da segurança pública. Vale
ressaltar que nada impede que a Polícia
Científica, criada pelo Estado-membro para ser
o órgão responsável pelas perícias, continue a
existir e a desempenhar suas funções, sem
estar, necessariamente, vinculada à Polícia Civil.
No entanto, deve-se afastar qualquer
interpretação que lhe outorgue caráter de
órgão de segurança pública. STF. Plenário. ADI
2575/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
24/6/2020 (Info 983) .51
🚨 JÁ CAIU
Esse

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