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1 2 DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS 3a EDIÇÃO/2024 1. SISTEMA CONSTITUCIONAL DAS CRISES 3 1.1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 3 1.2. APROFUNDAMENTO - CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO E CONTROLE JUDICIAL 4 1.2.1. CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO: QUADRO DESCRITIVO 4 1.2.2. CONTROLE JUDICIAL 8 2. ESTADO DE DEFESA 11 2.1. INTRODUÇÃO 11 2.2. HIPÓTESES DE DECRETAÇÃO 13 2.3. TITULARIDADE 13 2.4. PRESSUPOSTOS 14 2.5. PROCEDIMENTO 14 2.6. MEDIDAS COERCITIVAS 15 2.7. CONTROLE 15 3. ESTADO DE SÍTIO 17 3.1. INTRODUÇÃO 17 3.2. HIPÓTESES DE DECRETAÇÃO 17 3.3. TITULARIDADE 17 3.4. PRESSUPOSTOS 18 3.5. PROCEDIMENTO 18 3.6. RESTRIÇÕES DE DIREITOS 19 3.7. CONTROLE 20 3.8. ESTADO DE DEFESA X ESTADO DE SÍTIO 20 4. FORÇAS ARMADAS 24 4.1. INTRODUÇÃO 24 4.2. HABEAS CORPUS EM FACE DAS PUNIÇÕES DISCIPLINARES 25 4.3. MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS 26 5. SEGURANÇA PÚBLICA 27 5.1. INTRODUÇÃO 27 5.2. ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA 27 5.3. DIREITO DE GREVE E CARREIRAS DE SEGURANÇA PÚBLICA 30 6. GUARDAS MUNICIPAIS 31 3 1. SISTEMA CONSTITUCIONAL DAS CRISES1 1.1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS2 No estudo sobre a “defesa do Estado e das instituições democráticas”, destacam-se dois grupos principais: os instrumentos para manter ou restabelecer a ordem durante anormalidades constitucionais e a defesa do país ou sociedade, envolvendo as Forças Armadas e a segurança pública. ◾Defesa do Estado: A defesa do Estado engloba a proteção do território nacional contra invasões estrangeiras, a defesa da soberania nacional e a defesa da Pátria, conforme estabelecido nos artigos 34, II, 137, II e 142 da Constituição. ◾Defesa das Instituições Democráticas: Já a defesa das instituições democráticas é caracterizada pelo equilíbrio da ordem constitucional, evitando a preponderância de um grupo sobre outro. Quando a competição entre grupos sociais extrapola os limites constitucionais, surge o que a doutrina chama de situação de crise. ◾Sistema Constitucional das Crises: Diante de violações à normalidade constitucional, é acionado o sistema constitucional das crises. Esse sistema, segundo Aricê Amaral Santos, é um conjunto ordenado de normas constitucionais que visa manter ou restabelecer a normalidade constitucional. 2 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. P. 525. 1 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. P. 525. José Afonso da Silva destaca que esse sistema visa estabilizar a Constituição contra mudanças violentas e perturbações da ordem constitucional. Em situações críticas, a legalidade normal é substituída por uma legalidade extraordinária, definindo e regendo o estado de exceção. ◾ Características dos Estados de Exceção Constitucional: Walter Claudius Rothenburg ressalta características dos estados de exceção constitucional: ● excepcionalidade: a decretação dos estados de defesa e de sítio deve se dar em último caso, quando não existirem outras medidas mais adequadas e menos gravosas para enfrentar a crise; ● taxatividade: os pressupostos materiais para a decretação devem ser apenas aqueles indicados na Constituição; ● temporariedade (transitoriedade): a legalidade extraordinária não pode ser perpetuada no tempo; ● determinação geográfica: deve haver determinação do espaço de atuação das medidas restritivas, não apenas em relação ao estado de defesa (em razão de sua própria definição — “locais restritos e determinados”) como também em relação ao estado de sítio, pois as medidas deverão se circunscrever às “áreas abrangidas”, mesmo nas hipóteses de decretação de estado de sítio nos casos de “comoção grave de repercussão nacional” — art. 138, caput; ● sujeição a controles: “o controle decorre do caráter excepcional das medidas, da proteção aos direitos afetados e do inter-relacionamento dos 4 Poderes de Estado (separação de poderes)”; ● publicidade: a regra é a publicidade, seguindo, inclusive, a exigência da comunidade internacional, prevista, por exemplo, no art. 4.º, n. 3, do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (ONU, 1966); ● regramento constitucional: qualificação especial a dar maior segurança às situações de legalidade extraordinária; ● proporcionalidade: “essas situações de crise grave justificam-se apenas excepcionalmente, na proporção justamente necessária para debelar as causas e restabelecer a normalidade”. ◾Mecanismos Constitucionais para o Restabelecimento da Normalidade Os mecanismos constitucionais para o restabelecimento da normalidade incluem a decretação do estado de defesa, do estado de sítio, e o papel das Forças Armadas e da segurança pública (Título V da CF/88). Esses mecanismos devem respeitar os princípios da necessidade e temporariedade, evitando arbítrios e ditaduras. ◾Reflexos históricos: Refletindo sobre a história o professor Pedro Lenza destaca que observamos infelizmente situações de abuso e arbítrio, como no "Estado Novo" de Getúlio Vargas, na ditadura militar de 1964 até a Constituição de 1988 e durante o período ditatorial com a utilização do AI-5. Esses momentos evidenciam a importância de respeitar os princípios constitucionais, especialmente em situações de crise, para evitar abusos e preservar a normalidade e a democracia. Para a implementação do sistema constitucional das crises, de forma “segura”, ou seja, de forma que esse ato não se transforme em um golpe de estado ou ditadura, é obrigatória a observância de três critérios, como apresenta Rodrigo Padilha: 1. NECESSIDADE – significa que somente situações extremas e excepcionais ensejam a adoção dessas medidas para manutenção da estabilidade da ordem constitucional e das instituições democráticas. Sem necessidade, a decretação dessas medidas pode configurar golpe de estado; 2. TEMPORARIEDADE – essas medidas devem ser adotadas por prazo determinado, pois, como gera supressão de direitos e concentração de poder, é possível que a adoção de uma delas sem prazo configure regime ditatorial; 3. PROPORCIONALIDADE – os estados de defesa e de sítio devem ser proporcionais aos fatos que justificaram a sua adoção. 1.2. APROFUNDAMENTO - CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO E CONTROLE JUDICIAL 1.2.1. CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO: QUADRO DESCRITIVO3 O professor Pedro Lenza destaca a evolução do instituto das crises nas Constituições brasileiras para, em seguida, analisar a problemática do controle judicial: 3 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. 5 CONSTITUIÇÃO COMENTÁRIOS 1824 “■ art. 148: competia privativamente ao Poder Executivo empregar a Força Armada de Mar e Terra como bem lhe parecesse conveniente à Segurança e defesa do Império ■ art. 179, XXXIV e XXXV: em razão de ato especial do Poder Legislativo, nos casos de rebelião, ou invasão de inimigos, pedindo a segurança do Estado, poderiam ser dispensadas, por tempo determinado, algumas das formalidades que garantem a liberdade individual. Não estando reunida a Assembleia, e correndo a Pátria perigo iminente, poderia o Governo tomar essa providência, como medida provisória, e indispensável, suspendendo-a imediatamente ao cessar a necessidade urgente, que a motivou. Ao final, deveria prestar contas, prescrevendo-se a responsabilização por abusos praticados”4 1891 “■ art. 34, n. 21: estabelecia a competência do Congresso Nacional para decretar o estado de sítio (a EC n. 3/26 alterou para n. 20) na emergência de agressão por forças estrangeiras ou de comoção interna 4 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. ■ art. 80, § 1.º: não se achando reunido o Congresso Nacional e correndo a Pátria iminente perigo, a decretação poderia ser realizadatema foi cobrado na prova para o cargo de Defensor Público da DPE-RS (CEBRASPE, 2022). Na oportunidade, a banca considerou errada a assertiva que indicava que “O rol de órgãos encarregados do exercício da segurança pública, previsto na Lei Maior, não é taxativo, permitindo-se aos estados-membros e ao Distrito Federal a criação de outros órgãos com a mesma função”, isso porque, conforme o informativo indicado acima, o rol é taxativo. No Informativo 1042 do STF , a Corte determinou que “o Estado do Rio de Janeiro elabore e encaminhe ao STF, no prazo máximo de 90 dias, um plano para redução da letalidade policial e controle das violações aos direitos humanos pelas forças de segurança, que apresente medidas objetivas, cronogramas específicos e previsão dos recursos necessários para a sua 51 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não é possível que os Estados-membros criem órgão de segurança pública diverso daqueles que estão previstos no art. 144 da CF/88. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: . Acesso em: 27/10/2022 30 implementação. ”, ou seja, a decisão indica que é52 possível ao Poder Judiciário determinar que o Estado implemente políticas públicas no campo da segurança pública. Nesse sentido, merece destaque o seguinte entendimento da Corte: A jurisprudência desta Corte entende ser possível ao Poder Judiciário determinar ao Estado a implementação, ainda que em situações excepcionais, de políticas públicas previstas na Constituição, sem que isso acarrete contrariedade ao princípio da separação dos poderes. Agravos regimentais a que se nega provimento.(RE 595129 AgR / SC – SANTA CATARINA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 03/06/2014). 🚨 JÁ CAIU Esse assunto foi cobrado na prova para o cargo de Defensor Público da DPE-RS (CEBRASPE, 2022). Na oportunidade, a banca considerou certa a assertiva que indicou que “O Poder Judiciário pode determinar que o Estado implemente políticas públicas no campo da segurança pública se caracterizada inadimplência quanto a tal dever constitucional”. “Situação que merece destaque é a do Distrito Federal: compete à União organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. Em face disso, nos termos do art. 32, § 4º, lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da 52 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. “ADPF das favelas”. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: . Acesso em: 27/10/2022 polícia militar e do corpo de bombeiros militar. Sobre esse último tema, segundo o STF, compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civis e militar do Distrito Federal (Súmula nº 647). O entendimento deve se estender à polícia penal do Distrito Federal. Ainda, Súmula Vinculante nº 39: “Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal”. Ainda, na ADI nº 2.587, o STF assentou o entendimento de que é vedada a outorga de foro por prerrogativa de função a delegados de polícia. Em outra ADI, a de nº 3.614, declarou que não se pode atribuir a função de atendimento em delegacia de polícia, a policiais militares, em municipalidade que não dispõe de servidor de carreira para o desempenho das atribuições de delegado de polícia ”.53 5.3. DIREITO DE GREVE E CARREIRAS DE SEGURANÇA PÚBLICA “O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da categoria. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).” Utilizando os ensinamentos do professor 53 Carnaúba, Aline Soares L. Direito Constitucional. (Coleção Método Essencial). Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo GEN, 2022. p. 298. https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/73bf6c41e241e28b89d0fb9e0c82f9ce https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/73bf6c41e241e28b89d0fb9e0c82f9ce 31 Márcio Cavalcante , abordamos os seguintes54 questionamentos: ● Os servidores públicos possuem direito à greve? SIM. Isso encontra-se previsto no art. 37, VII, da CF/88: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”; ● A greve é um direito de todos os servidores públicos? NÃO. Existem determinadas categorias para quem a greve é proibida. ● Os policiais militares podem fazer greve? NÃO. A CF/88 proíbe expressamente que os Policiais Militares, Bombeiros Militares e militares das Forças Armadas façam greve (art. 142, 3º, IV c/c art. 42, § 1º). ● Além dos policiais civis, os policiais federais também estão proibidos de fazer greve? SIM. O STF entendeu que o exercício de greve é vedado a todas as carreiras policiais previstas no art. 144, ou seja, não podem fazer greve os integrantes da: • Polícia Federal; • Polícia Rodoviária Federal; • Polícia Ferroviária Federal; • Polícia Civil; • Polícia Militar e do Corpo de 54 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Policiais são proibidos de fazer greve. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: . Acesso em: 30/08/2022 Bombeiros militar. ● Greve não é direito absoluto A greve não é um direito absoluto e, neste caso, deverá ser feito um balanceamento entre o direito de greve e o direito de toda a sociedade à segurança pública e à manutenção da ordem pública e paz social. Neste caso, há a prevalência do interesse público e do interesse social sobre o interesse individual de uma categoria. Por essa razão, em nome da segurança pública, os policiais não podem fazer greve.Importante destacar que a ponderação de interesses aqui não envolve direito de greve X continuidade do serviço público. A greve dos policiais é proibida não por causa do princípio da continuidade do serviço público (o que seria muito pouco), mas sim por conta do direito de toda a sociedade à garantia da segurança pública, à garantia da ordem pública e da paz social. ● Carreira policial possui tratamento diferenciado A pessoa que ingressa na carreira policial sabe que estará integrando um órgão com regime especial, que possui regime de trabalho diferenciado, escala, hierarquia e disciplina. Deve saber também que se trata de uma carreira cuja atividade é incompatível com o direito de greve. 6. GUARDAS MUNICIPAIS55 As Guardas Municipais, conforme previsto no artigo 144, § 8.º da Constituição Federal, têm a função principal de proteger os bens, serviços e instalações do município. A Lei n. 13.022/2014, conhecida como o 55 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 556. 32 Estatuto Geral das Guardas Municipais, regulamentou esse dispositivo constitucional. ■ Controvérsias Jurídicas: ADI 5.156 e Questões Relevantes: A constitucionalidadeda Lei n. 13.022/2014 foi objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.156 no Supremo Tribunal Federal (STF). Duas questões cruciais foram apresentadas: a) A lei referida no art. 144, § 8.º, é federal ou se refere à legislação de cada município, considerando o interesse local?; b) Em sendo lei federal, as normas estabelecidas extrapolam a "vocação constitucional específica" das guardas municipais, limitada à proteção de bens, serviços e instalações municipais? Para entender a lei indicada no art. 144, § 8.º, a interpretação mais adequada é considerá-la como uma legislação federal que estabelece diretrizes, disposições e normas gerais. A criação efetiva das Guardas Municipais ocorre por meio de leis específicas de cada município, conforme destacado no art. 6.º do Estatuto da Guarda Municipal. Quanto às competências, é essencial interpretar o art. 5.º do estatuto à luz dos parâmetros constitucionais, focando na proteção dos bens, serviços e instalações do município. Vale ressaltar que a atuação das guardas municipais não inclui funções de polícia ostensiva, sendo sua principal responsabilidade assegurar a incolumidade do patrimônio municipal. ■ Competências de Trânsito: Decisão do STF e Implicações Práticas: Uma decisão relevante do STF (RE 658.570) estabeleceu que as guardas municipais têm a atribuição constitucional de exercer poder de polícia de trânsito, inclusive para impor sanções administrativas legalmente previstas. Isso significa que, na prática, as guardas municipais podem fiscalizar o trânsito, lavrar autos de infração e impor multas. ■ Porte de Armas e Reconhecimento da Atividade de Segurança Pública: Outro julgamento significativo assegurou o porte de armas para todas as guardas municipais do país, independentemente do tamanho da população do município. Esse reconhecimento decorreu da compreensão de que as guardas municipais executam atividade de segurança pública, essencial ao atendimento das necessidades da comunidade. ■ Limites da Atuação e Restrições: Direito de Greve e Outras Questões Pendentes Apesar do reconhecimento da atuação na área de segurança pública, o STF negou o direito de greve às guardas municipais, submetendo-as às restrições estabelecidas no julgamento do ARE 654.432 (RE 846.854). Quanto à atuação como polícia preventiva ou de investigação, a tendência da Corte é não admitir essa função, conforme indicado em recentes decisões (REsp 1.977.119/STJ e RE 1.281.774 Agr-ED-Agr, 1.ª T., STF, j. 13.06.2022)pelo Poder Executivo federal (art. 48, n. 15), com o posterior controle pelo Congresso Nacional (havendo expressa responsabilização pelos abusos cometidos pelas autoridades — art. 80, § 4.º)”5 1934 “■ art. 56, § 13: alterando a regra das Constituições anteriores, a competência para decretar o estado de sítio (“na iminência de agressão estrangeira, ou na emergência de insurreição armada”) era privativa do Presidente da República, na forma do art. 175, § 7.º, depois de autorização do Poder Legislativo, que também realizava posterior controle político (art. 40, “d” e “j”). Estando em recesso, a competência para autorizar (“aquiescência prévia”) era da Seção permanente do Senado Federal, havendo posterior controle pelo Congresso Nacional ■ art. 175, § 13: prescrevia a responsabilização civil ou criminal do Presidente da República e demais autoridades 5 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. 6 pelos abusos cometidos”6 1937 “■ art. 74, “k”: competência privativa do Presidente da República para decretar o estado de emergência e o estado de guerra (no “caso de ameaça externa ou iminência de perturbações internas ou existências de concerto, plano ou conspiração, tendente a perturbar a paz pública ou pôr em perigo a estrutura das instituições, a segurança do Estado ou dos cidadãos” — art. 166, caput) ■ art. 166, parágrafo único: refletindo o estado ditatorial que se estabelecia naquele momento, em razão de criticável concentração do Poder Executivo e do Poder Legislativo nas mãos do Presidente da República, dispensava-se a autorização do Parlamento nacional para a instituição das medidas extraordinárias, vedando-se, também, a possibilidade de o Parlamento suspender o estado de emergência ou o estado de guerra declarado pelo Presidente da República ■ art. 167: cessados os motivos que determinaram a declaração 6 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. do estado de emergência ou do estado de guerra, o Presidente da República deveria comunicar à Câmara dos Deputados as medidas tomadas durante o período de vigência de um ou de outro. Na hipótese de a Câmara dos Deputados não aprovar as medidas, deveria promover a responsabilidade do Presidente da República. Contudo, este tinha o direito de apelar da deliberação da Câmara para o pronunciamento do País, mediante a dissolução desta realização de novas eleições. ■ art. 169: permitia o brutal e ditatorial afastamento das imunidades parlamentares por ato exclusivo do Presidente da República ■ art. 186: declarou em todo o País o estado de emergência. Esse estado de exceção permanente só veio a ser suspenso em 30.11.1945, pela Lei Constitucional n. 16”7 1946 “■ art. 206, I e II: era atribuição do Congresso Nacional decretar o estado de sítio nos casos de comoção intestina grave ou de fatos que evidenciassem estar a comoção a irromper e de guerra externa 7 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. 7 ■ art. 208: no intervalo das sessões legislativas, era da competência exclusiva do Presidente da República a decretação ou a prorrogação do estado de sítio, havendo posterior controle político pelo Congresso Nacional8 1967 “■ art. 83, XIV: competência do Presidente da República para decretar o estado de sítio nos casos de grave perturbação da ordem ou ameaça de sua irrupção ou de guerra, com controle político posterior pelo Congresso Nacional (art. 153, I e II e §§ 1.º e 2.º) ■ art. 154, caput: durante a vigência do estado de sítio e sem prejuízo das medidas previstas no art. 151, o Congresso Nacional, mediante lei, poderia determinar a suspensão de garantias constitucionais”9 EC n. 1/69 “■ art. 81, XVI: manteve a competência do Presidente da República para decretação do estado de sítio nos casos de grave perturbação da ordem ou ameaça de sua irrupção ou de guerra (art. 155, I e II), com o controle político pelo Congresso 9 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. 8 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. Nacional”10 EC n. 11/78 “■ art. 81, XVI: competência privativa do Presidente da República para: a) determinar medidas de emergência (art. 155, caput): “para preservar ou, prontamente, restabelecer, em locais determinados e restritos a ordem pública ou a paz social, ameaçadas ou atingidas por calamidades ou graves perturbações que não justifiquem a decretação dos estados de sítio ou de emergência”. Essas medidas de emergência encontram correspondência com o estado de defesa previsto na CF/88 b) decretar o estado de sítio (art. 156): “no caso de guerra ou a fim de preservar a integridade e a independência do País, o livre funcionamento dos Poderes e de suas instituições, quando gravemente ameaçados ou atingidos por fatores de subversão” c) decretar o estado de emergência (art. 158): “quando forem exigidas providências imediatas, em caso de guerra, bem como para impedir ou 10 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. 8 repetir as atividades subversivas a que se refere o art. 156” ■ OBS.: para todas as hipóteses havia previsão de controle político pelo Congresso Nacionall”11 1988 “■ art. 84, IX: competência privativa do Presidente da República para decretação dos estados de defesa e de sítio, com controle político pelo Congresso Nacional (art. 49, IV) e comentários nos itens seguintes”l”12 1.2.2. CONTROLE JUDICIAL13 O professor Pedro Lenza afirma que “A instituição da legalidade extraordinária ou excepcional implementa-se por ato político do Poder Executivo (art. 84, IX) e o seu controle parlamentar é, de fato, também político (art. 49, IV — decreto legislativo do Congresso Nacional no exercício de sua competência exclusiva). “A questão que se coloca é em relação ao controle judicial. O quadro abaixo, que complementa o anterior, destaca a sua previsão ou restrição ao longo da história de nosso país. Ao final, como se verá, concluiremos no sentido da possibilidade do controle judicial em relação às medidas de restrição implantadas, assim como aos aspectos do seu cabimento. Vejamos:” 13 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. 12 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. 11 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 526. CONSTITUIÇÃO COMENTÁRIOS 1824 (HC 300) “■ conforme vimos no quadro anterior, havia previsão de responsabilização apenas pelos abusos cometidos durante os estados de emergência (art. 179, XXXV) ■ conveniência e oportunidade política da decretação: no julgamento do HC 300 (27.04.1892), o STF, por maioria (10 x 1), entendeu impossível o controle judicial do mérito administrativo. Tratava-se de habeas corpus impetrado pelo advogado Rui Barbosa em favor do Senador Almirante Eduardo Wandenkolk e outros militares indiciados por crimes de sedição e conspiração contra o Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto. Os pacientes alegaram inconstitucionalidade do estado de sítio e a ilegalidade das prisões determinadas pelo governo, teses não admitidas pela Corte. Vejamos: a) “não é da índole do Supremo Tribunal Federal envolver-senas funções políticas do Poder Executivo ou Legislativo” b) “ainda quando na situação criada pelo estado de sítio estejam ou possam estar 9 envolvidos alguns direitos individuais, esta circunstância não habilita o Poder Judicial a intervir para nulificar as medidas de segurança decretadas pelo Presidente da República, visto ser impossível isolar esses direitos da questão política que os envolve e compreende, salvo se unicamente tratar-se de punir os abusos dos agentes subalternos na execução das mesmas medidas, porque a esses agentes não se estende a necessidade do voto político do Congresso”14 1891 (HC 3.527) (EC de 03.09.1926) “■ HC 3.527 (j. 15.04.1914): neste precedente, a impetração do habeas corpus se deu em favor de Eduardo de Macedo Soares e outros presos acusados de crime político na vigência do estado de sítio. Os pacientes alegavam que o estado de sítio estaria em desacordo com os requisitos exigidos no art. 80 da Constituição Federal de 1891. O Tribunal, por maioria, conheceu do pedido e declarou-se incompetente para conceder o habeas corpus. Nos “considerandos” da decisão, prescreve-se: “o Judiciário, em regra, só julga os efeitos ou 14 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528. fatos decorrentes de atos dos dois outros poderes, porventura lesivos dos direitos individuais, e jamais os motivos ou razões, pelas quais foram tais atos adotados ou postos em execução” (nessa linha, cf., também, o julgamento do HC 3.536) ■ art. 60, § 5.º (introduzido pela EC de 03.09.1926): “nenhum recurso judiciário é permitido, para a justiça federal ou local, contra a intervenção nos Estados, a declaração do estado de sítio e a verificação de poderes, o reconhecimento, a posse, a legitimidade e a perda de mandato dos membros do Poder Legislativo ou Executivo, federal ou estadual; assim como, na vigência do estado de sítio, não poderão os tribunais conhecer dos atos praticados em virtude dele pelo Poder Legislativo ou Executivo”15 1934 “■ art. 68: “é vedado ao Poder Judiciário conhecer de questões exclusivamente políticas” (cf., também, art. 18 das disposições transitórias)”16 1937 “■ art. 94: “é vedado ao Poder Judiciário conhecer de questões 16 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528. 15 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528. 10 exclusivamente políticas” ■ art. 170: “durante o estado de emergência ou o estado de guerra, dos atos praticados em virtude deles não poderão conhecer os Juízes e Tribunais”17 1946 “■ art. 215: “a inobservância de qualquer das prescrições dos arts. 206 a 214 tornará ilegal a coação e permitirá aos pacientes recorrerem ao Poder Judiciário”18 1967 “■ art. 156: “a inobservância de qualquer das prescrições relativas ao estado de sítio tornará ilegal a coação e permitirá ao paciente recorrer ao Poder Judiciário””19 EC n. 1/69 “■ art. 181: aprovou e excluiu da apreciação judicial os atos praticados pelo Comando Supremo da Revolução de 31 de março de 1964”20 AI n. 5/68 “■ art. 11: excluiu de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com referido e brutal Ato Institucional e seus Atos Complementares, bem como os 20 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528. 19 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528. 18 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528. 17 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528. respectivos efeitos”21 1988 “■ não há vedação explícita para o controle judicial”22 O artigo 5.º, XXXV, da CF/88 assegura a todos o acesso ao Judiciário para a defesa de seus direitos. Essa garantia, presente desde a Constituição de 1946, é essencial para a manutenção do Estado Democrático de Direito. Nesse contexto, o Poder Judiciário é incumbido da responsabilidade de reprimir abusos e ilegalidades durante estados de crise constitucional. Para tal, instrumentos como mandado de segurança, habeas corpus e outras medidas jurisdicionais são empregados. No entanto, surge uma questão crucial: o Judiciário pode ou não analisar o mérito político da decretação em situações de crise constitucional? Alexandre de Moraes, embasado por Manoel Gonçalves Ferreira Filho, argumenta que a análise da conveniência e oportunidade política é impraticável para o Poder Judiciário. Contrapondo essa posição, Olavo Ferreira destaca a possibilidade de controle judicial em casos excepcionais, especialmente quando há abuso de direito ou desvio de finalidade. Ele fundamenta essa perspectiva nos princípios da supremacia da Constituição e do Estado Democrático de Direito. Walter Claudius Rothenburg contribui para a discussão ao apresentar critérios de proporcionalidade para o controle judicial. Propõe a utilização de instrumentos como ADI, mandado de segurança no STF e ADPF, dependendo da natureza do decreto. Fazendo uma analogia, consideramos o controle dos requisitos constitucionais de relevância e 22 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528. 21 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 528. 11 urgência para a edição de medidas provisórias. O STF, no julgamento da ADI 4.029, reconheceu a possibilidade de controle judicial, desde que exercido com parcimônia em casos excepcionais. O professor Pedro Lenza destacou que “Apesar de o STF não ter apreciado o tema na vigência da atual Constituição (até porque essas situações de legalidade extraordinária não foram verificadas), parece-nos possa a Corte seguir o entendimento firmado em relação ao controle dos requisitos constitucionais de relevância e urgência para edição de medida provisória. No julgamento da ADI 4.029, a Suprema Corte entendeu possível o controle judicial, desde que o exame seja feito cum grano salis, parcimônia e em hipóteses excepcionais. Nesses termos, certamente, o Poder Judiciário poderá controlar eventual abuso de poder ou desvio de finalidade” .23 2. ESTADO DE DEFESA 2.1. INTRODUÇÃO O estado de defesa “consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por certo tempo, em locais restritos e determinados, mediante decreto do Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, para preservar a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na Natureza. ”24 A previsão do estado de defesa encontra-se no art. 136 da CF: Art. 136. O Presidente da República pode, 24 MOTA, Sílvio. Direito Constitucional . Disponível em: Minha Biblioteca, (29ª edição). Grupo GEN, 2021. 23 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. p. 529. ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. § 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificaráas áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: I - restrições aos direitos de: a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; b) sigilo de correspondência; c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. § 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a 30 dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação. § 3º Na vigência do estado de defesa: I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial; II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação; 🚨 JÁ CAIU Na prova para o cargo de Delegado de Polícia da 12 PC-PA (INSTITUTO AOCP, 2021), acerca do estado de defesa, a banca considerou correta a seguinte assertiva “Na vigência do estado de defesa, a comunicação feita ao Juiz será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação.” III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a 10 dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; IV - É VEDADA A INCOMUNICABILIDADE DO PRESO. § 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de 24 horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta. 🚨 JÁ CAIU Na prova para o cargo de Delegado de Polícia da PC-ES (CEBRASPE, 2022), acerca da defesa do Estado e das instituições democráticas, a banca considerou correta a seguinte assertiva: “Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o presidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta”. O assunto também foi cobrado na prova para o cargo de Delegado de Polícia da PC-SP (VUNESP, 2023), oportunidade em que a bvanca considerou correta a seguinte assertiva: “Nos termos da Constituição Federal, aprovar o estado de defesa e a intervenção federal é da competência exclusiva do Congresso Nacional, para ambas”. § 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de 5 dias. § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de 10 dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. § 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa. PROCEDIMENTOS E REGRAS GERAIS25 TITULARIDADE O Presidente da República (art. 84, IX, c/c o art. 136), mediante decreto, pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa. CONSELHO DA REPÚBLICA E DEFESA NACIONAL como órgãos de consulta, são previamente ouvidos, porém suas opiniões não possuem caráter vinculativo, ou seja, o Presidente da República, mesmo diante de um parecer opinando pela desnecessidade de decretação, poderá decretar o estado de defesa. O DECRETO QUE INSTITUIR O ESTADO DE DEFESA DEVERÁ DETERMINAR a) o tempo de duração; b) a área a ser abrangida (locais restritos e determinados); c) as medidas coercitivas que devem vigorar durante a sua vigência. 25 Lenza, Pedro. Direito constitucional. (Coleção esquematizado®). Disponível em: Minha Biblioteca, (27th edição). Editora Saraiva, 2023. P. 530. 13 TEMPO DE DURAÇÃO máximo de 30 dias prorrogados por mais 30 dias, uma única vez. MEDIDAS COERCITIVAS a) restrições (não supressão) aos direitos de reunião, sigilo de correspondência, sigilo de comunicação telegráfica e telefônica e à garantia prevista no art. 5.º, LXI, ou seja, prisão somente em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judicial competente; b) ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. PRISÃO POR CRIME CONTRA O ESTADO como exceção ao art. 5.º, LXI, a prisão po derá ser determinada pelo executor da medida (não pela autoridade judicial competente). O juiz competente, imediatamente comunicado, poderá relaxá-la. Tal comunicação deverá vir acompanhada do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação. Referida ordem de prisão não poderá ser superior a 10 dias, facultando-se ao preso requerer o exame de corpo de delito à autoridade policial. INCOMUNICABILID ADE DO PRESO é vedada. 2.2. HIPÓTESES DE DECRETAÇÃO As hipóteses em que se poderá decretar o estado de defesa estão previstas, de forma taxativa, no art. 136, caput da CF, quais sejam: para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. ⚠ ATENÇÃO ● “Preservar”: dispõe a ideia de uma ação preventiva; ● “Prontamente restabelecer”: dispõe a ideia de uma ação repressiva. 2.3. TITULARIDADE A titularidade é conferida ao Presidente da República (art. 136, caput, CF), o qual, mediante decreto, pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa. Conforme ensina Pedro Lenza , o Conselho26 da República e Defesa Nacional “como órgãos de consulta, são previamente ouvidos, porém suas opiniões não possuem caráter vinculativo, ou seja, o 26 Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022. 14 Presidente da República, mesmo diante de um parecer opinando pela desnecessidade de decretação, poderá decretar o estado de defesa”. 🚨 JÁ CAIU Esse tema foi cobrado na prova para o cargo de Promotor de Justiça Militar do MPM (banca própria, 2021). A banca considerou correta a assertiva que indicou que compete ao conselho da república "pronunciar-se sobre a intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio.” 2.4. PRESSUPOSTOS27 Para sua decretação, devem ser observados pressupostos diversos: Os pressupostos materiais são as condições fáticas exigíveis para a decretação do estado de defesa. A instauração desse estado de legalidade extraordinária depende, alternativamente, da existência de grave e iminente instabilidade institucional ou de calamidade de grandes proporções na natureza (CF, art. 136). Os pressupostos formais dizem respeito aos procedimentos exigíveis para a legitimidade das medidas a serem adotadas. A Constituição prevê cinco requisitos cumulativos: 1) prévia manifestação do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional. Por serem órgãos consultivos, a manifestação não tem caráter vinculante para o Presidente da República; 2) decretação do Estado de Defesa pelo Presidente da República; 3) previsão do prazo de duração da medida de, no máximo, de trinta dias, podendo ser 27 Novelino, Marcelo. Curso de direito constitucional - 17 . ed. rev., ampl. e atual. - São Paulo: Ed. Juspodivm, 2022. p. 889. prorrogado por uma única vez; 4) especificação das áreas abrangidas; 5) indicação das medidas coercitivas (CF, art. 136, §1º e 2º). 🚨 JÁ CAIU Na prova para o cargo de Promotor de Justiça do MPE-BA (Fundação CEFETBAHIA, 2018), de acordo com o regramento constitucional alusivo ao estado de defesa e ao estado de sítio, a banca considerou correta a assertiva “O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as restrições aos direitos de reunião, ainda queexercida no seio das associações, e ao sigilo de correspondência, dentre outras medidas coercitivas que poderão vigorar”. ⚠ ATENÇÃO Será necessária a aprovação do decreto editado pelo Presidente da República pela maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional (controle político). 🚨 JÁ CAIU Esse tema foi cobrado na prova para o cargo de Juiz de Direito do TJ-PA (2019, CEBRASPE). A banca considerou correta a assertiva que indicou que, no que se refere ao estado de defesa e ao estado de sítio, “O estado de defesa, decretado pelo presidente da República, deve ser aprovado pelo Congresso Nacional”. 2.5. PROCEDIMENTO Para a decretação do Estado de Defesa deverá ser seguido o seguinte procedimento: ● Quando o Presidente verificar a existência de algum dos pressupostos materiais, havendo necessidade de decretação do estado de 15 defesa, deve solicitar pareceres consultivos (não vinculativos) ao Conselho da República (art. 89) e Conselho de Defesa Nacional (art. 91), para que opinem a respeito. Após a análise dos pareceres, o Chefe do Executivo Federal decidirá. 🚨 JÁ CAIU Na prova para o cargo de Promotor de Justiça do MPE-BA (Fundação CEFETBAHIA, 2018), sobre a defesa do estado e das instituições democráticas, a banca considerou correta a assertiva “Para a decretação do estado de defesa e do estado de sítio, a Constituição Federal exige a prévia manifestação – que possui caráter meramente consultivo – dos Conselhos da República e de Defesa Nacional”. ● O Presidente da República, dentro do prazo máximo de 24 horas, submeterá o ato, com a respectiva justificativa, ao Congresso Nacional. ● O Congresso Nacional terá o prazo de 10 dias para deliberação e somente aprovará a decretação por maioria absoluta em ambas as Casas Legislativas (art. 136, § 4.º), editando o respectivo Decreto Legislativo (art. 49, IV). ● Se o Congresso não aprovar, cessa imediatamente a medida, com efeitos ex nunc. * Elaborado em conformidade com as palavras do Professor Rodrigo Padilha28 ⚠ ATENÇÃO Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de 5 dias, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa (art. 136, §§ 5.º e 6.º). 28 Padilha, Rodrigo. Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2019. 2.6. MEDIDAS COERCITIVAS As medidas coercitivas cabíveis no estado de defesa consistem em restrições (não supressão) de alguns direitos fundamentais. Conforme estabelece o artigo 136, §1°, CF/88, num rol taxativo: ● reunião, ainda que exercida no seio das associações; ● sigilo de correspondência; ● sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; ● ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. ⚠ ATENÇÃO “É possível ainda a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida. Este deverá comunicá-la imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultando ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial. A comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação (art. 136, § 3.º). Apesar de haver restrições a alguns direitos constitucionais, o art. 136, § 3.º, IV, impede a incomunicabilidade do preso ”.29 2.7. CONTROLE A Constituição da República estabeleceu um sistema de controle, acompanhamento e fiscalização dos atos praticados no curso do estado de defesa. Referido sistema se perfaz por meio do controle político, exercido pelo Congresso Nacional, e do controle judicial, realizado pelo Poder Judiciário. 29 Padilha, Rodrigo. Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2019. 16 CONTROLE POLÍTICO CONTROLE POLÍTICO IMEDIATO Logo após a decretação do estado de defesa ou sua prorrogação (art. 136, §§ 4.º a 7.º) CONTROLE POLÍTICO CONCOMITANTE É a inspeção simultânea à adoção das providências do Estado de Defesa. A comissão criada é temporária, haja vista somente se manter em funcionamento pelo período que durar a medida excepcional. (Art. 140, CF). 🚨 JÁ CAIU Na prova para o cargo de Promotor de Justiça do MPE-SC (2019, Instituto Consulplan), a banca cobrou a redação do art. 140 da CF e considerou certa a assertiva que indicou que “Decretado o estado de defesa pelo Presidente da República, a mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa”. CONTROLE Exercido após o término do POLÍTICO SUCESSIVO estado de defesa. Tão logo seja finalizado, as medidas que foram aplicadas durante a sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, por meio de mensagem enviada ao Congresso Nacional, na qual ele especificará e justificará as ordens determinadas, apresentando relação nominal dos atingidos e indicação de quais foram as restrições aplicadas, conforme exige a Constituição da República (art. 141, parágrafo único, CF/88). Se o Congresso Nacional detectar qualquer tipo de arbítrio, excesso ou atos ilícitos, os executores sujeitar-se-ão à responsabilização (art. 141, caput, CF/88). CONTROLE JUDICIAL CONTROLE JUDICIAL CONCOMITANTE Fiscalizar a legalidade das medidas que estão sendo empregadas no desenrolar do estado de defesa é o que configura o controle judicial concomitante. Exemplo: averiguação da prisão efetuada pelo executor da medida e das prisões e detenções de qualquer pessoa, que não poderão ser superiores a 10 dias, 17 salvo quando autorizadas pelo Poder Judiciário. CONTROLE JUDICIAL SUCESSIVO O Poder Judiciário será o órgão competente para responsabilizar o Presidente da República e demais agentes censuráveis, tanto na esfera cível quanto criminal pelas medidas que foram aplicadas de forma abusiva (ou desproporcional, ou, ainda, imprópria). * Tabela elaborada em conformidade com os ensinamentos da doutrinadora Nathalia Masson30 3. ESTADO DE SÍTIO 3.1. INTRODUÇÃO “O Estado de sítio corresponde à suspensão temporária e localizada de garantias constitucionais, apresentando maior gravidade do que o Estado de defesa e obrigatoriamente o Presidente da República deverá solicitar autorização da maioria absoluta dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para decretá-lo. ”31 🚨 JÁ CAIU Esse tema foi cobrado na prova para o cargo de Juiz de Direito do TJ-PA (2019, CEBRASPE). A banca considerou correta a assertiva que indicou que “O presidente da República deve solicitar ao Congresso 31Moraes, Alexandre D. Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (38th edição). Grupo GEN, 2022. 30Masson, Nathalia. Manual de direito constitucional. 8. ed Salvador: JusPODIVM, 2020. Nacional a autorização para decretar o estado de sítio”. 3.2. HIPÓTESES DE DECRETAÇÃO As hipóteses em que poderá ser decretado o estado de sítio estão, de forma taxativa, previstas no art. 137, caput, da CF/88: Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. ⚠ ATENÇÃO Há doutrina que diferencia o estado de sítio repressivo do defensivo. As duas primeiras hipóteses (inciso I) seriam o estado de sítio repressivo, e as duas últimas (inciso II) soariam como estado de sítio defensivo .32 3.3. TITULARIDADE “Assim como no estado de defesa, quem decreta o estado de sítio é o Presidente da República (art. 84, IX, c/c o art. 137), após prévia oitiva do Conselho da República e do Conselhode Defesa Nacional (pareceres não vinculativos). ”33 33Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022. 32Padilha, Rodrigo. Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2019. 18 3.4. PRESSUPOSTOS34 A decretação do estado de sítio depende da existência de um dos seguintes pressupostos materiais :35 a. comoção grave de repercussão nacional, caracterizada por série crise capaz de colocar em risco as instituições democráticas ou o governo legitimamente eleito; b. ocorrência de fatos comprobatórios da ineficácia de medida adotada durante o estado de defesa; c. declaração de estado de guerra pelo Presidente da República ; d. ou resposta a agressão armada estrangeira. Diversamente dos pressupostos materiais, exigidos alternativamente, os pressupostos formais são cumulativos, devendo ser observados os seguintes procedimento :36 1) oitiva do Conselho da República (CF, art. 89) e do Conselho de Defesa Nacional (CF, art. 91), órgãos consultivos do Presidente da República, cujas manifestações não o vinculam; 2) solicitação ao Congresso Nacional de autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, devidamente fundamentada com os motivos determinantes do pedido; 3) autorização do Congresso Nacional pela maioria absoluta de seus membros; 36 Novelino, Marcelo. Curso de direito constitucional - 17 . ed. rev., ampl. e atual. - São Paulo: Ed. Juspodivm, 2022. p. 891. 35 Novelino, Marcelo. Curso de direito constitucional - 17 . ed. rev., ampl. e atual. - São Paulo: Ed. Juspodivm, 2022. p. 891. 34Novelino, Marcelo. Curso de direito constitucional - 17 . ed. rev., ampl. e atual. - São Paulo: Ed. Juspodivm, 2022. p. 891. 4) edição de decreto pelo Presidente da República indicando a duração do estado de sítio, as medidas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais a serem suspensas. Após publicação do decreto, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas (CF, arts. 137 e 13). ⚠ ATENÇÃO “A duração do Estado de Sítio pode variar. No caso do art. 137, I, ele não poderá ser decretado por mais de 30 dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no caso do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo em que durar a beligerância.” 3.5. PROCEDIMENTO Para a decretação do Estado de Sítio deverá ser seguido o seguinte procedimento: ● Quem decreta o estado de sítio é o Presidente da República (art. 84, IX, c/c o art. 137), após prévia oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional (pareceres não vinculativos); ● Deverá haver, relatando os motivos determinantes do pedido, prévia solicitação pelo Presidente da República de autorização do Congresso Nacional, que se manifestará pela maioria absoluta de seus membros, mediante decreto legislativo (art. 49, IV, c/c o art. 137, parágrafo único); CONTROLE POLÍTICO PRÉVIO NEGATIVO Se o Congresso Nacional recusar a prévia solicitação, realizada pelo Presidente da República, para decretação do Estado de sítio, seu efeito será vinculante, e 19 o Presidente da República não poderá decretar o estado de sítio pelo motivo que especificou, sob pena de responsabilidade. CONTROLE POLÍTICO PRÉVIO POSITIVO Se o Congresso Nacional autorizar a prévia solicitação, realizada pelo Presidente da República, para decretação do Estado de sítio, o Presidente da República poderá ou não decretar o estado de sítio, uma vez que não terá efeito vinculante. ● Na hipótese do controle político positivo, no qual o Presidente queira decretar o Estado de Sítio, este deverá elaborar o decreto do estado de sítio, o qual indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas. ● Depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas (art. 138, caput). * Elaborado com base da obra do professor Pedro Lenza37 3.6. RESTRIÇÕES DE DIREITOS Na decretação do estado de sítio alguns direitos e garantias constitucionais são passíveis de restrições. Na hipótese do art. 137, inciso I (comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa) as seguintes medidas poderão ser empregadas, conforme o art. 139: 37Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022. ● obrigação de permanência em localidade determinada; ● detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; ● restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; ● suspensão da liberdade de reunião; 🚨 JÁ CAIU Na prova para o cargo de Promotor de Justiça do MPE-AM, (CESPE/CEBRASPE, 2023), a , a banca considerou correta a seguinte assertiva no que tange à defesa do Estado e das instituições democráticas: “Na vigência de estado de sítio, admite-se a imposição de restrições à liberdade de imprensa, de radiodifusão e de televisão”. Na prova para o cargo de Defensor Público da DPE-MG (FUNDEP, 2019), em relação ao sistema constitucional brasileiro de defesa do estado e das instituições democráticas, a banca considerou correta a assertiva que indicou que “Na vigência do estado de sítio por comoção grave de repercussão nacional, admite-se a suspensão do direito de reunião”. ● busca e apreensão em domicílio; ● intervenção nas empresas de serviços públicos; ● requisição de bens. “Noutro giro, se a medida houver sido decretada com fundamento no estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira — portanto, tendo por pressuposto material legitimador o art. 137, II, da CF/88 — qualquer garantia constitucional poderá ser suspensa, ao menos em tese. Isso porque a 20 Constituição Federal não estabeleceu os limites que deverão ser observados na imposição de medidas coercitivas contra as pessoas” .38 3.7. CONTROLE "Diferentemente do estado de defesa, no estado de sítio existe um controle político prévio, pois há solicitação para poder decretar, sem a qual a intenção não sairá do papel. ”39 No mais, o estado de sítio se submete ao mesmo controle político concomitante (art. 140) e ao controle político sucessivo (ou a posteriori), na forma do art. 141, parágrafo único. Quanto ao controle judicial, assim como no estado de defesa, também haverá o controle concomitante (art. 136, § 3.º, I), e posterior (art. 141, caput). 3.8. ESTADO DE DEFESA X ESTADO DE SÍTIO ESTADO DE DEFESA ■ Previsão legal: Art. 136, caput ■ Hipóteses: 1. Ordem pública ou paz social ameaçada 2. Instabilidade institucional 3. Calamidade natural ■ Atribuição para a decretação: Presidente da República (art. 84, IX, da CF) ■ Procedimento: Presidente verifica a hipótese legal, solicita pareceres dos 39 Padilha, Rodrigo. Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2019. 38Masson, Nathalia. Manual de direito constitucional. 8. ed Salvador: JusPODIVM, 2020. Conselhos da República (CF, art. 89) e de Defesa Nacional (CF, art. 91). Com os pareceres, decidirá se decreta ou não o Estado de Defesa. ■ Prazo: Máximo de 30 dias, prorrogado por mais 30 (trinta) dias uma única vez. ■ Áreas abrangidas: Locais restritos e determinados (CF, art. 136, caput). ■ Restrições a direitos e garantias individuais: Poderão ser restringidas (CF, art. 136) as previsões do art. 5º, XII (sigilo de correspondência e de comunicações telegráficas e telefônicas), XVI (direito de reunião) e LXI (exigibilidade de prisão somente em flagrante delito ou por ordem da autoridade judicial competente). ■ Controle político sobre a decretação: É posterior. Decretado o Estado de defesa ou suaprorrogação, o Presidente da República, dentro de 24 horas, submeterá o ato com a respectiva justificativa ao Congresso Nacional, que somente aprovará a decretação por maioria absoluta de ambas as Casas Legislativas (CF, art. 136, § 4º), editando o respectivo Decreto Legislativo (CF, art. 49, IV). 21 ■ Fiscalização Política sobre as medidas: O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas (CF, art. 136, § 6º). Em hipótese alguma permite-se o constrangimento do Poder Legislativo, sob pena de crime de responsabilidade (CF, art. 85, II). ■ Atividade parlamentar: O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas (CF, art. 136, § 6º). Em hipótese alguma permite-se o constrangimento do Poder Legislativo, sob pena de crime de responsabilidade (CF, art. 85, II). ■ Responsabilidade: Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes (CF, art. 141, caput). ■ Prestação de contas: Cessada a situação excepcional, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos, e indicação das restrições aplicadas (CF, art. 141, parágrafo único). ■ Desrespeito dos requisitos e pressupostos constitucionais por parte do Presidente da República: Crime de responsabilidade (CF, art. 85), sem prejuízo das responsabilidades civis e penais. ESTADO DE SÍTIO PREVENTIVO ■ Previsão legal: Art. 137, I ■ Hipóteses: 1. Comoção nacional 2. Ineficácia do Estado de Defesa ■ Atribuição para a decretação: Presidente da República (art. 84, IX, da CF) ■ Procedimento: Presidente verifica a hipótese legal, solicita pareceres dos Conselhos da República (CF, art. 89) e de Defesa Nacional (CF, art. 91). Com os pareceres, solicita ao Congresso Nacional autorização para decretação do Estado de Sítio, expondo os motivos determinantes do pedido. O Congresso Nacional somente poderá autorizar por maioria absoluta da Câmara dos Deputados e do Senado 22 Federal. Com a autorização, o Presidente poderá decretar o Estado de Sítio. ■ Prazo: Máximo de 30 dias, prorrogado por mais 30 dias, de cada vez. ■ Áreas abrangidas: Âmbito nacional. Após o Decreto, o Presidente especificará as medidas específicas e as áreas abrangidas (CF, art. 138, caput). ■ Restrições a direitos e garantias individuais: Poderão ser restringidas (CF, 139) as previsões do art. 5º, XI (inviolabilidade domiciliar), XII (sigilo de correspondência e de comunicações telegráficas e telefônicas), XVI (direito de reunião), XXV (direito de propriedade), LXI (exigibilidade de prisão somente em flagrante delito ou por ordem da autoridade judicial competente) e também o art. 220 (liberdade de manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação). ■ Controle político sobre a decretação: O Controle Congressual é prévio, uma vez que há necessidade de autorização para que o Presidente o decrete. ■ Fiscalização Política sobre as medidas: A mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio. ■ Atividade parlamentar: o Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas. Além disso, no Estado de Sítio não se incluirá a possibilidade de restrição à liberdade de informação, a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. ■ Responsabilidade: Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes (CF, art. 141, caput). ■ Prestação de contas: Cessada a situação excepcional, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências 23 adotadas, com relação nominal dos atingidos, e indicação das restrições aplicadas (CF, art. 141, parágrafo único). ■ Desrespeito dos requisitos e pressupostos constitucionais por parte do Presidente da República: Crime de responsabilidade (CF, art. 85), sem prejuízo das responsabilidades civis e penais. ESTADO DE SÍTIO REPRESSIVO ■ Previsão legal: Art. 137, II ■ Hipóteses: 1. Declaração de guerra 2. Resposta à agressão armada estrangeira ■ Atribuição para a decretação: Presidente da República (art. 84, IX, da CF) ■ Procedimento: Presidente verifica a hipótese legal, solicita pareceres dos Conselhos da República (CF, art. 89) e de Defesa Nacional (CF, art. 91). Com os pareceres, solicita ao Congresso Nacional autorização para decretação do Estado de Sítio, expondo os motivos determinantes do pedido. O Congresso Nacional somente poderá autorizar por maioria absoluta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Com a autorização, o Presidente poderá decretar o Estado de Sítio. ■ Prazo: O tempo necessário da guerra ou para repelir a agressão armada estrangeira. ■ Áreas abrangidas: Âmbito nacional. Após o Decreto, o Presidente especificará as medidas específicas e as áreas abrangidas (CF, art. 138, caput). ■ Restrições a direitos e garantias individuais: Poderão ser restringidas, em tese, todas as garantias constitucionais, desde que presentes três requisitos constitucionais: 1. Necessidade de efetivação da medida. 2. Tenham sido objeto de deliberação por parte do Congresso Nacional no momento de autorização da medida. 3. Devem estar expressamente previstos no Decreto presidencial. (CF, art. 138, caput, c.c. 139, caput). ■ Controle político sobre a decretação: O Controle Congressual é prévio, uma vez que há necessidade de autorização para que o Presidente o decrete ■ Fiscalização Política sobre as medidas: A mesa do 24 Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio. ■ Atividade parlamentar: o Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas. Além disso, no Estado de Sítio não se incluirá a possibilidade de restrição à liberdade de informação, a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. ■ Responsabilidade: Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes (CF, art. 141, caput). ■ Prestação de contas: Cessada a situação excepcional, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos, e indicação das restrições aplicadas (CF, art. 141, parágrafo único). ■ Desrespeito dos requisitos e pressupostos constitucionais por parte do Presidente da República: Crime de responsabilidade (CF, art. 85), sem prejuízo das responsabilidades civis e penais. * Tabela elaborada por Alexandre de Moraes40 4. FORÇAS ARMADAS 4.1. INTRODUÇÃO “A Marinha, o Exército e a Aeronáutica constituem as Forças Armadas, sendo consideradas instituições nacionais permanentes e regulares, destinadas à defesa da Pátria,15 à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. ” Conforme estabelece o caput do art.41 142 da Constituição da República: Art. 142. As Forças Armadas, constituídaspela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por 41 Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022. 40Moraes, Alexandre D. Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (38th edição). Grupo GEN, 2022. 25 iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Qualquer dos Poderes da República, sob a autoridade suprema do Presidente da República, pode invocar as Forças Armadas para manutenção da lei e da ordem. Embora os Comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica não sejam Ministros de Estado nos termos estritos, possuem foro por prerrogativa de função: a) nos crimes de responsabilidade e comuns, são julgados pelo STF (art. 102, I, c); b) já nos crimes de responsabilidade conexos com o Presidente da República, o julgamento é perante o Senado Federal (art. 52, I). O serviço militar é obrigatório nos termos da lei, salvo às mulheres e aos eclesiásticos em tempos de paz, podendo se sujeitar a outros encargos que a lei lhes atribuir (art. 143). O STF firmou entendimento de que o serviço militar obrigatório pode ser remunerado em valor inferior ao salário-mínimo; segundo a Corte, os conscritos não se aperfeiçoam em sua definição ao contido no art. 7º, IV, da CF/1988, por essa razão, podem receber aquém do mínimo legal. Eis o enunciado da Súmula Vinculante nº 6 do STF: “Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial ”.42 4.2. HABEAS CORPUS EM FACE DAS PUNIÇÕES DISCIPLINARES O art. 142, § 2º da Constituição, apresenta a 42 Carnaúba, Aline Soares L. Direito Constitucional. (Coleção Método Essencial). Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo GEN, 2022. p. 295. seguinte redação: “Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”. Contudo, essa regra deve ser analisada com cautela, conforme dispõe Sylvio Motta :43 “O art. 142, § 2o, impede o habeas corpus em relação a punições disciplinares militares, mas esta regra deve ser vista com cautela. Se a punição tiver sido determinada por militar sem atribuição para tanto, se estiver com o prazo expirado etc., há quem entenda (e nós estamos entre estes) que é possível o remédio heróico do habeas corpus. Tanto quanto possível, deve o Judiciário evitar interferir na disciplina militar, pois ela tem natureza própria e peculiar. O preparo para a guerra tem certas características que são, e parece que é difícil evitar isto, incompatíveis com os princípios processuais aos quais já estamos acostumados. Se impusermos aos membros das Forças Armadas, no aspecto disciplinar, as mesmas garantias processuais que conhecemos, é bem possível que o adestramento militar seja prejudicado. Assim, embora lá também se repudie a injustiça, os mecanismos de sua repressão são distintos. O problema aqui não é das instituições militares, mas da existência de guerras, situação excepcional que demanda especiais providências. Estas distinções são as que permitem limitações ao writ, mas não são as únicas. Basta lembrar que a guerra permite, em nosso país, a pena de morte.” A CF/1988, excetuando a regra da universalidade do habeas corpus em qualquer caso em que a liberdade de locomoção esteja ameaçada, determina que não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares, em seu § 2º do art. 142. O STF, interpretando a regra, por sua vez, afirmou que essa impossibilidade se restringe ao mérito da medida, 43 MOTA, Sílvio. Direito Constitucional . Disponível em: Minha Biblioteca, (29ª edição). Grupo GEN, 2021. 26 não acerca de sua legalidade; nesse caso, pode ser impetrado para que se verifique a legalidade da medida aplicada, como competência da autoridade que aplicou (RHC nº 88.543). ”44 🚨 JÁ CAIU Esse termo foi cobrado na prova para o cargo de Delegado de Polícia da PC-AL (2023, CESPE/CEBRASPE). Na oportunidade, a banca considerou correta a seguinte assertiva em relação às forças armadas e ao meio ambiente: “A Constituição Federal de 1988 define como poderes apenas o Legislativo, o Executivo e o Judiciário e, ao tratar das forças armadas, atribui-lhes funções essencialmente militares e de segurança do país, de modo que, segundo a interpretação predominante do papel delas, não lhes cabe exercer nenhum poder moderador de possíveis conflitos entre os três poderes”. 4.3. MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS Conforme a redação do §3º do art. 142 da CF, os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: ● as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas com plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; ● o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente será transferido para a reserva, nos termos da 44 Carnaúba, Aline Soares L. Direito Constitucional. (Coleção Método Essencial). Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo GEN, 2022. p. 295. lei; ● o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei; ● ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; ● o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; ● o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; ● o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença judicial transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior; ● aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV; ● aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo ente estatal;10 ● a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras 27 situações especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra. 5. SEGURANÇA PÚBLICA 5.1. INTRODUÇÃO “O termo “segurança” significa garantia, proteção e estabilidade. Diversas formas de segurança nos são apresentadas pelo Direito, como a segurança jurídica, a segurança social (seguridade social) e a segurança pública. Assim, a segurança pública constitui um mecanismo de tutela institucional que busca preservar ou restabelecer a ordem pública e a paz social ”.45 O poder público no exercício de suas atribuições constitucionais e legais precisa ser eficiente. “No exercício da atividade de segurança pública do Estado, a eficiência exigida baseia-se na própria Constituição Federal, que consagrou a segurança pública como dever do Estado, direitoe responsabilidade de todos, e determinou que seja exercida com a finalidade de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio de seus dois grandes ramos, a polícia judiciária e polícia administrativa ”.46 “A ruptura da segurança pública é tão grave que a Constituição Federal permite a decretação do Estado de Defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e 46Moraes, Alexandre D. Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (38th edição). Grupo GEN, 2022. p. 919. 45Padilha, Rodrigo. Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (6th edição). Grupo GEN, 2019. iminente instabilidade institucional; inclusive, com a restrição de diversos direitos fundamentais, conforme previsto no artigo 136 do texto constitucional. Caso o próprio Estado de defesa se mostre ineficaz, haverá, inclusive, a possibilidade de decretação do Estado de Sítio, nos termos do inciso I do artigo 137 da Carta Magna. ”47 🚨 JÁ CAIU Esse termo foi cobrado na prova para o cargo de Defensor Público da DPE-RR (2021, FCC). Na oportunidade, a banca considerou correta a assertiva que indicou que a ruptura da segurança pública, conforme previsão constitucional, "autoriza a decretação do Estado de Defesa.” 5.2. ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA A Constituição Federal no art. 144, com auxílio dos seus parágrafos, apresenta os órgãos da segurança pública: ● Polícia Federal: instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III – exercer as funções de polícia marítima, 47Moraes, Alexandre D. Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (38th edição). Grupo GEN, 2022. p. 919. 28 aeroportuária e de fronteiras; IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. ⚠ ATENÇÃO Uma vez que não é da competência da Justiça Federal julgar crimes praticados em detrimento de bens, serviços e interesses de sociedade de economia mista da qual a União participe, também não compete à Polícia Federal investigá-los. Compete à Polícia Civil!48 ● Polícia Rodoviária Federal: órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. ● Polícia Ferroviária Federal: órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. ● Polícia Civil: dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. ● Polícia Militar: cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. ● Polícia Penal: vinculadas ao órgão 48 Carnaúba, Aline Soares L. Direito Constitucional. (Coleção Método Essencial). Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo GEN, 2022. p. 298. administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais. 🚨 JÁ CAIU Esse tema foi cobrado na prova para o cargo de Delegado de Polícia da PC-MS (FAPEC, 2021). Na oportunidade, a banca considerou correta a assertiva que indicou, nos exatos termos do artigo 144 da Constituição Federal, que “às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais”. O termo também foi cobrado na prova para o cargo de Defensor Público da DPE-SC (FCC, 2021). Nessa prova, a banca considerou correta a assertiva que indicava que às polícias penais compete a “segurança dos estabelecimentos penais”. Na prova para o cargo de Promotor de Justiça do MPE-MS (INSTITUTO AOCP, 2022), foi apresentado o seguinte enunciado: “É lição básica das Ciências Criminais que, com a ocorrência de uma infração penal, materializa-se o poder-dever de punir do Estado, cabendo a ele iniciar a persecutio criminis para aplicar a lei penal ao caso concreto. Com efeito, a investigação preliminar é o ponto de partida para uma persecução penal bem-sucedida, que atenda ao interesse da sociedade de elucidar crimes, sem abrir mão do respeito aos direitos mais comezinhos dos investigados. Daí a importância da Polícia Judiciária, dirigida por Delegado de Polícia de carreira (art. 144 da Constituição Federal), a quem incumbe a condução da investigação criminal por meio dos diversos procedimentos policiais, nos termos da legislação correlata. Tendo em vista esses preceitos, analisados sob o enfoque constitucional conferido à Polícia Judiciária, tido como 29 órgão estatal destinado à Segurança Pública, assinale a alternativa correta.”. Tendo sido considerada correta a seguinte assertiva; “Incumbe à Polícia Civil dos Estados-membros e do Distrito Federal, ressalvada a competência da União Federal e excetuada a apuração dos crimes militares, a função de proceder à investigação dos ilícitos penais (crimes e contravenções), sem prejuízo do poder investigatório de que dispõe, como atividade subsidiária, o Ministério Público, observando o permanente controle jurisdicional dos atos documentados”. ⚠ ATENÇÃO O STF entende que essa lista de agentes responsáveis pela segurança pública é taxativa, não podendo os outros entes federativos criar outras carreiras ou órgãos incumbidos da tarefa (ADI nº 1.182 e, recentemente, ADI nº 3.996 ).49 “A atividade policial divide-se, então, em duas grandes áreas: administrativa (no sentido estrito indicado) e judiciária. A polícia administrativa (polícia preventiva, ou ostensiva) atua preventivamente, evitando que o crime aconteça. Já a polícia judiciária (polícia de investigação) atua repressivamente, depois de ocorrido o ilícito penal, exercendo atividades de apuração das infrações penais cometidas, bem como a indicação da autoria. Não lhe cabe a promoção da ação penal, atribuição essa privativa do Ministério Público nas ações penais públicas, na forma da lei (art. 129, I, CF/88). ”50 ⚠ ATENÇÃO Não é possível que os Estados-membros criem órgão de segurança pública diverso 50 Lenza, Pedro. Esquematizado - Direito Constitucional. Disponível em: Minha Biblioteca, (26th edição). Editora Saraiva, 2022. 49 Carnaúba, Aline Soares L. Direito Constitucional. (Coleção Método Essencial). Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo GEN, 2022. p. 296. daqueles que estão previstos no art. 144 da CF/88. Os Estados-membros e o Distrito Federal devem seguir o modelo federal. O art. 144 da Constituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da segurança pública, sendo esse rol taxativo. Assim, a Constituição Estadual não pode prever a criação de Polícia Científica como órgão integrante da segurança pública. Vale ressaltar que nada impede que a Polícia Científica, criada pelo Estado-membro para ser o órgão responsável pelas perícias, continue a existir e a desempenhar suas funções, sem estar, necessariamente, vinculada à Polícia Civil. No entanto, deve-se afastar qualquer interpretação que lhe outorgue caráter de órgão de segurança pública. STF. Plenário. ADI 2575/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/6/2020 (Info 983) .51 🚨 JÁ CAIU Esse