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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DAIANNY ZORDAN DOS SANTOS FINANCIAMENTO DE PROJETOS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA: uma comparação entre empresa incubada e não incubada CARIACICA 2016 DAIANNY ZORDAN DOS SANTOS FINANCIAMENTO DE PROJETOS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA: uma comparação entre empresa incubada e não incubada Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado à coordenadoria do curso de Engenharia de Produção do Instituto Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção do título de Graduação em Engenharia de Produção. Orientadora: Profª. Ms. Érika de Andrade Silva Leal CARIACICA 2016 S194f Santos, Daianny Zordan dos Santos Financiamento de projetos de inovação tecnológica: uma comparação entre empresa incubada e não incubada / Daianny Zordan dos Santos - 2016. 75 f. il.; 30 cm Orientador: Érika de Andrade Silva Leal Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo, Curso Superior em Engenharia de Produção, 2016. 1. Inovação – Financiamento 2. TecVitória – Empresa I. Leal, Érika de Andrade Silva II. Instituto Federal do Espírito Santo III. Título CDD: 658 DAIANNY ZORDAN DOS SANTOS FINANCIAMENTO DE PROJETOS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA: uma comparação entre empresa incubada e não incubada Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado à coordenadoria do curso de Engenharia de Produção do Instituto Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção do título de Graduação em Engenharia de Produção. Orientador: Profª. Ms. Érika de Andrade Silva Leal Aprovado em: ____ / ____ /_____. COMISSÃO EXAMINADORA __________________________________________ Bianca Passos Arpini – IFES __________________________________________ Frederico Pifano de Rezende – IFES __________________________________________ Profª. Ms. Érika de Andrade Silva Leal – IFES (orientadora) D Declaro para os fins de pesquisa acadêmica, didática e técnico-científica, que este Trabalho de Conclusão de Curso pode ser parcialmente utilizado, desde que se faça referência à fonte do autor. RESUMO Considerando a importância da inovação para a competitividade empresarial e o financiamento de projetos como elementos fundamentais desse processo, o presente trabalho teve por objetivo analisar o financiamento de projetos de inovação tecnológica em ambiente incubado e não incubado. Para alcançar os objetivos, utilizou-se o método de estudo multicaso para análise de duas empresas que investem em inovação tecnológica, diferenciadas na forma de construção do negócio, em que uma passou pelo processo de incubação e alcançou a graduação, denominada “Empresa B” e a outra se desenvolveu de maneira autônoma, não passando pela incubação, chamada de “Empresa P”. Além disso, foi avaliado o papel desempenhado pela incubadora TecVitória na captação de recursos para o financiamento de projetos de empresas incubadas e graduadas. A análise dos casos permitiu concluir que, embora a TecVitória tenha uma expressiva contribuição para a inovação no cenário capixaba, apresenta fragilidades em seu processo de gestão, pois dados básicos das empresas incubadas e graduadas não são acompanhados. Verificou-se também, após a comparação entre as duas empresas, que as fontes financiamento público são normalmente utilizadas pela “Empresa B”, enquanto a “Empresa P” utiliza fontes como investidor anjo e crowdfunding. As principais barreiras ao financiamento público percebidas por ambas as empresas foram a burocracia, altas exigências das agências de fomento e garantias reais por parte dos bancos de desenvolvimento público, além da falta de informações concisas acerca das modalidades de financiamento disponíveis. Palavras-chave: Inovação. Financiamento de projetos tecnológicos. TecVitória. Empresa B. Empresa P. ABSTRACT Considering the importance of innovation for business competitiveness and the financing of projects as fundamental elements of this process, the objective of this work was to analyze the financing of technological innovation projects in incubated and non-incubated environment. To reach the objectives, the multiple case study method was used to analyze two companies that invest in technological innovation, differentiated in the form of construction of the business, where one went through the incubation process and reached the graduation, denominated "Company B" and the other developed autonomously, not through incubation, called "Company P". In addition, the role played by the TecVitória incubator in raising funds for the financing of incubated and graduated projects was evaluated. The analysis of the cases allowed to conclude that, although TecVitória has a significant contribution to innovation in the Capixaba scenario, it presents weaknesses in its management process, since basic data of incubated and graduated companies are not followed up. It was also found, after the comparison between the two companies, that public funding sources are normally used by “Company B”, while “Company P” uses sources such as angel investor and crowdfunding. The main barriers to public funding perceived by both companies were the bureaucracy, high requirements of development agencies and real guarantees from the public development banks, as well as the lack of concise information on the available financing modalities. Keywords: Innovation. Financing of technological projects. TecVitória. Company B. Company P. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8 2 JUSTIFICATIVA............................................................................................................ 11 3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 12 3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 12 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 12 4 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 13 4.1 ASPECTOS GERAIS DA INOVAÇÃO ........................................................................ 13 4.2 FINANCIAMENTO À INOVAÇÃO ............................................................................. 15 4.3 INDICADORES DE INOVAÇÃO ................................................................................. 18 5. AMBIENTES DE INOVAÇÃO ..................................................................................... 21 5.1 EMPRESAS INCUBADAS E EMPRESAS GRADUADAS .......................................... 22 6 METODOLOGIA ........................................................................................................... 29 7 ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS ............................................................................. 33 7.1 A TECVITÓRIA ............................................................................................................ 33 7.1.1 Caracterização das empresas graduadas.................................................................. 36 7.1.2 Análise do caso e discussões ...................................................................................... 42 7.2 O CASO DA “EMPRESA B” ........................................................................................ 44 7.3 O CASOdo produto da incubação, devido à expertise em determinada área, ou então, a prestação do serviço do produto da incubação propriamente dito. Tabela 02 – Faturamento das empresas graduadas e incubadas – TecVitória (2015 a 2016) Fonte: Elaboração própria (2016). O volume de recursos captados pelas empresas enquanto incubadas, bem como o número de projetos submetidos e o número de projetos aprovados, além dos valores dados em contrapartida, desde o ano de 2004 até 2015 também foram obtidos e estão apresentados na tabela 03 abaixo: Tabela 03 – Valores financiados às empresas incubadas – TecVitória (2004 a 2015) Ano Nº de projetos submetidos Nº de projetos aprovados Volume de recursos captados Volume acumulado de recursos captados Valores dados em contrapartida Total (recursos captados + dados em contrapartida) 1995 a 2003 Não informado Não informado Não informado Não informado Não informado Não informado 2004 09 04 R$ 205.460,48 R$ 205.460,48 R$ 56.994,04 R$ 262.454,52 2005 10 03 R$ 80.750,00 R$ 286.210,48 R$ 54.750,00 R$ 135.500,00 2006 30 17 R$ 1.589.634,50 R$ 1.875.844,98 R$ 453.476,00 R$ 2.043.110,50 Ano Valores 1995 a 2014 Não informado 2015 R$ 2.029.898,00 2016 (até Outubro/2016) R$ 936.850,00 42 Ano Nº de projetos submetidos Nº de projetos aprovados Volume de recursos captados Volume acumulado de recursos captados Valores dados em contrapartida Total (recursos captados + dados em contrapartida) 2007 25 11 R$ 663.059,29 R$ 2.538.904,27 R$ 214.284,07 R$ 877.343,36. 2008 35 16 R$ 2.030.394,36 R$ 4.569.298,63 R$ 568.208,00 R$ 2.598.602,36 2009 43 30 R$ 3.693.863,06 R$ 8.263.161,69 R$ 818.640,50 R$ 4.512.503,56 2010 20 07 R$ 2.300.000,00 R$ 10.563.161,69 R$ 4250000,00 R$ 2.725.000,00 2011 01 01 R$ 292.146,00 R$ 10.855.307,69 R$ 20.574,00 R$ 312.720,00 2012 22 12 R$ 11.504.461,68 R$ 22.359.769,37 R$ 4.973.526,00 R$ 16.477.987,68 2013 22 08 R$ 1.802.512,97 R$ 24.162.282,34 R$ 837.834,00 R$ 2.640.346,97 2014 26 20 R$ 6.282.787,00 R$ 30.445.069,34 R$ 665.595,00 R$ 8.522.055,00 2015 01 01 R$ 64.030,00 R$ 30.509.099,34 R$ 16.290,00 R$ 1.054.308,00 Fonte: Elaboração própria (2016). 7.1.2 Análise do caso e discussões Obtidas as informações apresentadas, ainda restaram as seguintes perguntas: Quais os principais resultados e obstáculos para execução de projetos de inovação da TecVitória? Os principais resultados observados com a pesquisa sobre a TecVitória foram: (1) desde o início dos seus trabalhos, no ano de 1995, em 21 anos, a incubadora graduou 22 empresas. Atualmente existem 10 que se encontram em fase de incubação, de acordo com as informações disponibilizadas no site, em consulta realizada no dia 29/11/2016; (2) no período de 2004 a 2015, um total de 244 projetos foram submetidos a diversas instituições de fomento, sendo 130 aprovados; (3) no período de 2004 a 2015, um total de R$ 30.509.099,34 foram captados em parcerias com instituições para financiar os projetos de inovação. Dados anteriores não foram disponibilizados; (4) nos anos de 2015 e 2016 (até a data da visita à TecVitória) foram faturados um total de R$ 2.966.748,00 em serviços prestados pelas empresas incubadas e graduadas; (5) ausência de dados concisos e organizados sobre recursos captados, faturamentos, portfólio de projetos, indicadores de inovação e gestão, além dos resultados apresentados pelas empresas incubadas e graduadas; (6) dificuldade de manter relacionamento com as empresas graduadas (principalmente por falta de interesse dos empresários graduados); e (7) fragilidade no sistema de gestão da TecVitória verificado pela 43 falta de informações sobre os resultados das empresas incubadas e graduadas, portfólio de projetos, patentes depositadas e desempenho. A fragilidade apresentada pela TecVitória em relação à gestão dos resultados das empresas incubadas e graduadas é um ponto importante que precisa ser considerado. O estudo apresentado no CAPÍTULO 5.1 (EMPRESAS INCUBADAS E EMPRESAS GRADUADAS) apresentou que os melhores programas de incubação coletam os dados das empresas incubadas e graduadas por longos períodos de tempo e repetidas vezes. Desta forma, torna-se importante adotar novas práticas e inclusão de procedimentos de coleta, controle e analise de dados dessas empresas. Verificou-se também que a TecVitória não utiliza sua rede de contatos para auxiliar às empresas incubadas e graduadas a levantarem recursos com formas de financiamento como investidor anjo e crowdfuding. Além disso, o governo não tem desempenhado o papel regulamentador descrito no modelo da Tríplice Hélice. Os principais obstáculos e barreiras para execução de projetos de inovação identificados foram: (1) receio das empresas em apresentar as ideias que desejam desenvolver; (2) elevado sigilo de informações por parte dos empreendedores; e (3) baixa captação de recursos e redução do número de projetos aprovados para incubação nos últimos anos. De acordo com Leal, Echeveste e Guimarães (2016), dados analisados de 2000 a 2010 mostraram que o Espírito Santo organizou o seu sistema de inovação em relação aos demais Estados brasileiros, o que permitiu a sua inserção em concorrência por recursos para a execução de programas e ações voltadas para P&D. Contudo, devido ao montante de recursos destinados aos projetos de P&D e o número de projetos executados evidenciou que o estado capixaba não teve o mesmo ritmo que os outros Estados brasileiros, que nesta fase, aumentaram as atividades locais de P&D. Considerando esta informação, cabe destacar aqui a entrevista concedida por Milet (2015) em que destacou que o apoio à inovação no Espírito Santo “[...] durante muitos anos teve o envolvimento quase isolado e heroico da TecVitória [...]”. Porém, de acordo com este, existem poucas ações do governo para estimular os ecossistemas de inovação no Estado 44 capixaba, pois, embora a TecVitória tenha seus resultados conhecidos pela comunidade envolvida nestes ecossistemas, vem passando por dificuldades em se sustentar. Buscando comparar as ações realizadas pela TecVitória para auxiliar às MPEs capixabas adquirirem o financiamento de seus projetos inovação, escolheu-se estudar duas empresas: “Empresa B” e “Empresa P”. 7.2 O CASO DA “EMPRESA B” A “Empresa B” é uma empresa que passou pelo processo de incubação e no ano de 2016 alcançou a graduação pela TecVitória. Sua área de atuação está voltada para desenvolvimento de projetos eletrônicos, sistemas embarcados, telemetria, engenharia de hardware e automação, com foco no desenvolvimento eletrônico microcontrolado. Possui também know- how para oferecer soluções únicas e específicas no desenvolvimento de projetos eletrônicos. Desta forma, a empresa trabalha com soluções em projetos eletrônicos particulares. A realização da pesquisa de campo se deu com a utilização de um questionário estruturado e dividido em quatro blocos, permitindo que fossem obtidos os seguintes dados: (1) BLOCO I - Perfil do entrevistado; (2) BLOCO II - Histórico da empresa; (3) BLOCO III - Fontes de financiamento; e (4) BLOCO IV – Indicadores de inovação. Os resultados obtidos no Bloco I estão descritos no quadro 05. Quadro 05 – Perfil do entrevistado “Empresa B” Perguntas feitas aos entrevistados Respostas obtidas Identificação da empresa Identificação da empresa “Empresa B” Ano de fundação da empresa 2012 Ano de graduação da empresa 2016 Município de localização da empresa Vitória Segmento de atividade Soluções particulares de projetos eletrônicos 45 Perguntas feitas aos entrevistados Respostas obtidas Número de pessoal ocupado 06 O principal mercado da empresa Estadual Perfil do sócio fundador da empresa Idade quando criou a empresa 27 anos Pais empresários Não Sexo MasculinoEscolaridade quando criou a empresa Ensino Superior Incompleto Principal atividade exercida antes de criar a empresa Estudante universitário Fonte: Elaboração própria (2016). Em relação ao segundo bloco de perguntas, a fundação da empresa se deu por quatro colegas de universidade que cursaram engenharia elétrica na UFES. Após alguns estudantes concluírem a da graduação, decidiram ter o próprio negócio. Em seguida um membro familiar se juntou ao grupo e, meses depois, o quarto universitário integrou a equipe da “Empresa B”. A criação da empresa, que tem o município de Vitória como o mercado de origem, foi motivada principalmente pela falta de clareza das oportunidades de emprego, percebida pelos recém-formados. Questionado sobre a forma como os sócios conheceram a incubadora, o entrevistado informou que ocorreu durante uma aula na universidade. O projeto apresentado foi a criação de um relógio de ponto móvel, específico para caminhoneiros e motoristas que não estão vinculados diariamente a um escritório. O projeto foi aceito e então iniciaram a incubação. Contudo, surgiu uma demanda externa e o projeto inicial teve seu tempo limite atingido. Então, o produto desenvolvido para a demanda em particular tornou-se o produto que os levou à graduação. Sobre o terceiro bloco de perguntas, que trata das fontes de financiamento, na fase de criação da empresa foram investidos recursos financeiros próprios (provenientes do faturamento da empresa), porém não altamente significativos. Os recursos eram utilizados para pagar as despesas relacionadas ao ambiente de incubação, como luz, telefone, água, internet, entre outros. Vale ressaltar que estes valores são divididos entre as empresas incubadas. 46 As fontes de financiamento a inovação identificadas foram recursos próprios e de terceiros. Parte é proveniente de investimentos realizados com o faturamento das empresas. O recurso de terceiros provém de clientes interessados em soluções próprias e financiamento público. O financiamento público utilizado se deu por meio da FAPES, onde o projeto financiado foi no valor R$ 360.000,000, havendo um desembolso de R$ 150.000,00 no ano de 2015. Os principais obstáculos para o financiamento público à inovação observados pelo empresário são: (1) excessiva burocracia para captação de recursos; (2) falta de integração entre o sistema de inovação (FAPES, SEBRAE, BANDES, SESI, entre outros); (3) baixa disponibilidade de capital para financiamento por parte das agências financiadoras; e (4) ausência de divulgação de informações claras e concisas sobre o sistema de financiamento público e órgãos disponíveis. Por último, as questões abordadas no bloco IV levaram à aplicação dos indicadores tradicionais de inovação, conforme mostra o quadro 06. Quadro 06 – Indicadores de inovação aplicados à “Empresa B” Principais indicadores da “Empresa B” (2016) Números Percentual anual do faturamento investido em inovação Não informado Número de funcionários alocados em atividades com P&D 06 Número de clientes 08 Número de produtos ou serviços ofertados 08 Número de patentes depositadas 02 (desenho industrial) Gastos com treinamentos ligados as atividades de P&D Não informado Fonte: Elaboração própria (2016). Quanto aos indicadores de inovação, a empresa não informou o percentual do faturamento investido em inovação, porém foi informado um faturamento bruto total de R$ 283.383,32 47 incluindo a utilização de recursos públicos da FAPES, além de capital de clientes demandantes para execução de projetos. Apresentam depósito de duas patentes de desenho industrial, onde a empresa graduada apresenta mais maturidade, com duas patentes (desenho industrial) já depositadas, enquanto a outra está em fase de tramitação do depósito. Em relação ao número de clientes, foram identificados 08, um número relativamente positivo, considerando que são realizados produtos / serviços por projeto. Os gastos com treinamentos são considerados pelos empresários como extremamente baixos devido ao nível de conhecimento que possuem nas atividades desenvolvidas. Eventualmente podem surgir demandas por cursos, mas além de serem de baixo custo, a frequência é pequena, não sendo precisamente mensurado pelo sócio entrevistado. Por fim, questionado sobre a contribuição da TecVitória, o entrevistado informou que muitos empresários de pequeno e médio porte procuram diretamente a incubadora para contratação de serviços das empresas incubadas e também daquelas já graduadas, facilitando a criação da cartela de clientes ou demanda por produtos. Ou seja, a TecVitória auxilia na indicação de acordo com o serviço procurado pelo cliente. Desta forma, uma das grandes vantagens deste modelo de negócio é o fato dos próprios clientes procurarem as empresas, conforme mostra a figura 07. A desvantagem percebida pelo entrevistado é que na maioria das vezes as empresas incubadas são dependentes de verba pública e estão submetidos às burocracias do governo. Figura 07 – Modelo de prospecção de clientes na “Empresa B” Fonte: Elaboração própria (2016). 48 7.3 O CASO DA “EMPRESA P” A “Empresa P” é uma empresa do segmento de tecnologia logística, constituída de forma autônoma, sem financiamento de governo e sem qualquer participação de incubadoras ou instituições de pesquisa. Sua área de atuação está voltada para um serviço de integração ciclologística urbana, especializada em entregas por meio de bicicletas. Seguindo a estrutura do questionário apresentada na seção 7.2, o perfil do empresário sócio- fundador da empresa segue descrito no quadro 07. Quadro 07 - Perfil do entrevistado “Empresa B” Perguntas feitas aos entrevistados Respostas obtidas Identificação da empresa Nome da empresa “Empresa P” Ano de fundação da empresa 2014 Ano de graduação da empresa Não se aplica Município de localização da empresa Vitória Segmento de atividade Integração ciclologística urbana Número de pessoal ocupado 26 O principal mercado da empresa Estadual Perfil do sócio fundador da empresa Idade quando criou a empresa 27 anos Seus pais eram empresários Sim Sexo Masculino Escolaridade quando criou a empresa Ensino Superior Incompleto Principal atividade exercida antes de criar a empresa Estudante universitário Fonte: Elaboração própria. Criada no ano de 2014, a “Empresa P” foi criada por um cicloativista e sócio-empresário. Após um período de tempo morando no Canadá, passou a conhecer a bicicleta como meio de transporte alternativo. De volta ao Brasil, descobriu uma grande admiração e interesse por 49 bicicletas e, desde então, passou a realizar ações voltadas para a melhoria da infraestrutura das vias públicas para segurança dos ciclistas, por considerar um meio de transporte eficiente e de baixo custo. Então, depois de vários cálculos dos custos logísticos com as entregas finais, entrega de mercadorias pequenas, taxas de emissão de carbono e alto número de veículos nas ruas, o empresário pensou numa forma de colocar uma grande quantidade de bicicletas nas ruas, contribuindo para a redução de veículos, além de oferecer um serviço com foco na competitividade por custo. Daí nasceu a "Empresa P". Porém, antes do surgimento da atual modelo de negócio, existiu outro projeto semelhante, entretanto, não progrediu. Com base na experiência anterior, a "Empresa P", foi criada com um novo modelo de bicicleta, desenvolvida e adaptada para suportar até 150 kg, capacidade de 450 litros, e com 0,60 metros de largura. Atualmente o mercado da empresa está restrito ao município de Vitória (ES), também mercado de origem. Contudo, existem projetos de expansão para o estado de São Paulo. Em seguida, foram identificadas as fontes de financiamento da empresa, em que se verificou a ausência de recursos públicos no negócio.Questionados sobre o motivo, a sócia-proprietária relatou que a primeira tentativa de financiamento no Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (BANDES) foi fracassada, dada a falta de garantias da empresa e maturidade do negócio, comprovando o que foi mencionado no referencial. Como obtiveram maior contato com investidores particulares, o financiamento se deu por meio de investidor anjo, onde arrecadaram cerca de R$ 100.000,00, além de rodadas de crowdfunding, utilizando uma rede social para a captação. A primeira rodada desta modalidade rendeu uma quantia de aproximadamente R$ 80.000,00. No dia 17 de novembro de 2016, foi lançado um novo processo de seleção de investidores via rede social. Além disso, também utilizam recursos próprios considerando aqueles provenientes do faturamento da empresa. Como se trata de um negócio em que o produto (a bicicleta) foi desenvolvido especialmente pela “Empresa P” e fabricada no Estado de São Paulo, questionou-se por qual motivo os sócios não buscaram uma incubadora de empresas para auxiliar no processo de crescimento e apoio ao negócio. A resposta obtida foi que, embora tenham buscado informações sobre a incubação, o negócio se encontrava em uma fase mais adiantada, então, não vislumbraram vantagem em incubar. 50 Os principais obstáculos ao financiamento público observados pela empresa foram: (1) demora em obter respostas sobre o financiamento; (2) garantias exigidas por meio dos empréstimos bancários (no caso, o BNDES); (3) exigências impostas aos financiamentos; e (4) alta participação acionária de determinados tipos de investidores. Por fim, as informações levaram à aplicação dos indicadores tradicionais de inovação, conforme mostra o quadro 08. Quadro 08 – Indicadores de inovação aplicados à “Empresa P” Principais indicadores da “Empresa P” Números Percentual anual do faturamento investido em inovação 80% Número de funcionários alocados em atividades com P&D 26 Número de clientes 05 Número de produtos ou serviços ofertados 02 Número de patentes depositadas 01 (em processo) Gastos com treinamentos ligados as atividades de P&D 0 Fonte: Elaboração própria (2016). Verificou-se que a empresa tem dedicado 80% do percentual das receitas em investimento de projetos de inovação, dada a dificuldade de financiamento de recursos públicos e também na modalidade reembolsável. Foi verificado que existe o depósito de 01 patente em andamento. Em relação ao número de clientes, a “Empresa P” possui 05 de grande porte, entre eles uma empresa de transportes urgentes, cosméticos, indústria de café, marca de outlet online e outra do ramo de eletrodomésticos. Ainda, a empresa utiliza a troca de conhecimento e experiências de outros profissionais e empresários para a capacitação dos funcionários. Outro ponto observado foi a forma de prospecção de clientes. Neste caso, os empresários precisam ir até as empresas e oferecer o serviço prestado. A figura 08 ilustra este processo. 51 Figura 08 – Modelo de prospecção de clientes na “Empresa P” Fonte: Elaboração própria (2016). Os serviços ofertados são a integração ciclologística e o marketing na bicicleta. Os gastos com treinamentos até o momento são nulos, pois são construídas redes de relacionamentos com outros profissionais, onde estes se reúnem e disseminam os conhecimentos para os sócios e demais funcionários da “Empresa P”. 52 8. COMPARAÇÕES ENTRE AS EMPRESAS Este capítulo tem por objetivo apresentar as considerações feitas após a análise dos dados obtidos sobre as empresas “B” e “P”, realizando uma comparação da lógica de financiamento entre estas e o levantamento de demais aspectos considerados importantes, tais como o perfil dos empreendedores e a forma de prospecção de clientes e/ou demanda por produtos / serviços. Constatou-se que as empresas “B” e “P” apresentam diferenças na forma de financiamento de recursos e prospecção de clientes, porém algumas coincidências foram verificadas no perfil dos empreendedores, conforme detalhado no quadro 09. Quadro 09 – Comparações de resultados entre as empresas “B” e “P”. Item analisado Empresa “B” Empresa “P” BLOCO I – Perfil do entrevistado (sócio fundador da empresa) Idade quando fundou a empresa 27 27 Ano de criação da empresa 2012 2014 Pais empresários Não Sim Sexo Masculino Masculino Grau de escolaridade quando criar a empresa Ensino superior incompleto Ensino superior Incompleto Atividade principal exercida antes de criar a empresa Estudante universitário Estudante Universitário BLOCO II – Histórico da empresa Origem do mercado Vitória Vitória Motivação para criação da empresa Falta de clareza das oportunidades de mercado Desejo de colocar uma grande quantidade de bicicletas nas ruas, contribuindo para a redução de veículos, além de oferecer um 53 Item analisado Empresa “B” Empresa “P” serviço com foco na competitividade por custo. BLOCO III – Fontes de financiamento Fontes de financiamento de recursos para projetos de inovação. Capital próprio e de terceiros (clientes demandantes e FAPES). Capital próprio e de terceiros (investidor anjo e crowdfunding). Captação de clientes e produtos / serviços. Os clientes procuram a empresa para solicitar os serviços. A empresa vai até os possíveis clientes apresentar o produto / serviço. Principais obstáculos percebidos ao financiamento público em inovação Excessiva burocracia para captação de recursos; falta de integração entre o sistema de inovação (FAPES, SEBRAE, BANDES, SESI, entre outros); baixa disponibilidade de capital para financiamento por parte das agências financiadoras; e ausência de divulgação de informações claras e concisas sobre o sistema de financiamento público e órgãos disponíveis. Demora em obter respostas sobre o financiamento; garantias exigidas por meio dos empréstimos bancários (no caso, o BNDES); exigências impostas aos financiamentos; e alta participação acionária de determinados tipos de investidores. BLOCO IV - Indicadores de Inovação Percentual anual do faturamento investido em inovação Não informado 80% 54 Item analisado Empresa “B” Empresa “P” Número de funcionários alocados em atividades com P&D 06 26 Número de clientes 08 05 Número de produtos ou serviços ofertados 08 02 Número de patentes depositadas 02(desenho industrial) 01 (em processo) Gastos com treinamentos ligados as atividades de P&D Não informado 0 Fonte: Elaboração própria (2016). Nos dados observados no BLOCO I - Perfil do entrevistado, notaram-se semelhanças entre as idades (27 anos), grau de escolaridade (ensino superior incompleto), sexo (masculino) e principal atividade exercida na fase de criação do negócio (estudante universitário). Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Pesquisa (IBQP), Sebrae e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) (2015) afirmou que o envolvimento da população brasileira em empreendimentos em estágio inicial possuem homens e mulheres igualmente ativos, considerando o desenvolvimento de atividades empreendedoras, porém, pessoas na faixa etária que vai dos 25 aos 34 anos são mais ativas. Em relação ao grau de escolaridade, as pessoas que possuem o ensino médio completo são mais ativas que aquelas que possuem o nível superior completo. Embora a amostra obtida neste trabalho seja pequena para fazer conclusões a respeito do perfil dos empreendedores, existe certa coerência com a pesquisa recentemente realizada no que tange ao grau de escolaridade e idade dos empreendedores analisados, pois ambos possuem 27 anos e têm o ensino médio completo. Cabe ressaltar também que a pesquisa realizada pelos institutos acima mencionados considera empreendimentos em estágio inicial como aquelesem que “os empreendedores novos administram e são proprietários de um novo negócio que pagou salários, gerou pró-labores ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários por mais de três e menos de 42 meses”, sendo esta a classificação que mais se enquadrou nas empresas estudadas. Embora a “Empresa B” tenha sido criada em 2012, não gerou remuneração aos proprietários nos primeiros meses de existência. Desta forma, ambos os casos foram considerados empreendedores iniciais ou em estágio inicial. 55 No BLOCO II – Histórico da empresa, a semelhança existente está na localização da origem do mercado, porém as empresas diferem-se quanto às motivações para criação do negócio, sendo a “Empresa B” fundada por falta de clareza de oportunidades e a “Empresa P” fundamentalmente por desejo do sócio fundador de colocar uma grande quantidade de bicicletas nas ruas, contribuindo para a redução de veículos, além de oferecer um serviço com foco na competitividade por custo. Os dados observados no BLOCO III – Fontes de financiamento revelou que as empresas entrevistadas não utilizam o financiamento reembolsável. A “Empresa B” utiliza capital próprio e capital de terceiros, provenientes de clientes demandantes e recursos não reembolsáveis da FAPES. A “Empresa P” também utiliza capital próprio e de terceiros, porém advindos de investidor anjo e crowdfunding. A ausência de recursos não reembolsáveis foi justificada pelas exigências de garantias reais por parte dos bancos. Em relação à forma de captação de clientes, verificou-se que a “Empresa B” tem uma facilidade a mais, pois os clientes a procuram para contratação de serviços, sendo uma vantagem proporcionada pelos trabalhos desenvolvidos pela TecVitória. A “Empresa P” alegou ser devido às garantias reais exigidas e também ao nível de maturidade do negócio, comprovando a afirmativa descrita na seção 4.2 (FINANCIAMENTO À INOVAÇÃO). Reafirmando e complementando estas informações, IBQP, SEBRAE e FGV (2015) concluíram que, no que tange ao financiamento de empreendimentos, existe a necessidade de adequação das linhas de crédito às condições reais dos empreendedores, dadas às exigências de garantias reais, além do “desenvolvimento do mercado de capital de risco, incentivos fiscais para investimentos privados em novos negócios e o desenvolvimento de micro finanças, como alternativas aos canais tradicionais”. Em relação à forma de captação de clientes, verificou-se que a “Empresa B” tem uma facilidade a mais, pois os clientes a procuram para contratação de serviços, sendo uma vantagem proporcionada pelos trabalhos desenvolvidos pela TecVitória. Percebe-se que neste caso existe uma comprovação da teoria da terceira geração das incubadoras de empresas, onde existem trocas de contatos, informações e serviços, conforme descrito na seção 5.1 (EMPRESAS INCUBADAS E EMPRESAS GRADUADAS). De forma diferente, a “Empresa P” precisa ir até os clientes e apresentar o produto/ serviço. 56 Quanto aos indicadores de inovação, apresentados no BLOCO IV, verificou-se que a “Empresa P” tem dedicado grande parte do percentual das receitas em investimento de projetos de inovação, dada a dificuldade de financiamento de recursos públicos e também na modalidade reembolsável. Contudo, ambas apresentam avanços no indicador de depósito de patentes, sendo que a empresa graduada apresenta maior maturidade, com 02 patentes (desenho industrial) já depositadas, enquanto a outra está em fase de tramitação do depósito. Em relação ao número de clientes, a “Empresa B” possui 08 e a “Empresa P” possui 05 de grande porte. A primeira empresa, como desenvolve muitos projetos personalizados, possui aproximadamente 08 serviços / produtos ofertados, enquanto a outra, possui 02: a bicicleta e o marketing inserido nela. Os gastos com treinamentos são considerados pelos empresários como extremamente baixos na “Empresa B”, devido ao nível de conhecimento que possuem nas atividades desenvolvidas. Eventualmente podem surgir demandas por cursos, mas os custos são relativamente baixos e a frequência pequena, desta forma, não foram exatamente mensurados por eles. A “Empresa P” utiliza a troca de conhecimento e experiências de outros profissionais e empresários para a capacitação dos funcionários. 57 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalho foi analisar o financiamento de projetos de inovação tecnológica em ambiente incubado e não incubado. Além de avaliar o papel desempenhado pela TecVitória enquanto incubadora, foram verificadas algumas peculiaridades quanto aos perfis do empreendedores entrevistados, identificadas as fontes de financiamento utilizadas para projetos de inovação tecnológica da empresa graduada e da empresa não incubada, bem como as principais barreiras ao financiamento públicos desses projetos. Observou-se que a incubadora de empresas TecVitória apresentou grandes contribuições ao longo de 21 anos de existência. Graduou 22 empresas e possui outras 10 em fase de incubação. Além disso, captou uma quantia expressiva no total de R$ 30.509.099,34, no período compreendido entre 2004 e 2015. Contudo, apesar de ser importante para o cenário de inovação capixaba, apresenta graves fragilidades em seu sistema de gestão, como a falta de informações e dados sobre as empresas incubadas e graduadas, como por exemplo, o volume de recursos captados, número de patentes registradas, portfólio de projetos destas empresas, indicadores de desempenho, entre outros. Verificou-se também que, após a graduação das empresas, o contato é perdido (principalmente por falta de interesse dos empresários graduados) e acabam não acompanhando o desempenho apresentado. Tal ação se faz importante, pois as empresas graduadas são frutos dos trabalhos efetuados pela incubadora. Cabe ressaltar que neste quesito estão sendo empreendidos esforços para reverter a situação com a contratação de uma profissional que trabalhará diretamente com procedimentos para regularizar o acompanhamento das graduadas. Entretanto, ainda precisam ser empreendidos muitos esforços e mudanças para que a TecVitória se equipare com as melhores práticas de gestão das incubadoras de sucesso. Ainda, percebeu-se que o governo não vem executando o papel regulamentador no aproveitamento dos recursos empregados na incubadora, indo de encontro à teoria descrita pelo modelo da Tríplice Hélice. Desta forma, as agências financiadoras deveriam acompanhar de perto e exigir os resultados dos trabalhos desempenhados por ela, considerando os investimentos realizados. Ainda, observou-se também que a incubadora não utiliza a sua rede de relacionamentos para promover outras fontes de financiamento como investidor anjo e crowdfunding. 58 Sobre as empresas estudadas, foram identificadas semelhanças em algumas características dos empresários em relação a idade (27 anos), grau de escolaridade (ensino superior incompleto), sexo (masculino) e principal atividade exercida na fase de criação do negócio (estudante universitário). Sobre as fontes de financiamento, percebeu-se que as empresas entrevistadas não utilizam a modalidade de financiamento reembolsável. A “Empresa B” utiliza capital próprio e capital de terceiros, provenientes de clientes demandantes e recursos não reembolsáveis da FAPES. A “Empresa P” também utiliza capital próprio e de terceiros, porém advindos de investidor anjo e crowdfunding. A ausência de recursos não reembolsáveis foi justificada pelas exigências de garantias reais por parte dos bancos. Mudanças nas políticas de financiamento de projetos de inovação por parte dos bancos deveriam ser revistas, visando adaptação à realidade das empresas. Com isso, espera-se como consequência um maior estímulo ao empreendedorismo, geração de renda e emprego. Quanto aos indicadores de inovação, verificou-se que a “Empresa P” tem dedicado80% do percentual das receitas em investimentos de projetos de inovação, dada a dificuldade de financiamento de recursos públicos e também na modalidade reembolsável. Contudo, ambas as empresas apresentam avanços no indicador de depósito de patentes, sendo que a empresa graduada apresenta maior maturidade, com 02 patentes (desenho industrial) já depositadas, enquanto a outra está em fase de tramitação do primeiro depósito. Os gastos com treinamentos são considerados pelos empresários como extremamente baixos na “Empresa B”, devido ao nível de conhecimento que possuem nas atividades desenvolvidas. Eventualmente podem surgir demandas por cursos, mas os custos são relativamente baixos e a frequência pequena, desta forma, não foram exatamente mensurados por eles. A “Empresa P” utiliza a troca de conhecimento e experiências de outros profissionais e empresários para a capacitação dos funcionários. Acredita-se que os resultados alcançados pelas empresas, embora sejam considerados satisfatórios em relação aos indicadores de inovação e fontes de financiamento de projetos utilizados, um maior volume de projetos poderiam ser desenvolvidos e executados se os órgãos públicos e agências de fomento tivessem mais envolvimento e participação no cenário de inovação capixaba, além de controlar e fiscalizar os investimentos feitos até o momento. Observou-se também uma carência de estudos sobre financiamento de projetos de empresas graduadas e também daquelas que não passaram pelo processo de incubação, portanto, 59 embora a amostra utilizada neste trabalho tenha sido pequena e uma limitação de pesquisa, espera-se que sirva de motivação para que novos estudos sejam realizados comparando os modelos de financiamento entre as diferentes empresas, considerando uma maior amostra. 60 REFERÊNCIAS ANJOS DO BRASIL. O que é um investidor-anjo? Anjos do Brasil. [20--]. Disponível em: . 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Porto Alegre: Bookman, 2010. http://www.tecvitoria.com.br/parceiros http://www.tecvitoria.com.br/associadas http://www.tecvitoria.com.br/assets/arquivos/documentos/20140228%20-%20Estatuto%20Social.pdf http://www.tecvitoria.com.br/assets/arquivos/documentos/20140228%20-%20Estatuto%20Social.pdf 66 APÊNDICE A INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS QUESTIONÁRIO BLOCO I – Perfil do entrevistado QUESTIONÁRIO PARA AS EMPRESAS 1. Identificação da empresa Identificação da empresa: Ano de fundação: Ano de graduação: Município de localização: Segmento de atividade: Número de pessoal ocupado: Principal mercado da empresa: 2. Perfil do sócio fundador da empresa Idade quando criou a empresa: Pais empresários? ( ) Sim ( ) Não Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Grau de escolaridade quando criou a empresa: ( ) 1. Analfabeto; 2.Ensino Fundamental Incompleto; 3. Ensino Fundamental Completo; 4. Ensino Médio Incompleto; 5. Ensino Médio Completo; 6. Superior Incompleto; 7. Superior Completo; 8. Pós Graduação. Identifique a atividade principal que o sócio fundador exercia antes de criar a empresa ( ) 1. Estudante universitário; 2. Estudante de escola técnica; 3. Empregado de micro ou pequena empresa local; 4. Empregado de média ou grande empresa local; 5.Empregado de empresa de fora do arranjo; 6. Funcionário de instituição pública; 7. Empresário; 8. Outra atividade:__________________________ 67 BLOCO II – Histórico da empresa 1) História de criação da empresa. 2) Origem do mercado: nacional, municipal ou interno? 3) Motivação para criação da empresa. BLOCO III – Fontes de financiamento 1) Fontes de financiamento para criar o negócio: própria ou de terceiros? Especificar. 2) Buscou fontes de financiamento público? Especificar. 68 3) Fontes de financiamento para inovação: própria ou de terceiros? Especificar. 4) Obstáculos para o financiamento público em inovação. 5) No caso da empresa não incubada: por que não incubou? BLOCO IV – Indicadores de inovação 1) Percentual anual ou valor total faturado com investimentos em inovação. 2) Número de empregados envolvidos diretamente com inovação. 3) Número de clientes. 69 4) Número de produtos / serviços ofertados. 5) Patentes registradas? 6) Percentual gasto com treinamentos / capacitação. 70 APÊNDICE B INDICADORES DE CAPACIDADE TECNOLÓGICA FUNÇÕES TECNOLÓGICAS Não se Aplica Incipiente Presente Dominado ENGENHARIA DE SOFTWARE Ferramentas básicas e tecnologias de desenvolvimento de software Práticas de gestão Ambiente estável para o desenvolvimento de software e atividades de P&D Utilização e adaptação de tecnologias desenvolvidas por terceiros Formalização das práticas básicas de engenharia de software Processos de desenvolvimento de software estruturados e padronizados Interação com clientes e parceiros para desenvolvimento de novas tecnologias Integração das ferramentas da empresa com as utilizadas por clientes e parceiros Complementariedade das atividades de P&D para viabilizar o desenvolvimento de tecnologias inovadoras Execução de Engenharia Conceitual, Avaliação de tecnologias complexas Equipes multidisciplinares,rotativas, de alta especialização tecnológica Soluções inovadoras em engenharia de software e novas tecnologias a partir de insights próprios Desenvolvimento de software em conjunto com centros globais TOTAL: PONTUAÇÃO ENGENHARIA DE SOFTWARE: GESTÃO DE PROJETOS Práticas internas de gestão de projetos Previsibilidade de prazos, orçamentos, funcionalidade e qualidade do produto Gestão de projetos realizada formalmente, com base nas práticas dos clientes Padronização das fases básicas de um projeto (ex.: planejamento, testes e desenvolvimento) Gestão de projetos abrangendo 71 fornecedores e subcontratados Planejamento e coordenação formal de projetos simples Capacitação de gerentes de projeto Capacidade de gestão de projetos baseada na performance de projetos anteriores Capacidade de identificação dos riscos dos projetos Sistemas de controle de documentação de Projetos Gestão de projetos complexos, envolvendo áreas de especialização Tecnológica complementares Interação contínua entre gerentes de projeto da empresa e gerentes de projeto dos clientes Documentação formal das fases do projeto em base de dados Formalização da gestão de risco Avaliação de performance em projetos por meio de métricas quantitativas Gestão de projetos de classe mundial Gerência de equipes fisicamente distantes Capacidade proativa de reconhecer fraquezas TOTAL: PONTUAÇÃO ENGENHARIA DE PROJETOS: PRODUTOS E SOLUÇÕES Replicação de especificações determinadas pelos clientes Pequenas adaptações de tecnologias já existentes Atividades de reengenharia e cópia Novas aplicações para tecnologias e produtos, visando ao atendimento das necessidades pontuais da empresa-cliente Processo de identificação das necessidades da empresa-cliente Desenvolvimento de produtos e soluções para solucionar problemas específicos Análise, definição e especificação de Requisitos Tecnologias inovadoras visando ao mercado em potencial Soluções complexas a partir da integração de áreas de especialização Interação com o mercado global x Desenvolvimento de produtos e soluções 72 em tecnologias de última geração Desenvolvimento de produtos e soluções de alta complexidade, com grande capacidade de personalização e adaptação para atender a necessidades ainda não identificadas via P&D Geração de spin-offs em decorrência da elevada especialização tecnológica TOTAL: PONTUAÇÃO PRODUTOS E SOLUÇÕES FERRAMENTAS E PROCESSOS Uso de ferramentas básicas de engenharia de software Processos operacionais formalizados Presença de Técnicas de controle de Qualidade Estruturação dos processos operacionais Controle de documentos operacionais e Gerenciais Controle de instruções técnicas para Projetos Uso de canais de comunicação em redes Compartilhadas Padronização do processo de desenvolvimento de software Capacitação em metodologias de gestão de processos Práticas operacionais orientadas por pré- requisitos e Especificações Criação de novas unidades organizacionais Fortalecimento das práticas de gestão de Projetos Gestão estratégica da qualidade; obtenção de certificações internacionais (ISO, PMP- PMI, ISO 29110) Processos baseados em e controlados por web intranet Transformação (reengenharia) dos processos críticos da empresa Ferramentas avançadas de gestão de processos Normas e padrões de projetos próprios (ex: Prosces) Execução de projetos envolvendo gestão de processos globais e simultâneos Aprimoramento contínuo dos processos e sistemas operacionais, tanto a partir de avanços incrementais 73 Práticas operacionais orientadas por pré- requisitos e especificações TOTAL: PONTUAÇÃO FERRAMENTAS E PROCESSOS: QUANTIDADE ACUMULADA PONTUAÇÃO ACUMULADA ACUMULADO (4 FUNÇÕES) 74 APÊNDICE C QUESTIONÁRIO NÃO ESTRUTURADO APLICADA A TECVITÓRIA 1) Quais as principais agências financiadoras? 2) Qual o volume de recursos captados pela TecVitória? 3) Quais os principais resultados e obstáculos para execução de projetos de inovação da TecVitória?DA “EMPRESA P” ......................................................................................... 48 8. COMPARAÇÕES ENTRE AS EMPRESAS ................................................................ 52 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 57 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 60 APÊNDICE A .................................................................................................................... 66 APÊNDICE B ................................................................................................................... 700 APÊNDICE C .................................................................................................................... 74 8 1 INTRODUÇÃO Constantemente a humanidade tem buscado explorar o novo e o desconhecido. Este fato, por sua vez, tem proporcionado o progresso e o desenvolvimento econômico (MARINS, 2010), levando a sociedade ao crescente uso do conhecimento em atividades econômicas (FIALHO et al., 2006), transformando-a de industrial para sociedade do conhecimento (NONAKA e TAKEUCHI, 2008). Desta forma, em virtude do crescente desenvolvimento tecnológico, as organizações precisaram se readaptar e adotar novos modelos de produção e de gestão para atender às exigências do mercado (DORNELAS, 2008; FIALHO et al., 2006). Para Dornelas (2008), o tradicional padrão econômico tem sido substituído por um novo modo, caracterizado por maior agilidade, flexibilidade e respostas rápidas às demandas. Assim, Fialho et al. (2006) informam que as organizações foram influenciadas a adotarem novas formas de competitividade. Para que as empresas se mantenham competitivas no mercado diante do novo padrão econômico, é necessário que sejam mais ágeis, revejam seus processos, incentivem os funcionários a buscar por inovação e sejam mais criativos, de forma que os envolvidos pensem e ajam como empreendedores (DORNELAS, 2008). De maneira análoga e complementar, Fialho et al. (2006) afirmam que aspectos como flexibilidade, aprendizagem organizacional, inovação, inteligência competitiva, liderança, educação corporativa, entre outros, são fundamentais para manter a competitividade na era da economia do conhecimento. No contexto das ações para busca de vantagem competitiva, com o intuito de fornecer assistência tecnológica e apoio administrativo à criação das micro e pequenas empresas (MPEs), encontram-se as incubadoras de empresas, que visam incentivar o empreendedorismo, a cultura de inovação e a criação de novas empresas de base tecnológica. (ANPROTEC, 2012; MEDEIROS et al., 1992 apud FERREIRA et al., 2008). Segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), entende-se por incubadora o local preparado para abrigar as empresas, oferecendo suporte técnico e gerencial para que as empresas desenvolvam o próprio projeto. As empresas que residem em incubadoras são denominadas empresas incubadas. Por sua vez, as empresas incubadas, após terem passado em todas as fases da incubadora e que estão aptas para enfrentar o mercado com os próprios recursos, são denominadas empresas graduadas (ANPROTEC, 2016). 9 Comprovando os benefícios deste instrumento de apoio aos micro e pequenos empreendedores, um estudo realizado por Bezerra e Quandt (2015) revelou que as empresas de base tecnológicas (EBTs), graduadas em incubadoras a partir de processos baseados em ações de inovação e Gestão do Conhecimento (GC) foram as que apresentaram maior faturamento e maior investimento em inovação, quando comparadas às empresas que obtiveram menor faturamento e também “menores percepções de eficácia das práticas de GC”. Considerando os resultados obtidos pelos autores supracitados e o fato de que no Espírito Santo, há uma Incubadora de Empresas reconhecida no país pelos seus trabalhos no sistema de inovação capixaba, surgiu então o interesse em analisar inicialmente os resultados dos financiamentos dos projetos de inovação tecnológica executados pelas 22 empresas graduadas da Entidade Gestora TecVitória. A TecVitoria tem por objetivo atuar como órgão gestor e apoiador de projetos, focando o desenvolvimento tecnológico e econômico das entidades incubadas (TECVITÓRIA, 2014). Quando criada, no ano de 1995, possuía atividades com características multissetoriais, porém, a partir do ano de 2000, juntamente com o apoio de organizações privadas, decidiu momentaneamente focar as ações para instituições do ramo de Tecnologia da Informação. Desta forma, resultados importantes foram alcançados, como a graduação da primeira empresa no ano de 2001 (TECVITÓRIA, 2016). Como há na literatura uma constatação de que existe maior faturamento de empresas graduadas e, considerando que há uma escassez de trabalhos sobre o financiamento de projetos de inovação tecnológica, inicialmente pensou-se em analisar estas empresas. Desta forma, o objetivo inicial era avaliar o financiamento de projetos de inovação tecnológica das graduadas. Contudo, como não foram encontrados dados suficientes para a elaboração de resultados que levassem a comprovar a constatação anterior, manteve-se o objetivo de analisar o caso das empresas graduadas, porém com a seleção de um caso, ao invés de todas as 22 que passaram pela TecVitória. Além disso, inseriu-se outra empresa que não passou pelo processo de incubação,visando comparar a lógica de financiamento de projetos de inovação tecnológica entre elas. Embora a inovação seja fundamental para a adaptação das organizações ao novo modelo econômico, existe um grande desafio neste processo em relação a utilização de recursos, bem como o uso apropriado e eficiente do capital. Além disso, por apresentar incertezas, os países 10 em desenvolvimento “com menor capacidade de mobilização de capital, têm maiores dificuldades para promover e fomentar a inovação” (CORDER e SALLES-FILHO, 2006). Ainda de acordo com aqueles autores, os recursos para financiar pesquisa, investimento, desenvolvimento e a inovação podem vir de diversas fontes, como dos mercados de capitais, de fundos mútuos, fundos públicos, incentivos fiscais, entre outros. Porém, independente da origem dos recursos, o mecanismo de financiamento é diferente dos sistemas convencionais, em parte, devido ao tempo de retorno e riscos associados. Assim, o problema deste trabalho é analisar como ocorrem os financiamentos de projetos de inovação tecnológica e comparar essa lógica entre duas empresas, onde uma passou pelo ambiente de incubação e alcançou a graduação pela TecVitória, enquanto a outra não passou pelo processo de incubação. Ainda, pretende-se usar os indicadores de inovação para verificar os impactos das inovações nas empresas. Para o alcance dos objetivos do estudo, esse trabalho está dividido em mais 06 capítulos além desta introdução. No capítulo 02 foi realizada a justificativa a respeito da escolha do tema, destacando a importância da inovação e das incubadoras de empresas para ganho de vantagens competitivas. No capítulo 03 foram definidos os objetivos deste trabalho. Em seguida, no capítulo 04 foram tratados os fundamentos teóricos a respeito dos aspectos gerais da inovação, financiamento, e indicadores. No capítulo 05 foram tratados os conceitos que abrangem o ambiente de inovação, bem como as empresas incubadas e graduadas. No capítulo 06 foram definidos os métodos empregados na pesquisa. No capítulo 07 estão descritas as informações sobre a TecVitoria e avaliado o papel desempenhado pela incubador na captação de recursos para o financiamento de projetos de empresas incubadas e graduadas. Também neste capítulo são apresentadas as pesquisas realizadas nas empresas “B” e “P”, sendo “B” a empresa que passoupelo ambiente de incubação e “P” a empresa que não passou pela incubação, bem como as comparações entre elas. No capítulo 08 são tratadas as comparações realizadas entre as empresas e, por fim, no capítulo 09 são emitidas as conclusões obtidas com a pesquisa. 11 2 JUSTIFICATIVA Atualmente, muitas empresas estão se deparando com um grande desafio, não apenas relacionado à mão de obra e aos recursos naturais como vantagem competitiva, mas sim o conhecimento (FLEURY et al., 2001). Nonaka e Takeuchi (2008) afirmam que o conhecimento é uma “fonte certa de vantagem competitiva duradoura”. Para manter essa vantagem, a inovação, além do importante papel na competitividade, também desempenha a função de promover o crescimento econômico de empresas. Entretanto, para que esses elementos se mantenham, são necessários que os processos de aprendizagem se tornem contínuos (CARRIJO, 2011). Para assegurar o ganho de vantagens competitiva, de acordo com Bezerra e Quandt (2015), as incubadoras de empresas foram criadas para dar suporte às iniciativas inovadoras das empresas, oferecendo elementos fundamentais como estrutura física, serviços de comunicação e assessoria, além de promover o compartilhamento de informações. Como mencionado no CAPÍTULO 1, o estudo realizado também por estes autores revelou que as empresas de base tecnológicas (EBTs), graduadas em incubadoras a partir de processos baseados em ações de inovação e Gestão do Conhecimento (GC) foram as que apresentaram maior faturamento e maior investimento em inovação. Desta forma, este trabalho justifica-se pelo público alvo caracterizado pelas empresas que tenham ou desejam investir em projetos de inovação tecnológica. A principal motivação parte da consideração da importância da inovação para a competitividade empresarial, que é uma das tarefas da Engenharia de Produção, abordada de forma mais específica pela Gestão da Inovação, compreendida pela Engenharia Organizacional. Além disso, visa contribuir com informações sobre o financiamento de projetos de inovação de empresas graduadas, ou seja, empresas incubadas que passaram em todas as fases da incubadora e que estão aptas para enfrentar o mercado com os próprios recursos (ANPROTEC, 2016), e daquelas que se desenvolvem de maneira independente, sem passar pelo processo de incubação. Esta também é uma das tarefas da Engenharia de Produção, tratada pela Engenharia Econômica. 12 3 OBJETIVOS O presente estudo apresenta os objetivos descritos abaixo, os quais estão divididos em objetivo geral e objetivos específicos. 3.1 OBJETIVO GERAL O objetivo geral deste trabalho é analisar o financiamento de projetos de inovação tecnológica em ambiente incubado e não incubado. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Partindo do objetivo geral, tem-se por objetivos específicos: a) analisar o ambiente de inovação da incubadora TecVitória; b) analisar o financiamento de projetos de inovação tecnológica em uma empresa graduada; c) analisar o financiamento de projetos de inovação tecnológica em uma empresa que não passou pelo processo de incubação; d) comparar o financiamento de projetos de inovação tecnológica entre as duas empresas. 13 4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 ASPECTOS GERAIS DA INOVAÇÃO Os aspectos gerais da inovação compreendem determinados conceitos fundamentais para este trabalho que estão diretamente relacionados. São eles: competitividade, inovação e fontes de recursos. A modernização da economia levou as organizações a adotarem novas formas de produção, capazes de atender às mudanças e exigências do mercado como uma forma de manter a competitividade. Para essas novas formas de produção, surge a inovação (DORNELAS, 2008). As atividades tradicionais de produção são descritas como um processo no qual a finalidade da produção é atender à satisfação de necessidades. Eventualmente podem surgir novas demandas dos clientes, entretanto a espontaneidade das necessidades é razoavelmente pequena. A inovação, embora tenha relação com a descoberta de novas necessidades, é marcada pelas iniciativas do produtor. Começa com uma mudança econômica capaz de influenciar os consumidores, que passam a ser ensinados a querer coisas novas e que, de alguma forma, se diferem das habitualmente usadas. Assim, este conceito pode ocorrer das seguintes formas: introdução de um novo produto; introdução de um novo método de produção; criação de novas formas de organização, abertura de novo mercado e obtenção de uma nova fonte de oferta de matérias-primas. Contudo, vale ressaltar que, se os projetos de invenção não forem levados à prática, tornam-se irrelevantes. Ou seja, para que haja inovação, é necessário haver a comercialização do produto ou serviço (SCHUMPETER, 1997). Druker (2008) define inovação como ”o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente”. Ou seja, em outras palavras, consiste em criar um novo produto ou um novo serviço através de oportunidades identificadas. No Manual de Oslo (OCDE, 2005) a inovação foi definida como a “[...] implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas”. 14 Ainda de acordo com Oslo, a inovação pode ser classificada em quatro áreas. São elas: marketing, produto, processo e organização. A inovação tecnológica de processo ocorre com a adoção de novos métodos de produção ou métodos que sejam significativamente melhorados. Já a inovação de produto engloba a produção de um produto tecnologicamente novo ou melhorado (OCDE, 2004). A inovação de marketing se refere a uma mudança significativa realizada na embalagem, processo de concepção de produto, posicionamento de mercado ou até mesmo a fixação dos preços. A inovação organizacional está relacionada à implantação de técnicas avançadas de gerenciamento, estruturas organizacionais significativamente alteradas, entre outros (OCDE, 2005). Segundo Carrijo (2011), para se entender o atual funcionamento das economias capitalistas, tornou-se impossível deixar de considerar o progresso técnico. Desta forma, a presente fase ficou convencionada como economia baseada no conhecimento. Ou seja, o uso do conhecimento em atividades econômicas tornou-se crescente (FIALHO et al., 2006), ao ponto de transformar a sociedade industrial em sociedade do conhecimento (NONAKA e TAKEUCHI, 2008). Assim, a inovação tem sido apontada em diversas literaturas como peça- chave para a criação de vantagens competitivas e desenvolvimento econômico de países, regiões e empresas. Além disso, trata-se de um elemento fundamental “[...] para a criação e sustentação de vantagens competitivas e do desenvolvimento econômico de empresas, regiões e países” (CARRIJO, 2011). Para Dornelas (2008), a inovação nasceu com ações voltadas para manter a competitividade. No que diz respeito ao financiamento das inovações, Luna, Moreira e Gonçalves (2008), descrevem que os recursos para inovação podem ser obtidos basicamente a partir das seguintes fontes: recursos próprios, endividamento ou aporte de capital. O assunto será abordado na seção 4.2. Por fim, após a apresentação dos conceitos, desenvolveu-se um modelo para ilustrar a importância e interligação dos elementos competitividade, inovação e fontes de recursos, conforme mostra a figura 01. 15 Figura 01 – Relação entre competitividade, inovação e fontes de recursos. Fonte: Elaboração própria (2016). 4.2 FINANCIAMENTO À INOVAÇÃO Quanto ao financiamento em inovação, de acordo com Corder e Salles-Filho (2005), os recursos para financiar pesquisa, investimento,desenvolvimento e inovação podem vir de diversas fontes, como dos mercados de capitais, de fundos mútuos, fundos públicos, incentivos fiscais, entre outros. Porém, independente da origem dos recursos, o mecanismo de financiamento é diferente dos sistemas convencionais, em parte, devido ao tempo de retorno e riscos associados. O Estado pode atuar como agente financeiro das inovações, ofertando recursos que são liberados com o lançamento de editais. Desta forma, a participação do Estado torna-se fundamental para as micro e pequenas empresas de base tecnológica, já que estas possuem grande dificuldade de alavancar recursos próprios para seus processos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) (CARRIJO, 2011). De acordo com a Pesquisa de Inovação denominada (PINTEC), existem determinados instrumentos de apoio governamental que oferecem a concessão de bolsas. Entre eles estão as Fundações de Amparo à Pesquisa - FAPES, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, o Programa Recursos Humanos para Áreas Estratégicas – 16 RHAE–Inovação. Também existem os instrumentos de aporte de capital de risco, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES e da Financiadora de Estudos e Projetos - Finep. Ainda, existem as opções de incentivos fiscais concedidos pelos Estados especificamente para o desenvolvimento de P&D, compra governamental e outros (IBGE, 2011). Segundo Luna, Moreira e Gonçalves (2008), outra modalidade de aquisição de recursos é o endividamento, que pode ser obtido por meio de empréstimo no setor público e privado. Os empréstimos bancários realizados no setor privado são, em geral, realizados a curto prazo. Desta forma, acabam tornando-se inadequados para projetos incertos e com retorno de longo prazo. Já a obtenção de recursos públicos pode ocorrer de forma direta e indireta. Na forma direta, os recursos são obtidos por órgãos públicos e agentes designados. Na outra, são obtidos por meio de incentivos fiscais e subsídios. Um marco legal para o apoio ao financiamento à inovação no Brasil ocorreu com a implementação da política de fundos setoriais no final dos anos de 1990. Com o passar do tempo, alterações como a inclusão de legislações como a Lei de incentivos fiscais à inovação e à exportação (Lei nº 11.196/2005) e a “Lei da Inovação” (Lei nº 10.973/2004) tiveram o objetivo de favorecer o ambiente para a modernização tecnológica e promover maior cooperação entre setor público relacionado a ciência e tecnologia e o setor produtivo (MORAIS, 2008). Ainda de acordo com o mesmo autor, o primeiro fundo, denominado Fundo Setorial de Petróleo e Gás (CT - Petro), surgiu em 1999, seguido pela criação de outros fundos a partir do ano de 2000/2001. Os fundos setoriais de Ciência e Tecnologia são fontes que promovem o financiamento de projetos de pesquisa, inovação e desenvolvimento para o Brasil e visam “[...] garantir a estabilidade de recursos para a área e criar um novo modelo de gestão, com a participação de vários segmentos sociais, além de promover maior sinergia entre as universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo”. Ou seja, pode-se dizer que os fundos setoriais são considerados fontes que complementam os recursos para financiamento e desenvolvimento de setores produtivos do País, segundo a Financiadora de Estudos e Projetos - Finep (FINEP, 2016). Ainda de acordo com a Finep (2016), empresa pública brasileira de fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação, as receitas desses fundos são originadas a partir da arrecadação da 17 União, obtida com a exploração de recursos naturais, impostos cobrados sobre Produtos Industrializados de determinados setores e a CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, para casos de transferência de tecnologia por uso ou aquisição no exterior. Segundo Luna, Moreira e Gonçalves (2008), a Finep financia os projetos de duas formas: reembolsável e não reembolsável. O financiamento reembolsável é destinado a instituições que tenham condições de arcar com o pagamento do empréstimo e que apresentem projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). O financiamento não reembolsável é destinado principalmente a universidades e centros de pesquisa e tem como fonte de recurso para financiamento os fundos setoriais de Ciência e Tecnologia. Segundo Leal e Souza (2011) o aporte de recursos não reembolsáveis é obtido por meio da Subvenção Econômica, regulamentada no ano de 2005, pelo decreto 5.563/2005 que regulamenta a Lei de Inovação Brasileira. Esta Lei tem por objetivo buscar a inserção de pesquisadores no setor, transmitindo uma cultura voltada para conhecimento técnico e científico, capacitando recursos humanos para projetos de inovação (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO, 2012). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, por sua vez, atua fortemente com o financiamento reembolsável. Contudo, existe uma grande dificuldade de fazer empréstimos para empresas cujos modelos de negócios se classificam como startups (LUNA, MOREIRA e GONÇALVES, 2008). Segundo Gitahy (2011), “[..]uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza”. Ser repetível significa um modelo de negócio capaz de entregar o mesmo produto em grande escala, sem muitas adaptações, para os diferentes clientes. Ser escalável corresponde a crescer cada vez mais em termos de receita, aumentando a margem de lucros com custos em lento crescimento. Contudo, o cenário de incerteza em que se encontra o negócio não permite afirmar se realmente dará certo. Outra forma de realizar o financiamento de recursos vindo de terceiros é o aporte de capitais. Nesta modalidade, o investidor aporta recursos para o empreendedor e, em troca, tem o direito de participação no capital da empresa, compartilhando também os riscos. Este direito pode ocorrer por meio de aquisição de ações, títulos de crédito de longo prazo entre outras formas. Geralmente acontece quando a empresa apresenta alto poder de rentabilidade e retorno, a longo e médio prazo (LUNA, MOREIRA e GONÇALVES, 2008). 18 Além das formas tradicionais de financiamento, existem outras formas cada vez mais inovadoras de captação de recursos. De acordo como o Sebrae (2016a), as fontes de financiamento de recursos indicadas para as empresas start-ups são o crowdfunding, investimento-anjo e as aceleradoras. Para Monteiro (2014), o crowdfunding ocorre quando várias pessoas contribuem com um valor que pode viabilizar um negócio que não seria possível individualmente, ao invés de utilizar um grupo pequeno de investidores. O modelo mais utilizado no Brasil é o baseado em recompensas (reward based), onde as pessoas que precisam levantar recursos financeiros para realização de projetos apresentam suas ideias por meio de um site, normalmente as plataformas de crowdfunding, e oferecem recompensas para os interessados em contribuir financeiramente com o projeto. Outra forma possível é o Investimento-Anjo, um financiamento efetuado por pessoas físicas com capital próprio, geralmente empresários, executivos ou empreendedores que tiveram sucesso e acumularam capital, conhecimento e experiências para oferecer à empresa nascente. Normalmente o investidor-anjo não tem posição executiva na empresa, porém uma participação minoritária. (ANJOS DO BRASIL, acesso em 02. dez. 2016). As startups, por sua vez, necessitam de um ambiente propício para que se desenvolvam e alcancem o sucesso. Para isso, as aceleradoras são utilizadas para direcionar e alavancar o desenvolvimento desse modelo de negócio. Geralmente, capacidade de investimento financeiro é de origem privada (START-UP BRASIL, acesso em 03. dez. 2016). O Sebrae (2016a), informa que as aceleradoras fornecem benefícios como infraestrutura,capacitações, espaço físico e serviços contábeis e jurídicos. 4.3 INDICADORES DE INOVAÇÃO Uma vez abordadas as modalidades de financiamento à inovação, observa-se a necessidade de proceder a uma avaliação dos impactos dos projetos financiados. Nesse sentido, o Manual de Frascati, publicado pela OCDE aproximadamente no ano de 1963, foi criado para propor indicadores e apresentar uma metodologia para acompanhar as atividades e práticas relacionadas a P&D (MANUAL, 2002). Contudo, diante das limitações apresentadas no Manual de Frascati, o Manual de Oslo, lançado no Brasil pela Finep, foi criado para fornecer 19 as diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação, sendo a atual referência para condução de pesquisas sobre inovação (OCDE, 2005). De acordo com Marins (2010), atualmente, o instrumento mais difundido para se avaliar a inovação são as pesquisas de inovação, por serem, em geral, voltadas para obtenção de dados em larga escala. Grande parte das questões que compõem a pesquisa de inovação, denominada Community Innovation Survey (CIS) envolvem atividades de P&D, gastos com P&D, patentes, número de novos produtos e novos processos. A CIS serviu de inspiração para diversos países, que adaptaram o modelo de acordo com as necessidades e interesses locais. Ainda de acordo com a autora, as pesquisas de inovação utilizadas são baseadas nas diretrizes do Manual de Oslo, que foi criado para unificar o entendimento sobre a inovação, permitindo comparações inclusive entre países diferentes. As vantagens destas pesquisas estão associadas aos dados obtidos, pois, além de permitir uma comparação com empresas internacionais, têm importância similar a dados econômicos sobre valor adicionado, emprego e produção. Contudo, a referida autora afirma que existem diversas controvérsias, pois os indicadores tradicionais de inovação estão voltados para a análise de entradas e saídas, sendo necessários indicadores que estejam voltados para medir as atividades de inovação no interior das firmas. O Manual de Oslo (OCDE, 2005) defende que, como a inovação é um processo contínuo, torna-se difícil mensurar um processo dinâmico em relação a uma atividade estática. Por isso, visando entender esse movimento, são dadas as diretrizes para a coleta de dados sobre o processo geral de inovação (despesas, interações, etc), fatores que influenciam as atividades de inovação e implementação de mudanças relevantes. Por isso, os elementos básicos para mensurar a inovação são: recursos voltados para a P&D e estatística de patentes. Ainda, existem os complementares que são as publicações científicas, publicações em jornais técnicos e de comércio. De acordo Becheikh, Landry e Amara (2006 apud Marins, 2010), os indicadores estabelecidos como padrão foram consolidados a partir do Manual de Frascati e atualmente são conhecidos como indicadores tradicionais de atividade inovadora. Os indicadores mais utilizados são apresentados no quadro 01. 20 Quadro 01 - Indicadores tradicionais de atividade inovadora. Principais indicadores tradicionais Despesas operacionais com P&D Investimento em P&D Gastos com treinamentos ligados as atividades de P&D Número de funcionários alocados em atividades com P&D Grau de qualificação dos funcionários em P&D Número de doutores Gastos com aquisição de tecnologia Gastos com aprimoramento de tecnologia já existente Faturamento gerado por novos produtos Faturamento gerado por novos processos Número de patentes depositadas Número de patentes registradas Produções bibliométricas Fonte: Marins (2010). A Pesquisa de Inovação (PINTEC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011), juntamente com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) tem objetivos levar à construção de indicadores, cujo foco está voltado para fatores como esforços empreendidos, obstáculos, resultados da inovação, estratégias adotadas e comportamento inovador (IBGE, acesso em 02 dez. 2016). 21 Por fim, cabe ressaltar os estudos realizados por Figueiredo, Andrade e Brito (2009) destacando a importância da capacidade tecnológica inovadora, que permite modificar, aperfeiçoar ou criar produtos e processos. Ou seja, “[...] as capacidades inovadoras representam a incorporação de recursos adicionais e distintos que permitem a geração e o gerenciamento das mudanças tecnológicas de maneira autônoma”. Desta forma, a acumulação destas capacidades tecnológicas torna-se fundamental para que as empresas alcancem a maturidade industrial, possibilitando assim escalarem níveis mais elevados de competitividade e inovação. Considerando a importância da contribuição da afirmativa desses autores e dos indicadores de inovação, procedeu-se com um estudo sobre o ambiente de inovação. 5. AMBIENTES DE INOVAÇÃO De acordo com Sant Ana et al. (2015), “a articulação entre o governo, as universidades e setor produtivo é fundamental para o desenvolvimento de um sistema nacional de inovação”. Etzkowitz (2008) afirma que em uma economia baseada no conhecimento, a chave para inovação e crescimento está fundamentada na relação entre universidade, governo e empresa. Chais et al. (2013) afirma que a universidade possui a sua base voltada para o conhecimento, o governo atua como regulamentador, visando garantir estabilidade das interações dos elementos e a empresa tem suas atividades produtivas na economia. De acordo com Fernandes et al. (2016), em um estudo realizado por Sábato e Botano (1968) foi desenvolvido um modelo que mostra as relações entre as universidades, o governo e o setor produtivo na promoção da ciência, tecnologia e inovação, denominado Triângulo de Sábato. Fernandes et al (2015) descrevem que “este modelo mostra a relação entre o governo (vértice) do triângulo e as universidades e o setor produtivo (bases do triângulo) para a promoção da ciência e tecnologia”. Ainda segundo os mesmo autores, no final do século XX estudos foram realizados por Leydesdorff e Etzkowitz demonstrando a importância dessas interações. No modelo da chamada Tríplice Hélice, desenvolvida por estes, cada esfera institucional compõe uma hélice de forma independente, porém, trabalhando com interdependência e cooperação com as demais, conforme ilustra a figura 02. Além das ligações existentes entre as esferas 22 institucionais, cada vez mais uma tem sido capaz de substituir o papel da outra. Ou seja, as universidades assumem um papel empreendedor e as empresas desenvolvem tarefas acadêmicas, treinando os funcionários e compartilhando o conhecimento. Figura 02 – Modelo da Tríplice Hélice. Fonte: Adaptado de Leydesdorff e Etzkowitz (1998). As universidades, que fornecem conhecimento científico e mão de obra qualificada, são requisitadas a contribuir com o conhecimento para o desenvolvimento industrial. Assim, passam a desenvolver atividades que auxiliam as empresas com o desenvolvimento de pesquisas, que muitas vezes podem se tornar inviáveis para as firmas, pois envolvem tempo e altos custos. Desta forma surgem as universidades empreendedoras, nos moldes da tríplice hélice, que têm por objetivo de contribuir com o desenvolvimento econômico regional ou nacional e proporcionar ganhos financeiros para os membros (FERNANDES et al. ,2016). 5.1 EMPRESAS INCUBADAS E EMPRESAS GRADUADAS Entende-se por incubadora de empresas o local preparado para abrigar as empresas, oferecendo suporte técnico e gerencial para a empresa desenvolva o próprio projeto. As empresas que residem em incubadoras são denominadas empresas incubadas. Após terem passado em todas as fases da incubadora, as empresas incubadas consideradas aptas para 23 enfrentar o mercado com os próprios recursos tornam-seempresas graduadas (ANPROTEC, 2016). No Brasil, as incubadoras apresentam um histórico recente, criadas em meados da década de 1980, por meio de uma iniciativa do CNPq, ao implantar o primeiro programa de parques tecnológicos no país (ANPROTEC & MCTI, 2012). Entende-se por parques tecnológicos os mecanismos usados por iniciativas públicas e privadas para promover a inovação, o desenvolvimento e transferência de tecnologia, tendo como objetivo principal, além de benefícios econômicos, a criação de empresas e parcerias com centros de pesquisas e universidades (GUADIX et al., 2016). De maneira geral, o processo de incubação pode ser dividido em algumas fases, como pré- incubação, incubação e graduação. Na pré-incubação, a viabilidade técnica e financeira é analisada, antes do início do negócio. Depois de verificada a viabilidade, a incubação é realizada à distância ou de modo residente. Por fim, a graduação ocorre quando a empresa está habilitada e muda-se para uma sede, deixando a incubadora (MENDES, 2011). O processo de graduação, segundo Baêta (1999 apud MENDES, 2011) ocorre quando a empresa tem mercado e possui condições de se adaptar às mudanças tecnológicas do setor em que atua. No princípio, as incubadoras de empresas estavam voltadas para setores científico- tecnológicos, visando levar ao mercado novas tendências tecnológicas e novas ideias. Entretanto, o objetivo atual também passou a ser o de contribuir com o desenvolvimento setorial e local (ANPROTEC & MCTI, 2012). De acordo com Cota Jr, Silva e Cheng (2008), existem diversos tipos distintos de incubadoras que variam de acordo com os objetivos das empresas, porém, estão classificadas em três categorias: (1) incubadoras de regiões com elevados índices de desemprego e baixa mão de obra qualificada; (2) aquelas criadas para o suporte de desenvolvimento tecnológico e; (3) empresas de serviços, produção leve/ pesada, entre outros. Um estudo realizado Grimaldi e Grandi (2005) mostrou que as incubadoras italianas podem variar entre públicas, contendo os Centros de Inovação em Negócios (BIC – Business Innovation Centres) e as Incubadoras de Empresas de Universidades (UBI – University Business Incubators), e privadas, classificadas em empresas corporativas (CPI – Corporate Private Incubators) e incubadoras de empresas independentes (IPI – Independent Private Incubators). 24 Segundo Tumba (2014), a Anprotec classifica incubadoras em quatro tipos principais. A incubadora tradicional é aquela que fornece apoio a empresas que pretendem atuar no setor tradicional, como indústrias de plásticos, confecções e embalagens. Incubadora de base tecnológica fornece suporte a empresas que usam a tecnologia como insumo principal e produzem produtos de alto valor agregado. Incubadora mista é aquela que apoia tanto empresas do setor tradicional quanto as EBTs (Empresas de Bases Tecnológicas). Incubadora social tem por objetivo apoiar associações populares e cooperativas. Com o passar do tempo, outros tipos foram surgindo, como a agroindustrial, de serviços, cultural, entre outras. De acordo com o relatório publicado pela Anprotec & MCTI (2012), que classificou as incubadoras por quantidades de acordo com as áreas de atuação em 2011, constatou-se que 40% das incubadoras são atuantes no setor tecnológico, conforme mostra o gráfico 01. Gráfico 01 – Setores de atuação das incubadoras brasileiras Fonte: Adaptado de Anprotec (2012). Em relação às características e benefícios oferecidos pelas incubadoras, Bezerra e Quandt (2015) afirmam que as incubadoras foram criadas para fornecer suporte às iniciativas inovadoras das empresas, concedendo elementos fundamentais como estrutura física, serviços de assessoria e comunicação, inclusive o compartilhamento de informações. Disponibilizando um ambiente empresarial favorável, as incubadoras compensam os déficits de recursos de empresas inovadoras ainda jovens e também recém-fundadas, de forma a assegurar a Tecnologia 40% Tradicional 18% Mista 18% Cultural 2% Social 7% Agroindustrial 7% Serviços 8% Setores de atuação das incubadoras brasileiras 25 estabilidade empresarial, o crescimento econômico, além da sobrevivência do negócio a longo prazo (SCHWARTZ e HORNYCH, 2008). Para Bulsara, Gandhi e Porey (2013) as incubadoras podem, na região em que estão inseridas, aumentar as oportunidades de emprego, diversificar a base econômica e melhorar a imagem local, tornando-se assim um centro para a atividade empresarial. Compartilhado do mesmo pensamento, Mas-Verdú, Ribeiro-Soriano e Roig-Tierno (2015) descrevem que, além de estimularem a inovação e o desenvolvimento regional, as incubadoras atuam como agentes catalisadores para o empreendedorismo, pois dão assistência aos futuros empresários quando iniciam suas atividades empresariais. Entretanto, segundo os mesmos autores, para a sobrevivência da empresa, faz-se necessário uma combinação entre incubadoras e outros fatores. Grimaldi e Grandi (2005) afirmam que o processo de incubação de empresas busca conectar tecnologia, capital e know-how, a fim de aproveitar o talento empresarial, acelerar o desenvolvimento de novas empresas e, consequentemente, a exploração da tecnologia. De acordo com o Portal Brasil (2012), a taxa de mortalidade das empresas brasileira que passam pelo processo de incubação é de 20%, enquanto que para as empresas normais 70%. Um estudo publicado pela Anprotec (2016) acerca do impacto econômico das incubadoras de empresas no Brasil revelou a opinião dos gestores de incubadoras sobre os principais fatores que levam ao sucesso ou fracasso dos empreendimentos incubados. Cerca de 70% destes entrevistados consideraram os próprios empreendedores responsáveis pelo sucesso ou fracasso do negócio. Entre os elementos que podem determinar esses acontecimentos estão a maturidade individual, capacidade de trabalho em equipe, conhecimento técnico e habilidades gerenciais. Contudo, reconhecem que não há um único responsável pelos resultados alcançados. Ainda, um estudo citado na pesquisa sobre o sucesso das incubadoras (“Incubating Success: Incubation Best Practices That Lead to Successful New Ventures”, 2011), informou que as chances de sucesso dos empreendimentos incubados estão relacionadas à “[...] qualidade do programa de incubação e na sua capacidade de formar empreendimentos e empreendedores maduros, detentores de sólidos conhecimentos para atuar no mercado”. O estudo supracitado ressalta a importância de boas práticas de gestão alinhadas à atuação das incubadoras. Assim, destaca-se a importância da adaptação das incubadoras ao conceito de “Incubadoras de Terceira Geração”, que está relacionada à evolução das fases, como pode ser visto na figura 03. 26 Figura 03 – Evolução das incubadoras no cenário internacional. Fonte: Anprotec (2015 apud Anprotec, 2016). A primeira geração é marcada pelo fornecimento de espaço físico de baixo custo e qualidade, além de recursos como auditórios, laboratórios, salas de reuniões, entre outros. A segunda geração está focada em serviços de apoio ao desenvolvimento dos empreendimentos, além da oferta dos elementos da primeira geração. Por último, a terceira geração, além da preocupação em fornecer os serviços das outras duas gerações, está focada em oferecer ações voltadas para estabelecimento de redes de contatos para troca de informações e serviços (ANPROTEC, 2016). Para auxiliar as incubadoras a alcançarem o terceiro nível, a Anprotec (2016) desenvolveu um modelo que está em fase de implementação em 108 incubadoras, chamado modelo de Cerne. O modelo segue apresentado na figura 04 com a descrição dos principais objetivos de cada camada. 27 Figura 04 – Modelo de Cerne Fonte: Anprotec (2015 apud Anprotec, 2016). Para comprovar essasinformações, além de ressaltar a importância e maturidade das incubadoras no Brasil, o estudo emitido pela Anprotec (2016) revelou que foram identificadas 369 incubadoras de empresas em operação no Brasil, com 2.310 empresas incubadas e 2.815 empresas graduadas. Os resultados alcançados por meio destes processos foram o faturamento de aproximadamente R$ 1.460.276.160,86 pelas empresas incubadas e R$ 13.798.796.987,00 derivados de empresas graduadas, totalizando R$ 15.259.073.147,86. Além disso, 53.280 novos postos de trabalho foram gerados, conforme mostra a tabela 01. Tabela 01 – Impactos das empresas incubadas e graduadas. Tipo Empresas Incubadas Empresas Graduadas Total Total de empresas 2.310 2.815 5125 Faturamento R$ 1.460.276.160,86 R$ 13.798.796.987,00 R$ 15.259.073.147,86 Empregos diretos 15.477 37.803 53.280 Fonte: Elaboração própria (2016). Por fim, o estudo da Anprotec (2016) apresentou algumas conclusões importantes acerca das incubadoras de empresas. Destacam-se: (1) o compartilhamento de práticas de gestão eficazes (plano de obtenção de recursos, missão estabelecida, entre outros) faz parte dos programas de incubação que apresentaram os melhores resultados; (2) ter no conselho diretivo a participação de profissionais diversos (empresários de empresas graduadas que tiveram 28 sucesso, representantes do governo, entre outros) é importante; (3) a coleta de dados das empresas incubadas e graduadas mais vezes e por longos períodos é uma prática dos melhores programas de incubação; e (4) a localização física da incubadora é menos importante que a estruturação e gestão de um bom programa de incubação. 29 6 METODOLOGIA De acordo com Gil (2010), a pesquisa em questão é classificada como pesquisa aplicada, pois pode favorecer para a aquisição e ampliação do conhecimento, além de sugerir novos estudos com outras questões a serem pesquisadas. Ainda de acordo com o mesmo autor, pode ser classificada como uma pesquisa exploratória, segundo seus objetivos, pois visa contribuir para maior familiaridade com o tema estudado, buscando torná-lo mais explícito ou ajudar na construção de hipóteses. Quanto aos métodos empregados, é definida como pesquisa bibliográfica, documental e estudo de casos múltiplos. De acordo com Yin (2010), “o mesmo estudo pode conter mais do que um único caso. Quando isso ocorrer, o estudo usou um projeto de casos múltiplos”. Estes estudos devem ser selecionados para que possam ter resultados similares, ou seja, havendo uma replicação literal, ou, possam produzir resultados diferentes, para razões previsíveis. Embora existam áreas que considerem os estudos de casos múltiplos uma metodologia diferenciada dos estudos de caso único, Yin (2010) adota a mesma estrutura metodológica para ambos os casos, pois não existem amplas distinções entre eles. Miguel (2012) também utiliza a mesma estrutura metodológica para estudos de casos múltiplos e caso único. Desta forma, adotou-se a estrutura de estudo de caso (s) proposta por este e adaptada ao modelo proposto por Miguel (2012). Então, a sequência utilizada para o estudo será conforme pode ser vista na figura 05. Figura 05 – Sequência para estudo de caso Fonte: Adaptado de Miguel (2012). 30 Tomando por base a sequência estabelecida na figura 05, inicialmente, foi realizado um levantamento bibliográfico das teorias que definem os aspectos gerais da inovação, destacando as fontes de financiamento e os indicadores de inovação. Em seguida, procedeu-se com um estudo sobre os ambientes de inovação, destacando as relações universidade- empresa, e também as definições de empresas incubadas e empresas graduadas, considerando a importância do processo de incubação para alavancagem e auxílio às MPEs. Cabe ressaltar que inicialmente havia a perspectiva de avaliar os impactos de financiamento de projetos de inovação para todas as empresas graduadas, conforme mencionado no CAPÍTULO 1. Sendo assim, a etapa seguinte consistiu da consulta à base de dados da Receita Federal para identificação das empresas graduadas que se encontravam ativas em 10 de outubro de 2016. A expectativa era de aplicar um conjunto de indicadores de capacidade tecnológica adaptado por Kappel (2016) para avaliar todas as empresas que tiveram financiamento público para inovação. Diante da impossibilidade de contato com a maioria das empresas graduadas e baixa disponibilidade de informações por parte da TecVitória, a etapa seguinte consistiu em selecionar: (1) "Empresa B", uma empresa de soluções customizadas de projetos eletrônicos, graduada pela TecVitória e; (2) "Empresa P", empresa de integração ciclologística que não passou pelo processo de incubação. Ambas as empresas estão relacionadas ao uso de tecnologias e criação de processos / serviços inovativos. Posteriormente foi conduzido um teste piloto. Na ocasião, foi apresentado ao superintendente da TecVitória no dia 10/10/2016 um questionário para indicadores de acumulação de capacidade tecnológica, adaptado por Kappel (2016), que pode ser verificado no APÊNDICE B, para avaliar as empresas. Em sua pesquisa, o autor considerou este método mais adequado e mais eficaz que os indicadores tradicionais de inovação. Contudo, durante a entrevista, verificou-se a inviabilidade de aplicação do questionário, devido à grande complexidade e elevado número de itens (100 itens) dos componentes críticos da capacidade tecnológica a serem levantados. Então, questionado sobre os indicadores mais apropriados para avaliar impactos da inovação nas empresas selecionadas, o entrevistado sugeriu indicadores que, em sua opinião, são relevantes. Desta forma, observou-se que os indicadores sugeridos coincidiram com os indicadores tradicionais de inovação. Sendo assim, a decisão foi utilizá- los para analisar as empresas, e não o conjunto de indicadores inicial adaptado por Kappel 31 (2016). Então, estabeleceu-se o conjunto de indicadores a ser utilizado, de acordo com o quadro 02. Quadro 02 – Indicadores de inovação Principais indicadores tradicionais adaptados às empresas Percentual anual do faturamento investido em inovação Número de funcionários alocados em atividades com P&D Número de clientes Número de produtos ou serviços ofertados Número de patentes depositadas* Gastos com treinamentos ligados as atividades de P&D Fonte: Adaptado de Marins (2010). Os instrumentos para coleta de dados definidos foram entrevistas estruturadas, não estruturadas e análise documental. Além disso, foram feitas gravações das entrevistas, registro fotográfico e anotações de campo. O protocolo da coleta de dados se deu conforme indicado no quadro 03. Quadro 03 – Estratégia de coleta de dados Empresa Cargo Data da entrevista Duração da entrevista Meio TecVitória Superintendente e Coordenadora de Operações 10/10/2016 e 18/11/2016 1 hora e 45 minutos Presencial e telefone "Empresa B" Sócio 24/11/2016 1 hora Presencial "Empresa P" Diretor (Sócio Fundador) 17/11/2016 1h e 45 minutos Visita Técnica "Empresa P" Sócia e funcionários 24/11/2016 1 hora Presencial Fonte: Elaboração própria (2016). O indicador clássico de avaliação de impactos das atividades inovadores presente na literatura é número de patentes registradas, em função da morosidade no registro de patentes e a jovialidade das empresas entrevistadas, considerou-se nesse trabalho, o indicador número de patentes depositadas. 32 A análise dos dados ocorreu com a transcrição da gravação da entrevista, a análise documental, anotações feitas em campo e respostas aos questionários estruturados levados para a entrevista. Os APÊNDICES A e C contêm os instrumentos de coleta de dados. Os estudos de casos foram conduzidos, organizados eanalisados separadamente. Em seguida, os casos foram comparados para obtenção de conclusões sobre os resultados obtidos. Por fim, foram realizadas considerações sobre todos os resultados obtidos com este trabalho. À seguir serão apresentados os estudos realizados, os dados e principais resultados obtidos com a pesquisa. 33 7 ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS 7.1 A TECVITÓRIA Visando o fortalecimento no mercado e a busca por propiciar um cenário favorável ao desenvolvimento tecnológico e científico, além de estimular a inovação, o governo brasileiro criou leis e programas de incentivo ao desenvolvimento econômico. Dentre eles, destacam-se a “Lei da Inovação, em 2004, e a “Lei do Bem” em 2005. Esta última oferece incentivos fiscais para a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO, 2016). De acordo com o M,C,T&I (2016), as leis e programas de incentivo à inovação têm despertado interesse das MPEs, que buscam agências de fomento para financiar seus projetos. Entretanto, há uma grande dificuldade de conseguir o financiamento por estes órgãos, visto que existem análises e procedimentos rigorosos. Com isso, muitas MPEs acabam desistindo, pois ainda não estão preparadas o suficiente para submeterem seus projetos. Desta forma, destaca-se a importância da Entidade Gestora TecVitória, que fornece apoio para que as MPEs capixabas ligadas ao setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) consigam o financiamento de seus projetos. A TecVitória iniciou seus trabalhos no ano de 1995, tratando-se de uma incubadora de Empresas de Base Tecnológica (EBTs) com característica multissetorial sem fins lucrativos, fundada por uma parceria firmada entre UFES, FINDES, BANDES, Governo do ES, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-ES), Prefeitura Municipal de Vitória, Grupo Executivo para Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo (GERES), Empresa Parque Tecnológico (EPT) e o IEL/ES. Contudo, os resultados ficaram abaixo do esperado (TECVITÓRIA, 2016a). Ainda de acordo com a incubadora, em 2000, já contando com a parceria de outras grandes empresas como a ArcelorMittal, Vale, Fibria e EDP, decidiu focar apenas no setor de TIC, onde passou a obter melhores resultados e graduou a primeira empresa em 2001. Após obter bons resultados e firmar novas parcerias, a administração da TecVitória optou por retornar ao foco multisetorial em base tecnológica. 34 Considerando os aspectos conceituais das relações existentes no modelo da Tríplice Hélice, que podem ser verificadas no CAPÍTULO 05 (AMBIENTES DE INOVAÇÃO), observou-se que no caso da TecVitória existe uma evidência do modelo desenvolvido por Leydesdorff e Etzkowitz, conforme mostra a figura 06, onde os órgãos governamentais representam o vértice do triângulo, as universidades (UFES e IFES) e o setor produtivo são a base da promoção da ciência e tecnologia. Figura 06 – Evidências da Tríplice Hélice na TecVitória Fonte: Adaptado de Leydesdorff e Etzkowitz (1998). As esferas institucionais da TecVitória são compostas pelas seguintes parcerias: Empresas: Engenharia e Pesquisas Tecnológicas (EPT), Vale, Petrobras, Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (ASSESPRO), ArcelorMittal e empresa incubada. Institutos de pesquisa: Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) e Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). 35 Governo: Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES), Prefeitura de Vitória, BANDES, Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (SECTI), Governo do Espírito Santo, Instituto Euvaldo Lodi (IEL/ES) e Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX). Nas esferas das instituições de ensino, cabe destacar que o IFES e a UFES têm por participação o fornecimento da demanda de alunos e ex-alunos na criação e incubação de empresas inovadoras, os insumos para incubação como, por exemplo, o espaço físico, além de auxílio na solução de problemas tecnológicos enfrentados pelas incubadas. O governo, por sua vez, auxilia provendo o ambiente e fornecendo recursos financeiros. Por fim, as empresas (incubadas), são o lócus privilegiado das inovações, que inventam, criam e comercializam os produtos / serviços das invenções. Atualmente a TecVitória está localizada no município de Vitória/ES, numa região próxima a instituições como a UFES, FINDES, edifício sede da Petrobrás no Espírito Santo entre outros, contando com uma estrutura física de 1.100 m 2 de área. No local são abrigadas a própria incubadora de empresas, o Centro de Excelência em Tecnologia 3D, o CDI - Comitê para Democratização da Informática do Espírito Santo, o Centro de Tecnologia de Computação Gráfica – CTGraphics, o Agente Softex Vitória que engloba a coordenação administrativa dos centros GeneVIX, a Rede Capixaba de Incubadoras (RECIN), o Centro de Educação Continuada,o Centro de Excelência em Projetos 3D, entre outros. Financeiramente, os projetos da TecVitória são apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES), Sebrae, Finep, CNPq, Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX) (TECVITÓRIA, 2016b). As empresas associadas à TecVitória somam um total de 55, entre elas estão a Instituição de Ensino Superior FAESA, a fabricante de chocolates Garoto, Polaris Informática, Qualidata, entre outros (TECVITÓRIA, 2016c). De acordo com o estatuto social, a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica TecVitória tem diversos objetivos, entre os quais podem ser destacados: (1) incentivar o desenvolvimento tecnológico, científico e institucional buscando fortalecer a economia regional; (2) possibilitar o desenvolvimento de empresas do setor de TIC, bem como setores de tecnologia do Espírito http://fapes.es.gov.br/ http://fapes.es.gov.br/ http://fapes.es.gov.br/ 36 Santo; (3) a busca de soluções tecnológicas que mais se adéquam às necessidades de inovação e melhorias dos setores produtivos com a modernização; e (4) oferecer incentivo e estímulo à interação entre universidades, centros de pesquisa, órgãos de fomento de financiamento, escolas técnicas, além de empresas e entidades ligadas à produção de software, hardware e demais serviços ligados à TIC; entre outros (TECVITÓRIA, 2016d). Ainda conforme o estatuto, a TecVitória deverá realizar ações para que os objetivos sejam alcançados, como selecionar os empreendimentos com alta probabilidade de sucesso técnico- comercial, realizar eventos que promovam o fortalecimento da cultura tecnológica local, identificar e atrair as possíveis fontes de financiamento, fornecer consultoria às empresas capixabas, entre outros. Buscando identificar a atuação da TecVitória, a seguir serão apresentados os resultados de incubação e graduação ao longo da criação da empresa. 7.1.1 Caracterização das empresas graduadas Desde a sua criação, até julho de 2016, um total de 22 empresas foram graduadas pela TecVitória e, atualmente existem 10 que se encontram em fase de incubação. O quadro 04, obtido com informações disponíveis no site da incubadora, mostra a área de atuação das empresas graduadas e as principais atividades exercidas por elas. A situação cadastral foi obtida após a consulta do CNPJ das empresas no site na Secretaria da Receita Federal do Brasil, no dia 10 de outubro de 2016. Quadro 04 – Caracterização das empresas Identificação da empresa Área de atuação Atividades que executa Situação cadastral X 01 Prestação de serviços de comércio eletrônico e pagamento digital Desenvolvedora de um sistema de compras e pagamentos voltados a smartphones (plataformas iOS e Android), que possibilitao pagamento de uma conta utilizando a câmera do celular (ou tablet) e um QR Code que pode estar impresso ou projetado em qualquer local. Ativa X 02 Tecnologia da Produtos de Informática com foco em Ativa 37 Identificação da empresa Área de atuação Atividades que executa Situação cadastral Informação Telemetria Veicular em tempo real e com elevada precisão, incluindo posicionamento e trajeto mesmo em áreas de sombra de GPS. Serviços de consultoria, desenvolvimento, e manutenção a sistemas de informática. X 03 Gestão de Plataformas de e- Commerce e de Marketing Prestação de serviços de desenvolvimento web, intermediação de negócios internacionais, implantação de lojas virtuais, criação de estrutura de atendimento a clientes, gerenciamento das operações de marketing, e gestão de pagamentos. Ativa X 04 P&D em engenharia com uso de Tecnologias 3D. Através do uso intensivo de softwares de modelagem em CAD 3D, elementos finitos e volumes finitos multifísico, a empresa realiza simulações numéricas visando a criação e o desenvolvimento de equipamentos e componentes com alto valor tecnológico agregado. Ativa X 05 Engenharia de Equipamentos com uso de Tecnologias 3D. Produzem Máquinas de corte a fio, Monofio, Perfuratriz, Gerador, Macaco Hidráulico, Vira-blocos, Branqueadora. Desenvolvimento de máquinas, equipamentos, peças e acessórios para transporte, manuseio e elevação de cargas, com foco nos setores de Rochas Ornamentais, e de Petróleo e Gás. Ativa X 06 Tecnologia da Informação. Atuação no segmento de OffShore Outsourcing, oferecendo serviços nas áreas de desenvolvimento, manutenção corretiva e evolutiva, e integração de sistemas, em plataformas diversas, para os mercados da Baixada 38 Identificação da empresa Área de atuação Atividades que executa Situação cadastral Europa e Estados Unidos. X 07 Desenvolvimento de jogos eletrônicos Criação e produção de jogos, aplicativos, soluções interativas, advergames (jogos publicitários com foco na marca) e softwares educativos. Desenvolvimento em especial do produto PhysioJoy, um game que captura os movimentos do corpo usando o Kinect, projetado para avaliação e reabilitação de déficit motor e neurológico em pacientes de fisioterapia. Ativa X 08 Desenvolvimento de Sistemas Industriais de Visão Análise e desenvolvimento de processos automatizados de medição e inspeção. Ativa X 09 Tecnologia da Informação Desenvolvimento de Sistemas para o Segmento de Ensino. Empresa absorvida pelo processo de spin-off. Ativa X 10 Desenvolvimento de Soluções para Internet Desenvolvimento de sites WEB com foco em encontrabilidade. Manutenção de sites WEB, microcomputadores, impressoras e equipamentos de informática em geral. Ativa X 11 Desenvolvimento de Soluções em Computação Gráfica. É um hub de soluções 3D. Ativa X 12 Tecnologia da Informação. Desenvolvimento de web e softwares customizados, além de oferecer consultoria e treinamentos em software. Ativa X 13 Tecnologia da Informação. Implementação de soluções Linux e Open Source. Implementação de ambientes Linux seguros, de alta performance e com políticas modernas de segurança, monitoramento e disponibilidade. Implementação de Cloud computing em tecnologias de alto desempenho como XEN, Vmware, LXC, OpenVz, KVM. Implementação de infraestrutura lógica de provedores. Ativa X 14 Empresa absorvida - Ativa 39 Identificação da empresa Área de atuação Atividades que executa Situação cadastral X 15 Empresa absorvida - Ativa X 16 Empresa absorvida - Baixada X 17 Tecnologia da Informação com foco em Mobilidade Fornece soluções em TI no modelo de Fábrica de Software, desenvolvendo sistemas sob medida, com foco na integração e metodologia inovadora fundamentada por normas e padrões internacionais de qualificação como o CMMI e MPS Br. Desenvolve e fornece tecnologias para a Gestão Integrada de Riscos e Auditoria, como o software TeamAudit Risk & Compliance, e distribui exclusivamente no país o software CaseWare Monitor, ferramenta para monitoração contínua dos controles internos, garantindo responsabilidade corporativa com maior transparência e consistência para as organizações atuarem dentro de padrões éticos e regulatórios. Ativa X 18 Tecnologia da Informação Desenvolvimento de sistemas web e Linux. Ativa X 19 Tecnologia da Informação Desenvolvimento de sistemas para reconhecimento e tratamento de voz. Extinta X 20 Inteligência e Visão Artificial Fábrica de Software Software Embarcado Prototipação. Sistemas de Transporte Inteligentes, sistemas avançados de direção assistida; desenvolvimento de aplicações web, aplicações para Android,e software embarcado. Ativa X 21 Projetos eletrônicos, sistemas embarcados, telemetria, engenharia de hardware e automação. Especializada em engenharia de sistemas embarcados, com foco no desenvolvimento eletrônico microcontrolado; Know-how para oferecer soluções únicas e específicas no desenvolvimento de projetos eletrônicos. Ativa 40 Identificação da empresa Área de atuação Atividades que executa Situação cadastral X 22 Pesquisa, desenvolvimento e inovação de produtos. Desenvolvimento de soluções para construção de poços e métodos terciários de prospecção de petróleo. Ativa Fonte: Elaboração própria (2016). Observou-se que, do total de 22 empresas graduadas, existem 02 que foram baixadas e 01 extinta. Verificou-se também que outras duas foram absorvidas por outras empresas. Em busca de maiores informações e coleta de dados sobre o financiamento de projetos de inovação, foi realizada uma pesquisa de campo, levando-se em conta as seguintes perguntas: quais as principais agências financiadoras, qual o volume de recursos captados pela TecVitória e quais os principais resultados e obstáculos para execução de projetos de inovação da TecVitória? A realização da pesquisa de campo à TecVitória permitiu que fossem obtidos os seguintes dados: (1) principais agências financiadoras; (2) faturamento das empresas incubadas e graduadas; (3) volume de recursos para inovação captados pelas empresas enquanto incubadas; (4) número de projetos submetidos; (5) número de projetos aprovados; e (6) valores dados em contrapartida. De acordo o entrevistado, as principais agências financiadoras à inovação são: Finep, CNPq, Serviço Social da Indústria (SESI)/ Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Sebrae e FAPES. Cabe ressaltar aqui neste trabalho as peculiaridades do SEBRAETC. Este programa visa ajudar às Micro e Pequenas empresas a inovarem, fornecendo subsídios de até 80% dos investimentos na contratação de consultores especializados. Desta forma, permite com que pequenos negócios tenham acesso a mão de obra especializada. Os prestadores de serviços de inovação são cadastrados e, assim que o Sebrae recebe a demanda, solicitam a estes prestadores para realizarem incremento tecnológico e projetos de inovação para as empresas http://fapes.es.gov.br/ 41 demandantes (SEBRAE, 2016b). Portanto, embora seja considerada pela TecVitória como agência financiadora, na verdade esta fornece subsídios para micro e pequenos empreendedores para que adquiram os serviços desejados com um menor custo. Os dados referentes à prestação de serviços internos / externos rendeu às empresas incubadas e graduadas um faturamento de R$ 2.029.898,00 no ano de 2015. Em 2016, até o momento da entrevista, o faturamento obtido foi de R$ R$ 936.850,00, conforme a tabela 02. Cabe ressaltar que a prestação de serviços pode estar associada em paralelo ao desenvolvimento