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INOVAÇÃO E NOVAS 
TECNOLOGIAS
Geiza Caruline Costa
E-book 2
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3
CICLOS DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ������������4
AS EQUIPES INOVADORAS E OS 
CLIENTES DA INOVAÇÃO ������������������������������������12
FOMENTO À INOVAÇÃO ��������������������������������������18
Lei do bem �������������������������������������������������������������������������������18
Novo marco legal de ciência, tecnologia e inovação ������������21
Financiamento da inovação e apoio gerencial ����������������������23
Finep�����������������������������������������������������������������������������������������23
CNPq ����������������������������������������������������������������������������������������25
Embrapii �����������������������������������������������������������������������������������26
Sebrae e Sebraetec �����������������������������������������������������������������27
CONSIDERAÇÕES FINAIS �����������������������������������28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & 
CONSULTADAS �������������������������������������������������������29
2
INTRODUÇÃO
A inovação tecnológica acontece por uma série de 
fatores ligados à economia, à cooperação, às equipes 
de trabalho, à engenharia, aos recursos financeiros, 
entre outros� Uma palavra-chave no contexto da ino-
vação é a descontinuidade, que representa a obso-
lescência de uma tecnologia e sua substituição por 
uma tecnologia nova� Entretanto, o mercado consu-
midor tem um papel preponderante na definição da 
liderança de determinada tecnologia, em detrimento 
de outras tecnologias�
Aqui você irá aprender sobre alguns dos fatores mais 
importantes, quando o assunto é inovação tecnoló-
gica, tais como as barreiras enfrentadas, a identifi-
cação de oportunidades e cenários favoráveis, além 
das medidas de incentivo, fomento e financiamento 
da inovação no Brasil�
SAIBA MAIS
Assista à websérie Caminhos da Inovação, dis-
ponível em: https://www.desenvolvesp.com.br/
inovacao e no YouTube: https://www.youtube.
com/playlist?list=PLRWcQRbm-spevPS7P-ue-
fdf8KW9cRw8Z4�
3
CICLOS DA INOVAÇÃO 
TECNOLÓGICA
Estudar sobre os padrões da inovação tecnológica 
permitirá a você compreender o fenômeno da inova-
ção, de modo a ser capaz de identificar os gatilhos 
para que a inovação aconteça, as limitações encon-
tradas por organizações que tendem a inovar em 
processos ou produtos e superar as adversidades em 
prol do estabelecimento de uma cultura de inovação�
Observe as câmeras fotográficas da figura 1a e da 
figura 1b. A primeira delas é uma câmera analógica 
fabricada entre 1958 e 1980� A segunda é uma câ-
mera digital, de uma linha de modelos semiprofissio-
nais produzidos a partir dos anos 2000� No contexto 
da evolução das tecnologias, as câmeras fotográfi-
cas são icônicas por representarem, ao longo dos 
séculos, a descontinuidade de uma tecnologia e a 
substituição por um dispositivo com tecnologia mais 
moderna�
Figura 1: Primeira Câmera fotográfica analógica; Câmera 
fotográfica digital. Fonte: Alex Andrews, Luis Quinteiro por 
Pexels� 
4
Em relação à fotografia, a descontinuidade ocorreu 
sucessivas vezes, desde o uso das câmaras escuras 
do século 18, até o desenvolvimento e populariza-
ção de câmeras de alta resolução embutidas nos 
smartphones� O padrão da evolução tecnológica se 
repete, é aberto um caminho para o estabelecimento 
e amadurecimento de novas oportunidades, e então 
é o fim para algumas tecnologias. 
De acordo com Freeman (1984), há duas teorias para 
a indução das inovações: a primeira teoria explica 
que as inovações acontecem em função de reces-
sões econômicas severas e a segunda indica que, 
em períodos de auge, as tecnologias ficam satura-
das, permitindo assim inovações tecnológicas mais 
radicais� 
A justificativa para a primeira ideia é que, em tempos 
de dificuldades, as empresas precisam se reinventar 
a fim de manter o negócio “de pé”. Como consequên-
cia, novos produtos e novos processos são desenvol-
vidos� Em contrapartida, a saturação das tecnologias 
maduras e o surgimento de novas necessidades dos 
clientes podem resultar em uma vulnerabilidade que 
possibilita a entrada de outras inovações�
Mas você pode se perguntar: por que um produto 
que está no auge tende a ser substituído por uma 
tecnologia nova? Quando um projeto atinge seu auge, 
também chamado de projeto dominante, os lucros se 
tornam mais acentuados e a inovação é geralmente 
interrompida� Isso pode acontecer porque, após o 
processo de inovação, as empresas se concentram 
5
em otimizar o processo de produção e distribuição, 
além de combater os concorrentes contra imitações 
e preços menores (BURGELMAN; CHRISTENSEN; 
WHEELWRIGHT, 2012).
A dinâmica do ciclo da inovação é apresentada na 
figura 2. A construção desse modelo foi baseada na 
competitividade industrial – ele apresenta a taxa de 
inovações em função do tempo nos espectros do 
produto e do processo� No estágio inicial, chamado 
de fase fluida, as empresas buscam desenvolver 
e consolidar um novo produto, podendo descobrir 
novas formas de aplicação de avanços científicos, 
de engenharia, novos dispositivos, algoritmos, ou 
outros� Chegando à fase transitória é alcançada a 
estabilização do produto no mercado, as inovações 
ligadas a esse projeto diminuem e os esforços são 
direcionados para a melhoria do processo produtivo� 
A partir desse ponto, na fase madura, a taxa de ino-
vação do processo e a taxa de inovação do produto 
tendem a se aproximar�
A inovação do processo está relacionada ao de-
senvolvimento de um processo novo ou significa-
tivamente aprimorado, o qual deve ter como base 
a concepção de uma nova tecnologia de produção, 
de equipamentos associados à produção ou até de 
softwares novos com impacto nas atividades que 
suportam a produção (ANPEI, 2013)�
6
Ta
xa
 d
e 
in
ov
aç
õe
s
Fase Fluida Fase Transitória Fase Madura Tempo
Inovação do 
produto Inovação do 
processo
Figura 2: Padrão de inovação do processo e do produto� 
Fonte: Utterback (1996)
Para explicar a evolução da tecnologia, Foster (1988) 
elaborou o conceito das Curvas S. A figura 3 apre-
senta a primeira Curva S, que indica a existência 
de uma relação entre o esforço financeiro de uma 
organização para o desenvolvimento de uma nova 
tecnologia e seu desempenho, em termos de retorno 
do investimento�
7
Esforço �nanceiro
D
es
em
pe
nh
o
Figura 3: Primeira Curva S de Foster� Fonte: Foster (1988)�
Conforme o dispêndio e aporte financeiro em uma 
nova tecnologia aumentam com o passar o tempo, 
e a empresa vai superando as barreiras relativas à 
estabilização do produto no mercado e ao domínio 
da tecnologia, o retorno financeiro tende a aumentar. 
Observe na figura 3 que o chamado Desempenho 
tende a estabilizar, mesmo que o Esforço Financeiro 
continue aumentando� Isso acontece devido à satu-
ração da tecnologia que, em algum momento, pode 
deixar de gerar resultados crescentes para o negócio�
Na segunda Curva S, Foster (1988) incluiu uma nova 
curva ao gráfico, conforme apresentado na figura 4. 
Essa é a primeira representação visual que mostra 
a descontinuidade tecnológica e a abrupta chegada 
de uma tecnologia concorrente�
8
Descontinuidade
tecnológia
Antiga
tecnológia
D
es
em
pe
nh
o
Esforço �nanceiro
Nova
tecnológia
Figura 4: Curvas S de Foster e a descontinuidade� Fonte: 
Foster (1988)
Na figura 4 você pode perceber que, após a antiga 
tecnologia alcançar a estabilização relacionada tanto 
ao desempenho quanto ao esforço financeiro, é che-
gada uma nova tecnologia, opressora e concorrente, 
com potencial de substituir a antiga� Essa nova tec-
nologia passa por um ciclo semelhante ao percorrido 
pela tecnologia anterior, contudo, em patamares mais 
elevados de dispêndio e retorno� É preciso um tem-
po para que a tecnologia promissora comprove ser 
suficientemente boa para condenar a anterior à ob-
solescência, no entanto, ela também está suscetível 
a uma nova descontinuidade tecnológica no futuro�Buscando aplicar as Curvas S à Tecnologia da 
Informação, vamos refletir um pouco sobre o armaze-
namento de dados em meios magnéticos (como dis-
cos rígidos, HD) e porque essas tecnologias resistem 
por tanto tempo em combate contra a concorrência 
9
das memórias flash (como pendrives). O primeiro 
ponto é que a taxa de melhoria do desempenho de 
uma tecnologia não é proporcional ao tempo, ou seja, 
não é porque o tempo passa que a tecnologia me-
lhora, mas é correto afirmar que, conforme o esforço 
de engenharia aumenta sobre determinada tecnolo-
gia, seu desempenho tende a melhorar� O segundo 
ponto está intimamente relacionado ao primeiro e 
também não é porque o tempo passa que a tecno-
logia deteriora e, definitivamente, sucumbirá a uma 
nova tecnologia� O terceiro ponto está relacionado à 
mudança incremental, quando são feitas melhorias 
no desempenho dos componentes construídos para 
uma tecnologia específica, ou quando são feitos refi-
namentos no projeto sob a mesma base tecnológica 
sem mudanças muito significativas (CHRISTENSEN, 
2009)�
A figura 5 apresenta o gráfico elaborado para um 
estudo sobre o impacto do aumento da densidade 
de área de novas unidades de HDs sobre as recei-
tas da empresa� A densidade de área de gravação 
está ligada à capacidade total de armazenamento 
de dados de um disco� Desse modo, quanto maior a 
densidade de área de gravação, maior a capacidade 
de armazenamento em Gigabytes (GB) ou Terabytes 
(TB) em um HD. Analisando o gráfico você perceberá 
que, conforme a densidade de área foi aumentando, 
maior foi a receita da empresa e, sem dúvida, isso só 
ocorreu graças às inovações do processo, do produ-
to, às mudanças incrementais e, principalmente, ao 
esforço de engenharia�
10
Receitas industriais cumulativas
D
en
si
da
de
 d
e 
ár
ea
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
7,0
4,0
2,0
1,0
0,7
0,4
0,2
0,1
400
700
1000
2000
4000
10000
20000
40000
100000
Figura 5: A ação dos esforços de engenharia sobre as recei-
tas da indústria de HDs. Fonte: Christensen (2009)
Nesta seção, você aprendeu sobre os ciclos da ino-
vação e observou como acontece a descontinuidade 
de uma tecnologia e sua substituição por outra mais 
nova� A seguir, você entenderá como formar equi-
pes para trabalharem com inovação e os tipos de 
clientes de projetos ou produtos tecnologicamente 
inovadores�
11
AS EQUIPES INOVADORAS E 
OS CLIENTES DA INOVAÇÃO
O estabelecimento e a disseminação de uma cultura 
de inovação dentro das organizações passam pela 
formação de equipes inovadoras, as quais traba-
lharão para entender as necessidades do mercado 
consumidor e o estabelecimento de um plano para 
a criação de novos projetos� Nesse cenário, foram 
identificados alguns perfis profissionais que não po-
dem faltar dentro das chamadas equipes inovadoras�
Esses papéis ou perfis desempenham funções críti-
cas dentro dos projetos que podem ser assumidas 
pela mesma pessoa, desde que ela possua as habi-
lidades necessárias. A deficiência de determinados 
perfis nessas equipes de trabalho pode comprometer 
o sucesso da equipe e de seus projetos e, provavel-
mente, o recrutamento de novos membros não será 
fácil�
A composição de uma equipe inovadora requer a 
escolha de profissionais para desempenhar funções 
críticas no processo de inovação, com os cinco per-
fis indicados por Roberts e Fusfeld (1980): gerador 
de ideias, campeão, líder do projeto, comunicador e 
patrocinador�
O gerador de ideias tem um perfil especialista em 
alguma área de conhecimento, gosta de trabalhar 
com tarefas inovadoras, geralmente sozinho� Esse 
profissional deve ter habilidade de abstrair, gerar no-
12
vas ideias e, devido às suas habilidades de solucio-
nar problemas, ele deve testar quais das ideias têm 
potencial para serem executadas�
O campeão (ou empreendedor) tem a tendência de 
aplicar as ideias, é uma pessoa determinada, que 
assume riscos, consegue recursos e, devido a seu 
poder de persuasão, convence as outras pessoas da 
organização sobre a viabilidade das ideias, mesmo 
sem um perfil técnico.
O líder do projeto é a pessoa responsável por coor-
denar e motivar a equipe, deve ser capaz de planejar, 
organizar e conseguir os recursos necessários para 
o projeto. Além disso, esse profissional avalia se o 
projeto está caminhando na direção correta, promo-
vendo os necessários alinhamentos entre o objetivo 
do projeto com as necessidades do negócio�
O comunicador provavelmente é a pessoa que tem 
as maiores habilidades técnicas da equipe, é aces-
sível, ajuda os demais colegas do time, coleta as 
informações necessárias ao projeto e garante que 
todos os envolvidos tomem conhecimento sobre o 
que for preciso, assumindo assim um papel de “fonte 
de informação”.
O patrocinador (ou coach) geralmente é a pessoa 
com maior experiência da equipe, conhece bem a 
estrutura da empresa e legitima o projeto inovador no 
contexto da organização� Ele se envolve para ajudar a 
desenvolver novos talentos dentro das equipes com 
as quais trabalha, além de contribuir com a tomada 
de recursos para o projeto�
13
A ausência dessas habilidades (skills) tanto organi-
zacionais quanto pessoais dificulta a execução de 
projetos inovadores, bem como o atingimento dos 
resultados esperados de projetos em andamento� 
Além disso, o excesso de burocracia, a falta de um 
ambiente estimulante e a limitação de recursos pro-
duzem um efeito negativo na inovação (MATTOS, 
2012)�
O impacto da inovação não atinge exclusivamente 
tecnologias antigas, as empresas, e as equipes� Um 
ponto fundamental para a determinação de um proje-
to dominante, a descontinuidade de uma tecnologia, 
ou a disrupção causada por uma nova tecnologia 
estão intimamente ligados aos clientes�
Quando uma nova tecnologia chega ao mercado, os 
clientes decidem assumir o risco de adquirir esses 
novos produtos ou serviços, ou esperar um pouco 
pelo amadurecimento das tecnologias inovadoras� 
Nesse sentido, a forma como os potenciais clientes 
encaram a chegada de uma inovação tecnológica e 
o tempo que eles levam para adotá-la estão relacio-
nados ao modo de classificar os clientes.
No contexto da inovação e das novas tecnologias, 
há cinco tipos de clientes: os entusiastas, os visioná-
rios, os pragmáticos, os conservadores, e os céticos 
(MOORE, 1991)� A proporção dessas cinco catego-
rias, em relação à adoção de novas tecnologias, é 
apresentada na figura abaixo.
14
Mercado
Principal
Mercado
inicial Abismo
Entusia
sta
s
Visi
onário
s
Pragmátic
os
Conse
rva
dores
Cétic
os
Figura 6: Adoção de novas tecnologias pelos clientes� 
Fonte: Adaptado de Moore (2014)
A primeira categoria de clientes são os entusiastas 
das novas tecnologias ou inovadores� São os pri-
meiros a adquirirem as novidades tecnológicas, têm 
prazer em explorar novos produtos e são os primeiros 
clientes que se dedicam a conhecer e a dominar as 
novas tecnologias. Esse público é aficionado por 
tecnologia, adotando-a precocemente, mas corres-
ponde a somente 2,5% dos clientes�
Os clientes visionários são também chamados de 
adeptos iniciais� Considerados revolucionários, eles 
conduzem seu círculo de convivência, ou a empresa 
em que trabalham, a encerrar um ciclo de consumo 
de uma tecnologia antiga, servindo de vanguarda 
para o uso de tecnologias mais recentes� Esse pú-
blico entende que as novas tecnologias podem pro-
porcionar uma vantagem competitiva drástica e re-
presenta 13,5% dos consumidores em geral� Juntos, 
os clientes visionários e os entusiastas são compo-
15
nentes do chamado “mercado inicial”, um público 
que aceita pagar mais caro, se arriscar com as novas 
tecnologias, mas quer ser o primeiro a dominá-las�
Os pragmáticos constituem um público interessado 
em aprimorar os sistemas da empresa em que traba-
lha, sem revoluções muito radicais� Eles se diferen-
ciam dos visionários e inovadores por se conterem, 
em relação ao consumo de novas tecnologias, e se-
rem cuidadosos em tudo que utilizam� Esse público 
consiste em 34%dos clientes, é a maioria inicial do 
mercado principal e prefere adquirir seus produtos 
da empresa líder de mercado, por se sentir mais con-
fiante com ela.
Os clientes conservadores aderem às novas tecno-
logias de modo mais tardio e custam a acreditar que 
produtos e serviços inovadores proporcionem ga-
nhos expressivos para seu negócio� Além de serem 
clientes muito exigentes, não se satisfazem com 
qualquer coisa e se preocupam bastante com os 
preços� Esses clientes também representam 34% 
do público em geral�
Por fim, os retardatários são os clientes céticos, para 
os quais as ações de marketing geralmente não são 
direcionadas, pois eles adquirem as tecnologias so-
mente se não houver outra maneira de executar suas 
tarefas� Essa parcela dos clientes corresponde a 
16% do público�
O que separa o mercado inicial do mercado principal 
– conforme demonstrado na figura 6 – é chamado 
de abismo� Esse abismo é caracterizado pelo grande 
16
distanciamento entre os visionários e entusiastas 
(mais fáceis de serem convencidos), dos pragmáti-
cos e conservadores. O grande desafio para as novas 
tecnologias é superar esse abismo, alcançar a fatia 
majoritária de clientes para se estabelecer como um 
produto dominante no mercado. Esse desafio só é 
superado se a tecnologia resistir à queda expressiva 
do interesse inicial até que o público principal se 
sinta confiante em fazer uso destas novas soluções.
17
FOMENTO À INOVAÇÃO
A chamada Lei do Bem (nº 11�196/2005) é um dos 
principais instrumentos de incentivo à inovação no 
Brasil. Ela oferece incentivos fiscais para empresas 
inovadoras investirem em processos e produtos 
inovadores� Entretanto, essa não é a única regula-
mentação de fomento à inovação no país, uma vez 
que existem várias iniciativas nas esferas federal, 
estaduais e municipais, no âmbito das universidades 
e das empresas que visam ao estímulo das práticas 
inovadoras� Neste capítulo, apresentaremos alguns 
aspectos legais de incentivo à inovação, e você vai 
conhecer um pouco mais sobre instituições de apoio 
financeiro e gerencial aos projetos e as empresas 
inovadoras�
Lei do bem
A lei federal nº 11�196/2005, regulamentada em 2006 
pelo Decreto nº 5�798, apoia as inovações em produ-
tos, processos e serviços, os quais são chamados 
de “inovações tecnológicas”. Essa lei serve como 
um instrumento de promoção da competitividade 
da indústria brasileira, estimulando as práticas ino-
vadoras e concedendo incentivos fiscais a essas 
organizações� Em menos de uma década de aplica-
ção da Lei do Bem, os investimentos privados em 
projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação 
(PD&I) somaram mais de R$ 60 bilhões, sendo que 
o Governo Federal deixou de arrecadar, graças à re-
18
núncia fiscal, aproximadamente R$ 11,5 bilhões, ou 
seja, utilizando o dispositivo da referida lei, o Governo 
deixou de cobrar mais de R$ 11 bilhões de reais, e 
as empresas investiram mais que cinco vezes esse 
valor (ANPEI, 2017)�
As empresas que podem receber os incentivos fiscais 
da Lei do Bem devem contar com projetos de concep-
ção de produtos ou processos novos de fabricação 
ou agregação de novas funções a produtos existen-
tes com ganho real de qualidade ou de produtividade�
As modalidades de incentivos fiscais consistem 
na redução de impostos, depreciação acelerada 
ou integral e amortização acelerada� Em linhas 
gerais, os valores devidos por essas empresas ao 
Governo Federal são diminuídos, em específico, o 
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o 
Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) ou a CSLL 
(Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)� A de-
preciação acelerada ou integral é um mecanismo 
redutor da base de cálculo do IRPJ e CSLL� A amor-
tização acelerada permite a redução de um débito 
já contraído por uma empresa, à medida que ela faz 
os pagamentos periódicos, de forma que a redução 
seja superior à vida útil do bem que teve o pagamento 
parcelado�
A figura 7 apresenta a distribuição por regiões do país 
das empresas participantes dos incentivos à Lei do 
Bem, em 2014� Observe que a região sudeste do país 
concentra a parte majoritária das empresas benefi-
ciárias, sendo as 727 empresas correspondentes a 
19
60% do total� Do ano de 2006, quando a lei passou 
a vigorar, até o ano de 2014, quando o relatório foi 
publicado, a adesão saltou de 130 empresas para 
1�206, representando um aumento superior a 900%�
 
MA - 2
PI - 0
AP - 0
CE - 8
RN - 2
PB - 1
PE - 14
AL - 1
SE - 0
BA - 15
AM - 20
PA - 4
AP - 0
RR - 0
RO - 1
AC - 0
TO - 1
DF - 8
GO - 10
MT - 3
MS - 1
PR - 94
SC - 104
RS - 190
MG - 77
SP - 539
ES - 8
RJ - 103
Figura 7: Distribuição geral das empresas participantes no 
Ano-Base 2014� Fonte: Adaptado de MCTIC/SETEC (2015)
O número expressivo de empresas beneficiárias dos 
incentivos fiscais da Lei do Bem no estado de São 
Paulo se justifica principalmente pelo fato de o es-
tado contar com o maior número de empresas do 
Brasil�
20
Novo marco legal de ciência, 
tecnologia e inovação
O Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e 
Inovação foi regulamentado pelo Decreto nº 9�283, 
de 2018, o qual regulamenta o incentivo à inovação 
e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente 
produtivo brasileiro, para promover a capacitação 
tecnológica, a autonomia tecnológica, e o desen-
volvimento do sistema produtivo nacional e regional 
(BRASIL, 2018)�
A figura 8 apresenta o ecossistema dos principais 
beneficiários do Novo Marco Legal de Ciência, 
Tecnologia e Inovação� Os Institutos de Ciência 
e Tecnologia (ICTs) públicos e privados são ins-
tituições dedicadas ao trabalho com Pesquisa e 
Desenvolvimento (P&D)� Os ICTs podem estar co-
nectados a empresas públicas e privadas para o 
desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e 
processos, assim como receber fundos de agências 
de fomento que incentivam monetariamente a pes-
quisa e a inovação tecnológica�
21
Empresas
privadas
ICT’s
públicos
ICT’s
privados
Órgãos da 
administração pública
direta
Serviços sociais 
autônomos
(Sebrae)
Agência de
fomento
Figura 8: Entidades beneficiadas pelo Novo Marco Legal. 
Fonte: Adaptado de Sebrae (s�d�)
A normativa do Governo Federal estimula a coopera-
ção entre os ICTs e as entidades privadas sem fins 
lucrativos, permitindo que órgãos ligados à admi-
nistração pública, empresas públicas e agências de 
fomento trabalhem colaborativamente em projetos 
inovadores� Para iniciativas que requeiram transporte 
internacional de bens, o Marco Legal simplifica os 
procedimentos de importação, proporcionando mais 
facilidade à internacionalização dos ICTs (SEBRAE, 
s�d�)�
22
Financiamento da inovação 
e apoio gerencial
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações do 
Brasil (MCTI) se articula a variadas agências para o 
oferecimento de recursos financeiros aos projetos 
de inovação tecnológica como o Finep (Financiadora 
de Estudos e Projetos) e o CNPq (Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Para 
atender demandas especiais de crédito, o Ministério 
da Indústria, Comércio Exterior e Serviços também 
conta com programas de apoio financeiro, incluindo 
o financiamento da inovação tecnológica, por meio 
do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico 
e Social (BNDES)�
Finep
O Finep tem o papel de financiar a Ciência, Tecnologia 
e a Inovação (CT&I) no país, como forma de propor-
cionar maior competitividade às empresas brasilei-
ras no mercado global� Para as empresas que têm o 
plano de investir em PD&I, o Finep concede crédito 
mediante a capacidade de pagamento da empresa e 
a geração de caixa dos resultados de seus projetos 
(ANPEI, 2013)�
A figura 9 apresenta um diagrama contento o por-
tfólio de programas de subvenção, investimentos e 
créditos da instituição para empresas de tamanhos 
variados (pequenas, médias e grandes empresas) 
além de startups�
23
Figura 9: Matriz de Programas e Produtos do Finep� Fonte: 
Finep (s�d�)
Alguns dos programas ligados à Tecnologia da 
Informação são o Programa Centelha,Conecta e IoT� 
O programa Centelha é executado de modo descen-
tralizado, com a articulação institucional de entidades 
em 21 estados� O objetivo é disseminar a cultura do 
empreendedorismo inovador mobilizando diversos 
atores de inovação nos ecossistemas locais, estadu-
ais e regionais do país� Os candidatos não precisam 
ter empresa constituídas e podem iniciar o projeto 
individualmente�
24
SAIBA MAIS
Assista ao vídeo sobre o Programa Centelha, no 
qual são explicadas as etapas para a candida-
tura e concorrência aos recursos financeiros do 
programa�
Disponível em: https://youtu.be/_3Fi_wSNmjU�
O programa Finep Conecta visa a promover a coo-
peração entre empresas e ICTs para aprimorar as 
empresas nacionais, promover alinhamento dos obje-
tivos da Ciência Nacional às demandas empresariais, 
incentivando investimentos em pesquisa e desen-
volvimento de projetos de maior risco tecnológico�
O programa Finep IoT tem por objetivo o desenvol-
vimento de novos produtos, processos e serviços 
baseados em tecnologias relacionadas à Internet 
das Coisas com aplicações na saúde, na indústria, 
no agronegócio e no desenvolvimento urbano�
CNPq
O CNPq também conta com um grande portfólio de 
programas de incentivo a P&D, o Programa Institutos 
Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) e o projeto 
Cooperação Internacional�
O RHAE é o Programa de Formação de Recursos 
Humanos em Áreas Estratégicas. Entre 2007 e 2013 
o programa incentivou a inserção de mestres e dou-
tores em empresas privadas de micro, pequeno e 
médio portes�
25
O Programa Institutos Nacionais de Ciência e 
Tecnologia busca promover a inovação e o espírito 
empreendedor a partir de pesquisa científica aplica-
da� Desde sua criação, mais de 200 projetos foram 
contratados, contando com recursos financeiros, 
capacitação e a formação de uma rede de coopera-
ção multidisciplinar (CNPq, s�d�)�
O projeto Cooperação Internacional oferece financia-
mento de projetos e conjuntos de pesquisa, como in-
tercâmbio científico e tecnológico entre instituições, 
o que inclui formação e capacitação de brasileiros 
no exterior, e de estrangeiros no Brasil�
Embrapii
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação indus-
trial (Embrapii) colabora para a promoção da inova-
ção nas empresas, e já apoiou mais de mil projetos 
no país� As áreas de atuação da Embrapii são mecâ-
nica e manufatura, biotecnologia, materiais e quími-
ca, e Tecnologias da Informação e Comunicação� A 
instituição estabelece parcerias estaduais, com as 
Fundações de Amparo e/ou Apoio à Pesquisa, bem 
como com o próprio Finep, CNPq, e bancos regionais 
de desenvolvimento�
A Embrapii possui várias unidades espalhadas pelo 
país, as quais são credenciadas mediante um chama-
mento público (semelhante a um edital)� As unidades 
atuam regionalmente como apoio à indústria local 
em áreas predeterminadas, de acordo com o arranjo 
produtivo local�
26
Em 2016, a Embrapii e a Fundação de Amparo à 
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) divul-
garam as normas para um acordo de cooperação no 
estado de São Paulo, com o investimento previsto 
em R$ 40 milhões de reais (FAPESP, 2016)�
Sebrae e Sebraetec
O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e 
Pequenas Empresas) é uma agência de fomento 
presente em todos os estados brasileiros, direciona-
da ao desenvolvimento de empresas de porte micro 
e pequenas� O Sebrae conta com uma consultoria 
tecnológica especializada, chamada Sebraetec, que 
possibilita o acesso dessas empresas a profissionais 
e outras empresas ligadas à CT&I na forma de ofici-
nas, suporte e aperfeiçoamento tecnológico�
Os serviços oferecidos pelo Sebraetec são prefe-
rencialmente exercidos de forma coletiva, ou seja, 
para um grupo de micro e pequenas empresas de 
determinada região com foco no desenvolvimento 
de um novo processo, produto ou serviço, gerando o 
aumento da competitividade baseado no incremento 
tecnológico�
27
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste módulo você aprendeu sobre os ciclos de ino-
vação e percebeu que os ciclos de Utterback e as 
Curvas S de Foster não colocam as tecnologias em 
um ciclo de condenação ao fracasso, pois os esfor-
ços de melhoria incremental podem garantir vida 
longa às tecnologias que se mantiverem no topo, 
tendo sua presença de mercado preservada, mesmo 
com fortes oponentes, a exemplo dos discos rígidos 
e da memória flash.
Você também observou o impacto da legislação 
como forma de incentivar ações inovadoras em 
empresas, universidades, Institutos de Ciência e 
Tecnologia (ICTs), além do estímulo à cooperação 
de todos esses agentes� 
28
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