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Daniela Villani Bonaccorsi 
Lei 9613/98 
Da Lavagem de Dinheiro 
“Lei Seca” e “Al Capone”– 1920; 
“termo money laundering” 
SEC – Securities and Exchange Commission- 1933/60 
Lei de Controle de Lavagem de Dinheiro (Money Laudering Control 
Act) - 1986 
Origem 
A origem do termo: As “Brigadas Vermelhas” e “Al Capone” 
 
“Na Itália, o crime foi difundido pela ação da máfia, e o “riciclaggio” 
consistiria no complexo de meios através dos quais se oculta a 
existência, a fonte ilegal ou a utilização ilícita de rendimentos, 
transformados para terem a aparência de lícitos. Desde 1978, na 
legislação italiana, a tentativa de combate à ocultação e dissimulação de 
valores obtidos pela prática de crimes, de forma bastante restrita, 
abrangeu condutas referentes à substituição de dinheiro, bens e outros 
valores, constituídos de crimes de receptação por outros bens. Passou a 
se configurar conduta típica diante da dificuldade e obstáculo imposto na 
identificação da origem daqueles bens. (SILVA, 2001, p. 34) 
 
 
 
Nos Estados Unidos, os motivos que levaram à criminalização da lavagem já 
tem origem no início do século XX, quando das primeiras aparições de grupos 
que podem ser considerados organizações criminosas, especialmente as 
máfias. 
Segundo Tigre Maia (1999, p. 26), durante o período em que vigorava no país 
a chamada “Lei Seca”, que proibia a fabricação e comercialização de bebidas 
alcoólicas, surgiu um mercado ilegal de fornecimento de bebidas que 
movimentava milhões de dólares através da exploração de diversas 
organizações criminosas. Essas organizações movimentavam milhões, 
corrompendo fiscais, controlando o mercado ilegal e inserindo o lucro em 
outras indústrias. 
 
 
Pode-se mencionar, dentre as normas preventivas, a Lei de Sigilo Bancário (Bank Secrecy 
Act) de 1970, a qual passou a exigir medidas legais de bancos e de outras instituições 
financeiras, obrigando-as a informar transações com valores superiores a U$ 10.000 (dez 
mil dólares), de forma a tentar buscar os rastros dos valores a serem lavados. Porém, a 
aplicação foi inefetiva, pois as transações passaram a ser feitas com valores um pouco 
inferiores, ou seja, sem registros, sem informações. (STRANGE, 1999, p. 114). 
Outras medidas que também podem ser citadas é a Lei de Controle de Lavagem de 
Dinheiro de 1986, sancionada por Ronald Reagan, medida que incluiu os dispositivos que 
preveem a lavagem de dinheiro, ainda mantidos atualmente. 
 
Origem da Lei Americana e financiamento ao terrorismo 
A tipificação do crime de Lavagem de Dinheiro no Brasil 
Finalidade da tipificação 
 
“[...] a estratégia parece ser a de se enfrentar o crime sob uma perspectiva econômica, vale 
dizer, de se aumentar o custo do crime para obsequiador, já que existe a majoração onde 
penas com a prática de um delito que se soma ao antecedente. Almeja-se, assim, 
desestimular a prática do ilícito inicial, criando-se, com a ameaça da imposição de mais 
punição, condições desfavoráveis, de modo a conduzir o agente para outra direção que não 
seja a do crime.” (OLIVEIRA, 1999, p. 143). 
 
 
O Bem Jurídico no crime de Lavagem de Dinheiro 
Crime precedente 
 
“O entendimento de que o bem jurídico seria o mesmo do crime precedente se fundamenta na 
afirmação de que a lavagem de dinheiro representa um maior perigo ao bem jurídico, este 
determinaria o bem a ser tutelado. O delito de lavagem de dinheiro seria uma verdadeira 
forma de gradação protetora ao bem jurídico amparado no delito antecedente. Como o crime 
precedente é elementar do crime de lavagem de dinheiro, justificaria a proteção jurídica pelo 
bem jurídico anterior” (ARÁNGUEZ SÁNCHEZ, 2000, p. 81). 
 
 
Administração da Justiça 
 
Pelo fato de que a lavagem de dinheiro seria a utilização de meios para impossibilitar e 
ocultar a origem ilegal dos valores, garantindo a impunidade e evitando a ação da justiça. 
Como o crime de lavagem, seria uma forma de camuflar, limpar o crime anterior; seria uma 
forma de enganar a administração da justiça. Justifica-se, ainda, o bem jurídico 
administração da justiça, porque o crime de lavagem de dinheiro somente teria tido sua 
tipificação para que o Estado pudesse, de alguma forma, responsabilizar os agentes dos 
crimes precedentes, e, desse modo, “contribuir para que esses crimes não sejam 
esquecidos e colocados no ostracismo jurídico” (ANTOLISEI, 2002, p. 446), 
 
Ordem Econômica 
 
A lavagem de dinheiro, da forma como é tipificada, ao trazer a movimentação de valores 
desconhecidos, pode produzir efeitos que afetam o regular andamento da economia e 
política econômica do Estado, uma vez que pode gerar movimentações no sistema 
financeiro que geram instabilidade a ponto de afetar juros, taxas cambiárias e controle de 
atividades financeiras de valores que circulam em instituições financeiras. O processo de 
branqueamento pode produzir alterações na ordem econômica como com a integração no 
mercado financeiro de recursos obtidos a um custo consideravelmente inferior ao das 
atividades lícitas; a incidência massiva sobre determinados setores econômicos 
especialmente favoráveis à canalização de tais recursos; o controle de determinados 
âmbitos da economia e a conivência progressiva e interessada de agentes econômicos, 
profissionais e até funcionários. (DÍEZ RIPOLLÉZ, 1994, p. 60). 
Termo utilizado 
 
Gerações da Lei 
 
A legislação brasileira optou, como mencionado, inicialmente pelo segundo modelo, 
conforme Exposição de Motivos 692 (PLS nº 209/2003 e PL nº 3443/2008), que vincula o 
Brasil nos países de segunda geração, ao exigir prévia infração penal para sua 
caracterização. Mas, apesar de delimitar os crimes precedentes, ao mesmo tempo também 
admite qualquer modalidade de crime praticado por organização criminosa para sua 
caracterização, de forma a trazer um rol mais abrangente. Adotou-se um sistema, portanto, 
peculiar, podendo-se utilizar a caracterização de sistema misto. (PRADO, 2004, p. 248). 
“LEI Nº 9.613, DE 3 DE MARÇO DE 1998. Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e 
valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de 
Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
 
CAPÍTULO I- Dos Crimes de "Lavagem" ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores. 
 
Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, 
direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime: I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes 
ou drogas afins; II – de terrorismo e seu financiamento; (Redação dada pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003) III - de 
contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção; IV - de extorsão mediante 
sequestro; V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos; 
VI - contra o sistema financeiro nacional; VII - praticado por organização criminosa. VIII – praticado por particular 
contra a administração pública estrangeira (arts. 337-B, 337-C e 337-D do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 – Código Penal). (Inciso incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) 
Pena: reclusão de três a dez anos e multa”. (BRASIL, 1998). 
 
O conceito do crime de lavagem de dinheiro 
“Define-se como infração penal a lavagem dos produtos ou dos ganhos provenientes das 
infrações penais constantes dos arts. 1 a 6. Por lavagem se entenderá: (a) a conversão ou a 
transferência de bens procedentes de algumas das atividades contempladas no item 
precedente, ou a participação em uma dessas atividades, com a finalidade de dissimular ou 
de ocultara sua origem ilícita ou de auxiliar qualquer pessoa implicada na citada atividade a 
elidir as consequências jurídicas de seus atos; (b) a dissimulação ou a ocultação da natureza, 
origem, situação, disposição, movimento ou propriedade reais dos bens ou dos direitos a eles 
relativos procedentes de uma das atividades criminais contempladas no item precedente ou a 
participação em uma delas” (art. 7.1). (GALVÃO; TOMI, 1999, p.9). 
 
Definição: 
 
“processo de ocultação ou modificação de valores provenientes de crimes anteriores. O suposto autor do crime, 
visando ocultar e fazer livre uso de valores ilícitos utilizaria de uma série de artifícios para lhe dar uma aparência 
de “lícito”, ou seja, para “lava-lo”. 
 
Bem Jurídico 
 
Requisitos formais- crimes precedentes 
 
Crimes de 1ª geração 
Crimes de 2ª geração 
Crimes de 3ª geração 
 
Projeto de Reforma do Código Penal 
A inserção do crime de Lavagem de Dinheiro 
 
Lei 9613/98 
Tipo Objetivo 
 
1) Colocação ou “Pré-Lavagem”; 
2) Ocultação, acomodação ou estratificação ou 
“Lavagem”; 
3) Integração ou “Pós-Lavagem” 
 
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI 
 
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
https://www.youtube.com/watch?v=ez6xH-su2xI
Meios de Execução de Lavagem de Dinheiro 
 
-Mescla ou “Commingling” 
-Superfaturamento 
-“Empresa Fantasma” e de “fachada” 
-Jogos e sorteios 
-Obras e Objetos de Arte 
 
 
 
“os centros off-shore, centros bancários extraterritoriais não submetidos ao 
controle das autoridades administrativas de nenhum país e, portanto, isentos 
de controle”. (SANTOS, 2002), empresas ou filiais de empresas 
estabelecidas em outros países que restam, em tese, administrar 
“investimentos” financeiros. 
A tradução literal de off-shore é “litoral” ou “fora da costa” . São utilizadas 
pelos agentes, na maioria das vezes, na primeira fase da lavagem e, mesmo 
em havendo justificação comercial para sua existência e legalidade no que 
tange à sua criação, estão frequentemente ligados a operações criminosas” 
 
 
Paraísos Fiscais 
 
Os paraísos fiscais tornam-se atrativos aos lavadores de dinheiro não pela vantagem fiscal 
oferecida, mas fundamentalmente por contarem com regras extremamente atraentes de 
sigilo bancário, pouca supervisão de bancos, pouca fiscalização de empresas e permissão 
para constituição de certos tipos de estruturas jurídicas empresariais que tornam muito 
difícil a identificação dos reais proprietários e beneficiários, diz Gerson Luís Romantini, no 
seu trabalho desenvolvido na Unicamp. 
 
 
No Brasil, os paraísos fiscais representam, em 2001, 17% dos investimentos estrangeiros 
diretos, ou US$ 21, 239 bilhões. Dos 40 países que investem aqui, 17 são enquadrados 
nessa categoria, sem contar o Uruguai. A maior parte é dinheiro de brasileiros lavado em 
operações fraudulentas, retornando ao país disfarçado como investimento. No sentido 
contrário, os recurso remetidos ao exterior por brasileiros têm como destino preferencial as 
ilhas Cayman, arquipélago realmente paradisíaco situado no Caribe. Com apenas 45 mil 
habitantes, o país tem quase 600 bancos, com mais de US$ 460 bilhões em depósitos, 
além de 8 mil companhias registradas. Muitas destas empresas, dizem especialistas, não 
passam de caixas postais. Os capitais verde-amarelos depositados lá chegam a US$ 19, 
621 bilhões. (KISCHINHEVSKY citado por MENDRONI, 2006, p. 71). 
Empresa Fantasma 
“Mescla” 
Transação Imobiliária fraudulenta 
 
Na transação imobiliária fraudulenta o agente da lavagem de dinheiro adquire propriedade 
com recursos de origem ilícita no pagamento, mas declara valor significativamente inferior 
ao valor real. A diferença ao comprador, em espécie, é ocultada e, com a posterior 
avaliação de bem superior, alegam-se realizações de benfeitorias e reformas no imóvel 
(BARROS, 2004, p. 70). Após a transação de compra do imóvel, este será vendido pelo 
lavador pelo seu valor real, assim, o lucro auferido através da prática criminosa será 
devidamente justificado. 
 
Compra de bilhetes sorteados 
 
A compra de bilhetes sorteados, com o fim de lavar dinheiro, consiste na 
compra de bilhetes, com a intervenção de funcionários da Caixa Econômica 
Federal ou banco responsável pelo pagamento do prêmio; dessa forma, 
valores declarados seriam justificados como ganhos na loteria, jogos etc. Há 
uma manipulação das premiações e a realização de alto número de apostas 
em determinada modalidade e jogo, para fechar as combinações. Nesse 
caso o funcionário paga o valor do bilhete para o verdadeiro ganhador, mas 
registra o nome do agente da lavagem. (MENDRONI, 2006, p. 76). 
 
Antiquários e joalheria 
 
Objetos e prestação de serviços de difícil avaliação são frequentemente utilizados como 
lavagem de dinheiro. Um objeto de arte, de antiguidade, a prestação de serviços de um 
advogado, de um publicitário, são de difícil avaliação e não possuem tabela ou preço fixo, 
mas imensa variação, em que se afirma a aquisição de bem ou serviços por um 
determinado valor e, após declará-lo bem inferior, revende-o pelo mesmo valor da compra. 
 
 
“A realização das operações ou a verificação das situações abaixo descritas, considerando as 
partes envolvidas, os valores, as formas de realização, os instrumentos utilizados ou a falta de 
fundamento econômico ou legal, podem configurar indício de ocorrência dos crimes previstos na 
Lei n. 9.613, de 03.03.98, tendo em vista o disposto nos arts. 2., parágrafo único, e 4., "caput", da 
Circular n. 2.852, de 03.12.98: I - situações relacionadas com operações em espécie ou em 
cheques de viagem: a) movimentação de valores superiores ao limite estabelecido no art. 4., 
inciso I, da Circular n. 2.852/98, ou de quantias inferiores que, por sua habitualidade e forma, 
configurem artifício para a burla do referido limite; b) saques a descoberto, com cobertura no 
mesmo dia; c) movimentações feitas por pessoa física ou jurídica cujas transações ou negócios 
normalmente se efetivam por meio da utilização de cheques ou outras formas de pagamento; d) 
aumentos substanciais no volume de depósitos de qualquer pessoa física ou jurídica, sem causa 
aparente, em especial se tais depósitos são posteriormente transferidos, dentro de curto período 
de tempo, a destino anteriormente não relacionado com o cliente; e) depósitos mediante 
numerosas entregas, de maneira que o total de cada depósito não é significativo, mas o conjunto 
de tais depósitos o é; f) troca de grandes quantidades de notas de pequeno valor por notas de 
grande valor; 
 
 
g) proposta de troca de grandes quantias em moeda nacional por moeda estrangeira e vice-
versa; h) depósitos contendo notas falsas ou mediante utilização de documentos falsificados; i) 
depósitos de grandes quantias mediante a utilização de meios eletrônicos ou outros que evitem 
contato direto com o pessoal do banco; j) compras de cheques de viagem e cheques 
administrativos, ordens de pagamento ou outros instrumentos em grande quantidade - 
isoladamente ou em conjunto -, independentemente dos valores envolvidos, sem evidências de 
propósito claro; 
l) movimentação de recursos em praças localizadas em fronteiras; 
 
“Smurfing” 
 
A transferência eletrônica de fundos é qualquer transferência de fundos iniciada por meios ele- 
trônicos, por computador, por caixa eletrônico, terminal eletrônico, celular, telefone ou fita 
magnética. Em geral, quandoalguém quer transferir dinheiro rapidamente de uma conta para 
outra, a pessoa faz uma transferência eletrônica de fundos, o que pode ocorrer dentro de um país 
ou de um país para o outro, fazendo com que trilhões de dólares sejam transferidos em milhões de 
operações, todos os dias. 
 
 
Circular 3280 de 05 que instituiu o RMCCI (Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais 
Internacionais) 
 
- até 29.06.95 qualquer transferência de moeda nacional ou estrangeira deveria ocorrer 
exclusivamente por transferência bancária; 
- a partir de 30.06.05 as transferências internacionais em valores inferiores a R$10.000 podem 
ocorrer em espécie e independentemente de qualquer declaração ao Bacen, ressalvados os casos 
em que esses valores gerarem um depósito superior a 100 mil dólares. Se igual ou superior a 10 
mil reais por transferência em conta de instituições financeiras ou venda de cambio. 
CONTAS NO EXTERIOR 
 
Realizam suas atividades bancárias em países nos quais não residem. Seus ativos podem ser 
movi- mentados internacionalmente, onde são detidos em nome de sociedades constituídas em 
paraísos fiscais. (private investment companies – PICs), offshore, shell company. 
 constituída para assegurar o sigilo dos clientes, bem como por motivos tributários e de 
investimento. As leis de sigilo dos paraísos fiscais nos quais estas sociedades são constituídas 
facilitam a ocultação da verdadeira identidade de seus proprietários legítimos/controladores (ou 
cujos nomes não aparecem nos respectivos registros). Além disso, algumas destas sociedades 
são constituídas por sócios “simbólicos”, que detêm a titularidade da sociedade em benefício de 
pessoas físicas cuja identidade não é divulgada, e que às vezes estão su- jeitos ao sigilo 
profissional do advogado, ou às demais proteções jurídicas. Muitos private bankers constituem 
estas sociedades em nome de seus clientes, através de sociedades de trust afiliadas em paraísos 
fiscais offshore. 
 
 
Off-shore 
 
Uma "offshore" é uma pessoa jurídica constituída no exterior, na maioria das vezes em "paraísos 
fiscais", estes entendidos como países (locais) que propiciam privilégios tributários ou guardam 
sigilo quanto à composição societária das empresas. Importante ressaltar que nem todas as 
“offshore” são criadas com objetivos ilícitos, muitas destas surgem de planejamentos tributários 
lícitos. As empresas “offshore” conseguem obter inscrição no CNPJ para exercerem atividade 
econômica no Brasil sem a necessidade de identificar as pessoas físicas caracterizadas como 
beneficiários finais das operações. 
Não há lei obrigando tais empresas a identificarem seus verdadeiros donos, pessoas físicas, o que 
inviabiliza a responsabilização tributária e penal destes. 
CARTÃO DE CRÉDITO 
 
O lavador de dinheiro paga antecipadamente seu cartão de crédito usando fundos ilegais que já 
foram introduzidos no sistema bancário, criando, assim, saldo positivo em sua conta. Josh então 
solicita a restituição de crédito, que permite que ele dê continuidade à ocultação da origem dos 
fundos (segunda fase da lavagem: ocultação). Josh então usa o dinheiro ilegal que colocou em 
sua conta bancária e a restituição do cartão de crédito para pagar a cozinha planejada que acaba 
de comprar. Por meio destes passos, Josh consegue integrar seus recursos ilegais no sistema 
financeiro. 
Um lavador de dinheiro poderia depositar recursos obtidos ilegalmente em bancos offshore, para 
depois ter acesso a estes recursos usando cartões de saque/débito e de crédito associados à 
conta offshore. 
 
“doleiro” ou dolar cabo 
“criadas, em 1969, por um documento do Banco Central chamado “Carta Circular 5”, por isso 
acabaram conhecidas como CC5. São contas especiais, mantidas no Brasil por brasileiros que 
moram no exterior. O objetivo inicial era que o titular, ao vir ao Brasil, depositasse o dinheiro em 
moeda nacional (atualmente em reais) e, ao voltar ao exterior, pudesse sacar o dinheiro em moeda 
estrangeira. Portanto, era possível, por meio da CC5, trocar reais por qualquer outra moeda. 
Posteriormente, foi permitido que outras pessoas, desde que devidamente identificadas, 
depositassem nas CC5 para que o dinheiro fosse sacado pelo titular no exterior. As CC5 
continuaram sendo usadas para remessas ilegais, por isso, em 2005, depois do escândalo 
envolvendo o Banestado, o governo restringiu ainda mais a utilização das CC5..”(FORNAZARI JR, 
Milton. Evasão de divisas: breves considerações e distinção com o crime de lavagem de dinheiro, 
2008) 
Meios de Execução de Lavagem de Dinheiro 
 
-Mescla ou “Commingling” 
-Superfaturamento 
-“Empresa Fantasma” e de “fachada” 
-Jogos e sorteios 
-Obras e Objetos de Arte 
 
 
 
Mecanismos de Prevenção 
COAF- art. 9º Lei 12.683/12 
Com relação às medidas preventivas, a legislação brasileira, ao designar 
autoridades competentes apropriadas para supervisionar as instituições 
financeiras, cumpre os requisitos para uma maior vigilância de atividades 
financeiras suspeitas ou incomuns, ou ainda transações envolvendo 
jurisdições com regimes deficientes de combate à lavagem de dinheiro e 
ao financiamento ao terrorismo. A conservação de documentos, os 
dispositivos legais, a execução da lei e a autoridade dos supervisores 
para aplicar sanções são bastante abrangentes, além de estar mostrando 
ótimos resultados. (COAF, 2012). 
 
 
 
Alterações pela Lei nº 12683/12 
 
Dever de obrigatoriedade: um rol de pessoas obrigadas a informar ao COAF ou ao órgão 
competente, toda atividade que gere grande movimentação de valores, ou que, 
principalmente, não possuam valores pré-fixados, podendo gerar superfaturamentos. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
https://www.youtube.com/watch?v=g4kWw9XeFGQ
Práticas Suspeitas – art. 9o Lei 9613/98 
 
- a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional 
ou estrangeira; 
 – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do 
mercado de balcão organizado; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012); as seguradoras, as 
corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de capitalização; 
- as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, 
consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, 
(...): (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) 
- pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, 
agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposições 
ou eventos similares; (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012); - as empresas de transporte e guarda 
de valores; (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012); - as pessoas físicas ou jurídicas que 
comercializem bens de alto valor de origem rural ou animal ou intermedeiem a sua 
comercialização; e (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) 
 
 
 
Mecanismos de Controle 
Art. 11. da Lei 9613/98 
dever de informação e sérios indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-
se; 
- Dever de comunicar às autoridades competentes; Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal 
ato a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 (vinte e 
quatro) horas, a proposta ou realização (...) (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
 
O domínio “funcional x exceção à presunção de inocência 
Art. 11. As pessoas referidasno art. 9º: 
I - dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções 
emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios 
indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se; 
II - deverão comunicar, abstendo-se de dar aos clientes ciência de tal ato, no 
prazo de vinte e quatro horas, às autoridades competentes: 
II - deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato a 
qualquer pessoa, inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 
24 (vinte e quatro) horas, a proposta ou realização: 
 
 
“Quando há vários concorrentes, tem-se de esclarecer qual a carga de aporte de 
cada um deles para a cadeia causal do crime imputado. Caso contrário, será 
impossível aplicar a teoria monista contida no artigo 29 do Código Penal. 
Entretanto, diversa a situação quando se apontam comportamentos típicos praticados 
por uma pessoa jurídica. Aí, necessário apenas verificar pelo contrato social ou, na 
falta deste, pela realidade factual, quem detinha o poder de mando no sentido de 
direcionar as atividades da empresa. 
 
O propósito da conduta criminosa é de quem exerce o controle, de quem tem poder 
sobre o resultado. Desse modo, no crime com utilização da empresa, autor é o 
dirigente ou dirigentes que pode evitar que o resultado ocorra. Assim, o que se há de 
verificar, no caso concreto, é quem detinha o poder de controle da organização e o 
dever de informação para o efeito de decidir pela consumação do delito. Nesse estreito 
âmbito da autoria nos crimes empresariais, é possível afirmar que se opera uma 
presunção relativa de autoria dos dirigentes”. (AP 470, fls. 52776) “

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