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1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEPÇÃO SOBRE A SAÚDE E A DOENÇA. 
Pode parecer evidente afirmar que a saúde de uma pessoa está associada à ausência de doença. 
Embora essa perspectiva não seja completamente equivocada, o conceito de saúde pode ser ainda 
mais amplo, principalmente levando em consideração o que pode provocar o surgimento das 
doenças. 
Durante muito tempo, a saúde foi entendida simplesmente como o estado de ausência de doença. 
Considerada insatisfatória, essa definição foi substituída por outra, que engloba bem-estar físico, 
mental e social. Embora mais abrangente, o novo conceito não está livre de dificuldades, sobretudo 
quando se leva em conta a legitimidade dos movimentos que defendem a ‘saúde para todos’. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença, 
mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. 
Essa definição é válida oficialmente até os dias de hoje e tem recebido, desde a sua formulação, 
críticas e reflexões de muitos profissionais, pesquisadores e outros protagonistas da área da saúde. 
Esses profissionais, de modo geral, classificam-na como utópica e não operacional, caracterizando-
a mais como uma declaração do que propriamente como uma definição (NARVAI et al., 2008). 
A Constituição Federal do Brasil, 1988, em sua seção sobre saúde (Art. 196), define-a nos 
seguintes termos: “A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. 
A concepção de saúde estabelecida na Lei Orgânica de Saúde (LOS), nº 8.080, de 19 de setembro 
de 1990, busca transcender aquela proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Essa 
definição é mais abrangente, pois explicita os fatores determinantes e condicionantes do processo 
saúde-doença. 
Assumido o conceito da OMS, nenhum ser humano (ou população) será totalmente saudável ou 
totalmente doente. Ao longo de sua existência, viverá condições de saúde/doença, de acordo com 
as suas potencialidades, suas condições de vida e a sua interação com elas. 
A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas, pois quem 
estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim, os valores e sentimentos 
expressos pelo corpo subjetivo que adoece. 
Vamos tratar brevemente dos diferentes modelos explicativos do processo saúde-doença e do 
cuidado para entender como esse tema se faz presente desde a Antiguidade. Além disso, vamos 
nos reportar aos modelos para apontar diferentes concepções que se complementam, buscando 
indicar, sempre que possível, os avanços e as limitações explicativas referentes a cada um deles. 
Esse panorama histórico vai ajudá-lo a entender proximidades e disparidades com as concepções 
de saúde, doença e cuidado da atualidade. 
As abordagens conceituais sobre saúde propõem explicar a origem e a disseminação das doenças 
nas populações humanas. Ao longo da história, a busca humana por compreender os processos e 
os fatores determinantes do adoecimento e da mortalidade tem sido constante, visando retardá-los 
ou preveni-los pelo maior tempo possível. Conforme o conhecimento científico evolui, novas formas 
de explicação para esses fenômenos foram desenvolvidas. 
Podem-se destacar cinco principais modelos explicativos (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 
2006): 
1. modelo biomédico; 
2. modelo processual; 
3. modelo sistêmico; 
4. modelo mágico-religioso; 
5. modelo de determinação social da doença. 
Cada uma dessas concepções incorpora distintos conhecimentos científicos em diversas épocas 
históricas. A ideia de que era atribuição dos deuses determinar o estado de doença e cura nos 
seres humanos deu origem ao chamado modelo mágico-religioso. Esse modelo também é 
caracterizado pela associação entre pecado e doença, bem como redenção e cura. 
Platão, Aristóteles e Demócrito acreditavam que o homem era formado pelo corpo e pela alma e 
que, desse modo, a relação com o meio afetava o seu estado de saúde. Hipócrates postulou a 
existência dos humores (bile amarela, bile negra, fleuma e sangue) para explicar o desequilíbrio ao 
qual o homem estava sujeito (BARROS, 2002). 
Apesar de não ser predominante, o modelo mágico-religioso continua a influenciar a concepção 
contemporânea de saúde. Segmentos religiosos de diversas culturas preservam práticas voltadas 
para a proteção ou tratamento de doenças. No contexto brasileiro, é bastante frequente a presença 
de benzedeiras, cerimônias de cura, cirurgias espirituais, manipulação de energias, o uso de patuás 
ou amuletos, o cumprimento de promessas e uma variedade de rituais associados à preservação 
da saúde. 
O saber clínico, racionalizado e experimental, trouxe uma nova forma de compreender a saúde. 
Nesse contexto de grandes descobertas, Descartes propôs que o corpo e a mente deveriam ser 
estudados de forma separada, sendo o corpo analisado pela medicina e a mente estudada pela 
religião e pela filosofia. Esse modelo separatista de pensar o fenômeno do adoecimento foi 
fortalecido pelas descobertas de Pasteur e Virchow em seus trabalhos com micro-organismos 
(BARROS, 2002). 
O modelo biomédico tem como abordagem a patogenia e a terapêutica, classificando as doenças 
segundo a forma e o agente patogênico. Assim, pode-se caracterizar esse modelo como individual, 
curativo, centrado na figura do médico, fragmentado, especialista e hospitalocêntrico (ALMEIDA 
FILHO; ROUQUAYROL, 2006). 
A medicalização da sociedade, marcada pelo consumo abusivo de tecnologias médicas (exames, 
intervenções, medicamentos), faz-se presente em todos os níveis de complexidade do sistema de 
saúde e nas diferentes classes sociais e, por vezes, tenta substituir a escuta qualificada e a 
avaliação clínica. 
Diante da ampliação do conceito de saúde e da compreensão de que fatores políticos, sociais, 
ambientais e comportamentais desempenham papéis significativos nos estados de adoecimento, a 
promoção de saúde emerge como uma abordagem que transcende os serviços assistenciais e 
compromete-se com a determinação da doença, sendo fundamentalmente intersetorial. 
Ao contrário do conceito de prevenção, a promoção da saúde não se limita a uma doença 
específica, mas busca aprimorar a saúde e o bem-estar geral da população (CZERINA, 2003). A 
noção de que a saúde está intrinsecamente ligada à qualidade de vida ganhou destaque durante a 
Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde, realizada no Canadá em 1986. Como 
resultado desse evento, a Carta de Ottawa foi concebida, exercendo impacto significativo na 
concepção e na regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. 
A definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) estipula que as iniciativas de promoção da 
saúde englobam programas, políticas e atividades que devem ser duradouros, imparciais, 
abrangentes em suas estratégias, e alinhados aos princípios de capacitação individual e 
comunitária. Essas iniciativas também devem incorporar a participação popular nas etapas de 
planejamento, implementação e avaliação; adotar uma perspectiva holística da saúde, 
considerando os aspectos físicos, mentais, sociais e espirituais; e fomentar a colaboração 
intersetorial entre agências de diferentes setores relacionados (OMS, 1998). 
No Brasil, o tema de promoção da saúde, o conceito ampliado de saúde e os determinantes sociais 
estão contemplados na Constituição Federal de 1988, na Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/1990 e 
em vários outros documentos (BRASIL, 2010). Em 2006, foi lançada a Política Nacional de 
Promoção da Saúde (PNPS), que propõe a articulação sujeito/coletivo, público/privado e 
Estado/sociedade para a redução do risco e do dano no processo de adoecimento (BRASIL, 2010). 
Dessa forma, é possível afirmar que a promoção da saúde, como um componenteessencial para 
a equidade, deve estar integrada à comunidade e à unidade de saúde, por meio de ações 
contextualizadas de acordo com as necessidades específicas do território. 
2 HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS 
A busca por explicações causais no processo saúde-doença conduziu à formulação da História 
Natural das Doenças, também conhecida como modelo processual dos fenômenos patológicos. 
Em 1976, Leavell e Clark consolidaram esse modelo ao definir a história natural da doença como 
o conjunto de processos interativos que desencadeiam o estímulo patológico no ambiente, 
passando pela resposta do organismo ao estímulo, até as alterações que resultam em defeito, 
invalidez, recuperação ou morte (LEAVELL; CLARK, 1976; APUD ALMEIDA FILHO; 
ROUQUAYROL, 2002). 
O propósito do modelo é monitorar o processo saúde-doença em sua regularidade, considerando 
as inter-relações entre o agente causador da doença, o hospedeiro e o ambiente, bem como o 
desenvolvimento da doença. Essa sistematização contribui para a compreensão dos diferentes 
métodos de prevenção e controle de doenças. 
O sistema da história natural das doenças possui uma dimensão predominantemente qualitativa, 
dividindo o ciclo do processo saúde-doença em dois momentos sequenciais: o pré-patogênico e o 
patogênico. O primeiro, também conhecido como período epidemiológico, aborda a interação entre 
os fatores do agente, do hospedeiro e do meio ambiente. O segundo ocorre quando o indivíduo 
entra em contato com um estímulo externo, manifesta sinais e sintomas, e busca tratamento. O 
período pré-patogênico permite ações de promoção da saúde e proteção específica, enquanto o 
período patogênico abrange a prevenção secundária e terciária. 
A proposta de sistematização no modelo da História Natural das Doenças influenciou a estruturação 
do cuidado em diversos níveis de complexidade, considerando variações em termos de recursos e 
intervenções. Ao contemplar a perspectiva de evitar óbitos, esse modelo apresenta diversas 
oportunidades de prevenção e promoção da saúde, incluindo a interrupção da transmissão, a 
prevenção de casos e a promoção de uma vida com qualidade. 
Um modelo que descreve as fases que um processo saúde-doença pode percorrer desde o seu 
início até o desfecho, abrangendo diferentes estágios. As principais fases da História Natural da 
Doença são (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018): 
Fase Pré-patogênica (ou Período Epidemiológico): ocorre a interação entre os fatores do agente 
causador da doença, do hospedeiro (indivíduo suscetível) e do ambiente. 
O objetivo é identificar e entender os elementos que podem levar ao surgimento de uma doença 
antes mesmo de ela se manifestar clinicamente. 
Ações de promoção da saúde e proteção específica são realizadas durante essa fase para prevenir 
o desenvolvimento da doença. 
Fase Patogênica: inicia quando o agente causador interage com um hospedeiro suscetível, 
resultando na manifestação de sinais e sintomas. 
O período patogênico pode ser subdividido em estágios, como o período de incubação, o período 
prodromal (início dos sintomas) e o período clínico (manifestação completa da doença). 
Durante essa fase, intervenções de prevenção secundária (diagnóstico precoce e tratamento) e 
prevenção terciária (reabilitação e prevenção de complicações) são realizadas. 
Fase de Resolução ou Desfecho: envolve o desfecho do processo saúde-doença, que pode incluir 
recuperação total, sequelas, invalidez, cronicidade ou óbito. 
Ações de reabilitação e prevenção de complicações são frequentemente implementadas nessa 
fase. 
É importante destacar que nem todos os processos saúde-doença seguem rigidamente essas 
fases. Esse modelo é uma ferramenta conceitual que ajuda a compreender e abordar a dinâmica 
de diferentes condições de saúde. Além disso, intervenções podem ser implementadas em várias 
fases para influenciar o curso da doença e melhorar os desfechos para os indivíduos e 
comunidades. 
O modelo de Leavell e Clark categoriza a prevenção em três níveis: primário, secundário e terciário. 
No nível primário, que sustenta a existência de uma prevenção primária, destaca-se a promoção 
da saúde como uma das estratégias. É relevante destacar que, nesse modelo, a ênfase central 
está na prevenção da doença. Portanto, o modelo aborda, na realidade, a doença e não a saúde. 
A promoção da saúde, mencionada, está relacionada à abordagem positiva da saúde e não ao 
oposto da doença. 
Prevenção primária refere-se às medidas adotadas para eliminar causas e fatores de risco 
relacionados a um problema de saúde, tanto em nível individual quanto populacional, antes que 
uma condição clínica se desenvolva. Inclui iniciativas de promoção da saúde e ações específicas 
de proteção, como imunização e orientações sobre atividade física para reduzir a probabilidade de 
desenvolvimento de certas condições, como a obesidade, por exemplo. 
Prevenção secundária envolve a identificação de um problema de saúde em estágio inicial, muitas 
vezes quando ainda está subclínico, em um indivíduo ou na população. Essa abordagem facilita o 
diagnóstico precoce, o tratamento eficaz e a redução ou prevenção da disseminação do problema, 
minimizando os efeitos de longo prazo. Exemplos incluem programas de rastreamento e 
diagnóstico precoce. 
Prevenção terciária consiste em ações destinadas a reduzir os danos funcionais decorrentes de um 
problema agudo ou crônico em um indivíduo ou na população. Isso abrange atividades de 
reabilitação, como a prevenção de complicações associadas a certas condições, como diabetes ou 
a reabilitação de pacientes após um infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. 
Prevenção quaternária, conforme definido pelo dicionário da World Organization of Family Doctors 
(WONCA), refere-se à identificação de indivíduos em risco de intervenções, diagnósticos e/ou 
tratamentos excessivos, visando protegê-los de intervenções médicas desnecessárias e sugerir 
alternativas eticamente aceitáveis. 
3 DETERMINAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
A saúde, a doença e o cuidado são determinados socialmente, variando conforme os tempos, os 
lugares e as culturas, o que implica dizer que a organização das ações e serviços de saúde e das 
redes de apoio social precisa ser planejada e gerida de acordo com as necessidades da população 
de um dado território (CRUZ, 2011). 
O processo saúde-doença é um conceito central da proposta de epidemiologia social, que procura 
caracterizar a saúde e a doença como componentes integrados de modo dinâmico nas condições 
concretas de vida das pessoas e dos diversos grupos sociais; cada situação de saúde específica, 
individual ou coletiva, é o resultado, em dado momento, de um conjunto de determinantes 
históricos, sociais, econômicos, culturais e biológicos. A ênfase, nesse caso, está no estudo da 
estrutura socioeconômica, a fim de explicar o processo saúde-doença de maneira histórica, mais 
abrangente, tornando a epidemiologia um dos instrumentos de transformação social 
(ROUQUAYROL, 1993) 
O conceito de saúde vem sofrendo mudanças, por ter sido definido como “estado de ausência de 
doenças”; foi redefinido em 1948, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como “estado de 
completo bem-estar físico, mental e social”, passando de uma visão mecânica da saúde para uma 
visão abrangente e não estática do processo saúde-doença (CRUZ, 2011). 
Desde a década de 1970, há uma crescente preocupação em compreender os fatores que 
influenciam a saúde ou a perda dela. O modelo holístico de Laframbroise, originado no Canadá em 
1976, propôs que o estilo de vida, as condutas de saúde, a biologia humana, o meio ambiente e a 
assistência sanitária constituem fatores determinantes da saúde (LAFRAMBROISE, 1976). 
No final da década de 1990, Tarlov introduziu um modelo que abrange cinco níveis de determinação 
social da doença, indo do nível individual ao coletivo (TARLOV, 1999): 
• Biológico, físico e psíquico;• Estilo de vida; 
• Determinantes ambientais e comunitários (família, escola, emprego e outros); 
• Determinantes ambientais físicos, climáticos e de contaminação ambiental; 
• Estrutura macrossocial, política e percepção populacional. 
Segundo o autor, a assistência à saúde não é vista como determinante da saúde, mas sim como 
uma estratégia reparadora (TARLOV, 1999). Atualmente, o modelo de Dahlgren e Whitehead é o 
mais estudado no Brasil, estabelecendo níveis de determinantes que vão do individual ao 
macrossocial. 
Wilkinson e Marmot (2003) dividem os determinantes sociais em: 
• Gradiente social: a expectativa de vida é menor e as doenças são mais comuns quanto mais 
baixa fora posição na escala social em cada sociedade. 
• Estresse: circunstâncias estressantes fazem com que as pessoas se sintam preocupadas, 
ansiosas e inábeis para enfrentar tais problemas. Contínua ansiedade, insegurança e baixa 
autoestima, isolamento social e baixo controle sobre a vida têm poderosos efeitos sobre a 
saúde e podem levar a morte prematura. 
• Infância: um bom início de vida é importante para o desenvolvimento nos anos seguintes da 
vida. A pobreza durante a gestação pode ter consequências para o desenvolvimento fetal 
devido à carência nutricional, estresse materno e inadequado cuidado pré-natal. 
• Rede social x exclusão social: os desempregados, os de grupos étnicos minoritários, os 
subempregados, os deficientes físicos, os refugiados e os desabrigados tendem a viver em 
estresse constante e têm alto risco de morte prematura. 
• Trabalho x desemprego: segurança no emprego melhora a saúde, o bem-estar e a 
satisfação. Altas taxas de desemprego causam mais doenças e mortes prematuras. 
• Suporte social: relações de amizade, boas relações sociais e redes fortes de apoio em casa, 
no trabalho e na comunidade aumentam a saúde. Comportamentos ou escolhas pessoais: 
hábitos inadequados de saúde, muitas vezes influenciados pelo ambiente social. 
Os determinantes sociais são importantes para entender como a saúde é sensível ao ambiente 
social e funcionam como um elemento de justiça social, sendo assim um importante desafio da 
saúde coletiva. 
Diante das concepções teóricas, a compreensão da determinação social do adoecimento deve ser 
transformada em ações efetivas para melhorar a situação de saúde nas populações. Isso implica 
na necessidade de diminuir as disparidades sociais, mitigar a exposição a fatores de risco, reduzir 
a vulnerabilidade biológica e social de grupos específicos e, por meio da assistência, atenuar os 
danos ou consequências dos determinantes (CEBALLOS, 2015). 
O esquema de Dahlgren e Whitehead apresenta os diferentes níveis de determinação social, desde 
a camada mais externa, na qual visualizamos as condições socioeconômicas, culturais e 
ambientais gerais, até a mais proximal ao indivíduo, correspondendo aos fatores hereditários e 
outras características pessoais, como idade e sexo. 
O modelo de Dahlgren e Whitehead (Figura 1), ao incorporar os Determinantes Sociais de Saúde, 
organiza-se em diversas camadas, desde aquelas mais próximas dos determinantes individuais até 
as mais distantes, nas quais se encontram os macrodeterminantes. Na base do modelo estão os 
indivíduos, com as suas características individuais, como idade, sexo e fatores genéticos. Na 
camada imediatamente externa, destacam-se o comportamento e os estilos de vida individuais. A 
camada seguinte ressalta a influência das redes comunitárias e de apoio. No nível subsequente, 
são representados os fatores ligados às condições de vida e de trabalho, incluindo disponibilidade 
de alimentos e acesso a ambientes e serviços essenciais, como saúde e educação. Por fim, no 
último nível, situam-se os macrodeterminantes relacionados às condições econômicas, culturais e 
ambientais da sociedade, exercendo significativa influência sobre as demais camadas (FIOCRUZ, 
2008). 
Esse modelo de determinação considera os diversos fatores que contribuem para a saúde dos 
indivíduos e das populações. Na camada mais externa da imagem, as condições socioeconômicas 
atuariam sobre a saúde da população de forma que os níveis de renda e de riqueza determinariam 
melhor ou pior saúde. 
O Modelo Social de Saúde é uma abordagem conceitual que vai além da visão tradicional centrada 
na medicina e nos cuidados clínicos para entender a saúde e a doença. Esse modelo reconhece 
que fatores sociais, econômicos, culturais e ambientais desempenham um papel crucial na 
determinação do estado de saúde de uma população. 
Ao contrário do modelo biomédico, que se concentra principalmente nos aspectos biológicos e 
patológicos, o Modelo Social de Saúde destaca a importância dos determinantes sociais da saúde. 
Isso inclui fatores como condições socioeconômicas, educação, emprego, moradia, acesso a 
serviços de saúde e outros elementos que influenciam a qualidade de vida e as disparidades de 
saúde. 
O Modelo Social de Saúde enfatiza a necessidade de abordagens interdisciplinares e intervenções 
que vão além do âmbito puramente clínico. Ele destaca a importância de políticas públicas, 
educação, equidade social e justiça para melhorar as condições de saúde em comunidades e 
sociedades. Esse modelo busca promover a saúde não apenas tratando doenças, mas também 
abordando as causas subjacentes que afetam a saúde de forma mais ampla. 
4 EDUCAÇÃO EM SAÚDE 
O Ministério da Saúde define educação em saúde como: processo educativo de construção de 
conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população [...]. Conjunto de práticas 
do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com 
os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas 
necessidades. 
As ações de educação em saúde abrangem três grupos de participantes prioritários: profissionais 
de saúde que reconhecem a importância da prevenção e promoção, além das práticas curativas; 
gestores que oferecem apoio a esses profissionais; e a população, que busca construir 
conhecimentos e ampliar a sua autonomia nos cuidados, tanto individualmente quanto de forma 
coletiva. 
A educação em saúde como processo político pedagógico requer o desenvolvimento de um pensar 
crítico e reflexivo, permitindo desvelar a realidade e propor ações transformadoras que levem o 
indivíduo à sua autonomia e emancipação como sujeito histórico e social, capaz de propor e opinar 
nas decisões de saúde para cuidar de si, de sua família e de sua coletividade (MACHADO, 2007). 
Para melhor compreensão faz-se necessário o entendimento da história da saúde pública no Brasil. 
A partir da década de 1940, ocorreu a expansão da medicina preventiva para algumas regiões do 
país com o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). Este apresentava estratégias de educação 
em saúde autoritárias, tecnicistas e biologicistas, em que as classes populares eram vistas e 
tratadas como passivas e incapazes de iniciativas próprias (VASCONCELOS, 2001). As ações do 
Estado se davam por meio das chamadas campanhas sanitárias. 
Temos duas modalidades de educação no trabalho em saúde: a educação continuada e a 
educação permanente. A educação continuada abrange as atividades educacionais realizadas 
após a conclusão da graduação, com uma duração predefinida e frequentemente utilizando 
metodologias tradicionais, como programas de pós-graduação. Já a educação permanente é 
estruturada com base nas necessidades do processo de trabalho e incorpora de maneira inclusiva 
a abordagem crítica no ambiente laboral. 
A educação permanente engloba iniciativas educativas fundamentadas na análise crítica do 
processo de trabalho em saúde. O seu objetivo principal é promover a transformação das práticas 
profissionais e da estrutura organizacional do trabalho. Isso é realizado considerando as 
necessidades de saúde individuais e populacionais, a reestruturação da gestão setorial e a 
ampliaçãodas conexões entre a formação e o envolvimento no controle social em saúde (BRASIL, 
2009). 
Educação para a saúde é um termo frequentemente utilizado nos serviços de saúde, implicando 
uma abordagem mais verticalizada dos métodos e práticas educativas. Essa abordagem lembra o 
conceito de "educação bancária" proposto por Paulo Freire (1987), sugerindo que os profissionais 
de saúde têm a responsabilidade de instruir uma população considerada como ignorante sobre as 
práticas necessárias para promover mudanças nos hábitos de vida, visando aprimorar a saúde 
tanto individual quanto coletiva. 
A abordagem da educação popular em saúde se diferencia da abordagem hegemônica da 
educação em saúde. Ela se organiza a partir da interação com diversos sujeitos no ambiente 
comunitário, dando destaque aos movimentos sociais locais. Essa abordagem compreende a 
saúde como uma prática social e global, orientada pelos interesses ético-políticos das classes 
populares. A educação popular em saúde se fundamenta no diálogo com os conhecimentos prévios 
dos usuários dos serviços de saúde, considerando seus saberes "populares", e na análise crítica 
da realidade. 
Ao analisarmos o panorama atual, torna-se evidente a urgência de complementar o modelo vigente 
de atenção assistencialista. Este, centrado na doença, excessivamente especializado e 
predominantemente hospitalar, precisa evoluir para um modelo mais abrangente. O novo modelo 
deve priorizar a promoção da saúde e a prevenção de agravos, incorporando a educação em saúde 
de maneira participativa e dialógica. 
 
 
	1 Aspectos Históricos e concepção sobre a saúde e a doença.
	2 História Natural das Doenças
	3 Determinação Social do Processo Saúde-Doença
	4 Educação em Saúde

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