Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

Prévia do material em texto

ESTUDOS RGS-II
PESAVENTO-
PESAVENTO, Sandra. História da Indústria Sul-Rio-Grandense. Guaíba: Riocel, 1985, 123p.
Note-se, contudo, que nesta "arrancada" industrial o Rio Grande do
Sul foi contemporâneo de São Paulo. Entretanto, enquanto São
Paulo partia de uma base ligada ao setor de ponta da economia
brasileira — o café, principal produto de exportação —,o Rio
Grande do Sul vinculava-se a um setor da economia voltado para o
fornecimento do mercado interno. Neste sentido, partia de uma base
qualitativamente diferente e dotada de um menor poder de
acumulação que São Paulo, embora, a nível local, fosse também o
setor que se encontrava em ascensão no estado
Formou-se assim, nestas nações, um contingente populacional sem
terra e sem trabalho, que se converteu num foco de tensão social.
Por outro lado, a concentração de capital que ocorria e que dava
surgimento à indústria não se mostrava capaz de absorver todo este
excedente de mão-de-obra. Além disso, a Alemanha e a Itália
também estavam procedendo, tardiamente, o seu processo de
unificação política, o que implicou conturbações internas que vieram a agravar, ainda mais, esse quadro.
Tornou-se, portanto, de grande interesse para os governos europeus o envio deste excedente de população para o exterior, com o que seria obtido um desafogo dos níveis de tensão social interna. Paralelamente com a emigração, abriam-se perspectivas de retorno de capitais, uma vez que os núcleos de nacionais no exterior poderiam ligar-se, por laços comerciais, à sua pátria de origem.
Por outro lado, além de tais núcleos contribuírem para a diminuição
da importação de alimentos (e, portanto, para corrigir o desnível da balança comercial brasileira), tornava-se importante para a continuidade do fluxo migratório para o país demonstrar o sucesso dos pequenos proprietários imigrantes organizados em núcleos
coloniais. No caso específico do Rio Grande do Sul, deve ser acrescentado ainda o fato de que os colonos seriam localizados em terras até então virgens, não aproveitadas pela pecuária extensiva, o que implicaria, pelo povoamento, a abertura de estradas, facilitando, conseqüentemente, as comunicações.
A produção agrícola colonial e o artesanato rural estiveram, deste o
início da venda de seus produtos, subordinados ao capital comercial
Quando, a partir de 1875,começaram a chegar os colonos italianos
na encosta da serra, já encontraram uma rede de comercialização
estabelecida pelos alemães, o que permitiu a colocação quase
imediata de seus produtos no mercado. Foi necessário que os
italianos criassem seus próprios canais de comercialização, eliminando a figura do intermediário alemão, para que a região pudesse apresentar também uma disponibilidade de capital passível de ser aplicada em estabelecimentos industriais
Neste circuito de acumulação, há que distinguir pelo menos três
instâncias: os comerciantes rurais (das "vendas"), que se
disseminavam pelo interior, junto aos lotes coloniais, e que recolhiam
os produtos agrícolas para vendê-los aos comerciantes do núcleo, os
comeciantes do núcleo, ou das sedes das microrregiões em que se
dividia a zona de imigração como um todo, os quais se colocavam
como intermediários entre o comerciante da venda rural e o grande
comércio de Porto Alegre; o comerciante da capital da então
província, o qual se dedicava especialmente às atividades de
6xportâção 6 importâçso com outros contros mâiorcs.
Nestas três instânciaà, o surgimento de estabelecimentos industriais foi
uma das formas encontradas pelos comerciantes para diversificar seu
capital.
Os comerciantes do interior, mais isolados dos estímulos do mercado,
possuíam um menor poder de acumulação, originado basicamente da
diferença dos preços de compra e venda. Entretanto, tal poder foi
suficiente para o estabelecimento de algumas empresas de pequeno
porte disseminadas pelo interior, destinadas ao fabrico do vinho, da
banha e de artigos de couro.
Maior importância teriam os estabelecimentos originados do comércio
intermediário entre os lotes do interior e o grande comércio da
capital. Localizado nas colônias centrais, como São Leopoldo, Novo
Hamburgo,São Sebastião do Caí, Caxias do Sul, Santa^Cruz do Sul,
Montenegro, este comércio ocupava uma posição estratégica na
redistribuição dos produtos, o que aumentava as chances de
acumulação. Os exemplos de indústrias originadas deste circuito são
de grande relevância, tendo muitas delas evoluído a ponto de
tornarem-se alguns dos maiores grupos empresariais no estado.
Tome-se o caso de São Sebastião do Caí, colônia central que gozava
de uma excepcional posição, atendendo o abastecimento tanto da
zona propriamente alemã quanto da italiana. Nao é, pois, por acaso,
que de Caí se originassem poderosos grupos empresariais, como
Renner Trein, Ritter, Mentz, Oderich, com destaque na produção de
tecidos,'banha, cerveja e produtos suínos, grupos ligados entre si por
laços de parentesco e de negócios
Ná medida em que muitas destas firmas se dedicavam à importação,foram elas as responsáveis pela introdução não apenas de gêneros manufaturados
estrangeiros, mas também de máquinas para as industrias nascentes.
Em função do desenvolvimento da economia imigrante. Porto Alegre
converteu-se no maior conglomerado urbano do estado e o centro
comercial de maior destaque na passagem do século XIX para o
século XX
Em alguns casos, a indústria ja nasceu pronta, ou seja, o comerciante
aplicou o seu capital na montagem de uma empresa que já surgiu como indústria propriamente dita, em um estágio que se denominaria, "fabril-manufatureiro" e se caracterizaria pelo uso de máquinas associado ao emprego de ferramentas, significativo capital inicial e utilização de força-trabalho assalariada
Caberia colocar ainda, nas origens do processo de industrialização no
Rio Grande do Sul, a presença de outro elemento: o chamado
"burguês imigrante", aquele que trouxe consigo, da sua terra de
origem, capital e experiência profissional na gestão de alguma
empresa. Comumente, entre a sua chegada e o seu estabelecimento
como empresário, decorriam apenas alguns poucos anos, o que vemdemonstrar que este imigrante era portador não apenas de uma
experiência técnica e empresarial, como também de uma acumulação prévia de capitai passível de ser imediatamente investido em algum negócio.
A análise das origens do capital industrial no Rio Grande do Sul não
estaria completa, entretanto, sem a menção do capital bancário,
presente na formação de empresas. O Banco da Província, por
exemplo, junto com um grupo de comerciantes da capital, foi incorporador da Companhia Fiação e Tecidos Porto-Alegrense, fundada em 1891, e financiou, em 1912,juntamente com a Casa Bromberg, de Porto Alegre, a instalação da fábrica de máquinas Mernak, de Cachoeira do Sul
De acordo com o processo até agora apresentado,foram identificadas
as vias básicas de acumulação de um capital-dinheiro, que em dado
momento passa a se constituir em capital industrial: através da
comercialização dos produtos coloniais, através do "burguês
imigrante", através do capital bancário. Entretanto, para que este
capital-dinheiro se transformasse em capital industrial, era preciso que
determinadas condições se fizessem presentes na sociedade gaúcha constituindo-se também em pré-requisitos para o surgimento de
indústrias.
Era preciso, antes de mais nada, que o capital deparasse com o
mercado de trabalho constituído de homens livres. Em parte, essa
condição foi suprida pela própria área colonial imigrante, através da
liberação de braços da lavoura que demandaram à cidade em busca
de trabalho. Retomando o processo anteriormente descrito, de
subordinação do pequeno proprietário rural ao comerciante, tem-se a situação de um empobrecimento progressivo do colono, que não
tinha condição de introduzir melhorias técnicas que pudessem
reorientar a agricultura extensiva praticada no lote
Via de regra, os elementos egressos do mundo rural
buscavam colocação em empresas formadas a partir de elementos da
mesma etnia. Para os empresários, esta mão-de-obra era
extremamentevantajosa, porque portadora de uma qualificação
artesanal, apropriada portanto ao estágio fabril-manufatureiro das
empresas, no qual se combinava o uso incipiente de máquinas com o
trabalho ma nual do artesão. Por outro lado, o próprio processo de imigração-colonização continuou dando entrada a elementos estrangeiros que eram operários em sua terra de origem e que necessariamente não se
dirigiram para a lavoura colonial. Em uma outra dimensão, a economia colonial imigrante foi a fornecedora por excelência da matéria-prima para a indústria, a ponto de as chamadas agroindústrias (vinho, banha, cerveja, farinha,fumo) serem aquelas que melhor haveriam de caracterizar o parque industrial gaúcho
É justamente a partir da entrada no Rio Grande do Sul de contingentes
de imigrantes como pequenos proprietários e do desenvolvimento
comercial e urbano gerado no bojo deste processo que se pode falar
realmente na constituição de um mercado interno expressivo no
estado. Tanto os colonos eram consumidores potenciais dos produtos
manufaturados quanto o processo de urbanização que acompanhou
o binômio imigração-colonização proporcionou uma massa de
assalariados urbanos.
Outro requisito básico para a instalação de empresas industriais é o da
tecnologia. Como se viu, foi ainda o complexo imigração-colonização
o responsável tanto pela importação de maquinas necessárias a
instalação de uma unidade fabril quanto pela produção interna das
mesmas,além da fabricação de peças e realização de reparos. Desde
muito cedo,formou-se um setor metal-mecânico no estado, surgido a
partir do complexo colonial. As empresas mais significativas foram:
Eberle, Berta, Gerdau, Becker, Wallig, Uhr. Apesar de nãp utilizar
matéria-prima de origem agropecuária, o setor metal-mecanico esteve
sempre voltado para esta área da economia em termos de mercado.
Assim sendo, além de se orientarem para a fabricação de utensílios
de uso doméstico, as empresas procuravam atender a demanda de
utensílios e máquinas exigidos pelo trabalho rural. Tais artigos não se
restringiram apenas a implementos agrícolas e produtos de uso
generalizado em todo o estado, mas voltaram-se também para o
atendimento das necessidades locais de cada região
Note-se, contudo, que embora apareçam nomes de outra etnia entre os fundadores destas empresas,justamente aquelas que teriam maior destaque no parque industrial gaúcho foram formadas a partir de elementos de origem imigrante — em particular, burgueses imigrantes de primeira geração (Lang, Poock) ou segunda (Rheingantz). Permanece,com isso, a
vinculação básica do surgimento das indústrias no Rio Grande do Sulcom o processo de imigração/colonização, mesmo na área da
pecuária tradicional.

Mais conteúdos dessa disciplina