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FormaçãoEB.Décio Saez

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impõe: esta entidade apoiou generosamente o proieto, tendo.pro-
friaao valiosa ajuda financeúa. Registro enfim minha gratidão à
sra. Maria Apparecida s. c. P. Penteado (Mada) pelo trabalho
de.. datilografia e de paciente revisão dos originaisl b-em çomo a
Vera Lúela N. Yamaãa, pelo trabalho de revisão final'
r 
- 
TNTRODUçÃO
1. Obietoi  Formação do Eçtado Brryguês no Brasil
O objeto deste trabalho é o processo de lormqão do Estado
burguês no BrasíL Esclaraça-se, entretanto' (luc o'nosso objetivo
principal não é a reconstitüição da totalidadp desse'processo, tal
ãuat ete se desenroloú concretamentê; Nosso objetivo principal.é
outro. A análise se concentra em dols aspectos do processo de
formação do Estado bUrguês no Brasil. Tais'aspectos estão indire-
t.meoie indicados nas questões que constituem o ponto de partida
da análise: a) quqndo se forma o Estado burguês no Brasil? Ou
por outra: em que momento histórico se'forma, no Brasil, o Esta-
ào burguês? b) como se forma o Estado burgrrês no Brasil? Ou
por ouúa: de que,modo a luta de çlasses detcrmina a Íormação do
brtudo burguêi no Brasil? A primeira questão exigc a análise
do conteúdõ da trlnsformação polÍtica que deve ser conôeituada
como formaçãó do Estado burguês; ou melhor, ela exige' a análise
da transformação qualitativa operada; iluüI, momento históribo a'
ier. determinado, ao nível da estrutula do Estado' A segunda ques-
tão exige a análise do modo específico de presença das diÍerentes
classes iociais e frações de classe nesse processo de transformação
política.
Até o momento em'que e$crevemos, nenhum trabalho publi-
cado e amplamente divulgado tomou como objeto a formação do
Estado buiguês no Brasil. A formação social brasileha,- na sua
passagem dó escravismo modérno ao capitaüsmo,. tem sido anali-
iada lobretu{p em seus aspectos econômico e social: a transição
do trabalho èscravo ao trabalho assalariado, o nascimento da in-
dústria, a formação de uma classe propriamente burguesa, etc' No
entanto, a formação do Estado burguês é um dos aspectos dessa
passagem, emborá esta' no serr conjunto; se inicie antes e termine
ãepois da formação do Estado burguês. Em outras palavras: a
Novembro de 1984,
Décio Saês
. .tü
15
eaformação do Estado
; como tal, e
ãpããT-s um aspecto da revolução burguesa em geral (ou revolução
burguesa num sentido amplo), entendida esta como o conjunto dos
asDectos 
- 
formacão de novas relacões de produção, novas formas
ae Oivisao
.djminante. uma nov@ oa passagem ao capl'
talismo.l E mais: a revolução burguesa em geral se inicia antes e
termina depois da revolução política burguesa, sendo poqtanto in'
correta a definiçãô dâ revolução política burluesa como o mômento
histórico único de concretização da passagem ao capitalismo, ou
como o pontolimite para além do qual uma formação social passa
a se desenvolver plenamente segundo as leis de movimento do
capitalismo. As$im, a análise geral de gm processo particular de
passagem ao capitalismo exige simultaneamente: a) que se coloque
como objeto relativamente autônomo e processo de formação do
Ëstado burguês; b) que se defina a revolução. política burguesa
como um processo qualitativo de transformação da estrutura do
Estado, o que implica fugir ,ao amálgama entre revoluç{o política
burguesa e revolução burguesa em geral.
Ora, no caso brasileiro, a análise da revolução política,bur-
guesa como um aspecto do processo mais .geral da passagem ao
capitalismo ainda está por ser feita.: Essa'aÍirmação pode parecer,
à primeira vista, apressada, dado que já existem alguns trabalhos
sobre aquilo que os seus autores conceituam como o Estado brasi
Ieiro ou a ordertr política no Brasil. Todavia, nenhum desses tra-
balhos coloca a formação do Estado burguês no Brasil:como objeto
de aíálise, ou sequer opera com o conceito de Ettado burguês.
l. Essa distinção não é nova,,podendo'ser enco$trada; ainda a nível embrio'
nário e assistemático, em mqitos dos trabalhos que tomam çomo obieto um
caso particular de rcvolução burguesa, seja a inglcsa, a francesa!_9:l lapo'
nesa. Todavia, um tratamento mais desenvolvidq lhe é dado por M. Grenon
e R. Robin, no artigo "Â propos de la polémiqué sur I'Ancieq Régime çt la
Révolution: pouÍ une problématique de là transition", in tra Pençée, n.o 187,
Paris, junho de 1976. Tal distinção se encontra, também, em artigo recente de
I. Rony, "Quelques notes pour ajouter.à la confusion régnantc'l, in Dialectï
ques, n,o 27, Paris, primavera de 1979. Ver por exemplo, sobre a Revolução
Francesa dè 1789, ap. 19r "(...) uma coisaéarevolução polít ica, a aboligão
daS seqüelas do feudalismo, outra coisti aì Êxtensão das relações propriamente
capitalistas ao ionjunto da sociedade fraúcesa" (trad: de D. S,).
l6
A título de ilustrdção, passemos rapidamente em revista alguns
desses trabalhos.
unes Leal (1949), e
Em seu ensaio e Oyj*\rivada e a O:rganização Política
Nacional.z publicado em.í1939, )estor E'fte defe:$e qjá presente, de modo mais\or*+íenos explícito, nas üteraturãs his-
A tese sustentada por Nestor Duarte reapareceu, nas suas
linhas gerais, em alguns importantes ensaios poiíticos posteriores:
a
adro de análise
gerações de cientistas políticos brasilejros. Em que consiste essa
teve por efeito o enfraquecimento do poder privado e o 
'fortaleci-
,mento do poder público; o:próprio Estado que lhe' era contempo-
râneo 
- 
a ditadura militar do Estado Novo'- aparecia a Duarte
como um Estado fraco, contraposto a um poder privado forte (se
bem quc o autor teve o cuidado de ressalvar que, se o Estado de
então era ftaco, o governo, pela sua natureza ditatorial, era forte).
diante do poder privado.
l
i
:|{1
2. N. Duarte, Á Ordem Privada e
Patlo, Companhia Editora Nacional,
lume 172.
a Organização. Polítíca Nacional Sã,o
1966, 2,^ ed., Coleção Brasiliana, vo-
tese?. Para 'Duarte,: o
e ao desenvolvimento do'Estado en-
e outro modo:
para Duarte, nenhuma
processadas ao longo de quatro séculos.
Coronelismo, Enxada e Voto, de
t1
Pereira de Queiroz (1958).3 Como para Nestor Duarte,
ao declínio do
aneamente que e$te
-ensaiõlã-defesa desta nova tes@ïEriu ao seu trab
ffiiginat, embora ela ainda estivesse inserida da
o
um cara-
encontrou, a despeito do declínio, instrumentos capazes de prolon-
foi à análise desse blicano
sistematizada por Nestor Duarte.a
O ensaio de Maria fsaura Pereira de Queiroz também pode ser
filiado à tese geral sustentada por Nestor Duarte. Mas trata-se dc
uma filiação indireta, já que a autora recorreu a Nunes Leal, e hãr,
a Duarte, para estabelecer a problemática central do seu trabâlho.
Além disso, como Nunes Leal e diferentemente de Duarte, para
ela o poder privado dos proprietários de terras entrou em deciínio
prolongado a partir da Proclamação da República num processo
que teria se acentuado após a Revoluçâo de 30. Embora filiado à
problemática de Duarte e Nunes Leal, o trabalho de Maria Isaura
Pereira.de Queiroz pode ser colocado num plano distinto; como
a exposição foi construída segundo um uitério puramente histórico-
cronológico (a vida política brasileira, da Colônia até a Revolução
de 30), a análise da questão central resultou dispersa e assistemá-de 30), a análise da questão central resultou dispersa e assistemá-
tica, art 
-
entre o
Se o aspecto comum a esses
3. Ver V. N. Lcal, Coranelismo, Enxada e .Yoto, São paulo, Alfa.ômçga,
1975,2.^ ed.; e M. I. P. de Queiroz, O Matdonisrno Local na Vida polítíca
Bradleira, Instituto de Estudos Brasileiros 
- USP, 1969, São paulo.
4. O ensaio de Nunes lral merece também uma mênção especial pelo cará-
ter'desenvolvido e aprofundado da análise; essa qualidade científica é rara-
mente encontrada nos trabalhos dos cisntistas políticos brasileiros, que tendem
freqüentemente ao uso quase exclusivo de procedimentos como a síntese e a
classificação, e à subestimação da análise dos proçesso$ políticos. Esta
segunda caracterísÍica também contribui para explicar o impacto sempre renb.
vado do livro sobre os analistas políticos brasibhoã.
I8
ea izadorâ,
ção de qualquer teoriado Estado que proponha, além de um con-
ceito geral, uma classificação, já o ensaio de Raymundo Faorg
oiDinos do poder (1958i,5 representa, nesËïÏïëÍ@Ïiëô;ffi
sajtõj-ffitrïãiffi.T$o porqüe, embora Faoro tenha ressalvado que
a sua linha de interpretação teria apenas um "parentesco próximo"
com o pensamento de Max Weber,6 qg falo a sua análise da for-
tÊneamente na conseryagão @, e na trans-
formação do estameíto governante: de estamento aristocrático a
burócrático.E Embora a sua tese principal sobre o Estado brasileiro
tenha sido algo obscurecida pelo modo puramente histórico-crono-
lógico da exposição, o ensaio de Faoro tem exercido, desde sua'
primeira publicação em 1958, uma igfluôncia duradoura sobre os
analistas políticos brasileiros. Certamente isso é deüdo a mais de
uma razão. Mas queremos saüentar somente uma delas: ao contrá-
do Estado pela ciência política brasileira.
-ì€n-nffinciados pela anális9 de
Faoro; o ensaio de Fernando Uricoechea, O Mínotauro Imperial,e
merece ser mencionado aqui, pois tem no Estado brasileiro o objeto
principal de sua análise. Como Faoro, Uricoechea aplicou à análise
5, Ver R. Faoro, O,r Donos do Poder, Porto Alegre-São Paulo, Globo-EC,iÌora
da Universidadç de São Paulo, 1975, 2 vols;, 2.1 ed. revista e ampüada.
6. Cf. R. Faoro, op, cít, p. XIII: "Advirta-se que este üvro não segue,
apesai de seu próximo parentesco, a .linha de peosaúento de Max ÏVeber'
Não raro, as sügestões weberianas seguem outro rumo, com novo conteúdo
e diverro colorido".
IX, itens
. 
redoirda do' patrimonialismo ao estamênto".
'9, Ver: F. Uricoechea, Q Minotauro Impe.rial, Rio de laneiro'São Paulo,
DIFEL, 1978.
maçaq
rio dos trabalhos anteriormente mencionados, g ensaio de Ra
no processo de descoperta da questão
Weber, Economía
r 
--tro*É+ qv rq sv|I^rrqwrvr.
8. Essa tese, exposta ,iËffitiõ- disperso ao longo do trabalbo, se encontra
sistematizada no capítulo final da 2,s edição revista e ampliada, "A viagem
L9
do Estado brasileiro os conceitos weberianos de Estado patrimonial
e Estado moderno, de burocracia patrimonial e burocracia moaer-
na; todavia, diferentemente de Faoro, concentrou a análise,no Es-tado imperial, embora tambfu: se refira, de passagem, ao Eslado
do período colonial. se nos limitamos a comparar as teses de'uri-Çoechea sobre o Estado imperial tão-somente com uma parte da
análise de Faoro 
- referente ao Estado pré-republicuno ], drur-
mos concluir que os resultados obtidos por ambos são próximos
so!-um certo aspecto, e distintos sob um outro. De um lado, Faoro
Ìo um
um Drolo colonial, De outrì
conservação do Estado patrimonial, já:para uricoechea a biriocra.
cia patrimonial foi a força social.capaz de promover a transforma-
ção do Estado patrimonial em Estado mpderno, isto é, de raciona-
lizar a esfera do Estado. para F4oro, o estamento buro*ático àoImpério era uma força conservadora, por constituir um agente
de reprodução do patrimonialismo regado pera corônia ao Imf,ério;
lado, eles
se para Faoro o estamento governante (antes,aristocráìico, depoisburocrático) foi uma força sociar permanentemente a ,rtuifo'ã,
para uricoechea, a buroctacia imperiar erã u''a força progressista,por constituir um pequeno núcleo racional dentro do-Esiado pa-
trimonial, e por tender, conseqüentemente, a se opor à irracionãü-
dade do patrimonialismo.
Mas nem todos os trabalhos sobre o Estado brasileiro podem
ser filiados às tendências teóricas evocadas acima. Nos dois Ënrãio,
1e".OçtaytpÃq!p+ Esiado e Capitatismo e Estado , ptonriamiiiò'Econômico no Brasil (I%A-D70\10@__bra$ileiro pós-30 é
JUg$g. Uabe, no entanto, registrar uma pequena diferénça entre os
dois ensaios.. Se no primeiro deles, mais aotigo, a qualiiicação doEstado brasileird pós-30 como'burguês, capitústa ou .oo,o Ëstado
da burguesia prescindiu de quarquer definição prévia, no segundo
ensaio tal qualificação pelo menos foi sustentada- por um pnoo].i.do
geral (sumário e pouco elucidativo, esclareça-se): o Estado brasi_
10, Ver O, Ianni, Estado e Capitalismo. Rio de Janeiro, Civilização Brasi-leira, 1965; bem 
.como gstado e pranejamento Econômico no Brãsir (rdl}-
1970). Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971, pp. 13-14.
20
como as relações de
como objeto relativamente autônomo de aúúse. Mai a crí
tica ao reducionismo nao aeve impeairGãrrlc íru r.suuçruursmo nao oeve rmpedlf uma avaliaç{o mais geralda contribuição dos,ensaios de rlanni para o desenvorvimento"cos
estudos sobre o Estado brasileiro. Todâ. avaliação crítica da produ-
ção intelectual anterior é necessariamente complexa; ela piã.raupor seccionamento e reagrega.ção, dMdindo as anaUses prtiroú.,(como o qualificativo indica, jh constituem partes) e* oôvas partes,
e a seguir reaglutinando partes de diferentes análises particurares
num novo conjunto. Se o ensaio de Raymundo Faoro é^irnportantepor representar um esforço pioneiro de apücação de uma teoria doEstado à análise do Estado no Brasil, e por valorira, aisre, mooo
a análise específica da estrutuÍa do Estado, or .or"i* ãa ïÃri
estão mais próximos da problemática geral da pasóagem uo .rpit"_lismo, da qual a formação do Estado burguês e prrL integrãïe.r,
'como todos os ensaios acima mencionados, o nosso írabarhotambém é um estudo sobre o Esracio no Braiil. Aqoi toJ;iu,
colocamos claramente como objeto de análise a formaiã.o ao Èsia-do burguês no Brasil. Se o fazemos, é porque partimos ae uma
11. ranni não é o único autor nacionar a ter se interessado,pela questão daformação e do desenvorvimento do modo de produção capitãlista ïo-sr"ru.A lista 
_de autores eaquadrados.nesta categoìia é basta-nte .oorr."iJ"ls,dentre eles apenas Ianni é mencionado nesta parte Oo traUatUo,-isro-r.-à"u"à preocupação específica desse autor com a qüestão do Estado no Brasil.
2l
problemática teórica distinta: a problemática dos tipos de Estado
correspondentes a tipos diversos de relações de produção;
2. Teoria: o conceito de Estado burguês
A base para o desenvolvimento teórico dessa problemática se
encontra na obra de Marx e de Engels. Em que cónsiste tal base?
FJa apresenta dois aspectos distintos, correspondentes aos níveis
livetsgs de abstração e generalidade atingidós pelos dois autores
na,análise teórica do Estado. O primeiro aspecto 
- 
mais geral _
consiste na.produção de um conceito de Estado aplicável i análise
de todas as cociededès divididas em classes: ou seia, o conceito de
Estado em ge.ral, Tal conceito se encontra, em estádo embrionário,
nas obras históricas de Marx 12 ou em O Ánti-Duhrung, de.,Engels;
12. Aqui só exemplificamos. Mas, ainda que nos limitando à mera exbrn-plificação, temos de definir nossa posição sobre um ponto crítico: a natureza
da relação 
- 
còntinuidade ou ruptura 
- 
existente eìtre a análise do Estado
contida nad obras políticas do.jovern Marx e aquela desenvolvida nas suas
obras históricas. A nosso vér, Nicos poulantzas tem razão ao susteltar em
Poder Político e classes sociais, que a problemática da separação entre a
sociedade civil e o Estado 
- 
inspiradora de obras coÍno /í Qygiiau.lryA!çg,
ou os dois ensaios sobre a filosofia hegeliana do direito : ïáõ*tèffiÃiou os oors ensaros sobre a filosofia hegeliana do direito 
- 
não së-iilentifiça
com a problemática da relação entre o Estado e a sociedade dividida em
L[qfü" ele foi exposto de modo bastante sistemático por Engels em A Ori-
, . 
.g- x Eem da FatníIía, da Propriedade Privada _e do h!a!o; e recebeu
hn"q A,r, de Lênin, em Q E s tadg*-a=ky-oluçêp-Sg gfiTãFffis tudo (Con-
N.ffi ferência na.Universidade de Sverdlov), sua forma mais desenvol-
. \_s)\^Nn*.vida e acabada. Um conceito de Estado em geral: o Estado, em
, \.^*" todás as sociedades divididas em classes (escravista, feudal ou ca-
.o"^i&rx.pitalista), é a própria organização da dominação de classe; ou, dito
"ïi ^\5"opdo 
outra forma o conjunto das instituições (mais ou menos diferen-
ìV. ; ^ ç-ciadas, e mais ou menos especializadas) que conservam á domina-
u^^:. 
-ção de uma classe por outra.
*S O segundo aspecto consiste na proposição,por Marx e Engels,j\\-- da problemática teórica dos tipos de Estado, correspondentes a
\Jtnò*'1inos diversos de relações de produçâo. Ao fazerem tar proposição,
S.sS,'ç'{arx e Engels situaram o seu trabalho teórico sobre o Estado num
q- \1s,- nível de abstração menos elevadb que aquele alcançado na produ-
or.L,,*\ção do conceito genérico de Estado. Todqvia, a proposição dessa
blemática mais específica não implicou o abandono, pelos dois
do conceito geral de Estado: a proposição e o conceito
Vrt(ï' são partes * desigualmente desenvolvidas 
- 
de uma mesma es-
"^\$rstrutura teórica, Quâ g o teor da proposição mencionada? Se o Es-
. 
- 
N--e.
\yã ndo sem4te desempènha a função ãe organização da dominação
1$.$Áftte classe, ele não o faz sempre do mesrno modo; é por isso que o
\h'\R* Estado assume formas particulares, que correspondem a modos
Ì\ÈF "*\o distintos de organização da dominação de classe. E mais: essas
\iü.À,.x' formas folíticas particulares - ou tipos dè Estado - correspon-
ç^ s5s-al-dem a diferentes tipos de relações de produção.: esgavistas, feudais,
'.,à^f^ L.aPitalistas.
Ri,\À\^" Ilustremos, de modo puramente exemplificativo, a presença
-' 
ÀF\r\ dessa proposição na obra dos dois autores. De um lado, é bastante
-'I- \ . conhecida a referência de Engels, em A Origem da Farnília.. ., âof g;{{ 
. 
Estado antigo, ao Estado feudal, be-m como ao moderno Estado
\.N' representatiio, ou Estado burguês.l3 De outro lado, numa pas-
\\ :r- 
" '---* 
.r^ 'n-.^-' i-^ I i ' ,-^ á- n f ^^; j-t ìÍ^-* , lÀf:-^ ,r- 
-^,ì^ ^^-
ctasses \9---t!!. Brumlrio. .', 
-!1ggjç.{!.t,list*nc r.ry!çO. Portanto, pare-ce-nos que um autor coÍno Umberto Cerrone incorre em erro ao defenderce-nos que um autor coÍno
efil
erro ao defender
essa identifiçação, concebida como relação de complementaridade ou de
prolongamento entre as duas problemáticas. Lamentavelmente, poulantzas
pteferiu, em Poder Político e Classes Sociqis, dar por demonstradaffi
p'âtffi :Ífttaïe=nrre= r=e-roblãÍàárieã-Édiffi Tóntida nos texros de 1 843.44 e
aquela desenvolvida nas obras históricas de Marx, embora o quadro geral da
sua obra 
- 
uma análise marxista do Estado capitalista 
- 
inúiçasse á nec"r-
sidade de uma análise mais rigorosa do çoneeito de Estado sustentado pelojovem M,arx, bérn coino de um confronto explícito entre esse çonceito e
aquele ertcontrado, em estado mais ou menos elaborado, nas obras históriôas,
na corrêspondência, nas críticas a programas operárïos, etc, Esse trabalho,
portanto, está por ser feito, Mas explicitamos aqui a nossa conclusão prov!
sória: o conceito de Eitado não é o mesmo nos dois bloços de trabalhìs, iáque o conceito de luta de classes está ausente do primeiro bloco 
- 
o .,bur-
guês homem privado" e o "proletariado agente da emancipação universal"
são realmente classes sociais antagônicas e em luta? 
-, enquanto que é o
elemento central para a definição da furrção do Estado, no segundo bloco
de trabalhos. 
,A tese da complemeirtaridade (por ,.transposição") entre a$
22

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