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TURMA 60 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL - TORTURA 
META 02 
 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 1 
 
 
 
ATENÇÃO: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos 
termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre 
direitos autorais e dá outras providências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 2 
Quem é o Lúcio Valente? 
Sou Delegado de Polícia da PCDF e ministro as matérias: Direito Penal, 
Criminologia, Processo Penal, peças práticas de Delegado de Polícia e 
Legislação Penal Extravagante. Atualmente, sou coordenador do Projeto Vou 
Ser Delegado (www.vouserdelegado.com.br). 
Eu sou um exemplo de como a mudança de atitude gera bons resultados. 
Isso porque eu estudei em uma faculdade bem mediana aqui em Brasília. 
Mesmo assim, era um dos piores alunos da sala. Não queria nada com os 
estudos. Gostava muito da noite e de passar o fim de semana tomando aquela 
gelada. Ou seja, era um sujeito farrista (risos). 
Em um determinado dia, resolvi mudar de vida. Restringi minhas saídas 
(mas nunca acabei com elas, risos) e estabeleci uma meta de vida: ocuparia 
em pouco tempo uma função de respeito na sociedade. Passei a organizar meu 
tempo e me dedicar mais à faculdade. Nesse tempo, conheci uma galera que 
estudava para concursos e passei a frequentar bibliotecas. Quando vi, já “tava” 
no ritmo. 
Depois de bater muito a cabeça sem saber como estudar, o que estudar e 
para o quê estudar, acabei “pegando a mão”. As coisas fluíram e o resultado 
foi a aprovação. No ano de 2006, prestei meu primeiro e único concurso 
público. Foi uma mudança de uns dois anos, que mudou toda a minha vida. 
Por mim já passaram milhares de estórias de sucesso e você será o 
protagonista de mais uma delas. Para isso, preciso que você siga as minhas 
orientações de estudo e realize todas as tarefas propostas. 
Estou contigo nessa caminhada. Só não se esqueça de mim no churrasco 
da aprovação! 
 
 
http://www.vouserdelegado.com.br/
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 3 
Como estudar este material? 
A minha ideia é a de que você precisa concentrar seus estudos em um 
único material, afinal agora temos conteúdo, questões e informativos. Não 
quero ter a pretensão de exaurir todos os assuntos, isso seria impossível. 
Imagine a floresta amazônica. Agora imagine conhecê-la árvore por árvore. 
Impossível, não é mesmo? Não pense que você precisa conhecer árvore por 
árvore do Direito Penal para passar em concurso. O que você precisa é de um 
sólido conhecimento teórico e muito treinamento. E isso, este material vai lhe 
trazer. 
Dessa forma, quando você adquirir nosso material, terá a base teórica 
através do estudo individual, além de uma seleção de questões que 
complementarão os seus estudos. 
NÃO É SONHO, É META. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 4 
SUMÁRIO 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 5 
2. CONCEITO DE TORTURA 6 
3. COMPETÊNCIA 7 
4. CRIME DE TORTURA 9 
4.1 – Art. 1º, Inciso I 9 
4.2 - Art. 1º, Inciso II 13 
4.3 Modalidade equiparada ao Crime de Tortura – Art. 1º, §1º 15 
4.4 Modalidade omissiva do crime de tortura – Art. 1º, §2º 16 
4.5 Modalidade de tortura qualificada – Art. 1º, §3º 17 
4.6 Majorantes – Art. 1º §4º 19 
5. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 5 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
A Lei de Tortura (Lei nº 9.455/97) foi publicada após a exigência contida 
na Constituição Federal, apontado no mandado de criminalização do art. 5º, 
inciso XLIII: 
 
 
 
 
 
Recordando que o mandado de criminalização nada mais é que a 
Constituição Federal não criar a conduta criminosa, mas ‘mandar’ o legislador 
criar esse tipo penal e indicando a penalidade. 
O inciso XLIII do art. 5º da Carta Magna trouxe a exigência de que o 
legislador tipificasse a conduta de tortura, impondo a penalidade, e ainda 
determinou que este crime seja equiparado a hediondo. 
Anteriormente à publicação da Lei de Tortura, no Estatuto da Criança e do 
Adolescente havia a previsão do crime de tortura, em que era admitida como 
vítima somente a criança ou adolescente. O dispositivo que criminalizava a 
tortura não especificava a definição do crime. O referido dispositivo (art. 233 do 
ECA) foi revogado com a entrada em vigor da Lei 9.455/97, que criminaliza a 
conduta de tortura sendo a vítima de qualquer idade. 
O crime de tortura é um crime pluriofensivo, consumando-se quando 
ofender mais de um bem jurídico. Nesse caso, o objeto jurídico do tipo ofendido 
é a liberdade pessoal e a integridade física da vítima. 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo 
e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, 
podendo evitá-los, se omitirem; 
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TORTURA | TURMA 60| META 02 6 
O crime de tortura tem como elemento subjetivo o dolo, portanto, não 
admite a modalidade culposa. Além disso, é exigido o dolo específico, que se 
funde na pretensão de alcançar alguma finalidade específica. 
2. CONCEITO DE TORTURA 
 
A definição de tortura na legislação brasileira se deu por meio da 
aprovação da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas 
cruéis, Desumanos ou Degradantes, em que o Congresso Nacional aprovou essa 
Convenção por meio de Decreto. 
Essa Convenção trouxe a definição de tortura em seu art. 1º, veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1 - Para os fins da presente Convenção, o termo 
"tortura" designa qualquer ato pelo qual dores ou 
sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos 
intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de 
uma terceira pessoa, informações ou confissões; de 
castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha 
cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou 
coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer 
motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; 
quando tais dores ou sofrimentos são infligidos por um 
funcionário público ou outra pessoa no exercício de 
funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu 
consentimento ou aquiescência. Não se considerará como 
tortura as dores ou sofrimentos que sejam conseqüência 
unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes 
a tais sanções ou delas decorram. 
 
Art. 2 - O presente Artigo não será interpretado de 
maneira a restringir qualquer instrumento internacional ou 
legislação nacional que contenha ou possa conter 
dispositivos de alcance mais amplo. 
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TORTURA | TURMA 60| META 02 7 
Na Lei de Tortura, (Lei 9.455/97) o crime de tortura se demonstra de 
forma mais abrangente. Com previsão no art. 1º, aponta que a tortura será 
quando alguém for constrangido mediante emprego de violência ou grave 
ameaça, causando-lhe sofrimento físico e mental, com a finalidade de obter 
informação, declaração ou confissão; para provocar uma conduta de natureza 
criminosa ou ainda por razões de discriminação racial ou religiosa. 
3. COMPETÊNCIA 
 
A competência para julgar o crime de tortura será da Justiça Comum 
Estadual ou Federal. 
Outro ponto importante sobre a competência do crime de tortura é que ele 
não será julgado pela Justiça Militar, mesmo que seja praticado por 
militares. 
A Justiça Militar Estadual julga os crimes militares praticados por militares 
estaduais e a Justiça Militar da União julga os crimes cometidos por militares 
das Forças Armadas por crimes militares e os civis que praticam crimes contra 
as instituições militares da União. 
O STF já se manifestou também no sentido de que o crime de tortura não é 
um crime militar, portanto, deve ser julgado pela justiça comum. 
 
 
 
 
 
 
 
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A Justiça Militar Estadual julga SOMENTE militares. NÃO julga civis
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A Justiça Militar da União julga militares e também civis que praticam crimes contra as instituições militares
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TORTURA | TURMA 60| META 02 8 
 
 
Como esse tema já foi cobrado 
(Delegado de Polícia / PC-CE / Adaptada) Pode-se afirmar sobre o crime de 
tortura, regulado pela Lei no 9.455/97, que será sempre de competência da 
Justiça Federal, independentemente do lugar do crime1. 
 
 JURISPRUDÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Errado 
Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Denúncia pela 
prática do crime de tortura (artigo 1º, inciso II, § 3º – segunda parte e artigo 
1º, inciso II, por sete vezes c/c o § 4º, inciso I, da Lei 9.455/1997) e não de 
maus tratos do Código Penal Militar. 3. Competência da Justiça Estadual Comum 
fixada pelo Tribunal de origem com base na legislação infraconstitucional e no 
conjunto fático-probatório dos autos. 4. Óbice da Súmula 279/STF. 5. Violação 
dos artigos 124 e 125, §§ 4º e 5º, da Constituição Federal não configurada. 6. 
Entendimento desta Suprema Corte de que a competência para processar e 
julgar crimes comuns praticados por policiais militares é da Justiça comum. 7. 
Agravo regimental a que se nega provimento. (RE 1077726 AgR, Relator(a): 
GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 29/06/2018, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-153 DIVULG 31-07-2018 PUBLIC 01-08-2018) 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 9 
4. CRIME DE TORTURA 
 
4.1 – Art. 1º, Inciso I 
 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de 
terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
 
O verbo descrito da conduta ‘constranger’ configura que o agente 
submete, subjuga, obriga, força a vítima a fazer algo ou deixar de fazer algo. E 
esse constrangimento se dá mediante violência ou grave ameaça. 
O resultado dessa violência ou grave ameaça provoca sofrimento físico ou 
mental. A Lei não menciona o sofrimento moral, então não se configura o crime 
de tortura se ocorrer dessa forma. 
Para o crime de tortura ser configurado, é necessário também que exista a 
finalidade de atingir alguma das finalidades previstas nas alíneas do artigo. O 
crime será consumado independente se a finalidade pretendida foi alcançada ou 
não. 
A alínea ‘a’ trata de tortura-confissão (ou, ainda, tortura persecutória, 
tortura prova, tortura probatória, tortura institucional ou tortura inquisitorial)2. 
 
2 PORTOCARRERO, Claudia Barros. LEIS PENAIS ESPECIAIS PARA CONCURSOS. Rio de Janeiro: 
Impetus, 2010, p 217 apud ROQUE, Fábio; TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. LEGISLAÇÃO 
CRIMINAL PARA CONCURSOS. 5. ed. rev. atual. e amp. Salvador: JusPodvim, 2020. 
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TORTURA CONFISSÃO 
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TORTURA CRIME
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TORTURA PRECONCEITO
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Sublinhado
Não tem crime de tortura no caso de coação para prática de contravenção penal.
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Não cabe sofrimento moral
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Sublinhado
Inc. I não exige qualidade especial do agente; qualquer um pode cometer
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 10 
Importante apontar que se a finalidade for devidamente obtida, a 
informação, declaração ou confissão, não poderão ser utilizadas em processo, 
pois seria tratada como prova ilícita. 
A alínea ‘b’ consiste no crime de tortura que tem a finalidade de provocar 
uma ação ou uma omissão criminosa. Trata-se de ‘tortura-crime’. 
Nesse crime, a consumação se dá no momento em que houver o 
sofrimento físico ou mental, mesmo que o torturador não tenha obtido. Ou seja, 
mesmo que a vítima da tortura não tenha provocado a ação (ou omissão) 
criminosa. 
No caso de o crime ocorrer em razão da tortura, por óbvio, a pessoa 
torturada não vai ser punida por estar submetida à coação moral irresistível, 
sendo esta uma modalidade de inexigibilidade de conduta diversa, que exclui a 
culpabilidade. 
No caso do crime consumado pelo que foi torturado, o coautor (torturador) 
responderá pelo crime praticado na condição de autor imediato. Além do crime 
realizado, na condição de autor imediato, aquele que provocou a tortura com a 
finalidade de que outra pessoa praticasse um crime irá responder tanto pela 
tortura, quanto pelo crime praticado. 
Importante frisar que este não seria caso de bis in idem em razão de 
serem crimes distintos (o crime de tortura e o crime que o torturado praticou). 
Além disso, tendo em vista que são crimes praticados mediante uma ação (pelo 
torturador) seria concurso formal imperfeito (ou concurso formal impróprio). 
 
 
 
 
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Admite tentativa ✓
Admite desistência voluntária ✓
NÃO admite arrependimento eficaz X
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VEDAÇÃO À GRAÇA, ANISTIA E AO INDULTO: a Lei de Tortura só prevê impossibilidade de graça e anistia; mas a tortura é equiparada a crime hediondo e a Lei de Crimes Hediondos (L 8.072/90) prevê expressamente a proibição do indulto também:
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto;
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 11 
ATENÇÃO! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A doutrina traz uma explanação acerca da diferença entre coação moral e 
coação física irresistível. Veja: 
A doutrina3 explica de forma bem didática que é importante ressaltar que 
se trata, efetivamente, de coação moral (vis compulsiva), e não de coação física 
irresistível (vis absoluta), que excluiria a conduta humana penalmente 
relevante, tornando o fato atípico. 
Na coação física, a vontade humana é completamente ausente, na 
medida em que o coato não possui qualquer alternativa. O melhor exemplo 
para esse caso é quando uma pessoa coloca uma arma de fogo na mão de 
outra, e imprime força física apertando o gatilho por ela. Nesse caso, o coato 
não tinha nenhuma alternativa, não possuía vontade. 
 
3 ROQUE, Fábio; TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. LEGISLAÇÃO CRIMINAL PARA 
CONCURSOS. 5. ed. rev. atual. e amp. Salvador: JusPodvim, 2020 
Para relembrar o concurso formal (art. 70 do CP): 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas 
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, 
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes 
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior 
O concurso formal de crimes é quando ocorre uma só ação (ou omissão) 
e o agente pratica dois ou mais crimes. 
No caso de concurso formal impróprio, a ação ou omissão é dolosa e os 
crimes possuem desígnios autônomos. Ou seja, embora haja dois ou 
mais crimes, o autor possuía a vontade da prática de todos eles. 
 
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CRIME FORMAL PRÓPRIO: Uma conduta, mais de um crime, aplica a pena do mais grave, aumentada
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CRIME FORMAL IMPRÓPRIO: uma ação, mais de um crime, só que são crimes dolosos que têm desígnios diversos. Nesse caso, as penas são SOMADAS (e não tem só o aumento). Exemplo: tortura para prática de outro crime. O torturador vai responder pela tortura e também pelo crime praticado pelo torturado, com a soma das penas de cada crime.
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TORTURA | TURMA 60| META02 12 
Já na coação moral, há uma vontade por parte do coato. Essa 
vontade é viciada pela violência ou grave ameaça empregada. Nesse caso, a 
vítima tem vontade de praticar a conduta para se livrar da coação. 
Na alínea ‘b’, o legislador deixa claro: para provocar ação ou omissão de 
natureza criminosa. Dessa forma, portanto, não haverá crime de tortura se 
for empregada violência ou grave ameaça para coagir pessoa a praticar 
contravenção penal. 
Na alínea ‘c’, a tortura é empregada em razão de discriminação ou omissão 
de natureza religiosa, chamada de tortura-discriminação ou tortura-
preconceito4. 
Nesse ponto o legislador restringiu a aplicação desse crime, tendo em vista 
que será punida somente a tortura com a finalidade de discriminação racial ou 
religiosa. Se, portanto, a violência ou grave a ameaça empregada que cause 
intenso sofrimento físico ou moral por discriminação tiver relação com idade, 
orientação sexual, ideologia, etc, não será caracterizado o crime. Da mesma 
forma que não se pode aplicar a analogia prejudicial ao réu (como no caso de 
contravenção penal citado acima), também não se pode admitir analogia in 
malam partem para outros tipo de discriminação. 
Quanto ao resultado naturalístico deste crime, a doutrina diverge. Há quem 
entenda que se trata de crime formal em razão de que o resultado pretendido 
(discriminação) não precisa ser alcançado. 
Outra parte da doutrina entende que nesse caso existe uma finalidade a 
ser alcançada. Ou seja, a discriminação não é a finalidade a ser alcançada, mas 
sim a motivação da prática da tortura. Ao praticar o crime, o agente não iria 
torturar para discriminar, e sim ele discrimina e, em razão disso, tortura. Nesse 
entendimento, o crime se consuma quando há a imposição do sofrimento, 
sendo, portanto, crime material. 
 
4 ROQUE, Fábio; TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. LEGISLAÇÃO CRIMINAL PARA 
CONCURSOS. 5. ed. rev. atual. e amp. Salvador: JusPodvim, 2020 
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TORTURA | TURMA 60| META 02 13 
Como esse tema já foi cobrado 
(Delegado de Polícia / PC-PI / Adaptada) Após a Segunda Guerra Mundial, 
adotada e proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os direitos 
inerentes à pessoa humana passam a ser protegidos mundialmente. No Brasil, 
os atos de tortura e as tentativas de praticar atos dessa natureza são coibidos. 
Julgue quanto ao crime de tortura: 
Não se constitui crime de tortura o constrangimento de alguém com o 
emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico, em 
razão de discriminação racial ou religiosa5. 
 
4.2 - Art. 1º, Inciso II 
 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego 
de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como 
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
 
O crime apontado no inciso II se trata da chamada tortura-castigo. A 
finalidade (elemento subjetivo específico do tipo penal) é a aplicação do castigo 
pessoal ou a medida de caráter preventivo. 
Nesse tipo específico, o agente exige uma qualidade especial, pois somente 
poderá ser sujeito ativo quem tem guarda, poder ou autoridade sobre a outra 
pessoa (torturada). 
 
 
 
 
5 Errado 
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TORTURA CASTIGO
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Exige-se uma qualidade especial do agente: que tenha guarda, poder ou autoridade sobre o torturado. Exemplo: pais, tutores, curadores, presos tutelados pelo Estado (autoridades policiais, etc).
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 14 
 
Como esse tema já foi cobrado 
(Delegado de Polícia Federal / Adaptada) Cinco guardas municipais em serviço 
foram desacatados por dois menores. Após breve perseguição, um dos menores 
evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram o menor 
apreendido para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e 
ameaçaram-no, além de submetê-lo a choques elétricos. Os outros três guardas 
deram cobertura. Nessa situação, os cinco guardas municipais responderão pelo 
crime de tortura, incorrendo todos nas mesmas penas6. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 Certo 
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No caso, eles não responderia pela tortura omissão, e sim pela omissão imprópria, porque eles deram cobertura (agiram).
Por isso respondem pelo crime nas mesmas penas
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 15 
 JURISPRUDÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.3 Modalidade equiparada ao Crime de Tortura – Art. 1º, §1º 
 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a 
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática 
de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
 
Crime de maus-tratos do art. 136 CP x Crime de tortura do inciso 
II, art. 1ºda Lei 9.455/97 
 
CRIMINAL. RESP. TORTURA QUALIFICADA POR MORTE. DESCLASSIFICAÇÃO 
PARA CRIME DE MAUS-TRATOS QUALIFICADO PELA MORTE PROMOVIDA PELO 
TRIBUNAL A QUO. REVISÃO DA DECISÃO. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA 
SÚMULA N.º 07/STJ. RECURSO NÃO-CONHECIDO. 
I. A figura do inc. II do art. 1.º, da Lei n.º 9.455/97 implica na existência 
de vontade livre e consciente do detentor da guarda, do poder ou da 
autoridade sobre a vítima de causar sofrimento de ordem física ou moral, 
como forma de castigo ou prevenção. II. O tipo do art. 136, do Código 
Penal, por sua vez, se aperfeiçoa com a simples exposição a perigo a vida 
ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, em razão 
de excesso nos meios de correção ou disciplina. III. Enquanto na hipótese 
de maus-tratos, a finalidade da conduta é a repreensão de uma 
indisciplina, na tortura, o propósito é causar o padecimento da vítima. IV. 
Para a configuração da segunda figura do crime de tortura é indispensável a 
prova cabal da intenção deliberada de causar o sofrimento físico ou moral, 
desvinculada do objetivo de educação. V. Evidenciado ter o Tribunal a quo 
desclassificado a conduta de tortura para a de maus tratos por entender pela 
inexistência provas capazes a conduzir a certeza do propósito de causar 
sofrimento físico ou moral à vítima, inviável a desconstituição da decisão pela via 
do recurso especial. VI. Incidência da Súmula n.º 07/STJ, ante a inarredável 
necessidade reexame, profundo e amplo, de todo conjunto probatório dos autos. 
VII. Recurso não conhecido, nos termos do voto do relator. 
(REsp 610.395/SC, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 
25/05/2004, DJ 02/08/2004, p. 544)(grifei) 
 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 16 
O crime previsto no §1º se equipara ao crime de tortura, mas nesse caso o 
sujeito passivo, obrigatoriamente, é a pessoa submetida à prisão ou medida 
de segurança. 
Existe uma divergência doutrinária sobre o crime ser próprio ou crime 
comum. 
Claudia Barros Portocarrero7 acredita que se trata de crime próprio, 
alegando que a condição especial do agente (pessoa submetida à prisão ou 
medida de segurança) traz a obrigatoriedade de que somente o funcionário 
público que exerce suas atividades junto ao preso ou aos submetidos à medida 
de segurança possam cometer o crime. Assim, o agente seria um funcionário 
público no exercício de sua função ou em razão dela, sendo, portanto, um crime 
funcional previsto em legislação extravagante. 
Noutro giro, Nucci8 entende que se trata de crime comum. Para isso, 
assevera que o legislador deixa a entender que a pretensão seria punir a 
conduta praticada pelos agentes públicos responsáveis pelos encarcerados, 
entretanto, nada impede que um terceiro, não sendo funcionário público, 
cometa tal ação. 
Por fim, nesse tipo de tortura não há o que se falar em elemento subjetivo 
específico do tipo, pois não existe uma finalidade a ser alcançada pelo agente 
por meio da tortura. 
 
4.4 Modalidade omissiva do crime de tortura – Art. 1º, §2º7 PORTOCARRERO, Claudia Barros. LEIS PENAIS ESPECIAIS PARA CONCURSOS. Rio de Janeiro: 
Impetus, 2010 apud ROQUE, Fábio; TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. LEGISLAÇÃO 
CRIMINAL PARA CONCURSOS. 5. ed. rev. atual. e amp. Salvador: JusPodvim, 2020 
8 NUCCI, Guilherme de Souza. LEIS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS COMENTADAS. vII. 6 Ed. São 
Paulo: RT, 2012 apud ROQUE, Fábio; TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. LEGISLAÇÃO 
CRIMINAL PARA CONCURSOS. 5. ed. rev. atual. e amp. Salvador: JusPodvim, 2020 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 17 
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever 
de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. 
 
Nessa modalidade de tortura-omissão, o sujeito se omite em evitar o 
resultado da tortura que é cometida por outra pessoa. O sujeito ativo será 
quem possui o dever de evitar ou apurar o resultado do crime de tortura. 
Existem, portanto, duas condutas omissivas presentes nesse crime: de 
quem possui o dever de evitar o resultado - os melhores exemplos são pais em 
relação aos filhos, ou ainda as autoridades públicas em relação àqueles 
custodiados. 
A segunda forma de omissão presente nesse tipo se trata de quem tem o 
dever de apurar o crime de tortura e não o faz. Nesse caso, portanto, o sujeito 
ativo necessariamente será o funcionário público que tem o dever de apurar. 
Há posicionamento na doutrina de que essa previsão de omissão contida 
no §2º do art. 1º seria um tratamento mais brando conferido pela Lei de 
Drogas. No Código Penal, aquele que tem o dever de evitar o resultado se torna 
garantidor (art. 13, §2º do CP), pois no caso de sua omissão, a sua 
responsabilização será a mesma de quem praticou a ação. 
Nesse tipo específico, a crítica se dá em relação à pena ser menor de quem 
se omite do que a pena de quem comete a tortura em si. 
 
4.5 Modalidade de tortura qualificada – Art. 1º, §3º 
 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é 
de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a 
dezesseis anos. 
 
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TORTURA OMISSÃO
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 Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
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TORTURA | TURMA 60| META 02 18 
O parágrafo terceiro aponta a modalidade de tortura qualificada. Embora o 
Código Penal não tenha apontado a expressão ‘gravíssima’ quando a conduta 
resulta em lesão corporal, a presente Lei de Tortura traz esse termo, mas as 
hipóteses de lesão corporal grave e gravíssima se encontram nos §§ 1º e 2º 
do art. 129 do CP. 
Embora haja divergência na doutrina, o entendimento majoritário 
considera que as qualificadoras do crime de tortura devem ser considerados 
como crimes preterdolosos. Existe o dolo antecedente (na conduta) e a culpa 
no resultado. Dessa forma, o agente tem o dolo para torturar, mas não 
pretendia produzir o resultado de lesão grave ou gravíssima. 
ATENÇÃO! 
 
 
 
 
Ainda existe a hipótese que o agente tem dois dolos diferentes: dolo de 
torturar e dolo de matar. De início, quando se pensa em condutas que o 
criminoso tem o dolo de torturar e depois também tem o dolo de matar, seria 
uma hipótese de dois crimes diversos, devendo, portanto, serem punidos 
conforme a regra do concurso material de crimes (art. 69 do CP). 
Existe também a possibilidade de reconhecer a progressão criminosa, com 
o crime de homicídio qualificado pela tortura. 
Em relação ao cabimento das qualificadoras no crime de tortura por 
omissão, a doutrina tem entendimento divergente. 
Parte da doutrina (Nucci) entende que as qualificadoras não incidem no 
crime de tortura por omissão, tendo em vista que o resultado da qualificadora 
No caso do agente possuir o dolo de matar e a tortura for o meio 
utilizado para a prática do crime, será então o crime de homicídio 
qualificado pela tortura, previsto no art. 121, §2º, III do CP. 
 
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Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
 § 1º Se resulta: GRAVE
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2° Se resulta: GRAVÍSSIMA
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto;
Pena - reclusão, de dois a oito anos
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Três situações: 
1) Tortura com a consequência morte (a morte é preterdolosa - aplica a Lei de Tortura com a qualificadora morte); 
2) Dolo de matar e utiliza a tortura para tanto (aplica o art. 121, §2º, III do CP - homicídio qualificado pela tortura) - PROGRESSÃO CRIMINOSA
3) Quer torturar e depois quer matar (aplica os tipos penais autônomos de tortura e de homicídio) - CONCURSO MATERIAL
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 19 
advém da própria violência, grave ameaça ou sofrimento físico ou mental 
empregada à vítima. Além disso, também pontua que as modalidades de pena 
aplicadas à omissão (pena de detenção) e às qualificadoras (pena de reclusão) 
são diferentes, não sendo correto transformar a pena para reclusão pelo fato de 
incidir as qualificadoras. 
Távora9 e outros entendem que a qualificadora poderia ser adequada ao 
crime de tortura por omissão do garantidor. Como o resultado da qualificadora 
decorre diretamente da violência ou da ameaça, não seria um impedimento a 
responsabilização pela omissão. Ademais, não existe nenhum impedimento para 
a qualificadora alterar a modalidade de pena (de detenção para reclusão). 
Como a Lei de Tortura não apontou nada que pudesse excluir das 
qualificadoras a conduta omissiva, também seria o correto aplicar ao caso de 
tortura por omissão. 
Por fim, o Professor Márcio André Lopes Cavalcante10, sustenta que essas 
formas qualificadas somente se aplicam ao caput do art. 1º. Assim, essas 
qualificadoras não podem ser aplicadas para as espécies de tortura tratadas nos 
§§ 1º e 2º. 
No que tange ao entendimento dos Tribunais Superiores, ainda não há um 
juízo consolidado a respeito desse tema. 
 
4.6 Majorantes – Art. 1º §4º 
 
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
 
9 ROQUE, Fábio; TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. LEGISLAÇÃO CRIMINAL PARA 
CONCURSOS. 5. ed. rev. atual. e amp. Salvador: JusPodvim, 2020 
10 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A prática do delito de tortura-castigo (vingativa ou intimidatória), 
previsto no art. 1º, II, da Lei nº 9.455/97, é crime próprio. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
. 
Acesso em: 18/08/2020 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 20 
I - se o crime é cometido por agente público; 
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de 
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
III - se o crime é cometido mediante seqüestro. 
 
As causas de aumento de pena previstas no §4º do art. 1º incidem na 
terceira fase da dosimetria da pena e se aplicam a todas as modalidades de 
tortura. 
No caso de ocorrer mais de uma causa de aumento de pena, como será a 
aplicação? 
Nesse caso, o entendimento da doutrina é que seria aplicável por analogia 
(in bonam partem) o previsto no art.68, parágrafo único do CP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
No inciso I consta a causa de aumento de pena quando o crime for 
cometido por agente público. Para não ocorrer divergência entre os termos 
‘agente público’ e ‘funcionário público’, para o Direito Penal a expressão ‘agente 
público’ abrange o conceito contido no art. 327 do CP: 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério 
do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as 
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as 
causas de diminuição e de aumento. 
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou 
de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz 
limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, 
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou 
diminua. 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 21 
 
 
 
 
 
 
 
A causa de aumento de pena somente será aplicada se o agente público 
praticar a conduta do crime de tortura no exercício de sua função ou em razão 
dela. 
O inciso II trata da causa de aumento de pena se o crime for cometido 
contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 
(sessenta) anos. 
Para ser considerada criança, devemos nos ater à definição manifestada no 
Estatuto da Criança e Adolescente em seu art. 2º, que aponta que criança será 
a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente será entre doze e 
dezoito anos de idade. 
No que se refere às pessoas maiores de sessenta anos, foi uma expressão 
incluída pelo Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03). Quanto ao portador de 
deficiência, como a Lei não promoveu distinção nenhuma, será abrangida tanto 
a deficiência física, quanto a deficiência mental. Da mesma forma, por falta de 
caracterização, a gestação será a qualquer tempo. 
Como se trata de características específicas, o agente que comete o crime, 
para ter a pena aumentada, deverá ter conhecimento da situação fática 
existente quanto às especificidades. 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os 
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce 
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e 
quem trabalha para empresa prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública. 
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Sublinhado
Agente tem que ter conhecimento da gestação
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TORTURA | TURMA 60| META 02 22 
Por último, em relação ao inciso III, o crime de sequestro se fundamenta 
na privação da liberdade física da vítima. No caso de tortura, a majorante de 
sequestro será o meio da prática de tortura, e não o crime fim. 
De modo diverso, se o dolo do agente é o do cerceamento da liberdade da 
vítima, mas dessa privação decorre sofrimento à ela, será então crime de 
sequestro qualificado, conforme previsto no art. 148, §2º, CP. 
No caso de condenação, o §5º aponta que acarretará a perda do cargo, 
função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do 
prazo da pena aplicada. Dessa forma, a perda do cargo é um efeito 
automático da condenação, não necessitando, portanto, que seja 
fundamentado na sentença. 
 JURISPRUDÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção! Embora exista no Código Penal, no art. 92, I o efeito 
extrapenal da perda do cargo ou função pública, para o Código Penal, 
esse efeito não é automático, mas na Lei de Tortura esse efeito é 
automático. Entendimento firmado também pelo STJ: 
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM 
RECURSO ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. NÃO OCORRÊNCIA. CRIME DE 
TORTURA. PERDA DO CARGO. EFEITO AUTOMÁTICO. 1. "[..] . 3. "Nos 
termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, uma vez 
reconhecida a prática do crime de tortura, de acordo com a 
legislação especial aplicável a este delito, a perda do cargo 
público é efeito automático e obrigatório da condenação" (REsp 
1762112/MT, relatora Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado 
em 17/9/2019, DJe 1º/10/2019). 4. Agravo Regimental desprovido. 
(grifei) 
 
 
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Duas situações: sequestro como meio da prática de tortura; e sequestro que tem como consequência sofrimento físico e mental
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TORTURA | TURMA 60| META 02 23 
Essa perda do cargo, função ou emprego público se dará somente se o 
agente tiver praticado a conduta no âmbito do exercício das suas 
funções. 
Como esse tema já foi cobrado 
(Delegado de Polícia / PC-GO / Adaptada) Na hipótese de um servidor 
público ser condenado pelo crime de tortura qualificada pelo resultado morte a 
uma pena de doze anos de reclusão, referida condenação acarretará a perda do 
cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por doze 
anos11. 
(Delegado de Polícia / PC-PE) Adaptada) Da sentença penal se extraem 
diversas consequências jurídicas e, quando for condenatória, emergem-se os 
efeitos penais e extrapenais. Acerca dos efeitos da condenação penal, julgue: 
A condenação por crime de tortura acarretará a perda do cargo público e a 
interdição temporária para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena 
aplicada, desde que fundamentada na sentença condenatória, não sendo efeito 
automático da condenação12. 
 
O crime de tortura é equiparado a hediondo, conforme previsão 
constitucional. Dessa forma, o crime de tortura é inafiançável e insuscetível de 
graça ou anistia. 
O §7º do art. 1º aponta ainda que o crime será inicialmente cumprido em 
regime fechado, excetuando-se a hipótese no §2º (tortura-omissão, pois é 
punido com pena de detenção). 
Anteriormente, havia a previsão de que os crimes hediondos deveriam ser 
cumpridos integralmente em regime fechado. O STF, depois, reconheceu a 
 
11 Errado. 
12 Errado 
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A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada.
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PERDA DO CARGO E INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA PARA SEU EXERCÍCIO SÃO EFEITOS AUTOMÁTICOS NA LEI DE TORTURA: não precisa fundamentar.
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TORTURA | TURMA 60| META 02 24 
inconstitucionalidade dessa proibição da progressão de regime, sendo possível o 
início do cumprimento da pena na forma do regime fechado, mas não se pode 
vedar a progressão de regime. Para provas, fique atento13: 
 JURISPRUDÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Finalmente, o crime de tortura não admite a substituição da pena privativa 
de liberdade por pena restritiva de direitos, pois a substituição prescinde que o 
crime não tenha sido praticado com violência ou grave ameaça, o que não se 
enquadra ao crime de tortura. 
 
 
 
13 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Regime inicial de pena no caso do crime de torturaa. Buscador Dizer 
o Direito, Manaus. Disponível em: 
. 
Acesso em: 21/08/2020 
OBS: existe um julgado da 1ª Turma do STF afirmando que o regime 
inicial no caso de tortura deveria ser obrigatoriamente o fechado: HC 
123316/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/6/2015. Penso que 
se trata de uma posição minoritária e isolada do Min. Marco Aurélio. Os 
demais Ministros acompanharam o Relator mais por uma questão de 
praticidade do que de tese jurídica. Isso porque os demais Ministros 
entendiam que, no caso concreto, nem caberia habeas corpus, 
considerando que já havia trânsito em julgado. No entanto, eles não 
aderiram expressamente à tese do Relator. Não há fundamento que 
justifique o § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 (que obriga o regime 
inicial fechado para crimes hediondos) tersido declarado 
inconstitucional e o § 7º do art. 1º da Lei nº 9.455/97 (que prevê regra 
semelhante para um crime equiparado a hediondo) não o ser. Em 
provas de concurso, deve-se ter atenção para a redação do enunciado. 
 
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Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

EXTRATERRITPRIALIDADE INCONDICIONADA: A Lei de Tortura não exige nenhum dos requisitos do art. 7º do CP para a extraterritorialidade. Competência da Justiça ESTADUAL (o fato de ter sido praticado no exterior não atrai, por si só, a competência Federal. 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 25 
 
5. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA 
 
A prática do delito de tortura-castigo (vingativa ou intimidatória), previsto no 
art. 1º, II, da Lei nº 9.455/97, é crime próprio 
Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo (art. 1º, II, da Lei nº 
9.455/97) aquele que detiver outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime 
próprio). 
STJ. 6ª Turma. REsp 1738264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
23/08/2018 (Info 633). 
 
 
Regime inicial de pena no caso do crime de tortura 
O Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou incidentalmente a 
inconstitucionalidade do § 1º, do art. 2º, da Lei nº 8.072/90, com a redação que lhe foi 
dada pela Lei nº 11.464/2007, afastando, dessa forma, a obrigatoriedade do regime 
inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, incluído aqui o 
crime de tortura. 
Dessa forma, não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o 
cumprimento da pena no regime prisional fechado. 
STJ. 5ª Turma. HC 383090/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 21/03/2017. 
STJ. 6ª Turma. RHC 76642/RN, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
11/10/2016. 
 
Ausência de bis in idem na aplicação do art. 1º, § 4º, II, da Lei de Tortura em 
conjunto com a agravante do art. 61, II, "f", do Código Penal 
No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de 
relações domésticas e de coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da 
causa de aumento de pena prevista no art. 1º, § 4º, II, da Lei nº 9.455/1997 (Lei de 
Tortura) e da agravante genérica estatuída no art. 61, II, "f", do Código Penal. 
STJ. 6ª Turma. HC 362634-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
16/8/2016 (Info 589). 
 
 
 
TORTURA | TURMA 60| META 02 26 
 
O regime inicial de pena nos crimes hediondos não precisa ser 
obrigatoriamente o fechado 
A hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime prisional 
mais gravoso, pois o juízo, em atenção aos princípios constitucionais da 
individualização da pena e da obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, 
deve motivar o regime imposto observando a singularidade do caso concreto. 
Assim, é inconstitucional a fixação de regime inicial fechado com base unicamente na 
hediondez do delito. 
STF. 1ª Turma. ARE 935967 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/03/2016. 
STF. 2ª Turma. HC 133617, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/05/2016. 
 
É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do 
regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos 
parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal. 
STF. Plenário. ARE 1052700 RG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 02/11/2017. 
 
 
 
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