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ROTEIRO_RESUMO_2024_2BIMESTRE (1)

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Paulo Silva

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Tema 01 - Kant e Nietzsche 
Imperativos Categóricos de Kant: “age de tal maneira que a máxima de tua vontade possa valer 
tanto para ti, como para os outros, como lei universal; age de tal maneira que possas usar a 
humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e 
simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio; age de modo que a máxima de 
sua ação possa valer tanto para ti, como para os outros como lei universal”. 
(Kant em Fundamentação da Metafísica dos Costumes, 2004, p. 59). 
Filosofia Voluntarista de Nietzche: “O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-
homem: uma corda por cima do abismo; perigosa travessia. Perigoso caminhar; perigoso olhar 
para trás, perigoso parar e tremer. O que é de grande valor no homem é o fato de ser uma ponte 
e não um fim; o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem e um acabamento”. 
(Nietzsche, em Assim falou Zaratustra). 
 
Tema 02 - Teoria Pura do Direito – Hans Kelsen 
1. A “pureza” A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo - do Direito positivo em 
geral, não de uma ordem jurídica especial. É teoria geral do Direito, não interpretação de 
particulares normas jurídicas, nacionais ou internacionais. Contudo, fornece uma teoria da 
interpretação. Como teoria, quer única e exclusivamente conhecer o seu próprio objeto. Procura 
responder a esta questão: o que é e como é o Direito? Mas já não lhe importa a questão de 
saber como deve ser o Direito, ou como deve ele ser feito. É ciência jurídica e não política do 
Direito. Quando a si própria se designa como “pura” teoria do Direito, isto significa que ela se 
propõe garantir um conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo 
quanto não pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa, rigorosamente, determinar como 
Direito. Quer isto dizer que ela pretende libertar a ciência jurídica de todos os elementos que 
lhe são estranhos. Esse é o seu princípio metodológico fundamental. Isto parece-nos algo de per 
si evidente. Porém, um relance de olhos sobre a ciência jurídica tradicional, tal como se 
desenvolveu no decurso dos sécs. XIX e XX, mostra claramente quão longe ela está de satisfazer 
à exigência da pureza. De um modo inteiramente acrítico, a jurisprudência tem-se confundido 
com a psicologia e a sociologia, com a ética e a teoria política. Esta confusão pode porventura 
explicar-se pelo fato de estas ciências se referirem a objetos que indubitavelmente têm uma 
estreita conexão com o Direito. Quando a Teoria Pura empreende delimitar o conhecimento do 
Direito em face destas disciplinas, fá-lo não por ignorar ou, muito menos, por negar essa 
conexão, mas porque intenta evitar um sincretismo metodológico que obscurece a essência da 
ciência jurídica e dilui os limites que lhe são impostos pela natureza do seu objeto. 
2. Teoria jurídica estática e teoria jurídica dinâmica Conforme o acento é posto sobre um ou 
sobre o outro elemento desta alternativa: as normas reguladoras da conduta humana ou a 
conduta humana regulada pelas normas, conforme o conhecimento é dirigido às normas 
jurídicas produzidas, a aplicar ou a observar por atos de conduta humana ou aos atos de 
produção, aplicação ou observância determinados por normas jurídicas, podemos distinguir 
uma teoria estática e uma teoria dinâmica do Direito3 . A primeira tem por objeto o Direito 
como um sistema de normas em vigor, o Direito no seu momento estático; a outra tem por 
objeto o processo jurídico em que o Direito é produzido e aplicado, o Direito no seu movimento. 
Deve, no entanto, observar-se, a propósito, que este mesmo processo e, por sua vez, regulado 
pelo Direito. E, com efeito, uma característica muito significativa do Direito o ele regular a sua 
própria produção e aplicação. A produção das normas jurídicas gerais, isto é, o processo 
legislativo, é regulado pela Constituição, e as leis formais ou processuais, por seu turno, tomam 
à sua conta regular a aplicação das leis materiais pelos tribunais e autoridades administrativas. 
Por isso, os atos de produção e de aplicação (que, como veremos, também é ela própria 
produção)4 do Direito, que representam o processo jurídico, somente interessam ao 
conhecimento jurídico enquanto formam o conteúdo de normas jurídicas, enquanto são 
determinados por normas 51 jurídicas. Desta forma, também a teoria dinâmica do Direito é 
dirigida a normas jurídicas, a saber, àquelas normas que regulam a produção e a aplicação do 
Direito. 
 
IV Estática jurídica 1. A sanção: ilícito e conseqüência do ilícito a) As sanções do Direito nacional 
e do Direito internacional Se o Direito é concebido como uma ordem de coerção, isto é, como 
uma ordem estatuidora de atos de coerção, então a proposição jurídica que descreve o Direito 
toma a forma da afirmação segundo a qual, sob certas condições ou pressupostos pela ordem 
jurídica determinados, deve executar-se um ato de coação, pela mesma ordem jurídica 
especificado. Atos de coerção são atos a executar mesmo contra a vontade de quem por eles é 
atingido e, em caso de resistência, com o emprego da força física. Como ressalta da investigação 
precedente, devem distinguir-se duas espécies de atos de coação: Sanções, isto é, atos de 
coerção que são estatuídos contra uma ação ou omissão determinada pela ordem jurídica, 
como, por exemplo, a pena de prisão prevista para o furto; e aos de coação que não têm este 
caráter, como, por exemplo, o internamento compulsório de indivíduos atacados por uma 
doença perigosa ou que são considerados perigosos por causa da sua raça, das suas convicções 
políticas ou do seu credo religioso, ou ainda a aniquilação ou privação compulsória da 
propriedade no interesse público. Nestas últimas hipóteses, entre os pressupostos do ato da 
coerção estatuído pela ordem jurídica não se encontra qualquer ação ou omissão de 
determinado indivíduo especificada pela mesma ordem jurídica. As sanções no sentido 
específico desta palavra aparecem - no domínio das ordens jurídicas estaduais - sob duas formas 
diferentes: como pena (no sentido estrito da palavra) e como execução (execução forçada). 
Ambas as espécies de sanções consistem na realização compulsória de um mal ou - para exprimir 
o mesmo sob a forma negativa - na privação compulsória de um bem: no caso da pena capital, 
a privação da vida, no caso das penas corporais, outrora usadas (como a privação da vista, a 
amputação de uma mão ou da língua), a privação do uso de um membro do corpo, ou o castigo 
corretivo: a provocação de dores; no caso da pena de prisão, a privação da liberdade; no caso 
das penas patrimoniais, a privação de valores patrimoniais, especialmente da propriedade. Mas 
também a privação de outros direitos pode ser cominada como pena: tal a demissão ou a perda 
dos direitos políticos. Também a execução é a produção compulsória de um mal. Distingue-se, 
porém, da pena pelo fato de - como costuma dizer-se - ser levada a efeito para compensar 
(indenizar) o ilícito que consiste na conduta contra a qual esta sanção é dirigida como reação. A 
chamada indenização do ilícito consiste em pôr termo à situação criada em virtude da conduta 
contrária ao Direito (situação que, nestes 77 termos, é também contrária ao Direito) e em 
produzir ou restabelecer um situação conforme ao Direito. 
 
V Dinâmica jurídica 1. O fundamento de validade de uma ordem normativa: a norma 
fundamental a) Sentido da questão relativa ao fundamento de validade Se o Direito é concebido 
como uma ordem normativa, como um sistema de normas que regulam a conduta de homens, 
surge a questão: O que é que fundamenta a unidade de uma pluralidade de normas, por que é 
que uma norma determinada pertence a uma determinada ordem? E esta questão está 
intimamente relacionada com esta outra: Por que é que uma norma vale, o que é que constitui 
o seu fundamento de validade? Dizer que uma norma que se refere à conduta de um indivíduo“vale” (é “vigente”), significa que ela é vinculativa, que o indivíduo se deve conduzir do modo 
prescrito pela norma. Já anteriormente num outro contexto, explicamos que a questão de 
porque é que a norma vale - quer dizer: por que é que o indivíduo se deve conduzir de tal forma 
- não pode ser respondida com a simples verificação de um fato da ordem do ser, que o 
fundamento de validade de uma norma não pode ser um tal fato. Do fato de algo ser não pode 
seguir-se que algo deve ser; assim como do fato de algo dever ser se não pode seguir que algo 
é. O fundamento de validade de uma norma apenas pode ser a validade de uma outra norma. 
Uma norma que representa o fundamento de validade de uma outra norma é figurativamente 
designada como norma superior, por confronto com uma norma que é, em relação a ela, a 
norma inferior. Na verdade, parece que se poderia fundamentar a validade de uma norma com 
o fato de ela ser posta por qualquer autoridade, por um ser humano ou supra-humano: assim 
acontece quando se fundamenta a validade dos Dez Mandamentos com o fato de Deus, Jeová, 
os ter dado no Monte Sinai; ou quando se diz que devemos amar os nossos inimigos porque 
Jesus, o Filho de Deus, o ordenou no Sermão da Montanha. Em ambos os casos, porém, o 
fundamento de validade, não expresso mas pressuposto, não é o fato de Deus ou o Filho de 
Deus ter posto uma determinada norma num certo tempo e lugar, mas uma norma: a norma 
segundo a qual devemos obedecer às ordens ou mandamentos de Deus, ou aquela outra 
segundo a qual devemos obedecer aos mandamentos de Seu Filho. Em todo caso, no silogismo 
cuja premissa maior é a proposição de dever-ser que enuncia a norma superior: devemos 
obedecer aos mandamentos de Deus (ou aos mandamentos de Seu Filho), e cuja conclusão é a 
proposição de dever-ser que enuncia a norma inferior: devemos obedecer aos Dez 
Mandamentos (ou ao mandamento que nos ordena que amemos os inimigos), a proposição que 
verifica (afirma) um fato da ordem do ser: Deus 136 estabeleceu os Dez Mandamentos (ou o 
Filho de Deus ordenou que amássemos os inimigos), constitui, como premissa menor, um elo 
essencial. Premissa maior e premissa menor, ambas são pressupostos da conclusão. Porém 
apenas a premissa maior, que é uma proposição de dever-ser, é conditio per quam 
relativamente à conclusão, que também é uma proposição de dever-ser. Quer dizer, a norma 
afirmada na premissa maior é o fundamento de validade da norma afirmada na conclusão. A 
proposição de ser que funciona como premissa menor é apenas conditio sine qua non 
relativamente à conclusão. Quer dizer: o fato da ordem do ser verificado (afirmado) na premissa 
menor não é o fundamento de validade da norma afirmada na conclusão. A norma afirmada na 
premissa maior, segundo a qual devemos observar os mandamentos de Deus (ou do Seu Filho), 
está contida no pressuposto de que as normas, cujo fundamento de validade está em questão, 
provêm de uma autoridade, quer dizer, de alguém que tem capacidade, ou seja, competência 
para estabelecer normas válidas. Esta norma confere à personalidade legiferante “autoridade” 
para estatuir normas. O fato de alguém ordenar seja o que for não é fundamento para 
considerar o respectivo comando como válido, quer dizer, para ver a respectiva norma como 
vinculante em relação aos seus destinatários. Apenas uma autoridade competente pode 
estabelecer normas válidas; e uma tal competência somente se pode apoiar sobre uma norma 
que confira poder para fixar normas. A esta norma se encontram sujeitos tanto a autoridade 
dotada de poder legislativo como os indivíduos que devem obediência às normas por ela fixadas. 
Como já notamos, a norma que representa o fundamento de validade de uma outra norma é, 
em face desta, uma norma superior. Mas a indagação do fundamento de validade de uma norma 
não pode, tal como a investigação da causa de um determinado efeito, perder-se no 
interminável. Tem de terminar numa norma que se pressupõe como a última e a mais elevada. 
Como norma mais elevada, ela tem de ser pressuposta, visto que não pode ser posta por uma 
autoridade, cuja competência teria de se fundar numa norma ainda mais elevada. A sua validade 
já não pode ser derivada de uma norma mais elevada, o fundamento da sua validade já não 
pode ser posto em questão. Uma tal norma, pressuposta como a mais elevada, será aqui 
designada como norma fundamental (Grundnorm). Já para ela tivemos de remeter a outro 
propósito1 . Todas as normas cuja validade pode ser reconduzida a uma e mesma norma 
fundamental formam um sistema de normas, uma ordem normativa. A norma fundamental é a 
fonte comum da validade de todas as normas pertencentes a uma e mesma ordem normativa, 
o seu fundamento de validade comum. O fato de uma norma pertencer a uma determinada 
ordem normativa baseia-se em que o seu último fundamento de validade é a norma 
fundamental desta ordem. É a norma fundamental que constitui a unidade de uma pluralidade 
de normas enquanto representa o fundamento da validade de todas as normas pertencentes a 
essa ordem normativa. b) O princípio estático e o princípio dinâmico Segundo a natureza do 
fundamento de validade, podemos distinguir dois tipos diferentes de sistemas de normas: um 
tipo estático e um tipo dinâmico. As normas de um ordenamento do primeiro tipo, quer dizer, 
a conduta dos indivíduos por elas determinada, é considerada como devida (devendo ser) por 
força do seu conteúdo: porque a sua validade pode ser reconduzida a uma norma a cujo 
conteúdo pode ser 137 subsumido o conteúdo das normas que formam o ordenamento, como 
o particular ao geral. Assim, por exemplo, as normas: não devemos mentir, não devemos 
fraudar, devemos respeitar os compromissos tomados, não devemos prestar falsos 
testemunhos, podem ser deduzidas de uma norma que prescreve a veracidade. Da norma 
segundo a qual devemos amar o nosso próximo podemos deduzir as normas: não devemos fazer 
mal ao próximo, não devemos, especialmente, causar-lhe a morte, não devemos prejudicá-lo 
moral ou fisicamente, devemos ajudá-lo quando precise de ajuda. Talvez se pense que a norma 
da veracidade e a norma do amor do próximo se podem reconduzir a uma norma ainda mais 
geral e mais alta, porventura a norma: estar em harmonia com o universo. Sobre ela poderia 
então fundar-se uma ordem moral compreensiva. Como todas as normas de um ordenamento 
deste tipo já estão contidas no conteúdo da norma pressuposta, elas podem ser deduzidas 
daquela pela via de uma operação lógica, através de uma conclusão do geral para o particular. 
Esta norma, pressuposta como norma fundamental, fornece não só o fundamento de validade 
como o conteúdo de validade das normas dela deduzidas através de uma operação lógica. Um 
sistema de normas cujo fundamento de validade e conteúdo de validade são deduzidos de uma 
norma pressuposta como norma fundamental é um sistema estático de normas. O princípio 
segundo o qual se opera a fundamentação da validade das normas deste sistema é um princípio 
estático. Só que a norma de cujo conteúdo outras normas são deduzidas, como o particular do 
geral, tanto quanto ao seu fundamento de validade como quanto ao seu teor de validade, 
apenas pode ser considerada como norma fundamental quando o seu conteúdo sej a havido 
como imediatamente evidente. De fato, fundamento e teor de validade das normas de um 
sistema moral são muitas vezes reconduzidos a uma norma tida como imediatamente evidente. 
Dizer que uma norma é imediatamente evidente significa que ela é dada na razão, com a razão. 
O conceito de uma norma imediatamente evidente pressupõe o conceito de uma razão prática, 
quer dizer, de uma razão legisladora; e este conceito é - como se mostrará - insustentável, pois 
a função da razão é conhecer e não querer, e o estabelecimento de normas é um ato de vontade. 
Por isso, não pode haver qualquer norma imediatamente evidente. Quando uma norma da qual 
se derivao fundamento de validade e o conteúdo de validade de normas morais é afirmada 
como imediatamente evidente, é porque se crê que ela é posta pela vontade de Deus ou de uma 
outra vontade supra-humana, ou porque foi produzida através do costume e, por essa razão - 
como acontece com tudo o que é consuetudinário -, é considerada como de per si evidente 
(natural). Trata-se, portanto, de uma norma estabelecida por um ato de vontade. A sua validade 
só pode, em última análise, ser fundamentada através de uma norma pressuposta por força da 
qual nos devemos conduzir em harmonia com os comandos da autoridade que a estabelece ou 
em conformidade com as normas criadas através do costume. Esta norma apenas pode fornecer 
o fundamento de validade, não o conteúdo de validade das normas sobre ela fundadas. Estas 
formam um sistema dinâmico de normas. O princípio segundo o qual se opera a fundamentação 
da validade das normas deste sistema é um princípio dinâmico. O tipo dinâmico é caracterizado 
pelo fato de a norma fundamental pressuposta não ter por conteúdo senão a instituição de um 
fato produtor de normas, a atribuição de poder a uma autoridade legisladora ou - o que significa 
o mesmo - uma regra que determina como devem ser criadas as normas gerais e individuais do 
ordenamento fundado sobre esta norma fundamental. Um exemplo aclarará este ponto. Um pai 
ordena ao filho que vá à escola. À pergunta do filho: por que devo eu ir à escola, a resposta 138 
pode ser: porque o pai assim o ordenou e o filho deve obedecer às ordens do pai. Se o f ilho 
continua a perguntar: por que devo eu obedecer às ordens do pai, a resposta pode ser: porque 
Deus ordenou a obediência aos pais e nós devemos obedecer às ordens de Deus. Se o filho 
pergunta por que devemos obedecer às ordens de Deus, quer dizer, se ele põe em questão a 
validade desta norma, a resposta é que não podemos sequer pôr em questão tal norma, quer 
dizer, que não podemos procurar o fundamento da sua validade, que apenas a podemos 
pressupor. O conteúdo da norma que constitui o ponto de partida: o filho deve ir à escola, não 
pode ser deduzido desta norma fundamental. Com efeito, a norma fundamental limita-se a 
delegar numa autoridade legisladora, quer dizer, a fixar uma regra em conformidade com a qual 
devem ser criadas as normas deste sistema. A norma que constitui o ponto de partida da 
questão não vale por força do seu conteúdo, ela não pode ser deduzida da norma pressuposta 
através de uma operação lógica. Tem de ser posta por um ato do pai e vale - utilizando a 
formulação corrente - porque foi posta dessa maneira ou, formulando corretamente, porque se 
pressupõe como válida uma norma fundamental que, em última linha, estatui este modo de 
fixar as normas. Uma norma pertence a um ordenamento que se apóia numa tal norma 
fundamental porque é criada pela forma determinada através dessa norma fundamental - e não 
porque tem um determinado conteúdo. A norma fundamental apenas fornece o fundamento 
de validade e já não também o conteúdo das normas que formam este sistema. Esse conteúdo 
apenas pode ser determinado através de atos pelos quais a autoridade a quem a norma 
fundamental confere competência e as outras autoridades que, por sua vez, recebem daquela 
a sua competência, estabelecem as normas positivas deste sistema. Um outro exemplo: numa 
comunidade social, numa tribo, vale a norma segundo a qual um homem que tome uma mulher 
por esposa tem de pagar ao pai ou ao tio da noiva um determinado dote. Se ele pergunta por 
que é que deve fazer isto, a resposta é: porque nesta comunidade desde sempre se tem pago o 
preço da noiva, quer dizer: porque existe o costume de pagar o preço da noiva e porque se 
pressupõe como evidente que o indivíduo se deve conduzir como se costumam conduzir todos 
os outros membros da comunidade. Esta é a norma fundamental da ordem normativ a que 
constitui esta comunidade. Ela institui o costume como um fato criador de normas. Os dois 
exemplos representam o tipo dinâmico de um sistema de normas. O princípio estático e o 
princípio dinâmico estão reunidos numa e na mesma norma quando a norma fundamental 
pressuposta se limita, segundo o princípio dinâmico, a conferir poder a uma autoridade 
legisladora e esta mesma autoridade ou uma outra por ela instituída não só estabelecem normas 
pelas quais delegam noutras autoridades legisladoras mas também normas pelas quais se 
prescreve uma determinada conduta dos sujeitos subordinados às normas e das quais - como o 
particular do geral - podem ser deduzidas novas normas através de uma operação lógica. 
 
 
 
 
 
 
 
Tema 03 - MIGUEL REALE – TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO – FATO, VALOR E NORMA. 
CRÍTICA FEITA À KELSEN, POR REALE 
Das críticas feitas se extraem algumas conclusões: a) Não só os atos de vontade, mas também 
os atos intelectivos, estão impregnados do subjetivismo e da ideologia do intérprete; b) Todo 
ato de interpretação, seja do intérprete autêntico ou não-autêntico, é um ato de caráter 
ideológico. Daí deduz-se que o ato de interpretação do cientista do Direito também está 
preenchido de ideologia, restando prejudicada a concepção kelseniana da neutralidade pura ou 
pureza científica do cientista do Direito; 2 2 c) A moldura interpretativa não é determinada 
objetivamente pela norma superior. É imprescindível a interação da ideologia do intérprete com 
a norma superior para a formação da moldura. Daí deduz-se que a moldura não pode ser rígida 
e hermética, sendo maleável e aberta; d) O Direito evolui permanentemente através dos atos 
contínuos de interpretação e como prova disto temos a Jurisprudência dos Tribunais e a 
doutrina, onde há sempre várias posições contrapostas, que refletem diferentes ideologias 
vigentes na sociedade, e contribuem enormemente para o avanço do Direito e para a busca da 
justiça. 
 
3 3 Noções sobre a Teoria Tridimensional do Direito Para o jusfilósofo brasileiro Miguel Reale: o 
Direito não é puro fato, não possui uma estrutura puramente factual, como querem os 
sociólogos ; nem pura norma, como defendem os normativistas ; nem puro valor, como 
proclamam os idealistas . Essas visões são parciais e não revelam toda a dimensão do fenômeno 
jurídico . O Direito congrega todos aqueles elementos : “é fato social na forma que lhe dá uma 
norma segundo uma ordem de valores” 4 . 4 Teoria Tridimens ional do Direito ◆ Buscou Reale 
demonstrar, em sua tese, que o Direito é uma realidade tridimensional, compreendida, através 
das seguintes dimensões básicas: fato, valor e norma. ◆ Para Miguel Reale os três elementos 
dimensionais do Direito estão sempre presentes na substância do jurídico, ao mesmo tempo em 
que são inseparáveis pela realidade dinâmica do próprio Direito, formando o contexto do 
chamado tridimensionalismo “concreto”. ◆ Há um mundo do ser que aprecia a realidade social 
como ela de fato é; há um quadro de idéias e valores; e, finalmente, um modelo de sociedade 
desejado (mundo do dever-ser) 5 5 6 6 FATO (eficácia) Ser NORMA (vigência- ) Dever-ser VALOR 
(Fundamento) Poder-ser FJ Concepção tridimensional do Direito ◆ O “Fato” é o acontecimento 
social que envolve interesses básicos para o homem e que por isso enquadra-se dentro dos 
assuntos regulados pela ordem jurídica (social, econômico, geográfico, demográfico, de ordem 
técnica, etc.). ◆ O “Valor” é o elemento moral do Direito se toda obra humana é impregnada de 
sentido ou valor, igualmente o Direito: ele protege e procura realizar valores fundamentais da 
vida social, notadamente, a ordem, a segurança e a justiça (conferindo ao fato determinada 
significação que deve ser preservada). ◆ A “Norma” consiste no padrão de comportamento 
social imposto aos indivíduos, que devem observála em determinadas circunstâncias (relação 
ou medida que integra o fato ao valor) . 7 7 Fato, valor e norma não existem para o Direito, 
separados um do outro, mas coexistem numa unidade concreta,resultando desta integração 
dinâmica o Direito. 8 8 A Sociologia do Direito ocupa-se do Direito enquanto fato social. A Ciência 
do Direito ocupa-se do Direito enquanto norma. A Filosofia do Direito trata dos valores do 
Direito, dos ideais de justiça que são representados nas normas jurídicas e da finalidade última 
destas normas.

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