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Outra variável de peso nos remete ao sistema de colonização predominante na América 
Latina, onde dois sistemas foram utilizados na idade moderna:
1- O sistema de colonização de exploração promoveu um vale-tudo predatório:
O que importava era o enriquecimento rápido e fácil, movido pelo sonho do “transoceanismo”, que consistia em passar os últimos anos da vida na metrópole (além-mar). Alguns viviam sem as respectivas famílias, já que não queriam se estabelecer no novo território.
2- O sistema de colonização de povoamento assentou excedentes demográficos 
europeus, famílias que haviam fugido de perseguições religiosas, políticas 
ou econômicas, tendo sofrido a espoliação de suas terras e do acesso aos bens 
comunais (movimento das tapagens ou enclosures). Era uma imigração coagida que 
rompia com os centros de origem e se deslocava com “armas e bagagens”.
o sistema de exploração se apoiou em três pilares: a grande propriedade rural (latifúndio ou plantation); a produção monocultora e especializada para exportação (economia extrovertida e complementar da europeia); e o trabalho compulsório (escravidão ou outras formas de trabalho forçado).
A sociedade resultante foi aristocrática e patriarcal, com arraigadas bases oligárquicas e autoritárias, e se caracterizou pelo racismo e pela discriminação sexista.
o Sul dos atuais Estados Unidos foi colonizado pelo sistema de exploração, eles não se dispunham a trabalhar com as próprias mãos, queriam as coisas fáceis, com o modus operandi “conquistador”, enquanto o Norte o foi pelo sistema de povoamento, cuja configuração econômica aponta para a pequena propriedade familiar, a produção diversificada voltada para o consumo interno (policultura que compete com a produção europeia) e o trabalho livre, os quais visaram construir um novo lar com trabalho duro e espírito poupador, com o modus operandi “colonizador”. Mesmo a mulher sendo inferior, eram vistas como companheiras de labuta, ombreando-se com eles nos afazeres que asseguravam a subsistência de todos.
Padrões culturais “de exploração” acabaram servindo de base: a) ao velho patrimonialismo brasileiro, esse “sistema de cornucópia” em que setores privilegiados se apropriam privadamente de recursos públicos numa ordenha corrupta do Estado; b) ao dualismo social que segmenta a população em “gente distinta” e “gente simples”, cada estamento obedecendo a regras próprias: os que dispõem de uma rede de compadrio (capital de relações sociais) tudo podem – acima ou à margem da lei –, enquanto os demais ficam adstritos aos regulamentos e às normas jurídicas. A dissolução moral permeou, então, os costumes até o século XX.
Em conclusão, é interessante observar que o sistema de colonização de exploração, 
com seu vale-tudo predatório e sua ânsia de enriquecimento rápido, se disfarçou de ação 
missionária – evangelizar os índios e civilizar os negros – numa clara dissociação entre 
as declarações públicas e os atos praticados, vindo a constituir uma das bases históricas 
da dupla moral brasileira

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