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Histórico da Vigilância Sanitária no Brasil O trabalho da Vigilância Sanitária tem início nos países europeus com a chamada “polícia sanitária”, que exercia um papel de combater o charlatanismo e atuar no saneamento das cidades, fiscalizar as embarcações, os cemitérios e o comércio de alimentos, com objetivo de evitar a propagação das doenças na comunidade (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2014). O controle sanitário, no Brasil, em seus primórdios, baseava-se no modelo português com enfoque em legitimar o trabalho de físicos, cirurgiões e boticários e de se arrecadar taxas sobre os custos de serviços prestados. A limpeza das cidades, controles de água e esgotos, comércio de alimentos, abates de animais e controle das regiões portuárias ficavam a cargo das Câmaras Municipais que estabeleciam as medidas de controle (ROSENFELD et al., 2000). Com a chegada da família real portuguesa, o Brasil começou a fazer parte das rotas comerciais de outros países europeus, intensificando o fluxo de embarcações e de circulação de passageiros e mercadorias. Este fato, exigiu do Brasil uma maior intensificação do controle sanitário para evitar as doenças epidêmicas. Assim, as atividades sanitárias se mantiveram com caráter fiscalizador, julgador e punitivo. Cerca de 1810 tem início o Regimento da Provedoria, que dava forma a uma nova prática, muito parecida com a “polícia sanitária” aplicada no modelo europeu. É por meio deste tipo de regimento que a população passava a ser objeto de regulamentação médica e a saúde se torna�va um problema social. Assim, estabelece normas para o controle sanitário das regi�ões portuárias, institui quarentena para o controle das moléstias infecciosas, o controle de alimentos, a inspeção de matadouros, açougues, boticas, drogas e medicamentos (ROSENFELD et al., 2000). Muitos acontecimentos históricos foram influenciando mudanças nesses controles e na gestão da vigilância sanitária no Brasil. A independência e a instauração da República Federativa do Brasil marcam historicamente o início das organizações sanitárias estaduais e a constituição de órgãos de Vigilância Sanitárias nas Unidades de Federação. Mesmo com muitos esforços para mudanças e melhor controle sanitário, a persistência de graves problemas sanitários, principalmente as doenças epidêmicas, transformava o Brasil em objeto de pressões internacionais. Considerado pelas classes dominantes um problema sério, pois comprometia o comércio portuário e o mercado consumidor. A intervenção no estado do Rio de Janeiro, no período de Oswaldo Cruz, e o episódio da revolta da vacina ilustram o primeiro período da república com muitas divergências e contradições na legislação sanitária (ROSENFELD et al., 2000)..