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DIREITO CONSTITUCIONAL II PROFESSOR: ALEXSANDRO ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 1) TRIPARTIÇÃO DE PODERES • Todas as nossas Constituições, exceto a imperial de 1824, adotaram a divisão orgânica de Montesquieu na obra “O Espírito das Leis”. 2) SEPARAÇÃO DOS PODERES NA CF/88 • O sistema da separação de Poderes é um corolário da democracia. • A separação de Poderes é princípio fundamental (art. 2º) e também é cláusula pétrea (art. 60,§4,III). • Para Montesquieu o homem investido no poder tende naturalmente a dele abusar até que encontre limites, pois o poder só pode ser limitado pelo próprio poder. • Todavia, a separação de Poderes, tratada por Montesquieu, foi iniciada por Aristóteles no livro “A Política”, o qual já falava sobre a tripartição de funções. Posteriormente, John Locke, também falava em uma separação bipartite de poderes. • Os três Poderes do Estado: Legislativo, Executivo e Judiciário, desempenham, via de regra, respectivamente, a função de legislar, a função de administrar e a função de julgar. • A separação dos Poderes se assenta na independência e na harmonia (art. 2, cf) entre os órgãos do Poder Político. Isso significa que, não obstante a independência orgânica, no sentido de não haver entre eles qualquer subordinação ou dependência no que tange ao exercício de suas funções, a CF/88 instituiu um mecanismo de controle mútuo, onde um pode interferir no outro, através do sistema de freios e contrapesos. • SISTEMA DE FREIOS E CONTRAPESOS • Os Poderes gozam de função típica e função atípica. Função Típica Função Atípica Poder Legislativo Legislar, Fiscalizar (art. 70) Administrar (criar cargos); Julgar (art. 52 - julgar o Pres. República; STF) Poder Executivo Administrar Legislar (MP, DR, LD); Julgar (PAD, revogar seus atos) Poder Judiciário Julgar Administrar (seu próprio órgão); Legislar (regimento interno, art. 96, I, a) PODER LEGISLATIVO (art. 44 a 75) 1) VISÃO GERAL - Poder Legislativo no Brasil é exercido por órgãos próprios e independentes com competência de legislar. Em razão da forma federal de Estado e de sua estrutura tríplice, a Constituição brasileira proveu a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de competência legislativa que a exercem por meio de seus órgãos legislativos respectivos. Assim, são órgãos legislativos da União (Congresso Nacional), dos Estados (Assembleias Legislativas), do Distrito Federal (Câmara Legislativa) e dos Municípios (Câmaras de Vereadores). • O órgão do Poder legislativo da União é o Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados (Câmara baixa) e do Senado Federal (Câmara alta). Trata-se de um sistema bicameral, ou de duas casas. • O Senado Federal é responsável pela representação dos Estados, por isso cada Estado possui 3 senadores, pois há uma representação paritária entre eles no Congresso. • Já a Câmara dos Deputados é a casa representante do povo, razão pela qual seu número deve ser proporcional à população do Estado. Logo, a quantidade de deputados é proporcional ao número de habitantes do Estado. • No âmbito estadual, o Poder Legislativo é unicameral, sendo a Assembleia Legislativa o órgão responsável. No âmbito municipal, também é unicameral, por meio da Câmara Municipal, já no DF tem-se a Câmara Legislativa com seus deputados distritais. 1 No âmbito do poder legislativo da união há 3 órgãos e duas casas. 2) Quadro comparativo entre Câmara e Senado TEL 18213035 4 Atenção!! Legislatura (art. 44,p.u) – é o período de 4 anos Sessão Legislativa ordinária (art. 57) – é o período anual de trabalho dos parlamentares que vai de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Período Legislativo – é o período de 6 (seis) meses Sessão legislativa preparatória - 01/02 para votação das mesas diretoras das casas. Sessão legislativa extraordinária - é durante o recesso parlamentar. NÃOCABEREELEIÇÃODENTRODe1MESMALegislaçãoSTFNORMAdeReproduçãoobrigatória ΔSEINTERCALARPODE Sessão Legislativa Extraordinária (SLE) - Se houver a necessidade de o Congresso Nacional atuar nos períodos de recesso parlamentar, poderá ser convocado extraordinariamente. Regra geral, será convocado pelo Presidente do Senado nos casos de estado de defesa sítio, intervenção federal ou posso do Presidente e vice da República. Nesses casos uma vez convocado a abertura da sessão é obrigatória. Excepcionalmente nos caso de urgência ou interesse público relevante - pelo Presidente da República, Presidente da Câmara, Presidente do Senado e pela maioria dos membros de ambas as Casas. Nesses casos a sessão só será aberta se obtiver a maioria absoluta de cada casa. 3) Congresso Nacional – (arts. 48 e 49) • É o órgão do Poder Legislativo da União que se manifesta por meio de suas duas casas legislativas de maneira separada. O Poder Legislativo federal tem 3 órgão e 2 casas. • Há situações em que a CF exige o trabalho simultâneo do Congresso Nacional, recebendo o nome de sessões conjuntas. Na sessão conjunta, deputados e senadores se reúnem num mesmo espaço geográfico, para uma finalidade comum, mas a contagem de votos é em separado. Ex. art. 57,§3; art.166. • Ex.: Art. 66,§4, da CF/88 exige sessão conjunta para conhecer o veto, sendo necessário a maioria absoluta em cada uma das casas, ou seja, se há 513 Deputados (257) e 81 Senadores (41). • A presidência do Congresso Nacional fica a cargo do presidente do Senado Federal. OBS Sessão conjunta não é sinônima de sessão unicameral. Na sessão conjunta, a atuação do Congresso Nacional é bicameral (separada), embora as discussões e as votações ocorram no mesmo ambiente. Por exemplo: é da competência do Congresso Nacional, em sessão conjunta, decidir sobre os vetos do Presidente da República a projetos de lei. No caso, a análise é feita pelas Casas em conjunto, mas a votação é separada, de maneira que será preciso que 257 deputados e 41senadores votem pela derrubada do veto, já que o quórum exigido é o de maioria absoluta. Por outro lado, na sessão unicameral, deputados e senadores passam a ser considerados apenas parlamentares, sem distinção, de maneira que as decisões serão tomadas pelos 594 parlamentares, em conjunto (votação conjunta). Assim, na sessão unicameral, o quórum de maioria absoluta considera a manifestação favorável de 298 parlamentares, independentemente de ser deputado ou senador. Ex. art. 3 do ADCT (revisão simplificada da Constituição) e art. 81 da CF/88 (o Congresso Nacional eleja Presidente e Vice-Presidente da República, quando os cargos ficam vagos nos dois últimos anos do mandato). 4) Comissões Parlamentares • O artigo 58 da Constituição Federal dispõe que as comissões parlamentares são órgãos com número restrito de membros, encarregados de estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres. Na composição de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. • São elas: • 1. Comissão permanente (temática ou em razão da matéria): discutem e votam projeto de lei “ordinária” que dispensam a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; realizam audiências; convocam Ministros para prestar depoimentos etc. Ex.: Comissão de Constituição e Justiça – CCJ –, comissão de saúde, de orçamento, de transporte. • 2. Comissão especial ou temporária: apreciam matéria específica, extinguindo-se com o término da legislatura ou cumprida a finalidade para a qual foi criada. Ex.: CPI • 3. Comissão mista: apreciam assuntos que devem ser examinados em sessão conjunta pelo Congresso Nacional. • 4. Comissão representativa: durante o recesso parlamentar, funcionará uma comissão representativa, eleita pela Câmara e pelo Senado na última sessão legislativa do período legislativo. ORGÃOS DO CONGRESSO matériadeleiordináriapodeservotadoaavi DEPUTADOSESENADORES RESERVASSOBREAviso Distinção na classificação das Comissões: • Quanto a sua duração - Permanentes e Temporárias:• As comissões permanentes não possuem prazo de duração determinado, permanecendo existentes até mesmo após o fim da legislatura. • As comissões temporárias deverão se extinguir com a conclusão de seus trabalhos, ao término de seu prazo estabelecido ou ao fim da legislatura. • Quanto a sua formação - Exclusivas ou Mistas: • As comissões exclusivas são compostas por membros de apenas uma das Casas. • As comissões mistas são formadas tanto por Deputados quanto por Senadores para tratar de assuntos a serem decididos pelo Congresso Nacional. A CPI nasce em decorrência de uma das atividades típicas do Legislativo, a saber, a função fiscalizatória. Assim, o seu objetivo não é apurar crimes, mas fiscalizar. A investigação feita pela CPI tem natureza político-administrativa. As CPI’s são comissões temporárias criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto (mista) ou separadamente. Requisitos para sua criação: requerimento de 1/3 de seus membros. Como a composição dessas Casas é de 513 deputados e 81 senadores, é necessária a assinatura de no mínimo 171 Deputados ou 27 Senadores. o objeto da investigação deve ser fato determinado e de interesse público; prazo certo para conclusão da investigação e apresentação de um relatório, não impede que haja prorrogações, desde que não ultrapasse o fim da legislatura. Os Estados o Distrito Federal e os Municípios poderão cria CPI seguindo os parâmetros estabelecidos na CF/88 para fiscalizar conforme suas competências. COMISSÕES P ARLAMENTARES DE INQUÉRITO - CPI art. 58, § 3º da CF/88 e a Lei 1.579/52 Uma vez preenchidos os requisitos a criação de CPI deve ocorrer no ato de apresentação do requerimento ao Presidente da Casa, independentemente de deliberação plenária, pois é prerrogativa político jurídica das minorias parlamentares. As deliberações de uma CPI, deve ser pautada pelo Princípio da Colegialidade e pelo Princípio da Motivação de forma que todas as suas decisões devem ser devidamente motivadas. COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO - CPI I Competências / Atribuições do CN, da CD e do Senado Federal 5) Estatuto dos Congressistas (art. 53 a 56) • A CF/88 estabelece imunidades e vedações aos parlamentares, a fim de garantir ao Poder Legislativo como um todo e a seus membros independência e liberdade no exercício de suas funções constitucionais. A essas regras, a doutrina convencionou chamar estatuto dos congressistas. • As imunidades parlamentares não são privilégios; caracterizam-se, na verdade, como garantias funcionais que visam permitir que os membros do Poder Legislativo exerçam seu mandato com independência, livres de abusos e pressões de outros Poderes. São prerrogativas de ordem pública e, portanto, irrenunciáveis. • Segundo o STF, as imunidades não se estendem aos suplentes. Isso porque elas decorrem do efetivo exercício da função parlamentar, não são prerrogativas da pessoa. • Os parlamentares dispõem de dois tipos de imunidades: • a) imunidade material (também chamada de substancial, absoluta, real ou inviolabilidade); • b) imunidade formal (também chamada de processual ou adjetiva). APÓSDIPLOMAÇÃO • 5.1 Imunidade Material A imunidade material está prevista no caput do art. 53, segundo o qual “os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. A imunidade alcança as searas: a) civil, proibindo a condenação do parlamentar por perdas e danos; e b) penal, haja vista que, conforme reconhece o STF, o fato é atípico (não caracteriza crime). ANISTIA CONGRESSO GRAÇAE INDUÇÕES REPUBLICA APENASAPÓSAPOSSE Cuidado! a imunidade material está relacionada a conduta praticada no exercício do mandato e em função deste. Cabe destacar que o parlamentar pode ser responsabilizado politicamente por suas manifestações, desde que incompatível com o decoro parlamentar (art. 55, § 1º). Art. 55., § 1º – É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. A imunidade material protege as manifestações dos parlamentares dentro ou fora do Congresso Nacional, em qualquer parte do território nacional, desde que guardem conexão com o exercício da atividade congressual. Destaca-se que, sobre as manifestações que ocorram dentro das instalações do Congresso Nacional, há uma presunção absoluta de pertinência com a atividade parlamentar. Agora, se a manifestação for proferida fora do Congresso, deve-se verificar no caso concreto a pertinência da manifestação com o exercício da atividade parlamentar. A imunidade material possui eficácia temporal permanente, perpétua, pois persiste mesmo após o término do mandato. Isso quer dizer que o parlamentar não pode ser responsabilizado (civil ou penalmente), nem mesmo após o término do mandato, pelas palavras, opiniões e votos que tiver proferido durante o período em que era congressista. Cabe destacar que, por abranger apenas os atos praticados no exercício da função, embora haja divergência, prevalece o entendimento que a imunidade material tem como termo inicial a data da posse. • 5.2 Imunidades Formais As imunidades formais (processual ou de rito) garantem aos parlamentares duas prerrogativas distintas: a) impossibilidade de ser preso ou de permanecer preso antes da posse; b) possibilidade de sustação do andamento da ação penal O marco temporal do início das imunidades formais é a diplomação, ou seja, antes da posse. De acordo com o § 2º do art. 53, desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante delito por crime inafiançável (art. 5º, XLII a XLIV). Uma vez presos, os autos deverão ser remetidos dentro de vinte e quatro horas à respectiva casa, para que, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, resolva sobre a prisão. O STF decidiu na AP 937 que a prerrogativa de foro seja limitado aos crimes cometidos no exercício do mandato e em razão dele. Segundo jurisprudência do STF o parlamentar também pode ser preso por sentença judicial transitada em julgado. bRAÇÃO3 O STF, ao receber a denúncia ou queixa (se for o caso), deverá dar ciência à respectiva Casa Legislativa. Nesse caso, partido político com representação na Casa poderá pedir a sustação do processo, que será decidida por voto da maioria absoluta dos seus membros, no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. Caso a Câmara dos Deputados ou o Senado Federal decida pela sustação do processo, ocorrerá a suspensão do prazo prescricional enquanto durar o mandato parlamentar (art. 53, §§ 3º a 5º). Vale enfatizar que a sustação do andamento da ação penal somente se aplica a crimes cometidos após a diplomação. Dessa forma, crimes cometidos antes da diplomação não poderão ter o andamento de seu processo sustado pela Casa Legislativa. É importante ressaltar que a imunidade material protege o parlamentar mesmo depois do mandato. Já a imunidade formal é limitada no tempo, protegendo o parlamentar após a diplomação e enquanto durar o mandato. Outras garantias do órgão legislativo federal isenção do dever de testemunhar (art. 53, § 6º): os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. incorporação às Forças Armadas (art. 53,§7º): a incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. manutenção durante o estado de sítio (art. 53, § 8º): as imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, podendo ser suspensas apenas mediante o voto de dois terços dos membros da respectiva Casa. Prerrogativa de Foro (art. 53,§1) • Desde a diplomação até o término do mandato, os Deputados e Senadores serão julgados perante o Supremo TribunalFederal (STF). • Delito praticado ANTES da diplomação – julgado pela justiça comum • Delito praticado após a diplomação, mas estranho ao cargo – julgamento na justiça comum. • Obs. I. Se o parlamentar renunciar ao cargo as vésperas de seu julgamento haverá a prorrogação de competência e ele continuará sendo julgado no STF. II. A prerrogativa de foro afasta a competência do Tribunal do Júri. Se um parlamentar cometer um homicídio no curso do mandato, ele será julgado pelo STF e não pelo júri popular. III. Caso uma pessoa que tenha foro por prerrogativa de função no STF pratique um crime em concurso com outros indivíduos sem foro privativo, a regra geral é de que haja o desmembramento dos processos. EXBRIGADETRANSITOMARIADAPENHA Imunidades e Prerrogativas Dos Deputados Estaduais (art. 27,§1) a) Imunidade material (opinião, palavra e votos): • Em plenário a imunidade está normalmente preservada. • Fora do plenário a imunidade é relativa, pois só haverá extensão da imunidade quando a manifestação estiver relacionada ao exercício funcional, esteja o parlamentar dentro ou fora do Estado. b) Imunidade formal • Quanto a prisão – aplica-se as mesmas regras dos Deputados e Senadores; • Quanto ao processo – aplica-se as mesmas regras dos Deputados e Senadores. c) Prerrogativa de foro – a competência para julgar é do TJ. Dos Deputados Distritais (art. 32,§3) a) Imunidade material (opinião, palavra e votos) – aplica-se as mesmas regras dos Deputados estaduais. b) Imunidade formal (quanto a prisão/processo) - aplica-se as mesmas regras dos Deputados estaduais. c) Prerrogativa de foro - a competência para julgar é do TJ. Dos Vereadores (art. 29,VIII) a) Imunidade material - (opinião, palavra e votos) • É restrita ao próprio Município estando ou não no parlamento. b) Imunidade formal - (quanto a prisão/processo) – os vereadores não gozam dessa imunidade. • Atenção!! O vereador pode ser preso como qualquer do povo. c) Prerrogativa de foro - a Constituição Estadual pode prever tal prerrogativa aos vereadores. Porém, isso não afasta a competência do Tribunal do Júri.