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EnfErmagEm Prof.ª Ana Gabriela Silva Prof.ª Lucia Aba Youssef Haboba fundamEntos dE Indaial – 2021 2a Edição Impresso por: S586f Silva, Ana Gabriela Fundamentos de enfermagem. / Ana Gabriela Silva; Lucia Aba Youssef Haboba – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 139 p.; il. ISBN 978-65-5663-827-0 ISBN Digital 978-65-5663-823-2 1. Enfermagem. - Brasil. I. Haboba, Lucia Aba Youssef. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 610 Elaboração: Prof.ª Ana Gabriela Silva Prof.ª Lucia Aba Youssef Haboba Copyright © UNIASSELVI 2021 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Fundamentos de Enferma- gem. Nós abordaremos os fundamentos teóricos e práticos de enfermagem, isto é, prin- cípios que ajudam a desenvolver conhecimentos e atitudes específicas, habilitando o profissional para que ele forneça a assistência de enfermagem em todas as fases do ciclo vital do indivíduo, seja em situações de menor ou de alta complexidade. A cons- trução de tais conhecimentos abarca a aplicação de semiologia e semiotécnica com base nos aspectos ético e científicos, no raciocínio clínico e na sistematização da as- sistência. Além disso, conheceremos também as noções e técnicas de enfermagem em campo de estágio, assim como a relação profissional de enfermagem com o paciente. Na Unidade 1, estudaremos o conhecimento crítico na prática da enferma- gem, destacando a coleta de dados, o diagnóstico de enfermagem, o planejamento e a implantação dos cuidados. Em seguida, na Unidade 2, conheceremos os princípios para a prática de enfermagem, como a segurança do paciente, os sinais vitais e o exame físico, preparando o futuro profissional para uma prática responsável, consciente e ética. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos prevenção e controle de infecções. Desse modo, discorreremos acerca das características da infecção, higienização das mãos e preparo de ambiente estéril. Portanto, é um assunto de extrema relevância para uma prática de cuidados. Assim, espera-se que possa construir os seus conhecimentos, através dos materiais selecionados, que estimulem sua leitura e agucem sua curiosidade, por uma prática de cuidados de saúde com responsabilidade e ética promovendo uma aprendizagem eficaz, colaborando com uma formação profissional de excelência. Bons estudos! Prof.ª Ana Gabriela Silva Prof.ª Lucia Aba Youssef Haboba APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Você lembra dos UNIs? Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará você a entender melhor o que são essas informações adicionais e o porquê você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é uma dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - CONHECIMENTO CRÍTICO NA PRÁTICA DE ENFERMAGEM ..............................1 TÓPICO 1 - COLETA DE DADOS DA ENFERMAGEM ..............................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 ABORDAGEM AO PACIENTE ...............................................................................................6 2.1 ROTEIRO DE INFORMAÇÕES RELEVANTES .................................................................................... 9 2.2 ESCUTA ATIVA AO PACIENTE ............................................................................................................ 11 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................14 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 15 TÓPICO 2 - DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM .................................................................... 17 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17 2 PENSAMENTO CRÍTICO E ELABORAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM ..........18 2.1 PRINCIPAIS FONTES DE ERROS NO DIAGNÓSTICO E ENFERMAGEM ....................................22 2.2 APLICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO AO PLANO DE CUIDADO DE ENFERMAGEM .......................23 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 25 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 26 TÓPICO 3 - PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DOS CUIDADOS ................................ 29 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 29 2 ESTABELECER PRIORIDADES DE CUIDADOS ................................................................ 30 2.1 PENSAMENTO CRÍTICO DURANTE A IMPLEMENTAÇÃO ..............................................................33tenha uma avaliação coerente, sem grandes intercorrências, é fundamental praticar a monitorização, questão que envolve a constante coleta de dados selecionados para analisar se as condições do paciente melhoraram, pioraram ou permanecem dentro de um limite normal. Cabe ressaltar que a monitorização não melhora o estado de saúde do paciente ou evita problemas. Ela proporciona informações necessárias para determinar o tipo de intervenção. No diagnóstico real, monitora condições de melhora; no de alto risco, mo- Ao treinar a equipe, é fundamental ter clareza, linguagem adequada e estabelecer as principais metas que deverão ser seguidas, fazendo com que a comunicação seja compreendida, pois o enfermeiro, enquanto líder, deve estar preparado para um trabalho a ser delegado e cumprido de forma objetiva, profissional e com êxito. IMPORTANTE 33 nitora sinais de aparecimento do problema; no de bem-estar, monitora a participação do paciente nas mudanças do estilo de vida; e nos problemas colaborativos, o surgimento de um problema ou a mudança em um problema já existente. 2.1 PENSAMENTO CRÍTICO DURANTE A IMPLEMENTAÇÃO O objetivo da implementação é a ação do enfermeiro, na qual ele executa as atividades prescritas na etapa de planejamento da assistência. Essa etapa é dividida em duas partes interdependentes: a prescrição de enfermagem (realizada pelo enfermeiro) e execução da prescrição (realizada pela equipe de enfermagem). As duas ações são extremamente complexas e envolvem toda a equipe de enfer- magem, exigindo do enfermeiro o desenvolvimento do pensamento crítico, para que pos- sa, a partir da resolução dos diagnósticos apresentados, ter clareza e resultados positivos sobre suas ações. O fato de o enfermeiro fazer uma prescrição, prevendo os resultados, não garante que ela será executada, pois depende totalmente da colaboração e da con- creta visão sobre o cuidar por parte da equipe. Então, o enfermeiro formula as atividades de enfermagem para monitorar, prevenir, reduzir ou eliminar os diagnósticos de enfermagem estabelecidos, sendo a fase do processo de enfermagem que envolve o início do plano de cuidados. Essa ação se dá a partir da prescrição de enfermagem. A maneira pela qual o enfermeiro é capaz de auxiliar o paciente a alcançar resultados, envolve tais ações: • Dependentes: implementam as recomendações médicas e indicam a maneira pela qual a recomendação pode ser executada. • Interdependentes: descrevem as atividades que o enfermeiro realiza em colaboração com outros membros da equipe de saúde. • Independentes: atividades executadas pelo enfermeiro sem recomendação médica direta ou dos demais profissionais de saúde. O enfermeiro tem licença para recomendar algumas ações em virtude sua formação e experiência, focando em atividades necessárias para a promoção, manutenção ou restauração da saúde, auxiliando o cliente a chegar aos resultados desejados, oferecendo um ambiente seguro e terapêutico. Para cada resultado esperado, o enfermeiro é responsável por propor intervenções de enfermagem e prescrever ações que visem reduzir ou eliminar os fatores que contribuem para o diagnóstico, assim como proporcionar níveis mais elevados de saúde, prevenir problemas e monitorar o estado de saúde atual ou o surgimento de problemas (BARROS et al., 2015) IMPORTANTE 34 Além disso, as ações podem ser de cuidado direto (realizadas diretamente) ou de cuidado indireto (realizadas sem a presença da pessoa e intervenções de coordenação e controle do ambiente em que o cuidado é oferecido). Ambas devem ser prescritas pelo enfermeiro logo após o diagnóstico da enfermagem ter sido realizado. Com isso, a prescrição de enfermagem é o roteiro que coordena a ação da equipe de enfermagem na execução dos cuidados adequados ao atendimento do pa- ciente. A elaboração e execução da prescrição de enfermagem exige conhecimento técnico, cientifico, tomada de decisões e busca de conhecimentos específicos quando necessário. Os itens devem ser enumerados e checados, assim como deve ser feita a utilização de verbos (comandos de ação) no infinitivo (fazer, ajudar, orientar, supervisio- nar e observar, por exemplo) e indicativos da dependência do paciente. Para Murta e Garcia (2006), no plano assistencial constam: • Prescrição de enfermagem: conjunto de medidas que direcionam e coordenam a assistência de enfermagem ao paciente de forma individualizada, tendo como objetivo a prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção da saúde. • Relatório de enfermagem: toda e qualquer anotação feita pela equipe de enfermagem (auxiliar, técnico e enfermeiro) no prontuário do paciente, assim como as intercorrências que não tenham sido previstas pelo enfermeiro na prescrição de enfermagem. Tudo o que é prescrito pelo enfermeiro deve ser checado pelo profissional que executou as ações. Toda a equipe deve realizar anotações relacionadas às intervenções prescritas, pois elas contribuem significativamente na reavaliação da pessoa cuidada. ATENÇÃO A anotação de enfermagem, de acordo com Murta e Garcia (2006), tem como foco registrar todas as informações sobre a assistência prestada pela equipe de enfermagem, a fim de estabelecer um processo de comunicação entre todos os mem- bros da equipe. Devem constituir a base da SAE, subsidiando a conduta diagnóstica e terapêutica, além de constituir documento legal e em auditorias. Dentro desse contexto, ocorrem as anotações e a evolução de enfermagem. Para tanto, as informações devem ser claras, objetivas, com letra legível, sem rasuras, com datas, horários, identificação do profissional e terminologias corretas. IMPORTANTE 35 Os dados precisam se apresentar objetivos e evidentes, sem análise, com a descrição feita por todos e quando ocorre o fato. Cabe destacar que as anotações são feitas sobre o que foi observado ou realizado, sem interpretações ou julgamento. Outros detalhes também são importantes, como o nome do paciente e todas as outras informações, iniciar sempre a anotação com data, horário e terminar com o nome e COREN. Além disso, utilizar termos científicos, abreviaturas conhecidas, horário preciso, sem espaço em branco ou rasuras, e não deixar espaço entre a anotação e a assinatura. As anotações devem, então, conter: • condições gerais do paciente no início do plantão; • dados referentes às necessidades básicas, a saber: nutrição, hidratação, sono e repouso, locomoção, motilidade, eliminação, sinais vitais, comunicação e tratamentos realizados; • sinais (o que é observado) e sintomas (o que é relatado pelo paciente); • acidentes e intercorrências, se houverem; • condições gerais do paciente ao término do plantão; • não repetir anotações checadas na prescrição de enfermagem; • todas as anotações devem ser feitas logo após a verificação da ocorrência do cuidado prestado; • evitar expressões como “hábitos fisiológicos normais”, “sem anormalidades”, “sem intercorrência”, “sem queixas” e outras que materializam julgamentos de quem anotou. A evolução de enfermagem refere-se à uma criteriosa análise das 24 horas, sobre todas as ações que ocorreram dentro do processo de implementação e interven- ções ocorridas. Na evolução de enfermagem cabe uma atenção especial às intercor- rências apontadas, as quais não fariam parte do plano de cuidados. Nesse momento, já se estabelece a avaliação, ou seja, a última etapa da SAE, podendo levar a novos planejamentos e novas prescrições. O enfermeiro, em seu cotidiano, utiliza processos mentais que muitas vezes não se restringem a raciocínios lógicos. Do inconsciente surgem os meios, a partir dos quais se tiram as conclusões a respeito do paciente, ainda que sem uma conexão direta com fatos relatados ou observados (BARROS, 2010). ATENÇÃO 36 QUADRO 3 – DIFERENÇA ENTRE ANOTAÇÃO E EVOLUÇÃO FONTE: A autora 2.2 AVALIAÇÃO DOS CUIDADOS PRESTADOS E DOS OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS Na etapa de avaliação, chegaremos ao processo final do PE, em que o objetivo éavaliar as consequências dos cuidados prestados a partir da prescrição e das intervenções praticadas, como já mencionamos. A partir da evolução, o enfermeiro é capaz de decidir pela manutenção, mu- dança de conduta ou alta dos cuidados prescritos. Portanto, é responsável por avaliar o estado do paciente, o progresso em relação ao alcance da meta e a avaliação do estado e da atualidade do plano de cuidados, assim como deverá medir a resposta do paciente em relação às ações da enfermagem, aos objetivos do tratamento, à qualidade da as- sistência prestada. Considerando a evolução de enfermagem, sabemos que o enfermeiro realiza a entrevista e o exame físico do paciente, considerando todas as anotações feitas pela equipe, desde a última avaliação até aquele momento. Quanto mais dados houver sobre fatos relevantes do período analisado, mais modificações poderão ocorrer no planejamento da assistência, garantindo o cuidado adequado. Para Barros et al. (2015), a avaliação é um procedimento deliberado, sistemático e contínuo, podendo ser de: Devemos observar que existe uma diferença entre avaliar os diag- nósticos de enfermagem e avaliar os problemas colaborativos. No primeiro caso, o enfermeiro deve se atentar ao estado do pacien- te, comparando suas respostas aos critérios de resultados e con- cluindo se o paciente está ou não progredindo em relação ao estado esperado. Já os problemas colaborativos dizem respeito à coleta de dados selecionados, comparação de dados com as normas es- tabelecidas e julgamento, para analisar se os dados estão dentro de uma variação aceitável. IMPORTANTE 37 • Estrutura: refere-se aos recursos materiais humanos e financeiros, garantindo um mínimo de qualidade à assistência. • Processo: inclui o julgamento do cuidado prestado. • De resultado: diz respeito à satisfação do paciente durante e após o cuidado. Podemos concluir, então, que a avaliação de enfermagem determina se os re- sultados desejados foram atingidos, se as intervenções foram efetivas e se são ne- cessárias modificações, desse modo, deve-se realizar a mudança ou concluir o plano, conforme indicado. Nesse processo, são analisados os seguintes aspectos: a resposta do paciente, as ações de enfermagem, o progresso do paciente em relação aos obje- tivos do tratamento, a qualidade de assistência de enfermagem prestada e o nível de assistência individualizada. Algumas questões devem ser levantadas na avaliação: se os resultados esperados foram alcançados e se houve modificação nos indicadores, se não, qual é a razão. ATENÇÃO 38 RACIOCÍNIO CLÍNICO, O PENSAMENTO CRÍTICO E O DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Alba Lucia Bottura Leite de Barros As respostas do homem frente a problemas de saúde e processos da vida são identificadas constantemente pelos profissionais de saúde. Porém, a Enfermagem foi quem assumiu legalmente a responsabilidade pelo diagnóstico e tratamento das respostas humanas. Nesse contexto, a acurácia do diagnóstico deve ser preocupação constante, pois diagnósticos são avaliações clínicas probabilísticas e sempre possuem risco de imprecisão. As respostas humanas apresentam-se de forma holística, complexa e única, e conclusões incorretas podem gerar diagnósticos incorretos. O enfermeiro trabalha com um número reduzido de manifestações para afirmar um diagnóstico, porque frequentemente não são apresentadas pelo paciente todas as manifestações indicadas na classificação diagnóstica. Além disso, vários diagnósticos compartilham suas características definidoras. Estes fatores acabam elevando o risco da identificação de diagnósticos pouco acurados. Identificar diagnósticos de enfermagem é atividade complexa, pois trata-se da interpretação do comportamento humano relacionado à saúde e a escolha adequada de intervenções depende da interpretação acurada das respostas humanas. Assim, o pensamento crítico deve ser empregado no raciocínio diagnóstico, objetivando uma interpretação altamente acurada das respostas humanas aos problemas de saúde. Uma das maneiras de atingir elevados índices de acurácia é melhorando o uso do pensamento crítico no raciocínio do processo diagnóstico. O pensamento crítico, aplicado aos pressupostos que geram as ações e a interpretação da informação, aumenta as chances de o enfermeiro identificar um diagnóstico acurado. Segundo Lunney (2004), desenvolver habilidades de pensamento crítico para aumentar a acurácia diagnóstica é importante, porque a interpretação precisa dos dados do paciente é um desafio que exige elevados níveis de capacidade de pensamento e inteligência; a capacidade de pensamento dos enfermeiros é variável e pode ser melhorada, e aperfeiçoar a utilização das capacidades do pensamento crítico apoia a validade dos diagnósticos. LEITURA COMPLEMENTAR 39 Na prática do enfermeiro, o pensamento crítico é uma dimensão da inteligência, essencial para que se realize o processo diagnóstico. Os enfermeiros e estudantes podem melhorar sua prática de enfermagem se aplicarem processos de pensamento, principalmente o pensamento crítico. Foi a partir do uso das linguagens padronizadas, mais especificamente com o uso dos diagnósticos de enfermagem, que foram levantadas as questões relativas aos processos mentais envolvidos na interpretação dos dados. Lunney (2004) relaciona a teoria da inteligência de Sternberg ao pensamento crítico. Sternberg sugere a inteligência como parte do cotidiano, sendo uma autogestão mental. São apresentados três componentes (mundo interno, mundo externo, experiência), inter-relacionados que, segundo Lunney (2004), podem melhorar o padrão intelectual do enfermeiro, assim como o seu pensamento crítico. O primeiro deles, o mundo interno do indivíduo, é constituído por metacomponentes, componentes de aquisição de conhecimento e componentes de desempenho. Estes componentes são interativos no mundo interno do enfermeiro e melhoram a inteligência para a prática. Os metacomponentes são utilizados para pensar no papel do enfermeiro em relação à situação clínica; este ativa os outros dois componentes; o processo é usado para planejar, monitorar e avaliar a resolução de problemas. Os componentes de aquisição de conhecimento são utilizados para selecionar o conhecimento relacionado, como a aquisição de conhecimento por meio da leitura; são utilizados para a aprendizagem de como resolver problemas. Nos componentes de desempenho, o diagnóstico é selecionado quando os dados estiverem disponíveis para a identificação de um diagnóstico preciso; estes implementam os comandos dos metacomponentes; referem-se ao desempenho da mente da pessoa. O segundo, o mundo externo do indivíduo, consiste nos ambientes em que o enfermeiro pode se encontrar, de forma que a inteligência é usada para que ele seja bem- sucedido nesses ambientes. No processo diagnóstico, o enfermeiro usa a inteligência para ser bem-sucedido em uma variedade de ambientes ou contextos, como em casos onde há limitação de tempo ou situações de extrema complexidade. Os enfermeiros podem usar suas habilidades na diversidade e complexidade de ambientes, assim como trabalhar em conjunto com outros enfermeiros, diagnosticando ou validando suas impressões diagnósticas com eles e também com o paciente. Por fim, a experiência do indivíduo, relaciona-se ao fato de que ao se executar uma tarefa várias vezes, ela tende a tornar-se automática. Ser capaz de lidar com o novo é considerado um aspecto da inteligência. Na primeira vez que um diagnóstico é identificado, a ênfase pode ser maior nos componentes de aquisição de conhecimento, e menor nos metacomponentes. Os componentes de desempenho não serão tão competentes como no caso em que há familiaridade no contexto em que foi realizado o diagnóstico. Com a exposição repetida, os três processos mentais de inteligência melhorarão. Lunney (2004), com 40 base no estudo de Scheffer e Rubenfeld, apresenta sete habilidades cognitivas e dez hábitos da mente como processos mentais queocorrem no mundo interno do enfer- meiro. Segundo Lunney (2004), as habilidades cognitivas são o contexto no qual os há- bitos da mente são úteis. O enfermeiro pode desenvolver ambos os aspectos à medida que aprende a diagnosticar. São eles: Habilidades cognitivas: • Análise (Analyzing): separar ou quebrar o todo em partes. • Aplicação de padrões (Applying Standards): julgar de acordo com regras ou critérios pessoais, profissionais ou sociais estabelecidos. • Discriminação (Discriminating): reconhecer diferenças e semelhanças entre coisas ou situações, e distinguir cuidadosamente se é categoria ou posição (intensidade). • Busca de informação (Information Seeking): buscar evidências, fatos ou conhecimentos por meio da identificação de fontes relevantes e da obtenção de dados nessas fontes. • Raciocínio lógico (Logical Reasoning): delinear as inferências ou as conclusões fundamentadas ou justificadas por evidências. • Predição (Predicting): imaginar um plano e suas consequências. • Transformação do conhecimento (Transforming Knowledge): mudar ou converter a natureza, a forma ou a função dos conceitos presentes na condição segundo o contexto em questão. Hábitos da mente: • Confiança: confiança na própria capacidade de raciocínio. • Perspectiva contextual: consideração da situação como um todo, incluindo as relações pré-existentes e o ambiente relevantes para algum acontecimento. • Criatividade: capacidade intelectual de inventar usada para gerar, descobrir ou reestruturar ideias; imaginação de alternativas. • Flexibilidade: capacidade para adaptar, acomodar, modificar ou mudar pensamentos, ideias e comportamentos. • Curiosidade: avidez para conhecer pela busca de conhecimento e pela compreensão por meio da observação e questionamento cuidadosos a fim de explorar possibilidades e alternativas. • Integridade intelectual: busca da verdade por processos honestos e sinceros, mesmo se os resultados forem contrários às próprias crenças e valores. • Intuição: senso perspicaz (insightful sense) para conhecer sem o uso consciente do raciocínio. • Mente aberta: ponto de vista caracterizado pela receptividade às opiniões divergentes e pela sensibilidade aos próprios vieses. • Perseverança: persistência num caminho com determinação para superar obstáculos. • Reflexão: contemplação de um assunto, especialmente os próprios pressupostos e pensamentos com o objetivo de aprofundar o entendimento e a autoavaliação. 41 As habilidades cognitivas relacionadas aos hábitos da mente são característi- cas da inteligência aplicadas na interpretação de casos clínicos e formulação de diag- nósticos. Ambos podem ser desenvolvidos por meio da metacognição. É por meio da metacognição que a inteligência e o pensamento crítico são aperfeiçoados. Na meta- cognição, ocorre o pensar sobre o pensamento. É um método de auto aperfeiçoamento e serve de base para o crescimento profissional. Pelas habilidades cognitivas e hábitos da mente, o enfermeiro possui a linguagem, significado e estrutura para analisar o pró- prio pensamento. As habilidades, os processos de cognição e metacognição devem ser estimulados como um compromisso individual do enfermeiro, assim como realizar aná- lise, intervenção e avaliação acuradas. Desta maneira, os preceitos éticos da profissão serão cumpridos. Linguagem padronizada em enfermagem e o raciocínio clínico O uso de uma linguagem uniforme, padronizada, além de facilitar a comuni- cação e o uso de sistemas informatizados, permite a representação do conhecimento clínico de enfermagem. Por outro lado, a falta de uma linguagem comum, que seja am- plamente usada pelos enfermeiros, dificulta a comunicação porque não permite definir precisamente o que os enfermeiros fazem, que tipo de problemas ou condições do pa- ciente requerem intervenções de enfermagem e quais são os resultados que decorrem desta prática. Sem uma linguagem comum para expressar os conceitos, não se sabe se a compreensão dos seus significados é a mesma para as outras pessoas; assim, não se pode comunicá-los com precisão. O uso da linguagem padronizada pode dar suporte ao raciocínio clínico porque ajuda a direcionar o olhar para a identificação dos problemas de enfermagem, a escolher resultados esperados e intervenções mais adequadas a cada caso e contexto, tendo como base o conhecimento em enfermagem. Evita-se, assim, que o enfermeiro analise o caso visando apenas a identificação de diagnósticos médicos, para os quais sua atuação será apenas colaborativa. [...] FONTE: Adaptado de BARROS, A. L. B. L. de. Raciocínio clínico, o pensamento crítico e o diagnóstico de enfermagem. In: BARROS, A. L. B. L. de et al. Processo de enfermagem: guia para a prática / Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. São Paulo: COREN-SP, 2015. p. 27-30. Disponível em: . Acesso em: 23 set. 2021. 42 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu: • Após o processo de investigação e diagnóstico de enfermagem, o enfermeiro deve planejar as próximas etapas buscando determinar os resultados desejados, identificando as intervenções necessárias. • Para estabelecer as prioridades de cuidados, é essencial planejar as ações de intervenção aplicáveis ao diagnóstico, utilizando conhecimentos práticos, científicos, assim como a experiência e o pensamento clínico. • É preciso determinar as prioridades imediatas a partir da identificação dos objetivos. • É imprescindível analisar quais problemas necessitam de atenção imediata e quais podem esperar, quais serão delegadas ou encaminhados para outros profissionais e quais exigirão uma abordagem multidisciplinar. • A implementação tem por objetivo a ação do enfermeiro, na qual ele executa as atividades prescritas na etapa de planejamento da assistência. • Existe diferença entre anotação e evolução de enfermagem. • A avaliação de enfermagem determina se os resultados desejados foram atingidos, se as intervenções foram efetivas e se são necessárias modificações, só assim será possível modificar ou concluir o plano conforme indicado. 43 1 O enfermeiro realiza a entrevista e o exame físico do paciente, levando em consi- deração todas as anotações feitas pela equipe, desde a última avaliação até aquele momento. Quanto mais dados houver, mais modificações poderão ocorrer no pla- nejamento da assistência. Sobre os tipos de avaliação, associe os itens utilizando o código a seguir: I- Estrutura. II- Processo. III- De resultado. ( ) Diz respeito à satisfação do paciente durante e após o cuidado. ( ) Refere-se aos recursos materiais humanos e financeiros, garantindo o mínimo de qualidade à assistência. ( ) Inclui o julgamento do cuidado prestado. Assinale a alternativa que possui a sequência CORRETA: a) ( ) III – I – II. b) ( ) I – II – III. c) ( ) II – III – I. d) ( ) III – II – I. 2 As intervenções de enfermagem são determinadas por ações que visam monitorar o estado de saúde do paciente, reduzir os riscos, resolver, prevenir ou controlar um problema, assim como facilitar a independência ou auxiliar nas atividades de vida diária e promover uma otimização do sentimento de bem-estar físico, psicológico e espiritual do paciente. Sobre as ações a serem tomadas, associe os itens utilizando o código a seguir: I- Dependentes. II- Interdependentes. III- Independentes. ( ) Descrevem as atividades que o enfermeiro realiza em colaboração com outros membros da equipe de saúde. ( ) Atividades executadas pelo enfermeiro sem recomendação médica direta ou dos demais profissionais de saúde, ou seja, ações que o enfermeiro tem licença para tratar em virtude sua formação e experiência. ( ) Implementam as recomendações médicas e indicam a maneira pela qual a recomendação pode ser executada. AUTOATIVIDADE 44 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I – II – III. b) ( ) II – I – III. c) ( ) III – II – I. d) ( ) II – III – I.3 Sabemos que a avaliação de enfermagem, entre outros aspectos, determina se os resultados desejados foram atingidos, assim como verifica a avaliação do estado do cliente, do progresso em relação ao alcance da meta e do estado e atualidade do plano de cuidados. A respeito do que é avaliado nesse processo, analise as sentenças e classifique V para as verdadeiras e F para falsas: ( ) A resposta do paciente às ações de enfermagem. ( ) Os dados coletados na investigação inicial. ( ) A qualidade de assistência de enfermagem prestada. ( ) O nível de assistência de enfermagem a um paciente. ( ) O progresso do paciente em relação aos objetivos do tratamento. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F – V – V – F – V. b) ( ) V – V – V – F – F. c) ( ) F – F – V – V – V. d) ( ) V – F – V – V – V. 4 A evolução de enfermagem constitui uma criteriosa análise sobre todas as ações que ocorrem dentro de 24 horas no processo de implementação e intervenções. Na evolução de enfermagem, cabe uma atenção especial às intercorrências que são apontadas. Nesse ponto, se estabelece a avaliação, última etapa da SAE, que poderá levar a novos planejamentos e novas prescrições. A partir do referencial teórico apresentado, defina a diferença entre anotação e evolução de enfermagem. 5 Para que o enfermeiro possa estabelecer as prioridades de cuidados, é essencial efetuar o planejamento de ações aplicáveis ao diagnóstico, utilizando conhecimentos práticos, científicos, assim como a experiência e o pensamento crítico. A partir do que foi estudado, indique algumas características necessárias para que o planejamento possa ser implementado. 45 REFERÊNCIAS BARROS, A. L. B. L. et al. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem no adulto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. BARROS, A. L. B. L. et al. Processo de enfermagem: guia para a prática. São Paulo: COREN-SP, 2015. Disponível em:https://bit.ly/3F4guPC. Acesso em: 21 set. 2021. CARPENITO, L. J. Cuidados de enfermagem e documentação: diagnósticos e problemas colaborativos. 2. ed. Porto Alegre: Artes Medicas Sul, 1999. CARPENITO, L. J. Diagnósticos de enfermagem: aplicação à prática clínica. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. CARPENITO, L. J. Manual de diagnósticos de enfermagem. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. COFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN nº 272, de 27 de agosto de 2002. Brasília, DF: COFEN, [2002]. Disponível em: https://bit.ly/30g5LTA. Acesso em: 21 set. 2021. COFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Brasília, DF: COFEN, [2009]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo- cofen-3582009_4384.html. Acesso em: 21 set. 2021. MARTINS, P. A. P. C. Escuta ativa nos cuidados de enfermagem: uma intervenção confortadora. 2014, 173f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3kvhjt0. Acesso em: 23 set. 2021. MURTA, G. F.; GARCIA, J. N. R. Procedimentos básicos de enfermagem no cuidar. São Paulo: Difusão, 2006. NANDA International. Diagnósticos de enfermagem: definições e classificação 2009-2011. Porto Alegre: Artmed, 2010. POSSO, M. B. S. Semiologia e semiotécnica de enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2006. 46 SILVA, E. G. et al. O conhecimento do enfermeiro sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem: da teoria à prática. Rev. Esc. Enferm, São Paulo, 2011; v. 45, n. 6, p. 1380- 1386. Disponível em: https://bit.ly/3n8x6PS. Acesso em: 23 set. 2021. 47 PRINCÍPIOS PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM UNIDADE 2 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os princípios de segurança do paciente e do ambiente em que ele está inserido; • realizar a avaliação dos sinais vitais, identificando as possíveis alterações; • aprender a maneira correta de preparar o ambiente para o exame físico; • dominar as técnicas de avaliação física. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SEGURANÇA DO PACIENTE TÓPICO 2 – SINAIS VITAIS TÓPICO 3 – EXAME FÍSICO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 48 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 49 TÓPICO 1 — SEGURANÇA DO PACIENTE UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO A segurança do paciente, embora seja essencial para o atendimento de enfermagem, ainda é recente, pois foi criada pelo Ministério da Saúde em 2013, dentro do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). A sua criação partiu de modelos de protocolos elaborados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Compreender a importância da segurança do paciente reflete diretamente na qualidade da assistência de enfermagem prestada pelos profissionais. Do mesmo modo, os fatores que influenciam o ambiente inferem na segurança, portanto a sua identificação é fundamental para que o ambiente possa ser adaptado, reduzindo os fatores de risco para os profissionais e para o paciente. Em alguns casos, o próprio paciente pode apresentar risco a ele mesmo e à equipe de saúde, devido a alterações que afetam seu sistema neurológico e sua percepção. Nessa situação, é importante conversar com o paciente e tentar acalmá-lo, buscando sua colaboração. Quando não é possível alcançar os objetivos seguros do paciente, é necessário recorrer à contenção, no entanto, ela visa a proteção temporária, sendo removida o mais breve possível. 2 A SEGURANÇA DO PACIENTE A OMS coloca a segurança do paciente com seis atributos de assistência de qualidade, junto com a efetividade da assistência, o cuidado prestado, tendo o paciente como centro do atendimento, a oportunidade, a eficiência e a equidade. A partir disso, a segurança do paciente passa a ser subdivida em seis protocolos básicos, sendo eles: identificação correta do paciente; higiene das mãos dos profissionais; cirurgia segura; prescrição e administração de medicamentos seguros; prevenção de quedas do paciente e prevenção do desenvolvimento de úlcera por pressão (BRASIL, 2014). No entanto, antes de nos aprofundarmos sobre os seis protocolos básicos, precisamos conhecer alguns conceitos fundamentais para o contexto de segurança do paciente. Vamos lá? 50 • Dano: qualquer comprometimento da estrutura ou da função do corpo decorrente de uma doença, lesão, incapacidade ou até mesmo uma conduta ou procedimento equivocado que pode gerar uma perda ou agravamento à saúde. Esse dano pode ser físico, social ou psicológico. • Risco: todos os fatores que possam propiciar o risco de um incidente ocorrer de fato. • Incidente: fato ou situação que pode gerar ou que gerou um dano dispensável ao paciente. • Incidente sem lesão: fato ou situação indesejável que ocorreu, porém, sem nenhum dano ao paciente. • Evento adverso: incidente que afeta o paciente, resultando em um dano para ele. • Near Miss: ocorrência de um incidente, porém sem danos ao paciente. Desse modo, podemos observar que todo incidente tem um potencial de causar algum risco à segurança do paciente, podendo afetar diretamente ou não o indivíduo que recebe os cuidados. Contudo, sabemos também que na prática ocorrem diversos incidentes, por isso é necessário aplicar maior atenção em alguns, pois são mais comuns e resultam em danos que podem ser desde temporários até permanentes, podem também ser incapacitantes ou custar, inclusive, a vida do paciente (BRASIL, 2014). A troca de pacientes com nomes parecidos, por exemplo, durante a realizaçãode um procedimento, pode causar danos. Então, quando o paciente está com uma pulseira de identificação, essa troca é evitável, portanto, previne a ocorrência de erros e danos aos pacientes. Lembrando que o uso de pulseiras de identificação é bem aceito pelos pacientes e tem reduzido os erros (BRASIL, 2014). FIGURA 1 – PULSEIRA DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE FONTE: . Acesso em: 28 set. 2021. O protocolo de identificação do paciente visa garantir que todos os procedimentos e cuidados sejam realizados corretamente, evitando a troca de pacientes. NOTA 51 Outro protocolo diz respeito à higienização das mãos. Sabe-se que as mãos dos profissionais de saúde podem transmitir microrganismos de um paciente para o outro, ou até mesmo do profissional de saúde para o paciente durante um procedimento ou um cuidado. Essas são consideradas infecções relacionadas à saúde, podendo gerar danos à saúde e a ameaçar, ainda, a vida do paciente. Diante disso, é possível prevenir a infecção cruzada a partir da higienização antes da assistência, ou seja, antes do contato com o paciente e da realização do procedimento. Além disso, a higienização das mãos dos profissionais precisa ser feita depois da exposição com fluídos corporais, do contato com o paciente e do contato com áreas próximas ao paciente, como cama, mesa de cabeceira e cadeira de repouso, por exemplo (BELELA-ANACLETO; PETERLINI; PEDREIRA, 2017). A higienização deve ser realizada com sabonete líquido e água, sempre que houver presença de sujidade visível ou o profissional achar necessário. Sem a presença de sujidade visível, a higiene pode ser feita com soluções alcoólicas (70%). Lembrando que as soluções alcoólicas, apesar de mais fáceis, não substituem a necessidade de lavagem das mãos com água e sabão (BELELA-ANACLETO; PETERLINI; PEDREIRA, 2017). FIGURA 2 – PASSO A PASSO DA HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS COM ÁGUA E SABÃO FONTE: . Acesso em: 28 set. 2021. 52 Temos ainda o protocolo da cirurgia segura, no qual o objetivo é minimizar os riscos de possíveis eventos adversos durante o procedimento cirúrgico. Esse protocolo visa identificar o paciente certo, a realização do procedimento certo e o local do procedimento certo, ou seja, busca reduzir possíveis erros, danos e eventos adversos ao paciente. Ele é fundamental, pois, à medida que as cirurgias ficam mais complexas, existe também um aumento das chances de dados que podem ser temporários, permanentes ou até mesmo levar à morte do paciente (SILVA et al., 2017). O protocolo de cirurgia segura, portanto, é baseado em três momentos: antes de realizar a sedação e anestesia do paciente; antes de realizar a incisão cirúrgica; antes da saída do paciente da sala de cirurgia. Por fim, para encerrar o procedimento, deve-se avaliar se todos os instrumentais usados estão em ordem, assim como compressas e gazes, evitando que o paciente saia da sala cirúrgica com algum objeto dentro dele, por exemplo. Dessa forma, o procedimento cirúrgico pode ser realizado com sucesso, prevenindo possíveis erros e, consequentemente, danos ao paciente (SILVA et al., 2017). A administração de medicamento é a aplicação de fármacos no organismo por meio de uma das várias vias possíveis, de acordo com a proposta terapêutica e prescrição medicamentosa. Antes de realizar a administração dos medicamentos, a enfermagem precisa se certificar de que está realizando de forma correta, utilizando os nove certos, sendo eles: • Paciente certo: pode ser feito pela conferência do nome e data de nascimento, isto é, perguntar o nome do paciente, verificar se o nome corresponde ao nome identificado no leito, nome identificado no prontuário e nome identificado na pulseira. • Medicamento certo: conferir se o nome do medicamento a ser administrado é o mesmo que foi prescrito, averiguar alergias com o paciente e no prontuário. • Via certa: verificar a prescrição, confirmar se é a via recomendada e avaliar se o medicamente tem compatibilidade com a via prescrita. Antes de realizar a sedação e a anestesia, é importante conversar com o paciente, verificar seu nome, confirmar o nome presente na pulseira e no prontuário. Além disso, é preciso verificar se o procedimento relatado pelo paciente, o qual ele irá realizar, é o mesmo presente no prontuário e o que a equipe está pronta a para realizar. Em seguida, antes de realizar a incisão cirúrgica, a equipe deve novamente confirmar qual procedimento será realizado. IMPORTANTE 53 • Hora certa: a medicação deve ser preparada na hora da administração, de preferência à beira do leito. Se for o caso, a antecipação ou o atraso da administração em relação ao horário predefinido, somente poderá ser feito com o consentimento do enfermeiro e do prescritor. • Dose certa: conferir se a dose prescrita é a que foi preparada. • Registro certo da administração: checar a prescrição e registrar qualquer intercorrência durante a administração. • Orientação correta: orientar o paciente sobre a medicação administrada, sua finalidade, o tempo que irão fazer uso dela, a frequência de administração e os horários. • Forma certa: checar se a forma farmacêutica e a via de administração prescritas estão apropriadas à condição clínica do paciente (por exemplo, se o nível de consciência permite administração de medicação por via oral). • Resposta certa: observar cuidadosamente o paciente para identificar se o medicamento teve o efeito desejado. Registrar no prontuário e informar ao prescritor todos os efeitos diferentes (em intensidade e forma) do esperado para o medicamento. Já o protocolo de prevenção de quedas busca minimizar a ocorrência das quedas dos pacientes e, consequentemente, os danos que elas podem causar. Diante disso, é importante que o profissional da saúde verifique os possíveis riscos, buscando identificar os fatores que podem acarretar uma queda, por exemplo a umidade no piso, o ambiente escuro ou grade de proteção do leito abaixada. Por fim, temos o protocolo de prevenção de úlcera por pressão, que tem como objetivo prevenir o surgimento de úlceras por pressão durante os cuidados em pacientes acamados ou hospitalizados. Lembrando que alguns fatores, como a idade, a capacidade de mobilidade e a pró- pria restrição ao leito favorecem o surgimento de úlceras por pressão, por isso esses pacien- tes precisam de mais cuidados, para evitar o aparecimento delas (STUQUE et al., 2017). É importante observar quais são as patologias que o paciente apresenta, pois, a osteoporose e a demência, por exemplo, predispõem ao risco de queda. Outro fator é o medicamento, como o caso de anti-hipertensivos, que podem causar tonturas quando o paciente levanta do leito ou da cadeira de descanso (CUNHA; BAIXINHO; HENRIQUES, 2019). ATENÇÃO 54 FIGURA 3 – POSIÇÕES DO CORPO E SEUS POSSÍVEIS PONTOS DE DESENVOLVIMENTO DE ÚLCERAS POR PRESSÃO FONTE: . Acesso em: 13 set. 2021. A prevenção de úlceras por pressão é fundamental não só para o bem-estar do paciente, mas porque o seu aparecimento pode retardar o seu processo de recuperação, aumentando o seu tempo de internação, além disso, é um ambiente propício para o surgimento de infecções, que podem evoluir para uma sepse, por exemplo. Por isso, os pacientes que apresentam algum fator de risco devem ser avaliados diariamente com um cuidado maior. A avaliação deve ser feita em todas as proeminências ósseas, observando se há alguma alteração na pele já. Essa prevenção precisa ser realizada por meio de uma alimentação balanceada, pois o estado nutricional ruim propicia o surgimento de úlceras. Além disso, a pele deve estar sempre hidratada, o paciente com restrição ao leito ou com dificuldade em se movimentar deve ser trocado a cada duas horas de posição e, por fim, redistribuir o peso com apoios, por exemplo, para evitar que o peso fique em apenas um ponto do corpo. 2.1 SEGURANÇA DO AMBIENTEA segurança do paciente é algo que nós, profissionais da saúde, temos como principal preocupação, por isso devemos pensar sempre no ambiente em que ele está inserido e como melhorar tal ambiente para que ele não ofereça risco. No entanto, além do paciente, precisamos lembrar dos profissionais de saúde, pois é importante avaliar os riscos e evitar, assim, danos à sua saúde do trabalhador. 55 Em relação à segurança do ambiente, temos que considerar: • Risco físico: como choque elétrico, temperatura elevada ou baixa, radiação, iluminação e umidade. • Risco químico: como incêndio, gases ou vapores. • Risco mecânico: como o risco de queda. • Risco biológico: como a contaminação por um vírus ou bactéria em um ambiente hospitalar. Sabendo, então, a natureza dos riscos, é possível realizar o controle deles por meio do reconhecimento das situações propícias. Para tanto, é necessário dar atenção à tomada de decisão, a qual possui três pontos essenciais: o primeiro é reconhecer os riscos, ou seja, identificá-los; o segundo é avaliar os riscos para compreender sua magnitude e a proporção de pessoas que podem ser afetadas por ele; o terceiro é adotar medidas de controle que visem minimizar, ou se possível, eliminar o risco (POTTER; PERRY, 2013). A iluminação do ambiente também é um fator importante para reduzir o risco de acidentes, como quedas, tanto dos profissionais como dos pacientes. Portanto, é preciso que haja uma iluminação adequada. Um exemplo em relação ao paciente é o risco de queda devido à iluminação inadequada, levando-o a tropeçar. Para os profissionais, vai desde o cansaço por iluminação fraca e até mesmo erros grosseiros durante a preparação de uma medicação, por exemplo, ou seja, preparar medicação errada ou em doses erradas, por falta de luz adequada no ambiente. Considerando os riscos físicos do ambiente hospitalar, ao pensarmos no calor, devemos lembrar que este pode ser transmitido de um corpo para outro, seja por radiação, condução ou convecção. Porém, o importante é a quantidade dessa energia entregue ou recebida, pois se receber muito calor, irá causar desidratação no paciente, podendo propiciar o aparecimento de úlcera por pressão, por exemplo. O mesmo ocorre se houver perda intensa de calor, isso pode alterar sinais vitais, como desaceleração dos batimentos cardíacos, dificuldade para respirar e lentidão para responder estímulos (POTTER; PERRY, 2013). IMPORTANTE Sobre as quedas, podemos dizer que elas são um problema de saúde pública, pois além de aumentarem o tempo de hospitalização do paciente, é uma das principais causas de morte não intencional de idosos acima de 64 anos. ATENÇÃO 56 Vários são os fatores que aumentam as chances de quedas, como visão reduzida, distúrbios locomotores, uso de medicamentos (analgésicos, sedativos e anti- hipertensivos), uso de andadores ou bengalas. Além disso, o ambiente com tapetes, redução de barreiras, como mesas de centro ou vários móveis muito próximos, falta de dispositivos, como barras de apoio no banheiro, e brinquedos de crianças espalhados pela casa (quando morar ou receber os netos com frequência), são fatores que aumentam as chances de queda (POTTER; PERRY, 2013). FIGURA 4 – QUEDA EM AMBIENTE COM TAPETE FONTE: . Acesso em: 13 set. 2021. Ademais, a segurança do ambiente não diz respeito apenas ao meio físico, mas também abrange o meio psicossocial, estando diretamente relacionada com a qualidade de vida do paciente. Apesar de ampla, essa definição aborda um cenário de cuidados da enfermagem com o paciente que vai desde a sua hospitalização até locais comunitários, como escolas, creches, asilos e o próprio domicílio do paciente. Lembrando que o ambiente seguro não é bom apenas para o paciente, mas sim para o profissional que precisa assisti-lo (POTTER; PERRY, 2013). Diante disso, precisamos estar atentos aos grupos vulneráveis, como crian- ças, idosos, doentes metais e classes de baixa renda, pois o ambiente seguro precisa de estrutura física adequada, além de conhecimento e discernimento do que pode causar riscos, para que o paciente possa receber atendimento adequado. 2.2 FATORES QUE INFLUENCIAM A SEGURANÇA DO PACIENTE Precisamos notar que a segurança do paciente não está relacionada apenas a fatores ambientais (domiciliar ou hospitalar), mas também com o desenvolvimento biológico do indivíduo, ou seja, a sua mobilidade física, suas condições sensitivas, condições cognitivas e estilo de vida. O desenvolvimento físico pode criar barreiras que ameaçam a segurança do paciente, variando de acordo com os grupos etários. 57 As crianças lactentes, infantes e pré-escolares estão sujeitas a diversos tipos de acidentes. O envenenamento por chumbo, por exemplo, é mais comum em crianças lactentes e infantes, pois nessas duas fases do desenvolvimento, a criança tem interesse em colocar todos os objetos e resíduos na boca. Outro risco diz respeito à queimadura, devido à curiosidade de brincar com isqueiros e velas, por exemplo. Existe também o risco de queda, pois nessa fase ainda não há uma boa coordenação motora, além disso, há o risco de queda de bicicletas e brinquedos em parquinhos. Nessas faixas etárias, os acidentes são ainda evitáveis, pois, os pais, tendo informações sobre os riscos, podem atuar de maneira preventiva, não deixando, por exemplo, escadas livres, piscina sem grade de proteção e produtos de limpeza ao alcance das crianças (POTTER; PERRY, 2013). Já as crianças em idade escolar têm um ambiente mais amplo de possibilida- des de risco, pois saem de casa para um ambiente novo. A partir do momento que a criança vai para a escola, ela passa todos os dias por algum meio de transporte, começa a conviver com outras crianças e precisa lidar com um novo ambiente, tornando necessário que os pais fiquem atentos na hora de escolher a escola e até mesmo o meio de transporte. Lembrando que crianças não tem noção de velocidade de veículos, por exemplo. Na fase da adolescência os riscos mudam, pois é a fase das novas descobertas, início da independência dos pais. Com isso, o adolescente também passa a ter oportunidade de experimentar álcool, cigarros e drogas. Além disso, a chegada dos 18 anos vem acompanhada da experiência automobilística para muitos adolescentes, e a associação disso com álcool ou drogas é algo perigoso e traz diversos riscos para a vida do adolescente. Outro risco, ainda, é a iniciação sexual, que pode ocorrer de maneira indevida, como o não uso de preservativos, podendo acarretar uma doença sexualmente trans- missível e consequências graves para a vida do adolescente. Além disso, a gravidez in- desejada pode vir acompanhada de um despreparo dos pais, podendo, inclusive, haver uma tentativa despreparada de aborto, o que coloca a vida da adolescente em risco (POTTER; PERRY, 2013). 58 FIGURA 5 – CONSUMO ABUSIVO DE ÁLCOOL POR ADOLESCENTES FONTE: . Acesso em: 13 set. 2021. No caso dos adultos, embora corram diversos riscos, estes estão associados principalmente ao estilo de vida, uma vez que o adulto apresenta maior discernimento. Mas quando ingere álcool e dirige, por exemplo, acaba colocando a sua vida e a vida de outras pessoas em risco. O mesmo ocorre com o uso de cigarro, no primeiro momento não causa nenhum dano, mas ao longo da vida pode gerar problemas respiratórios e até mesmo um câncer. Por fim, os idosos apresentam mudanças fisiológicas, que associadas a medicamentos e doenças, podem aumentar as chances de riscos para a saúde. Um dos principais riscos são as quedas, conforme mencionamos, pois são comuns e frequentes aos idosos. A segurança do paciente também é importante nas instituições de saúde, pois, além das condições relacionadas à idade e ao estilo de vida do paciente, precisamos estar atentos em hospitais, por exemplo, emque há risco de quedas do leito ou até mesmo da maca de transporte ou cadeira de rodas, como já mencionamos. Sobre os leitos, os profissionais de saúde devem abaixar a grade da cama ou da maca para realizar algum procedimento, como a administração de uma medicação, mas, ao mesmo tempo, precisar cuidar para que o paciente, acidentalmente, não caia. Por isso, sempre que for necessário abaixar a grade, o profissional não deve deixar o As fraturas em idosos são mais graves, afinal, o processo de cicatrização é mais lento. Com isso, as chances de complicações são maiores. Além disso, a presença de doenças, como exemplo a diabetes, pode prolongar ainda mais o tempo de recuperação (POTTER; PERRY, 2013). IMPORTANTE 59 paciente sem supervisão até que a grade esteja levantada novamente. O mesmo ocorre com a cadeira de rodas, sempre que for necessário, deve-se travar as rodas, pois, caso o paciente tente levantar-se, a cadeira fica firme. Existem também o risco de acidentes relacionados aos procedimentos, como a administração equivocada de um medicamento ou uma punção errada com um cateter contaminado, por exemplo. Esses procedimentos podem não causar nenhum dano, mas aumentam os riscos, em alguns casos chegam a ter consequências que podem colocar a vida do paciente em risco. 2.3 CONTENÇÃO DO PACIENTE A contenção do paciente só deve ser realizada quando não for possível nenhuma outra inversão, como a verbal e a medicamentosa (quando recomenda pelo médico), podendo ser empregado, então, o isolamento, a contenção física ou a contenção mecânica (MANTOVANI et al., 2010). Entretanto, devemos lembrar que, a Resolução COFEN nº 427/2012, que nor- matiza os procedimentos da enfermagem no emprego de contenção mecânica de pa- cientes, permite o enfermeiro empregar a contenção mecânica em situações de urgência e emergência, e, preferencialmente, em conformidade com protocolos estabelecidos pe- las instituições de saúde, públicas ou privadas, a que estejam vinculados. Desse modo, a equipe de enfermagem só poderá executar tal procedimento sob supervisão direta do enfermeiro. Vale ressaltar que quando for necessário realizar a contenção mecânica, o paciente deve permanecer em monitoramento constante pela enfermagem, a fim de evitar a ocorrência de eventos adversos, e caso eles ocorram, possam ser identificados precocemente, evitando danos ao paciente (BRASIL, 2014). A respeito das técnicas de contenção física, é necessário, pelo menos, uma equipe com cinco pessoas, sendo que uma delas irá assumir a coordenação, ou seja, irá observar o comportamento do paciente e iniciar a abordagem. É importante que durante o processo de contenção física, a equipe sempre tente se comunicar com o paciente, pois isso poderá facilitar o processo. O isolamento é a remoção do paciente para um local em que ele possa se movimentar livremente, porém, com acesso restrito a outros ambientes, inibindo, assim, uma possível fuga. Já a contenção física é a imobilização do paciente utilizando várias pessoas da equipe. E a contenção mecânica imobiliza o paciente no leito, fazendo uso de faixas, por exemplo. NOTA 60 O posicionamento da equipe deve ser em semicírculo, evitando ficar nas costas do paciente durante a abordagem. Quando for iniciar o processo, é importante que comecem pelos ombros, pulso, quadril e joelho, para evitar que o paciente lute, podendo se machucar ou até mesmo machucar a equipe. FIGURA 6 – CONTENÇÃO FÍSICA DO PACIENTE FONTE: Silva et al. (2015, p. 8) Já a contenção mecânica precisa de alguns materiais, como uma maca ou leito com uma altura mais baixa, ambiente privativo, atadura de crepe, algodão, gazes, compressas cirúrgicas, lençóis, talas, fita adesiva e também braçadeira de contenção (RIBEIRÃO PRETO, 2018). Após o preparo dos materiais, é importante colocar o paciente em posição anatômica, membros inferiores um pouco afastados e os membros superiores com as mãos voltadas para cima. É importante que a abordagem seja feita por pelo menos cinco profissionais, para evitar que o paciente se mova bruscamente, como no caso anterior. Os profissionais devem ficar um em cada membro e um no tórax durante o processo de contenção física. Cabe ressaltar que nunca devemos realizar uma contenção física por conve- niência dos profissionais de saúde, nem como forma de punição ou disciplina do paciente. Sempre que for necessário, é fundamental explicar para a família o motivo do processo, como será realizado e deixar claro que não tem nenhum caráter punitivo. 61 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu: • A segurança do paciente é essencial durante o atendimento de enfermagem, prevenindo agravos, reduzindo riscos e melhorando a qualidade do atendimento. • Existem cinco protocolos para garantir a segurança do paciente e auxiliar os profissionais da saúde. • O ambiente seguro também é importante para o paciente, seja este ambiente a sua casa ou uma unidade hospitalar. • A segurança do paciente não tem relação apenas com o ambiente físico, mas também com a idade, condições fisiológicas, patologias presentes, hábitos e estilo de vida. • A contenção de pacientes não é algo ruim, do ponto de vista de prevenção de agravos, sendo necessário, às vezes, a imobilização para evitar que o próprio paciente se machuque. Mas a contenção nunca deverá ser usada como forma de punição ou correção do paciente, pois trata-se de um mecanismo extremo. 62 1 A segurança do paciente é um assunto recente, embora fundamental. O Ministério da Saúde, em 2013, criou o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Com isso, foram estabelecidos cinco protocolos essenciais para evitar erros e danos. Sobre eles, analise as sentenças a seguir e classifique V paras verdadeiras e F para as falsas: ( ) As mãos dos profissionais de saúde podem transmitir microrganismos de um paciente para o outro, ou até mesmo do profissional de saúde para o paciente durante um procedimento ou um cuidado, por isso a higienização delas é um protocolo de segurança para o paciente. ( ) A cirurgia segura não é um protocolo de segurança, pois todo procedimento cirúrgico já é seguro, não sendo necessária nenhuma checagem para garantir a segurança do procedimento. ( ) A administração de medicamento é a aplicação de fármacos no organismo por meio de uma das várias vias possíveis, conforme a proposta terapêutica e prescrição medicamentosa, sendo necessário realizar a checagem dos nove certos. ( ) O protocolo de prevenção de úlceras por pressão é fundamental para o bem- estar do paciente, além disso, o seu aparecimento pode retardar o processo de recuperação do paciente, aumentando o seu tempo de internação. Assinale a alterna tiva que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F – V – V – F. b) ( ) V – F – V – V. c) ( ) F – F – V – F. d) ( ) V – V – F – V. 2 A segurança do paciente é a principal preocupação dos profissionais da área da saú- de, por isso é preciso sempre pensar na segurança do ambiente. Sobre a segurança do ambiente, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O ambiente só oferece risco físico, portanto, se todas as barreiras forem removidas, por exemplo, o risco no ambiente é nulo. b) ( ) Pesando nos riscos de um ambiente hospitalar, temos apenas o calor e o ruído como fatores importantes. c) ( ) A iluminação é um fator importante para evitar riscos, como quedas do paciente e dos profissionais de saúde, assim como é importante para que os profissionais possam realizar os cuidados diretos com o paciente de maneira segura. d) ( ) As quedas não caracterizam um problema de saúde pública, mas aumentarem o tempo de hospitalização do paciente. AUTOATIVIDADE 63 3 A segurança do paciente, além de estar relacionada a fatores ambientais, também envolve a questão do desenvolvimento biológico do indivíduo. O desenvolvimento físico, portanto, pode criar barreiras e ameaçar a segurança do paciente. Sobreos fatores que influenciam a segurança do paciente, podemos afirmar: a) ( ) O envenenamento por chumbo é mais comum em crianças e adolescentes. b) ( ) Na fase da adolescência os riscos mudam, pois é a fase das novas descobertas, início da independência dos pais, pois nessa fase, sair com os amigos é algo novo, porém, junto com isso vem a possibilidade de uso de álcool e drogas, que trazem riscos para a saúde do adolescente. c) ( ) Os riscos na fase adulta são os mesmo que os da adolescência, pois tudo que é vivido é novo e o indivíduo ainda não tem maturidade para julgar os riscos que as suas ações podem trazer para sua vida. d) ( ) Em relação ao fator idade, os idosos não apresentam mudanças fisiológicas, mas os medicamentos podem aumentar as chances de riscos para a saúde. 4 A administração de medicamentos conta com a ajuda do protocolo dos nove certos, visando evitar erros na administração de medicamentos. Descreva cada um dos nove certos. 5 A contenção do paciente só deve ser realizada quando nenhuma outra inversão for possível, como a verbal e a medicamentosa (quando recomenda pelo médico). Nesse caso, pode ser empregado o isolamento, a contenção física ou a contenção mecânica. Sobre a contenção mecânica, quais são os materiais necessários? 64 65 SINAIS VITAIS 1 INTRODUÇÃO O corpo humano apresenta parâmetros fisiológicos, ou seja, dados expressos dentro da normalidade, sendo chamados de sinais vitais. Diariamente, o profissional de saúde precisa avaliar as condições do paciente, de forma que a normalidade desses dados é algo importante, uma vez que indica a melhora de um quadro patológico ou o efeito de uma medicação. Os sinais vitais foram, por muitos anos, mensurados apenas em quatro parâmetros: pressão arterial, pulso, respiração e temperatura. Porém, observou-se que a dor, mesmo sendo indicativo de uma anormalidade, tem capacidade de influenciar diretamente nesses parâmetros vitais. A partir do ano 2000, incluiu-se a dor como avaliação, passando a ser, então, cinco sinais vitais. 2 OS SINAIS VITAIS Podemos afirmar que os sinais vitais são informações fisiológicas que refletem a condição do paciente, orientando, muitas vezes, a tomada de decisão sobre o tratamento de uma patologia, assim como a respeito da resposta ao tratamento. Além disso, os sinais vitais possibilitam identificar as necessidades básicas do paciente, portanto, a verificação desses sinais caracteriza uma maneira rápida e eficiente. Cotidianamente, a equipe de enfermagem faz a monitorização dos sinais vitais, realizando essa aferição sempre que necessário. Conforme mencionado, ao todo são cinco sinais importantes: temperatura corporal, pulso, respiração, pressão arterial e dor. A seguir, estudaremos cada um deles. 2.1 TEMPERATURA CORPORAL A temperatura corporal é a diferença entre a quantidade de calor que o corpo produz e a quantidade de calor que ele perde para o ambiente externo. Sabemos que existem variações de temperatura no ambiente, porém o corpo consegue manter uma temperatura ideal que garante as condições fisiológicas e o bom funcionamento do corpo (POTTER; PERRY, 2013). De qualquer forma, o valor de temperatura corporal pode variar conforme podemos observar no Quadro 1: UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 66 QUADRO 1 – VALORES DE TEMPERATURA CORPORAL DO CORPO FONTE: A autora Veremos que alguns fatores interferem na variação da temperatura corporal, como é o caso da idade. Os recém-nascidos apresentam um controle de temperatura imaturo, enquanto os idosos apresentam uma regulação eficiente, porém com uma faixa mais estreita, isto é, os idosos, em dias frios, por exemplo, mantêm a temperatura corporal de 36 °C devido ao seu mecanismo de controle de temperatura se encontrar em processo de deterioração fisiológica. Outro fator diz respeito aos exercícios físicos, uma vez que eles aumentam o metabolismo corporal, podendo a temperatura corporal chegar em até 41 °C e ainda ser considerado normal. Apesar da elevação da temperatura, ela é temporária, voltando ao normal algum tempo após a atividade física. A variação hormonal também pode influenciar a variação de temperatura corporal, como acontece durante o ciclo menstrual. Nesse caso, quando a concentração da progesterona está baixa, a temperatura corporal também fica mais baixa, aumentando quando ocorre o aumento desse hormônio e, consequentemente, a ovulação. Essa variação de temperatura também pode ocorrer durante a menopausa, provocando as ondas de calor comuns nesse período. Já o estresse físico também pode causar variação na temperatura, pois ele tem variação tanto hormonal quanto neural, apresentando um aumento do metabolismo. A febre é um aumento anormal da temperatura corporal. Ela é um meca- nismo de defesa importante, ou seja, é ativada pelo sistema imune, que leva à redução da concentração de ferro no plasma do sangue, inibindo o crescimento bacteriano. Po- rém, se a infecção não for resolvida rapidamente, a febre aumenta a frequência cardíaca e a frequência respiratória. O ambiente é outro fator importante, pois os dias frios ou muito quentes afetam, principalmente, os lactantes e idosos, devido ao mecanismo de regulação menos eficiente (POTTER; PERRY, 2013). ATENÇÃO 67 Quando falamos em temperatura, devemos considerar, ainda, dois conceitos: a hipotermia (redução da temperatura corporal abaixo de 35 °C) e a hipertermia (acima de 37,2 °C), lembrando que esse valor é para a temperatura corporal aferida nas axilas (POTTER; PERRY, 2013). Em relação aos locais de aferição de temperatura, temos: • Aferição oral: é a aferição da temperatura na boca. Tem como desvantagem a leitura lenta da temperatura (cerca de sete minutos), além do risco de contaminação do termômetro devido ao contato com fluidos. Não é indicada para crianças nem pacientes inconscientes. • Aferição retal: é a aferição de maior precisão, porém é um método desagradável, devido ao local de aferição. Esse local é indicado em pacientes com grandes queimaduras, por exemplo, sendo contraindicado em crianças recém-nascidas e pacientes com doenças intestinais. • Aferição axilar: é a menos precisa, porém a mais usada devido à facilidade de acesso. Mas é importante lembrar que a sudorese intensa pode prejudicar a aferição da temperatura, sendo necessário fazer a secagem das axilas antes de iniciar o procedimento. • Aferição timpânica: é um método rápido, porém tem um custo elevado, pois o termômetro utilizado é específico. Normalmente é precisa, mas a quantidade de cerume presente no canal auditivo pode interferir na aferição da temperatura. A técnica de aferição da temperatura é simples e fácil, mas precisa de cuidados para evitar a contaminação cruzada, por exemplo. Antes de iniciar o procedimento, é importante realizar a higiene das mãos. Em seguida, separar os materiais (algodão embebido em álcool, termômetro, caneta e papel para anotação), depois ir até o paciente e explicar o procedimento a ser realizado. Ao finalizar a aferição, deve-se limpar o limpar o termômetro com álcool (haste para bulbo) e guardar o termômetro. Nesse momento, o profissional deve realizar a higienização das mãos e, por fim, registrar o local em que foi aferida a temperatura, assim como o valor encontrado (POTTER; PERRY, 2013). 2.2 PULSO Primeiramente, devemos considerar que o sistema circulatório do nosso cor- po apresenta duas bombas, e juntas elas formam o coração. A bomba direita faz o bombeamento do sangue para os pulmões, enquanto a esquerda faz para todos os órgãos periféricos do corpo. Esse bombeamento possui dois momentos, isto é, a sís- tole (quando os ventrículos do coração contraem bombeando o sangue) e a diástole (quando os ventrículos relaxam, se enchendo de sangue). O pulso é palpável, sendo percebido em vários pontos do corpo. A sua frequên- cia é mensurada a partir do número de pulsações por minutos. 68 QUADRO 2 – FREQUÊNCIACARDÍACA FONTE: A autora Os locais de aferição do pulso podem ser: radial, femoral, carotídeo e temporal. Além da frequência, é importante avaliar a sua amplitude, ou seja, o grau de enchimento (cheio ou filiforme), o qual irá indicar se o coração tem um batimento forte. FIGURA 7 – LOCAIS DE AFERIÇÃO DE PULSO FONTE: Brasil (2003, p. 80) A regularidade dos batimentos também é importante, indicando se o pulso é rítmico ou arrítmico. Resumidamente, temos o Quadro 3, detalhando a variação do pulso quanto à frequência e ao ritmo: QUADRO 3 – VARIAÇÕES DE RITMO DO PULSO FONTE: A autora 69 O pulso sofre variações com a idade, apresentando um número maior de batidas por minutos no lactente e reduzindo até a chegada da idade adulta. Existe uma variação aceitável para cada idade, conforme o Quadro 4: QUADRO 4 – PARÂMETROS DE PULSO POR MINUTO DE ACORDO COM A IDADE FONTE: A autora Os valores encontrados na avaliação do pulso pode ser normocardia, ou seja, quando a frequência de batimentos por minutos está dentro do padrão esperado para a idade; bradicardia, quando a frequência está abaixo do normal; e taquicardia, quando a frequência está acima do normal. Embora o pulso possa variar, existem alguns fatores que podem aumentar a sua frequência, portanto devem ser considerados durante a avaliação. O aumento do pulso, por exemplo, é influenciado por atividades físicas de curta duração, temperaturas ambientais elevadas, estado febril, dor aguda, crise de ansiedade, hemorragia, mudanças posturais bruscas e uma oxigenação ineficiente. Já a redução da frequência do pulso está relacionada com atividade física em atleta já condicionado, hipotermia, dores intensas, medicamentos digitálicos e o repouso prolongado, principalmente se o paciente permanecer deitado. Além disso, o horário de aferição também influencia, pois, nosso corpo está em sua capacidade máxima por volta das quatro horas da tarde, e em sua atividade basal por volta das quatro horas da manhã, sendo necessário, então, sempre registrar o horário da aferição (POTTER; PERRY, 2013). Lembrando que a bradisfigmia se dá quando o pulso está fino e com frequência menor do que o esperado para a idade, enquanto a taquisfigmia ocorre quando o pulso fino está acima do número esperado por minuto. NOTA 70 A técnica de aferição do pulso é simples e rápida, porém necessita de cuidados e de uma sequência. Primeiramente, o profissional deve realizar o preparo dos mate- riais, como relógio de pulso, caneta e papel para o registro. Em seguida, deve higienizar as mãos e explicar para o paciente o procedimento, e, depois, posicionar o paciente de maneira confortável, encontrar o pulso no local de escolha e fazer a contagem. Ao final, recoloque o paciente na posição que ele preferir, faça a higiene das mãos e registre o valor encontrado, o local aferido e o horário da aferição (POTTER; PERRY, 2013). 2.3 RESPIRAÇÃO Sabe-se que os seres humanos precisam absorver oxigênio e liberar dióxido de carbono do organismo para sobreviver. Isto é, a respiração, mecanismo que permite essa troca gasosa entre a atmosfera e o sangue, e o sangue e as células. Na respiração, avaliamos a ventilação, ou seja, o movimento de gases dentro dos pulmões, e também a difusão, o movimento de oxigênio e dióxido de carbono entre os alvéolos e as hemá- cias. Temos, ainda, a perfusão, a distribuição das hemácias para os capilares pulmo- nares. A difusão e a perfusão podem ser avaliadas pelo nível de saturação de oxigênio. A eficiência da respiração deve ser avaliada em três processos: a ventilação, a profundidade e o ritmo. A ventilação é a frequência de movimentos respiratórios por minuto, sendo que uma inspiração e uma expiração é um movimento. No segundo caso, a profundidade pode ser normal, profunda ou superficial, isso depende da força que o indivíduo faz durante a respiração. Por último, o ritmo pode ser regular ou irregular (SANTOS; PASSOS, 2015). O tipo de respiração pode variar em respiração torácica (mais comum em mulheres), são movimentos respiratórios apenas torácicos; em respiração abdominal ou diafragmática, quando os movimentos respiratórios são abdominais, mais comum em homens. E a respiração mista ou tóraco-abdominal, mais frequente em crianças. Em relação ao ritmo respiratório, temos: • Taquipneia: respiração rápida, superficial. Normalmente ocorre em pacientes com febre, ansiedade ou alguma síndrome restritiva como derrame pleural, doença intersticial ou edema pulmonar. • Hiperpneia: aumento da frequência respiratória acompanhada de aumento da amplitude dos movimentos respiratórios. Ela pode ocorrer em quadro de febre, ansiedade e acidose metabólica. • Bradipneia: redução do número de movimentos respiratório, ocorrendo um número bem baixo de incursões respiratória por minuto. Ela pode ocorrer devido a inúmeras situações como lesões neurológicas, depressão do centro respiratório decorrente do uso de drogas e pode inclusive culminar em uma parada respiratória. 71 • Apneia: ausência dos movimentos respiratórios por um período prolongado. Ela pode ocorrer em indivíduos que têm apneia do sono, em que durante o sono ficam alguns minutos sem respirar, causando hipoxemia e podendo, ainda, ocorrer arritmias cardíacas e até a morte. • Respiração suspirosa: ocorre quando os movimentos respiratórios são interca- lados de suspiros, causando desconforto e fadiga. Normalmente esse quadro está relacionado a conflitos emocionais. A frequência respiratória está relacionada com a idade, como apresenta a descrição do Quadro 5: QUADRO 5 – VALORES RELATIVOS AOS CICLOS RESPIRATÓRIOS (UMA INSPIRAÇÃO E UMA EXPIRAÇÃO) POR IDADE FONTE: A autora Sendo assim, alguns fatores podem influenciar diretamente na frequência respiratória, portanto, devemos observá-los. A realização de alguma atividade física ou até mesmo o banho, antes de realizar a aferição da frequência cardíaca, podem falsear o resultado para mais, assim como a ansiedade e o uso de algumas medicações. Enquanto o tabagismo, a dor e a presença de alguma lesão neurológica podem causar a redução da frequência respiratória (SAN- TOS; PASSOS, 2015). A técnica para a avaliação da frequência cardíaca consiste em preparar os materiais adequados: relógio com ponteiro de segundos, papel e caneta para o registro do resultado obtido. É recomendando que a avaliação dos sinais vitais seja realizada após a avaliação do pulso, porque desse modo o paciente não precisa ser reposicionado novamente. É importante que o paciente esteja em uma posição confortável e capaz de permitir que o profissional visualize seu tórax para realizar a contagem. Durante um minuto, o profissional irá realizar a contagem e em seguida irá registrar o valor encontrado de frequência respiratória, as características da respiração e a posição do paciente durante a avaliação (SANTOS; PASSOS, 2015). 72 2.4 PRESSÃO ARTERIAL A pressão arterial é a força exercida sobre as paredes de uma artéria pelo sangue que pulsa sob pressão do coração. O sangue flui por meio do sistema circulatório por causa da mudança de pressão. Ele se move de uma área de alta pressão para uma área de baixa pressão. Assim, a pressão máxima é quando ocorre a ejeção de sangue para aorta (sístole), e a pressão mínima ocorre quando os ventrículos relaxam e o sangue que permanece nas artérias (diástole). Para medir a pressão arterial, é recomendado que o paciente esteja sentado. Porém, em alguns casos, a pressão arterial deve ser realizada na posição ortostática, principalmente quando é a primeira avaliação de pacientes idosos, diabéticos, alcoóla- tras e pacientes em uso de medicação anti-hipertensiva. Apesar da técnica ser simples, é importante ter alguns cuidados, como a utiliza- ção de aparelhos devidamente calibrados e no tamanho ideal para o tamanho do braço do paciente (POTTER; PERRY, 2013). FIGURA 8 – POSIÇÃO SENTADA PARA A AFERIÇÃO DA PRESSÃOARTERIAL FONTE: . Acesso em: 14 set. 2021. 73 Antes de iniciar o procedimento, é importante explicar como ele será realizado e orientar o paciente para que ele permaneça de cinco a dez minutos sentado em um local com temperatura agradável e ambiente calmo. É imprescindível também que o paciente não tenha realizado nenhuma ativi- dade física na última hora, não esteja com bexiga cheia e, nos últimos 30 minutos, não tenha ingerido algum alimento, café, bebida alcoólica ou fumado. Além disso, o paciente deve estar com os pés apoiados e não pode cruzar as pernas É preciso, ainda, escolher o manguito de tamanho correto, de acordo com a circunferência do braço do paciente, considerando que ele deve ter a largura de 40% da circunferência do braço e envolver pelo menos 80% do braço do paciente. O passo a passo para realizar a aferição da pressão é: • Passo 1: o manguito deve ser posicionado de 2 a 3 cm acima da fossa antecubital, colocando a bolsa de borracha centralizada em cima da artéria braquial. • Passo 2: o braço do paciente deve ficar posicionado na altura do coração, com o manguito direto na pele e a palma voltada para cima com o cotovelo fletido ligeiramente. • Passo 3: em seguida, deve-se realizar a manobra de Osler, que consiste em palpar o pulso radial em que o manguito foi colocado e inflar o manguito até que o pulso desapareça, desinflando em seguida rapidamente. • Passo 4: colocar a campânula do estetoscópio sobre a artéria braquial, na fossa antecubital, segurando com o indicador (evitar usar o dedo polegar para segurar a campânula, pois isso poderá confundir quanto aos sons das batidas do coração). • Passo 5: inflar o manguito rapidamente, até ultrapassar o valor estimado anteriormente no terceiro passo, ultrapassando 20 a 30 mmHg, em seguida, a deflação, mantendo uma velocidade constante de 2 a 4 mmHg por segundo até identificar a pressão sistólica, depois, aumentar a velocidade para 5 a 6 mmHg, para evitar congestão venosa e desconforto para o paciente. • Passo 6: a pressão sistólica deverá ser determinada no momento do aparecimento do primeiro som (Fase I de Korotkoff), sendo ele seguido de batidas regulares que se intensificam com o aumento da velocidade de deflação. • Passo 7: a pressão diastólica será determinada no desaparecimento do som (Fase V de Korotkoff). Porém, deve-se auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa. • Passo 8: por fim, registrar os valores encontrados e também o membro que foi aferido, assim como a posição do paciente e o tamanho do manguito. Se for necessário realizar uma nova aferição, é importante aguardar de 1 a 2 minutos antes de realizar a nova aferição. 74 O tamanho do manguito é importante ser respeitado, pois ele é fundamental para que seja realizada uma aferição correta (Quadro 6). QUADRO 6 – DIMENSÕES DA BOLSA DE BORRACHA PARA BRAÇOS DE DIFERENTES CIRCUNFERÊNCIAS FONTE: Adaptado de Pickering et al. (2005) Existem algumas situações que são especiais, como é o caso da largura da bol- sa de borracha do manguito para atender crianças, devendo ser no máximo 40% da cir- cunferência do braço, e o comprimento deve envolver de 80 a 100% da circunferência. A pressão diastólica deve ser determinada na Fase V de Korotkoff (POTTER; PERRY, 2013). Já em idosos, é importante observar dois aspectos, primeiro que há um número maior de hiato auscultatório, ou seja, ocorre o desaparecimento dos sons na ausculta entre a Fase I e a II dos sons de Korotkoff. Esse achado é importante para não subesti- mar a pressão real sistólica e nem superestimar a pressão diastólica. Outro aspecto é a pseudo-hipertensão que pode ocorrer devido ao enrijecimento da parede da artéria, causando o aumento falso da pressão arterial. Essa situação pode ser detectada ao realizar a manobra de Osler, o passo três, descrito anteriormente, na técnica de aferição da pressão arterial (POTTER; PERRY, 2013). 2.5 DOR Em primeiro lugar, é fundamental compreender que a dor é sentida de maneira diferente por cada paciente, podendo ocorrer em várias intensidades. A avaliação da dor busca identificar a sua etiologia e também a sensação do paciente, pois ela é individual. A identificação da intensidade é importante, uma vez que a dor afeta outros sinais vitais. Desse modo, quando identificada a presença da dor, o paciente pode apresentar alterações nos sinais vitais decorrentes do momento de dor, voltando aos parâmetros normais após seu controle (POTTER; PERRY, 2013). Com isso, a avaliação da dor deve ser feita com instrumentos específicos que considerem a condição clínica do paciente, a faixa etária e o nível de consciência. Existem, ainda, diversos modelos de escalas, a seguir, observaremos as mais utilizadas: 75 • Escala Verbal Numérica: é um instrumento que realiza a avaliação da dor mensurando a sua intensidade em uma escala de zero a dez, sendo que zero é ausência completa de dor e dez corresponde a intensidade máxima de dor. Essa escala pode ser utilizada em crianças a partir de seis anos de idade. FIGURA 9 – ESCALA NUMÉRICA DE DOR FONTE: A autora • Pain Assessment in Advanced Dementia (PAINAD): esta escala avalia a dor em pacientes que apresentam alteração no estado cognitivo. Ela utiliza cinco pontos de comportando do paciente, como a respiração, vocalização negativa, expressão facial de linguagem corporal e consolabilidade. Na respiração, é pontuado zero quando a respiração está normal, um quando apresenta alguma dificuldade de respirar ou apresenta período curto de hiperventilação, dois quando já apresenta respiração ruidosa, períodos prologados de hiperventilação ou respiração de Cheyne-stokes. Na vocalização, negativa zero quando não tem nenhuma resposta, um quando tem algum resmungo ou alguma fala de desaprovação, dois quando ocorrem choro ou gemidos altos. A expressão fácil recebe zero quando é inexpressiva ou tem sorrido, um quando apresenta tristeza, linhas de expressão franzidas e dois quando apresenta caretas. A linguagem corporal recebe zero quando se apresenta relaxada, um quando tem expressão tensa, andar angustiado ou inquietação, dois quando o corpo permanece rígido, joelhos encolhidos, punho cerrados. Em relação à consolabilidade, recebe zero quando não tem necessidade de consolar o paciente, um distraído e dois quando o paciente não é consolado ao toque. A soma da pontuação de 1-3 é considerada dor leve, 4-6 dor moderada e 7-10 dor intensa. • Escala Behavior Pain Scale (BPS): é uma escala utilizada para realizar a avaliação comportamental de dor em adultos sedados e intubados, ela considera a expressão facial, movimentos corporais e tolerância à ventilação mecânica. A escala pode ser tanto numérica como em desenhos de carinha que mos- tram a variação da intensidade da dor. A escala que utiliza desenhos é amplamente recorrente na pediatria. 76 FIGURA 10 – ESCALA MISTA COM DESENHOS E NÚMEROS PARA AVALIAÇÃO DA ESCALA DE DOR FONTE: . Acesso em: 13 set. 2021. É importante que o profissional, durante a avaliação da dor, sempre se atente ao relato do paciente, pois sabemos que cada pessoa irá sentir a dor de uma maneira diferente. Além disso, é preciso escolher a escala de acordo com as condições do paciente, afinal, não adianta escolher uma escala de número para uma criança que ainda nem os conhece, por exemplo (POTTER; PERRY, 2013). 77 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu: • Os sinais vitais são dados fisiológicos sobre a condição do paciente naquele dado momento, podendo estar ou não alterados. • A temperatura corporal tem um limiar normal de 36 °C a 37,2 °C, e quando está acima deste valor é um estado febril, e abaixo é hipotermia. Porém, é importante observar algumas variáveis, como atividade2.2 AVALIAÇÃO DOS CUIDADOS PRESTADOS E DOS OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS ......36 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 38 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 42 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 43 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 45 UNIDADE 2 — PRINCÍPIOS PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM ......................................47 TÓPICO 1 — SEGURANÇA DO PACIENTE ............................................................................ 49 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 49 2 A SEGURANÇA DO PACIENTE ......................................................................................... 49 2.1 SEGURANÇA DO AMBIENTE .............................................................................................................54 2.2 FATORES QUE INFLUENCIAM A SEGURANÇA DO PACIENTE ..................................................56 2.3 CONTENÇÃO DO PACIENTE .............................................................................................................59 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 62 TÓPICO 2 - SINAIS VITAIS .................................................................................................. 65 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 65 2 OS SINAIS VITAIS ............................................................................................................. 65 2.1 TEMPERATURA CORPORAL .............................................................................................................65 2.2 PULSO .................................................................................................................................................. 67 2.3 RESPIRAÇÃO ......................................................................................................................................70 2.4 PRESSÃO ARTERIAL ......................................................................................................................... 72 2.5 DOR ....................................................................................................................................................... 74 RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................................... 77 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................78 TÓPICO 3 - EXAME FÍSICO ..................................................................................................79 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................79 2 O EXAME FÍSICO ...............................................................................................................79 2.1 PREPARO DO AMBIENTE PARA O EXAME FÍSICO........................................................................ 79 2.2 TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO FÍSICA ................................................................................................ 80 2.3 INSPEÇÃO GERAL DOS SISTEMAS E ÓRGÃOS ............................................................................82 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 89 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 93 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 94 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................97 UNIDADE 3 — PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES ................................................99 TÓPICO 1 — CARÁTER DA INFECÇÃO ................................................................................ 101 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 101 2 O CARÁTER DA INFECÇÃO ............................................................................................. 101 2.1 CADEIA DE INFECÇÃO ....................................................................................................................102 2.2 PROCESSO INFECCIOSO .................................................................................................................103 2.3 FATORES QUE INTERFEREM NO CONTROLE E NA PREVENÇÃO DAS INFECÇÕES ............104 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................106 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................107 TÓPICO 2 - HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS .............................................................................109 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................109 2 A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS .......................................................................................... 110 2.1 HIGIENIZAÇÃO SIMPLES ...................................................................................................................110 2.2 ASSEPSIA CIRÚRGICA DAS MÃOS .................................................................................................116 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 118 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 119 TÓPICO 3 - PREPARO DE AMBIENTE ESTÉRIL ................................................................ 121 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 121 2 O PREPARO DO AMBIENTE ESTÉRIL ............................................................................. 121 2.1 PREPARAÇÃO DE CAMPO ESTÉRIL .............................................................................................. 122 2.2 PREPARO E PARAMENTAÇÃO DE AVENTAL E LUVAS ESTÉREIS ......................................... 124 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 127 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................136 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 137 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................139 1 UNIDADE 1 - CONHECIMENTO CRÍTICO NA PRÁTICA DE ENFERMAGEM OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • elaborar e realizar a coleta de dados, abordando todas as necessidades biopsicossociais dos pacientes; • realizar os diagnósticos de enfermagem com base nas necessidades de cuidados do paciente; • aplicar os diagnósticos de enfermagem com base nos cuidados necessários; • estabelecer prioridades e avaliar os cuidados prestados, com base nas prioridades do indivíduo.física, temperatura ambiente e variações hormonais. • O pulso reflete as condições de funcionamento do coração, sendo que cada idade apresenta uma faixa de batimentos por minutos considerada normal. • A frequência respiratória reflete a quantidade de vezes por minuto que a pessoa inspira/expira, sendo que essa frequência pode variar com a idade. • A pressão arterial é a força do sangue nas paredes arteriais, sendo a sistólica a maior, e a diastólica a menor. • A dor é considerada um sinal vital e quando está presente pode influenciar em outros sinais vitais. É importante considerar a dor conforme o relato do paciente, pois a sensibilidade é individual. 78 1 Sobre os sinais vitais, sabemos que são informações fisiológicas que refletem a condição do paciente. Por muitos anos, eram apenas quatro sinais vitais avaliados, porém, foi observado um quinto sinal, que quando presente tinha a capacidade de influenciar os outros sinais. Sobre os cinco sinais vitais, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Temperatura corporal, pulso, respiração, pressão arterial e dor. b) ( ) Temperatura corporal, frequência de evacuações, pulso, pressão arterial e dor. c) ( ) Frequência respiratória, frequência cardíaca, dor, pressão arterial e palpitações. d) ( ) Pulso, respiração, dor, temperatura corporal e ictus cordis. 2 A temperatura corporal é a diferença entre a quantidade de calor que o corpo produz e a quantidade de calor que ele perde para o ambiente externo. Ela pode variar dentro de um padrão fisiológico considerado normal. Porém, alguns fatores interferem na variação da temperatura corporal. A respeito de tais fatores, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Ambiente, ar-condicionado, febre, horário de aferição da temperatura. b) ( ) Idade, exercícios físicos, variação hormonal e ambiente. c) ( ) Local de aferição da temperatura, idade, estação do ano, repouso. d) ( ) Variação hormonal, exame físico, frequência respiratória e inflamação. 3 O sistema circulatório do nosso corpo possui duas bombas que formam o coração. Essas bombas exercem uma pressão na parede dos vasos sanguíneos, fazendo com que seja possível sentir o pulso em alguns pontos do corpo. Porém, o pulso pode sofrer variação de ritmo. Sabendo dessas variações, podemos afirmar que: a) ( ) Forte e regular é quando os batimentos são regulares e fracos. b) ( ) Fraco e regular é quando os batimentos são fortes e regulares. c) ( ) Arrítmico é quando os batimentos são irregulares, podendo ser forte ou fraco. d) ( ) Arrítmico é quando os batimentos são regulares e fortes. 4 A respiração pode sofrer variações quanto à frequência, ritmo e profundidade, sendo classificada de acordo com essas variações. Descreva os ritmos respiratório e exemplifique situações em que eles podem ocorrer taquipneia, hiperpneia, bradipneia, apneia e respiração suspirosa. 5 A aferição da pressão arterial é importante para verificar o funcionamento do coração. Pode sofrer alterações devido a distúrbios patológicos, mas a aferição errônea, ou seja, feita com a técnica errada, também pode influenciar. Diante disso, descreva detalhadamente o passo a passo da aferição da pressão arterial. AUTOATIVIDADE 79 TÓPICO 3 - EXAME FÍSICO 1 INTRODUÇÃO O exame físico é um procedimento simples, mas necessita de um profissional que conheça as técnicas de avaliação corretamente, usando-as de maneira adequada. Quando pesamos no exame físico, imaginamos exames de imagem ou laboratoriais. No entanto, muitas vezes, observar, auscultar e palpar pode indicar o que há de errado, evitando realizar exames desnecessários. A execução do exame físico demanda, sobretudo, conhecimento anatômico, pois, a partir dele, será possível avaliar os sistemas e órgãos do corpo. 2 O EXAME FÍSICO O exame físico é um conjunto de técnicas para realizar a avaliação física de um paciente. Essas técnicas são padronizadas e podem ser utilizadas por profissionais da saúde que visam diagnosticar algum mau funcionamento do organismo, por exemplo, afinal, diversos distúrbios podem ser diagnosticados por meio do exame físico. A partir do momento em que o profissional avista o paciente, o início do exame já iniciou, pois, o profissional irá observar o paciente como um todo, ou seja, o jeito de andar, observando se já tem alguma alteração presente, seja na pele, deformidades corporais, obesidade e movimentos involuntários, por exemplo. Em seguida, começa a abordagem ao paciente, de modo que o profissional deve sempre se apresentar e se referir ao paciente pelo nome. A confiança do paciente pelo profissional começar a ser estabelecida desde o primeiro contato, e esse fator colabora para uma boa condução do exame físico. 2.1 PREPARO DO AMBIENTE PARA O EXAME FÍSICO O ambiente para a realização do exame físico deve ser preparado antes de iniciar a abordagem. É fundamental a presença de uma boa iluminação, se possível iluminação natural, ambiente fresco e com odor agradável, sem barulhos ou ruídos. Se o ambiente tiver janelas, é importante que elas não tenham acesso por outras pessoas. UNIDADE 2 80 Quanto aos equipamentos necessários, temos o prontuário, folha de registro, caneta, fita métrica, esfigmomanômetro, estetoscópio, luvas, termómetros, álcool e todos os demais, os quais devem estar dentro da sala, evitando que o profissional se ausente para buscar algum deles durante o exame físico. É importante, ainda, orientar a equipe que, enquanto a porta estiver fechada, ninguém deve interromper o atendimento, exceto se for um caso de urgência (POTTER; PERRY, 2013). 2.2 TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO FÍSICA As quatro técnicas utilizadas para a avaliação física são: • inspeção; • palpação; • percussão; • ausculta. Sobre a primeira (inspeção), trata-se de olhar, ouvir e cheirar cuidadosamente para distinguir se existe alguma anormalidade. Ela deve já ser iniciada no momento de contato com o paciente, portanto, é fundamental que o profissional de saúde não tenha nenhum distúrbio na visão, no olfato e na audição. A palpação envolve um toque em busca de informações de anormalidades, por exemplo, a palpação da pele é importante para averiguar se há alguma diferença de temperatura, alguma massa palpável e a própria sensibilidade da pele do paciente. Durante esse momento, é importante explicar ao paciente antes de iniciar o processo e também verificar se as mãos do profissional apresentam uma temperatura agradável, pois a mão fria do profissional causa um desconforto. Outra observação importante é o tamanho das unhas, o comprimento longo de uma unha pode causar danos à pele do paciente durante a palpação (POTTER; PERRY, 2013). De maneira geral, a inspeção acontece no momento de contato com o paciente, sendo realizada uma avaliação não verbal e sem contato físico. ATENÇÃO 81 FIGURA 11 – TÉCNICA DE PALPAÇÃO UTILIZANDO AS DUAS MÃOS FONTE: Lobo (2018, p. 4) Em relação à palpação, existem duas técnicas, a palpação leve (ou superficial) e a palpação profunda. A primeira tem como objetivo identificar áreas de sensibilida- de, enquanto a profunda examina órgãos e tem como objetivo encontrar alterações mais internas. Durante a palpação leve, pode ser utilizada somente uma mão, enquanto na palpa- ção profunda é realizada a palpação bimanual, ficando a mão mais sensitiva do profissio- nal em contato com a pele do paciente e a outra sobreposta, para auxiliar a palpação. A técnica da percussão envolve batidas com as pontas dos dedos, a fim de identificar as vibrações dos tecidos e órgãos. Os tecidos mais densos apresentam um som mais silencioso, enquanto os tecidos menos densos apresentam um som oco. Essa variação de som é importante para avaliar se há presença de massa ou líquido em locais que não deveriam ter, por exemplo. FIGURA 12 – POSIÇÃO DAS MÃOS PARA REALIZAR A TÉCNICA DE PERCUSSÃO FONTE: .Acesso em: 14 set. 2021. Já a ausculta consiste em ouvir sons e ruídos do corpo utilizando o estetos- cópio. Esse momento é importante porque qualquer som anormal em algum órgão, como o coração ou pulmão, pode ser identificado nessa etapa. 82 2.3 INSPEÇÃO GERAL DOS SISTEMAS E ÓRGÃOS A inspeção geral, como já mencionamos, começa antes da primeira troca de palavras com o paciente. Com isso, alguns aspectos precisam ser considerados, como a idade, o jeito de andar, a postura e a agilidade. O comportamento do paciente também é importante, isto é, se ele tem uma postura calma ou apresenta inquietação. Além disso, a postura pode indicar se o paciente está com dor, quando ele apresenta uma postura mais curvada ou segurando uma parte do corpo, por exemplo. A inspeção inicial, então, consiste em observar o paciente como um todo, mas não com o olhar de julgamento, e sim em busca de alguma alteração (POTTER; PERRY, 2013). Em seguida, é fundamental conversar com paciente, perguntar seu nome, idade e qual a queixa principal, pois as vezes o paciente está ali para um exame de rotina ou porque já apresenta algum problema de saúde e quer fazer o acompanhamento. Portanto, nessa abordagem, é preciso ter um tom de empatia, pois, nesse momento, o profissional começará seu vínculo com o paciente. Dentro do consultório, após a primeira conversa, é preciso fazer a avaliação dos sinais vitais, lembrando sempre de registrá- los de maneira completa. Realizado essa etapa, começa a avaliação do paciente como um todo, iniciando sempre pela cabeça. Devemos lembrar que é importante manter o estetoscópio higienizado, para que não leve nenhum microrganismo ao paciente, assim como friccioná-lo durante o período de ausculta no jaleco, evitando que ele seja colocado frio sobre na pele do paciente (POTTER; PERRY, 2013). ATENÇÃO O exame físico completo é importante quando o paciente está realizando sua primeira consulta ou já se faz tempo que não é realizado o exame. Porém, se for um exame direcionado à queixa, o profissional pode verificar somente a queixa (POTTER; PERRY, 2013). IMPORTANTE 83 Na inspeção completa o início ocorre pela pele, cabelo e unhas, avaliando a coloração da pele (se ela é uniforme ou não) do paciente e observando a sua simetria. Pode ocorrer alteração de cor devido a exposição solar, mas se houver perda de pigmentação, precisa ser investigado, pois pode ser o início de um quadro de vitiligo, por exemplo. A coloração também é importante para identificar cianose, icterícia e eritema, alterações que são encontradas frequentemente (POTTER; PERRY, 2013). FIGURA 13 – INSPEÇÃO DA PELE COM LUPA FONTE: SBD (2019, p. 7) A hidratação da pele é essencial, principalmente em períodos de calor, pois a perda de água pode levar desde uma desidratação leve até uma mais severa, colocando a vida do paciente em risco. A temperatura também precisa ser verificada, pois o quadro febril irá indicar que há algo anormal, podendo ser uma reação local ou sistêmica. Já textura da pele normalmente é lisa, macia e flexível, mas não é uniforme, nas mãos e pés ela é mais fina, já com o envelhecimento ocorrem mudanças devido à perda de colágeno. A busca por irregularidades e mudanças na pele é importante para identifi- cação de lesões que possam estar ainda no início. O turgor refere-se à elasticidade da pele, sendo maior em crianças, e com o avançar da idade, vai reduzindo de maneira fisiológica. Quando o turgor é mais fraco ao pinçar a pele, ela permanece pinçada por um tempo, antes de voltar ao seu estado normal. Essa perda de turgor aumenta as chances de danos na pele do paciente. 84 FIGURA 14 – TURGOR DA PELE REPRESENTADA EM UM IDOSO FONTE: . Acesso em: 14 set. 2021. Na pele ainda podem ser encontradas alterações de vascularização, como a presença de petéquias, ou seja, pontos avermelhados na pele, edema (presença de líquido), lesões que podem ser em decorrência de algum corte acidental, ou até mesmo uma lesão inicial maligna, como um tumor de pele. A inspeção do couro cabeludo buscar ver a higiene, os aspectos do cabelo, a presença de lesões e se existe algum parasita instalado, como o piolho. Não é incomum avaliarmos e identificarmos a alopecia, isto é, queda de cabelo. Ela pode ocorrer devido a fatores emocionais, como a ansiedade, ou pela falta de alguma vitamina, sendo impor- tante investigar a causa (POTTER; PERRY, 2013). As unhas são fontes importantes de informação, pois refletem o estado de nutrição, a ocupação do paciente e seus hábitos de higiene. Apenas com uma olhada nas mãos do paciente conseguimos coletar diversas informações, lembrando que a higiene não é estar com as unhas esmaltadas, mas limpas e cortadas. Em seguida, passamos para a avaliação da cabeça e do pescoço. Na cabeça, iremos realizar a inspeção e a palpação em busca de alguma alteração que possa estar visível ou palpável. O cabelo e o couro cabeludo são outros pontos de inspeção. No corpo existem dois tipos de cabelos: a penugem, mais fina e macia, e o cabelo, mais espesso e grosso. A penugem recobre o corpo como um todo e o cabelo é encontrado no couro cabeludo, axilas, região pubiana e na barba dos homens. NOTA 85 No exame dos olhos é importante avaliar a acuidade visual, não com a intenção de substituir o exame oftalmológico, mas sim tentando identificar alguma alteração para que possa ser encaminhado para uma avaliação especializada. Nessa etapa, se houver condições, pode ser realizado o teste utilizando o quadro de Snellen, padronização e aceito para a avaliação de acuidade visual. Deve-se, ainda, realizar a avaliação da estrutura externa dos olhos, como a posição e o seu alinhamento; a posição das sobrancelhas e a sua distribuição de pelos; a cor das pálpebras, direção dos cílios e sua elasticidade; e observar o sistema lacrimal, pois ele é um local propenso a infecções (POTTER; PERRY, 2013). FIGURA 15 – QUADRO DE SNELLEN FONTE: . Acesso em: 14 set. 2021. A avaliação dos ouvidos busca determinar a sua integridade auditiva e sua acuidade. É importante avaliar inspecionando e palpando o ouvido externo. Já a parte interna necessita de um otoscópio para avaliar a presença de lesões, transparência timpânica e a presença ou não de cerume. Lembrando que a presença de infecções ou o próprio cerume pode prejudicar a audição do paciente, por isso a sua inspeção é importante. Lembrando que a palpação deve ser sempre indolor, caso o paciente relate dor, pode ser que tenha alguma anormalidade. ATENÇÃO 86 O nariz e os seios paranasais precisam ser avaliados, buscando identificar a forma, tamanho, coloração da pele, presença de inflamação ou deformidades. Normal- mente, o nariz apresenta a mesma coloração da face. A avaliação dos seis paranasais será por meio da palpação, sendo ela normal quando é indolor, pois a dor indica infla- mação. No caso dos lábios, serão avaliados quanto à sua cor, textura, hidratação, con- torno e a presença de lesões. Lembrando que os lábios apresentam uma coloração diferente da pele, sendo uma pele mais fina. A presença de rachaduras é um indício de desidratação. Avaliar a parte interna da boca também é importante, verificando a denti- ção do paciente, a mucosa e a sua coloração. Além disso, deve-se avaliar a mobilidade da língua e realizar a palpação, a fim de identificar qualquer massa palpável. A avaliação do pescoço inclui analisar os músculos, os linfonodos e as artérias carótidas, as veias jugulares, glândula tireoide e traqueia. A palpação deve ser realizada no pescoço como um todo, em busca de alguma anormalidade. Na avaliação da tireoi- de, após a palpação, peça que o paciente ingira um pouco de água, isso irá permitir que você visualize se há algum aumento da tireoide (POTTER; PERRY, 2013). O tórax e os pulmões precisam de uma avaliação detalhada em suas fun- ções ventilatórias, e para isso é precisorealizar a inspeção, palpação e ausculta. Durante a avaliação do tórax, é importante aproveitar para realizar a avaliação das mamas, além de ensinar a fazer o autoexame. FIGURA 16 – AUTOEXAME DAS MAMAS FONTE: . Acesso em: 14 set. 2021. Ainda no tórax, temos o coração, que fica posicionado do lado esquerdo e apresenta um ciclo de batidas em sístole e diástole, como já estudamos. 87 No abdômen, o exame físico é um pouco mais complexo devido ao maior nú- mero de órgãos no local. É importante realizar a inspeção e a ausculta antes da palpa- ção, pois ela poderá aumentar os ruídos intestinais com a estimulação do peristaltismo. Durante a inspeção abdominal, deve-se observar a pele, a forma do abdômen (globoso ou plano), celulite, cicatrizes de cirurgias anteriores ou traumas antigos. Observar, ainda, a posição do umbigo, a cor, presença de drenagem e também se ele é plano ou côncavo. E realizar a palpação dos órgãos em busca de massas presentes ou órgãos aumentados (POTTER; PERRY, 2013). Na ausculta abdominal é importante analisar a motilidade intestinal por meio da avaliação do peristaltismo. Os sons intestinais são escassos, normalmente ocorrem a cada cinco minutos ou em intervalos maiores de 20 minutos. A ausência de som intestinal, portanto, só pode ser determinada se for auscultado por cinco minutos e não houver nenhum burburinho. O exame ginecológico deve ser realizado periodicamente (uma vez ao ano. Normalmente, a mulher vai ao consultório com horário marcado para esse exame, porém, se ela chegar e apresentar alguma queixa, é possível realizar o exame para averiguar. Esse exame se baseia na avaliação da genitália externa, observando se há presença de lesões ou sinais de infecção. Em seguida, é realiza a avaliação interna, utilizado um espéculo, além disso, realiza-se a coleta de material para análise laboratorial (POTTER; PERRY, 2013). FIGURA 17 – EXAME GINECOLÓGICO, COLETA DE AMOSTRA FONTE: . Acesso em: 14 set. 2021. 88 O sistema musculoesquelético também deve ser avaliado, observando a postura corporal, a amplitude dos movimentos articulares, o tônus e a resistência mus- cular. Ao final, deve-se avaliar o estado neurológico e emocional. Lembrando que pacientes que apresentam alterações neurológicas, não permitindo que ele relate adequadamente suas queixas ou compreenda as explicações da enfermagem, são pacientes que precisam de um acompanhante. Durante o exame físico devemos manter a privacidade, contudo, quando for necessário, um outro profissional da saúde pode permanecer durante a realização do exame físico e depois repassar as informações dos achados para um familiar. Isso é importante para garantir a privacidade e a assistência adequada ao paciente. 89 DESAFIOS PARA ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO A OS PACIENTES IDOSOS COM DELIRIUM E COVID-19 EM UNIDADES DE CUIDADOS CRÍTICOS Margarita Ana Rubin Unicovsky Michelle Santarem Desde dezembro de 2019, a China relatou casos de pneumonias graves asso- ciadas ao novo vírus chamado de coronavírus ou SARS-CoV2, desde lá esse vírus vem devastando os mais diversos sistemas de saúde da China, Europa e Estados Unidos, entre outros países, tornando-se um problema de saúde pública global, este vírus vem atingindo principalmente a população de risco e os idosos estão entre eles. No final de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde emitiu um alerta sobre o surgimento de uma nova epidemia viral relacionado ao SARS-CoV2. Indicadores ainda estão sendo estabelecidos, mas sabidamente pelos casos confirmados, a taxa de mortalidade geral vem crescendo substancialmente, com de- zenas de casos a cada dia em inúmeros lugares do mundo, e principalmente entre os idosos. O aumento gradual da expectativa de vida, a queda das taxas de natalidade e mortalidade, impulsionou o envelhecimento acelerado da população brasileira. Estes fa- tores contribuíram para a busca de usuários aos Serviços de Saúde por descompensa- ção e deterioração clínica devido ao aumento substancial de complicações decorrentes de doenças crônicas não transmissíveis, contribuindo para o aumento de processos de atendimento nas mais diversas instituições de saúde de uma forma geral. A população idosa utiliza os recursos da saúde de forma aumentada em re- lação as demais faixas etárias, necessitando de uma abordagem multidimensional e multiprofissional com o intuito de atingir um objetivo de vida funcional, independente e acima de tudo com qualidade. A internação hospitalar pela COVID-19 pode favorecer o surgimento de complicações e incapacidades nessa população como o delirium. Polí- ticas institucionais voltadas para o diagnóstico, tratamento e prevenção de condições de saúde-doença prevalentes na população idosa contribuem substancialmente para atingir objetivos terapêuticos e minimizar as complicações e sequelas de natureza ia- trogênica. Deve-se ressaltar que, em até 30% dos pacientes idosos que chegam às unidades de tratamento intensivo, o delirium é um sintoma que anuncia a presença de uma condição subjacente que acarreta risco à vida deste paciente. LEITURA COMPLEMENTAR 90 FATORES DE RISCO PARA DELIRIUM Existem elementos intrínsecos ou extrínsecos que aumentam a possibilidade de o paciente desenvolver delirium. Deve-se ter cuidado para não os confundir com as causas do distúrbio. O delirium pode se apresentar em cenários distintos, sendo de origem multifatorial. Podemos classificar esses fatores em dois grupos: predisponentes e precipitantes. Os fatores de risco predisponentes são inerentes aos próprios pacientes e suas enfermidades e são raramente ou nunca modificáveis. São também, chamados de fatores de vulnerabilidade, alguns exemplos desses fatores: doença orgânica crônica e grave, síndrome demencial de qualquer etiologia, doença cerebral difusa, desnutrição, sono e audição, depressão. Os fatores precipitantes estão relacionados à intensidade da doença, à terapêutica empregada e ao ambiente onde o paciente está situado, podendo ser modificáveis. Estatisticamente os fatores de risco para o COVID-19 estão relacionados a pessoas com 60 anos ou mais, portadores de doenças crônicas: hipertensão, diabetes, doenças cardíacas e/ou respiratórias, histórico de câncer e de transplantes, uso de imunossupressores. O papel do enfermeiro é preponderante na avaliação do risco de Delirium na unidade de cuidados críticos, para tal dispomos, de instrumentos com o propósito de detectar alterações comportamentais e/ou de consciência, os mais utilizados são Intensive Care Delirium Screening Scale Checklist (ICDSC) e o Confusion Assessment Method for Intensive Care Units CAM-UCI. Esse último, encontra-se traduzido e validado para o Brasil, instrumento com sensibilidade e pode ser aplicado pelos enfermeiros na prática clínica. A avaliação cognitiva como os dados do Miniexame do Estado Mental (MEEM) auxiliam na tomada de decisão do enfermeiro, no entanto se houver limitações de sua aplicação no ambiente de cuidados críticos pode se buscar dados anteriores. INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM A equipe de Enfermagem tem papel fundamental perante o cuidado ao paciente idoso em Delirium e na Pandemia do COVID-19. O pessoal atuante na linha de frente desses desafios deve estar treinado para o reconhecimento precoce dos sinais e sintomas e munidos de conhecimento científico, baseado em evidências juntamente com outras habilidades como a destreza no atendimento, isso desenvolverá uma assistência segura, com qualidade, observando os princípios da ciência humanizada. Implementar um plano de cuidados de enfermagem ao paciente idoso com delirium acometidos da COVID-19. Ações de enfermagem que visem o favorecimento da manutenção do equilíbrio sensorial são uteis no controle do delirium. Como iluminação,91 controle do ruído, orientação no tempo e espaço. Nesse sentido, o enfermeiro necessita promover um espaço de cuidado minimizador de défices sensoriais, como estimular sempre que possível, o uso dos óculos e órteses auditivas. Promover um sono adequado também colabora na minimização do delirium, ocorrem taxas de 61%de privação de sono nas UTI, muito em consequência do ruído e da luminosidade intensa, aspectos fisiológicos e medicamentos. Atividades como permitir períodos de sono contínuo durante a noite, evitar a inversão do ciclo de sono, reduzir o ruído e organizar horários de procedimentos de enfermagem podem facilitar o equilíbrio sensorial e a manutenção de um ambiente seguro. Intervenções não farmacológicas como musicoterapia, a massagem, o relaxamento e a avaliação do controle da dor são benéficas para diminuir o risco de delirium. Outra ação de enfermagem importante é a mobilização precoce do idoso deve ser fomentada a atividade o mais precoce possível, isso melhora o sono e a dor reduzindo assim o risco de confusão mental, como também outros agravos como o risco de lesão por pressão. As técnicas válidas de enfermagem neste âmbito que identificamos, remetem-se a estimular e ensinar movimentos no leito, a alternância de decúbitos ou conforme tolerado, a encorajar a deambulação. Um estudo estimou que a chance de um paciente da UTI ficar contido é 23,4 vezes maior que a chance de um paciente que não está na UTI, e em pacientes contido a chance de desencadear o delirium é 2,82 vezes. Portanto, a contenção mecânica utilizada em sua maioria para evitar quedas e prevenir a retirada de dispositivos invasivos (sondas, cateteres e tubos) pode quando utilizada de forma contínua sem avaliação do delirium ser a causa da agitação e agressividade dos pacientes idosos e conferir em um descuidado. Portanto, a contenção mecânica deve ser evitada pois pode ser fator desencadeante além de promover desconforto ao paciente. Em suma, as medidas não farmacológicas para a prevenção e controle do delirium devem ser a primeira etapa do cuidado dos enfermeiros, manter a mobilidade, uma alimentação adequada, uso das próteses dentárias, manter a higiene/hidratação oral, avaliar sinais de constipação ou retenção urinária. Como também, controlar a aceitação a medicação sedativa, e de controle da dor colaborando no ajuste da dose ideal. Sabemos que nesse momento da Pandemia da COVID-19 há restrições quanto a presença dos familiares/ pessoas significativas, no entanto medidas que possibilite um canal de comunicação entre idoso e familiar pode beneficiar a orientação dos pacien- tes idosos, e suporte e apoio aos familiares, proporcionando sensação de bem-estar e qualidade do cuidado. Portanto, ao analisar um ambiente gerador de estressores, como a Unidade de Tratamento Intensivo e as emergências, deve-se ter em mente a grande demanda de trabalho e sobrecarga dos trabalhadores que se encontra neste cenário. Vale ressaltar 92 que é de extrema relevância repensar o atendimento prestado pela equipe ao paciente, durante a internação nestas unidades e definir que é imprescindível a humanização no cuidado, a comunicação com os familiares, a educação permanente, bem como a importância do papel da enfermagem para a identificação precoce do delirium e a utilização de medidas de comunicação entre profissionais e pacientes que estão também em situações críticas como o COVID-19. Essas condutas, que podem ser protocolos, com o intuito de sistematizar às boas práticas, com destaque para a escuta do paciente e a preservação da sua au- tonomia. Nesses casos, muitas vezes, a comunicação entre profissionais de saúde e pacientes é falha e que, além disso, gera danos como o desenvolvimento de depressão e ansiedade causada pelo isolamento. Cabe à equipe de enfermagem estar atenta às alterações clinicas e também aos seus fatores de risco, podendo intervir de forma ágil por meio de medidas com vistas a prevenção desse desfecho. FONTE: Adaptada de . Acesso em: 27 set. 2021. 93 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu: • O exame físico é um conjunto de técnicas para avaliar as condições fisiológicas do paciente e identificar alguma alteração em seu sistema. • O ambiente para o exame físico precisa ser preparado antes do início do exame, considerando uma boa iluminação e todos os equipamentos necessários. • As técnicas utilizadas para a avaliação física são: inspeção, palpação, percussão e ausculta. • A inspeção do paciente começa desde o momento antes do primeiro contato com o paciente. • Durante a inspeção, é importante fazer o exame no sentido céfalocaudal, observan- do os achados anormais. • O exame físico pode ser completo ou direcionado à queixa, lembrando que o completo deve ser realizado periodicamente. 94 1 O exame físico não pode ser realizado em qualquer lugar, sendo necessário realizar em um ambiente específico. Sobre o ambiente físico a ser preparado, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Uma boa iluminação e temperatura agradável é fundamental para o ambiente em que será realizado o exame físico. b) ( ) Durante o exame físico, o profissional deve buscar os equipamentos necessários enquanto o paciente aguarda na sala de exames. c) ( ) É fundamental ter janelas abertas na sala de exame físico, com acesso pelo lado de fora. d) ( ) Durante o exame físico, pode haver interrupções externas por outras pessoas. 2 A avaliação física necessita de técnicas especificas que serão utilizadas para avaliar os órgãos e as estruturas físicas. O corpo apresenta sons, texturas e formatos específicos que podem ser avaliados. Sobre as técnicas de avaliação física, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Auscultar, palpar, percutir e inspecionar. b) ( ) Ouvir, cheirar, inspecionar, palpar. c) ( ) Auscultar, palpar, cheirar, percutir. d) ( ) Percutir, auscultar, palpar, ouvir. 3 O exame físico utiliza as técnicas de inspeção, palpação, percussão e ausculta. Sobre tais técnicas, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A percussão envolve o toque em busca de informações de anormalidades, a pal- pação da pele é importante para averiguar se há alguma diferença de temperatura, se há alguma massa palpável e a própria sensibilidade da pele do paciente. b) ( ) A inspeção consiste em você olhar, ouvir e cheirar cuidadosamente para distinguir se existe alguma anormalidade. c) ( ) A inspeção envolve batidas com as pontas dos dedos, a fim de identificar as vibrações dos tecidos e órgãos. d) ( ) A palpação é ouvir sons e ruídos do corpo que são normais, utilizando o estetoscópio. AUTOATIVIDADE 95 4 A inspeção geral começa antes da primeira troca de palavras com o paciente, ou seja, desde o momento em que o paciente é visto. Elabore um modelo de coleta de dados para o exame físico de cabeça e pescoço. 5 A pele pertence ao sistema tegumentar, o maior sistema do nosso corpo. Ela é responsável pela termorregulação e também pela proteção do corpo. Ela deve ser avaliada no exame físico, observando diversos aspectos e características individuais. Descreva sobre a inspeção completa da pele. 96 97 REFERÊNCIAS BELELA-ANACLETO, A. S. C.; PETERLINI, M. A. S. P.; PEDREIRA, M. L. G. Higienização das mãos como prática do cuidar: reflexão acerca da responsabilidade profissional. Rev. Bras. Enferm., Brasília, DF, v. 70, n. 2, p. 461-464, 2017. Disponível em: https:// doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0189. Acesso em: 28 set. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: fundamentos de enfermagem. 2. ed. rev., 1. reimpr. Brasília, DF: Ministérioda Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. Disponível em: https:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad3.pdf. Acesso em: 28 set. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Documento de referência para o programa nacional de segurança do paciente. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014, p. 40. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/documento_referencia_programa_ nacional_seguranca.pdf. Acesso em: 28 set. 2021. COFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN nº 572, de 7 de maio de 2012. Normatiza os procedimentos da enfermagem no emprego de contenção mecânica de pacientes. Brasília, DF: COFEN, [2012]. Disponível em: http:// www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-n-4272012_9146.html. Acesso em: 28 set. 2021. CUNHA, L. F. C. BAIXINHO, C. L.; HENRIQUES, M. A. A prevenção das quedas em idosos hospitalizados: elaboração e validação de uma intervenção em equipe. Rev. esc. enferm., São Paulo, n. 53, p. 1-7, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1980- 220X2018031803479. Acesso em: 28 set. 2021. LOBO, C. SAE. Brasília, DF: EnfConcursos, 2018. (Apresentação de slides). Disponível em: https://www.enfconcursos.com/uploads/ sites/1/2018/02/_15192266385a8d8f0e565ce.pdf. Acesso em: 28 set. 2021. MANTOVANI, C. et al. Manejo de paciente agitado ou agressivo. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 96-103, 2010. Disponível em: https://doi. org/10.1590/S1516-44462010000600006. Acesso em: 28 set. 2021. PICKERING, T. G. et al. Recommendation for blood pressure measurement in humans and experimental animals. Part 1: Blood pressure measurement in humans. A statement for professionals from the subcommittee of professional and public education of the American Heart Association Council on High Blood Pressure Research. 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Acesso em: 28 set. 2021. SILVA, A. A. da et al. Protocolo de manejo das urgências psiquiátricas. Curitiba: SAS/SESA, 2015. Disponível em: https://saude.mppr.mp.br/arquivos/File/notas_ tecnicas/2018/NotaTecnica3_anexos/Anexo_C-Protocolo_de_Manejo_das_ Urgencias_Psquiatricas.pdf. Acesso em: 28 set. 2021. SILVA, E. F. M. et al. Conhecimento dos profissionais da saúde sobre checklist de cirurgia segura. Arquivos de Ciências da Saúde, São José do Rio Preto, v. 24, n. 3, p. 71-78, out. 2017. ISSN 2318-3691. Disponível em: https://doi.org/10.17696/2318- 3691.24.3.2017.731. Acesso em: 28 set. 2021. STUQUE, A. G. et al. Protocolo para prevenção de úlcera por pressão. Rev. Rene, Fortaleza, v. 18, n. 2, p. 272-282, 2017. Disponível em: http://periodicos.ufc.br/rene/ article/view/19271. Acesso em: 28 set. 2021. 99 PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer a cadeia de infecção; • aprender o processo infeccioso; • identificar os fatores que interferem no controle e na prevenção das infecções; • entender o processo de higienização correta das mãos; • compreender o preparo de ambiente estéril. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CARÁTER DA INFECÇÃO TÓPICO 2 – HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS TÓPICO 3 – PREPARO DE AMBIENTE ESTÉRIL Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 100 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 101 TÓPICO 1 — CARÁTER DA INFECÇÃO UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Uma infecção é caracterizada pela invasão de um patógeno no corpo de um hos- pedeiro, resultando em uma patologia. Porém, antes de entendermos o que é uma infec- ção, precisamos diferenciar infecção de colonização. A colonização é a presença de um microrganismo no corpo e a sua proliferação, sem invadir tecidos e nem causar da- nos ao corpo do hospedeiro. Enquanto a infecção é a invasão de um microrganismo no corpo do hospedeiro, causando danos ao corpo e invadindo tecidos. Algumas infecções apresentam baixo risco de transmissão, porém causam danos no corpo hospedado. As infecções podem ser transmitidas diretamente de um hospedeiro para outro, sendo chamada de doença transmissível. Os patógenos podem provocar reações no organismo. E essas reações podem ser sintomáticas ou assintomáticas. No caso dos sintomáticos, há a presença de sintomas relacionados à infecção, enquanto indivíduos assintomáticos apresentam a infecção, podem transmiti-la, mas não tem nenhum sintoma que mostre que ele está infeccionado. O conhecimento, portanto, da infecção, da sua cadeia de transmissão e do processo infeccioso é importante, pois ele irá determinar as condutas para a prevenção de infecções e, consequentemente, de doenças. A infecção apresenta um ciclo, e o conhecimento desse ciclo possibilita interromper a cadeia de transmissão. Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos como ocorre a cadeia de transmissão de microrganismos, como é o processo infeccioso e quais são os possíveis fatores que interferem no controle e na prevenção das infecções. 2 O CARÁTER DA INFECÇÃO A infecção pode ocorrer de um hospedeiro saudável para um hospedeiro sus- ceptível, ou até mesmo de indivíduo saudável para indivíduo saudável, pois alguns mi- crorganismos podem causar doenças em um indivíduo que anteriormente não teve contato com ele ou não foi imunizado por exemplo. Sabendo que isso é possível e conhecendo o ciclo de transmissão de uma infecção e o que pode influenciar na infecção, é possível prevenir as infecções, principalmente, as que acontecem em serviços de saúde. 102 2.1 CADEIA DE INFECÇÃO A presença de um agente patogênico não indica, necessariamente, a presença de uma infeção. A infecção ela precisa completar um ciclo de seis elementos para que ocorra. Este ciclo é formado por um agente infeccioso, um reservatório ou fonte de infecção, uma porta de saída do reservatória do microrganismo, um mecanismo de infecção, uma porta de entrada no hospedeiro e um hospedeiro suscetível. Se um desses seis pontos não existir, a infecção não conseguirá completar o seu ciclo (POTTER, 2013). FIGURA 1 – INFECÇÃO FONTE: . Acesso em: 1º out. 2021. O agente infeccioso é o microrganismo capaz de causar a infecção, podendo ser uma bactéria, um fungo, um vírus ou um protozoário. A nossa pele é colonizada por diversos microrganismos, sendo eles comuns ao nosso corpo. Esses microrganismos são divididos em transitórios e residentes. Os residentes são os que convivemos com ele diariamente, não causando nenhum mal ao nosso corpo. Já os transitórios, podemos ter contatos com eles durante o dia a dia, porém, quando higienizamos as mãos ou tomamos um banho, por exemplo, os eliminamos. Contudo, indivíduos saudáveis que apresentam uma infecção transitória não terão uma infecção, mas se esse indivíduo estiver imunocomprometido, pode ocorrer um processo infeccioso, pois o seu corpo pode não conseguirbarrar esse agente infeccioso. Quando pensamos em microrganismos, devemos lembrar dos reservatórios deles, pois alguns locais podem contê-los. Mas os microrganismos necessitam de condições mínimas para que eles possam sobreviver. Essas condições estão relacionadas, por exemplo, com a disponibilidade de nutrientes para os microrganismos, pois eles não sobrevivem na ausência de nutrientes. Além disso, a presença de oxigênio, pois algumas bactérias são anaeróbicas, mas essas são mais difíceis de infectar os humanos, enquanto as bactérias aeróbicas são mais comuns. 103 A temperatura também é importante, pois diversos microrganismos sobrevivem em temperatura de 25 °C a 42 °C, como a temperatura corporal dos humanos está entre 36 °C e 37 °C, a temperatura é ideal para a proliferação desses microrganismos (POTTER, 2013). Diversas são as portas de saída dos microrganismos do corpo humano. Dentre elas, temos a pele, o trato respiratório, o trato gastrointestinal ou o trato respiratório. Isso interfere no modo de transmissão, pois cada doença apresenta uma forma de infecção diferente, e o local de origem e a porta de saída também são importantes para que o microrganismo consiga sair do seu reservatório e infectar um novo hospedeiro. Os modos de transmissão podem ser pelo contato direto, através das mãos, pelo beijo ou pelo contato sexual, ou, ainda, pode ser indireto, por meio de objetos de uso comum ou do meio ambiente. A transmissão também pode ocorrer atrás de aerossol, quando as partículas percorrem cerca de um metro durante a tosse ou a fala. Outra forma é pelo ar, através de gotículas suspensas. A infecção também pode ocorrer a partir de um veículo, como os itens contaminados ou até mesmo os alimentos. Os vetores também são importantes, como os mosquitos que picam um indivíduo infectado, e levam para outro indivíduo (POTTER, 2013). A porta de entrada será o local onde o agente infeccioso irá penetrar. Ela pode ser um corte na pele, pela via oral, através de alimentos contaminados, ou até mesmo através de seringa contaminada, durante a administração de um medicamento. Mas a infecção só ocorrerá se o indivíduo for susceptível, apresentando alguma deficiência nutricional ou imunológica; caso contrário, a infecção não ocorrerá. 2.2 PROCESSO INFECCIOSO O processo infeccioso precisa de um curso progressivo, que é o período de incubação, o estágio prodrômico, o estágio de enfermidade e a convalescença. O estágio de incubação é o período em que o hospedeiro entrou em contato com o microrganismo até o surgimento dos primeiros sintomas de infecção. Já o estágio prodrômico é quando os sintomas aparecem, porém, ainda inespecíficos, como um mal- estar ou febre, não sendo possível caracterizar qual é a infecção que está ocorrendo. Já a enfermidade é indicada pelos sintomas que caracterizam aquela infecção. Por fim, o período de convalescença é o tempo que o hospedeiro levará para recuperar o seu estado fisiológico, sem a doença, podendo ele ser de dias ou até meses (POTTER, 2013). O corpo humano apresenta um sistema de defesa contra esses microrganismos invasores que podem causar infecções. A flora normal do nosso corpo está relacionada com o combate de outros microrganismos. Quando a nossa flora corporal sofre algum desequilibro, pode ocorrer a proliferação de outro microrganismo oportunista. Um 104 exemplo é quando fazemos uso de antibióticos por tempo prolongado, e as bactérias da flora intestinal podem ser afetadas. Com isso, pode ocorrer a proliferação de outras bactérias no trato gastrointestinal, causando diarreias e gases. A nossa pele é outro mecanismo de defesa que impede que os microrganismos penetrem no nosso corpo. Ela é uma barreira mecânica, que propicia proteção ao nosso corpo. Assim como a boca apresenta a saliva, que, ao deglutirmos, vai para o estômago, onde o pH é ácido e, com isso, a maioria dos microrganismos morrem. Um outro processo, é a inflação, que é uma reposta do corpo a um microrga- nismo. O nosso corpo aumenta a permeabilidade vascular, permitindo que leucócitos migrem para o local de infecção e, com isso, ocorra o combate local. Além disso, temos também a resposta celular que fagocita corpos estranhos que possam estar causando a infecção, rompendo o ciclo do microrganismo (POTTER, 2013). 2.3 FATORES QUE INTERFEREM NO CONTROLE E NA PREVENÇÃO DAS INFECÇÕES Diversos fatores, como a idade, interferem no controle e na prevenção de infec- ções. As crianças recém-nascidas apresentam mais suscetibilidade a infecções, pois apresentam um sistema imunológico ainda imaturo. Enquanto os adultos apresentam um sistema imune maduro e também já foram imunizados ao longo do seu desenvol- vimento contra diversas patologias. Já na velhice, o sistema imunológico começa a regredir, ficando o corpo mais propicio a infecções. Um outro fator é o estado nutricional, que interfere diretamente nas condições de saúde do indivíduo. O processo de infecção requer gastos de energia do corpo para que o indivíduo consiga combater a infecção. No caso dos indivíduos em estado nutri- cional deficiente já existe, consequentemente, um déficit de energia (POTTER, 2013). O estresse também é um fator importante na infecção. O nosso corpo, durante o período de alarme, apresenta um aumento do hormônio adrenocorticotrófico, que leva ao aumento dos níveis de glicose sérico e reduz as respostas anti-inflamatórias desnecessárias. Quando há a presença de estresse contínuo, ocorre a depleção do corpo e, consequentemente, a depleção energética e a redução de defesa do corpo. IMPORTANTE 105 Os indivíduos que apresentam o sistema imunológico comprometido também têm mais chances de desenvolvimento de infecções. Pode ser devido a doenças autoimunes, transplantes ou até mesmo à baixa no sistema de defesa em função de uma mudança drástica de rotina. Com isso, é importante que o cuidado para evitar uma infecção seja redobrado, pois, como o sistema está falho, a infecção pode ser mais grave e até fatal para esses indivíduos (POTTER, 2013). 106 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu: • Uma infecção é caracterizada pela invasão de um patógeno no corpo de um hospe- deiro, resultando em uma patologia. A infecção é a invasão de um microrganismo no corpo do hospedeiro, causando danos ao corpo e invadindo tecidos. • A colonização é a presença de um microrganismo no corpo e a sua proliferação, sem invadir tecidos e nem causar danos ao corpo do hospedeiro. • O estresse é um fator importante na infecção. O corpo, durante o período de alarme, apresenta um aumento do hormônio adrenocorticotrófico, que leva ao aumento dos níveis de glicose sérico e reduz as respostas anti-inflamatórias desnecessárias. • Diversos fatores, como a idade, interferem no controle e na prevenção de infecções. As crianças recém-nascidas, por exemplo, apresentam mais suscetibilidade a in- fecções, pois apresentam um sistema imunológico ainda imaturo. 107 RESUMO DO TÓPICO 1 1 A infecção ocorre devido à invasão de um patógeno no corpo de um hospedeiro. resultando em uma patologia infecciosa. Mas antes de entendermos o que é uma infecção, precisamos diferenciar infecção de colonização. Sobre o conceito de colonização, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A colonização é a presença de um microrganismo no corpo e a sua proliferação, sem invadir tecidos e nem causar danos ao corpo do hospedeiro. b) ( ) A colonização é a ausência de um microrganismo no corpo e a sua proliferação, sem invadir tecidos e nem causar danos ao corpo do hospedeiro. c) ( ) A colonização é a presença de um microrganismo no corpo e a sua proliferação, invadindo os tecidos e sem causar danos ao corpo do hospedeiro. d) ( ) A colonização é a presença de um microrganismo no corpo e a sua proliferação, invadindo os tecidos e causando danos ao corpo do hospedeiro. 2 A infecção pode ocorrer de um hospedeiro saudável para um hospedeiro susceptível, ou até mesmode indivíduo saudável para indivíduo saudável, pois alguns microrga- nismos podem causar doenças em um indivíduo que anteriormente não teve contato com ele ou não foi imunizado, por exemplo. Mas para que ocorra a infecção, é neces- sário que ocorra a cadeia infecciosa. Sobre infecção, analise as sentenças a seguir: I- Um reservatório ou fonte de infecção é o local onde o agente infeccioso fica armazenado e se multiplica. II- A porta de saída do reservatória do microrganismo é o local onde o microrganismo entra no hospedeiro. III- O agente infeccioso precisa de uma porta de entrada no hospedeiro e um hospedei- ro suscetível para completar a infecção. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 O processo infeccioso precisa de um curso progressivo para que a doença ocorra. Sobre esse curso, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: AUTOATIVIDADE 108 ( ) O estágio de incubação é o período em que o hospedeiro entrou em contato com o microrganismo até o surgimento dos primeiros sintomas de infecção. ( ) A enfermidade caracteriza-se pelos sintomas iniciais que não caracterizam aquela infecção. ( ) O período de convalescença é o tempo que o hospedeiro levará para recuperar o seu estado fisiológico, sem a doença, podendo ele ser de dias ou até meses Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 O processo infeccioso precisa de um curso progressivo que é o estágio de incubação, o estágio prodrômico, o estágio de enfermidade e a convalescença. Descreva esses quadros de estágios. 5 Diversos fatores interferem no controle e prevenção de infecções como a idade, o estado nutricional, o estresse e o sistema imunológico de cada indivíduo. Sobre esses fatores, descreva cada um deles e como eles interferem no processo de infecção. 109 HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS 1 INTRODUÇÃO A higienização das mãos é uma medida primária importante no controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, sendo reconhecida mundialmente. Ela é considerada como um dos pilares da prevenção e de controle de infecções dentro dos serviços de saúde, inclusive as infecções decorrentes da transmissão cruzada de microrganismos multirresistentes. As infecções decorrentes da assistência à saúde são um problema grave e um grande desafio para os serviços de saúde, pois essas infecções ameaçam tanto os pacientes quanto os profissionais e podem acarretar sofrimentos desnecessários ao indivíduo e gastos excessivos para o sistema de saúde. Além disso, podem ocorrer, ainda, processos e indenizações judiciais, quando comprovado negligência durante a assistência prestada. Diante desse cenário, foi elaborada a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.616, de 12 de maio de 1998, que estabelece as ações mínimas a serem desenvolvidas sistematicamente, com vistas à redução da incidência e da gravidade das infecções relacionadas aos serviços de saúde (BRASIL, 1998). A Resolução da Diretoria Colegiada nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dispõe sobre Normas e Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, definindo, dentre outras, a necessidade de lavatórios/pias para a higienização das mãos. Esses instrumentos normativos reforçam o papel da higienização das mãos como ação mais importante na prevenção e no controle das infecções relacionadas à assistência à saúde (BRASIL, 2002). A partir disso, podemos entender que o controle de infecções nos serviços de saúde, incluindo as práticas da higienização das mãos, além de atender às exigências legais e éticas, concorre também para a melhoria da qualidade no atendimento e assistência ao paciente. Neste tópico, iremos aprender a realizar a higienização simples das mãos e a higienização cirúrgica. UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 110 2 A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS A precursora da Enfermagem Moderna, Florence Nightingale (1820-1910), jovem culta e de família rica, foi uma precursora na higienização das mãos como prevenção de infecções. Em 1854, foi convidada para ir à Guerra da Criméia, com o objetivo de reformular a assistência aos doentes. A enfermaria da guerra encontrava-se em situação precária, não tendo nenhum conforto nem medicamentos. Prestava uma assistência insuficiente devido à falta de acesso e de transporte aos doentes, com vários casos de infecção pós-operatória. Flo- rence então iniciou uma série de critérios para organizar a enfermaria, com medidas de higiene simples, como individualizar os utensílios dos pacientes, realizar preparo de dieta ideal para cada paciente e realizar a higienização das mãos. A partir dessas medi- das básicas, ela conseguiu reduzir sensivelmente a taxa de mortalidade da instituição. 2.1 HIGIENIZAÇÃO SIMPLES A pele faz o revestimento do corpo, sendo indispensável à vida, pois isola os sistemas orgânicos do meio exterior, impedindo a ação de agentes externos de qualquer natureza. Além disso, a pele tem a capacidade de evitar a perda de água, de eletrólitos e outras substâncias para o meio externo, oferecendo também proteção imunológica e realizando a termorregulação corporal (HERCEG; PETERSON, 1997). A pele é formada pela camada externa para a mais interna: estrato córneo, epi- derme, derme e hipoderme. Ela é um órgão dinâmico, pois a sua formação e integridade estão sob controle homeostático, e qualquer alteração resulta em aumento da prolife- ração de suas células. FIGURA 2 – ESTRUTURA DA PELE FONTE: . Acesso em: 1º out. 2021. 111 A pele humana é colonizada naturalmente por bactérias e fungos, sendo que diferentes áreas do corpo têm concentração de bactérias variáveis. A nossa pele é colonizada pelas microbiotas transitórias e residentes. A microbiota transitória coloniza a camada superficial da pele, sobrevive por um curto período, sendo passível de remoção pela higienização simples das mãos. Esse tipo de microbiota é comum ser adquirida através do contato direto com o paciente colonizado, com o meio ambiente, com superfícies próximas ao paciente e com equipamentos contaminados. As mãos dos profissionais de saúde podem ser persistentemente colonizadas por microrganismos patogênicos, que oferecem riscos aos pacientes de áreas críticas, como unidades com pacientes imunocomprometidos, pacientes cirúrgicos e Unidade de Terapia Intensiva, por exemplo. Isso ocorre, pois as mãos podem servir como re- servatório de microrganismos, que podem ser transmitidos por contato direto com o paciente, sem a higienização prévia. Pensando na transmissão de microrganismos multirresistentes, as mãos são o principal elo entre o paciente colonizado e a contaminação do próximo paciente. Não é incomum vermos estudos que identificam as mãos dos profissionais de saúde como fonte de surtos de infecção em serviços de saúde com bactérias gram-negativas multirresistentes. As mãos de um profissional de saúde com onicomicose, infecção nas unhas, foram identificadas como fonte de um surto de infecção causada por K. pneumoniae em uma unidade de neonatologia. A partir da tipagem molecular, comprovou-se que a cepa identificada nas mãos dos profissionais era semelhante àquela isolada dos recém-natos (BOSZCZOWSKI, 2005). A higienização das mãos em unidades com pacientes colonizados/infectados com microrganismos multirresistentes é indispensável. A microbiota transitória é formada por microrganismos não patogênicos ou potencialmente patogênicos, como bactérias, fungos e vírus, sendo que raramente eles se multiplicam na pele, mas, podem provocar infecções relacionadas à assistência à saúde. Já a microbiota residente, que está aderida às camadas mais profundas da pele, é mais resistente à remoção apenas por água e sabonete. As bactériasque fazem parte dessa microbiota são as que menos causam infecções veiculadas por contato (KAMPF; KRAMER, 2004). IMPORTANTE 112 É importante o uso de higienização, utilizando a técnica adequada e também o uso de produtos corretos para evitar que ocorra a disseminação desses microrganismos. Porém, os produtos também precisam ser utilizados de maneira correta, pois, quando são utilizados de forma inapropriada, podem ser fontes de bactérias multirresistentes. O uso de sabonete comum para a higienização das mãos é uma prática comum. Eles normalmente não apresentam nenhum agente antimicrobiano e, quando apresentam, são em baixas concentrações, servindo apenas como conservantes dos produtos. Os sabonetes podem ser encontrados em diversas formas como em barra, preparações líquidas e em espumas. O sabão é utilizado, principalmente, para a remoção de sujeiras, substâncias orgânicas e da microbiota transitória das mãos pela ação mecânica, removendo apenas a microbiota transitória, tornando as mãos limpas. Essa higiene é suficiente para os contatos sociais em geral e para a maioria das atividades práticas nos serviços de saúde. Mas, para que a higienização ocorra de maneira adequada, não é apenas o produto, a técnica também precisa ser realizada de maneira correta, como veremos adiante. Também é preciso lembrar de um ponto importante: o sabão em barra e os dispensers são fontes de contaminação, principalmente, se for realizada a higiene das mãos com muita sujidade, pois podem ficar resíduos que serão transmitidos para o próximo que for utilizar a barra ou o dispenser. Normalmente, são utilizados os sabonetes líquidos, uma vez que se sabe que existe o risco de contaminação do sabão em barra. Porém, é importante estar atento, também, à contaminação dos recipientes de armazenamento. A rotina demanda que eles sejam limpos sempre que apresentarem sujidade visível e toda vez que for trocar o refil de sabão. Além disso, é importante ficar atento às datas de vencimento do refil, pois, se for um ambiente de saúde que tem algum ponto que não é utilizado com frequência para a higienização das mãos, pode ocorrer o vencimento do produto, perdendo, então, a eficiência e podendo estar contaminado (LARSON, 1996). A higienização das mãos, sem presença de sujidade visível ou suor excessivo, pode ser realizada com solução alcoólica. O etanol é reconhecido como agente antimicrobiano, sendo recomendado para a higienização rápida das mãos. O modo de ação predominante dos álcoois consiste na desnaturação e coa- gulação das proteínas. Outros mecanismos associados têm sido reportados, como a ruptura da integridade citoplasmática, a lise celular e a interferência no metabolismo celular. A coagulação das proteínas, induzida pelo álcool, ocorre na parede celular, na membrana citoplasmática e entre várias proteínas plasmáticas (MCLEOD; EMBIL, 2002). 113 De uma forma geral, os álcoois apresentam rápida ação e excelente atividade bactericida e fungicida entre todos os agentes utilizados na higienização das mãos. As soluções alcoólicas entre 60 e 80% são mais efetivas, e concentrações mais altas são menos potentes, pois as proteínas não se desnaturam com facilidade na ausência de água. Os álcoois têm uma atividade germicida contra bactérias vegetativas gram- positivas e gram-negativas, incluindo patógenos multirresistentes. Porém, eles têm pouca atividade contra os esporos e oocistos de protozoários (GRAZIANO; SILVA; BIANCHI, 2000). Os álcoois apresentam uma rápida ação microbicida quando aplicados à pele, mas não têm atividade residual apreciável. A recolonização bacteriana ocorre lentamente, por isso é importante a combinação de solução alcoólica com outros componentes, como a clorexidina, a octenidina, ou o triclosan para obter uma atividade residual. Nos serviços de saúde, os produtos alcoólicos são usados para higienização das mãos e estão disponíveis nas formas solução (líquida), gel e espuma. Uma outra solução utilizada para a higienização das mãos é o gluconato de clo- rexidina, conhecido como clorexidina, que foi desenvolvida nos anos de 1950 na Inglaterra. A atividade antimicrobiana da clorexidina é atribuída à ligação e subsequente ruptura da membrana citoplasmática, resultando em precipitação ou coagulação de proteínas e ácidos nucleicos. A atividade antimicrobiana imediata ocorre mais lentamente quando compara- da aos álcoois, por isso é considerada de nível intermediário, mas seu efeito residual de seis horas, pela forte afinidade com os tecidos, torna-o o melhor entre os antissépticos disponíveis (DENTON, 2001). A clorexidina tem atividade considerada contra bactérias gram-positivas, menor atividade contra bactérias gram-negativas e fungos, mínima atividade contra microbactérias e não é esporicida. Outra vantagem é que a sua atividade antimicrobiana é pouco afetada na presença de matéria orgânica, incluindo o sangue. Em relação à segurança para o uso de clorexidina para a higienização das mãos, ela oferece riscos mínimos. A ocorrência de irritação na pele é concentração- dependente, com probabilidade maior para produtos que contêm 4% de clorexidina, quando utilizados com frequência para a higienização das mãos, sendo que reações alérgicas são raras (GRAZIANO; SILVA; BIANCHI, 2000). Outro produto utilizado na higienização das mãos é o iodo, que é um antissép- tico, sendo ele reconhecido pela sua efetividade desde 1821. Porém, devido às proprie- dades de causar irritação e de manchar a pele, foi substituído por PVPI ou iodóforos, nos anos 1960 (GRAZIANO; SILVA; BIANCHI, 2000). 114 Os iodóforos são moléculas complexas, compostas de iodo e de um polímero carreador chamado “polivinilpirrolidona”, cuja combinação aumenta a solubilidade do iodo e provê um reservatório de iodo, liberando-o ao ser utilizado e reduzindo o ressecamento da pele. A quantidade de iodo molecular presente (iodo livre) é que determina o nível de atividade antimicrobiana do iodo, sendo que as soluções de PVPI a 10%, contendo 1% de iodo disponível, liberam iodo livre. A atividade antimicrobiana do iodo ocorre devido à penetração do micronutriente na parede celular, ocorrendo a inativação das células pela formação de complexos com aminoácidos e ácidos graxos insaturados, prejudicando a síntese proteica e alterando as membranas celulares. O iodóforo tem atividade ampla contra bactérias gram-positivas e gram-ne- gativas, bacilo da tuberculose, fungos e vírus (exceto enterovírus), possuindo também alguma atividade contra esporos. Entretanto, em concentrações utilizadas para a an- tissepsia, usualmente, os iodóforos não têm ação esporicida. Uma desvantagem é que o iodóforo é rapidamente inativado na presença de matéria orgânica, como sangue e escarro, e sua atividade antimicrobiana também pode ser afetada pelo pH, temperatura e tempo de exposição. O triclosan é um derivado fenólico, introduzido em 1965 para a higienização das mãos. É incolor, pouco solúvel em água, mas solúvel em álcool e detergentes aniônicos. A sua ação antimicrobiana de triclosan ocorre devido à difusão na parede bacteriana, inibindo a síntese da membrana citoplasmática, ácido ribonucléico, lipídeos e proteínas, resultando na inibição ou na morte bacteriana. A atividade antimicrobiana é decorrente da sua ligação ao sítio ativo da redutase proteica enoil-acil, bloqueando a síntese lipí- dica. O triclosan tem amplo espectro de atividade antimicrobiana, sendo bactericida contra bactérias gram-positivas. As mãos são as principais vias de disseminação de infecções relacionadas à assistência à saúde. A higienização eficaz das mãos é uma medida importante que evita infecções. Apesar de simples, a técnica de higienização das mãos necessita de alguns componentes com lavatórios/pias, sabonetes, soluções alcoólicas, papel toalha e lixeiras. Os lavatórios devem estar sempre limpos e livres de objetos que possam dificultar o ato de lavar as mãos. Eles precisam apresentar uma profundidadeadequada, viabilizan- do a higiene das mãos, sem que o profissional encoste nas paredes ou bordas próximas da pia. Além disso, é preciso de uma torneira com fechamento automático para que, após a higienização, o profissional não necessite colocar as mãos na torneira para fechá-la. A pia deve ser uma a cada quatro quartos ou duas enfermarias para que o profissional tenha acesso rápido e possa realizar a higiene sempre que tocar no paciente ou em algum objeto potencialmente contaminado. Nas unidades de terapia intensiva, é recomendando um lavatório a cada cinco leitos, lembrando que, em ambiente de isolamento, é um para cada leito. No berçário, é recomendado um a cada quatro berços. 115 Em relação aos dispensadores de sabonete e antissépticos, eles devem estar próximos às pias, em boas condições de funcionamento e com a solução a ser dispensada dentro do prazo de validade. É importante que esses dispositivos apresentem facilidade para serem trocados os refis do sabão ou do antisséptico. Além disso, os recipientes nunca devem ficar sem produtos. A sua troca deve ser sempre realizada antes que o produto acabe, evitando, assim, a falta de quantidade ideal para a higienização das mãos. Outro ponto importante é evitar recipientes que entrem em contato com as mãos e depois a solução ficar armazenada, pois isso pode contaminá-la. O ideal é que seja dispensada a quantidade necessária de solução e sem retorno dela para dentro do recipiente, evitando possíveis contaminações. O papel toalha deve ser colocado em um porta-papel que não favoreça o contato das mãos com as folhas armazenadas. É importante que o papel seja de qualidade adequada, realizando a secagem das mãos, sem deixar resíduos, por exemplo. Além disso, que ele consiga absorver adequadamente a água das mãos. A higienização simples das mãos tem como finalidade remover os microrganis- mos que colonizam as camadas superficiais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as células mortas, retirando a sujidade propícia à permanência e à proliferação de microrganismos. O tempo desse procedimento é de 40 a 60 segundos. Veja na Figura 3 a descrição da técnica em etapas. FIGURA 3 – HIGIENIZAÇÃO SIMPLES DAS MÃOS Devemos lembrar que o secador elétrico não é recomendado para a higienização das mãos, pois ele pode carrear microrganismos, con- taminando as mãos dos profissionais. ATENÇÃO 116 FONTE: Adaptada de Brasil (2020, p. 60-61) A higienização das mãos com solução alcoólica segue as Etapas 2 a 10 da higienização com água e sabão. O tempo de duração é de 20 a 30 segundos. Tendo como vantagem a rapidez, não necessita de uma pia, papel toalha e lixeira para realizar a higienização das mãos do profissional de saúde. 2.2 ASSEPSIA CIRÚRGICA DAS MÃOS A assepsia cirúrgica tem como objetivo reduzir a microbiota residente e eliminar a transitória. As escovas utilizadas no preparo cirúrgico das mãos apresentam cerdas macias e descartáveis, impregnadas ou não com antisséptico, e de uso exclusivo em leito ungueal e subungueal. O tempo de procedimento é de três a cinco minutos. Na Figura 4 está descrito o passo a passo para a realização desse tipo de higienização das mãos. 117 FIGURA 4 – ANTISSEPSIA CIRÚRGICA OU PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO DAS MÃOS FONTE: Adaptada de Brasil (2020, p. 64-65) A higienização cirúrgica das mãos necessita de uma pia especial, funda e com pedaleira que abre e fecha a água a partir da pressão dos pés do profissional. Ela não pode ser acionada em nenhum momento pelas mãos dos profissionais, a fim de evitar contaminações. Além disso, a escova para a lavagem é individual e descartável, ou seja, não pode ser reutilizada nem mesmo pelo próprio profissional de saúde que fez uso dela. E a secagem das mãos é realiza com compressa estéril, sempre da ponta dos dedos para o cotovelo, ou seja, da área mais limpa para a área mais contaminada. Por fim, o profissional deve calçar as luvas cirúrgicas utilizando técnica estéril. 118 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu: • A higienização das mãos é uma medida primária importante no controle de infec- ções relacionadas à assistência à saúde, sendo reconhecida mundialmente. • A higienização pode ser realizada com água e sabão ou só com solução alcoólica, porém, esta última só pode ser realizada se a mão do profissional não tiver com nenhuma sujidade. • A higienização das mãos é uma técnica fácil, mas que demanda cuidados desde a técnica até a escolha do produto utilizado, pois ele não elimina todos os microrganismos, e o tempo residual é variável após a higienização. • A higienização cirúrgica das mãos requer um tempo maior de preparo e necessita manter a técnica asséptica para ser eficaz e evitar contaminação do paciente. 119 1 As infecções decorrentes da assistência à saúde são um problema grave e um grande desafio para os serviços de saúde, pois essas infecções ameaçam tanto os pacientes quanto os profissionais e podem acarretar sofrimentos desnecessários ao indivíduo e gastos excessivos para o sistema de saúde. Sobre a higienização das mãos, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A higienização das mãos é uma medida primária importante no controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, sendo reconhecida mundialmente. b) ( ) A higienização das mãos é a medida menos primária importante no controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, sendo reconhecida mundialmente. c) ( ) A higienização das mãos é uma medida primária pouco eficaz no controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, sendo reconhecida mundialmente. d) ( ) A higienização das mãos é uma medida primária importante no controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, sendo reconhecida apenas no Brasil. 2 As infecções decorrentes da assistência à saúde são um problema grave e um gran- de desafio para os serviços de saúde, pois essas infecções ameaçam tanto os pa- cientes quanto os profissionais e podem acarretar sofrimentos desnecessários ao indivíduo e gastos excessivos para o sistema de saúde. Com base na prevenção de infecções pela higienização das mãos, analise as sentenças a seguir: I- A microbiota transitória das mãos é formada por microrganismos não patogênicos ou potencialmente patogênicos, como bactérias, fungos e vírus, sendo que rara- mente eles se multiplicam na pele. II- Pensando na transmissão de microrganismos multirresistentes, as mãos não são o principal elo entre o paciente colonizado e a contaminação do próximo paciente. III- A microbiota residente, que está aderida às camadas mais profundas da pele, é mais resistente à remoção apenas por água e sabonete. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 A higienização das mãos, sem presença de sujidade visível ou suor excessivo, pode ser realizada com solução alcoólica. Sobre a higienização das mãos com solução alcoólica, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: AUTOATIVIDADE 120 ( ) O etanol é reconhecido como agente antimicrobiano, sendo recomendado para a higienização rápida das mãos. ( ) De uma forma geral, os álcoois apresentam rápida, lenta e excelente atividade bactericida e fungicida entre todos os agentes utilizados na higienização das mãos. ( ) A coagulação das proteínas, induzida pelo álcool, ocorre na parede celular, na membrana citoplasmática e entre várias proteínas plasmáticas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 As mãos são as principais vias de disseminação de infecções relacionadas à assistência à saúde. A higienização eficaz das mãos é uma medida importante, que evita infecções. Apesar de simples, a técnica de higienização das mãos necessita de alguns componentes como lavatórios/pias,sabonetes, soluções alcoólicas, papel toalha e lixeiras. Descreva a importância desses componentes. 5 A higienização simples das mãos tem como finalidade remover os microrganismos que colonizam as camadas superficiais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as células mortas, retirando a sujidade propícia à permanência e à proliferação de microrganismos. O tempo desse procedimento é de 40 a 60 segundos. Descreva as etapas da higienização simples das mãos: 121 TÓPICO 3 - PREPARO DE AMBIENTE ESTÉRIL 1 INTRODUÇÃO O ambiente estéril é livre de microrganismos. Esse ambiente pode ser luvas, instrumentos ou qualquer objeto que seja passível de eliminação de microrganismos. Lembrando que o conceito de antissepsia não é deixar o ambiente estéril, mas sim livre de microrganismos, como, por exemplo, as mãos do cirurgião. Enquanto a assepsia visa à eliminação de todos os microrganismos. O preparo do ambiente estéril pode ser em qualquer setor de saúde. O que determina a utilização da técnica é a necessidade de realizar um procedimento livre de microrganismos, como, por exemplo, a passagem de uma sonda vesical de alívio ou um curativo em uma incisão cirúrgica. Não é incomum usarmos materiais estéreis durante a aplicação de uma vacina ou no decorrer de uma administração de uma medicação intramuscular ou subcutânea. Todos os procedimentos que podem acarretar algum risco de entrada de um microrganismo estranho no corpo de indivíduo devem ser realizados a partir do preparo do ambiente estéril. Neste tópico, iremos abordar o preparo do campo estéril e também o preparo e a paramentação cirúrgica. Iremos descrever as técnicas corretas e como o enfermeiro as realiza, desde a preparação até o momento da execução. 2 O PREPARO DO AMBIENTE ESTÉRIL O preparo do ambiente estéril inicia a partir da desinfecção dos utensílios, sendo este o primeiro passo para a descontaminação inicial do utensílio. Neste primeiro momento, deve ser realizada a lavagem; se for material que teve contato com sangue ou de algum material biológico, pode ser necessário o uso de detergentes enzimáticos (POTTER, 2013). A limpeza é o processo de retirada da sujidade visível, sendo utilizadas escovas de cerdas macias, que permitem a limpeza sem agredir o equipamento ou instrumento. Após a escovação, é importante realizar o enxágue para eliminar qualquer resíduo e verificar se ainda há sujidade que necessite ser removida. UNIDADE 3 122 FIGURA 5 – AMBIENTE ESTÉRIL FONTE: . Acesso em: 1º out. 2021. Em seguida, deve-se realizar a secagem, seguindo para a revisão do material seco para confirmar que não há nenhuma sujidade e então preparar para autoclavar. O processo de embalar também é um processo lento e que demanda uma técnica correta, pois, ao abrir um instrumental que foi autoclavado, é importante não encostar na embalagem e no instrumental, porque, se aberto erroneamente, poderá gerar contaminação durante a sua abertura e essa contaminação poderá passar para o paciente (POTTER, 2013). 2.1 PREPARAÇÃO DE CAMPO ESTÉRIL A preparação do campo estéril inicia pela antissepsia da pele ou do local onde será realizado o procedimento. A antissepsia da pele, por exemplo, visa eliminar microrganismos residentes e transitórios, reduzindo os níveis microbianos e inibindo o seu crescimento por um período de tempo para que se possa realizar o procedimento necessário. A escolha da solução antisséptica deve ser realizada a partir das condições da pele do paciente, observando se ele apresenta alguma hipersensibilidade à solução que se planeja usar. Um exemplo, quando vamos preparar locais para procedimentos estéreis, como mucosa ou feridas abertas, devemos evitar o uso de soluções alcoólicas, pois elas podem irritar o local e causar dor. O uso de antissépticos com base alcoólica apresentam alguns riscos para os pacientes, pois são inflamáveis, e o vapor pode pegar fogo na presença de uma fagulha (bisturi elétrico), podendo ocorrer queimaduras químicas se a solução ficar acumulada sob o paciente, além de reações alérgicas nos casos dos pacientes sensíveis a essas substâncias. 123 O ideal do uso de soluções antissépticas é que elas sejam fracionadas em do- ses de aplicação única, para evitar o reuso e a possível contaminação. Quando não é possível usar doses fracionadas, pode-se utilizar frascos de múltiplas aplicações, porém precisa ser datado o dia de abertura, o tempo de validade e as medidas de cuidados para evitar a contaminação. Algumas medidas de cuidados para evitar a contaminação são simples, como não encostar o frasco no paciente, manter ele tampado sempre que finalizar o uso e nunca retornar resto de solução para o frasco, caso sobre um pouco. O preparo do campo cirúrgico deve seguir os princípios da preparação antissép- tica da pele, sendo necessário o treinamento do profissional para que ele possa desen- volver a habilidade para realizar o procedimento. A agilidade é fundamental, pois é necessário rapidez durante o procedimento e também a técnica correta para que não ocorra contaminação. É recomendando que se inicie pelo local da incisão, utilizando materiais estéreis e técnica sem toque para evitar a contaminação das luvas estéreis de quem está realizando o procedimento. A solução deve ser passada de dentro para fora, em direção à periferia. O processo deve ser repetido, no mínimo, duas vezes, trocando a esponja todas as vezes, para evitar que seja levado novamente microrganismos para o local. O campo cirúrgico pode ser dividido em duas categorias: o reutilizável e o descartável. O campo reutilizável deve ser de tecidos com trama pesada, com o isolamento tradicional de algodão ou linho com tratamento químico, para fornecer uma barreira contra a passagem de microrganismos e fluidos, ou feito de microfibra. Ele pode ser lavado e depois autoclavado para novo uso. Mas existe um limite de usos, pois a cada lavagem ocorre um desgaste no tecido e as tramas vão se afrouxando. O campo cirúrgico deve ser usado como uma barreira de microrganismos. Hoje temos diversos tecidos que são preparados para serem antimicrobianos, aumentando a segurança e a prevenção de infecção durante um procedimento estéril. O isolamento do campo cirúrgico é feito colocando o campo em cima da pele do paciente após ela ter sido preparada com solução antisséptica. O isolamento deve ser realizado por alguém da equipe que saiba os princípios da assepsia e que tenha domínio da técnica. Devemos lembrar que nem sempre o paciente sabe se é ou não alérgico, pois nunca entrou em contato com esse tipo de solução, podendo, durante o procedimento, descobrir que ele é alérgico, sendo necessário interromper imediatamente o uso da solução utilizada para antissepsia (POTTER, 2013). ATENÇÃO 124 É importante colocar o campo sob a pele seca e fixá-lo para que ele não se mova durante o procedimento, causando contaminação da região preparada. Em relação ao tamanho e formatos dos campos cirúrgicos, eles são diversos e serão determinados de acordo com o procedimento a ser realizado e a necessidade do paciente (POTTER, 2013). Os campos descartáveis são de único uso e apresentam uma grande varie- dade de tipos especiais que foram projetados para atender exigências de isolamento específicas. O campo plástico, por exemplo, ele é usado para isolar o paciente na mesa de tração. 2.2 PREPARO E PARAMENTAÇÃO DE AVENTAL E LUVAS ESTÉREIS A paramentação é um procedimento específico, que deve ser executado em passos padronizados e com observação rigorosa dos princípios de biossegurança. Devemos ressaltar que o uso da paramentação cirúrgica objetiva, principalmente, a proteção dos pacientes contra contaminação do sítio cirúrgico por microrganismos liberados pelo ambiente, pessoas, materiais e equipamentos em sala de operações. FIGURA 6 – LUVAS ESTÉREIS FONTE: .A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – COLETA DE DADOS DA ENFERMAGEM TÓPICO 2 – DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM TÓPICO 3 – PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DOS CUIDADOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 COLETA DE DADOS DA ENFERMAGEM 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, conheceremos a importância e os cuidados de uma prática de enfermagem ética, responsável e humanizada. Para isso, precisamos desenvolver a compreensão sobre o pensamento crítico no que diz respeito ao processo do cuidar, nos atentando ao fato de que tal processo envolve o paciente, os familiares, a equipe de cuidados, uma boa comunicação e uma busca ativa e curiosa no processo investigativo dos agravos à saúde do paciente. TÓPICO 1 - UNIDADE 1 Segundo Murta e Garcia (2006), as atitudes ideais para desenvolver um raciocínio critico são: confiança; pensar de maneira independente; imparcialidade; responsabilidade e obrigação; assumir riscos; disciplina; perseverança e criatividade; curiosidade; integridade e humildade. IMPORTANTE O enfermeiro é um ser humano que, a partir de estudos científicos e raciocí- nio critico, se propõe obter habilidades que envolvam a prática do cuidar. No entanto, também é um ser humano com sentimentos, emoções, uma história de vida e valores próprios, os quais deverão ser observados para que não causem interferências em seus julgamentos. Naturalmente, não há conhecimento sobre as outras pessoas e suas implica- ções, principalmente em relação aos pacientes que estarão sob seus cuidados. Ao desenvolvermos um raciocínio lógico e crítico, devemos ter como parâmetro os fatores objetivos e subjetivos, inclusive aqueles ligados a nós mesmos e nossa cultura. Precisamos compreender que toda e qualquer experiência a ser adquirida dará subsídios para uma prática segura e de qualidade, mas, essencialmente, a um processo de empatia e alteridade. Cabe observarmos que o desenvolvimento do pensamento crítico é também um processo reflexivo. Portanto, relacionar significados exige reflexão, pois envolve discriminar o que é relevante, as influências culturais e fazer conexões dentro de determinado contexto. De acordo com Barros et al. (2015), existem quatro principais atributos do pensamento: 4 • Reflexão: como um processo crítico, discrimina o que é relevante e determina a razão das ações. • Contexto: inclui cultura, fatos, conceitos, regras, princípios e pressupostos que moldam o modo de construção do conhecimento. É atributo para a compreensão. • Diálogo: por meio do diálogo a situação é moldada de forma reflexiva para gerar o entendimento. • Tempo: a noção de tempo indica que a aplicação prévia da aprendizagem tem impacto sobre a ação futura. A enfermagem é determinada por uma série de condutas sistematizadas, garantindo a qualidade e o cuidado eficaz ao paciente. Os cuidados de enfermagem são pautados por diversas ações que envolvem a assistência ao ser humano em suas necessidades básicas, buscando o processo de promoção, recuperação, prevenção e manutenção da saúde. Para tanto, é necessário praticar o reconhecimento dos direitos do paciente em suas necessidades biopsicossociais, estabelecendo prioridades. O cuidado tem sido estudado na enfermagem a partir do desenvolvimento de teorias e práticas para uma atuação profissional de qualidade. O enfermeiro deve aprender a respeitar a sensibilidade do outro, a diversidade cultural e as práticas de vida diária de cada um, para que ele possa ser e se sentir humano, conseguindo, a partir disso, promover o processo da cura. Cuidar, em enfermagem, também é ajudar o paciente a lidar com seus proble- mas de saúde. Assim, o profissional de enfermagem precisa adquirir conhecimentos técnicos e habilidades para cuidar do outro e, também, com sensibilidade e empatia, responder a todas as necessidades do paciente, de forma humanizada, integral e sistematizada. Essa padronização das práticas de enfermagem vem de encontro ao processo de aprendizado sobre os conhecimentos científicos implícitos nas práticas de assistência. O ser humano é, em essência, um ser social, de modo que cria vínculos, laços afetivos e se sente responsável e comprometido com aqueles que ama, portanto, é sensível e vive no cuidar e ser cuidado. Desse modo, a prática da enfermagem tem como origem o processo do cuidar nas bases cientificas de atuação, além das necessidades humanas básicas quando a pessoa está fragilizada, por isso também tem compromisso com o cuidado existencial, ou seja, o autocuidado, a autoestima, autovalorização e cidadania, afinal, cuidar não é apenas um ato, é uma atitude (MURTA; GARCIA, 2006). ATENÇÃO 5 A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) foi institucionalizada em 2002, a partir da Resolução do COFEN Nº 272/2002, sendo que o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) é o órgão federal responsável por normatizar e fiscalizar o exercício da profissão de enfermagem, zelando pelo cumprimento das leis do exercício profissional. O principal objetivo da SAE é estabelecer uma melhora na qualidade da assistência, ou seja, na prática de um processo de trabalho adequado às necessidades humanas. É uma atividade exclusiva do enfermeiro, que, a partir do método e da estra- tégia de trabalho científico, busca identificar situações de saúde ou doença que sirvam como parâmetro para a assistência de enfermagem. Em 2009, foi publicada a Resolução do COFEN nº 358/2009, que dispõe sobre a SAE e a implementação do Plano de Enfermagem (PE) em todos os ambientes em que ocorrem os cuidados do profissional de enfermagem (COFEN, 2009). O PE é iniciado quando o paciente entra no sistema de saúde, e consiste nas cinco etapas: • coleta de dados de enfermagem ou histórico de enfermagem; • diagnóstico de enfermagem; • planejamento da assistência de enfermagem; • implementação; • avaliação de enfermagem. Assim, o objetivo da equipe de enfermagem, composta por auxiliar de enfermagem, técnico e enfermeiro é garantir informações precisas, de qualidade e com o máximo de informações. Esse processo ocorre a partir do que determina a abordagem sistemática da prática de enfermagem, conforme citado anteriormente: • Investigação: levantamento de dados. • Diagnóstico: fornece as bases para as intervenções de enfermagem. • Planejamento: define o plano de cuidados. • Implementação: execução do plano. • Avaliação: avalia as consequências da intervenção dos cuidados prestados. Historicamente, o processo de enfermagem coincide com o que Florence Nightingale (1820-1910), considerada precursora da enfermagem moderna, enfatiza: o profissional da enfermagem deveria ser ensinado a observar e ter um julgamento sobre suas práticas. Segundo Barros et al. (2015), no Brasil, o processo de enfermagem foi introduzido por Wanda de Aguiar Horta (1926-1981), na década de 1970, que o definiu como a dinâmica das ações sistematizadas e interrelacionadas visando a assistência ao ser humano. INTERESSANTE 6 O processo de enfermagem começa quando o paciente é admitido na unidade de saúde e continua até sua alta. A coleta de dados ou investigação é a primeira fase do atendimento. O histórico de dados do paciente tem como objetivo principal, como o próprio nome indica, uma coleta de informações sobre a situação de saúde, procurando evidências de funcionamento anormal ou de fatores de risco. Portanto, a atuação desses profissionais deve ser efetiva, visando as informações de maior importância na abordagem, observação e na escuta ativa, ou seja, total atenção ao que está sendo dito, buscando informações com base na queixa e no exame físico do paciente. Cabe lembrar que a enfermagem é formada por uma equipe com uma linguagem unificada, humanizada e focada naAcesso em: 1º out. 2021. Devemos lembrar da proteção dos profissionais contra a exposição ao sangue e a outros fluidos. Essas barreiras ganharam nova dimensão, sendo objeto de inúmeras investigações para a sua melhor qualificação. A paramentação é um conjunto de barreiras contra a invasão de microrganismos nos sítios cirúrgicos dos clientes/pacientes e para a proteção de exposição dos profissio- nais a sangue e a outros fluidos orgânicos de clientes. Constituem-se de: uniforme priva- tivo (jaleco e calça), gorro, máscara, capote, luvas estéreis e protetor ocular. 125 O uso adequado da paramentação inicia-se pela sequência de sua colocação, sendo colocada, primeiramente, a touca, seguida do pijama cirúrgico (blusa e calça comprida); todos colocados no vestiário. A máscara deve ser transportada no bolso do uniforme e usada somente na área restrita da sala de operações. Os óculos devem ser usados em toda a cirurgia por cirurgiões e instrumentado- res; em alguns momentos, por anestesistas e circulantes (em procedimentos com risco de respingos de substâncias orgânicas como indução anestésica, aspiração). O avental (ou capote cirúrgico) é vestido pelos cirurgiões e instrumentadores na SO, após a degermação e secagem das mãos, permanecendo até o final das cirurgias. As luvas são calçadas pelos cirurgiões e instrumentadores, em seguida aos aventais. Já os anestesistas e os circulantes calçam luvas em situações como a realização de procedimentos assépticos ou em que há riscos de exposição ocupacional com substâncias orgânicas dos pacientes (POTTER, 2013). A touca é uma barreira de proteção contra microrganismos do cabelo e couro, devendo ela cobrir totalmente o cabelo. Além disso, não pode apresentar nenhuma solução de continuidade como furos ou rasgos. O uniforme deve ser usado somente dentro do bloco cirúrgico e trocado sempre que necessário, como nos casos de sujidade por secreções biológicas. FIGURA 7 – VESTIMENTA FONTE: . Acesso em: 1º out. 2021. A vestimenta do avental cirúrgico precisa ser realizada com cuidado e com a ajuda de outro profissional. O profissional que for vestir, deve pegar o avental com a ponta dos dedos pelo seu lado interno e, depois, elevá-lo, trazendo-o para fora da mesa (local que o avental fica dobrado, após ser aberto o pacote em que ele estava embrulhado). 126 A maneira correta de pegar o capote é só tocar a parte interna do capote e nunca a parte externa; abrir o capote com movimentos delicados e firmes, tendo o cuidado de não tocar a sua face externa e nem encostar em nenhum local próximo que possa contaminá-lo. Em seguida, segurar o capote afastado do corpo e introduzir, ao mesmo tempo, os dois braços nas mangas, com um movimento para cima. Virar de costas para o circulante de sala para que as tiras da parte posterior e da cintura (lateral) sejam amarradas por ele, afastando-as da cintura para facilitar a ação. Em seguida, o profissional irá calçar as luvas cirúrgicas. FIGURA 8 – LUVAS CIRÚRGICAS FONTE: . Acesso em: 1º out. 2021. A técnica para calçar as luvas cirúrgicas é iniciada pela abertura do pacote de luvas estéreis pelo circulante de sala, e o profissional que está se paramentando pega o conteúdo ou o circulante de sala já deixa preparado sob um campo cirúrgico. Em seguida, retirar a luva esquerda do envelope, segurando-a pelo punho com a mão direita; calçar a luva esquerda com o auxílio da mão direita, tocando-a apenas pelo lado de dentro e mantendo a dobra do punho; retirar a luva direita do envelope, colocando a mão esquerda em sua abertura e introduzindo os quatro dedos sob a dobra do punho; calçar essa luva com o auxílio da mão esquerda, mantendo os dedos desta mão introduzidos na dobra e puxando até cobrir o punho da manga do capote; manter as mãos enluvadas para o alto (acima da cintura) e, quando não ocupadas, protegê-las com compressa estéril ou campo estéril. Lembrando, que antes de realizar o calço das luvas, deve ser realizada a antissepsia cirúrgica (POTTER, 2013). 127 BIOSSEGURANÇA NO CENTRO DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO: DÚVIDAS DOS PROFISSIONAIS Solinei Paulo Borgheti Karin Viegas Rita Catalina Aquino Caregnato [...] RESULTADOS Identificaram-se nos e-mails os seguintes profissionais de nível superior: 30 enfermeiros (E), 5 médicos (M), 5 engenheiros clínicos (EC), 5 farmacêuticos (F), 2 veterinários (V), 1 engenheiro de segurança trabalho (EST). Além desses, também foram identificados profissionais de nível técnico: três técnicos de segurança do trabalho (TST) e dois técnicos em higienização hospitalar (THH). Profissionais não identificados (NI) totalizaram 19. [...] Evidenciou-se uma relação existente forte entre CME e o Controle de Infecção Hospitalar (CIH), tanto nos questionamentos quanto nas respostas. SOLUÇÕES Nesta categoria emergiram três subcategorias: nomes comerciais; concentrações, diluições e validade; e custos. Na subcategoria “nomes comerciais”, os profissionais expressaram suas dúvidas a respeito de quais produtos são mais adequados para realizar desinfecção química tanto de baixo quanto de alto nível, dos mais variados materiais utilizados na área hospitalar, tais como: nebulizadores, umidificadores, ambus, extensores de oxigênio, aparelhos utilizados para endoscopia e instrumentais cirúrgicos, conforme expresso na UR a seguir: Gostaria de saber o que está sendo usado para a desinfecção de endoscópio [referiu-se ao nome comercial do glutaraldeído] ou ácido paracético? (NI1). Alguém tem alguma informação baseado em legislação sobre a desinfecção de alto nível do ácido peracético em 10 minutos? Alguém utiliza ou conhece o [...]? (E11). LEITURA COMPLEMENTAR 128 Em relação às dúvidas, um farmacêutico respondeu: Os produtos seguem uma legislação. No caso referido, para desinfetantes, é a RDC 35/10, onde especifica os laudos microbiológicos exigidos para registro, em que o tempo máximo de imersão é o do microrganismo que leva mais tempo para ser eliminado. (F1). Na subcategoria “concentrações, diluições e validade”, a principal dúvida encontrada foi sobre a forma correta de diluir várias soluções existentes, mantendo a concentração adequada para garantir processos de limpeza, desinfecção e esterilização seguros, sem causar danos aos usuários, conforme UR a seguir: Quais são atualmente as concentrações x necessidade de enxágue para o hipoclorito de sódio das máscaras utilizadas para nebulização/ ambu [...]? (NI14). Tenho lido sobre desinfecção [referindo-se ao hipoclorito] [...], mas existem controvérsias referentes a diluição e concentração para tal prática. Gostaria de saber o que é preconizado pela Anvisa: 0,02%,1%, 0,5%? (E26). Como resposta aos questionamentos sobre o hipoclorito, um enfermeiro respondeu: Exceto para artigos utilizados em casos de tuberculose pulmonar ativa, recomendo hipoclorito a 0,02% por 30 minutos. A solução deverá ser trocada todos os dias. (E27). Na subcategoria “custos”, apareceram dúvidas em relação a soluções mais caras; formas de reduzir os custos de aquisição das soluções; como utilizar as soluções de maneira segura sem causar aumento de custos para as instituições, por danos e mau uso; e forma correta de armazenamento. Estou tendo dificuldade em padronizar a compra do hipoclorito no almoxarifado [...], mas o almoxarifado tá reclamando que custa caro, comprar um com uma concentração maior e depois diluir sugeriu. (NI16). As respostas tentam esclarecer e passam recomendações, como esta: [...] substitua por ácido peracético 5%, o custo será menor e a qualidade da desinfecção melhor (NI17). E todo esse processo fica mais barato que o descarte? (EC5). Recomendo utilizar ácido peracético. [...]. A solução pode ser utilizada por vários dias, perfeitamente monitorada, e, se a questão é custo, você vai se surpreender. Você tem várias opçõese preços no mercado, pó, líquidos, pronto-uso, concentrados, com ou sem inibidores de corrosão [...]. (EC2). Também nesta subcategoria se discute o melhor preço para aquisição de equipamentos, como lavadoras ultrassônicas e autoclaves mais modernas, como alternativas para substituir as soluções como sugere. 129 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS Na categoria “equipamentos e materiais”, surgiram seis subcategorias denomi- nadas: métodos de esterilização/ desinfecção; instrumentos; reprocessamento; emba- lagens; biofilme; e manutenção. Sobre métodos de esterilização/desinfecção, as dúvidas foram relacionadas a qual o método utilizado para realizar esse processo ou qual solução é empregada e qual escolha tem melhor eficácia, como aparece no recorte: Qual material vocês utilizam para desinfecção dos materiais respiratórios [...]? (E25). Outra enfermeira respondeu: Exceto para artigos utilizados em casos de tuberculose pulmonar ativa, recomendo hipoclorito a 0,02% por 30 minutos. A solução deverá ser trocada todos os dias. (E27). Surgiu uma questão específica sobre a desinfecção do endoscópio: Gostaria de saber o que está sendo usado para desinfecção de endoscópio [...]? (NI10). Englobando também outras dúvidas que apareceram em relação a esse tipo de equipamento, seguiu-se a seguinte resposta: [...] nós, controladores de infecção hospitalar, recomendamos que seja utilizado para desinfecção de endoscópio o ácido peracético, porém, esse produto diminui a vida útil de alguns aparelhos, principalmente quando não se é retirada a película formada em sua lente que anteriormente recebia ação do glutaraldeído. Existe, atualmente, no mercado, ácido peracético com pH mais alcalino, o que favorece a conservação dos aparelhos. Quanto ao [...] [nome comercial citado], é também um excelente produto que não compromete a vida útil do aparelho, porém possui um custo mais elevado e necessita que seja inativado para descarte. (NI8). Ao discutirem esse tópico, os profissionais apresentaram mais de uma forma de métodos de desinfecção/esterilização que podem ser usados para o mesmo material, dependendo de vários fatores para sua escolha, como a instituição, a modernidade dos equipamentos usados no CME, a indicação do fabricante e o que é preconizado pelo CIH, como aparece no recorte a seguir: Alguém sabe com que produto faço a desinfecção de termômetro esofágico [...]?. A resposta foi: Desinfecção química de alto nível, já que o termômetro esofágico é sensível a altas temperaturas e não suportaria a desinfecção térmica. (F2). 130 Na subcategoria “instrumentos”, as dúvidas identificadas foram em relação à marcação de instrumentais cirúrgicos tais como pinças, furadeiras pneumáticas, bandejas, pinças e outros, além do possível surgimento de biofilme ao se utilizar alguns tipos de materiais para realizar essa marcação, como aparece no recorte: [...] existe legislação referente a marcação de materialcirúrgico? (E8). Discute-se a utilização de fitas para marcação dos instrumentais, mas novamente surge a questão do biofilme: O realmente não penetra a camada de fita com adesivo e ela ainda mancha o instrumental e, com o ressecamento do adesivo, com certeza formam biofilme. Não há nada definitivo em relação à marcação de instrumentais a não ser a marcação a laser. (NI7). Na subcategoria “reprocessamento”, discute-se sobre o reprocessamento de alguns materiais que deveriam ser de uso único; no entanto, pelos mais diversos motivos, algumas vezes acabam sendo reprocessados seguindo uma série de regras. Tenho uma dúvida com relação ao reprocessamento de um material. (E28). Se o fabricante diz que o produto é de uso único, ele não deve ser reprocessado. (E29). Na subcategoria “embalagens”, as dúvidas foram voltadas para qual tipo de material é o mais seguro para embalar caixas e outros instrumentais cirúrgicos que irão passar pelo processo de esterilização, ou qual o melhor tipo de embalagem para artigos que vão sofrer apenas o processo de desinfecção. As dúvidas estavam associadas a qual tipo de embalagem é mais adequado para cada material, levando-se em consideração os custos de cada uma, associado à segurança do processo em questão e às normas que envolvem esses processos. Estou iniciando as atividades num centro cirúrgico e neste há adoção de papel crepado para embalagem de caixas cirúrgicas. Gostaria de saber se há alguma norma que proíbe o uso deste insumo [...]. (E1). Ainda não há normas que proíbam esse tipo de sistema de barreira estéril, mas o papel deve apresentar especificações técnicas apropriadas e ter registro na Anvisa. (N1). Na subcategoria denominada “manutenção”, aparecem questionamentos sobre vida útil do equipamento/material; danos; preservação e conservação; soluções utilizadas para fazer limpeza, desinfecção e esterilização; e substituição de algum produto por outro, mantendo a conservação e prolongando a vida útil dos equipamentos garantindo segurança para quem vai utilizar esses produtos. [...] os instrumentais de laparoscopia todos devem ser esterilizados, mas aqui na minha instituição nem todos os materiais de cirurgias por vídeo podem ser autoclavados. Como é feito nos outros hospitais? (E11). 131 Essa pergunta ficou sem resposta, pois são discutidas nas respostas a troca dos métodos de desinfecção e esterilização e a troca de equipamento (termorresistentes) mais modernos. [...] a troca do método de desinfecção do glutaraldeído para o ácido peracético pode danificar os equipamentos [...] Alto risco de perda dos equipamentos. (M2). LEGISLAÇÃO Na categoria legislação, surgiram três subcategorias, denominadas: “Normas/ Portarias”; “Lei/ Legal” e “Anvisa”. Na subcategoria “Normas/Portarias”, os profissionais expressaram suas dúvidas em relação a em qual norma ou portaria deveriam se basear para a tomada de decisão a respeito do produto a ser utilizado ou como utilizar e, concomitantemente, surgiram também dúvidas sobre os aspectos legais e as leis que regulamentam o uso de produtos, embalagens, substâncias e equipamentos, fazendo com que essas subcategorias apareçam em vários momentos. Alguém tem alguma informação baseado em legislação sobre a desinfecção de alto nível do ácido peracético? (E11). A Legislação vigente para registro de Desinfetante de Alto nível (Peracético) é a RDC 33/2010. (EC4). Na subcategoria “Anvisa”, as principais dúvidas foram voltadas para o reprocessamento de materiais e sobre quais materiais estão presentes na lista que não devem ser reprocessados. Eu tinha essa dúvida, porém com ajuda a consegui definir. Pois precisa verificar como o fabricante registrou o produto na Anvisa, o produto que utilizo da marca [...] tem o registro como de uso único, portanto as Cânulas de Guedel não são reutilizáveis. (E23). VALIDAÇÃO DO PROCESSO Na categoria “validação do processo”, surgiram duas subcategorias: “tempo” e “testes”. A subcategoria “tempo” está relacionada às dúvidas dos profissionais em relação ao tempo que deve ficar imerso um produto para que a limpeza ou desinfecção ocorra de forma eficiente e segura. [...] desinfecção de alto nível do ácido peracético em 10 minutos? (E11). Conforme metodologia do INCQS utilizada para ensaio de eficácia micobactericida o tempo de contato é de no mínimo 30 minutos. (F1). 132 Na subcategoria “testes”, as principais dúvidas foram em relação aos testes que devem ser realizados para validar as cargas de esterilização das autoclaves, qual a quantidade destes que deve ser usado em cada carga, qual melhor localização com a finalidade de garantir um processo de esterilização seguro. [....] Quatro ampolas ou pode ser utilizada somente uma dentro da autoclave e a outra como controle? (E20). O que é indicador biológico? (EC1). Como resposta aparece: A RDC 15, de 15 de março de 2014, da Anvisa, está muito boa, ela explica sobre os testes que você deve utilizar e a frequência. (E21). DISCUSSÃO Na categoria denominada“soluções”, muitas dúvidas eram referentes aos nomes comerciais das soluções utilizadas em todas as etapas do processo de preparo do material (limpeza, desinfecção ou esterilização). Os profissionais queriam saber qual era a solução mais eficaz, segura e de menor custo para ser usada na instituição. Um estudo12 aponta a dificuldade encontrada pelos profissionais em fazer a escolha de soluções enzimáticas para a limpeza dos materiais devido à diversidade de marcas surgidas no mercado ultimamente, cada uma com suas características. Importante destacar que a maioria dos profissionais demonstrou saber quais são as soluções mais comumente usadas para realizar a limpeza, desinfecção ou esterilização; entretanto, para 20% (UR=34) as dúvidas foram sobre qual tipo de solução e qual concentração deverá ser usada para cada tipo de material específico. A desinfecção química deve ser a última opção para processamento de materiais termossensíveis devido à complexidade do processo, aos riscos oferecidos aos trabalhadores que manuseiam o produto e para o meio ambiente, quando desprezados em local inadequado. Os germicidas usados para desinfecção de alto nível são os aldeídos (glutaraldeído, ortoformadeído, formaldeído), o ácido peracético, o peróxido de hidrogênio e a água eletrolisada; para desinfecção nos níveis intermediário e baixo, as soluções cloradas, álcool, quaternário de amônia, fenois e soluções iodadas. A concentração das soluções permanece a mesma recomendada pelo fabricante para imersão do material, o que varia é o tempo de exposição a ela para ocorrer a desinfecção de alto, médio ou baixo níveis. A RDC 814 proíbe a esterilização por imersão em agentes químicos de instrumentais cirúrgicos e produtos para saúde considerados críticos. A Anvisa reforçou essa medida com a publicação da RDC 3315, em 2010, proibindo o registro de novos agentes saneantes na categoria de “esterilizantes” sob a forma líquida, estabelecendo prazo para adequação dos produtos esterilizantes e desinfetantes hospitalares para artigos semicríticos. 133 Na categoria “equipamentos e materiais”, emergiram dúvidas sobre métodos de esterilização/desinfecção diretamente relacionadas à primeira categoria, na qual os profissionais perguntavam quais as soluções desinfetantes mais indicadas e como usá- -las para a desinfecção dos materiais. Nessa categoria, a subcategoria “instrumentos” foi a segunda mais citada, com dúvidas em relação a todas as etapas do processo de preparo do material (limpeza, condicionamento e esterilização) de instrumentais es- pecíficos, tais como: equipamentos de endoscopia, instrumentais cirúrgicos, nebuliza- dores, ambus, entre outros. De acordo com a NR 156, todos os produtos para a saúde passíveis de processamento devem passar obrigatoriamente pela limpeza por meio de ação mecânica (manual ou automatizada), atuando em superfícies internas (lúmen) e externas, de forma que tornem o produto seguro para manuseio e preparado para de- sinfecção ou esterilização. Após limpeza, os materiais devem passar pelos processos conforme sua classificação como produtos críticos, semicríticos ou não críticos. Alguns devem receber uma desinfecção simples, outros, uma desinfecção de alto nível, ou proceder a esterilização, dependendo do tipo de material de que são cons- tituídos. Alguns profissionais relataram suas dúvidas em relação ao reprocessamento de materiais de uso único. Um estudo abordou a classificação dos produtos para saúde como de uso único ou reutilizáveis. Os primeiros deveriam ser utilizados uma única vez, porém, a prática de reuso desses materiais tem se tornado uma realidade, envolvendo uma série de questões – técnicas, econômicas, ambientais, éticas e jurídicas, visto que pode acarretar risco para a saúde dos usuários desses produtos. Os produtos reutilizá- veis são considerados bens duráveis e requerem para o reprocessamento avaliação de desempenho, limpeza, desinfecção ou esterilização e controle de qualidade em todas as etapas para garantir sua reutilização. Em 2006, a Anvisa publicou a Resolução nº 2.605 com lista de produtos hospitalares proibidos de serem reutilizados. No caso de surgir alguma dúvida, deve-se recorrer ao comitê de reprocessamentos de produtos da instituição, mas se este comitê não estiver implantado, quem decidirá é o responsável técnico pelo CME, que deve avaliar as condições do produto, os custos para o reprocessamento e, se após reprocessado, não irá apresentar risco para o usuário. Outra dúvida ainda em relação à categoria “equipamentos e materiais” foi sobre o tipo de embalagem mais segura para garantir a esterilidade do material por mais tempo. As funções primordiais da embalagem deveriam permitir a esterilização do material, mantendo sua esterilidade até o momento da utilização, e a retirada asséptica do material da embalagem, protegendo-os de possíveis eventos adversos. É grande a variedade de produtos utilizados para embalar os materiais que irão ser esterilizados; portanto, para escolher qual será o invólucro mais adequado, é necessário levar em conta uma série de fatores, como custo-benefício, condição financeira da instituição, geração de resíduos, treinamento da equipe de funcionários do CME, entre outros. Deste modo, a embalagem confere ao material a proteção necessária para manutenção da esterilização, estando diretamente ligada às condições 134 de manuseio, transporte e armazenamento, por isso, o material deve ser estocado em local seco, arejado, protegido de sujidade e grandes variações de temperatura — essas condições devem sempre ser monitoradas, assim como eventos que possam colocar a esterilização do material em risco. A dúvida menos expressiva foi em relação à formação de biofilme, quando por algum motivo limpeza dos equipamentos não é eficiente ou quando as soluções empregadas não estão de acordo com a diluição. Estudo sobre remoção de biofilme, em aparelhos utilizados para endoscopia, apontou um alto risco de desenvolver o biofilme nesse tipo de equipamento, por serem complexos, não desmontáveis e nem transparentes, o que dificulta sua visualização interna e pode comprometer o processo de limpeza; portanto, se a limpeza não for eficiente, o processo de desinfecção e/ou esterilização ficará todo comprometido. Na categoria “legislação”, a maioria das dúvidas foram em relação às “Normas/ Portarias” e sobre as leis. No que diz respeito a esta categoria, pode-se citar a RDC 156, documento fundamental para quem trabalha em CME, a qual dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências, visando à segurança do paciente e dos profissionais envolvidos. Além desta, existem outras Resoluções, Notas Técnicas e Portarias, publicadas pela Anvisa, que complementam as recomendações para boas práticas no CME abordando aspectos não discutidos pela RDC 15. Na categoria “validação do processo”, a maioria das dúvidas direcionava-se ao tempo em que os materiais devem ser expostos em cada etapa de limpeza, desinfecção ou esterilização e quais os testes devem ser realizados para garantir uma esterilização efetiva no fim do processo. Sabe-se que usuários de saúde estão expostos a riscos inerentes a um processamento inadequado; quando o tempo for inadequado, o potencial de transmissão de microrganismos se mantém e a toxicidade causada por resíduos das soluções utilizadas poderá atingir o paciente. Conforme indicação da RDC 156, a cada carga de produtos esterilizados deve-se realizar o monitoramento com pacotes teste desafio com integradores químicos classe 5 ou 6. Quanto ao monitoramento com testes físicos, há necessidade de um registro para cada ciclo de esterilização. O monitoramento com indicador biológico deve ser realizado diariamente, colocando o pacote desafio no ponto de maior dificuldade para ocorrer a esterilização na câmera interna da autoclave. Os resultados desses testes devem ser armazenados na unidade e estar disponíveispara consulta sempre que solicitados. Observando as dúvidas enviadas à lista de discussão e avaliando as respostas emitidas, constatou-se que a maioria estava correta — aquelas que foram respondidas inadequadamente, imediatamente outro profissional apresentava a solução correta. As respostas sempre se fundamentavam em referência legal existente, com indicações de 135 capítulos de normas e legislação disponíveis principalmente nos sites do Ministério da Saúde, da Anvisa, e no próprio site. Embora diferentes categorias profissionais tenham manifestado suas dúvidas, constatou-se que estas eram semelhantes \e direcionadas a garantir biossegurança aos usuários dos produtos para a saúde. As dúvidas existentes, se não esclarecidas, representariam risco para a qualidade do processamento dos produtos para a saúde e consequentemente da assistência à saúde. [...] FONTE: . Acesso em: 22 set. 2021. 136 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu: • O preparo do ambiente estéril inicia a partir da desinfecção dos utensílios, sendo esse o primeiro passo para a descontaminação inicial do utensílio. • A preparação do campo estéril inicia pela antissepsia da pele ou local onde será realizado o procedimento. • A paramentação é um procedimento específico, que deve ser executado em passos padronizados e com observação rigorosa dos princípios de biossegurança. • A biossegurança constitui-se em um desafio para os profissionais da saúde, principalmente no campo prático de um setor pouco conhecido como o Centro de Materiais e Esterilização. 137 1 O ambiente estéril é livre de microrganismo. Esse ambiente pode ser luvas, instrumentos ou qualquer objeto que seja passível de eliminação de microrganismos. Sobre o preparo do ambiente estéril, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O preparo do ambiente estéril pode ser em qualquer setor de saúde, o que determina a utilização da técnica é a necessidade de realizar um procedimento livre de microrganismos. b) ( ) O preparo do ambiente estéril não pode ser em qualquer setor de saúde, o que determina a utilização da técnica é a necessidade de realizar um procedimento livre de microrganismos. c) ( ) O preparo do ambiente estéril pode ser somente no bloco cirúrgico, pois o que determina a utilização da técnica é a necessidade de realizar um procedimento livre de microrganismos. d) ( ) O preparo do ambiente estéril pode ser em qualquer setor de saúde, o que determina a utilização da técnica é o profissional que irá realizar um procedimento. 2 O preparo do ambiente estéril inicia a partir da desinfecção dos utensílios, sendo este o primeiro passo para a descontaminação inicial do utensílio. Com base no preparo do ambiente estéril, analise as sentenças a seguir: I- A limpeza é o processo de retirada da sujidade visível, sendo utilizadas escovas de cerdas macias, que permitem a limpeza sem agredir o equipamento ou instrumento. II- O processo de embalar é um procedimento rápido e que não demanda uma técnica correta, pois, ao abrir um instrumental que foi autoclavado, é importante não encostar na embalagem e no instrumental. III- A preparação do campo estéril inicia pela antissepsia da pele ou do local onde será realizado o procedimento. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 A antissepsia da pele visa eliminar microrganismos residentes e transitórios, reduzindo os níveis microbianos e inibindo o seu crescimento por um período de tempo para que se possa realizar o procedimento necessário. Sobre a escolha da solução antisséptica, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: AUTOATIVIDADE 138 ( ) A escolha da solução antisséptica deve ser realizada a partir das condições da pele do paciente, observando se ele apresenta alguma hipersensibilidade à solução que se planeja usar. ( ) O uso de antissépticos com base alcoólica não apresentam riscos para os pacientes. ( ) O ideal do uso de soluções antissépticas é elas serem fracionadas em doses de aplicação única, para evitar o reuso e a possível contaminação dela. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A paramentação é um procedimento específico, que deve ser executado em passos padronizados e com observação rigorosa dos princípios de biossegurança. Devemos ressaltar que o uso da paramentação cirúrgica objetiva, principalmente, a proteção dos pacientes contra contaminação do sítio cirúrgico por microrganismos liberados pelo ambiente, pessoas, materiais e por equipamentos em sala de operações. Descreva como é o procedimento de vestimenta do avental cirúrgico. 5 A antissepsia das mãos é importante para que possa ser realizada a limpeza da microbiota transitória e reduzir a microbiota residente, evitando a contaminação do paciente. Após essa antissepsia, pode-se colocar as luvas cirúrgicas. Nesse contexto, disserte sobre a técnica de calçar as luvas cirúrgicas. 139 REFERÊNCIAS BOSZCZOWSKI, I. et al. Outbreak of extended spectrum beta-lactamase-producing Klebsiella pneumoniae infection in a neonatal intensive care unit related to nychomycosis in a health care worker. Pediatr. Infect. Dis. J., [s. l.], v. 24, n. 7, p. 648-50, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, [1998]. Disponível em: https://bit. ly/3c8KL3n. Acesso em: 21 set. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília, DF: Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, [2002]. Disponível em: https://bit. ly/3Daz7Rx. Acesso em: 21 set. 2021. BRASIL. Segurança do paciente: higienização das mãos. Brasília, DF: Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2020. Disponível em: https://www.anvisa.gov.br/ servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf. Acessado em 22 set. 2021. DENTON, G. W. Chlorhexidine. et al.: BLOCK S, S. Disinfection, sterilization, and preservation. 5 ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2001. p. 321-336. GRAZIANO, K.; SILVA, A.; BIANCHI, E. R. F. 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The Canadian Journal of CME, [s. l.], p. 177-185, 2002. POTTER, P. A. Fundamentos de enfermagem. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2013.recuperação do paciente a partir de cuidados necessários, promovendo uma melhora na qualidade de vida do paciente. 2 ABORDAGEM AO PACIENTE A abordagem direcionada ao paciente implica compreensão do processo do cuidar, uma vez que ele envolve todas as questões pertinentes ao paciente, ou seja, na visão biopsicossocial do indivíduo, nas instâncias mais profundas que envolvem sua vida, suas crenças, seu emocional, os aspectos materiais, morais e éticos, enfim, sua forma de viver. Desse modo, o enfermeiro precisa trabalhar no contexto da prática da empatia, da ocupação, da preocupação do envolvimento com o outro, da compaixão e do processo de amorosidade com o ser humano fragilizado em seu corpo e sua essência. Além disso, deve ter como base os aspectos éticos e legais que envolvem o processo do cuidar na enfermagem. Naturalmente, o paciente procura um atendimento em decorrência de suas necessidades ou de seus familiares, o que significa uma interrupção do curso normal de sua vida, além da convivência com pessoas estranhas e em ambiente não familiar (quando se trata de internações). O processo de humanização é muito importante para minimizar o sofrimento do paciente e de sua família, tornando menos agressiva a própria condição do doente. A equipe de enfermagem precisa estar disponível para responder todas as perguntas feitas pelo paciente, sobre informações, exames e procedimentos a serem realizados. Enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência por meio da educação. Além de recuperar, manter e promover sua saúde, contando com a colaboração de outros grupos profissionais. NOTA 7 Ao receber o paciente no sistema de saúde, é necessário providenciar os cuidados necessários, com gentileza, cordialidade e compreensão, despertando a confiança e segurança no paciente. Mesmo o paciente estando doente, é importante preservar os seus direitos, como: respeito ao ser chamado pelo nome; decidir junto com os profissionais sobre os seus direitos, cuidados; ser informado sobre os procedimentos e tratamentos que lhe serão dispensados, além da manutenção de sua privacidade física; sobre o sigilo a respeito de informações sobre a sua vida e seu estado de saúde. Para tanto, a coleta de dados deve ser realizada em ambiente calmo, iluminado e sem interrupções e pautada nos princípios éticos que norteiam a profissão. Ao examinar, o enfermeiro deve demonstrar interesse genuíno pela pessoa que está sendo examinada, e demais atributos referidos na arte do cuidado, como o desvelo e a compaixão. Deve realizar o seu julgamento clínico sem juízo de valor, respeitando a cultura, a condição social, a orientação sexual, o gênero, a idade e o momento enfrentado pela pessoa (BARROS et al., 2015, p. 45). QUADRO 1 – CONDUTAS PARA UMA ABORDAGEM ADEQUADA AO PACIENTE FONTE: Adaptado de Murta e Garcia (2006) Outro fator relevante é a comunicação, ou seja, a forma como o paciente consegue exteriorizar o que se passa em seu mundo interior, trazendo informações ao profissional de enfermagem. O intuito do profissional deve ser esclarecer, perceber o que é necessário sem adotar uma postura de julgamentos prévios, muitas vezes tendo que respeitar o silêncio do outro. IMPORTANTE 8 A coleta de dados, segundo Barros et al. (2015), pode ser de quatro tipos: • Avaliação inicial: com o propósito de avaliar o estado de saúde da pessoa, identificar problemas e estabelecer um relacionamento terapêutico. • Avaliação focalizada: tem como finalidade verificar a presença ou ausência de um diagnóstico em particular. • Avaliação de emergência: utilizada em situações em que há ameaça à vida. • Avaliação de acompanhamento: realizada em determinado período após uma avaliação prévia. Independentemente do tipo de coleta, é fundamental que o profissional da enfermagem possa ter como referência as necessidades humanas básicas, em uma abordagem humanizada e integral, ou seja, biopsicossocial. A entrevista deve ser pautada em um processo de escuta ativa, sem julgamentos, com disponibilidade absoluta do enfermeiro, pois se trata de um momento crítico da vida do paciente, já bastante fragilizado em função da doença. Na consulta de enfermagem, a entrevista é uma das ferramentas utilizadas para a coleta de dados, sendo descrita como a primeira etapa do processo de enfer- magem, porém, ocorre continuamente, pois é essencial para todo o desenvolvimento do processo, para que todas as próximas etapas possam ser realizadas adequadamente. Alguns pontos são essenciais para que a entrevista estabeleça a qualidade da relação entre enfermeiro e paciente: conforto do paciente; permitir que ele se expresse plenamente; linguagem compatível com o nível cultural do paciente; a forma de comunicação. Mesmo existindo um roteiro para a entrevista, é importante deixar o paciente falar livremente sobre sua visão a respeito da doença que o acometeu, além do levantamento de dados obtidos pelo familiar que acompanha o paciente, pois a família poderá colaborar com informações que o doente possa ter omitido ou não consegue verbalizar. Envolvida a família, as próximas etapas poderão ter resultados mais consistentes, uma vez que em um processo de humanização, o cuidar envolve atenção aos afetos do paciente. A entrevista tem como objetivo o levantamento de dados referentes ao estado físico e emocional do paciente, permitindo a reunião de infor- mações que irão direcionar o profissional sobre o que especificamente deve ser investigado no exame físico. NOTA 9 Como aponta Murta e Garcia (2006), respeitar a fala livre do paciente já é um ato terapêutico, pois pode se tratar de um desabafo, reduzindo, assim, a ansiedade. Conforme o paciente relata acerca da sua condição, a enfermeira precisa estruturar a história, e caso apareçam dúvidas, o papel da profissional é fazer perguntas para levantar pontos importantes. O exame físico (cujo assunto será desenvolvido na Unidade 3), tendo como base as informações da entrevista, irá realizar a coleta de dados que validarão a entre- vista, levantando os dados sobre a saúde do paciente e suas respectivas anormalidades apontadas no histórico em relação a suas queixas. Deverá fazer uma investigação de sinais e sintomas apresentados pelo paciente, a semiologia e a semiotécnica, que consiste em estudar a metodologia das ações a serem implementadas após o exame físico. Para a etapa do exame físico é de grande relevância o sigilo, a privacidade, um ambiente adequado, instrumentos e aparelhos necessários, como esfigmomanôme- tro, estetoscópio, termômetro, fita métrica, lanterna, algodão, abaixador de língua, entre outros. Também serão utilizados processos da inspeção, ausculta, palpação e percepção de cheiros. Assim, a partir da entrevista e do exame físico, é possível estabelecer o proce- dimento da coleta de dados, a primeira das cinco fases sequenciais e interrelacionadas: investigação, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação. 2.1 ROTEIRO DE INFORMAÇÕES RELEVANTES Tendo ocorrido a primeira abordagem ao paciente, isto é, o levantamento de da- dos a partir da entrevista (conhecer hábitos individuais e biopsicossociais e espirituais) e do exame físico (estado de saúde do paciente), é necessário, então, ter um roteiro com as informações relevantes para colocar em prática os cuidados adequados. Na área da saúde, o objetivo não é a cura somente, mas sim produzir o cuidado, pois ele é o caminho para tal, ou seja, é a essência dos serviços de saúde (MURTA; GARCIA, 2006). IMPORTANTE 10 O profissional de enfermagem precisa apresentar uma postura cordial, atitude acolhedora, compreensiva e atenciosa, gerando confiança e tranquilidade. Deve, portanto, se inteirar da enfermidade relatada pelo paciente, percebendo a linguagem verbal e não verbal, assim como as angústias e a relação com sua história. Devemos observar que o levantamento dedados de enfermagem, em qualquer nível de análise (indivíduos, famílias e comunidades), consiste em informações subjetivas, oferecidas pelas pessoas, e em dados objetivos obtidos por meio de exames e diagnósticos, por exemplo (NANDA, 2010). Para Barros et al. (2015), devido à natureza dos dados coletados, podemos considerar que eles não são indicadores perfeitos ou exatos do estado de saúde ou do problema apresentado pela pessoa. Nesse contexto, a qualidade da informação, mais do que a quantidade, é importante para o julgamento do diagnóstico. Na entrevista esquematizada, facilitando a compreensão das próximas eta- pas a serem cumpridas na assistência de enfermagem, é preciso abordar os seguintes aspectos: identificação, queixa principal, histórico da doença atual, antecedentes pessoais e antecedentes familiares (POSSO, 2006). Conforme mencionamos, essas informações devem ser coletadas com escuta ativa e raciocínio critico, assegurando que a próxima etapa, o diagnóstico de enfermagem, assim como a implementação das intervenções adequadas, pode ser realizado com o máximo de segurança e assertividade. A seguir, iremos analisar o roteiro com as informações relevantes para construir um instrumento de coleta de dados que padronize o processo da entrevista inicial: • Identificação: nome; idade (relaciona-se a problemas que incidem em determina- das faixas etárias); sexo (certos problemas são mais frequentes em determinados sexos); etnia (algumas doenças são mais comuns em etnias especificas); estado civil (avaliação de estados emocionais decorrentes de problemas familiares, sexu- ais, de relacionamento etc.); grau de instrução; profissão (problemas decorrentes da ocupação); naturalidade (avaliação de alterações relacionadas a costumes, alimen- tação ou doenças características de determinadas regiões). • Queixa principal: o que motivou a procura pelo serviço de saúde. Quando a queixa for dor, deve-se determinar suas características quanto a localização, duração e intensidade (em uma escala de 0 a 10). A observação de alguns sinais emitidos pelo A coleta de dados pode ser ampla, com dados predeterminados em um contato inicial, ou pode ser focalizada, quando realizada com dados específicos de acordo com a situação apresentada. ATENÇÃO 11 paciente, também é importante na determinação e avaliação da dor: sinais vitais, náuseas, coloração da pele, tensão muscular, postura, expressão facial e verbal, ansiedade e depressão, fatores estes de ordem fisiológica, comportamental e afetiva. • Histórico da doença atual: sintomas relacionados com a doença devem ser investigados de forma minuciosa, como horário de aparecimento e duração. • Antecedentes pessoais: como alergias, medicações em uso, vícios, hábitos, hidratação, sono, higiene e eliminação e religião. • Antecedentes familiares: pesquisando doenças congênitas, hereditárias e contagiosas. Após a realização da entrevista, o paciente deve ser informado de seu final e que o próximo momento será o exame físico, para verificação dos sinais vitais, estatura, peso e queixas apresentadas, pedindo que ele colabore para uma melhor avaliação dos aspectos informados na entrevista, além do esclarecimento de dúvidas apresentadas, se ainda houver. No exame físico, como já estudamos, o objetivo é confirmar os dados informados na entrevista, além de acrescentar outros, se necessário. Buscar informações que possam ser úteis para a aplicação de intervenções da enfermagem, além de favorecer o diagnóstico. 2.2 ESCUTA ATIVA AO PACIENTE Durante todo o processo de coleta de dados, desde a entrada do paciente ao sistema de saúde, além das características já citadas sobre o enfermeiro, a escuta ativa é a principal característica a ser aplicada durante a entrevista, a partir da prática da alteridade, ou seja, colocar-se no lugar do outro, sem julgamentos, compreendendo a realidade do cliente a partir do seu ponto de vista. A compreensão do processo da escuta ativa se dá na percepção da humanização, enquanto peça-chave para ver o paciente em sua integralidade. As observações do enfermeiro devem seguir um plano lógico e ordenado. Essas informações são obtidas por meio da utilização dos sentidos: visão (inspeção), audição (ausculta), olfato (percepção de cheiros) e tato (palpação) (MURTA; GARCIA, 2006). ATENÇÃO 12 Estabelecido esse entendimento, aplica-se a comunicação (ou a forma de comunicação), com o intuito de estar e ser a escuta necessária para a prática do “ouvir”. Sendo que ouvir é um processo mecânico que ocorre a partir do estímulo ao aparelho auditivo, ao passo que, escutar implica diretamente em prestar atenção ao que está sendo dito, refletir e assimilar o conteúdo, e no caso do enfermeiro, sem julgamentos. Segundo Martins (2014), o profissional de enfermagem deve estar receptivo e disponível, portanto, precisa expressar o desejo de ouvir, de conversar, não interrompendo o paciente, de modo a ser verdadeiro, compartilhando esperanças e sentimentos. A comunicação ocorre conforme o profissional de enfermagem utiliza uma linguagem, e o paciente passa a se sentir à vontade em responder, uma vez que o enfermeiro deixa evidente sua disposição para escutar. A percepção do profissional o fará utilizar uma linguagem compreensível, e em caso de dúvidas por parte do paciente, deve refazer as perguntas com outras palavras, portanto, precisa estar atento às manifestações corporais também. Desse modo, a comunicação pode não ser efetiva por diversos motivos, tais como: limitações presentes no emissor ou no receptor; falta de capacidade de concentração da atenção; pressuposição da compreensão da mensagem; imposição de valores; influência de mecanismos inconscientes (MURTA; GARCIA, 2006). De acordo com Martins (2014), a escuta ativa estabelece dois atributos, o da compreensão e o da ajuda. Também estabelece uma relação de ajuda entre o e enfermeiro e seu paciente, promove a compreensão, o conforto e a segurança do paciente, assim como a busca de informação e planejamento dos cuidados, uma gestão eficaz da doença por meio da adesão terapêutica e do autocuidado, uma redução de fatores de risco e complicações, além de uma melhoria dos resultados em saúde. A estruturação de técnicas para uma escuta ativa equivale ao comprometimento com a pessoa (MARTINS, 2014). Por outro lado, existem algumas barreiras para a realização de uma escuta ativa: interromper o doente, demonstrar impaciência e tirar conclusões precipitadas. Embora pareça simples, a prática da escuta é uma das questões mais desafiadoras. Saber ouvir o paciente implica considerar informações para além do que o paciente fala, além das possibilidades do indivíduo em verbalizar aquilo que está acontecendo. No entanto, cabe destacar que não é um dom natural, mas sim uma prática constante. A escuta ativa pode acelerar o processo de busca de intervenções positivas no cuidado da enfermagem. IMPORTANTE 13 Escutar não é sinônimo de ouvir. Derivado do verbo “escutar”, do latim “auscultare”, significa tornar-se ou estar atento para ouvir, aplicar o ouvido com atenção para perceber (MARTINS, 2014). NOTA 14 Neste tópico, você aprendeu: • O processo de enfermagem abrange cinco fases: investigação ou levantamento de dados; diagnóstico; planejamento; implementação e avaliação. • A coleta de dados da enfermagem envolve ações que fornecem subsídios para a prática dos cuidados, a partir de uma visão integral e humanizada do paciente, focando nas informações de maior importância na abordagem, observação e na escuta ativa, ou seja, buscando informações tendo como base a queixa e o exame físico do paciente. • A abordagem ao paciente ocorre a partir da percepção de suas necessidades básicas. • Na consulta de enfermagem, ocorre a entrevista com questões referentes à identificação do paciente, sua queixa principal e fatores pertinentes ao seu estado em geral. • O exame físico é feito com o intuito de confirmar os dados fornecidos naentrevista, além de outros aspectos necessários para as próximas etapas do processo de sistematização. • Sobre a importância da escuta ativa, trata-se da prática da empatia, alteridade, comunicação e da disposição do profissional de enfermagem em ouvir o paciente. RESUMO DO TÓPICO 1 15 1 O enfermeiro é um ser humano que, a partir de pesquisas científicas e raciocínio crítico, está disposto a obter habilidades da prática do cuidar. No entanto, também é um ser humano com sentimentos, emoções e valores próprios, porém, esses aspectos não podem interferir em seus julgamentos. Assim, o cuidado tem sido estudado na enfermagem, a partir de teorias e práticas para uma atuação profissional de qualidade. Desse modo, surgiu a Sistematização da Assistência a Enfermagem (SAE), na qual podemos notar que o processo de enfermagem ocorre em cinco etapas interrelacionadas: investigação, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação. Sobre as etapas, analise as sentenças a seguir e classifique V paras verdadeiras e F para as falsas: ( ) No diagnóstico, ocorre o levantamento de dados com entrevista e exame físico. ( ) A entrevista deve se pautar em um processo de escuta ativa, sem julgamentos, além de disponibilidade absoluta por parte do enfermeiro. ( ) São informações relevantes na coleta de dados: identificação, queixa principal, histórico da doença atual, antecedentes pessoais e antecedentes familiares. ( ) Na abordagem ao paciente, é necessário apenas que ele responda o que está sendo perguntado, sem que haja nenhuma preocupação com as necessidades básicas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – V – F. b) ( ) F – F – V – F. c) ( ) F – V – V – F. d) ( ) V – V – F – V. 2 De maneira geral, a prática da escuta é uma das habilidades mais difíceis de desenvolver, mas possui extrema importância para o profissional de enfermagem. Saber ouvir o paciente é atentar para além do que o paciente fala, é se observar além das possibilidades do indivíduo em verbalizar aquilo que está acontecendo. Ao escutar o paciente, é possível acelerar o processo de busca de intervenções positivas no cuidado da enfermagem. A respeito da escuta ativa, analise as sentenças a seguir: I- A escuta ativa estabelece dois atributos, o da compreensão e o da ajuda. II- É interessante interromper o paciente, demonstrar impaciência e tirar conclusões precipitadas. III- Uma escuta ativa estabelece uma relação de ajuda entre o e enfermeiro e seu paciente, promove a compreensão, o conforto e a segurança do paciente. IV- Sem a escuta ativa, há uma redução de fatores de risco e complicações, além de melhoria nos resultados em saúde. AUTOATIVIDADE 16 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença IV está correta. c) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. d) ( ) As sentenças I e III estão corretas. 3 Na consulta de enfermagem, a entrevista é uma das ferramentas utilizadas para a coleta de dados, sendo a primeira etapa do processo de enfermagem, mas ela ocorre continuamente, pois é essencial para todo o desenvolvimento do processo, ou seja, para que todas as próximas etapas possam ser realizadas adequadamente. A respeito da entrevista, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Tem como propósito o levantamento de dados sobre o estado físico e emocional do paciente. b) ( ) Tem como objetivo o estabelecimento de normas para um atendimento rápido, para que o paciente seja recebido e encaminhado imediatamente para tratamentos. c) ( ) Tem como propósito reunir informações que irão direcionar o profissional de enfermagem sobre o que especificamente investigar no exame físico. d) ( ) Tem como objetivo o conforto do paciente, permitindo que ele se expresse plenamente. 4 O paciente deve ser recebido no sistema de saúde com os cuidados necessários, ou seja, com gentileza, respeito e compreensão, despertando a confiança e segurança dele. Em todos os casos, é importante preservar os direitos do paciente. Indique cinco condutas para uma abordagem correta ao paciente. 5 Para elaborar um instrumento de coleta adequado a partir da entrevista, existe um roteiro básico a ser seguido: identificação, queixa principal, histórico da doença atual, antecedentes pessoais e antecedentes familiares. Indique o que é relevante coletar sobre antecedentes pessoais e antecedentes familiares. 17 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os seguintes temas: a elaboração do pensamento crítico e do diagnóstico de enfermagem, as principais fontes de erros no diagnóstico e, por fim, a aplicação do diagnóstico ao plano de cuidado da enfermagem. Para que o profissional de enfermagem possa elaborar um diagnóstico a partir da investigação inicial, é de suma importância que ele desenvolva um raciocínio crítico e investigativo, organizando da melhor forma este processo, garantindo que o planeja- mento alcance resultados efetivos. O desenvolvimento do raciocínio crítico demanda atenção a questões relevantes, como conhecimento cientifico, empenho, curiosidade, ca- pacidade de resoluções de problemas e disponibilidade para a escuta ativa, tendo em vista a quantidade de pessoas e de processos envolvidos nos cuidados ao paciente. O diagnóstico de enfermagem tem por objetivo identificar as necessidades do indivíduo que precisa de atendimento, buscando oferecer uma base adequada para as intervenções de enfermagem, alcançando, assim, os resultados necessários ao processo do cuidar. A respeito das necessidades do ser humano, elas são classificadas em: psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - Para a aplicação do diagnóstico no plano de cuidados, devemos ter a percepção do grau de dependência do paciente, fazendo o julgamento clínico sobre as respostas obtidas, os problemas apresentados e seus processos de vida. Alguns fatores podem determinar os erros no diagnóstico de enfermagem, a começar por uma coleta de dados incorreta, com pouca atenção, sem conhecimento científico sobre patologias, sinais e sintomas, estresse e falta de atenção na escuta. Portanto, a falta de capacitação profissional e as dificuldades de interpretação por deficiência na construção do raciocínio crítico são determinantes para o impedimento de uma boa elaboração do diagnóstico de enfermagem. IMPORTANTE 18 O uso do diagnóstico de enfermagem permite que o profissional repense seu papel e sua proposta de trabalho, pois promove maior aproximação com o paciente, uma vez que é aplicado o processo de humanização. Além disso, facilita a priorização de cuidados e a transmissão de informações para a equipe, estimula o desenvolvimento de uma visão crítica, contribui para o desenvolvimento do conhecimento científico e para o desenvolvimento pessoal. Assim, na construção da excelência na aplicação dos cuidados da enfermagem, devemos observar os referenciais que sustentam o diagnóstico enfermagem, como téc- nica, habilidade interpessoal, raciocínio clínico e pensamento crítico (BARROS et al., 2015). Uma intervenção de enfermagem é uma ação autônoma, baseada em justificativa científica executada para beneficiar o paciente de forma previsível em relação ao diagnóstico e à meta da enfermagem. O raciocínio clínico está presente ao identificar o diagnóstico de enfermagem, definir metas, escolher as intervenções e avaliar os resultados obtidos. NOTA 2 PENSAMENTO CRÍTICO E ELABORAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Para a elaboração do diagnóstico de enfermagem, é de grande importância desenvolver o pensamento crítico e científico, com base nos parâmetros estabelecidos adequadamente ao ser humano no processo de saúde. Desse modo, a contextualização da doença terá sido pautada já construção de um raciocínio investigativo e assertivo, levando a aplicação do diagnóstico ao plano de cuidados da enfermagem. Os enfermeiros podem e sentir desconfortáveisao estabelecer diagnósticos de enfermagem em decorrência de uma lacuna entre o levantamento de dados e os diagnósticos, causada por falhas nos instrumentos da coleta (BARROS, 2010). ATENÇÃO 19 Considerando que o profissional de enfermagem precisa ter conhecimento sobre os diagnósticos (como definições e características), é necessário que ele recorra aos processos lógicos do pensamento, e não somente a informações de outras pessoas, ou seja, o profissional deve aprender e raciocinar acerca dos conceitos, portanto, não se trata de um processo de memorização. Além disso, é importante procurar apoio, a fim de adquirir confiança no raciocínio (NANDA, 2010). O processo diagnóstico determina o processo ativo do pensamento, em que o enfermeiro investiga na memória os conhecimentos para possíveis explicações dos dados. Identificar diagnósticos é uma atividade complexa, pois trata-se da interpretação do comportamento humano relacionado à saúde, além da escolha adequada de intervenções. Assim, o pensamento crítico deve ser empregado no raciocínio diagnóstico, objetivando uma interpretação altamente precisa das respostas humanas aos problemas de saúde. De acordo com Murta e Garcia (2006), as características a serem desenvolvidas são: • confiança; • pensar de maneira independente; • imparcialidade; • responsabilidade e obrigação; • assumir riscos; • disciplina; • perseverança; • criatividade e curiosidade; • integridade e humildade; • observação, comunicação e ouvir reflexivamente; • usar terapeuticamente o silêncio e verbalizar a aceitação e o interesse; • usar frases com sentido aberto; • repetir comentários ou última palavras ditas pelo cliente; • fazer pergunta e devolver a pergunta feita; • usar frases descritivas; • permitir que o paciente escolha o assunto; Para raciocinar sobre o diagnóstico junto à investigação de enfermagem, é preciso, inicialmente, ter a hipótese diagnóstica, analisada ao longo do processo investigativo, além da investigação completa, evidentemente (BARROS et al., 2015). ATENÇÃO 20 • verbalizar dúvidas; • dizer não; • usar terapeuticamente o humor; • resumir o conteúdo da conversa. Tendo compreendido a importância do raciocínio critico no desenvolvimento de um diagnóstico de enfermagem, a próxima ação é a elaboração do diagnóstico, a partir dos dados coletados, para a execução dos cuidados adequados ao atendimento das necessidades especificas do ser humano A estrutura do diagnóstico de enfermagem é composta por: • Problema: título ou diagnóstico. • Caracterização: evidenciado por sinais e sintomas, parte do diagnóstico que dá a primeira indicação da aplicabilidade ou não de um diagnóstico. • Características definidoras: características das pessoas e família, ou seja, características que o cliente apresenta e que dão subsídio ao diagnóstico de enfermagem. • Origem: fatores relacionados ou fatores de risco, de alguma forma contribuem para o diagnóstico. Para Carpenito (2006), após a fase da coleta de dados, é preciso analisar e comparar os dados obtidos, com o objetivo de estabelecer o diagnóstico de enfermagem. Para fazer um diagnóstico de enfermagem preciso, é necessário coletar dados válidos e pertinentes; agrupar os dados; diferenciar diagnósticos de enfermagem (diagnósticos clínicos sobre as informações do paciente), de problemas colaborativos (complicações fisiológicas que podem vir a ocorrer); formular corretamente os diagnósticos de enfermagem e selecionar os diagnósticos prioritários. Preparando, assim, a próxima etapa, isto é, a implementação da intervenção de enfermagem, que consiste na determinação global da assistência de enfermagem a partir dos diagnósticos estabelecidos. Os tipos de diagnósticos de enfermagem podem ser: • Real: descreve um julgamento clínico que o enfermeiro validou devido à presença de características definidoras maiores. • De risco: descreve um julgamento clínico em que o indivíduo está mais vulnerável ao desenvolvimento de um problema. • De promoção da saúde: é preciso aumentar o bem-estar e concretizar o potencial de saúde humana. • De bem-estar: julgamento clínico sobre o paciente em transição, de um nível específico de saúde para um outro mais elevado. • De síndrome: conjunto de diagnósticos reais ou de risco previsíveis devido a um certo evento ou situação. 21 O processo de desenvolvimento de um enunciado do diagnóstico de enferma- gem se dá a partir de sete eixos: • o conceito diagnóstico é o componente central; • o sujeito do diagnóstico, o paciente; • o julgamento, que especifica o sentido do diagnóstico; • a localização, parte do corpo ou função relacionada; • a idade, ou seja, feto, neonato, bebê, criança que começa a andar, criança pré- escolar, criança em idade escolar, adolescente, adulto e idoso; • o tempo, como agudo, crônico, intermitente, contínuo; • situação do diagnóstico: real, promoção da saúde, de risco ou bem-estar. As prioridades são estabelecidas com base nas necessidades do paciente, em relação a seus aspectos biopsicossociais, e são denominados pela Classificação da Nanda como domínios. Portanto, temos: promoção à saúde, nutrição, eliminação e tro- ca, atividade/repouso, percepção e cognição, autopercepção, papeis e relacionamen- tos, sexualidade, enfrentamento e tolerância ao estresse, princípios da vida, segurança/ proteção. Assim, para um diagnóstico de enfermagem eficaz e com padrões seguros para a implementação das intervenções de enfermagem, a partir da coleta de dados, é preciso respeitar seguinte roteiro: • a estrutura do diagnóstico; • o tipo de diagnóstico; • os sete eixos de diagnóstico; • as prioridades nas necessidades do paciente. O roteiro produzido pela NANDA (North American Nursing Diagnosis Association), fundada em 1982, tem por objetivo padronizar os termos para enfermagem. Foi aprovada, em 1986, a Classificação de Diagnósticos da Enfermagem – Taxonomia, com mais de 200 termos e definições para respostas humanas: trocar, comunicar, relacionar, valorizar, escolher, mover, perceber, conhecer e sentir. Os dados são validados por meio de instrumentos representativos das propriedades da resposta humana que está sendo avaliada. Trata-se de um sistema que possibilita a colocação de diagnósticos em uma estrutura de organização que inclui intervenções e resultados da Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC) e Classificação de Resultados de Enfermagem (NOC), criando um sistema de linguagem capaz de documentar o atendimento de enfermagem de forma padronizada. INTERESSANTE 22 2.1 PRINCIPAIS FONTES DE ERROS NO DIAGNÓSTICO E ENFERMAGEM O diagnóstico de enfermagem, como estudamos anteriormente, deve ter como componentes básicos o conhecimento cientifico, o pensamento crítico, conhecimento dos parâmetros das necessidades humanas básicas relacionadas à saúde, uma coleta de dados eficaz, um raciocínio clínico adequado, uma boa comunicação, curiosidade investigativa, enfim, uma série de requisitos necessários para a elaboração de um diag- nóstico, sem causar inferências nas etapas seguintes da SAE. No que diz respeito à linguagem utilizada, tanto na padronização das infor- mações quanto no processo da entrevista, os dados coletados devem ser os mais fidedignos possíveis, e no exame físico, a avaliação deve ser feita com todas as fer- ramentas pertinentes, com as informações de maior relevância em linguagem clara e precisa. De acordo com Barros (2015), uma linguagem uniforme e padronizada facilita a comunicação e o uso de sistemas informatizados, além disso, promove a representação do conhecimento clínico de enfermagem. As habilidades cognitivas de análise, o raciocínio lógico e a aplicação de padrões são apenas três dos processos de pensamentos necessários para um diagnóstico preciso de enfermagem (NANDA, 2010). ATENÇÃO A partir dos estudos de Silva et al. (2011), foi constatado que o diagnóstico de enfermagem é considerado como uma das etapas mais complexas na sistematização deassistência, gerando muitos problemas em sua realização. O profissional de enfermagem encontra grandes dificuldades para sua implantação, além de a julgar como uma prática desnecessária. Segundo a pesquisa, apesar de os enfermeiros pesquisados acreditarem na importância da SAE e na melhoria da qualidade da assistência, promovendo autonomia e unificação da linguagem, verificou-se que grande parte dos profissionais demonstrou A falta de evidências para uma decisão diagnóstica, ou seja, sem envolvi- mento absoluto por parte do profissional e sem responsabilidade na sua discussão com a equipe de enfermagem, pode ocasionar erros graves. ATENÇÃO 23 falta de conhecimento sobre a sistematização, inclusive, não puderam citar nenhum diagnóstico de enfermagem e não a utilizavam, nem mesmo executavam as etapas de investigação, diagnóstico, planejamento implementação e avaliação. Também se verificou a ausência de formulários, além de condições inadequadas de trabalho. Portanto, podemos perceber uma falta de capacitação, um desconhecimento das teorias e práticas aplicadas no processo de ensino e aprendizagem do profissional de enfermagem, ainda em sua formação, assim como em uma educação continuada em ambiente de trabalho, o que acarreta erros na elaboração do diagnóstico de enfermagem. Além da falta de responsabilidade, ética e conhecimento pertinentes ao plano de aprendizado das práticas de enfermagem. 2.2 APLICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO AO PLANO DE CUIDADO DE ENFERMAGEM Ao finalizar o processo em que se estabelece o diagnóstico de enfermagem, é necessário planejar a implementação dos cuidados e das intervenções da enfermagem, conforme já mencionamos. Para tanto, são elaborados os planos de cuidados. Os planos de cuidados têm a função de representar o conjunto prioritário de diagnóstico: proporcionar um roteiro para orientar o registro; comunicar a equipe de enfermagem sobre o que ensinar, o que observar e o que implementar; proporcionar resultados para a revisão e a avaliação do atendimento; orientar as intervenções que a equipe de enfermagem precisa implementar. Para orientar e avaliar o atendimento de enfermagem, o plano de cuidados deve incluir: relatórios diagnósticos, resultados esperados, ordens ou intervenções, além de estado do diagnóstico e evolução do paciente. Os planos de cuidados eficazes utilizam informações escritas, não confiando apenas na comunicação verbal, desse modo, ajudam a dar continuidade ao tratamento ao paciente, proporcionando possibilidades para a revisão e reavaliação dos atendimentos. QUADRO 2 – TIPOS DE DIAGNÓSTICOS 24 FONTE: Adaptado de Carpenito (1999) A partir da elaboração adequada do diagnóstico de enfermagem, é preciso realizar sua aplicação no plano de cuidado. Identificadas as necessidades do paciente, o qual é atendido de acordo com o grau de dependência e a natureza da extensão, o profissional determina a assistência de enfermagem que o paciente deve receber conforme o diagnóstico estabelecido. Dessa forma, notemos que é fundamental planejar os cuidados e procedimen- tos mais adequados, com a intenção de minimizar ou solucionar os problemas reais ou potenciais do paciente. As prioridades devem ser estabelecidas de acordo com a situação e a percepção do paciente e da família, assim como o grau de ameaça a seu bem-estar, garantindo a individualização do processo. Na escolha de cada ação de cui- dado, devemos sempre considerar o conjunto de consequências positivas ou negativas que terá como resultado. 25 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu: • Para a elaboração do diagnóstico de enfermagem, é imprescindível desenvolver o pensamento crítico e científico, com base nos parâmetros estabelecidos. • Após a fase da coleta de dados, deve-se analisar e comparar os dados obtidos, com o objetivo de estabelecer o diagnóstico de enfermagem. • Para fazer um diagnóstico de enfermagem preciso, é necessário coletar dados válidos e pertinentes, assim como agrupar os dados, diferenciar diagnósticos de enfermagem, de problemas colaborativo, entre outros aspectos. • O diagnóstico de enfermagem possui um roteiro a ser respeitado, o que evita erros. • A partir da elaboração adequada do diagnóstico de enfermagem, é feita sua aplicação no plano de cuidado de enfermagem. 26 1 De acordo com nossos estudos, o roteiro produzido pela NANDA (North American Nursing Diagnosis Association) objetiva a padronização dos termos para enfermagem. Em 1986, então, foi formalizada a Classificação de Diagnósticos da Enfermagem, com mais de 200 termos. As prioridades, em relação às necessidades humanas, são denominadas como domínios. Sobre os domínios, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Vem de encontro a promoção a saúde, nutrição e eliminação, entre outros. b) ( ) São determinados pela estrutura do diagnóstico. c) ( ) São padrões inseguros de aplicação. d) ( ) Vem de encontro ao padrão diagnóstico. 2 Sabemos que para fazer um diagnóstico de enfermagem com precisão é necessário coletar dados válidos e pertinentes, agrupar tais dados, diferenciar diagnósticos de enfermagem de problemas colaborativos, formular corretamente os diagnósticos de enfermagem e selecionar os diagnósticos prioritários. Sobre os tipos de diagnósticos, associe os itens utilizando os códigos a seguir: I- Real. II- De risco. III- De promoção da saúde. IV- De bem-estar. V- De síndrome. ( ) Julgamento clínico sobre o paciente em transição. ( ) Descreve um julgamento clínico que o enfermeiro validou em decorrência da presença de características definidoras maiores. ( ) Aumentar o bem-estar e concretizar o potencial de saúde humana. ( ) Conjunto de diagnósticos reais ou de risco previsíveis devido a um evento ou situação. ( ) Descreve um julgamento clínico em que um indivíduo está mais vulnerável ao desenvolvimento de um problema. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) III – IV – II – V – I. b) ( ) II – V – III – I – IV. c) ( ) IV – I – III – V – II. d) ( ) I – III – IV – V – II. AUTOATIVIDADE 27 3 Pudemos compreender que o diagnóstico de enfermagem apresenta como elemen- tos básicos o conhecimento científico, o pensamento crítico, conhecimento sobre os parâmetros das necessidades humanas básicas relacionadas a saúde, uma coleta de dados eficaz, um raciocínio clínico adequado, uma boa comunicação, curiosidade investigativa, enfim, uma série de requisitos necessários. No entanto, algumas ques- tões podem ser uma fonte de erros no diagnóstico de enfermagem. Quanto ao que pode gerar erros no diagnóstico, assinale alternativa CORRETA: a) ( ) Falta de capacitação, desconhecimento das teorias e práticas aplicadas no processo de ensino e aprendizagem do profissional de enfermagem. b) ( ) A linguagem utilizada na padronização das informações e no processo da entrevista. c) ( ) O diagnóstico de enfermagem é uma etapa muito complexa do processo de enfermagem. d) ( ) No exame físico, a avaliação deve ser feita com todas as ferramentas pertinentes. 4 Para a elaboração do diagnóstico de enfermagem, é essencial se basear nos parâmetros estabelecidos no processo de saúde, para que ao contextualizar a doença, haja um raciocínio investigativo e assertivo, levando a aplicação do diagnóstico ao plano de cuidados da enfermagem. Descreva como ocorre o desenvolvimento do raciocínio crítico na enfermagem. 5 O diagnóstico de enfermagem tem por objetivo a identificação das necessidades do paciente, oferecendo uma base adequada para as intervenções de enfermagem. Assim, é possível alcançar os resultados necessários. Porém, alguns fatores podem determinar erros no diagnóstico de enfermagem. Indique três desses fatores. 28 29 TÓPICO 3 - PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DOS CUIDADOS 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 3, conheceremos o processo de planejamento e imple- mentação de cuidados, tendo em vista a forma de estabelecer prioridade nos cuidados e outros aspectos. Após o processode investigação e diagnóstico de enfermagem, o enfermeiro deve planejar as próximas etapas, pensando em como serão determinados os resultados desejados e identificando as intervenções para alcançá-los. O planejamento, nessa etapa do PE, tem por objetivo planejar a implementa- ção das intervenções de enfermagem. Toda ação de planejamento exige uma visão crítica e que priorize as ações da equipe de enfermagem, afinal, para planejar é neces- sário coletar todas as informações acerca dos objetivos e das metas deverão individu- alizadas (para cada paciente). Para isso, as ações são priorizadas com base nas necessidades do paciente, na prevenção, promoção, recuperação e manutenção de sua saúde. O planejamento exige uma visão sobre os recursos humanos envolvidos, as perspectivas do paciente e os fatores de risco. O planejamento, então, é o plano de cuidados. O enfermeiro deverá delegar à sua equipe de enfermagem os cuidados de determinada tarefa, esperando resultados com responsabilidade, conhecimento crítico e ética. Porém, não deverá delegar quando é exigido uma investigação, pensamento e julgamento complexos, pois o resultado da intervenção poderá ser imprevisível, com um grande risco e necessidade de solução de problemas e criatividade. Sendo assim, para a implementação das intervenções, veremos que deve ser utilizado o roteiro a partir das anotações de enfermagem. Com essa aplicação, poderemos estudar a última etapa do PE, a avaliação, que tem a intenção de recolher todos os dados que foram trabalhados em prol da saúde do paciente, verificando se houve eficácia, se os objetivos foram alcançados, se houve mudanças positivas ou negativas no estado de saúde do paciente, e por meio da evolução da enfermagem, proceder com avaliação e reavaliação a partir dos resultados obtidos, gerando, então, o relatório de enfermagem. UNIDADE 1 30 As anotações da enfermagem serão avaliadas com base em uma coerência de informações, por isso é tão importante que a cada troca de turno haja o processo de comunicação e escuta ativa, pois não é só o paciente que deve ser ouvido, mas a própria liderança e os demais membros da equipe. Os erros de anotação, a falta de orientação e responsabilidade da equipe pode levar a erros que, em um processo mais crítico, pode ocasionar uma piora ao paciente, portanto, algumas determinações devem ser feitas apenas pelo enfermeiro. Erros como medicações equivocadas, estresse, falta de raciocínio e de curiosidade investigativa, de conhecimento, de capacitação e treinamento podem fazer com que no momento das anotações, a equipe tenha dificuldades na clareza das informações, inferindo diretamente na responsabilidade do enfermeiro, no desequilíbrio da equipe e no prejuízo como um todo. A partir disso, podemos concluir que, as etapas do PE, em suas fases interrela- cionadas, devem aderir ao processo do raciocínio critico, garantindo um planejamento, implementação da prescrição da enfermagem, uma avaliação de qualidade, levando ao principal objetivo da equipe da enfermagem no processo de cuidar, ou seja, promoção, prevenção, recuperação e manutenção da saúde do paciente em um atendimento biopsicossocial. Na implementação, a capacitação da equipe irá determinar se o planejamento esteve adequado às necessidades do paciente. Na prescrição da enfermagem, cumprida pela equipe, além de estabelecer critérios para uma conduta individualizada ao paciente, deve ser usada uma linguagem coesa, clara, objetiva, fundamentando todo o processo de sistematização. ATENÇÃO Os cinco certos de delegar em enfermagem são: a tarefa certa, a pes- soa certa, na situação certa, comunicação certa e avaliação certa. NOTA 2 ESTABELECER PRIORIDADES DE CUIDADOS Para que o enfermeiro estabeleça as prioridades em relação aos cuidados, é essencial planejar as ações de intervenção aplicáveis ao diagnóstico, utilizando seus conhecimentos práticos, científicos, a sua experiência e seu pensamento crítico e clínico. 31 Visando, assim, a garantia de um prognóstico que possa atender às necessi- dades básicas do paciente, alteradas após a implementação do plano assistencial a partir dos dados fornecidos pela evolução de enfermagem. Em seguida, é o momento de: • determinar as prioridades imediatas a partir da identificação do objetivo; • observar quais problemas necessitam de atenção imediata e quais podem esperar, ou seja, quais serão o enfoque da enfermagem, quais serão delegadas ou encaminhadas para outros profissionais e quais deles exigirão uma abordagem multidisciplinar; • fixar metas, ou seja, estabelecer resultados esperados e a maneira de beneficiar o paciente com os cuidados de enfermagem; • determinar as intervenções e planejar a assistência levando em consideração os recursos humanos e tecnológicos disponíveis, a aplicabilidade da intervenção e a rentabilidade dela, assim como a necessidade de reavaliação ainda na fase de planejamento, mantendo o foco na evolução do diagnóstico. Nesse contexto, também fazem parte a família, a equipe de saúde e enfermagem; • fazer o registro individualizado do plano de cuidados, redigindo um plano padroni- zado, para tratar da situação específica do paciente. Para Barros (2015), o planejamento pode ser compreendido a partir do estabelecimento de diagnósticos, metas ou resultados esperados, além da prescrição das ações de enfermagem, as quais serão executados na fase de implementação. A priorização dos diagnósticos pode ser realizada segundo sua importância vital: aqueles que não podem esperar e demandam atenção imediata; problemas que devem ser controlados; problemas que podem ser adiados sem comprometer a saúde dos pacientes que estão sob cuidados do enfermeiro. Sendo assim, o planejamento é a etapa em que o enfermeiro efetivamente prepara um plano de ação para ter eficácia e assertividade em seus próximos passos no processo de cuidar. Ao planejar, é preciso ter em mente quais informações serão relevantes ou não. Precisamos considerar também o conhecimento científico, as habili- dades do enfermeiro e de sua equipe, a aceitação do paciente e os materiais disponíveis no ambiente em que o cuidado será aplicado. O resultado esperado pode ser atingido se houver tempo suficiente e se o paciente concordar com as condições para atingi-lo. ATENÇÃO 32 O processo de saúde-doença, além de seus padrões estabelecidos por um conhecimento científico, tem seus padrões subjetivos e emocionais que devem ser percebidos pelo enfermeiro, e no qual a equipe deve ser capacitada para seguir o que for proposto. É importante salientar que, ao informar o outro, a qualidade da informação está muito ligada ao próprio aspecto biopsicossocial e da equipe em ação. O ser humano, em seus aspectos éticos e legais, faz julgamentos próprios, e muitas vezes tais julgamentos não condizem com a realidade profissional estabelecida. Por isso, o Conselho Regional de Enfermagem (COREN), que regulamenta e fiscaliza a profissão, trata de ações ligadas aos direitos e deveres do enfermeiro, em relação à sua prática no ambiente profissional. Tratar da saúde do paciente do mesmo modo como gostaria que sua saúde ou de seu familiar fosse tratada, isso se chama alteridade. O enfermeiro ter tais informações para adequar a linguagem, para que o êxito das equipes seja real, é exatamente na fase da implementação e da avaliação que surge a possibilidade de recorrer a novas estratégias, caso sejam necessárias. Porém, as estratégias só poderão ser reavaliadas se os agravos não levarem o paciente a uma situação de maior gravidade. Portanto, cabe ao enfermeiro estar em constante reavaliação de suas próprias práticas. Ao estabelecer as prioridades, o enfermeiro passa a ter segurança de que suas ações deverão estar em concordância com o diagnóstico de enfermagem, e que a prescrição acontecerá com uma comunicação ativa, para que ao efetuarem as anotações de enfermagem, os resultados sejam assertivos e coerente. Caso o planejamento