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1 
 
 
 
CRISE INTERNACIONAL EM MEIO AMBIENTE 
 
 
2 
 
 
 
Sumário 
 
 
NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 3 
DESAFIOS E AMEAÇAS GLOBAIS ............................................................................. 4 
MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES INTERNACIONAIS ............................................ 13 
O que é o problema ou crise ambiental? ........................................................ 13 
Perspectivas teóricas da gestão coletiva do meio ambiente .................... 16 
Abordagens organizacionais ............................................................................. 19 
Regimes internacionais ....................................................................................... 21 
A ECONOMIA E O MEIO AMBIENTE....................................................................... 25 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-
sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação 
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos 
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
DESAFIOS E AMEAÇAS GLOBAIS 
 
Há décadas, talvez séculos, os centros de estudos, as organizações in-
ternacionais, as universidades, os grandes conglomerados privados transnacio-
nais e, principalmente, as instituições militares do mundo inteiro, cada qual limi-
tadas pelas dimensões geopolítica, científicas, tecnológicas, econômicas, finan-
ceiras e orçamentárias tem dado passos significativos no que é chamada de 
“modelagem do futuro”, ou, `as vezes também denominados de “estudos do fu-
turo”. 
Tais estudos são um pouco diferente do que até hoje entendermos por 
planejamento estratégico ou planejamento de longo prazo, pois a sua principal 
finalidade é despertar a capacidade crítica e analítica em relação ao que no mo-
mento nem sempre é conhecido em sua plenitude, no caso das instituições mili-
tares isto se aproxima mais do que é descrito como “Hipóteses de Guerra”. 
Essas “modelagens” e “estudos do futuro”, ou planejamento prospectivo, 
utiliza diferentes metodologias e com o advento do que hoje chamamos de era 
digital, com o surgimento da internet e dos supercomputadores, tem dado passos 
muito rápidos, trabalhando na construção de variáveis complexas e as intera-
ções entre essas variáveis, onde são construídos diversas matrizes com a ajuda 
da inteligência artificial, uma verdadeira miríade de informações. 
A cada ano ou dentro de uma certa periodicidade esses cenários vão 
sendo ajustados, inseridas novas variáveis ou descartados alguns fatos e fatores 
que não provocaram os efeitos desejados ou previstos, determinado o grau de 
acerto ou de erro quando da construção do cenário original. 
O interessante em tudo isso é que mesmo que não haja um trabalho 
conjugado, principalmente devido `as dimensões geopolíticas, onde cada país, 
principalmente em se tratando das grandes potências ou dos grandes blocos de 
poder mundial, tem suas variáveis secretas, pois afinal o que sempre existe em 
 
5 
termos de relações internacionais é a busca ou manutenção não apenas das 
soberanias nacionais, mas também uma corrida frenética no que concerne `a 
hegemonia, seja global, em que apenas poucos países possuem o caráter de 
superpotência mundial, mas também nessas modelagens podemos identificar 
uma luta ora aberta ora encoberta por hegemonias regionais ou sub-regionais. 
Todavia, independente desses aspectos geopolíticos, em todos esses 
estudos pode-se perceber uma certa “coincidência” de referência aos riscos, 
ameaças e desafios que pairam sobre o planeta terra e que afetam direta ou 
indiretamente os demais países. 
Ao longo dos últimos cinco anos, houve uma “agudização” da questão 
ambiental, com destaque para as mudanças climáticas e todas as consequên-
cias atreladas ao aquecimento do planeta, alterações profundas no clima, no 
regime das chuvas e outras derivadas dessas que afetam diretamente a econo-
mia e a sociedade, tanto em nível nacional quanto regional e mundial. 
Em alguns desses estudos, pode-se perceber a presença de uma variá-
vel que pouca atenção estava despertando, tanto entre a população quanto entre 
governantes e empresários e outras lideranças, que era a questão da saúde pú-
blica e suas relações com algumas variáveis como a precariedade do sanea-
mento básico, o surgimento ou recrudescimento de algumas epidemias, inclusive 
relacionados com animais silvestres. 
Foi preciso surgir uma epidemia que fugisse ao controle das autoridades 
sanitárias, diante da baixa qualidade dos serviços públicos de saúde, mesmo em 
países desenvolvidos, para que o mundo viesse a entrar em um grande pânico, 
simplesmente pelo fato de que não havia e ainda não existe medicamento para 
tratamento e nem vacina para controlar e combater a pandemia que já infectou, 
até o último dia 30 de setembro de 2020, quase 34 milhões de pessoas ao redor 
do mundo e matou mais de um milhão de vítimas, principalmente integrantes de 
grupos mais vulneráveis e excluídos social e economicamente. Refiro-me ao 
“novo” coronavírus ou COVID 19. 
 
6 
Esta pandemia, com certeza não estava bem definida e identificada nos 
radares desses grandes centros e instituições que tentam, sempre, desespera-
damente, perscrutar o futuro, na tentativa de controlar fatores, variáveis ou fatos 
que possam impactos negativamente o mundo todo ou os interesses nacionais 
ou de grandes corporações transnacionais, são os chamados fatores disruptivos 
ou portadores de futuro. 
O fato é que a COVID-19 desarticulou todos os governos, toda a econo-
mia mundial, enfim, todas as atividades humanas e sociais e até que esteja dis-
ponível alguma vacina que possa, de fato, imunizar a população mundial, conti-
nuamos vivendo um verdadeiro sufoco, principalmente as consequências sociais 
como o aumento do contingente de pessoas sem trabalho e sem renda, depen-
dendo da caridade pública (medidas e fontes de renda emergenciais) ou da so-
lidariedade das pessoas e instituições com preocupações humanitárias. 
Mesmo que praticamente todos os países já estejam “flexibilizando” as 
restrições impostas durante esses últimos seis meses e estejam “retornando” ao 
que estão chamando de “novo normal”, ainda assim, diversas outras ameaças e 
desafios pairam sobre nossas cabeças, inclusive a possibilidade do surgimento 
de novas epidemias e pandemias relacionados com animais silvestres ou catás-
trofes decorrentes da crise climática e ambiental. 
O Fórum Econômico Mundial há 15 anos realiza e publica estudos rela-
cionados com fatos portadores de futuro, denominado de “Relatório dos Riscos 
Globais”, classificados em duas dimensões: 
a) probabilidade de ocorrência de cada risco/ameaça e, 
b) impacto que cada risco produz no mundo ou em determinadasregiões 
ou países. 
Alguns desses riscos são substituídos ao longo desses anos, o mesmo 
acontecendo tanto em relação `a probabilidade de acontecerem e seus impac-
tos, tudo na forma de um “ranking”/classificação, em ordem de gravidade e do 
 
7 
tamanho do impacto produzido, caso tais riscos/ameaças venham a se concreti-
zar. 
No Relatório relativo ao corrente ano (2020) os dez riscos com maiores 
probabilidade de ocorrerem são os seguintes: 
1) clima extremo/mudanças climáticas; 
2) fracasso das ações para combaterem as mudanças climáticas; 
3) ocorrência de desastres naturais; 
4) perda da biodiversidade; 
5) desastres naturais provocados pela ação humana (exemplo das quei-
madas na Amazônia, no Pantanal, no Cerrado, demais biomas e centenas/mi-
lhares de outros locais no Brasil ou em outros países); 
6) fraudes e roubos cibernéticos; 
7) ataques cibernéticos; 
8) crise da água; 
9) falência global de governos nacionais e, 
10) bolhas econômicas e financeiras. 
Já os impactos, desses ou de outros riscos/ameaças não mencionadas, 
entre os de maiores probabilidades de ocorrência, o mesmo relatório apresenta 
o seguinte “ranking”/classificação: 
1) fracasso das ações de combate `as mudanças climáticas, ou seja, 
fracasso do Acordo de Paris, em que diversos países ou abandonaram o acordo, 
como aconteceu com os EUA ou alguns que simplesmente firmaram os compro-
missos e não os cumprem, como o caso do Brasil, cuja política, estratégias e 
 
8 
ações e omissões na área ambiental tem sido motivo de críticas dentro e fora do 
país, prejudicando, sobremaneira, a imagem no país, principalmente no exterior. 
Os demais riscos/ameaças que causam os maiores impactos são os se-
guintes: 
2) ameaça de armas nucleares e de destruição em massa; 
3) a perda acelerada da biodiversidade mundial; 
4) a ocorrência de mudanças climáticas extremas; 
5) a crise aguda da água, que pode, tanto matar milhões de pessoas 
quanto provocar conflitos entre nações; 
6) desarticulação total de redes e da infraestrutura de informação, o que 
colocaria em risco iminente tanto a soberania nacional quanto a oferta de servi-
ços públicos essenciais; 
7) o aumento de desastres naturais, como furacões, tornados, tsunami, 
secas prolongadas, chuvas torrenciais, boa parte dos quais decorrentes da ação 
do ser humano que continua destruindo a natureza e degradando o meio ambi-
ente; 
8) ataques cibernéticos, comandados por países ou organizações terro-
ristas internacionais; 
9) desastres naturais provocados pela ação humana, incluindo o au-
mento do desmatamento, das queimadas, da poluição do solo, do ar e das 
águas; e, 
10) doenças infectocontagiosas e pandemias. 
Neste último caso, mesmo que na época da produção do relatório a CO-
VID 19 ainda não estava em seu auge, vislumbrava-se que suas consequências 
sanitárias, econômicas, financeiras e na gestão pública poderiam ser desastro-
sas. 
 
9 
Todavia, mesmo com tantos alertas, inclusive de inúmeros cientistas, di-
versos países e seus governantes, incluindo o Brasil, pouco fizeram para se an-
teciparem e reduzirem os impactos dessa ameaça. 
Resumindo, em termos de probabilidade de ocorrência, cinco amea-
ças/riscos foram classificadas como ambientais; e uma em cada variável, a sa-
ber: econômica; geopolítica, social e tecnológica. Considerando os impactos, 
também cinco foram classificados na dimensão ambiental; dois na social; um na 
econômica e dois na tecnológica. 
Um outro estudo de grande repercussão foi realizado pela ONU, durante 
quase nove meses, tendo iniciado em janeiro de 2020 e apresentado seus resul-
tados há poucas semanas, por ocasião das comemorações dos 75 anos do sur-
gimento da ONU, denominado “UN75 2020 e depois”, com o lema “constru-
indo/modelando nosso futuro juntos” e o tema “O futuro que queremos e a ONU 
que precisamos”. 
Na ocasião do lançamento da pesquisa que embasaria o Relatório, o 
Secretário-Geral da ONU António Guterrez, assim resumiu o desafio que estava 
sendo proposto “Juntos nós devemos ouvir o mundo e juntos nós precisamos 
agir”. 
Foram entrevistadas mais de 1,0 milhão de pessoas em, praticamente 
todos os países, uma amostra da população mundial incluindo gênero, raça, 
faixa etária, local de residência, status socioeconômico e outras mais, além mais 
50 mil entrevistas em 50 países. por um grupo independente “Edelman Inteli-
ggence”, em parceria com a Pew Research Center, para, finalmente, ser elabo-
rado um relatório de 94 páginas que a ONU disponibilizou há poucas semanas 
por ocasião da abertura da Assembleia Geral em comemoração aos 75 anos da 
mesma. 
As principais conclusões e os principais desafios, ameaças e riscos que 
esta pesquisa mundial chegou, dentro do contexto de uma visão de futuro, sem 
perder de vista a existência dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ou a 
 
10 
chamada AGENDA 2030, para os próximos anos ou talvez algumas décadas 
foram resumidos em 10 dimensões. 
De forma sintética, esses desafios são os seguintes: 
1) tem havido uma redução da cooperação internacional para, de fato, 
conseguir atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e suas mais de 
160 metas; 
2) Aceleração da crise climática com danos irreversíveis e irreparáveis; 
3) ameaça cada vez maior da proliferação e possibilidade de uso de ar-
mas nucleares e de destruição em massa; 
4) alteração do perfil demográfico, aumento populacional e envelheci-
mento rápido da população em diversos países, migrações internas e internaci-
onais forçadas, gerando crise humanitária; 
5) ameaças cibernéticas e desarticulação de grandes sistemas produti-
vos, de comunicação, afetando, inclusive sistemas de transporte, de abasteci-
mento e a segurança nacional e internacional; 
 6) aumento das tensões geopolíticas e surgimento ou agravamento de 
conflitos bélicos regionais, colocando em risco a paz regional e internacional; 
7) aumento acentuado dos diversos tipos de violência, desde a violência 
doméstica e de gênero, a violência social, política, a proliferação do terrorismo e 
do crime organizado transnacional; 
8) aumento da desigualdade social, econômica, regional e de gênero, 
aumentando a pobreza, a miséria e a fome; 
9) aumento da chamada “rebelião das massas”, com grandes “ondas” de 
protestos como tem ocorrido na Europa, nos Estados Unidos, em Hong Kong e 
diversos outros países e regiões; 
 
11 
10) aumento da exclusão digital, ampliando o fosso entre países. e gru-
pos sociais em relação ao domínio e acesso `as tecnologias de última gera-
ção, contribuindo para o surgimento de conflitos de interesse, como, por exem-
plo, a questão da Internet de alta velocidade, o 5G. 
A ONU identificou três grandes prioridades que deveriam nortear as 
ações dos diversos países, sem o que, o futuro do planeta e da humanidade está 
em jogo: 
a) prioridade global e urgente – ampliar o acesso aos serviços públicos 
essenciais de qualidade e sua universalização como educação; saúde, sanea-
mento básico e alimentação; 
 b) ampliar as medidas de solidariedade e apoio ̀ as áreas em crise, onde 
vivem mais de 2,8 bilhões de pessoas; 
c) combater de forma efetiva as desigualdades e injustiças que geram 
pobreza, fome, miséria e degradação humana. 
Além dessas três prioridades o Relatório também destaca como desafios 
urgentes a serem enfrentados, os seguintes: 
a) proteção efetiva ao meio ambiente e combater/controlar/reverter as 
mudanças climáticas; 
b) garantir os direitos humanos, incluindo o acesso aos serviços públicos 
de qualidade e uma melhor distribuição da justiça. 
Consoante com suas atribuições que é de também analisar as tendên-
cias e tomar medidas de controle do Sistema financeiro, em novembro de 2019, 
em uma conferência sobre “A economia das mudanças climáticas”, um dos inte-
grantes do Conselho Diretor do FED/Banco Central Americano, falou com todas 
as letrassobre os impactos das mudanças climáticas na economia dos EUA, 
enfatizando que “projeta-se (estudos de futuro) que os riscos climáticos tenham 
profundos efeitos sobre a economia e o sistema financeiro norte-americano”. 
 
12 
E há poucas semanas, nesta mesma linha de alerta, o Relatório da Co-
missão Federal (do próprio Governo e Congresso dos EUA) também declarou 
publicamente que as mudanças climáticas podem desestabilizar todo o Sistema 
financeiro e mercado futuro dos EUA. 
Uma última observação que devemos ter em conta é que mesmo que 
todos esses estudos se refiram a riscos, ameaças e desafios globais, as ações 
humanas que provocam essas ameaças são realizadas ou deixam de ser reali-
zadas em cada localidade do planeta, razão pela qual todas as pessoas devem 
observar o que está acontecendo no planeta a partir de sua inserção no território 
e agir de forma mais responsável. 
Por exemplo, uma pessoa que provoca queimada, seja por ato crimi-
noso, por descuido ou acidente, deve pensar que sua ação pode redundar em 
uma grande ou várias imensas queimadas como as que estão acontecendo no 
Pantanal, no Cerrado, na Amazônia ou em qualquer outro bioma brasileiro. Só 
no Pantanal este ano já foram destruídos mais de 3,7 milhões de ha, com perdas 
irreparáveis para a biodiversidade, além dos prejuízos econômicos e sociais. 
De forma semelhante, governantes, sejam no âmbito federal, estadual 
ou municipal que se omitem ou fazem vistas grossas para crimes ambientais ou 
promovem o sucateamento de órgãos de fiscalização ambiental também estão 
contribuindo para a degradação do meio ambiente ou de outros fatores que re-
forçam riscos e ameaças globais. 
De forma semelhante, empresários que teimam em destruir a natureza, 
provocando danos ambientais, imaginando que suas ações nada tem a ver com 
as mudanças climáticas, também contribuem para a destruição da biodiversi-
dade, para o aquecimento do planeta e outras mazelas que bem conhecemos. 
Como podemos perceber, existe uma grande preocupação com as di-
versas ameaças globais que pairam sobre todos os países, com destaque para 
as questões ambientais, que, em outros estudos têm sido consideradas como os 
novos paradigmas do desenvolvimento ou o que o Papa Francisco tem exortado 
 
13 
quando fala da “Nova Economia” e que um desenvolvimento realmente humano, 
precisa estar focado não apenas ou exclusivamente na “saúde” das empresas e 
na busca desenfreada pelo lucro, sacrificando/destruindo, inclusive a natureza, 
mas sim, ter como base o respeito ao meio ambiente, `a dignidade da pessoa 
humana, onde a exclusão social que atinge mais de 80% da população mundial 
seja algo de um passado muito triste que deve ser superado. 
 
MEIO AMBIENTE E RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
O que é o problema ou crise ambiental? 
Esta pergunta é extremamente relevante, porque é a partir de sua res-
posta que se pode construir uma ligação entre a área temática concebida como 
"meio ambiente" e as relações internacionais como campo do saber. 
A ligação entre ambas as áreas revela também uma perspectiva interes-
sante relativa à necessidade de gestão coletiva da crise ambiental, uma vez que 
os problemas que constituem esta crise perpassam as tradicionais fronteiras ter-
ritoriais dos Estados nacionais e demandam uma ação conjunta de todos os ato-
res envolvidos. Como, então, pode ser entendida e definida a crise? Em adição, 
porque a gestão deve ser coletiva? 
Em primeiro lugar, considere que a realidade que cerca a todos seja uma 
superposição de duas esferas. Uma denomina-se "Mundo", por cristalizar a 
gama de interações políticas, econômicas e sociais entre os indivíduos do globo. 
A outra será chamada de "Terra" pela capacidade de apreensão do conjunto das 
coisas físicas ou naturais. Portanto, a crise ambiental será aqui definida como a 
incongruência entre Terra e Mundo, ou seja, entre um espaço físico e outro so-
cialmente construído. 
 
14 
Todavia, se a crise é baseada na incongruência então, a sua solução, 
de forma geral, deveria estar baseada na convergência entre ambos. 
O exame do pensamento ambiental ou ecológico revela três estilos de 
pensamento, implicando em diferentes caracterizações tanto para a crise ambi-
ental, quanto para suas soluções. Tanto a Bíblia, quanto a economia clássica de 
Thomas Malthus são exemplos de um estilo de pensamento antropocêntrico que 
considera a "Terra como um conjunto de recursos à disposição da sociedade. 
Tomadas as constatações de Malthus, a crise ambiental poderia ser de-
finida como recursos finitos para uma população exponencialmente crescente. 
As soluções seriam o próprio equilíbrio natural existente entre homem e 
"meio", a fome, ou controle populacional. Por outro lado, há abordagens geocên-
tricas, como a hipótese de Gaia elaborada por James Lovelock, ou melhor, a 
"Terra englobaria o "Mundo". Neste ponto, deve-se notar que os antípodas aqui 
definidos anteriormente, antropocentrismo e geocentrismo, são variantes de um 
discurso também presente na ecologia entre conservação ou preservação.8 
O terceiro modelo seria aquele que conciliaria as abordagens antropo-
cêntricas e geocêntricas. Especialmente após a tentativa de racionalização do 
problema ambiental em 1972, com a publicação do Relatório do Clube de Roma, 
intitulado The limits to growth, e a realização da Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente Humano (UNCHE, em inglês), também em 1972, ficou 
claro que o problema ambiental gravitava em torno de duas temáticas centrais, 
o crescimento econômico ininterrupto e a exaustão dos recursos naturais. 
Também já havia sido demonstrado por vários economistas, como Ezra 
Mishan e Arthur Pigou, por exemplo, que o crescimento econômico, especial-
mente quando refletido pelo Produto Interno Bruto (PIB), não era capaz de con-
tabilizar determinados custos oriundos do consumo e produção, as chamadas 
"externalidades negativas". 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004#back8
 
15 
 Além disto, o preservacionismo radical defendido por muitos ambienta-
listas, nas décadas de 1970 e 1980, não era solução, porque impunha restrições 
ao bem estar humano. O que estava em jogo era a inexistência de uma aborda-
gem que pudesse conciliar tanto a garantia de bem estar aos indivíduos, quanto 
a conservação e utilização racional dos recursos naturais. 
Tal abordagem surgiu nos anos 80, quando a International Union of Con-
cerned Scientists (IUCS) lançou um documento chamado World Conservation 
Strategy: Living Resource Conservation for Sustainable Development, que trazia 
implicitamente uma sistematização da relação entre crescimento econômico in-
sustentável e recursos naturais em exaustão, e o Relatório da Comissão Brun-
dtland, Nosso Futuro Comum, reforçou e politizou o termo "desenvolvimento sus-
tentável", ou seja, "O desenvolvimento que atende as necessidades do presente 
sem comprometer a habilidade das gerações futuras de atender suas próprias 
necessidades". 
Se a possível solução para a crise ambiental caminha pela idéia de con-
vergência entre as esferas física e social, como e por que promover uma gestão 
coletiva? Muitos analistas das relações internacionais relembram o papel das 
fronteiras territoriais e dos Estados-Nação como possíveis forças beligerantes 
em um sistema internacional carente de autoridade central. 
Outros analistas ressaltam o porquê da necessidade de autoridade cen-
tral para manutenção da ordem se o sistema internacional é constituído de inú-
meras regras e normas tácitas ou informais que influenciam o comportamento 
dos Estados. Entretanto, é de menor importância para a crise ambiental a lente 
pela qual se entende as relações internacionais porque tal crise pertence ao 
mundo físico e ultrapassa tanto fronteiras, quanto qualquer outro conceito assu-
mido. 
O essencial para este campo do saber são os conflitos, arranjosinstitu-
cionais – formais e informais – e negociações que emergem da gestão coletiva 
da crise ambiental. Ou seja, a crise é global no âmbito do problema da solução 
 
16 
e da gestão. Três perspectivas emergem, então, da gestão coletiva da crise am-
biental: governança global, regimes internacionais e as abordagens organizaci-
onais. 
Perspectivas teóricas da gestão coletiva do meio ambiente 
"[...] nosso objetivo deve ser ajudar nossos estudantes, colegas, e o pú-
blico mais amplo a entender a necessidade de governança em um mundo parci-
almente globalizado e os princípios que fariam esta governança legítima." 
Robert Keohane 
Abordagens organizacionais, regimes internacionais e governança glo-
bal são as três abordagens mais comuns para analisar o problema da gestão 
coletiva do meio ambiente. Marie-Claude Smouts sugere que tais abordagens 
representam de fato o movimento da cooperação internacional desde a institui-
ção do sistema internacional Vestfaliano no século XVII, rumo a uma possível 
governança mundial. Entretanto, tais conceitos exibem uma tendência relativa-
mente comum nas ciências socais: a falta de refinamento teórico. 
Entre as ideias de governança global e regimes internacionais há uma 
forte complementaridade. Kratochwil e Ruggie, em seu estudo sobre as organi-
zações internacionais, fornecem um interessante ponto de partida: "O núcleo 
substantivo em torno do qual as várias abordagens teóricas se agregaram é o 
problema da governança internacional". 
Ou seja, a governança global/internacional é o objeto de estudo do 
campo denominado "organizações internacionais". Mais claramente, o objeto de 
estudo deste campo seria verificar como pode existir governança na ausência 
de governo. Se ambos os conceitos pertencem a um mesmo subcampo de es-
tudo, o que estabeleceria uma diferenciação entre eles? 
Uma sugestão de diferenciação, que inclui a proposta de Kratochwil e 
Ruggie, é fornecida por James Rosenau e Ernst-Otto Czempiel em Governança 
 
17 
sem Governo, uma das obras mais conhecidas sobre o assunto. Para estes au-
tores, o diferencial entre eles estaria no caráter de área temática dos regimes 
internacionais, conforme a definição de Krasner. 
 Ou seja, o conceito de regimes internacionais seria menos abrangente 
que o de governança global, que seria o conjunto de todos os regimes internaci-
onais, conclusão similar à de Olav Stokke: "[...] o conceito de governança implí-
cito na análise de regimes é mais estreito do que aquele pretendido pela gover-
nança global". O que seria, então, uma definição para governança global? 
Governança é para Rosenau e Czempiel "[...] um sistema de ordenação 
que depende de sentidos intersubjetivos, mas também de constituições e esta-
tutos formalmente instituídos". Entretanto, se governança é um sistema de orde-
nação, e daí não é estranho que a definição acima seja semelhante àquela de 
"ordem mundial" proposta por Hedley Bull, então qual relação existe entre go-
vernança e ordem? Os próprios autores respondem: "[...] governança e ordem 
são fenômenos claramente interativos[...] a ordem é ao mesmo tempo uma pre-
condição e uma consequência do governo. Uma coisa ajuda a explicar a outra, 
e nenhuma aparece em primeiro lugar".Se governança é um sistema de ordena-
ção e não há hierarquia entre ordem e governança, seja esta última com ou sem 
governo, constituiu-se uma tautologia. A ordem é estabelecida por meio da go-
vernança, que por sua vez é um mecanismo de ordem. Isto é, ordem explicando 
a ordem. 
A exemplo da ideia proposta por Rosenau e Czempiel pode-se perceber 
a dificuldade de precisão em relação tanto ao conceito de governança global, 
como também às outras duas abordagens que vêm sendo utilizadas com fre-
quência na área ambiental. Uma ideia que poderia apreender a relação entre os 
três conceitos é aquela que remete ao status jurídico da instituição e ao grau de 
inclusão dos atores na gestão coletiva do meio ambiente, de acordo com a fi-
gura abaixo. Em relação ao jurídico entende-se a existência de: 
 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004#fig1
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004#fig1
 
18 
 (a) associação voluntária; 
(b) ato institutivo; 
(c) personalidade jurídica; 
(d) ordenamento jurídico interno; 
(e) existência de estrutura própria; 
(f) exercício de poderes próprios. 
 Ou seja, o status jurídico remete ao grau de flexibilidade e formalidade 
de uma instituição social e a participação dos atores à legitimidade, cosmopoli-
tanismo e democratização no processo de gestão coletiva. A seguir as três abor-
dagens serão analisadas separadamente. 
 
 
 
 
 
19 
Abordagens organizacionais 
O desenvolvimento destas abordagens surgiria a partir da discussão de 
"governo mundial" e da suposta necessidade de legalização das relações inte-
restatais. Estas foram ideias que tiveram grande impacto nos estudiosos de Re-
lações Internacionais, segundo Inis Claude Jr., escrevendo em 1962, não devido 
à operacionalização de tal governo, mas sim à ideia de "ordem mundial" que 
vinha incrustada em tal discussão. 
 De fato, as primeiras abordagens para o estudo das Organizações In-
ternacionais (OI's) também exibiriam a proposição que o mundo poderia cami-
nhar para a centralização de poder, para uma organização ou governo mundial. 
Katzenstein et alii propõe a partir da análise do periódico mais consa-
grado no estudo das Organizações Internacionais, que em suas duas primeiras 
décadas de publicação, 1947-1967, a revista International Organization teve te-
mas centrais que gravitaram em torno da análise de organizações formais, em 
especial as Nações Unidas (ONU). A categorização de Katzenstein et alii é simi-
lar às três categorias iniciais do estudo das Organizações Internacionais (OI's) 
para Kratochwil e Ruggie. 
 A primeira, o estudo das instituições formais, buscaria o que as OI's são, 
considerando-se que a governança internacional seria qualquer coisa que estas 
organizações façam. A seguir, o estudo dos processos institucionais das OI's 
buscava desvendar como estas se constituem e funcionam, com atenção espe-
cial à ONU. Finalmente, a categoria "papel organizacional" é exatamente aquela 
que cujos enfoques constariam a gestão de bens comuns e, novamente, a tradi-
ção de "governo mundial" na roupagem dos estudos funcionalistas e neofuncio-
nalistas. 
O ano de 1967 marcaria a aprovação da resolução anti-sionismo na As-
sembleia Geral das Nações Unidas, fato que teria provocado o desinteresse 
norte-americano na organização. Além disto, a détente américo-soviética, o pro-
cesso de descolonização afro-asiática, junto a emergência do Terceiro Mundo 
 
20 
como uma força contestadora da Ordem Econômica Mundial, as modificações 
estruturais trazidas com a Terceira Revolução Industrial – fazendo emergir cen-
tros de poder alternativos no sistema internacional, como Alemanha e Japão – e 
as crises energéticas trouxeram profundas modificações às abordagens organi-
zacionais durante o período 1967-1969. Desta forma, Suhr coloca que: 
Em reação ao papel exagerado das Organizações Internacionais nos es-
tudos em Relações Internacionais John Gerard Ruggie introduziria o conceito de 
regimes. Ele proclamava uma mudança de foco para como a resposta coletiva 
deveria ser analisada como padrões mais amplos e informais de comportamento 
estatal. Portanto, ele buscou conceituar o espaço em que as Organizações In-
ternacionais operam. 
Ou seja, o declínio da hegemonia norte-americana aliado a um novo mi-
lieu internacional impulsionou uma nova geração de abordagens e análises, den-
tre as quais a de Regimes Internacionais, examinada na próxima seção. 
Entretanto, o fim da bipolaridade trouxe consequências mais profundas 
para estas abordagens. Se por um lado houve uma tendência de fragmentação 
entre povos e dentro dos territóriosnacionais, por outro houve também coesão 
e integração, como demonstra o caso da criação da União Europeia. De qual-
quer forma, foi evidente que modificações profundas na ordem internacional Ves-
tfaliana estavam em curso, devido ao surgimento e consolidação de novas iden-
tidades coletivas. 
As organizações internacionais, com atenção especial à ONU, falharam 
na gestão destes novos problemas e questões globais, fossem eles de segu-
rança, como as sucessivas crises nas operações e de manutenção da paz, em 
meio ambiente, vide os problemas de executabilidade (enforcement) dos princi-
pais instrumentos oriundos da Conferência do Rio (1992) ou dos péssimos ba-
lanços da Conferência de Joanesburgo (2002), ou na área de desenvolvimento, 
como ficou evidente quando da publicação dos frustrantes resultados finais da 
"Década do Desenvolvimento da ONU". Todos estes fatores contribuíram para a 
 
21 
caracterização da tão difundida "Crise do Multilateralismo" e para que se bus-
cassem abordagens mais flexíveis e novos conceitos operacionais. 
Regimes internacionais 
Com a definição do "paradigma" neo-realista por Kenneth Waltz, no iní-
cio da década de 1970,26 os estudiosos do campo das Relações Internacionais 
começaram a questionar que apesar do sistema internacional carecer de autori-
dade central, os Estados pareciam estar imiscuídos em uma rede institucional 
em um sentido mais amplo, em regras implícitas e explícitas que contribuíam 
para a modificação do comportamento estatal e eventualmente para a conver-
gência com o comportamento dos demais. 
Em outras palavras, "A análise de regimes tentou preencher esta lacuna 
pela definição de um foco que não era tão amplo quanto o sistema internacional, 
ou tão estreito quanto o estudo das organizações internacionais".27 Martin Grif-
fiths sugere uma razão semelhante para o surgimento da Teoria de Regimes 
Internacionais. Segundo este autor, as abordagens "realistas" das relações in-
ternacionais, com especial ênfase na famosa "Teoria de Estabilidade Hegemô-
nica", desenvolvida separadamente por Stephen Krasner e Robert Gilpin, não 
eram capazes de explicar certos acontecimentos da vida internacional. Assim, 
estudiosos de inclinação liberal, como Robert Keohane, "[...] foram responsáveis 
pela popularização da ideia de regimes como variáveis que interferiam no poder 
do Estado, de um lado, e nos resultados internacionais, do outro".30 
Seria exatamente como uma variável interveniente que os Regimes In-
ternacionais iriam ser definidos por Stephen Krasner, ou melhor, "Regimes inter-
nacionais são definidos como princípios, normas, regras e procedimentos de to-
mada de decisão, sobre os quais as expectativas dos atores convergem em uma 
determinada área temática". 
 Todavia, nem todos atores, entre eles alguns que contribuíram para o 
próprio volume editado por Krasner, concordam com essa definição e de fato, 
como Smouts et alii ressalta, a formulação da Teoria de Regimes foi abalada 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004#back26
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004#back27
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004#back30
 
22 
pelo "modismo intelectual" e, naturalmente, pela imprecisão concei-
tual.32 Stephan Haggard e Beth Simmons propõem uma divisão em quatro cor-
rentes para a Teoria de Regimes Internacionais: estrutural, estratégica ou teoria 
dos jogos, funcional e cognitiva.33 Pode-se adotar ainda a divisão mais sucinta, 
embora similar, proposta por Hasenclaver et alii entre neoliberais, realistas e 
cognitivistas. 
De forma simples, a abordagem neoliberal tem tal nome porque se ba-
seia fortemente na teoria microeconômica e é funcional porque o Regime Inter-
nacional surgiria para cumprir a tarefa de reduzir as incertezas entre os atores e 
fazê-los caminhar para resultados "ótimos". Neste grupo se encaixariam tanto as 
abordagens de "Teoria dos Jogos" quanto a funcional, cujo melhor exemplo é a 
obra After Hegemony, de Robert Keohane. 
Já nas abordagens estruturais, ou realistas, o poder é a variável central, 
uma vez que a sua distribuição entre os atores do sistema internacional influen-
cia fortemente na possibilidade de formação e declínio dos regimes internacio-
nais, como lembram Krasner e Gilpin com a "Teoria da Estabilidade Hegemô-
nica". 
 Por fim, as abordagens rotuladas como "cognitivistas" têm fortes raízes 
na filosofia da ciência, como uma crítica ao racionalismo, e na sociologia, enfati-
zando questões de aprendizado, percepções e identidades de grupo. Um exem-
plo desta última abordagem é encontrado nas precisas críticas de Kratochwil e 
Ruggie à definição de Regimes Internacionais proposta por Krasner. As escolas 
de pensamento para a Teoria de Regimes Internacionais estão sistematizadas 
na tabela 1. 
 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004#back32
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004#back33
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004#tab1
 
23 
 
 
Governança global 
Na citação que introduz a seção sobre perspectivas teóricas, Robert 
Keohane salienta o caráter parcialmente globalizado do mundo e a necessidade 
de governança efetiva. Por conseguinte, um enorme rol de questões emerge. 
Entre elas, o que é governança? Ela é realmente global? A governança é efetiva 
ou é apenas um ideal liberal? 
De fato, a segunda pergunta já foi respondida pelo próprio Keohane. A 
governança não é global, porque o mundo é parcialmente globalizado. Neste 
ponto é necessária uma distinção entre globalismo e globalização, tal qual pro-
posta por Ulrich Beck. Globalismo pressupõe o estado pleno de globalização 
econômica, quando a expansão dos mercados em seu grau máximo substitui a 
política. Por outro lado, a globalização 
[...] significa os processos, em cujo andamento os Estados nacionais 
veem a sua soberania, sua identidade, suas redes de comunicação, 
suas chances de poder e suas orientações sofrerem a interferência 
cruzada de atores transnacionais ou [...] o aprofundamento da distân-
cia em escala mundial através da emergência e estreitamento das re-
des de conexões – ambientais e sociais, assim como econômicas. 
Assim, qualquer análise que leve em consideração a ideia de gover-
nança global trará um forte grau de normatividade. 
Em relação à definição de governança global há duas questões em or-
dem. A primeira é relativa à ideia de governança global proposta pelo professor 
 
24 
Craig Murphy, onde esta seria a expansão do projeto liberal em escala glo-
bal.40 Como Beck relembra, esta discussão é de fato sobre globalismo e não 
globalização, que pressupõe a ideia de governança global. 
Em segundo, há de se distinguir entre as possíveis ideias de definição 
para governança. Marie-Claude Smouts et alii propõe uma estrutura tripartite en-
tre "Governança Corporativa", um critério de boa governabilidade formulado pelo 
Banco Mundial (Bird) no fim dos anos 80, "Governança Multinível", que diz res-
peito ao estilo de tomada de decisão na União Europeia, e finalmente a "Gover-
nança sem Governo", conceito cunhado por Rosenau e Czempiel, que traz a 
idéia de que o mundo caminharia rumo a uma poliarquia, no sentido proposto 
por Robert Dahl, relacionando o caráter transnacional-estatal da política mundial 
e a idéia de globalização. Por fim, há a abordagem de Robert Keohane, que en-
tende a "Governança como um Dilema" sobre como desenhar instituições para 
desempenhar funções desejadas e ao mesmo tempo respeitar os valores demo-
cráticos em um mundo parcialmente globalizado. 
De fato, qualquer ideia de governança sempre irá pressupor um alto grau 
de capacitação dos indivíduos que estão sendo governados. Ou seja, qualquer 
definição de governança passará pela ideia de democratizaçãoe legitimidade ou 
de comunicação aberta e reflexividade coletiva. 
Mesmo que não haja uma definição ideal para governança, uma vez que 
esta própria palavra pode ser considerada um ideal, a proposta de agenda posi-
tiva de Robert Keohane é um ótimo ponto de partida para uma definição de go-
vernança: analisar o papel do processo de institucionalização na expansão dos 
ideais democráticos e no fortalecimento das capacidades dos indivíduos em ní-
vel global. 
Esta proposta é convergente com aquela de "Novo Multilateralimo", ela-
borada pelo professor canadense Robert Cox, que pressupõe uma ordem mun-
dial construída "de baixo para cima" com objetivo de justiça, equidade e respeito 
ao outro, como bem sintetiza a professora Marie-Claude Smouts. 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004#back40
 
25 
A ECONOMIA E O MEIO AMBIENTE 
 
A partir dos estudos relacionados ao meio ambiente, entende-se que a 
economia é o fator que mais explora negativamente esse sistema. Com base 
nesse modelo de mercado, a natureza é devastada em seu nível máximo para 
que gere recursos que resultem em evolução humana e capital monetário. 
 Acontece que as tendências de desenvolvimento atual são totalmente 
predatórias para o meio ambiente, além do aumento populacional, da urbaniza-
ção e da falta da educação ambiental, os governos e as empresas privadas de-
pendem de um paradigma que utilizam recursos naturais sem que eles sejam 
restituídos, gerando assim, o déficit ambiental (CORTEZ, 2007). 
Economistas afirmam que a globalização econômica é um fato irreversí-
vel, o que se pode fazer é tentar amenizar a situação atual, mas nunca voltare-
mos ao status quo. Ademais, a devastação ambiental não foi feita só por falhas 
e imperfeições do mercado, mas sim, construída a partir da ineficácia e corrup-
ção dos Estados, que não souberam tutelar esse bem antes dele entrar em co-
lapso (VEIGA, 2014). 
Um fato que não é pensado pelos economistas é que, em um pequeno 
período de tempo o mercado também vai entrar em crise uma vez que os recur-
sos que são retirados da natureza vão acabar, e assim, nenhum desenvolvi-
mento poderá ocorrer, a humanidade ficará estagnada e vivendo em ambiente 
inóspito. 
A escassez foi um conceito fundamental da economia. Ela era uma es-
cassez discreta e mascarada, com pequenos avanços ambientais, onde o pro-
gresso tecnológico também ajudava a neutralizá-la. Na crise ambiental atual, o 
princípio da escassez converteu-se em um problema global e as externalidades 
da economia enfrentam uma lei limite. 
 
26 
A população é diretamente afetada pelas decisões que a economia 
toma, tanto em sua vida em sociedade, como no ambiente que é modificado para 
que as premissas estabelecidas pela lei do comércio alcancem o sucesso 
(MOTA, 2001). A partir da mudança comportamental de uma sociedade que visa 
somente a prosperidade através da retirada de recursos da natureza, alcançou-
se um novo patamar na evolução do homem, aquele que atinge o nível máximo 
da racionalidade, o homo economicus. Ele se caracteriza pelos desejos do ho-
mem atual, extorquindo tudo que pode do ambiente em que vive. 
O meio deve servir o homem, e não o contrário, seus desejos estão inti-
mamente ligados ao mercado e ele não pensa nas consequências do consumo 
desenfreado (LAYRARGUES, 1997). 
A imposição do mercado se tornou a única forma de vida, uma lei su-
prema. Nesse diapasão, é chamado de externalidades o conjunto de problemas 
que se mostram fora do alcance da compreensão da teoria do processo econô-
mico, são todas as decisões que são tomadas e afetam diretamente quem não 
participou delas. 
Uma economia que usa a tudo e a todos vem conduzindo a humanidade 
para um caminho sem volta, com base nas decisões tomadas pelo mercado, a 
natureza será explorada, de forma que não possa se regenerar, tampouco serão 
tomadas medidas para tal (BROWN, 2013). 
 A consciência ecológica nasceu a partir das externalidades da econo-
mia, foi analisando esses processos que Leff (2013) leciona que devido ao con-
sumo excessivo foi preciso mudar de hábitos e mudar o mercado. Para a econo-
mia, a natureza sempre foi vista como um reino de abundância, no momento em 
que isso passou a ser desconstruído os papeis se inverteram, não mais a natu-
reza devia servir o homem, mas o homem deve tentar preservar o meio em que 
vive sem deixar que o mercado e as formas de desenvolvimento influenciem sua 
preservação. 
 
27 
A solução para criar a consciência ecológica é construir outra economia, 
uma vez que todas as ciências evoluem, é possível utilizar novos métodos para 
mudar o sistema econômico. O autor Enrique Leff (2013) propõe uma transição 
para a sustentabilidade baseada no equilíbrio entre o meio ambiente, a produti-
vidade e a organização econômica, compreendendo que a sustentabilidade se 
reverterá em vida humana visto que os indivíduos somente continuaram a viver 
nesse planeta com a ajuda do meio ambiente. 
Ademais, existem dois tipos de economias sustentáveis, a economia am-
biental, que pretende modificar as formas como o mercado acontece e engloba 
os bens e serviços ambientais no conceito de capital natural, e a economia eco-
lógica que serve para se ajustar as leis da termodinâmica e os ciclos ecológicos, 
abrindo-se para relações com outros sistemas. 
Observa-se que atualmente a economia possui dificuldades em criar no-
vas técnicas para o futuro, é importante criar um novo paradigma, onde uma 
economia global ecologizada consiga criar outro meio de desenvolvimento, ba-
seado em uma pluralidade de economias locais e sustentáveis. 
O que se percebe é que investir na natureza é perder o dinheiro que 
poderia ser investido em mais “desenvolvimento”. Ou seja, sem pensar no futuro, 
a indústria do desenvolvimento somente visa a evolução contemporânea, porém, 
os Estados ainda estarão aqui nos próximos trinta anos, resta saber se a natu-
reza vai estar também e quais as condições de vida que vão ser proporcionadas 
para a sociedade sem esse bem essencial (CORTEZ, 2007). 
Sabe-se que com o avanço da degradação do ambiente, muitos mitos 
vieram à tona, como por exemplo, o fato do homem ser tido como a figura mais 
importante do ecossistema, estando acima de todas as criaturas. A economia 
cresceu e tomou proporções desmedidas, os primeiros economistas a ver a re-
lação da economia com a destruição da natureza criaram propostas de economia 
zero. O alerta acontece quando achamos que podemos, de uma hora pra outra, 
acabar com a economia e com tudo que fizemos e conhecemos até hoje e que 
 
28 
vem destruindo a natureza, é preciso um passo de cada vez, a generalização 
torna-se tão destrutiva quanto a evolução da economia (MOTA, 2001). 
A pulsão de ter, controlar e acumular, é reflexo de uma subjetividade que 
se constituiu a partir da estrutura econômica e da racionalidade moderna. Des-
construir a economia insustentável significa questionar o pensamento, a ciência, 
o próprio modo de agir da sociedade, não é possível manter uma economia em 
crescimento que se alimenta de uma natureza finita, a exemplo disso o uso do 
petróleo e do carvão que são transformados em combustível para a indústria e 
para os transportes, gerando o dióxido de carbono, principal gás causador do 
efeito estufa e pelo aquecimento global (CORTEZ, 2007). José Veiga (2014) co-
loca que desconstruir não se trata de parar a máquina capitalista, nem de ecolo-
gizar a economia, ou moderar o consumo, o que se deve fazer é desconstruir as 
razões que nos levam a maltratar o meio ambiente. 
Deve-se legitimar outros princípios, outros valores de potenciais econô-
micos, elaborar outros pensamentos estratégicos e programas políticos, para 
que então possamos dissipar a racionalidade econômica e criar a racionalidade 
ambiental, tornando natural as atitudes sustentáveis. A desconstrução é um pro-
cesso complexo,vale ressaltar que ela não funciona no método de sustentabili-
dade sozinha, é preciso descontruir o modelo de mercado atual e reconstruir. 
Por muitas vezes Veiga (2014) explana de forma brilhante que o pro-
cesso entrópico, no que tange a economia e o meio ambiente sustentável, ori-
gina-se da termodinâmica, medindo a desordem de um sistema, de forma aná-
loga, a desordem do sistema capitalista reflete na destruição do meio ambiente. 
A privatização é mencionada por Leff (2013), não como meio de prote-
ção do meio ambiente, mas sim, como um meio de poder usufruir dele de forma 
“legal” uma vez que pertence a alguém. Bens e serviços que antes eram tidos 
como eternos estão sendo submetidos a estratégias de privatização e apropria-
ção capitalista, como a água, florestas, biodiversidade, etc. A submissão da na-
tureza livre em detrimento do modelo de mercado propicia que ela possa ser 
explorada de forma mascarada, com o instituto da privatização, utilizando-se de 
 
29 
argumentos de proteção ambiental, muitas empresas e indústrias conseguem 
explorar o ambiente natural sem que realmente haja preocupação em sua ma-
nutenção. 
A supereconomização também coloca a água em perigo, o uso irracional 
e o desperdício desse elemento o levaram a escassez. Hoje, a poluição e a falta 
de água também são problemas significativos, tal qual o aquecimento global. 
Estima-se que atualmente quarenta por cento da população mundial têm proble-
mas com a falta de água , mesmo que esse recurso seja um dos mais abundan-
tes do planeta. 
É quase que um clichê mencionar que a água é fonte de vida, e que está 
presente em tudo que vemos, mais do que isso, a água pode ser considerada 
um direito humano, possuir água para a vivência é exercer seu papel como ser 
humano, que necessita de recursos para tornar a vida viável (ANGELO, 2014). 
Além de problemas com a produção de alimentos, visto que todos os 
alimentos necessitam de água para seu desenvolvimento, a água faz falta no 
momento em que o saneamento básico é esquecido. 
Pessoas vivendo sob condições inóspitas, sem o mínimo de cuidados 
básicos e acarretando doenças por falta desse elemento já são realidade mun-
dial. A falta da água é notada no momento em que não podemos mais agir, deve-
se utilizar de medidas protetivas e não suplementares no que tange os elemen-
tos da natureza. 
Novamente, vê-se que a preservação do ambiente é imprescindível para 
que não ocorram irregularidades com a vida humana em prol do desenvolvi-
mento (CORTEZ, 2007). 
O consumo da água duplica a cada vinte anos, ou seja, quanto mais o 
mundo é governado pela economia, mais água se gasta, isso porque a globali-
zação destrói o sistema de regeneração da natureza. 
 
30 
A crise da água é real e estima-se que 1,3 bilhão de pessoas no mundo 
não tem acesso a água e que 2,5 bilhões não possuem sistema de saneamento 
básico, atualmente, trinta e um países sofrem de escassez de água, sendo as-
sim, o mundo se divide em regiões ricas e pobres. 
Vale ressaltar que um dos objetivos de desenvolvimento do milênio é 
reduzir pela metade o número de pessoas que não possuem água potável e de 
qualidade, fato esse que não se concretizará se o meio ambiente também não 
virar prioridade (MOTA, 2001). 
Nesse sentido, foram criados debates como o Centro de Saberes e Cui-
dados Socioambientais da Bacia do Prata , um projeto que conjuga ações go-
vernamentais integrando Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, gerando 
cinco eixos. 
A água como tema gerador e articulador, que trata da importância da 
água como elemento vital para a humanidade e para a sustentabilidade, sendo 
a crise da água uma crise de vida da diversidade biológica e das condições de 
existência humana no planeta; a bacia como território operacional no que tange 
as bacias hidrográficas, visto que elas ligam territórios, agregam culturas que se 
misturam e a vida próxima a esses locais depende das águas (CORTEZ, 2007). 
O pensamento ambiental como quadro conceitual da ação também é um 
eixo, esse novo pensamento é a porta para a sustentabilidade, o saber ambiental 
está nascendo na gestão pública, em projetos comunitários, programas educati-
vos e na forma de ensino. 
O pensamento atual deve ser modificado para que exista a sustentabili-
dade, é preciso proporcionar o conhecimento e colocar em prática ações não só 
para as gerações atuais como para as futuras. A educação ambiental como mo-
bilizador social discorre sobre o manejo do meio ambiente, saber lidar com a 
natureza e decidir o que fazer com ela não cabe somente ao governo, mas sim 
 
31 
a toda sociedade, para isso é preciso explanar sobre a educação ambiental glo-
balizada, para que seja possível gerar uma consciência ambiental intrínseca no 
ser humano (GRANZIERA, 2015). 
Quando se trata da construção coletiva de conhecimentos, ação e orga-
nização, novamente o tema da racionalidade ambiental vem à tona, esse eixo 
completa os demais, visto que com conhecimento, ações e organizações com 
diferentes culturas e diálogos entre países será possível gerar a racionalidade 
ambiental, a partir da construção coletiva. 
O tema das mudanças climáticas teve que chegar até convenções e fó-
runs globais para que o planeta percebesse que isso realmente existia, no fim 
da década de 1960 houve pela primeira vez uma tomada de consciência ambi-
ental, daí pra cá, não mudou muita coisa, mas o início da discussão é necessário 
para que se começasse a pensar nos prejuízos que a humanidade vem cau-
sando ao meio ambiente (GRANZIERA, 2015). 
A educação ambiental é o meio pelo qual a geração atual e as futuras 
irão poder cuidar do meio ambiente, para isso, ainda é preciso salvar o que resta 
da natureza. A educação ambiental baseia-se na formação de conhecimentos, 
construção de valores sociais e atitudes que realmente façam diferença na luta 
pela degradação do meio ambiente. 
É imperioso lembrar que o meio ambiente é um bem de uso comum do 
povo, sendo assim, cuidar de tal meio é vital para a manutenção da vida na Terra. 
Entende-se que a educação ambiental é um aprendizado como qualquer outro, 
tal processo deve ser preconizado na sociedade por meio da escola, da comu-
nidade e dos meios de comunicação (BROWN, 2013). 
Por muito tempo desmatamentos, incêndios florestais e a poluição at-
mosférica foram tidos como desastres naturais, hoje em dia, os resultados dos 
processos de industrialização foram relatados a sociedade e por meio de “Uma 
Verdade Inconveniente”5 tomamos consciência de que realmente é necessário 
 
32 
a mudança, após mais ou menos cinquenta anos do primeiro surto de destruição 
ambiental. 
Aos poucos, governantes pedem auxílio na corrida contra o tempo para 
implementar uma vida sustentável ao povo, nesse sentido, percebe-se que a 
concepção atual está mudando aos poucos, já existe quem esteja preocupado 
com a situação em que o meio ambiente se encontra e disposto a fazer algo para 
mudar (BROWN, 2013). 
O fato que se deve enfrentar é que a crise ecológica é um risco para a 
população e gera pobreza, para isso, nada mais correto que investir em educa-
ção ambiental. Apesar de buscar o desenvolvimento, somente quem já encontra-
se em estado de desenvolvimento avançado é que continua a crescer, as popu-
lações carentes e que necessitam de ajuda mundial não recebem auxílio, e as-
sim, continuam a margem da evolução mundial. 
 A educação ambiental é importante para que se evite que o meio ambi-
ente seja destruído ainda mais, é primordial que esse nível de destruição não 
seja ultrapassado, mas sim, minimizado (GRANZIERA, 2015). Sendo assim, não 
é possível universalizar a luta pela sustentabilidade, é preciso que cada País, 
cada Estado, cada Cidade atue no que considera essencial para a localidade, 
visando à regeneração ambiental. 
Ainda, mais do que a programas governamentais, a sociedade deve ser 
educada de forma que o problemada insustentabilidade tenha fim, e que no 
futuro as gerações seguintes não convivam com o meio ambiente danificado 
como temos vivido. 
Para isso se concretizar é preciso buscar outros resultados com ações 
econômicas e sociais que não seja apenas o desenvolvimento, visto que, na 
atualidade ele é o único resultado que importa e deve ser atingido (BROWN, 
2013). Portanto, mais do que mudar a economia e o meio como a gerimos, é 
preciso educar a população mundial, mudar a consciência que está intrínseca 
na sociedade, deixar parcialmente de lado os fins econômicos e focar no meio 
 
33 
ambiente como bem maior, uma vez que a economia também não teria sucesso 
se a natureza se extinguisse. 
Ou seja, para que haja desenvolvimento é preciso cuidar do meio ambi-
ente que provém os recursos para essa evolução, mesmo que não seja fácil 
mudar todo o conceito econômico, não será mais viável utilizar-se da natureza 
sem uma postura conservacionista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
REFERÊNCIAS 
 
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MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 8. ed. Editora Revista dos Tribunais. 
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