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assim, 
uma África imaginada apenas aos portugueses, 
mas irreconhecível às diferentes realidades afri-
canas, sobretudo nos ambientes de exploração. 
Por isso, a seguir, outros discursos do período 
serão analisados, inicialmente a partir de algumas 
publicações na imprensa.
Quantas são as referências culturais que conhecemos 
que nos apresentam o continente africano (ou mesmo 
o Brasil) de forma essencialista e com um teor precon-
ceituoso? Uma sugestão de exercício: faça um pequeno 
levantamento de textos literários que ambientam essas 
visões. Serão muitos? Existem ainda textos contempo-
râneos que trazem esses preconceitos?
Para aprofundar a discussão: leia o trecho de uma re-
portagem sobre a polêmica do livro infantil Bichinhos da 
Selva, da autora brasileira Beatriz Odriozola, publicado em 
2003. Na discussão, reflete-se sobre a conduta racista 
no livro, comparando os negros a animais. Você pode ler 
a matéria, além da discussão, na tese de Nancy Helena 
Rebouças Franco, da Universidade Federal da Bahia, 
2008, p. 207-210. Disponível em: https://repositorio.
ufba.br/ri/bitstream/ri/11019/1/Nanci%20Franco.pdf.
REFLITA
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/11019/1/Nanci%20Franco.pdf
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/11019/1/Nanci%20Franco.pdf
10
PRIMEIRAS DÉCADAS DO 
SÉCULO 20 E OS TEXTOS 
“PROTONACIONALISTAS”
As primeiras produções discursivas na impren-
sa africana de língua portuguesa iniciaram um 
processo que abalou as estratégias portuguesas 
ultramarinas. Para Wole Soyinka (2010), foram as 
literaturas africanas, publicadas principalmente 
no jornalismo, as mobilizadoras da imaginação 
literária contra o colonialismo (SOYINKA, 2010, 
pp. 651-652).
Em 1891, a primeira gráfica foi fundada em Luanda, 
capital de Angola, iniciando, assim, o jornalismo 
de luta pela defesa da causa dos africanos, que 
se intensificou ao longo do século 20 (SOYINKA, 
2010, p. 652).
As críticas Tânia Macedo e Vera Maquêa (2007) 
afirmam que o jornal era “espaço privilegiado de 
divulgação dos textos” (MACEDO; MAQUÊA, 2007, 
p. 14). Dessa forma, a imprensa teve um papel 
fundamental no que Mário Pinto de Andrade (crí-
tico literário, fundador e primeiro presidente do 
Movimento Pela Libertação de Angola – MPLA 
– grupo de resistência contra o colonialismo e 
que se tornou governo após a independência) vai 
chamar de “protonacionalismo” (ANDRADE, 1997, 
11
p. 75), o início das manifestações protestatórias 
quanto à colonização. Para Andrade, o início do 
protonacionalismo se dá a partir de 1911, com a 
publicação do jornal O negro (ANDRADE, 1997).
Em Angola, o estilo característico da chamada 
“prosa polêmica” (ANDRADE, 1997, p. 50) surge 
no início do século 20, com os artigos de Voz 
de Angola clamando no deserto (1901), como 
resposta aos conteúdos racistas publicados no 
jornal Gazeta de Loanda. Mário Pinto de Andrade 
afirma que esses textos marcam o nascimento 
da consciência nativista no território (ANDRADE, 
1997, p. 53).
Em Cabo Verde, também é possível encontrar 
periódicos, ainda que a imprensa seja mais forte 
em Angola. O jornal Independente, de 1877, já 
trazia algumas reivindicações autônomas. Toda-
via, apenas a partir do século 20 um espírito mais 
“republicano” é perceptível (ANDRADE, 1997, p. 42), 
como no jornal A Alvorada, de 1902, trazendo os 
primeiros textos de um dos fundadores da literatura 
cabo-verdiana, o escritor Eugénio Tavares.
Quanto a Moçambique, a tipografia chega em 1854. 
Para o crítico Valdemir Zamparoni (1998):
12
“Esta burguesia local, intermediária do tráfico e 
pilhagem mercantil é, amiúde, filha da terra, mas 
os seus ideais desenvolvem-se na esteira dos que 
acompanham o crescimento do sistema imperialista 
e colonialista português. Quando os seus interes-
ses locais ou de acumulação e investimento são 
obstruídos pela ação colonial, desenvolve ideias 
independentistas, embora sem a perspectiva da 
Nação Moçambicana (ZAMPARONI, 1998, p.74).”
Nesse ambiente, os irmãos João e José Albasini 
foram os pioneiros na imprensa moçambicana 
de negros e mestiços, juntamente com Estácio 
Bernardo Dias, pelas publicações de dois dos mais 
importantes periódicos, O Africano (1908-1918) e 
O Brado Africano (1918-1974), escritos em portu-
guês e em ronga, além de algumas publicações 
em inglês e zulu (SOUZA, 2019).
Os dois jornais denunciavam principalmente quatro 
abusos crônicos do período: o chibalo (trabalho 
forcado), as más condições de trabalho dos afri-
canos livres, o tratamento preferencial dado aos 
imigrantes brancos e a falta de possibilidades de 
educação (DAVIDSON; ISAACMAN; PÉLISSIER, 
2010, p. 829).
13
Figura 1: Capa do jornal O Brado Africano.
Fonte: www.cecult.ifch.unicamp.br.
O Brado Africano surgiu em 1918, como um im-
portante jornal que atravessou décadas, possibi-
litando a visibilidade de intelectuais e escritores 
fundamentais às histórias dos países africanos de 
língua portuguesa, até o ano de 1974, com o seu 
fim. Há muitos textos teóricos que tratam desse 
importante periódico, mas, infelizmente, poucas 
pesquisas são feitas na área literária.
https://www.cecult.ifch.unicamp.br/noticias/jornais-africanos-1800-1922-disponiveis-site-sistema-bibliotecas-unicamp
14
Você pode encontrar alguns volumes do jornal O Brado 
Africano no Brasil, na biblioteca do Instituto de Filosofia e 
Ciências Humanas da Unicamp, em Campinas. Também, 
há alguns volumes na Biblioteca Nacional, em Lisboa. 
Contudo, é possível encontrar todo o jornal apenas em 
Moçambique.
Agora, vamos propor a você um pequeno exercício. 
Abaixo, segue o excerto de um trecho da crônica 
do jornalista e editor José Albasini, publicada no 
O Brado Africano, em 1934. Albasini viajou por 
diversos lugares de Moçambique à procura da 
cura para a sua doença, a tuberculose. Naquele 
período, a tuberculose afetava grande parte do 
continente africano, bem como outros continentes, 
e muitos foram aqueles que morreram em razão 
dessa moléstia. Em Moçambique, o sincretismo 
religioso favorecia, além das recomendações 
medicinais conhecidas, o tratamento através da 
medicina tradicional. Logo, José Albasini passou 
a percorrer Moçambique para entrar em contato 
com essas terapias, e acabou encontrando o ver-
dadeiro território moçambicano, observando suas 
diferenças (SOUZA, 2018). Em uma dessas viagens, 
o jornalista discute uma situação com trabalhadores 
rurais quanto ao “imposto da palhota”, obrigatório 
a todos naquele período. Observe o excerto e 
SAIBA MAIS
15
aponte quais as perspectivas protonacionalistas 
que podem sem encontradas no discurso:
“Cheguei a Manhiça às 13 horas e fui logo dolo-
rosamente impressionado, com uma leva de presos 
por dividas do imposto da palhota. Contei 50, na sua 
maioria velhas de mais de 60 anos; as desgraçadas 
estão ali por um crime que não cometeram porque, 
todos sabem, o imposto é pago pelos homens. 
Não sei quem foi o Torquemada que inventou 
aquela tortura, a que não faço mais referencias por 
motivos que todos devem compreender […]. Oxalá 
alguém acabe este sistema, impróprio do século 
que atravessamos (ALBASINI, 1934 apud SOUZA, 
2020, p. 28).”
1616
QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS 
E OS MOVIMENTOS DE 
RESISTÊNCIA
Os movimentos de resistência ao colonialismo 
português se iniciaram, segundo Andrade (1970), 
a partir da década de 1940, haja vista as primeiras 
insurgências nos territórios africanos, bem como 
os surgimentos de textos com conteúdos mais 
explicitamente marcados pelas ideologias de 
libertação nacional.
Para compreender melhor essas ações, contudo, é 
preciso saber que Portugal, naquele período, vivia 
o Estado Novo (1933-1974), uma ditadura que cer-
ceava direitos dentro e fora de seu território, com 
o comando de Antônio Oliveira Salazar. Surgiam, 
portanto, alguns grupos de resistência dentro e 
fora do país, alguns deles formados por estudantes 
africanos em Portugal, como veremos.
No âmbito macro, a luta pelas independências no 
continente africano seguia a todo o vapor. Inú-
meros foramos territórios que as conquistaram, 
como resultado de movimentos anticolonialistas 
formados, principalmente, pelas ideologias da 
negritude e do pan-africanismo, fundamentais 
para as questões étnico-raciais. Mas o que eram 
esses movimentos?
1717
O pan-africanismo, segundo Eduardo Mondlane 
(líder do grupo de resistência Frente de Libertação 
de Moçambique – FRELIMO – e primeiro presiden-
te do país), foi um movimento político-cultural do 
início do século 20 que teve como proposta uma 
“unidade entre todos os povos negros oprimidos 
do mundo” (MONDALANE, 1975, p. 112).
O crítico Yves Benot (1981), porém, aponta que 
as ideias pan-africanistas foram elaboradas fora 
da África, nas Américas (BENOT, 1981, p. 195), a 
partir da I Conferência Pan-Africanista, em 1900, 
na cidade de Londres, e do I Congresso Pan-a-
fricano, em Paris, em 1919. O pan-africanismo 
teve palco, principalmente, nos Estados Unidos, 
por conta dos movimentos de resistência que se 
iniciaram nas primeiras décadas do século 20 no 
bairro do Harlem, em Nova Iorque, mas que logo 
se disseminaram por vários países. A participação 
de artistas foi fundamental para a disseminação 
de suas ideias, a exemplo da poesia do escritor 
Langston Hughes.
Quanto à negritude, esse foi um movimento mais 
relacionado à produção literária em língua fran-
cesa, a partir de intelectuais africanos que viviam 
nas colônias francesas, a exemplo do martinicano 
Aimé Cesáire e do senegalês Leopold Senghor. O 
teórico Kabenguele Munanga, no estudo sobre a 
1818
negritude, afirma que houve duas interpretações 
sobre o movimento:
“A primeira chama a si, em função da desco-
berta do passado africano anterior à colonização, 
a perenidade de estruturas do pensamento e uma 
explicação do mundo, almejando um retorno às 
origens para revitalizar a realidade africana, pertur-
bada pela intervenção ocidental. A segunda propõe 
esquemas de ação, um modo de ser negro, impondo 
uma negritude agressiva ao branco, resposta a si-
tuações históricas, psicológicas e outras, comuns 
a todos os negros colonizados (MUNANGA, 1986, 
pp. 50-51).”
Ambos os movimentos foram compreendidos 
enquanto atitudes utópicas e pouco efetivas 
quanto às realidades dos negros que viviam no 
continente africano e nas diásporas. Assim, a ideia 
de solidariedade entre esses povos, fundamental 
discussão, foi questionada enquanto uma união 
artificial, visto as diferenças entre os povos e suas 
realidades. A partir de estudos mais recentes, po-
rém, há um reconhecimento de suas importâncias, 
fundamentais, inclusive, para a construção dos 
nacionalismos nos territórios africanos.
Após essa breve explicação sobre esses dois mo-
vimentos, podemos compreender melhor como 
funcionou a inicial construção do nacionalismo 
1919
nos territórios africanos de língua portuguesa, visto 
que os intelectuais dos cinco países que estamos 
estudando formaram alguns grupos de resistência 
que também se basearam nesses preceitos de 
liberdade e união entre os povos negros do mun-
do. Isto foi uma força motriz para a produção da 
luta anticolonial que desencadeou nas Guerras de 
Libertação Nacional, na década de 1950, como 
também para a própria construção discursiva, 
principalmente no campo da poesia, como você 
verá a seguir.
Conheça um pouco mais sobre o pan-africanismo e 
seus principais ideólogos em: https://super.abril.com.
br/historia/africa-para-os-africanos/.
Ouça o podcast sobre o filósofo e psiquiatra martinicano 
Frantz Fanon, um dos principais nomes da luta anticolonial 
no século 20, e as relações entre suas ideias e o nosso 
contexto brasileiro de racismo estrutural. Link disponí-
vel em: https://www.brasildefato.com.br/2018/05/15/
obra-de-frantz-fanon-traca-paralelo-entre-colonialismo-
-e-intervencao-militar-no-rio.
SAIBA MAIS
https://super.abril.com.br/historia/africa-para-os-africanos/
https://super.abril.com.br/historia/africa-para-os-africanos/
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/15/obra-de-frantz-fanon-traca-paralelo-entre-colonialismo-e-intervencao-militar-no-rio
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/15/obra-de-frantz-fanon-traca-paralelo-entre-colonialismo-e-intervencao-militar-no-rio
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/15/obra-de-frantz-fanon-traca-paralelo-entre-colonialismo-e-intervencao-militar-no-rio
20
AS LITERATURAS 
NOS MOVIMENTOS 
REVOLUCIONÁRIOS
Como trouxe Mário Pinto de Andrade, as primeiras 
décadas do século 20 já traziam perspectivas que 
feriam a condição colonial imposta por Portugal, 
através de textos como dos irmãos Albasini, mas 
não explicitavam, de fato, uma visão libertária para 
os territórios africanos, questionando apenas as 
condições impostas pela metrópole.
Esses discursos mudarão a partir da década de 
1940, quando as políticas coloniais se tornam 
mais acirradas com a ditadura salazarista. Além 
disso, a pressão estrangeira sobre Portugal, que 
ainda mantinha as suas colônias, era grande, num 
momento em que os outros países já questionavam 
a manutenção das mesmas. Por fim, a mudança 
se fez devido aos grupos de africanos que entra-
vam em contato com todas essas discussões, nos 
espaços de diáspora, levando a seus países essas 
perspectivas.
A resistência dos movimentos revolucionários 
se iniciou nesse período. Grande parte desses 
grupos era composto por estudantes que viviam 
em Portugal, no Brasil, na França ou em outros 
países. Em 1944, em Lisboa e em Coimbra, foi 
21
criado pelo governo português um espaço de 
acolhimento aos estudantes que chegavam ao 
país, a Casa dos Estudantes do Império (CEI). O 
que, inicialmente, seria apenas um lugar para a 
recepção e cooperação mínima a esses jovens, 
além de uma estratégia para a disseminação dos 
ideais portugueses, logo se tornou um símbolo de 
resistência ao próprio colonialismo, até o ano de 
1965, quando foi fechada pelo governo.
Grandes figuras da construção do Nacionalis-
mo Africano passaram por lá, como Agostinho 
Neto, dirigente do grupo de resistência angolano 
Movimento Pela Libertação de Angola (MPLA), e 
primeiro Presidente do país liberto; Amílcar Cabral, 
guineense e um dos principais nomes da luta an-
ticolonial no continente africano, e tantos outros. 
Alguns deles, além de estudantes e intelectuais, 
eram também escritores. E, dessas experiências 
artísticas, os materiais produzidos pela CEI foram 
fundamentais documentos que contribuíram para a 
disseminação de uma literatura com engajamento 
político, contrária ao colonialismo.
22
Figura 2: Capa da Revista Mensagem, abril de 1963.
Fonte: casacomum.org.
Publicado pela primeira vez em 1948, o boletim 
Mensagem foi uma das mais importantes produções 
discursivas da CEI. Nele, além de ensaios com críticas 
sobre os problemas do colonialismo, trazendo as no-
vas ideias com as quais esses estudantes entravam 
em contato, em diálogo com os movimentos pan-a-
http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=11124.001.008
23
fricanistas e da negritude, bem como as construções 
dos nacionalismos em outros territórios africanos, 
também houve espaço para o texto literário.
Muitos foram os estudantes que publicaram textos 
em prosa e, sobretudo, poemas nos materiais da 
CEI. Alguns deles seriam importantes figuras para 
a construção da própria historiografia literária de 
seus países, como a sãotomense Alda do Espírito 
Santo, os angolanos Luandino Vieira e Alda Lara, os 
moçambicanos Noémia de Sousa e José Craveiri-
nha, o guineense Amílcar Cabral, o cabo-verdiano 
Agnaldo Fonseca etc.
Além do boletim Mensagem, outros foram os mate-
riais publicados pela CEI, como a revista Meridiano 
(1949), com os mesmos propósitos do primeiro 
material. Todavia, a revista Mensagem é o material 
mais estudado pela crítica, por trazer uma diversidade 
de questões e discursos políticos que espelham o 
momento político de contestação e o início de luta 
anticolonial nos espaços de língua portuguesa.
Quanto às produções nos territórios africanos de 
língua portuguesa, a revista de arte e letras Clari-
dade foi fundamentalespaço para a disseminação 
dessas novas ideias, com grande parte dos artistas 
da época inseridos no projeto. A revista teve a sua 
primeira publicação em 1936, contando com novos 
números até o ano de 1966, e com importantes 
24
nomes do cenário literário, como Baltasar Lopes 
da Silva, Manuel Lopes e Jorge Barbosa. Como 
proposta, as inovações colocadas tinham relação 
com a importância da alfabetização nos territórios 
africanos, a condição dos trabalhadores, a impor-
tância da preservação da língua crioula, além da 
procura por uma identidade cabo-verdiana, em 
contraponto à posição colonial imposta.
Figura 3: Capa da revista Claridade. 
Fonte: claridade.org.
http://claridade.org/temas/claridade/
25
Portanto, é possível afirmar que as literaturas afri-
canas de língua portuguesa nasceram na imprensa, 
principalmente através dessas publicações cole-
tivas. Fundamentais para a disseminação dessas 
novas ideias, além dos primeiros discursos que 
particularizaram as vivências africanas, esses 
materiais marcam o período da construção do 
nacionalismo nesses territórios.
Acesse o site da Fundação Mário Soares para conhecer 
um pouco mais desses materiais. Disponível em: http://
casacomum.org/cc/arquivos.
Assista à reportagem sobre a Casa dos Estudantes 
do Império. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=8Y555udzX40.
Baixe o e-book literaturas cabo-verdianas: leituras 
universitárias, com diversos textos que discutem a 
revista Claridade. Disponível em: http://www.unemat.
br/reitoria/editora/downloads/eletronico/ebook_lite-
ratura_cabo_verdiana.pdf.
SAIBA MAIS
http://casacomum.org/cc/arquivos
http://casacomum.org/cc/arquivos
https://www.youtube.com/watch?v=8Y555udzX40
https://www.youtube.com/watch?v=8Y555udzX40
http://www.unemat.br/reitoria/editora/downloads/eletronico/ebook_literatura_cabo_verdiana.pdf
http://www.unemat.br/reitoria/editora/downloads/eletronico/ebook_literatura_cabo_verdiana.pdf
http://www.unemat.br/reitoria/editora/downloads/eletronico/ebook_literatura_cabo_verdiana.pdf
2626
A POESIA COMO LUGAR 
DAS UTOPIAS NACIONAIS
A poesia foi o campo literário privilegiado para a 
propagação da consciência anticolonial e da luta 
pela libertação dos territórios africanos de língua 
portuguesa. Houve alguns teóricos e militantes, 
como Eduardo Mondlane, que criticaram o posicio-
namento dos intelectuais que escreviam, dizendo 
que eles não faziam parte dos movimentos de 
libertação de fato, mas apenas usavam as letras 
como armas (MONDLANE, 1975). Certamente, 
naquele período os debates eram acalorados.
Contudo, atualmente se considera a literatura 
como uma das principais “armas” de luta, já que 
as ideias desses escritores se disseminaram não 
apenas em seus territórios africanos, como tam-
bém em outros espaços de diáspora, contribuindo 
para os movimentos nacionais. Além disso, alguns 
desses intelectuais fizeram parte tanto das lutas 
de libertação como dos primeiros agenciamentos 
independentes. O escritor Agostinho Neto, por 
exemplo, tornou-se o primeiro Presidente de Angola; 
a escritora Alda do Espírito Santo fez parte do pri-
meiro grupo de militantes de São Tomé e Príncipe, 
criando, inclusive, a letra do hino nacional do país.
2727
O texto poético se protagonizava não por acaso. 
Como grande parte das publicações eram coletivas, 
devido à dificultosa publicação pelo custo, além 
de muitos espaços africanos não terem gráficas, 
a poesia ocupava centralidade e poucas eram as 
obras em prosa publicadas, como os romances.
Inseridas, portanto, nas revistas da CEI e na revista 
Claridade, grande parte da produção poética dos 
escritores dos cinco países foi salvaguardada. É 
possível, por exemplo, encontrar textos que apre-
sentam ao leitor uma visão de união coletiva entre 
os povos negros para a construção das lutas de 
libertação, ao longo de todo o território africano, 
como no poema Presença, de Agostinho Neto:
O oceano separou-se de mim
enquanto me fui esquecendo nos séculos
e eis-me presente
reunindo em mim o espaço
condensando o tempo
Na minha história
existe o paradoxo do homem disperso
Enquanto o sorriso brilhava
no canto de dor
e as mãos construíam mundos maravilhosos
John foi linchado
o irmão chicoteado nas costas nuas
2828
a mulher amordaçada
e o filho continuou ignorante
E do drama intenso
duma vida imensa e útil
resultou certeza
As minhas mãos colocaram pedras
nos alicerceres do mundo
mereço o meu pedaço de pão
1949
(NETO, 1982, p. 68)
Nesse belo poema do escritor angolano, é possível 
observar alguns traços discursivos que dialogam com 
os movimentos da negritude e do pan-africanismo. 
Nele, o eu-lírico descortina a tragédia do homem 
negro pelo mundo, resultado dos processos colo-
niais de escravização. Contudo, essas dolorosas 
experiências trouxeram uma “certeza”, a de que, 
se o mundo fora construído pelos braços, suores 
e sangue negro, é preciso que o próprio mundo 
repare essa dívida histórica. Logo, o eu-lírico dei-
xa de lado a história contada para se colocar na 
própria narrativa: “mereço o meu pedaço de pão”.
2929
Figura 4: Fotografia de Agostinho Neto.
Fonte: Wikipedia.
Outra novidade foi a presença da literatura de 
autoria feminina, escassa até aquele momento 
devido a diversos fatores, tais como a cultura pa-
triarcal portuguesa, que impossibilitava à mulher 
o estudo, bem como os espaços públicos, além de 
algumas culturas tradicionais que também eram 
construídas a partir de divisões de gênero que 
cerceavam a mulher.
3030
Um pequeno grupo de mulheres assim se destacou, 
a exemplo das escritoras Alda do Espírito Santo, 
Alda Lara e Noémia de Sousa. É preciso compre-
ender, contudo, que essas mulheres eram exceção 
no período, vivendo em Portugal e realizando seus 
estudos acadêmicos em outros países, o que não 
representava a grande maioria de mulheres africa-
nas nesses territórios.
Noémia de Sousa talvez seja a escritora que hoje 
tenha maior visibilidade, haja vista sua poesia 
dialogar com os movimentos anticoloniais não 
apenas dos territórios africanos, bem como com 
as situações dos negros nos espaços de diáspo-
ra. Nesse âmbito, vamos propor a você mais um 
exercício reflexivo:
Analise o poema Deixa passar o meu povo (SOUSA, 
2016, pp. 48-50), tentando compreender o diálogo 
que Noémia estabelece com os espaços para além 
de Moçambique. Além disso, perceba os elemen-
tos do texto que apresentam uma perspectiva de 
união coletiva entre todos os negros do globo, 
característica que dialoga com os movimentos 
pan-africanistas e da negritude.
Deixa passar o meu povo
Noite morna de Moçambique
E seus longínquos de marimbas chegam até mim
– certos e constantes –
3131
Vindos não sei eu donde.
Em minha casa de madeira e zinco,
Abro e deixo-me embalar...
Mas as vozes da América remexem-se a alma e os 
nervos.
E Robeson e Marian canta para mim
Spirituals negros do Harlém.
“Let my people go”
– oh deixa passar o meu povo,
Deixa passar o meu povo! –
Dizem.
E eu abro os olhos e já não posso mais dormir.
Dentro de mim, soam-me Anderson e Paul
E não são doces vozes de embalo.
“Let my people go”!
Nervosamente,
Eu sento à mesa e escrevo...
Dentro de mim,
Deixa passar o meu povo,
“oh let my people go...”
E já não mais sou um instrumento
Do meu sangue em turbilhão
Com Marian me ajudando
Com sua voz profunda – minha irmã!
Escrevo...
Em minha mesa vultos familiares vêm se debruçar.
3232
Minha mãe de mãos rudes e rosto cansado
E revoltas, dores e humilhações,
Tatuando do negro o virgem papel branco.
E Paulo, que não conheço,
Mas é do mesmo sangue e da mesma seiva amada 
de Moçambique,
E misérias, janelas gradeadas, adeuses de magaíças*,
Algodoais, o meu inesquecível companheiro branco
E Zé – meu irmão – e Saúl,
E tu, Amigo de doce olhar azul,
Pegando na minha mão e me obrigando a escrever
Com o fel que me vem da revolta.
Todos se vêm debruçar sobre o meu ombro,
Enquanto escrevo, noite adiante,
Com Marian e Robeson vigiando pelo olho luminoso 
do rádio– “let my people go
Oh let my people go!”
E enquanto me vierem do Harlém
Vozes de lamentação
E meus vultos familiares me visitarem
Em longas noites de insónia,
Não poderei deixar de embalar-me pela música fútil
Das valsas de Strauss.
Escreverei, escreverei,
Com Robeson e Marian gritando comigo:
3333
Let my people go,
OH DEIXA PASSAR O MEU POVO!
25-01-1950
(SOUSA, 2016, p.48-51)
*Magaíças: homens moçambicanos que iam para 
a África de Sul trabalhar nas mineradoras, deixando 
mulheres e filhos em território nacional. Muitos 
foram os que não voltaram, outros, que consegui-
ram, não fizeram fortuna.
Figura 5: Fotografia de Noémia de Sousa.
Fonte: www.escritas.org.
https://www.escritas.org/pt/bio/noemia-de-sousa
3434
Ouça o hino nacional de São Tomé e Príncipe criado pela 
escritora Alda do Espírito Santo. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=4s_lr1Gpxyw.
Ouça a música do cantor americano Paul Robeson “Go 
down moses” que dialoga com o poema de Noémia de 
Sousa. Link disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=w3OjHIhLCDs.
SAIBA MAIS
https://www.youtube.com/watch?v=4s_lr1Gpxyw
https://www.youtube.com/watch?v=4s_lr1Gpxyw
https://www.youtube.com/watch?v=w3OjHIhLCDs
https://www.youtube.com/watch?v=w3OjHIhLCDs
35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste e-book você entrou em contato com as 
primeiras manifestações em que se inserem 
as literaturas africanas de língua portuguesa, 
observando a importância dos movimentos de 
resistência para a construção da historiografia 
literária nesses territórios. Você também estudou 
o papel da imprensa como promotora desses 
textos e a importância de revistas e jornais para 
a construção do Nacionalismo Africano. E, ainda, 
pôde conhecer alguns dos principais escritores e 
poemas do período.
Referências Bibliográficas 
& Consultadas
ANDRADE, M. P. de. Origens do nacionalismo 
africano. Lisboa: Dom Quixote, 1997.
CONFORTO, M. O escravo de papel: cotidiano da 
escravidão na literatura do século XIX. Caxias do 
Sul: Educs, 2012. [Biblioteca Virtual].
CONRAD, J. O coração das trevas� Tradução: 
Albino Poli Jr. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2009.
CUTI, L. S. Literatura negro-brasileira� São 
Paulo: Selo Negro, 2010. [Biblioteca Virtual].
DAVIDSON, A. B.; ISSACMAN, A. F.; PÉLISSIER, 
R. Política e nacionalismo nas Áfricas central 
e meridional, 1919-1935. In: História Geral da 
África VII. África sob dominação colonial, 1880-
1935. Brasília: UNESCO, 2010, p.787-832.
FABRINO, A. M. J. História da Literatura 
Universal. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2017. 
[Biblioteca Virtual].
FERREIRA, M. O discurso no percurso africano 
I: contribuição para uma estética africana. 
Amadora: Plátano Editora, 1989.
HALL, G. M. Escravidão e etnias africanas nas 
Américas: restaurando os elos. Petrópolis: 
Vozes, 2017. [Biblioteca Virtual].
LARANJEIRA, P. As literaturas africanas de 
língua portuguesa: identidade e autonomia. 
Scripta, Belo Horizonte, v. 3, n. 6, pp. 237-244, 
2000.
LOPES-FILHO, J.; CARVALHO, A. Almanach Luso-
africano para 1899. Coimbra: Almedina CLEPUL, 
2011.
MACEDO, T.; MAQUÊA, V. Literaturas de Língua 
Portuguesa: marcos e marcas – Moçambique. 
São Paulo: Arte & Ciência, 2007.
MARTINHO, A. M. M. Mulheres escritoras 
na África Lusófona. In: O rosto feminino da 
expansão portuguesa. Actas do Congresso 
Internacional. Cadernos condição feminina. n. 
43. Lisboa: Comissão para a Igualdade e para os 
Direitos das Mulheres, 1995, pp. 259-265.
MONDLANE, E. Lutar por Moçambique. 
Tradução do inglês por: Maria da Graça Forjaz. 
Lisboa: Augusto Sá da Costa, 1975.
NASCIMENTO, E. L. A matriz africana no mundo. 
São Paulo: Selo Negro, 2008. [Biblioteca Virtual].
NETO, A. Sagrada esperança� Renúncia 
impossível� Amanhecer. Luanda: União dos 
Escritores Angolanos, 1982.
PETTER, M. Introdução à Linguística Africana. 
São Paulo: Contexto, 2015. [Biblioteca Virtual].
RIBEIRO, M. C. Uma história de regressos: 
Império, Guerra Colonial e Pós-Colonialismo. 
Porto: Edições Afrontamento, 2004.
SOUZA, L. da S. L. À procura de Moçambique: 
José Albasini e o corpus de um tuberculoso. In: 
Mulemba, Rio de Janeiro, v. 11, n. 20, p.49-61, 
2019.
SOUZA, L. da S. L. Utopias no universo 
distópico: a escrita de autoria feminina em 
Moçambique. 2020. Tese (Doutorado em 
Estudos Comparados de Literaturas de Língua 
Portuguesa) – Departamento de Letras 
Clássicas e Vernáculas, Universidade de São 
Paulo (USP), 2020.
SOYINKA, W. As artes na África durante a 
dominação colonial. In: História Geral da África 
VII. África sob dominação colonial, 1880-1935. 
Brasília: UNESCO, 2010, p.626-657.
ZAMPARONI, V. D. A imprensa negra em 
Moçambique: A trajectória de O africano 1908-
1920. In: Revista África, São Paulo, n. 11, pp. 
73-86, 1988.
ZINANI, C. J. A. História da literatura: questões 
contemporâneas. Caxias do Sul: Educs, 2010. 
[Biblioteca Virtual].
ZINANI, C. J. A.; SANTOS, S. R. P. dos. 
Trajetórias de literatura e gênero: territórios 
reinventados. Caxias do Sul: Educs, 2016. 
[Biblioteca Virtual].
	Introdução
	O imaginário “tarzanístico” e as literaturas coloniais
	Primeiras décadas do século 20 e os textos “protonacionalistas”
	Questões étnico-raciais e os movimentos de resistência
	As literaturas nos movimentos revolucionários
	A poesia como lugar das utopias nacionais
	Considerações finais
	Referências Bibliográficas & Consultadas– “let my people go
Oh let my people go!”
E enquanto me vierem do Harlém
Vozes de lamentação
E meus vultos familiares me visitarem
Em longas noites de insónia,
Não poderei deixar de embalar-me pela música fútil
Das valsas de Strauss.
Escreverei, escreverei,
Com Robeson e Marian gritando comigo:
3333
Let my people go,
OH DEIXA PASSAR O MEU POVO!
25-01-1950
(SOUSA, 2016, p.48-51)
*Magaíças: homens moçambicanos que iam para 
a África de Sul trabalhar nas mineradoras, deixando 
mulheres e filhos em território nacional. Muitos 
foram os que não voltaram, outros, que consegui-
ram, não fizeram fortuna.
Figura 5: Fotografia de Noémia de Sousa.
Fonte: www.escritas.org.
https://www.escritas.org/pt/bio/noemia-de-sousa
3434
Ouça o hino nacional de São Tomé e Príncipe criado pela 
escritora Alda do Espírito Santo. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=4s_lr1Gpxyw.
Ouça a música do cantor americano Paul Robeson “Go 
down moses” que dialoga com o poema de Noémia de 
Sousa. Link disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=w3OjHIhLCDs.
SAIBA MAIS
https://www.youtube.com/watch?v=4s_lr1Gpxyw
https://www.youtube.com/watch?v=4s_lr1Gpxyw
https://www.youtube.com/watch?v=w3OjHIhLCDs
https://www.youtube.com/watch?v=w3OjHIhLCDs
35
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste e-book você entrou em contato com as 
primeiras manifestações em que se inserem 
as literaturas africanas de língua portuguesa, 
observando a importância dos movimentos de 
resistência para a construção da historiografia 
literária nesses territórios. Você também estudou 
o papel da imprensa como promotora desses 
textos e a importância de revistas e jornais para 
a construção do Nacionalismo Africano. E, ainda, 
pôde conhecer alguns dos principais escritores e 
poemas do período.
Referências Bibliográficas 
& Consultadas
ANDRADE, M. P. de. Origens do nacionalismo 
africano. Lisboa: Dom Quixote, 1997.
CONFORTO, M. O escravo de papel: cotidiano da 
escravidão na literatura do século XIX. Caxias do 
Sul: Educs, 2012. [Biblioteca Virtual].
CONRAD, J. O coração das trevas� Tradução: 
Albino Poli Jr. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2009.
CUTI, L. S. Literatura negro-brasileira� São 
Paulo: Selo Negro, 2010. [Biblioteca Virtual].
DAVIDSON, A. B.; ISSACMAN, A. F.; PÉLISSIER, 
R. Política e nacionalismo nas Áfricas central 
e meridional, 1919-1935. In: História Geral da 
África VII. África sob dominação colonial, 1880-
1935. Brasília: UNESCO, 2010, p.787-832.
FABRINO, A. M. J. História da Literatura 
Universal. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2017. 
[Biblioteca Virtual].
FERREIRA, M. O discurso no percurso africano 
I: contribuição para uma estética africana. 
Amadora: Plátano Editora, 1989.
HALL, G. M. Escravidão e etnias africanas nas 
Américas: restaurando os elos. Petrópolis: 
Vozes, 2017. [Biblioteca Virtual].
LARANJEIRA, P. As literaturas africanas de 
língua portuguesa: identidade e autonomia. 
Scripta, Belo Horizonte, v. 3, n. 6, pp. 237-244, 
2000.
LOPES-FILHO, J.; CARVALHO, A. Almanach Luso-
africano para 1899. Coimbra: Almedina CLEPUL, 
2011.
MACEDO, T.; MAQUÊA, V. Literaturas de Língua 
Portuguesa: marcos e marcas – Moçambique. 
São Paulo: Arte & Ciência, 2007.
MARTINHO, A. M. M. Mulheres escritoras 
na África Lusófona. In: O rosto feminino da 
expansão portuguesa. Actas do Congresso 
Internacional. Cadernos condição feminina. n. 
43. Lisboa: Comissão para a Igualdade e para os 
Direitos das Mulheres, 1995, pp. 259-265.
MONDLANE, E. Lutar por Moçambique. 
Tradução do inglês por: Maria da Graça Forjaz. 
Lisboa: Augusto Sá da Costa, 1975.
NASCIMENTO, E. L. A matriz africana no mundo. 
São Paulo: Selo Negro, 2008. [Biblioteca Virtual].
NETO, A. Sagrada esperança� Renúncia 
impossível� Amanhecer. Luanda: União dos 
Escritores Angolanos, 1982.
PETTER, M. Introdução à Linguística Africana. 
São Paulo: Contexto, 2015. [Biblioteca Virtual].
RIBEIRO, M. C. Uma história de regressos: 
Império, Guerra Colonial e Pós-Colonialismo. 
Porto: Edições Afrontamento, 2004.
SOUZA, L. da S. L. À procura de Moçambique: 
José Albasini e o corpus de um tuberculoso. In: 
Mulemba, Rio de Janeiro, v. 11, n. 20, p.49-61, 
2019.
SOUZA, L. da S. L. Utopias no universo 
distópico: a escrita de autoria feminina em 
Moçambique. 2020. Tese (Doutorado em 
Estudos Comparados de Literaturas de Língua 
Portuguesa) – Departamento de Letras 
Clássicas e Vernáculas, Universidade de São 
Paulo (USP), 2020.
SOYINKA, W. As artes na África durante a 
dominação colonial. In: História Geral da África 
VII. África sob dominação colonial, 1880-1935. 
Brasília: UNESCO, 2010, p.626-657.
ZAMPARONI, V. D. A imprensa negra em 
Moçambique: A trajectória de O africano 1908-
1920. In: Revista África, São Paulo, n. 11, pp. 
73-86, 1988.
ZINANI, C. J. A. História da literatura: questões 
contemporâneas. Caxias do Sul: Educs, 2010. 
[Biblioteca Virtual].
ZINANI, C. J. A.; SANTOS, S. R. P. dos. 
Trajetórias de literatura e gênero: territórios 
reinventados. Caxias do Sul: Educs, 2016. 
[Biblioteca Virtual].
	Introdução
	O imaginário “tarzanístico” e as literaturas coloniais
	Primeiras décadas do século 20 e os textos “protonacionalistas”
	Questões étnico-raciais e os movimentos de resistência
	As literaturas nos movimentos revolucionários
	A poesia como lugar das utopias nacionais
	Considerações finais
	Referências Bibliográficas & Consultadas

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