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Imunidade Humoral e Ativação do LB Imunidade Humoral e Ativação de Linfócitos B: A imunidade humoral é mediada por anticorpos e depende da ativação das células B para a produção desses anticorpos. O processo ocorre quando um antígeno, geralmente um microrganismo, se liga à superfície de uma célula B virgem. Esse contato ativa a célula B, levando à sua proliferação e à formação de plasmócitos, responsáveis pela produção de anticorpos, e células B de memória. Antígeno e Célula B: O antígeno se liga ao receptor da célula B, conhecido como BCR, que é composto por imunoglobulinas de superfície (como IgM ou IgD). Ativação e Proliferação: Quando o antígeno se conecta ao BCR, a célula B é ativada, proliferando e se diferenciando em plasmócitos (produtores de anticorpos) e células de memória. ● Uma única célula B pode gerar, em cerca de uma semana, até 5 mil células secretoras de anticorpos, o que pode resultar em cerca de um trilhão de moléculas de anticorpos diariamente. Respostas Imunes Primária e Secundária: A resposta imune primária ocorre durante a primeira exposição ao antígeno, com a produção significativa de anticorpos iniciando no sétimo dia. Na resposta secundária, por outro lado, células B de memória se ativam rapidamente, resultando em uma resposta acelerada, geralmente no terceiro dia após a segunda exposição ao mesmo antígeno. Localização e Migração das Células B: As células B são formadas na medula óssea e migram para os linfonodos, especificamente para os folículos linfoides. Nesses folículos, elas podem recircular, passando pela corrente sanguínea e migrando por diversos linfonodos, um processo facilitado pela quimiocina CXCL13. Reconhecimento e Processamento de Antígenos: As células B podem captar antígenos diretamente ou por meio de células dendríticas e macrófagos. Após reconhecer o antígeno, a célula B o endocita, processa e apresenta o peptídeo na membrana. Ativação Auxiliada por Células T: Após a apresentação do antígeno pelas células dendríticas, as células T auxiliares interagem com as células B. Esse encontro é crucial para aumentar a afinidade e possibilitar a troca de classe dos anticorpos. Por exemplo, em contato com a interleucina IL-4, uma célula B pode começar a produzir IgE. Centro Germinativo e Maturação da Afinidade: No centro germinativo do folículo, ocorre a seleção das células B de alta afinidade e a maturação, resultando em anticorpos que se ligam com mais eficiência ao antígeno. Aqui, a interação entre células B, células dendríticas foliculares e células T foliculares auxiliares é fundamental para aprimorar a resposta imune. Resposta T-Dependente e T-Independente: A resposta T-dependente envolve antígenos proteicos e ativa as células B com o auxílio das células T. Já a resposta T-independente ocorre com antígenos não proteicos, como polissacarídeos e lipídios, e leva à produção de anticorpos IgM, geralmente de baixa afinidade. O Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) É um grupo de genes que codificam proteínas essenciais para o reconhecimento de antígenos pelo sistema imunológico. Ele desempenha um papel fundamental na apresentação de antígenos às células do sistema imunológico, permitindo que elas identifiquem e respondam a ameaças como infecções e células anormais (como células cancerosas). Em humanos, o MHC é conhecido como HLA (Human Leukocyte Antigen). Existem dois principais tipos de moléculas do MHC: MHC de classe I e MHC de classe II, cada um com funções e mecanismos de ação específicos. MHC de Classe I ● Localização e Estrutura: As moléculas do MHC de classe I estão presentes em praticamente todas as células nucleadas do organismo. Elas são compostas por uma cadeia polipeptídica pesada (chamada de cadeia alfa) associada à beta-2-microglobulina. ● Função: O principal papel do MHC de classe I é apresentar peptídeos (fragmentos de proteínas) derivados de proteínas intracelulares – ou seja, de proteínas produzidas dentro da célula – para as células do sistema imunológico, especialmente para os linfócitos T citotóxicos (ou linfócitos T CD8+). Esse mecanismo é essencial para a defesa contra patógenos intracelulares, como vírus. ● Processo de Apresentação de Antígeno: O processo inicia-se com a degradação de proteínas no interior da célula (por exemplo, proteínas virais em uma célula infectada) por meio de um sistema de degradação chamado proteassoma. Esses peptídeos resultantes são então transportados para o retículo endoplasmático, onde se ligam às moléculas do MHC I. Após essa ligação, o complexo MHC-peptídeo é transportado para a superfície celular, onde pode ser reconhecido por linfócitos T CD8+. ● Resposta Imune: Quando um linfócito T CD8+ reconhece um peptídeo antigênico apresentado por uma célula infectada, ele se ativa e libera substâncias que induzem a morte dessa célula, eliminando o patógeno do organismo. MHC de Classe II ● Localização e Estrutura: O MHC de classe II está expresso principalmente em células apresentadoras de antígenos profissionais, como macrófagos, células dendríticas e linfócitos B. Ele é composto por duas cadeias polipeptídicas (chamadas de alfa e beta) que formam uma estrutura capaz de apresentar peptídeos maiores que o MHC I. ● Função: A principal função do MHC de classe II é apresentar antígenos extracelulares (ou seja, antígenos que vêm do ambiente externo) aos linfócitos T auxiliares (linfócitos T CD4+). Esse mecanismo é vital para a resposta imunológica adaptativa, principalmente contra bactérias, fungos e outros patógenos extracelulares. ● Processo de Apresentação de Antígeno: As células apresentadoras de antígeno englobam os patógenos ou partículas através de um processo chamado fagocitose ou endocitose. Após a ingestão, as partículas são processadas em vesículas lisossomais, onde são quebradas em peptídeos. Esses peptídeos são então carregados pelas moléculas do MHC II e transportados até a superfície da célula. ● Resposta Imune: Quando um linfócito T CD4+ reconhece o complexo MHC II-peptídeo na superfície de uma célula apresentadora, ele se ativa e promove a liberação de citocinas que auxiliam na ativação de outras células do sistema imunológico, como linfócitos B e macrófagos, amplificando a resposta imunológica. Diferenças Chave entre MHC I e MHC II Característic as MHC I MHC II Presença Todas as células nucleadas Células apresentadora s de antígenos Apresenta antígenos de Origem intracelular Origem extracelular Reconhecido por Linfócitos TCD8+ Linfócitos TCD4+ Estrutura Cadeia alfa e beta 2- microgobulina Cadeias alfa e betas Função principal Defesa contra vírus e células cancerígenas Defesa contra bactérias e outros patógenos Imunidade Celular e Ativação das Células T Imunidade Celular e Ativação de Linfócitos T: A imunidade celular é mediada por células T, que são essenciais para a resposta contra patógenos intracelulares, como vírus e algumas bactérias. Esse tipo de imunidade depende da ativação das células T, o que ocorre quando um antígeno específico é apresentado a elas por células apresentadoras de antígeno (APCs). Após a ativação, as células T podem se diferenciar em diferentes tipos funcionais, como células T citotóxicas, que destroem células infectadas, e células T auxiliares, que coordenam a resposta imune. Reconhecimento do Antígeno pelas Células T: As células T reconhecem antígenos apresentados no contexto do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) na superfície das APCs. As células T CD4+ se ligam ao MHC de classe II, enquanto as células T CD8+ se ligam ao MHC de classe I. Ativação e Proliferação: Após o reconhecimento do antígeno, as células T recebem um sinal de ativação, que as estimula a proliferarem e se diferenciarem. A célula T auxiliar (CD4+) pode se diferenciar em diferentes subtipos, como Th1, Th2, Th17 ou células T reguladoras, cada uma com funções específicas. As células T citotóxicas (CD8+), por sua vez, podem destruir diretamente células infectadas ou anômalas. Sinalização e Coestimulação: Para que a ativação das célulasT seja eficaz, elas necessitam de sinais de coestimulação fornecidos pelas APCs. Sem essa coestimulação, a célula T pode tornar-se anérgica (não funcional) ou ser eliminada. Resposta Imune Primária e Secundária: A resposta imune primária ocorre na primeira exposição ao antígeno, com uma ativação inicial das células T, enquanto na resposta secundária, células T de memória se ativam rapidamente ao encontrar o mesmo antígeno, proporcionando uma resposta mais rápida e eficaz. Localização e Migração das Células T: As células T são formadas na medula óssea, mas amadurecem no timo. Após a maturação, elas migram para linfonodos e tecidos periféricos, onde aguardam o encontro com seu antígeno específico. Apresentação de Antígeno e APCs: Células apresentadoras de antígeno, como células dendríticas, macrófagos e células B, são fundamentais para ativar as células T. Elas capturam o antígeno, processam-no e o apresentam associado ao MHC, permitindo o reconhecimento pelas células T. Ativação Auxiliada por Células APC: As células dendríticas, após capturar e processar o antígeno, migram para linfonodos, onde interagem com células T virgens. Esse encontro é essencial para iniciar uma resposta adaptativa eficiente, ativando as células T e promovendo sua diferenciação. Expansão Clonal e Função Efetora: Após a ativação, as células T proliferam, gerando uma população de células T com o mesmo receptor específico para o antígeno. Células T citotóxicas efetoras migram para o local da infecção, onde realizam sua função de destruir células infectadas, enquanto células T auxiliares liberam citocinas para ajudar na coordenação da resposta imune. Células T de Memória: Após a eliminação do antígeno, algumas células T se tornam células de memória, permanecendo no corpo e prontas para responder rapidamente a futuras infecções pelo mesmo patógeno. Mecanismos Efetores Os mecanismos efetores das células T e B são cruciais para a resposta imunológica adaptativa, onde cada tipo de célula desempenha um papel específico e interligado na defesa contra patógenos. Células T: Mecanismos Efetores As células T possuem subtipos especializados que ajudam a combater infecções e controlar a resposta imunológica. Seus mecanismos efetores envolvem: 1. Células T citotóxicas (CD8+): ● Essas células identificam e destroem células infectadas por vírus, células tumorais ou células com mutações. ● Elas reconhecem antígenos específicos na superfície das células-alvo apresentados pelo complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classe I. ● Ao se ligarem à célula infectada, liberam proteínas como a perforina, que cria poros na membrana da célula-alvo, e granzimas, enzimas que induzem a apoptose (morte celular programada). 2. Células T auxiliares (CD4+): ● Essas células coordenam a resposta imunológica, ajudando a ativar outras células do sistema imunológico, como células B e macrófagos. ● Existem diferentes subtipos de células T auxiliares (Th1, Th2, Th17, entre outras), cada um com funções específicas. ● As células Th1, por exemplo, promovem a ativação de macrófagos, essenciais para a resposta contra patógenos intracelulares, enquanto as Th2 são importantes na defesa contra parasitas e ativação de células B para produção de anticorpos. 3. Células T reguladoras (Treg): ● As células T reguladoras mantêm o equilíbrio e evitam respostas imunológicas excessivas que poderiam levar a autoimunidade. ● Elas suprimem a atividade de células T e B que poderiam reagir contra células do próprio organismo, prevenindo doenças autoimunes. 4. Células T de memória: ● Essas células permanecem no organismo após a infecção inicial e permitem uma resposta rápida em caso de nova exposição ao mesmo patógeno. ● São importantes para a imunidade a longo prazo, mantendo um “registro” do patógeno para futuras respostas. Células B: Mecanismos Efetores As células B são responsáveis pela produção de anticorpos, moléculas que neutralizam patógenos e ajudam a eliminá-los. Seus mecanismos efetores incluem: 1. Produção de anticorpos: ● As células B se diferenciam em células plasmáticas, que secretam grandes quantidades de anticorpos específicos contra antígenos. ● Esses anticorpos se ligam aos antígenos na superfície de patógenos, bloqueando sua capacidade de infectar células e facilitando a sua destruição por outras células do sistema imunológico. ● Existem diferentes classes de anticorpos (IgM, IgG, IgA, IgE, IgD), cada uma com funções específicas. Por exemplo, IgG é fundamental na resposta secundária e IgA é importante para proteger as mucosas. 2. Opsonização e fagocitose: ● Os anticorpos atuam como opsoninas, ou seja, marcam os patógenos para que sejam reconhecidos e fagocitados por células como macrófagos e neutrófilos. ● Esse processo é essencial para eliminar rapidamente patógenos extracelulares. 3. Ativação do sistema complemento: ● A ligação dos anticorpos ao antígeno ativa o sistema complemento, uma cascata de proteínas que ajuda na destruição dos patógenos. ● Essa ativação leva à formação do complexo de ataque à membrana, que causa a lise (rompimento) da célula-alvo. 4. Células B de memória: ● Após a resposta primária contra o patógeno, algumas células B se tornam células de memória. ● Elas proporcionam uma resposta rápida e mais eficiente em caso de exposição subsequente ao mesmo antígeno, contribuindo para uma imunidade duradoura. Interação entre Células T e B ● As células T auxiliares (Th2) são fundamentais para ativar células B e promover a produção de anticorpos. ● Quando uma célula B apresenta um antígeno específico com o auxílio de moléculas MHC de classe II, células T auxiliares reconhecem este antígeno e liberam citocinas que promovem a diferenciação das células B em plasmócitos ou células B de memória. ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 9ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.