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Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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1
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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2
Pesquisa:
Fernanda Ferreira Azevedo e Gabriela Bandeira
Redação:
Fernanda Ferreira Azevedo e Gabriela Bandeira
Revisão de conteúdo:
Tiago Abreu e Willian da Costa Chimura 
Revisão gramatical:
Endrica Christie Fernandes e Vinícius Alexandre Fernandes
Diagramação e arte da capa:
Karoline Oliveira Santos
Criadores
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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3
Fernanda Ferreira
Meu contato com o autismo começou de forma muito particular e pessoal. 
Meu irmão mais novo, Mateus Ferreira, foi diagnosticado com autismo severo 
aos dois anos de idade (e eu tinha só três anos!). Então, muito antes de saber o 
que era autismo, sempre tive um irmãozinho que, aos poucos, descobri que era um pouco diferente.
 Aos cinco anos, perguntei para minha mãe o que o Mateus tinha e ela me explicou que ele 
era uma “criança especial” porque tinha autismo. Com todo amor e paciência, ela me deu a opção de 
amá-lo ou de rejeitá-lo. Com toda sinceridade que as crianças têm, respondi: “então eu quero amá-lo, 
mamãe”.
 Daí em diante, sempre convivi com o Mateus e estudei muito sobre autismo. Atualmente, sou 
socióloga (UFRGS), especialista em Saúde Pública (FSP/USP) e estudante de Jornalismo (Unisinos). 
Desde 2016, escrevo em um blog chamado “Eu Sou a Irmã do Mateus”, portal no qual compartilho 
minhas vivências como irmã azul. Estudo, pesquiso, dou palestras e outros trabalhos voluntários em 
prol dessa causa.
 Acredito que quanto mais conhecimentos e informações acessíveis e de qualidade tivermos 
sobre o tema, melhor poderemos lidar com ele e ajudar as famílias que tanto precisam. O jornalismo 
tem um papel essencial neste processo e pode contribuir imensamente para a construção de um 
mundo mais acessível, inclusivo, tolerante e livre de preconceitos.
Sobre as Autoras
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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4
Gabriela Bandeira
Sou formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo pelo Centro 
Universitário das Faculdades Associadas de Ensino (FAE) desde 2016 e pós-
graduada em Jornalismo Político. Meus estudos sobre autismo se iniciaram em 
2012, quando minha mãe aceitou o emprego de babá de uma menina autista. Na época, comecei 
a ler livros, artigos on-line e assistir a filmes com o propósito de ensinar a minha mãe aquilo que 
achava pertinente sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). 
 Um ano mais tarde, quando ingressei na faculdade, percebi o quão escasso era o interesse 
das mídias e da imprensa em geral em produzir um material verdadeiramente relevante e correto 
sobre autismo. Foi então que decidi transformar o meu fascínio pelo tema em labor e escrever o 
livrorreportagem “Singulares: Um Olhar sobre o Autismo” como trabalho de conclusão de curso. Em 
julho de 2017, lancei a obra na minha cidade natal, Poços de Caldas (MG). Um mês depois, coloquei 
no ar o site “Olhares do Autismo”, que traz notícias, entrevistas e materiais sobre diversos aspectos 
do TEA.
 Durante toda essa trajetória de quase sete anos, contribui para a causa por meio dos meus 
projetos pessoais, que contam ainda com o documentário “Singulares” — lançado em junho de 2019 
no Memorial da Inclusão, em São Paulo (SP) —, além de artigos para as revistas “Autismo” e “Ser 
Autista”. Também me tornei redatora da “Academia do Autismo”. 
 Como jornalista à frente do projeto “Olhares do Autismo”, fui convidada diversas vezes a 
ceder entrevistas sobre o tema e pude, de perto, perceber o despreparo de profissionais da área em 
conduzir conversas e criar perguntas importantes sobre o assunto. Creio que, somente tendo esse 
entendimento, será possível conscientizar verdadeiramente sobre autismo.
Sobre as Autoras
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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5
Apresentacao
 A publicação deste material visa a contribuir para produções de conteúdo e 
reportagens jornalísticas que, de forma positiva, tragam mais relevância à causa 
autista. O nosso principal objetivo é auxiliar profissionais da comunicação a 
entenderem melhor o tema, além de demonstrarem mais sensibilidade e empatia ao 
levar a público histórias e, principalmente, ao informar sobre o autismo. 
Aqui, apresentamos o conceito de autismo, suas principais características e 
singularidades.
 
 Propomos também reflexões acerca do uso correto de termos para se referir a 
essas pessoas e damos especialmente dicas e orientações de como tratar e abordar 
aqueles com a condição que possuem linguagem verbal e seus familiares.
 Como não poderíamos tratar de um tema tão específico sem buscar 
representatividade, colhemos as opiniões de setenta pessoas no espectro autista 
em relação a reportagens que envolvem o tema veiculadas na mídia. Todo o material 
passou pela revisão de Tiago Abreu (autista e jornalista) e Willian Chimura (autista).
 Dessa forma, esperamos que o conteúdo exposto neste e-book possa 
contribuir para que jornalistas de todo o Brasil tenham delicadeza e zelo para publicar 
reportagens realmente coerentes e com todo respeito e carinho que não só o autismo 
como todos os autistas e suas famílias merecem.
 Por isso, desejamos que o conteúdo deste e-book seja relevante para, acima de 
tudo, trazer luz a um tema tão importante de ser compreendido e respeitado.
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Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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6
Siglas e Abreviacoes
CID 10 - Classificação Internacional de Doenças 10ª edição
CID 11 - Classificação Internacional de Doenças 11ª edição
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PcD - Pessoa com Deficiência
OMS - Organização Mundial da Saúde
DSM V - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
 (Manual de Diagnóstico e Estatística para Distúrbios Mentais - 5ª edição)
PIB - Produto Interno Bruto
TEA - Transtorno do Espectro do Autismo
ONU - Organização das Nações Unidas
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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7
Sumario
Papel do jornalismo
Autismo: uma breve definição
Dados sobre autismo no Brasil
Estudos independentes 
Qual a nomenclatura correta: autista ou pessoa com autismo?
Metodologia de pesquisa
Análise das respostas
Entrevistando pessoas no espectro autista e famílias
Para não repetir
Faça como eles
Considerações finais
Extra
08
09
11
12
13
15
16
17
21
23
26
28
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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8
 A comunicação social, especialmente o jornalismo, tem um papel fundamental na construção 
de uma sociedade plural e democrática, que não se limita a estereótipos e ao senso comum. 
Segundo Reginato (2018), o jornalismo apresenta algumas finalidades específicas, compartilhadas 
pelos seus três atores principais (veículos, jornalistas e leitores).
 Assim, entre os quatro principais fins identificados pela autora, queremos destacar três:
1. Informar;
2. Verificar a veracidade das informações;
3. Esclarecer ao cidadão e apresentar a pluralidade da sociedade.
 
 Para o nosso propósito aqui neste e-book, fica claro que o jornalismo tem o dever de:
1. Informar corretamente o que é o autismo e caracterizá-lo adequadamente;
2. Verificar as informações acerca do que é divulgado sobre a temática, a fim de combater os 
mitos e inverdades sobre o tema, como a mentira de que vacina causa autismo ou que pessoas 
autistas não são sociáveis ou não gostam de fazer amigos;
3. Esclarecer ao público que o autismo é uma condição neurobiológica, a qual possibilita outras 
formas de viver e de estar no mundo.
 Para além disso, outro propósito citado por Reginato (2018) é a finalidade de integrar e 
mobilizar pessoas. Ao mostrar o autismo como ele realmente é, em suas diversas manifestações, o 
jornalismo expõe essa realidade para pessoas que até então a desconheciam e também propiciaque 
outros se envolvam com essa causa tão nobre.
 Desse modo, ao cumprir com essas finalidades, o jornalismo salienta um olhar mais inclusivo, 
disposto a mostrar o outro “em toda a sua alteridade, sem reducionismos, nem estereótipos” (Lago, 
2010). Portanto, é dever deste profissional ser ético, responsável e coerente para com todas as 
pautas que assumir realizar, trazendo propósito ao trabalho por ele executado.
Papel do jornalismo
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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9
 O termo autismo foi utilizado pela primeira vez em 1908, quando o psiquiatra suíço Eugen 
Bleuler descreveu um grupo de sintomas relacionado à esquizofrenia. Apenas em 1943, passou a ser 
retratado como uma síndrome comportamental, após a publicação da obra “Distúrbios Autísticos do 
Contato Afetivo”, do também psiquiatra Leo Kanner. Nela, são citadas onze crianças que tinham em 
comum:
 Durante os primeiros anos de estudo, chegou a ser considerada a hipótese de que o autismo 
estava relacionado ao fenômeno chamado mãe-geladeira (Kanner, 1943). Essa conclusão foi possível 
após o autor analisar mulheres tentando interagir e brincar com seus filhos autistas. Esse conceito 
foi aprofundado durante anos pelo psicólogo Bruno Bettelheim, que afirmou em diversos artigos 
escritos entre 1950 e 1960 que o autismo era causado pela frieza da mãe para com a criança. 
Com o avanço da ciência, em especial da pesquisa genética, contudo, foi possível descartar essa 
possibilidade.
 
 Hoje, após diversos estudos acerca do assunto, alguns especialistas acreditam que o autismo 
está ligado a várias mutações genéticas. De acordo com uma pesquisa de 2010, realizada em doze 
países (incluindo o Reino Unido e a República da Irlanda), foram detectadas mudanças genéticas 20% 
mais comuns em crianças autistas. No entanto, suas causas ainda são inconclusivas (The Telegraph, 
2010).
Isolamento extremo desde o início da vida e um desejo obsessivo pela 
preservação da mesmice. Respondiam de maneira incomum ao ambiente, 
incluíam maneirismos motores estereotipados, resistência à mudança ou 
insistência na monotonia, assim como aspectos não usuais das habilidades 
de comunicação, tais como a inversão de pronomes e a tendência ao eco na 
linguagem – ecolalia. (Kanner, 1943, p. 170)
Autismo: uma breve definição
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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 Inspirado na descrição do DSM-V, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) geralmente é 
descrito em três graus: leve, médio e grave. Em sua forma mais branda, é conhecido como Síndrome 
de Asperger, sobrenome do psiquiatra Hans Asperger, que observou o padrão de comportamento 
e as habilidades de crianças autistas e descreveu deficiências sociais graves, tais como: “falta de 
empatia, baixa capacidade de fazer amizades, conversação unilateral, intenso foco em um assunto 
de interesse especial e movimentos descoordenados” (Asperger, 1944). O mesmo autor notou ainda 
que, por outro lado, as crianças eram capazes de discorrer sobre um tema específico de maneira 
detalhada.
 Até os dias atuais, o autismo ainda é bastante desconhecido. Portanto, criar e educar crianças 
autistas para que se tornem independentes é uma tarefa árdua — ainda mais com a dificuldade de 
comunicação e intolerância da sociedade diante do incômodo causado pelas crises nervosas delas, 
que podem ser recorrentes.
1 DSM-V é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais elaborado pela Associação Americana de 
Psiquiatria. É usado como referência para profissionais da área de saúde mental em diversos países. 
Ir para o video >
https://www.youtube.com/watch?v=IMqrtvGoHa0
https://www.youtube.com/watch?v=IMqrtvGoHa0
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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11
 A estimativa atual é de que existam pelo menos 2 milhões de pessoas com autismo no 
Brasil. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) levam em consideração a perspectiva da 
Organização das Nações Unidas (ONU) de que 1% da população mundial estaria no espectro.
 Ainda assim, a escassez de estudos sobre o tema no país e os números desatualizados sobre 
a real quantidade de diagnósticos de TEA nos municípios dificultam a criação de políticas públicas 
para essas pessoas. Por esse motivo, uma forte pressão popular por parte de famílias e ativistas da 
causa resultou na aprovação da inclusão de novos dados sobre autismo no Censo 2020 do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 A forma como essas informações serão analisadas ainda não foi divulgada pelo órgão, mas o 
que se sabe é que o estudo, publicado a cada 10 anos, funciona por meio de duas etapas, sendo elas:
Dados sobre autismo no Brasil
1. Questionário básico: investiga informações sobre características dos 
domicílios (condição de ocupação, número de banheiros, existência de 
sanitário, escoadouro do banheiro ou do sanitário, abastecimento de 
água, destino do lixo, existência de energia elétrica, etc.), emigração 
internacional, composição dos domicílios (número e lista de moradores, 
responsabilidade compartilhada, identificação do responsável, relação de 
parentesco com o responsável pelo domicílio, etc.); características dos 
moradores (sexo e idade, cor ou raça, etnia e língua falada (no caso dos 
indígenas), posse de registro de nascimento, alfabetização, rendimento 
mensal, etc.) e mortalidade; 
2. Investigação nos domicílios selecionados: esta é feita por meio do 
Questionário da Amostra, que inclui, além dos quesitos presentes no 
Questionário Básico, outros mais detalhados sobre características 
do domicílio e das pessoas moradoras, bem como pontos dos temas 
específicos, como deficiência, nupcialidade e fecundidade.
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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 Portanto, os dados a respeito do TEA fazem parte da segunda fase do censo, realizada em 
casas selecionadas. Além disso, especialistas acreditam que só serão contemplados pelo estudo 
aqueles que possuem laudo médico atestando o autismo.
 De acordo com a edição nº 4 da Revista Autismo, até o presente momento dois estudos 
independentes sobre autismo foram publicados no Brasil. O primeiro foi realizado em 2011, na 
cidade de Atibaia (SP), e afirma que existe 1 autista a cada 367 crianças — no entanto, a publicação 
reforça que baseou-se em um bairro com somente 20 mil habitantes.
 A última pesquisa teve como cenário o município com o maior Produto Interno Bruto (PIB) do 
país, São Paulo. Esta visava a definir uma faixa etária média para diagnósticos de autismo no Brasil e 
encontrou a idade de 4 anos e 11 meses e meio, mas com variações bem grandes — o que significa 
que mais estudos sobre o tema precisam ser realizados até que se chegue a uma conclusão. 
Estudos independentes
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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 A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, elaborada pela Organização 
das Nações Unidas em 2006 e ratificada pelo Brasil em 2008, traz uma mudança conceitual sobre o 
que é deficiência, passando do modelo biomédico para a concepção biopsicossocial. Desde então, 
entende-se por pessoas com deficiência “aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza 
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir 
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas” 
(ONU, 2006).
 É importante destacar que a nomenclatura também mudou a partir dessa nova noção. 
Anteriormente, falava-se em “portador de deficiência” ou em “pessoa com necessidades especiais” 
(PNE); entretanto, atualmente, ambas são consideradas incorretas.
 A primeira, “portador de deficiência”, dá a ideia de que o indivíduo está carregando algo 
consigo, mas que isso pode ser facilmente deixado de lado. Essa não é, porém, a realidade, haja vista 
que dada deficiênciavai acompanhá-lo durante muitos anos ou ao longo de toda a vida.
Já “pessoa com necessidades especiais”, apesar de colocar em destaque o termo “pessoa”, o 
que significa um avanço, acaba utilizando um recurso no mínimo duvidoso, que é a expressão 
“necessidades especiais”. Por que isso? Ora, as necessidades de todas as pessoas são especiais, cada 
uma com suas particularidades. Afinal, existe alguém exatamente igual ao outro? Portanto, a noção 
de “necessidades especiais” segrega a pessoa da vida em sociedade, pois ela tem necessidades que 
não se encaixam nas de outros indivíduos. 
 
 Assim, quando se fala em Transtorno do Espectro Autista (TEA), seguindo as determinações 
da Convenção do Direitos da Pessoa com Deficiência da ONU, podem ser utilizadas as expressões:
Qual a nomenclatura correta:
autista ou pessoa com autismo? 
Pessoa com Autismo | Pessoa com TEA | Autista
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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 Assim sendo, garante-se ao indivíduo, antes mesmo da constatação de sua deficiência, o 
reconhecimento da sua condição humana, dotada, portanto, de direitos.
A escolha pela expressão a ser utilizada depende muito da sensibilidade 
do jornalista em perceber qual é o termo preferido pela pessoa com 
autismo ou pelos familiares. No entanto, há algumas considerações:
 
#1: muitos dos autistas que são militantes gostam de ser chamados 
assim mesmo: autistas. Não “pessoa com autismo” ou “pessoa que tem 
autismo”. Simples assim: autista. É muito importante essa autoafirmação, 
pois o termo não é algo pejorativo, carregado de estigmas e preconceitos. 
Pelo contrário, para esses jovens, é uma autodefinição, que explica quem 
eles são e o que constitui seu jeito de ser e estar no mundo;
#2: existem muito autistas que não apresentam a compreensão 
necessária para se autodefinirem. São jovens com autismo moderado e 
severo, muitas vezes não-verbais, que não conseguem expressar a forma 
como a condição autista impacta as suas vidas. Para eles, é preferível 
utilizar a expressão “pessoa com autismo”, pois quem está de fora não 
deve adotar o autismo como algo definidor na vida de ninguém.
Para refletir
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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 A fim de verificar o impacto que reportagens sobre autismo — sejam elas coerentes ou com 
fatos e informações inverídicas ou insuficientes – podem ter na comunidade do TEA, este estudo 
aplicou um questionário em pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo. 
 Com 12 questões ao todo, o documento pretendia recolher informações que pudessem 
ser relevantes para profissionais da comunicação social, especialmente jornalistas, ao produzirem 
reportagens envolvendo o tema. Alguns dos tópicos abordados na pesquisa foram:
• Frequência com que o entrevistado se inteirava sobre notícias referentes ao autismo;
• Nível de satisfação com as reportagens que recorrentemente encontrava nos veículos de 
comunicação;
• Principais erros/contradições encontradas nessas reportagens;
• Exemplos de reportagens que chamaram atenção por terem sido bem produzidas/escritas;
• Se o entrevistado já foi personagem ou consultor de um profissional do jornalismo para alguma 
reportagem sobre o tema;
• Caso já tenha participado, se gostou da forma como o jornalista conduziu a entrevista e o porquê;
• Principais cuidados que jornalistas devem tomar ao entrevistar e produzir reportagens que 
abordem o autismo ou que envolvam diretamente pessoas no espectro autista ou familiares;
• Considerações finais sobre o tema. 
 Ao todo, foram coletadas 70 respostas. A faixa etária dos entrevistados varia de 11 a 60 anos.
Metodologia de pesquisa
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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16
– Frequência
Entre aqueles que responderam o questionário, 59,7% afirmaram acompanhar reportagens sobre 
autismo (seja na TV, rádio, Internet ou mídia impressa) mais de uma vez por semana; 13,4% não têm 
costume de acompanhar esse tipo de reportagem; 11,9% o fazem apenas raramente; 6% uma vez ao 
mês; 3% responderam que buscam notícias sobre autismo todos os dias; 1,5% o faz sempre; e 4,5% 
não souberam ou não responderam.
– Satisfação
51,5% dos entrevistados respondeu que seu nível de satisfação com as reportagens sobre autismo é 
médio; 29,4% declarou baixo nível de satisfação em relação a elas; 11,8% respondeu “extremamente 
baixo”; e apenas 7,4% declarou ter alto nível de satisfação com as reportagens que abordam TEA nos 
veículos de comunicação.
– Erros
Quando questionados se comumente encontram erros nesse tipo de reportagem, 85,3% 
responderam que sim, contra 14,7% que teve uma resposta negativa.
– Entrevistados
20,6% daqueles que responderam o questionário dizem já ter sido entrevistados por um jornalista 
para uma reportagem sobre autismo. Destes, 27,8% afirma não ter gostado da forma como o 
jornalista conduziu a entrevista. 
Análise das respostas
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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 Para muitos jornalistas, a entrevista é o primeiro passo de uma reportagem bem-sucedida. É 
por meio das respostas dos personagens que o texto, vídeo ou mesmo matéria de rádio começam a 
ser construídos.
 Embora cada tema por si só demande certo estudo e pesquisa antes do agendamento 
das entrevistas, precisamos ter um cuidado ainda maior quando tratamos de um tema ainda tão 
desconhecido — e, consequentemente, mistificado — como o autismo. 
 Chegar para entrevistar uma família ou mesmo uma pessoa no espectro com a ideia fixa de 
que todo autista é um gênio ou que eles vivem em um universo próprio e não querem socializar com 
as demais pessoas vai fazer com que seu trabalho seja ineficiente e criticado por quem entende do 
assunto. 
 Procurando entender melhor quais condutas são inapropriadas e quais são consideradas 
corretas nessa etapa do processo, reservamos um espaço do questionário para que as pessoas no 
espectro autista que já foram entrevistados por jornalistas em outras ocasiões pudessem emitir 
sua opinião sobre a experiência. Diante disso, classificamos esses comentários como bons e maus 
exemplos.
Bons exemplos:
- Pesquise sobre o tema: ainda que de maneira superficial, faça uma pesquisa em fontes seguras 
sobre o tema em momento anterior ao da entrevista. Se tiver alguma dúvida, pergunte ao 
entrevistado se ele pode lhe explicar melhor sobre o tópico antes que publique a reportagem.
Entrevistando pessoas
no espectro autista e famílias
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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- Explique o passo a passo: é comum que pessoas no espectro do autismo tenham dificuldades com 
quebras de rotinas e sintam prazer em seguir padrões. Por isso, começar explicando qual é o passo a
passo da produção da sua reportagem é uma excelente ideia para tranquilizar o entrevistado.
- Preocupação com o ambiente: quando se está no espectro autista, os estímulos, principalmente os 
visuais e os sonoros, podem se tornar um problema. Tendo ciência disso, preocupe-se em escolher o 
local mais adequado para realizar a entrevista. Se tiver dúvidas, peça ajuda ao seu entrevistado ou à 
família dele.
- Compreenda se ele não quiser fazer contato visual: algumas pessoas no espectro autista — 
neurotípicos também — têm dificuldade em fazer contato visual. Isso ocorre por uma série de 
motivos que varia de indivíduo para indivíduo. Portanto, se seu entrevistado desviar o olhar para 
outro objeto ou canto enquanto responde as perguntas, respeite essa decisão, não o force a encarar 
você.
- Evite tocar o entrevistado o tempo todo: assim como ocorre com o contato visual, é comum que 
autistas se comportem de maneira diferente quanto ao toque. Claro que isso pode acontecer com 
qualquer pessoa, mas, na dúvida, sempre pergunte se pode abraçá-lo, dar um beijo no seu rosto ou 
tocá-lo.
- Faça perguntas objetivas: também é usual que autistasentendam tudo na literalidade, ou seja, 
não conseguem compreender bem as figuras de linguagem, como metáforas, e se sentem perdidos 
quando se deparam com uma questão que pode ter mais de uma interpretação. Por esse motivo, 
garanta que suas perguntas sejam as mais objetivas possível.
- Tenha paciência: o entrevistado pode não compreender sua pergunta num primeiro momento e 
pedir para repeti-la ou mesmo se perder nos próprios pensamentos enquanto formula uma resposta. 
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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19
Seja qual for o motivo, tenha paciência e sempre tranquilize-o nesses momentos. Essa conduta fará 
toda a diferença no decorrer da entrevista.
- Não edite as falas do entrevistado: essa conduta deve ser seguida não somente em reportagens 
sobre autismo, mas em todos os seus trabalhos na carreira jornalística. Editar a fala do entrevistado, 
ainda que tenha como intenção trazer mais sentido e clareza ao leitor, é um desrespeito e falta de 
ética para com ele. Além disso, existem, nesses casos, diversos recursos que podem ser utilizados.
- Saiba agir se o entrevistado tiver uma crise: é preciso estar preparado até para situações mais 
extremas, como o fato do seu entrevistado ter uma crise durante a conversa. Se isso acontecer, 
mantenha a calma e convide-o para um local mais calmo. Se for necessário, interrompa a entrevista 
e remarque. É importante também tentar identificar se algo que disse ou fez pode ter gerado aquele 
gatilho, para evitar que se repita.
Maus exemplos:
- Classificar o autismo como doença: o TEA não é uma doença, por isso os termos corretos para se 
referir a ele são transtorno ou condição.
- Não usar as definições do DSM V: o DSM V é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais da Associação Americana de Psiquiatria. O documento, junto à CID (Classificação 
Internacional de Doenças), é um dos mais importantes de orientação sobre o espectro do autismo. É 
ele que define, por exemplo, as nomenclaturas.
- Reforçar mitos e estigmas: o autismo ainda é desconhecido para a maioria das pessoas. Por isso, 
reforçar estigmas como o do autista-gênio, de que vacina causa autismo, entre outros, só ajuda a 
disseminar informação falsa sobre o tema, prejudicando quem convive com pessoas no espectro.
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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20
- Falar sobre cura para o autismo: até o momento, o TEA não tem cura, mas tem tratamento. 
Divulgar métodos e remédios como possível cura para a condição é irresponsabilidade e crime.
- Falar de um grau como se representasse todo o espectro: é comum que as reportagens foquem 
apenas em um grau de autismo (normalmente, o severo ou o leve). Fazer isso pode dar a quem tem
pouco contato com o autismo a ideia de que todo autista é e age daquela forma. Portanto, mesmo 
que seu personagem esteja em um grau específico, lembre-se de fazer citações aos outros graus,
mostrando a amplitude do espectro autista.
- Divulgar informações sem base científica: muitos estudos já foram feitos ao redor do mundo sobre 
autismo, mas a maioria ainda é inconclusiva. Algumas das informações mais disseminadas sobre o
tema, são, na verdade, falsas. Por isso, todo cuidado é pouco na hora de selecionar as informações 
que podem ajudá-lo a criar as perguntas ou mesmo escrever sua reportagem.
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21
 Ainda que a mídia tenha se preocupado cada vez mais em abordar o autismo e suas diversas 
faces em reportagens sobre o tema, muitos jornalistas ainda cometem deslizes ao falar sobre TEA. A 
seguir, separamos alguns exemplos destas reportagens, tomando o cuidado de não divulgar qual
veículo de comunicação foi responsável pela produção.
 Exemplos:
Para não repetir
Trecho da reportagem
“Quantas crianças têm autismo? O número exato de crianças com autismo 
é desconhecido. Um relatório publicado pelos Centros de Controle e 
Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA sugere que o autismo e seus distúrbios 
relacionados são muito mais comuns do que se imagina. Não está claro se 
isso se deve a um aumento na taxa da doença ou à maior capacidade de 
diagnóstico do problema.” 
Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/autismo.
o autismo não é mais considerado doença, mas, sim, um transtorno 
do desenvolvimento, que pode ser trabalhado, reabilitado, modificado 
e tratado para poder se adequar ao convívio social e às atividades 
acadêmicas.
Exemplo 1
O erro:
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/autismo
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22
Título e linha final
“Estudante da UFCG vence autismo , se destaca e é promessa na
Meteorologia do mundo.”
“Jovem é portador da síndrome de Asperger e se destaca pela inteligência e
superação.”
Fonte: https://portalcorreio.com.br/estudante-da-ufcg-vence-autismo-se-
destaca-e-promessa-na-meteorologia-do-mundo/.
ao usar expressões como “vencer o autismo”, o jornalista comete uma 
gafe que muitas pessoas no espectro detestam: a de recorrer ao viés 
capacitista, a fim de explicar que “apesar de ter o transtorno, aquele 
sujeito foi capaz de realizar tal ato”. O que não é bom para nenhum dos 
lados, pois:
1. Pais de autistas severos passam a ser questionados por quem não 
entende do tema sobre o porquê dos filhos também não conseguirem 
as mesmas conquistas;
2. Pessoas com autismo leve passam a ser tratados como neurotípicos 
e podem ter suas limitações ignoradas.
Além disso, a linha fina da reportagem ainda usa a expressão errônea 
“portador de síndrome de Asperger” para se referir ao personagem, 
porém o termo correto seria “pessoa com síndrome de Asperger”, afinal 
esta é uma condição que a acompanha por toda a vida e não algo que 
ela pode portar ou não em determinado momento.
Exemplo 2
O erro:
https://portalcorreio.com.br/estudante-da-ufcg-vence-autismo-se-destaca-e-pr
omessa-na-meteorologia-do-mundo/
https://portalcorreio.com.br/estudante-da-ufcg-vence-autismo-se-destaca-e-pr
omessa-na-meteorologia-do-mundo/
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23
 A mídia brasileira também tem excelentes exemplos de como abordar o autismo em 
reportagens. Selecionamos trechos de cinco matérias veiculadas nos jornais mais influentes das 
cinco regiões do país com o objetivo de mostrar como o uso adequado das palavras e termos, além 
de uma abordagem positiva, são essenciais quando se trata desse tema.
Faça como eles
Jornal Zero Hora (Sul)
Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/noticia/2019/05/falso medicamento-para-
autismo-tem-anuncios-retirados-da-internet cjv6xj415005v01pee3qly386.html.
https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/noticia/2019/05/falso-medicamento-par
a-autismo-tem-anuncios-retirados-da-internet-cjv6xj415005v01pee3qly386.ht
ml
https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/noticia/2019/05/falso-medicamento-par
a-autismo-tem-anuncios-retirados-da-internet-cjv6xj415005v01pee3qly386.ht
ml
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Folha (Sudeste)
Jornal Correio Brasiliense (Centro-Oeste)
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/01/autismo-o-jovem-com-
transtorno-que-desafiou-diagnosticos-e-se-formou-em-medicina.shtml.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2017/10/15/interna_r
evista_correio,633480/as-particularidades-do-autismo.shtml.
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/01/autismo-o-jovem-com-transtorno-que-des
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/01/autismo-o-jovem-com-transtorno-que-des
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2017/10/15/interna_r
evista_correio,633480/as-particularidades-do-autismo.shtml
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Diario de Pernambuco (Nordeste)
O Liberal (Norte)
Fonte: https://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2019/04/03/interna_vidaurbana,782805/escolas-discutem-autismo-no-dia-mundial-da-conscientizacao.
shtml
Fonte: https://www.oliberal.com/belem/jovens-autistas-quebram-barreiras-e-chegamao-
ensino-superior-1.108333
https://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2019/04/03/i
nterna_vidaurbana,782805/escolas-discutem-autismo-no-dia-mundial-da-conscientizacao.shtml
https://www.oliberal.com/belem/jovens-autistas-quebram-barreiras-e-chegamao-
ensino-superior-1.108333.
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 Esperamos que este material possa ser útil e servir como orientação para profissionais 
da comunicação social, especialmente jornalistas, ao produzirem pautas e reportagens sobre o 
Transtorno do Espectro Autista.
 Tendo em vista a amplitude do tema, seria impossível sanar todas as dúvidas em um único 
e-book. No entanto, cremos que as informações e as considerações aqui expostas, tanto as 
nossas próprias, enquanto atuantes na causa, quanto as de famílias e pessoas no espectro, são 
suficientes para que o material por vocês produzido seja, a partir de agora, o mais coerente possível, 
desmistificando alguns mitos e melhor conscientizando a sociedade
a respeito de um tema tão importante e necessário como o autismo.
Considerações finais
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ALLEYNE, Richard. Dozens of genetic mutations linked to autism in children discovered . The 
Telegraph. [S.I.] 2010. Disponível em: https://www.telegraph.co.uk/news/health/news/7814775/
Dozens-of-genetic-mutations-linked-to-autism-in-children-discovered.html . Acesso em: 05 nov.
2019.
ASPERGER, Hans. Die “Autistischen Psychopathen” in kindesalter. Archiv für psychiatrie und 
nervenkrankheiten , v. 117, n. 1, p.76-136, 1944.
KANNER, Leo et al. Autistic disturbances of affective contact. Nervous child, v. 2, n.3, p.217-250, 
1943.
LAGO, Cláudia. Ensinamentos antropológicos: a possibilidade de apreensão do Outro no jornalismo. 
Brazilian Journalism Research , vol. 6, n. 1, p.156-170, 2010.
REGINATO, Gisele. As finalidades do jornalismo : o que dizem veículos, jornalistas e leitores. Tese 
(Doutorado em Comunicação e Informação) - Programa de Pós-Graduação em Comunicação e 
Informação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016.
Referências bibliográficas
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 Mesmo com o material apresentado, abordar o TEA de maneira coerente ainda pode ser uma 
tarefa difícil. Por isso, separamos os temas que mais causam dúvidas — seja em profissionais da área 
do jornalismo ou na população em geral — e escrevemos uma rápida explicação para cada um
deles.
 Acreditamos que, com base nestas informações e em todo conteúdo deste e-book, você será 
capaz de produzir uma reportagem que ajude a conscientizar sobre o tema e será bem-sucedido na 
missão de informar.
1. Tríade do autismo
 Para diagnosticar o autismo, muitos especialistas tomam como base uma tríade de 
dificuldades composta por: dificuldade de comunicação, dificuldade de socialização e dificuldade 
no uso da imaginação. Esses três elementos foram assim classificados pela psiquiatra Lorna Wing e 
seguem sendo considerados até hoje.
 No entanto, vale reforçar que o diagnóstico de autismo só é possível por meio de uma 
equipe multidisciplinar (que inclui, entre outros profissionais, psicólogo, fonoaudiólogo, psiquiatra 
e neurologista) que faça um acompanhamento daquele indivíduo para, então, classificá-lo no 
TEA. 
 Atualmente, especialistas também usam a expressão díade do autismo, que seriam as 
dificuldades na comunicação e comportamentos restritos e repetitivos.
2. Para levar em consideração
 — Causas do autismo: o porquê de uma pessoa nascer com autismo ainda é um mistério para 
os especialistas que estudam o tema. No entanto, o que se sabe até agora é que o TEA pode se 
desenvolver em razão de fatores genéticos (90%) ou ambientais (10%).
Extra
Desmistificando o Autismo: Um Manual para Jornalistas
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29
 — Cada pessoa com autismo é diferente: assim como acontece com todos nós, cada pessoa 
no espectro autista é única; portanto, devemos sempre respeitar suas diferenças e dificuldades. 
Escrever de forma generalizada é um erro que deve ser sempre evitado.
3. Alguns mitos do autismo (e a verdade sobre eles)
 — O autismo é resultado da frieza das mães: há muito tempo atrás, psiquiatras disseminaram 
a informação de que o autismo poderia ser causado pela maneira fria e rígida com que as mães — 
que passavam mais tempo com as crianças — tratavam os próprios filhos. Mesmo sem fundamento
nenhum, a ideia se espalhou rapidamente e, ainda hoje, é possível se deparar com pessoas que 
creem nessa informação.
 — Vacina causa autismo: outro mito ainda disseminado é o de que a vacinação, especialmente 
a tríplice viral, estaria associada ao autismo. Isso acontece, principalmente, por um falso estudo 
divulgado na revista The Lancet, em 1990.
 Vale ressaltar que o médico responsável pela pesquisa, Andrew Wakefield, foi acusado por 
um parceiro de ter usado dados falsos e perdeu seu registro profissional. Em 2010, a própria revista 
publicou uma retratação desqualificando totalmente o estudo anteriormente divulgado.
 Ainda hoje, contudo, muitas pessoas, inclusive famílias de autistas, continuam acreditando 
na informação. Muitos pais relatam que os filhos tinham um desenvolvimento típico e, depois da 
vacinação, passaram a agir de forma diferente. A explicação é simples: no autismo regressivo, os
sintomas aparecem depois de 1 ano de idade — daí a confusão.
 — Todo autista possui uma espécie de genialidade: esse mito é um dos mais famosos 
do autismo — e foi ainda mais reforçado com o filme “Rain Man”, de 1980. Nele, o personagem 
Raymond, diagnosticado com autismo, tem dificuldades para socializar e realizar tarefas 
aparentemente simples, como atravessar a rua.
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 No entanto, é capaz de decorar todos os números de uma lista telefônica e dizer quantos 
palitos de dentes têm em uma caixa sem precisar contá-los. O que o filme não deixa claro é que o 
personagem também tem síndrome de Savant (distúrbio psíquico no qual a pessoa possui grande
habilidade intelectual, aliada a um déficit de atenção).
 Na vida real, dizemos que pessoas com autismo têm, na verdade, hiperfoco. Ou seja, 
sempre que se interessam por um tema específico, tendem a estudá-lo a fundo para se tornarem 
“especialistas” naquele assunto. Esse hiperfoco pode ser em mais de um tema e pode mudar ao 
longo da vida.
4. Síndrome de Asperger
 Em 1944, o psiquiatra austríaco Hans Asperger tornou pública as observações de duzentas 
crianças por ele tratadas e que apresentavam as mesmas características: “falta de empatia, baixa 
capacidade de fazer amizades, conversação unilateral, intenso foco em um assunto de interesse
especial e movimentos descoordenados” (Asperger, 1944). Seu trabalho só ficou conhecido 
anos mais tarde, quando a psiquiatra Lorna Wing incluiu 31 novos casos ao estudo e o publicou, 
nomeando a condição de síndrome de Asperger.
 Tanto o DSM-V quanto o CID 11 deixaram de usar o termo para classificá-lo como 
autismo leve. Ainda assim, o nome ainda continua sendo usado, especialmente por pessoas assim 
diagnosticadas.
5. Estereotipias ou stims
 Balançar as pernas, enrolar o cabelo, girar objetos e estalar os dedos constantemente são 
alguns dos comportamentos considerados estereotipados. Outros, como o hand flapping (ato de 
balançar as mãos continuamente na altura dos ombros), já são bastante comuns em pessoas
diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, normalmente, aparecem desde que eles 
são bebês.
 
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 Segundo especialistas, neurotípicos também podem ter essecomportamento — muitas vezes 
sem perceber que estão, de fato, estereotipando. Isso normalmente ocorre em situações de estresse, 
nos quais a repetição de um mesmo movimento de forma contínua pode ajudá-los a se regular, se 
organizar ou mesmo se acalmar.
 Com autistas acontece o mesmo: movimentar-se os ajuda a se acalmar durante crises ou até 
mesmo em situações em que não se sentem confortáveis.
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Autismo: não espere, aja logo (Paiva Junior)
Manual do Autismo (Gustavo Teixeira)
Menina Aspie (Michelle Malab)
Meu menino vadio (Luiz Fernando Vianna)
Mundo Singular (Ana Beatriz Barbosa Silva)
O cérebro autista (Temple Grandin)
O que me faz pular (Naoki Higashida)
Outra sintonia: a história do autismo (Caren Zucker, John Donvan)
Transtorno do Espectro Autista: uma brevíssima introdução (Lucelmo Lacerda)
Asperger’s are us (2016)
Atypical (2017-presente)
Autism: the musical (2007)
Farol das orcas (2016)
Missão especial (2004)
Ocean Heaven (2010)
Tão forte, tão perto (2011)
Temple Grandin (2010)
The Good Doctor (2018-presente)
Touch (2012-2013)
Tudo que quero (2018)
Para ler:
Para assistir:
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Lagarta Vira Pupa
Mayra Gaiato
Mundo Asperger
Mundo da Mi
Revista Autismo
Academia do Autismo
Aspie Aventura
Ben Oliveira
Diário de um autista
Introvertendo
Kenya Diehl
Otávio Show
Um Canal Sobre Autismo
Para pesquisar:
Para assistir rapidamente:
https://lagartavirapupa.com.br
https://mayragaiato.com.br/wp/
https://mundoasperger.com.br
http://mundodami.com
https://www.revistaautismo.com.br
https://www.youtube.com/channel/UCHwQqfFkSlJXCgbjA1DJcKw
https://www.youtube.com/channel/UCBks0U2ZssBjZ547rL5HOZg
http://www.benoliveira.com
https://www.youtube.com/channel/UCbhT_vtlwr7X2wG6q_0mWVQ
https://www.youtube.com/channel/UCbNCFE6hpeFGU6MZvn01YHQ
https://www.youtube.com/user/kenyadiehl
https://www.youtube.com/channel/UCYIu4ZW6c_vcvM1wuB7sRpA
https://www.youtube.com/channel/UC5TmdbiooLENwz1S_pvhUzA
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