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Brasília-DF.
Métodos de AvAliAção dA
CoMposição CorporAl
Atualização
Flávia Bulgarelli Vicentini
Elaboração
Sâmia Keller Luccas
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS ...................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
COMPOSIÇÃO CORPORAL ...................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
SOMATÓTIPO ......................................................................................................................... 60
CAPÍTULO 3
EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO – PROTOCOLOS ............................................................................ 69
CAPÍTULO 4
PERCENTUAL DE GORDURA CORPORAL ................................................................................. 73
CAPÍTULO 5
MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DO GASTO ENERGÉTICO ........................................................... 77
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 89
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
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Introdução
Uma avaliação do estado nutricional em adultos pode incluir uma avaliação
abrangente que consiste em uma história e exame físico personalizados, avaliação
laboratorial, antropometria, composição corporal e dados funcionais.
Nenhuma variável isolada relata com exatidão e confiabilidade o estado
nutricional de um indivíduo em todas as situações. Ferramentas de triagem
validadas estão disponíveis para uso em certas populações.
A avaliação in vivo da composição corporal é essencial em muitas investigações
clínicas, a fim de descrever e monitorar com precisão o estado nutricional de
uma série de condições médicas e processos fisiológicos, incluindo pacientes
doentes e desnutridos, mulheres grávidas, mulheres que amamentam e idosos,
bem como em pacientes com câncer, osteoporose e muitas outras doenças.
Esta área de pesquisa também é importante para o campo da nutrição humana e
fisiologia do exercício.
Várias investigações de pesquisa indicaram a importância de medir a deposição de
gordura em diferentes corpos e compartimentos, a fim de obter uma compreensão
mais completa dos fatores genéticos que contribuem para a obesidade, transtornos
relacionados à obesidade, como dislipidemia e, portanto, para uma compreensão
mais completa dos transtornos cardiometabólicos associados à obesidade, com
relevância para a relação entre composição corporal e gasto energético.
A dimensão espacial e temporal, onde e quando, pode influenciar a relevância
fisiológica e as implicações patológicas da composição gordurosa dos diferentes
compartimentos corporais e, como tal, é um novo elemento a ser considerado na
avaliação da composição corporal.
Objetivos
» Definir composição corporal e sua utilidade para desportistas e
atletas.
» Observar os métodos de avaliação da composição corporal para
desportistas e atletas e distinguir sua especificidade em relação à
população recorrente.
8
» Conhecer as individualidades das equações de predição utilizadas
como parâmetros de avaliação do percentual de gordura corporal
total para desportistas e atletas.
» Definir somatotipia e sua relação prática com a composição
corporal.
» Conhecer, observar e analisar os padrões recomendados pela
literatura científica para os valores de porcentagem de gordura
corporal total de desportistas e atletas.
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UNIDADE I
AVALIAÇÃO
CORPORAL DE
ATLETAS
CAPÍTULO 1
Composição corporal
As medidas de composição corporal humana são métodos objetivos de avaliação
nutricional e são de interesse para nutricionistas, profissionais de saúde e
cientistas esportivos.
Composição corporal é um método de descrição do que o corpo é feito. Inclui
gordura, proteína, minerais e água corporal. Também desmonstra o peso com
mais precisão do que o IMC. A análise da composição corporal pode mostrar
com precisão as mudanças na massa gorda, massa muscular e percentual
de gordura corporal. Isso pode ajudar a validar serviços como treinamento
pessoal, atendimento ao paciente e bem-estar corporativo.
A antropometria é um componente chave da avaliação do estado nutricional
em crianças e adultos. Os dados de antropometria da NHANES (National
Health and Nutrition Examination Survey) foram usados para acompanhar o
crescimento, o peso e as tendências na população dos EUA há mais de 30 anos.
Os dados antropométricos para bebês e crianças refletem o estado geral de saúde
e a adequação da dieta e são usados para rastrear tendências em crescimento
e desenvolvimento ao longo do tempo. O CDC usou dados antropométricossubstituta da
distribuição de gordura corporal central ou periférica. O excesso de gordura
no corpo do androide ou em excesso é mais comum em homens, enquanto a
gordura corporal ginoide ou em excesso é vista mais em mulheres.
Esse índice é definido como a razão entre a menor circunferência da cintura e a
maior circunferência do quadril.
Uma alta RCQ sugere aumento do risco de problemas de saúde relacionados
à obesidade. A precisão da RCQ na avaliação da gordura visceral diminui com o
aumento dos níveis de gordura. A RCQ é calculada dividindo-se a circunferência
da cintura pela circunferência do quadril e os indicadores de risco são ≥1,0 para
homens e ≥0,85 para mulheres
RCQ = circun ferência da cintura
circun ferência da cintura
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AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
DICA: a avaliação antropométrica no idoso deve levar em consideração a
especificidade desse grupo etário e as referências desenvolvidas a partir de
amostras representativas de idosos.
Figura 7. Pontos de medidas do perímetro corporal.
Braço relaxado
Antebraço
Punho
Coxa
Panturrilha
Peito
Cintura
Braço
Quadril
Coxa
Panturrilha
Fonte: Oh, 2012.
Índice de conicidade
Vários índices antropométricos têm sido utilizados para avaliar o risco de
desenvolver doença, incluindo índice de massa corporal, circunferência da
cintura e relação cintura-quadril.
Em 1991, Rodolfo Valdez propôs o índice de conicidade (IC) para avaliar
a obesidade e a distribuição da gordura corporal, sob o argumento de que a
obesidade central, e não a geral, está associada à doença cardiovascular, ou
seja as pessoas que possuem menor acúmulo de gordura na região abdominal
possuem a forma semelhante à de um cilindro e aqueles com maior acúmulo
teriam a semelhança com um duplo cone, tendo uma base em comum, dispostos
um sobre o outro.
De acordo com alguns estudos o índice de conicidade (IC), foi classificado como
uma boa ferramenta para avaliar a distribuição da massa gorda em adultos
jovens.
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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Embora os índices ajustados de IC tenham valor potencial na aplicação clínica,
pouco se sabe sobre o papel da gordura corporal total ajustada pelo IC, na
avaliação de doenças metabólicas.
O IC é calculado usando a circunferência da cintura e a altura em m e o peso em
kg pela seguinte fórmula:
Índice Conicidade = Circunferência da cintura (m)
peso corporal (kg)
estatura(m)
0,109
O valor de 0,109 é a constante que resulta da raiz da razão entre 4π (advindo
da dedução do perímetro do círculo de um cilindro) e a densidade média do ser
humano de 1,050kg/m³. (ARRUDA NETA et al., 2017)
Para o cálculo do risco cardiovascular, os valores propostos por Pitanga et al.
foram utilizados, ou seja, ≥ 1.18 para mulheres e ≥ 1.25 para homens.
Perímetro do pescoço
O perímetro do pescoço surgiu como um novo índice antropométrico para estimar
a obesidade. Esse método é relativamente novo e classifica entre normal e anormal a
distribuição de gordura.
A medida é realizada no ponto logo abaixo da laringe (cartilagem tireoide) e
perpendicular ao longo do eixo do pescoço (com a linha de fita na frente do
pescoço na mesma altura que a linha de fita na parte de trás do pescoço) usando
uma fita métrica inelástica.
Existe uma forte relação entre outros parâmetros antropométricos e fatores de
risco cardiovasculares relacionados à obesidade, como síndrome metabólica e
resistência à insulina. Além disso, a circunferência do pescoço tem se mostrado
um bom preditor de doenças cardiovasculares.
Vários estudos epidemiológicos de base populacional demonstraram fortes
correlações entre circunferência do pescoço e índice de massa corporal (IMC); e
circunferência da cintura e circunferência do pescoço.
Essa medida foi demonstrada como melhor indicador de avaliação da obesidade
em comparação com outros índices antropométricos devido às vantagens de ser
estável e a medição conveniente em um marco anatômico explícito com pouca
flutuação relacionada à dieta e condições respiratórias.
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AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Outros estudos relataram que a medida da circunferência do pescoço ou gordura
do pescoço é positivamente correlacionada com o conteúdo de gordura visceral.
No entanto, esses estudos foram realizados em pessoas infectadas pelo HIV ou
pacientes graves com amostras pequenas, limitando o grau em que os resultados
podem ser generalizados.
Diâmetros
Os diâmetros corporais compreendem, na maioria dos casos, medidas lineares
transversais, e são divididos em diâmetros do tronco e diâmetros ósseos.
Os diâmetros de tronco são caracterizados pelo comprimento de linhas
imaginárias que unem dois pontos simétricos do tronco. As medidas podem ser
realizadas com um compasso de pontas rombas ou com um antropômetro de
deslizamento.
Os diâmetros ósseos são obtidos pela distância entre duas estruturas de um
determinado osso, situadas transversalmente. As medidas são efetuadas
geralmente com o paquímetro ósseo.
Convencionalmente, os diâmetros são medidos do lado direito do indivíduo
avaliado. Abaixo segue uma relação dos diâmetros que podem ser utilizados
como medidas adicionais à avaliação da composição corporal.
» biacromial;
» torácico transverso;
» torácico ântero-posterior;
» biiliocristal;
» bitrocanteriano;
» biepicondiliano umeral;
» biestiloide;
» bicondiliano femural;
» bimaleolar.
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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Dobras cutâneas
São utilizadas como medidas isoladas para simples acompanhamento das
medidas ou como somatória das dobras, o que permite um acompanhamento
mais preciso.
A medição consiste na avaliação realizada por adipômetros, permitindo
a possibilidade de acompanhar a evolução do indivíduo, avaliando
individualmente a gordura nas dobras por meio do pinçamento e por meio
de cálculos da somatória das dobras, para que seja estimado o percentual de
gordura corporal e também a quantidade de massa magra. Esse cálculo pode
ser obtido por meio de equações específicas ou generalizadas.
O procedimento é rápido, o equipamento é portátil e, portanto, pode ser realizado
na maioria das avaliações em saúde e nutrição clínica. Uma variedade de
adipômetros de precisão estão disponíveis (por exemplo, Harpenden, Holtain ou
Lange) até de plástico (por exemplo, Slimguide). No entanto, as medidas podem
diferir entre o tipo de adipômetro, os de plástico podem ser menos precisos,
mas podem ser uma opção para medições seriadas ou quando for necessário
equipamento descartável.
Além da impossibilidade de avaliar o acesso da gordura intra-abdominal e
o impacto de diferentes padrões de distribuição de gordura, existem outras
limitações da antropometria das dobras cutâneas que incluem: constância da
compressibilidade e espessura da pele e a variabilidade das medições quando
realizada por avaliadores com formação e experiência limitadas. Contudo, usando
técnicas padronizadas, prática e monitoramento, pode haver a confiabilidade das
medidas das dobras cutâneas para fornecer dados úteis quando métodos mais
complexos de avaliação não estão disponíveis ou são inapropriados.
Algumas complicações que contribuem para elevar ainda mais a estimativa
de erro nesse tipo de avaliação incluem o nível de hidratação do indivíduo
avaliado, edema ou inchaço por ele apresentado no dia da avaliação, grande
acúmulo de gordura, como em indivíduos obesos, e a estrutura da pele, em
idosos.
O nível de variação de erro técnico das dobras cutâneas entre um profissional
habilitado pode ser de ≤ 5%, enquanto ≤ 7.5% é considerado aceitável para um
praticante inexperiente.
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AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Segundo o NHANES (2012), alguns procedimentos gerais devem ser adotados
para tomar medidas de dobras cutâneas:
» Antes de medir a dobra cutânea, marque cuidadosamente o local
apropriado com um lápis dermográfico. Faça todas as marcas no lado
direito do corpo.
» Segure a dobra cutânea entre o polegar eo indicador aproximadamente
2,0 cm acima à marca de medição. A quantidade capturada variará
dependendo da espessura do tecido adiposo sob a pele. Puxe as
dobras cutâneas para longe do corpo, separe a gordura do músculo
subjacente. Os lados da dobra devem ser mais ou menos paralelos.
» Com a mão livre, coloque o adipômetro perpendicular ao comprimento
da dobra.
» Continue a segurar a dobra cutânea com o polegar e o indicador.
Solte a haste do compasso para aplicar a tensão e mantenha essa
posição por aproximadamente 3 segundos, para depois fazer a
leitura da medição. Durante esse tempo, a agulha no mostrador
do calibrador se acomodará em uma posição que representa a
verdadeira espessura da dobra.
» Faça a leitura com sua linha de visão diretamente na frente do valor
de medição, em vez de em um ângulo. Meça a espessura ao décimo
de milímetro mais próximo (0,1 mm). Observe que o mostrador da
pinça mostra incrementos de 0,2 mm. A agulha da pinça geralmente
cai em um desses incrementos. No entanto, não ignore os décimos
ímpares. Se após 3 segundos você observar que a agulha realmente
fica entre duas linhas no mostrador, por exemplo, entre 10,6 mm e
10,8 mm, usa-se o número ímpar entre os dois, por exemplo, 10,7,
como a medição.
» Finalmente, remova as mandíbulas do calibrador e solte a dobra.
Execute todas as medidas de dobras cutâneas de acordo com os
procedimentos acima.
Lembre-se:
Para aferição das dobras cutâneas, é necessário:
» Identificar e marcar o local a ser medido.
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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
» Segurar a prega formada pela pele e pelo tecido adiposo com os
dedos polegar e indicador da mão esquerda.
» Pinçar a prega exatamente no local marcado, usando o adipômetro.
» Manter a prega entre os dedos até o término da aferição.
Também é importante relembrar que para o sucesso de uma avaliação
antropométrica, principalmente a realizada por dobras cutâneas, os indivíduos
devem ser orientados a prestar atenção em alguns detalhes antes de realizar
o procedimento de avaliação, pois alguns fatores podem alterar os resultados
obtidos, tais como:
» Não treinar (musculação ou aeróbio) antes (1 hora ou 2 horas
antes) de realizar a avaliação antropométrica.
» Alimentar-se com moderação (normalmente) 1 dia antes da
avaliação.
» Não fazer a avaliação nos dias do ciclo menstrual e nem 7 dias antes
(TPM).
» Usar, preferencialmente, shorts curtos, top ou sutiã para as mulheres.
Para a estimativa da porcentagem de gordura corporal total utilizando-se
a técnica de dobras cutâneas podem ser utilizadas equações específicas ou
generalizadas ou por meio da somatória de quatro pregas cutâneas (bicipital,
tricipital, subescapular e suprailíaca) de acordo com a equação de Durnin e
Womersley (1974):
Densidade corporal (DC) = (A –B) x log somatória das 4 pregas
Os coeficientes A e B podem ser visualizados no Apêndice Densidade Corporal e
variam de acordo com a idade e o gênero para o cálculo da densidade corporal.
Após ser encontrada a DC, a porcentagem de gordura corporal total é determinada
pela fórmula de Siri (1961):
4,95
DCGordura corporal (%) = [ - 4,50] x 100
A seguir, alguns dos compassos, piclômetros ou adipômetros, utilizados
comumente para a aferição das dobras cutâneas:
» compasso tipo Lange (1);
» compasso tipo Harpenden (2);
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AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
» Sanny clínico e científico (3);
» compasso tipo Cescorf: de fabricação nacional (pode ser estudantil,
clínico e científico) (4)
» compasso Slim Guide;
» compasso Ross;
» compasso Skyndex (digital).
Figura 8. Modelos de compasso.
1 2
3 4
Fonte: Cookie, 2017.
Dobras cutâneas do tríceps
A dobra cutânea tricipital é necessária para o cálculo da circunferência
muscular do braço. Sua espessura fornece informações sobre as reservas de
gordura do corpo, enquanto a massa muscular calculada fornece informações
sobre as reservas de proteína. Frisancho (1981) publicou tabelas mostrando
os percentis para a espessura da dobra cutânea tricipital. Abaixo de P15, o
paciente está desnutrido. É melhor repetir as medições para uma boa indicação
de mudanças no estado nutricional e na massa de gordura corporal.
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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Figura 9. Ponto anatômico para medida da dobra cutânea tricipital.
Fonte: Souza, 2016.
A adequação é calculada com base na seguinte equação:
Adequação da PCT (%) = PCT obtida (mm) x 100
PCT percentil 50
A tabela abaixo relaciona o estado nutricional de acordo com a porcentagem de
adequação da prega cutânea tricipital:
Tabela 17. Porcentagem de adequação da prega do tríceps e sua relação com o estado nutricional.
Estado nutricional Prega tríceps
desnutrição grave 120%
Fonte: Blackburn; Thornton, 1979 apud Kamimura et al., 2002.
Dobra cutânea subscapular
A prega cutânea subescapular é medida no ângulo inferior da escápula direita.
Marque o local de medição utilizando um lápis dermográfico. A medida da prega
subescapular é realizada de forma oblíqua em relação ao eixo longitudinal, de
acordo com a orientação dos arcos costais, localizada a dois centímetros abaixo do
ângulo inferior da escápula. Usando o lápis dermográfico, marque uma cruz (+) no
ângulo inferior. Faça a primeira linha a 45 graus da coluna e cruze isso com uma
linha que divide o ângulo inferior da escápula.
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AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Observação: Se tiver dificuldade em localizar o ângulo inferior da escápula, peça
que o paciente leve o braço para trás das costas, fazendo com que a escápula se
projete. Então, depois de localizar o local, solicite que relaxe o braço, reexamine
o local e faça uma marca tomando cuidado para não marcar o local quando a pele
está esticada.
Figura 10. Ponto anatômico para medida da dobra subescapular.
Fonte: Souza, 2016.
Dobra cutânea do bíceps
Corresponde à medida da face anterior do braço, no sentido do eixo
longitudinal, no ponto de maior circunferência aparente do ventre muscular
do bíceps.
A medida deverá ser realizada na superfície anterior do braço acima do
músculo bíceps braquial, no mesmo nível do perímetro do braço, que deve estar
completamente relaxado, com a palma da mão voltada para a frente. A medição
será no ângulo vertical.
Figura 11. Ponto anatômico para medida da dobra do bíceps.
Fonte: Souza, 2016.
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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Dobra cutânea torácica ou peitoral
Corresponde à medida oblíqua em relação ao eixo longitudinal, na metade
da distância entre a linha axilar anterior e o mamilo, para homens e, para as
mulheres, a um terço da linha axilar anterior.
Figura 12. Ponto anatômico para medida da dobra torácica ou peitoral.
Fonte: Souza, 2016.
Dobra cutânea axilar média
Corresponde à medida efetuada no ponto de interseção entre a linha axilar média
e uma linha imaginária transversal situada na altura do apêndice xifoide do
esterno, de forma oblíqua ao eixo longitudinal. O braço do avaliado deve estar
deslocado para trás, para facilitar a obtenção da prega.
Figura 13. Ponto anatômico para medida da dobra axilar média.
Fonte: Souza, 2016.
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AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Dobra cutânea suprailíaca
Corresponde à medida obtida obliquamente em relação ao eixo longitudinal,
na metade da distância entre o último arco costal e a crista ilíaca, sobre a linha
axilar medial. É importante que o avaliado afaste o braço para trás para a
execução da prega.
Figura 14. Ponto anatômico para medida da dobra cutânea suprailíaca.
Fonte: Souza, 2016.
Dobra cutânea supraespinhal
Corresponde à dobra efetuada entre cinco a sete centímetros acima da espinha
ilíaca anterior, sobre uma linha que vai da borda axilar anterior para baixo e para
a região medial, formando um ângulo de 45º.
Dobra cutânea abdominal
A avaliação da dobra cutânea abdominal é um dosmétodos mais usados para
a avaliação da gordura corpora, esse método compreende a medida obtida
paralelamente ao eixo longitudinal, cerca de dois centímetros à direita da cicatriz
umbilical.
Figura 15. Ponto anatômico para medida da dobra cutânea abdominal.
Fonte: Souza, 2016.
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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Dobra cutânea da coxa
Corresponde à medida efetuada paralelamente ao eixo longitudinal, sobre o
músculo reto femoral a um terço da distância do ligamento inguinal e a borda
superior da patela, segundo protocolo de Guedes (1985). Pollock e Wilmore
(1993) recomendam que a medida seja efetuada na metade da distância do
ligamento inguinal e na borda superior da patela.
Para facilitar a aferição, o avaliado deve deslocar o peso de seu corpo para a
perna esquerda e a perna direita deve estar semiflexionada à frente.
Figura 16. Ponto anatômico para medida da dobra cutânea da coxa.
Fonte: Souza, 2016.
Dobra cutânea da panturrilha
A dobra cutânea da panturrilha é medida no interior da perna direita ao nível da
circunferência cervical máxima.
Peça ao paciente para se sentar no banco ou cadeira, de modo que a perna direita
fique pendurada frouxamente com o joelho flexionado em um ângulo de 90º.
Flexionar muito ou apertar os músculos das pernas pode produzir uma medição
imprecisa.
Se você tiver dificuldade em separar a prega cutânea do músculo, comece
no joelho onde o tecido tende a ficar mais solto e vai descendo até a marca.
Certifique-se de que dobras cutâneas consistem em uma dupla espessura e fique
perpendicular ao chão
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AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Figura 17. Ponto anatômico para medida da dobra cutânea da panturrilha.
Fonte: Strong, 2016.
Procedimentos de higienização e manutenção dos
equipamentos
Alguns procedimentos de higiene são necessários para garantir que o
equipamento de antropometria funcione adequadamente, segundo o
NHANES (2012).
Seguem algumas instruções abaixo:
» Limpe a superfície dos calibradores de dobras cutâneas e fitas
métricas com papel toalha ou panos limpos e álcool.
» Limpe todas as áreas da superfície da balança e do estadiômetro (use
toalhas de papel ou escova, se necessário).
» Limpe a unidade de exibição da balança com um pano seco ou toalha
de papel.
NOTA: Não permita que nenhum fluido pingue na caixa da unidade de exibição.
Bioimpedância elétrica
A análise de bioimpedância é uma abordagem amplamente aplicada usada
em medições de composição corporal e sistemas de avaliação de saúde. Os
56
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
fundamentos essenciais da medição de bioimpedância no corpo humano e uma
variedade de métodos são usados para interpretar as informações obtidas. Além
disso, há um amplo espectro de utilização da bioimpedância em instituições de
saúde, como o prognóstico da doença e o monitoramento do estado vital do
corpo.
Essa técnica é usada para prever a composição corporal com base nas
propriedades condutoras elétricas do corpo e envolve a medição da impedância
(Z) para o fluxo de uma corrente elétrica baixa (800 μA), a uma frequência fixa
(50 kHz).
O dispositivo de bioimpedância pode ser de frequência única, quando opera
a uma frequência de 50 kHz ou multifrequência, quando uma ampla faixa de
frequências é usada. O princípio da BIA é que o tecido magro, composto de
água e eletrólitos, é um bom condutor elétrico, enquanto a gordura, que não
tem água, é um mau condutor.
No final do processo, os valores de reatância e resistência apresentados pelos
tecidos são utilizados para o cálculo dos percentuais de água corporal, massa
magra e gordura corporal, de acordo com o software fornecido pelo fabricante
do aparelho de bioimpedância. Para tornar mais fidedigna a avaliação, alguns
aparelhos trazem equações específicas ou generalizadas que melhor se adaptem à
realidade do avaliado.
As possíveis fontes de erro na BIA são diferenças no comprimento do membro,
atividade física, estado nutricional, nível de hidratação, química do sangue,
ovulação e colocação de eletrodos. O erro padrão de estimativa (EPE) é
semelhante ao das dobras cutâneas (3,5%).
Com a padronização ideal de métodos, instrumentos e preparação dos
indivíduos, a BIA pode fornecer estimativas rápidas, fáceis e relativamente
baratas de massa magra e gordura corporal em populações saudáveis e em
indivíduos obesos.
O instrumento BIA é portátil, seguro, fácil de usar, de custo relativamente
baixo e com um mínimo de carga de participantes, tornando-se uma ferramenta
útil para grandes estudos.
Três grandes grupos de modelos de BIA existem:
1. mão a mão,
2. pé a pé e
3. mão a pé.
57
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Diferentes tipos de modelos de análise de BIA poderiam potencialmente
mostrar menos diferença em comparação com uma medida padrão-ouro para
circunferências específicas de cintura e quadril.
Como a gordura corporal tem uma maior resistência à corrente elétrica em
comparação com a massa magra, a corrente pode não ser capaz de percorrer
facilmente o corpo para alcançar todos os seus segmentos, afetando assim a
validade da medição. Por exemplo, os modelos de mão para mão poderiam ser
mais precisos se tivesse maior circunferência da cintura, ao invés de maior
circunferência do quadril.
Figura 18. Bioimpedância modelo vertical.
Fonte: Ottoboni, 2019.
Figura 19. Bioimpedância modelo de eletrodos.
Fonte: Leite, 2017.
58
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Dica: Antes da realização da bioimpedância, o avaliado deve seguir as seguintes
recomendações:
» Não usar medicamentos diuréticos na véspera do exame.
» Manter-se em jejum por volta de quatro horas antes do teste ser efetuado.
» Não ingerir bebidas alcoólicas e alimentos que contenham cafeína
(café, chá verde, preto ou mate) refrigerante e medicamentos que
contenham cafeína, por 24 horas antes do exame.
» Não realizar atividades físicas extenuantes nas 24 horas anteriores ao
teste.
» Urinar pelo menos 30 minutos antes do teste.
» Não realizar o exame após o banho ou sauna (intervalo indicado de 12
horas de sauna ou massagem de drenagem linfática).
» Permanecer por volta de 5 a 10 minutos deitado em decúbito dorsal
em repouso antes da execução do teste.
» Não realizar o exame em gestantes e mulheres em período pré-menstrual
ou durante a menstruação.
Infravermelho próximo ou raios infravermelhos (Futrex)
A avaliação é realizada por meio de um aparelho portátil, composto por um
minicomputador, um protetor de luz e um sensor em forma de microfone, por onde
ocorre a emissão da luz. Esse aparelho tem um custo elevado.
A técnica de infravermelho próximo envolve a introdução de radiação infravermelha
através da pele para os tecidos subjacentes e avaliação do padrão e intensidade do
componente refletido, dependendo das características específicas de absorção de
proteína, gordura e água.
O minicomputador é importante para a inserção dos dados do indivíduo, como
gênero, idade, peso, estatura e compleição física. Uma vez inseridos os dados do
indivíduo no aparelho, o sensor do Futrex é apoiado sob o ponto médio do bíceps
do indivíduo, que informa, em seguida, os valores de água corporal, gordura
corporal e massa magra do avaliado.
59
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Alguns estudos realizados com adultos observaram que o infravermelho pode ter
pouca ou nenhuma vantagem sobre a medição das dobras cutâneas na previsão
da composição corporal, exibindo viés de medição quando usado para avaliar a
gordura absoluta.
No entanto, outros autores sugeriram que o infravermelho pode ser valioso
para o monitoramento do estado nutricional em pacientes onde as técnicas
alternativas são impraticáveis ou inadequadas.
Outro benefício em potencial do infravermelho é seu uso em crianças, porque a
sonda de luz colocada na superfície da pele parece ser menos intimidante que o
adipômetro, sem dor associada.
Embora tenha sido muito criticadapor avaliar apenas um ponto do corpo, a aferição
do bíceps pelo infravermelho mostrou melhor correlação com o padrão-ouro, a
hidrodensitometria, quando comparada à aferição pelo mesmo aparelho de outras
regiões corporais.
60
CAPÍTULO 2
Somatótipo
A antropometria demonstrou ter um papel importante na seleção de atletas
e nos critérios de desempenho em esportes. É óbvio que a determinação do
somatótipo é especialmente favorável em esportes nos quais o corpo pode
impactar na biomecânica do movimento e no desempenho resultante.
O termo somatótipo expressa a ideia de três componentes corporais primários
determinados nos seres humanos segundo suas características genéticas,
que podem ser modificados pelo meio ambiente e estilo de vida, o que inclui
alimentação e atividade física. Foi desenvolvido por Sheldon, em 1941, a partir
da análise de homens por ele fotografados, de frente, lado e costas.
Esses três componentes contribuem para a composição do somatótipo e foram
calculados por Sheldon a partir da observação de fotografias. A estimativa do
somatótipo é realizada por meio do cálculo de cada um desses componentes, em
uma escala de 1 a 7.
Esse conceito original sobre o somatótipo de Sheldon foi aperfeiçoado por
Heath e Carter, em 1971, com a inclusão de medidas antropométricas.
Segundo os próprios autores (1971) “[...] somatótipo é a descrição da configuração
morfológica atual do indivíduo”. Sheldon (1941), por sua vez, descrevia que “[...]
somatótipo é a trajetória seguida pelo indivíduo desde o crescimento até a sua
morte, em condições normais médias de nutrição, e em ausência de doença muito
perturbadora”.
A classificação de somatótipo dá uma categorização do físico usando medidas
relacionadas à forma e composição do corpo, avaliando a adiposidade (gordura),
robustez musculoesquelética e linearidade ou magreza. O somatótipo “expressa
o determinismo genético, observado do ponto de vista morfo-constitucional”
e pode ser identificado pela atribuição de uma classificação de três algarismos
representando: endomorfia, mesomorfia e ectomorfia. Em suma, o somatótipo dá
uma quantificação holística da morfologia e características do corpo humano.
O método de Heath e Carter (1971) considera o tipo físico do indivíduo no
momento da avaliação, diferentemente do método proposto por Sheldon, que
61
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
entendia que o somatótipo possuía influência genética e dificilmente seria
modificado no decorrer do tempo de vida do indivíduo.
Investigações de somatótipos em esportistas de elite desempenham um papel
importante no estudo da dinâmica do desenvolvimento de uma forma específica
do corpo humano sob a influência de vários processos de treinamento com intuito
intensivo e períodos competitivos. É bem conhecido que o perfil antropométrico
pode indicar se um jogador seria adequado para participar no mais alto nível em
um esporte específico.
É óbvio que a aparência estrutural de uma pessoa, ou forma do corpo, é determinada
pelo seu genótipo como influenciado pelo seu ambiente. A quantificação das
características morfológicas de atletas de alto perfil pode ser um aspecto
fundamental da relação entre estrutura corporal e desempenho esportivo.
Os componentes predominantes são: endomorfia, mesomorfia e ectomorfia.
» Endomorfia: corresponde ao primeiro componente. O termo é
originado do endoderma, que no embrião dá origem ao tubo digestivo e
seus sistemas auxiliares, como as vísceras. Representa a predominância
do sistema vegetativo e certa tendência ao acúmulo de gordura e à
obesidade.
» Mesomorfia: corresponde ao segundo componente. No embrião, o
mesoderma origina tecidos como ossos, músculos e tecido conectivo.
Indica predominância de massa musculoesquelética.
» Ectomorfia: indica o terceiro componente. Os tecidos
predominantes são derivados da camada ectodérmica, por isso
apresenta predomínio de formas lineares. Corresponde aos tipos
longilíneos.
Na versão original cada componente pode variar de 1,0 a 7,0, o que permite
definir três tipos extremos: 7-1-1 que corresponde ao endomorfo puro ou
extremo; 1-7-1, que corresponde o mesomorfo puro, e 1-1-7, indicando o
ectomorfo puro.
Atletas de sucesso de muitos esportes parecem ter altas taxas de mesomorfia,
demonstrando um forte desenvolvimento musculoesquelético. Em geral, os
músculos maiores são capazes de produzir resultados de maior força, o que pode
levar a um desempenho anaeróbico superior.
62
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Muitos estudos estabeleceram a ligação entre a força ou poder absoluto e específico
da tarefa e a mesomorfia. No entanto, nenhum desses estudos investigou como a
magnitude dos outros ratings influencia o desempenho ao lado da mesomorfia.
A ectomorfia e a endomorfia foram frequentemente usadas para explicar algumas
variações no desempenho em que a propulsão do corpo é importante, como
no poder explosivo das pernas, sendo a associação positiva com ectomorfia e
negativa com endomorfia. No entanto, baixas pontuações em ectomorfia podem
ser vantajosas em movimentos de força onde alavancas curtas são preferíveis.
Pesquisas anteriores também demonstraram diferenças nas concentrações
hormonais relacionadas ao treinamento, tanto em repouso quanto após o
exercício, entre os somatótipos que podem ajudar a explicar as diferenças no
desempenho anaeróbico.
Os perfis extremos ou puros são muito contrastantes. Por exemplo, o endomorfo
puro, além de obesidade, apresenta, predominantemente, volume abdominal e
flacidez muscular. Já o mesomorfo puro, possui desenvolvimento muscular e
massa óssea acentuados, medidas torácicas maiores que do abdome e aspecto
enérgico. Contrastando com os demais, o ectomorfo puro lembra fragilidade, pois é
magro e seu comprimento predomina sobre os diâmetros e circunferências.
Para determinar o somatótipo, são necessários cálculos e medidas com o
intuito exclusivo de estabelecer ao indivíduo avaliado o valor numérico dos três
componentes do somatótipo (endomorfia, mesomorfia e ectomorfia) que ele
apresenta.
Segundo o método antropométrico de Heath e Carter, são necessárias as seguintes
medidas, como:
» peso;
» estatura;
» dobras cutâneas (tríceps, subescapular, suprailíaca e perna
medial);
» diâmetros ósseos (fêmur e úmero);
» circunferências (braço e perna).
63
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Para o cálculo da endomorfia:
» ENDO = - 0,7182 + 0,1451 (x) - 0,00068 (x) + 0,0000014 (x)
Onde:
» x = somatório das dobras tríceps, suprailíaca e subescapular.
Para correção das dobras pela estatura:
Somatório das dobras corrigido =
somatório das dobras x 170.18
estatura
A tabela 18 expressa outra maneira de determinar o valor do componente
endomorfia por meio do somatório das três dobras cutâneas.
Tabela 18. Determinação do componente endomorfia segundo os valores do somatório das dobras cutâneas
tríceps, suprailíaca e subescapular.
Somatório dobras cutâneas
(tríceps + suprailíaca + subescapular) Componente ENDO
7.0 – 10.9 0,5
11.0 – 14.9 1,0
15.0 – 18.9 1,5
19.0 – 22.9 2,0
23.0 – 26.9 2,5
27.0 – 31.2 3,0
31.3 – 35.8 3,5
35.9 – 40.7 4,0
40.8 – 46.2 4,5
46.3 – 52.2 5,0
52.3 – 58.7 5,5
58.8 – 65.7 6,0
65.8 – 73.2 6,5
73.3 – 81.2 7,0
81.3 – 89.7 7,5
89.9 – 98.9 8,0
99.0 – 108.9 8,5
109.0 – 119.7 9,0
Fonte: Pitanga, 2004.
Para o cálculo da mesomorfia:
» MESO = 0,858 (U) + 0,601 (F) + 0,188 (B) + 0,161 (P) – 0,131 (H) + 4,50
64
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Onde:
» U = diâmetro do úmero;
» F = diâmetro do fêmur;
» B = circunferência de braço corrigido;
» P = circunferência de perna corrigida;
» H = estatura.
Para excluir o tecido adiposo da medida da massa muscular, tornam-se necessárias
correções:
» CBC = CB – (DCTR / 10)
» CPC = CP – (DCPM / 10)
Onde:
» CBC = circunferência de braço corrigida;
» CPC = circunferência da perna corrigida;
» CB = circunferência de braço;» CP = circunferência de perna;
» DCTR = dobra cutânea do tríceps;
» DCPM = dobra cutânea de perna medial.
Para o cálculo da ectomorfia:
» IP (Índice Ponderal) = estatura/raiz cúbica do peso corporal
› Se IP > 40,75
» Ectomorfia = (IP x 0,732) - 28,58
› Se IP estiver entre 38,25 e 40,75
» Ectomorfia = (IP x 0,463) -17,63
» Para IPsofre influência de culturas e origens externas.
70
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Abaixo, segue a relação das equações de predição mais conhecidas e a população
a que se destinam:
Durnin e Womersley (1974)
Essa equação leva em consideração quatro pregas cutâneas (tríceps, bíceps,
subescapular e suprailíaca) e a idade do avaliado para o cálculo da densidade
corporal e a porcentagem de gordura corporal total para homens e mulheres.
Foi criada com base em um estudo feito com 209 homens de 17 a 72 anos de
idade e 272 mulheres na faixa etária entre 16 a 68 anos.
Faulkner (1968)
Corresponde a uma equação muito utilizada no Brasil e em países vizinhos,
principalmente na década de 1970 e 1980. Muito utilizada para nadadores, foi
adaptada de uma equação de Yuhazs (1962).
Cientificamente, não se tem conhecimento concreto de que seja adaptada do
protocolo descrito acima e, segundo o próprio autor, corresponde a uma equação
geral, não específica para nadadores.
Para a avaliação, esse protocolo considera quatro pregas cutâneas (tríceps,
subescapular, suprailíaca e abdominal) e não inclui a idade do indivíduo.
Guedes (1985)
Pesquisador brasileiro que realizou um estudo com 110 homens e 96 mulheres
entre 18 a 30 anos, frequentadores da Universidade Federal de Santa Maria
(RS).
O protocolo para avaliação da porcentagem de gordura corporal total consta de
três dobras cutâneas: tríceps, suprailíaca e abdominal, que são relacionadas ao
sexo do avaliado; também não leva em consideração a idade.
Jackson e Pollock (1978)
Comumente utilizada para a avaliação de indivíduos do sexo masculino entre
18 a 61 anos de idade, foi baseada em um estudo realizado com 308 indivíduos.
71
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Geralmente, é utilizada como referência em avaliações da composição corporal
efetuadas em academias de ginástica e em consultórios.
Pode ser realizada com base na somatória de sete dobras cutâneas (torácica,
axilar medial, tríceps, subescapular, abdominal, suprailíaca e coxa), ou
mais simplificada, contendo apenas três dobras cutâneas (tríceps, coxa e
suprailíaca), além da idade.
Jackson, Pollock e Ward (1980)
Propõe equações para estimativa da densidade corporal de mulheres, com
idade entre 18 a 55 anos, também utilizando a somatória de sete ou três
dobras cutâneas (as mesmas utilizadas no protocolo Jackson & Pollock
(1978)), além da idade.
Kacth e McArdle (1973)
Foi desenvolvida com base em estudos com universitários de ambos os sexos.
São propostas sete equações, sendo três para homens e quatro para mulheres.
Podem ser usados apenas os valores de dobras cutâneas, de dobras e perímetros,
dobras e diâmetro ósseo e apenas os de perímetros.
São fórmulas distintas para os sexos usadas para obtenção da porcentagem
de gordura corporal total. Para homens, são consideradas as dobras do tríceps,
subescapular e abdominal; perímetros abdominal, do antebraço e do braço
estendido. Para mulheres, dobras do tríceps, subescapular, suprailíaca e coxa;
perímetros abdominal, antebraço, coxa e braço estendido, além do diâmetro
biepicôndilo umeral.
Petroski (1995)
Estudo também brasileiro efetuado com 213 homens e 304 mulheres de 18 a 66
anos de idade, provenientes da região central do Rio Grande do Sul e da região
litorânea de Santa Catarina.
Para a avaliação, são necessárias as pregas tríceps, subescapular, suprailíaca,
panturrilha medial e a idade, para homens. Para as mulheres, axilar medial,
suprailíaca, coxa, panturrilha medial e a idade.
72
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Slaughter et al. (1988)
Equação indicada para a predição de gordura corporal em crianças e
adolescentes, com idade entre 7 a 18 anos, pois leva em consideração o nível
maturacional e o aspecto racial.
Para a obtenção dos resultados, são necessárias duas pregas cutâneas: tríceps e
subescapular, além da definição do estágio maturacional em que se encontram os
avaliados.
Thorland et al. (1984)
Indicada para atletas jovens de ambos os sexos, utilizando três ou sete dobras
cutâneas (tríceps, subescapular, axilar medial, suprailíaca, abdominal, coxa e
panturrilha medial), além da diferenciação pelo sexo.
73
CAPÍTULO 4
Percentual de gordura corporal
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece a obesidade quando o
valor do IMC (peso (Kg) / altura (m2)) é superior a 30kg/m2.
Esse método é ineficaz na avaliação direta da composição corporal, tornando-se
uma medida imperfeita da gordura corporal, principalmente porque não mede
diretamente a massa gorda.
Dessa forma, foram estabelecidos os meios de avaliação da composição corporal
levando em consideração a porcentagem de gordura corporal total, dado que pode
ser correlacionado a outras medidas ou variáveis para melhor interpretação dos
resultados obtidos.
Convém ressaltar que o estudo da obesidade, doença multifatorial, está em
evidência. Primeiro, porque grande parte da população mundial encontra-se
com algum tipo de sobrepeso; segundo, porque a obesidade traz consigo outras
alterações metabólicas, que certamente prejudicam a saúde e a qualidade de
vida do indivíduo.
A OMS calcula que desde a década de 1980, a obesidade tenha mais que
triplicado em todo o mundo, inclusive em países em desenvolvimento.
Em 1995, havia cerca de 200 milhões de adultos obesos em todo o mundo e
outros 18 milhões de crianças com menos de cinco anos classificadas como
obesos. A partir de 2000, o número de adultos obesos aumentou para mais
de 300 milhões. Contrariamente à sabedoria convencional, a epidemia da
obesidade não se restringe às sociedades industrializadas, nos países em
desenvolvimento, estima-se que mais de 115 milhões de pessoas sofrem de
problemas relacionados à obesidade.
Além do crescimento da obesidade, crescem também as doenças a ela associadas,
como diabetes e hipertensão arterial que juntas potencializam o desenvolvimento
de doenças cardiovasculares, as que mais matam no mundo.
74
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Se anteriormente, no Brasil, o problema nutricional era a desnutrição, atualmente,
preocupamo-nos muito mais com a epidemia de obesidade. Dessa forma, a procura
por profissionais da saúde capacitados a orientar os indivíduos com excesso de
peso (excesso de gordura corporal) aumentará e o papel fundamental desses
profissionais é justamente conhecer os diferentes mecanismos que levam ao
ganho de peso (tanto endócrinos como ambientais) e as diferentes estratégias
para o controle do ganho de gordura ou, melhor, para a redução da porcentagem
de gordura corporal total.
Com a finalidade de compreender os padrões e as recomendações da literatura
científica sobre os valores de porcentagem de gordura corporal total para indivíduos,
sejam eles adultos, jovens ou idosos, homens ou mulheres, praticantes de atividade
física, atletas ou sedentários, seguem abaixo algumas das referências e protocolos
internacionais e nacionais mais conhecidos sobre gordura corporal e sua relação
com o estado nutricional.
Tabela 23. Classificação do percentual de gordura corporal para indivíduos não atletas de ambos os sexos.
Classificação Sexo masculino Sexo feminino
Normalidade 3 a 20% 12 a 25%
Excesso de peso > 20% 25 a 30%
Obesidade > 25% > 30%
Fonte: Guedes, 1985.
Tabela 24. Classificação do percentual de gordura corporal para indivíduos não atletas de ambos os sexos.
Classificação Sexo masculino Sexo feminino
Normalidade Até 20% Até 30%
Excesso de peso > 20% > 30%
Fonte: McArdle, 1975.
Tabela 25. Classificação do percentual de gordura corporal para adultos atletas.
Categoria esportiva Sexo masculino Sexo feminino
Nadadores 9% ––
Futebolistas 12% ––
Demais esportes 14% 14%
Fonte: Faulkner, 1986.
75
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Tabela 26. Classificação do percentual de gordura corporal para mulheres atletas.
Classificação Sexo feminino
Normalidade 12 a 18%
Excesso de peso20 a 25%
Obesidade > 25%
Fonte: Jackson et al., 1980.
Tabela 27. Classificação do percentual de gordura corporal para homens atletas.
Classificação Sexo masculino
Normalidade 6 a 14%
Excesso de peso 20 a 25%
Obesidade > 25%
Fonte: Jackson et al., 1978.
Tabela 28. Classificação do percentual de gordura corporal para indivíduos ativos de ambos os sexos, segundo
LOHMAN, 1992, transcrita de CUPPARI, 2002.
Gordura corporal (%)
Homens Mulheres
Risco de doenças associadas a desnutrição ≤ 5,0 ≤ 8,0
Abaixo da média 6,0 - 14,0 9,0 - 22,0
Média 15,0 23,0
Acima da média 16,0 - 24,0 24,0 - 31,0
Risco de doenças associadas a obesidade ≥ 25,0 ≥ 32,0
Fonte: Cuppari, 2002.
Tabela 29. Classificação média geral do percentual de gordura corporal para indivíduos ativos.
Classificação Sexo masculino Sexo feminino
Abaixo da normalidade até 12% até 16%
Normalidade 12 a 18% 16 a 25%
Acima da normalidade 18 a 25% 25 a 33%
Tendência à obesidade > 25% > 33%
Fonte: Cuppari, 2002.
Tabela 30. Classificação do percentual de gordura corporal para atletas adultos de alto rendimento, de acordo
com o esporte praticado.
Modalidade esportiva Sexo masculino Sexo feminino
Basquete 7 a 11% 20 a 27%
Ciclismo 8 a 10% 15%
Natação 9 a 12% 14 a 24%
Voleibol 11 a 12% 16 a 25%
Corrida de fundo 6 a 13% 10 a 19%
Triatlo 5 a 11% 7 a 17%
Tênis 15 a 16% 20%
Fonte: Pollock, Schimidt e Jackson, 1980.
76
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Tabela 31. Classificação do percentual de gordura ideal para atletas, de acordo com a modalidade esportiva
praticada.
Modalidade Esportiva % de gordura ideal
Sexo feminino
Basquete: armador 10 a 12%
Basquete: ala 12 a 14%
Basquete pivô até 16%
Outros esportes 14%
Máximo tolerado até 16%
Sexo masculino
Natação 11%
Futebol 9%
Demais esportes 14%
Máximo tolerado até 16%
Fonte: Faulkner, 1968.
Tabela 32. Classificação do percentual de gordura corporal total para algumas modalidades esportivas, segundo
o sexo.
Modalidade esportiva Sexo masculino Sexo feminino
Balé 8 a 14% 13 a 20%
Ginástica 5 a 12% 8 a 16%
Patinação 5 a 12% 8 a 16%
Esqui 7 a 15% 10 a 18%
Golfe 10 a 16% 12 a 20%
Hipismo 6 a 12% 10 a 16%
Remo 6 a 14% 8 a 16%
Canoagem 5 a 11% 8 a 15%
Ciclismo 6 a 9% 9 a 13%
Pentatlo 8 a 15% ––
Triatlo 5 a 12% 8 a 15%
Natação 9 a 12% 14 a 24%
Nado sincronizado –– 10 a 18%
Tênis 6 a 14% 10 a 20%
Beisebol 8 a 14% ––
Voleibol 7 a 15% 10 a 18%
Basquete 6 a 12% 7 a 11%
Futebol americano 6 a 19% ––
Futebol de campo 6 a 14% 10 a 18%
Levantamento de peso 5 a 12% 10 a 18%
Salto 7 a 8% 8 a 14%
Arremesso de peso 16 a 20% 20 a 28%
Corrida de longa distância 6 a 13% 10 a 19%
Corrida de média distância 7 a 12% 10 a 14%
Corrida de velocidade 8 a 16% 11 a 19%
Fonte: Fleck, 1983 e Wilmore, 1983.
77
CAPÍTULO 5
Métodos para avaliação do gasto
energético
O gasto energético total (GET) é uma variável importante para quantificar com
precisão, dado seu papel no controle de peso e prevenção de doenças. O GET é a
soma da energia despendida para apoiar o metabolismo basal, a atividade física e a
digestão dos alimentos.
Para entender melhor a necessidade energética do corpo humano, seja na
realização das atividades do dia a dia ou na prática de atividade física, alguns
métodos para a avaliação do gasto energético foram desenvolvidos como
amostras do consumo de oxigênio, análise da variação da frequência cardíaca,
questionários retrospectivos dos padrões de atividades do dia a dia, entre
outros, apresentando cada um deles vantagens e desvantagens nos valores
encontrados considerando as dificuldades de cada método em relação à
especificidade do resultado.
Há dezenas de dispositivos disponíveis comercialmente que se propõem a medir
o gasto de energia e sobre os quais os indivíduos estão tomando “decisões que
mudam sua vida”.
Dado que o aumento do gasto energético é um meio para alcançar um déficit
calórico negativo, há um tremendo interesse na sua quantificação e uma
necessidade de substanciar suas associações com vários índices de saúde para
informar a ciência e a medicina. Pesquisas também descrevem sua associação
inversa com as taxas de mortalidade cardiovascular.
Atualmente, as necessidades energéticas de um indivíduo podem ser avaliadas
por calorimetria direta, calorimetria indireta e técnica da água duplamente
marcada.
Calorimetria direta e indireta
Todos os processos metabólicos que ocorrem dentro de um organismo produzem
calor e todo organismo vivo é um sistema aberto que constantemente troca
calor com o ambiente, a avaliação dessa energia produzida pode ser realizada
de forma direta ou indireta.
78
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
O sistema de calorimetria é capaz de medir a quantidade de calor produzido
pelo corpo em um determinado período de tempo.
O calorímetro permitiu a medição da troca gasosa entre um organismo vivo e a
atmosfera circundante (calorimetria indireta), bem como a medição simultânea do
calor produzido por esse organismo (calorimetria direta).
Muitos estudos estabeleceram a validade da relação entre a calorimetria direta
e a indireta, demonstrando que existe uma equivalência entre o consumido e o
calor gerado nos seres humanos. E revelaram que o gasto de energia pode ser
diretamente medido em humanos (calorimetria direta) ou estimado, medindo
o consumo de oxigênio e traduzindo essas quantidades em calor equivalente
(calorimetria indireta).
A produção de calor ocorre via metabolismo celular (bioenergética) e trabalho
celular. Muito do entendimento do metabolismo e dos sistemas clássicos
de controle ativo dentro da vida dos organismos é baseado em medições de
produção de calor utilizando a técnica de calorimetria direta.
A calorimetria direta envolve colocar um indivíduo dentro de uma pequena câmara
isolada do ambiente. Não é o mais conveniente método de quantificação do gasto
energético, apesar de depender de princípios físicos facilmente medidos.
No estudo de organismos vivos, calorímetros diretos foram desenvolvidos para
medir com precisão a produção de calor do metabolismo, essa avaliação é muito
utilizada em pesquisas, mas apresenta alto custo e exige rígidas condições
experimentais, limitando a aplicabilidade do método, além de não permitir a
identificação do tipo de nutriente predominantemente oxidado.
A manutenção de todas as funções do corpo, incluindo o transporte ativo de
gradientes químicos e elétricos através das membranas celulares, a síntese de
macronutrientes, contração muscular e outros processos fisiológicos requer o
gasto constante da molécula de adenosina trifosfato (ATP) rica em energia, que
é colhida do consumo de alimentos e oxigênio.
A calorimetria direta é provavelmente o método que provê maior acurácia à
realização de medidas do gasto energético, pois mensura de maneira direta o
calor gerado pelo organismo. Apresenta um erro padrão de estimativa (EPE)
com variação de 1 a 2%.
A técnica de calorimetria indireta tornou-se o método de escolha na maioria das
circunstâncias, quando uma medida do gasto energético é necessária. O termo
79
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
indireto refere-se ao fato de a produção de energia (calor) ser determinada pela
medição de oxigênio consumido e produção de dióxido de carbono (denominada
quociente respiratório, conhecido como QR) em vez de medir diretamente a
transferência de calor.
Essa técnica permite, basicamente, determinar o tipo de substrato energético ou a
mistura de substratos oxidados como fonte de energia que estão sendo utilizados no
momento da avaliação.
O equipamento varia, mas geralmente o tipo mais usado é um sistema de capuz
ventilado. Um capuz de plástico transparente é colocado sobre a cabeça do sujeito e
fechado hermeticamente no pescoço.
Figura 21. Modelo de aparelho de calorimetria indireta.
Fonte: Johnson, 2001.
Figura 22. Modelo de aparelho de calorimetria indireta em atividade física.
Fonte: Pacileo, 2019.
80
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORALDE ATLETAS
O cálculo do QR é efetuado dividindo-se o CO2/O2, expresso em litros (a quantidade
de CO2 produzido pela quantidade de O2 consumido). As trocas gasosas são
mensuradas em equipamentos específicos, denominados espirômetros.
Para a oxidação da glicose, por exemplo, a quantidade de oxigênio consumida é a
mesma que a quantidade de dióxido de carbono produzida, determinando uma
relação final de 1.
Para lipídios, a relação final é de 0,69, aproximando-a para o valor de 0,7; e
para proteínas a relação final é de 0,8.
Dessa forma, esses números produzidos pela relação CO2/O2 (QR) refletem em
estado estável o metabolismo dos nutrientes na célula.
O valor energético de 4,825 kcal/l de oxigênio é denominado de equivalente
metabólico (MET), aproximado para o valor de 5 MET, usado como fator para
estimativa do gasto energético baseado no consumo de oxigênio.
Por exemplo, a quantidade de energia gasta durante o sono equivale a 1,0 MET;
para a atividade física moderada são gastos 4,0 MET, para a intensa, 6,0 MET e
muito intensa, 10,0 MET.
Além das outras técnicas para avaliação do gasto energético, a calorimetria
indireta apresenta ainda, como vantagem, fácil transporte e menor custo,
possibilitando a estimativa do gasto de energia específico para cada tipo de
atividade física. Sua acurácia varia entre 2 a 5% de erro padrão.
Água duplamente marcada
O método da água duplamente marcada para a avaliação do gasto de energia foi
publicado pela primeira vez em 1955. A aplicação em seres humanos começou
em 1982, e tornou-se o padrão-ouro para a exigência de energia humana em
condições de vida diária.
O método envolve o enriquecimento da água corporal de um indivíduo com
hidrogênio pesado (2H) e oxigênio pesado (18O), e então determinada a
diferença na cinética de washout entre ambos os isótopos, sendo uma função
da produção de dióxido de carbono. Na prática, os indivíduos obtêm uma
quantidade medida de água duplamente marcada (2H2
18O) para aumentar o
enriquecimento de fundo da água corporal para 18O de 2.000 ppm com pelo
81
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
menos 180 ppm e enriquecimento de fundo da água corporal para 2H de 150
ppm com 120 ppm.
Posteriormente, a diferença entre as taxas de renovação aparente do hidrogênio
e oxigênio da água corporal é avaliada a partir de amostras de sangue, saliva ou
urina, coletadas no início e no final do intervalo de observação de 1 a 3 semanas.
As amostras são analisadas para 18O e 2H com espectrometria de massa com
razão isotópica. O método da água duplamente marcada é o método indicado
para medir o gasto energético em qualquer ambiente, especialmente no que
diz respeito ao gasto energético da atividade, sem interferir no comportamento
dos sujeitos. As aplicações incluem a avaliação do requerimento de energia do
gasto energético total, validação de métodos de avaliação dietética e validação
de métodos de avaliação de atividade física com referência ao uso de energia de
água duplamente marcada e estudos de regulação da massa corporal com gasto
energético como determinante do balanço energético.
A avaliação do gasto energético pela água duplamente marcada é aplicada
principalmente para a medição do nível de atividade física dos indivíduos. Para
comparar o nível de atividade física dentro e entre os indivíduos, o gasto energético
total é dividido pelo gasto energético de repouso, resultando em um valor sem
dimensão (FAO; WHO; ONU 2004):
Nível de atividade física = gasto total de energia
gasto energético em repouso
A divisão do gasto energético total pelo gasto energético de repouso se ajusta às
diferenças no tamanho e na composição corporal. Um sujeito maior tem maior gasto
energético de repouso do que um sujeito menor. O gasto total de energia também é
maior, e dividido pelo gasto energético de repouso pode resultar em um nível de
atividade física comparável a um sujeito menor.
Os dados sobre o gasto energético total avaliado como água duplamente marcada
mostram limites para o nível de atividade física. Alguns dados foram compilados
a partir de estudos realizados desde o início da sua aplicação nos anos 1980. A
amostra inclui indivíduos com 18 anos ou mais, com ampla faixa de idade, altura,
massa e índice de massa corporal. Apesar da grande variação nas características
dos sujeitos, existe uma faixa estreita de nível de atividade física dos sujeitos.
O nível de atividade física para ‘estilos de vida sustentados’ varia entre 1,1–1,2 e
2,0–2,5, como sugerido em análises anteriores. Mulheres e homens não mostram
diferença no nível de atividade física.
82
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
O valor mínimo de 1,1–1,2 é para um sujeito sem atividade física, sendo o gasto
energético total a soma da taxa metabólica basal e o gasto energético induzido
pela dieta. O valor máximo de 2,0 a 2,5 é determinado pela ingestão de energia.
Valores mais altos são difíceis de manter por um longo período de tempo e
geralmente resultam em perda de massa, a menos que a ingestão de energia seja
suplementada. O nível de atividade física de um indivíduo pode ser classificado
em três categorias, conforme definido pela última consulta de especialistas da
FAO, OMS, ONU sobre requisitos de energia humana.
O valor do nível de atividade física para estilos de vida sedentário e atividade leve
varia entre 1,40 e 1,69, para estilos de vida moderadamente ativos ou ativos entre
1,70 e 1,99, e para estilos de vida vigorosamente ativos entre 2,00 e 2,40.
As limitações do método da água duplamente marcada para a medição do gasto de
energia são a duração do intervalo de observação e o procedimento de análise da
amostra que consome tempo.
O intervalo de observação varia entre 3 dias em crianças pequenas ou indivíduos
adultos extremamente ativos e 3 ou 4 semanas em sujeitos muito sedentários
e idosos. Em intervalos mais curtos, a mudança no enriquecimento isotópico é
muito pequena para se obter uma medida precisa da taxa de eliminação.
Após intervalos mais longos, o enriquecimento final não pode ser medido com
precisão, aproximando-se demais dos valores de fundo.
A análise de isótopos permanece demorada, apesar do desenvolvimento de uma
alternativa para a preparação de amostra tradicional e subsequente mensuração do
enriquecimento isotópico com espectrometria de massa de razão isotópica.
A medição imediata do enriquecimento isotópico em amostras biológicas com
espectrometria de absorção a laser pode ser realizada em minutos. No entanto,
problemas de memória exigem o condicionamento do sistema por meio de injeções
de amostras repetidas, aumentando o tempo de análise para 1 hora para ambos os
isótopos.
Além disso, não se podem medir as amostras iniciais com alto enriquecimento e as
amostras finais com baixo enriquecimento no mesmo dia.
83
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Avaliação do gasto energético basal
Taxa metabólica de repouso (TMR) e taxa metabólica basal (TMB) são medidas
de gasto energético de repouso, representando a quantidade mínima de energia
necessária para manter o funcionamento do corpo, incluindo a regulação do
coração, pulmões e temperatura.
A descrição são de equações para estimar TMB – ver também informações sobre a
medida direta de TMR e TMB. Ao multiplicar a TMB por um fator de atividade,
você pode determinar quantas calorias são necessárias por dia para manter o
peso corporal com base no seu nível de atividade diário.
Fórmula da taxa metabólica basal
A equação de Harris-Benedict foi durante muito tempo a fórmula padrão e é
amplamente usada para estimar a TMB.
Use os cálculos abaixo para calcular a TMB, em que: Wt = peso em kg, Ht = altura
em cm, A = idade em anos.
» homens: kcal/dia = (13,75 x Wt) + (5 x Ht) - (6,76 x Idade) + 66
» mulheres: kcal/dia = (9,56 x Wt) + (1,85 x Ht) - (4,68 x Idade) + 655
A equação de Harris-Benedict foi publicada pela primeira vez em 1919. Desde
então, muitos outros estudostentaram melhorá-la, com sucesso limitado. Outra
equação comumente usada para calcular a RMR é a equação de Mifflin.
Tabela 33. Cálculo da ingestão calórica diária recomendada para manter o peso atual.
Nível de exercício Detalhes Cálculo calórico (necessidades diárias)
Pouco ou nenhum exercício TMB x 1,2
Exercício leve 1-3 dias por semana TMB x 1,375
Exercício moderado 3-5 dias por semana TMB x 1,55
Exercício pesado 6-7 dias por semana TMB x 1,725
Exercício muito pesado duas vezes por dia, treinos extrapesados TMB x 1,9
Fonte: Harris Benedict,1919.
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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Apêndice densidade corporal
Cálculo da densidade corporal (DC) para homens e mulheres, desenvolvido por
Durnin e Womersley (1974), segundo o somatório das dobras cutâneas bicipital,
tricipital, subescapular e suprailíaca.
Homens
» 17 – 19 anos DC = 1,1620 – 0,0630 x (log somatória pregas cutâneas)
» 20 – 29 anos DC = 1,1631 – 0,0632 x (log somatória pregas cutâneas)
» 30 – 39 anos DC = 1,1422 – 0,0544 x (log somatória pregas cutâneas)
» 40 – 49 anos DC = 1,1620 – 0,0700 x (log somatória pregas cutâneas)
» 50 ou mais anos DC = 1,1715 – 0,0779 x (log somatória pregas cutâneas)
Mulheres
» 17 – 19 anos DC = 1,1549 – 0,0678 x (log somatória pregas cutâneas)
» 20 – 29 anos DC = 1,1599 – 0,0717 x (log somatória pregas cutâneas)
» 30 – 39 anos DC = 1,1423 – 0,0632 x (log somatória pregas cutâneas)
» 40 – 49 anos DC = 1,1333 – 0,0612 x (log somatória pregas cutâneas)
» 50 ou mais anos DC = 1,1339 – 0,0645 x (log somatória pregas cutâneas)
Protocolo de Guedes, 1994
(3 dobras - características brasileiras)
» Homens: tríceps, suprailíaca e abdome.
» Mulheres: subescapular, suprailíaca e coxa.
Cálculo de densidade corporal:
» Homens: Densidade = 1,17136 - 0,06706 log (TR + SI+AB )
» Mulheres: Densidade = 1,16650- 0,07063 log (CX + SI+ SB)
(OBS: TR = Dobra cutânea do tríceps, SI = D.C. suprailíaca, AB = D.C. abdominal,
CX = D.C. da coxa, SB = D.C. subescapular)
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AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Para chegar ao percentual de gordura através da densidade corporal utilize:
» G% = [(4.95/DENSIDADE C.) - 4.50] X 100 (fórmula de Siri)
Densidade corporal, Mcardle (1992)
O valor encontrado de densidade corporal (DC) deve ser substituído nesta
equação: {%G = [(4.95/DENSIDADE C.) - 4.50] X 100 (fórmula de Siri)
Homens
» (18 - 34 anos) DC = 1,1610 - 0,0632 log (BI+ TR+ SB +SI)
» (18 - 27 anos) DC = 1,0913 - 0,00116 ( TR+ SB )
Mulheres
» (18 - 48 anos) DC = 1,06234 - 0,00068 (SB) - 0,00039 (TR) - 0,00025
(CX)
Crianças (Feminino)
» (9-12 anos) DC = 1,088-0,014 (log 10 TR) - 0,036 (log10 SB)
» (13-16 anos) DC = 1,114 - 0,031 (log10 TR) - 0,041 ( log10 SB )
Crianças (Masculino)
» (9-12 anos) DC = 1,108-0,027 (log10 TR) - 0,038 (log10 SB)
» (13-16 anos) DC = 1,130 - 0,055 (log10 TR) - 0,026 (log10 SB)
Protocolo de Faulkner (1968) – 4 dobras cutâneas:
tríceps, subescapular, suprailíaca e abdome
(OBS: TR = dobra cutânea do tríceps, SI = D.C. suprailíaca, AB = D.C. abdominal,
SB = D.C. subescapular)
PG (peso gordo em Kg) = G% x Peso Corporal/100
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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Massa Magra (kg) = Peso Corporal - PG
Peso ideal (kg)= massa magra x constante [fixado pelo autor em: nadadores (1,09),
futebolistas (1,12) e demais esportes e mulheres (1,14)]
G% = [(TR +SI +SB + AB) x 0,153 + 5, 783]
Protocolo de Pollock e col. (1984)
5 dobras cutâneas (DC): tríceps; coxa; suprailíaca; abdome e peitoral
(X1 = somatória de peitoral, abdome e coxa; X2 = somatória de tríceps,
suprailíaca e coxa, X3 = idade em anos)
DC Homens (18- 61anos) = 1,1093800 - 0,0008267(X1) + 0,0000016 (X1)² - 0,0002574
(X3)
DC Mulheres (18-55 anos) = 1,0994921 - 0,0009929(X2) + 0,0000023
(X2)² - 0,0001392 (X3)
G%= [(4,95/Densidade Corporal) - 4,50] x100 (fórmula de Siri)
7 Dobras cutâneas (DC): subescapular, axilar média, tríceps; coxa; suprailíaca;
abdome e peitoral (ST= soma de todas)
Teste eletrônico do cálculo da porcentagem de gordura (7 e 3 pregas)
DC homens adultos = 1,11200000 - [0,00043499 (ST) + 0,00000055
(ST)²] - [0,0002882 (idade)]
DC mulheres adultas = 1,0970 - [0,00046971 (ST) + 0,00000056 (ST)²] - [0,00012828
(idade)]
DC mulheres (3 dobras) = 1,0994921 - 0,0009929(X2) + 0,0000023 (X2)² - 0,0001392
(X3) { (X2 = Somatória de dobras de tríceps, suprailíaca e coxa) e (X3 = idade em
anos)}
G%= [(4,95/densidade corporal) - 4,50] x100 (fórmula de Siri)
Protocolo de T.G. Lohman (1987) – 2 dobras
cutâneas (dc): tríceps e perna
G% Homens = 0,735 (soma das dobras cutâneas) + 1,0
G% Mulheres = 0,735 (soma das dobras cutâneas) + 5,1
87
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Tabela 34. Estimativa de gordura corporal baseada nas somatórias das dobras cutâneas: tríceps, bíceps,
subescapular e suprailíaca.
Dobras Homens Mulheres
Cutâneas (idade em anos) (idade em anos)
(mm) 17-29 30-39 40-49 50+ 17-29 30-39 40-49 50+
15 4,8 10,5
20 8,1 12,2 12,2 12,6 14,1 17 19,8 21,4
25 10,5 14,2 15 15,6 16,8 19,4 22,2 24
30 12,9 16,2 17,7 18,6 19,5 21,8 24,5 26,6
35 14,7 17,7 19,6 20,8 21,5 23,7 26,4 28,5
40 16,4 19,2 21,4 22,9 23,4 25,5 28,2 30,3
45 17,7 20,4 23 24,7 25 26,9 29,6 31,9
50 19 21,5 24,6 26,5 26,5 28,2 31 33,4
55 20,1 22,5 25,9 27,9 27,8 29,4 32,1 34,6
60 21,2 23,5 27,1 29,2 29,1 30,6 33,2 35,7
65 22,2 24,3 28,2 30,4 30,2 31,6 34,1 36,7
70 23,1 25,1 29,3 31,6 31,2 32,5 35 37,7
75 24 25,9 30,3 32,7 32,2 33,4 35,9 38,7
80 24,8 26,6 31,2 33,8 33,1 34,3 36,7 39,6
85 25,5 27,2 32,1 34,8 34 35,1 37,5 40,4
90 26,2 27,8 33 35,8 34,8 35,8 38,3 41,2
95 26,9 28,4 33,7 36,6 35,6 36,5 39 41,9
100 27,6 29 34,4 37,4 36,4 37,2 39,7 42,6
105 28,2 29,6 35,1 38,2 37,1 37,9 40,4 43,3
110 28,8 30,1 35,8 39 37,8 38,6 41 43,9
115 29,4 30,6 36,4 39,7 38,4 39,1 41,5 44,5
120 30 31,1 37 40,4 39 39,6 42 45,1
125 31 31,5 37,6 41,1 39,6 40,1 42,5 45,7
130 31,5 31,9 38,2 41,8 40,2 40,6 43 46,2
135 32 32,3 38,7 42,4 40,8 41,1 43,5 46,7
140 32,5 32,7 39,2 43 41,3 41,6 44 47,2
160 34,1 34,3 41,2 45,1 43,3 43,6 45,8 49,2
165 34,5 34,6 41,6 45,6 43,7 44 46,2 49,6
170 34,9 34,8 42 46,1 44,1 44,4 46,6 50
175 35,3 44,8 47 50,4
180 35,6 45,2 47,4 50,8
185 35,9 45,6 47,8 51,2
190 45,9 48,2 51,6
195 46,2 48,5 52
200 46,5 48,8 52,4
205 49,1 52,7
210 49,4 53
Fonte: Durning, Wormesley, 1974.
88
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Tabela 35. Classificação do somatório de dobras desenvolvida por Francis Holway, recomendada pelo Comitê
Olímpico Internacional (COI).
Classificação Homens Mulheres
Muito baixo 94,3 > 121,6
Fonte: Holway, 2005.
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crescimento” que são amplamente utilizados por pediatras e pesquisadores.
Composição corporal e crescimento são componentes principais relacionados
à saúde de indivíduos e populações. A epidemia contínua de obesidade em
crianças e adultos tem destacado a importância da gordura corporal para a saúde
de curto e longo prazo. No entanto, existe a influência de outros componentes
da composição corporal nos desfechos de saúde, portanto, é considerada
importante a sua mensuração na prática clínica.
10
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Várias técnicas estão disponíveis, variando em complexidade e facilidade
de uso, e cada uma delas faz suposições que podem afetar sua adequação a
diferentes condições. É improvável que uma única técnica seja ideal em todas as
circunstâncias. Outra questão importante é a dificuldade de validar técnicas
em humanos.
As técnicas in vivo não medem diretamente a composição corporal, mas podem
prevê-la a partir de medições das propriedades corporais. Assim, todas as
técnicas sofrem de dois tipos de erros: erro metodológico, ao coletar dados
brutos, e erro nas premissas, pelas quais os dados brutos são convertidos em
valores finais. A magnitude relativa desses erros varia entre as técnicas.
Com o aumento da prevalência de obesidade e doenças do estilo de vida, há
o aumento da necessidade de métodos de composição corporal com maior
sensibilidade e precisão. A avaliação da composição corporal fornece insights
tanto do estado nutricional quanto da capacidade funcional do corpo humano
e é útil na nutrição para descrever o crescimento e desenvolvimento desde o
nascimento até a vida adulta e para compreender as origens do desenvolvimento
da saúde e da doença, na elaboração de estratégias nutricionais e no
monitoramento de intervenções terapêuticas.
A avaliação in vivo da composição corporal é essencial em muitas investigações
clínicas, a fim de descrever e monitorar com precisão o estado nutricional de
uma série de condições médicas e processos fisiológicos, incluindo pacientes
doentes e desnutridos, mulheres grávidas, mulheres que amamentam e idosos,
bem como em pacientes com câncer, osteoporose e muitas outras doenças.
Esta área de pesquisa também é importante para o campo da nutrição humana e
fisiologia do exercício.
Várias investigações de pesquisa indicaram a importância de medir a deposição de
gordura em diferentes corpos e compartimentos, a fim de obter uma compreensão
mais completa dos fatores genéticos que contribuem para a obesidade, transtornos
relacionados à obesidade, como dislipidemia e, portanto, para uma compreensão
mais completa dos transtornos cardiometabólicos associados à obesidade, com
relevância para a relação entre composição corporal e gasto energético.
A dimensão espacial e temporal, onde e quando, pode influenciar na relevância
fisiológica e nas implicações patológicas da composição gordurosa dos diferentes
compartimentos corporais e, como tal, é um novo elemento a ser considerado na
avaliação da composição corporal.
11
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
A avaliação da composição corporal é importante por que:
» Pode ser utilizada como objeto de pesquisa em diversas áreas.
» Auxilia o diagnóstico nutricional.
» Ajuda na elaboração de intervenções nutricionais.
» Auxilia na elaboração e planejamento de programas de treinamento
físico.
» Promove melhorias no desempenho físico e na qualidade de vida.
Métodos de avaliação da composição
corporal
Os métodos de avaliação da composição corporal surgiram com a finalidade de
investigar da forma mais precisa possível a estrutura do corpo humano e seus
compartimentos, por isso, alguns métodos são mais precisos que outros, mais
trabalhosos e, consequentemente, mais difíceis de serem efetuados.
Existem basicamente dois métodos para avaliar a composição corporal:
» Métodos diretos: que consistem em dissecação de cadáveres, com
limitações óbvias.
» Métodos indiretos: também conhecidos como “in vivo”,
são baseados na obtenção de um parâmetro não mensurável,
usando várias fórmulas ou equações envolvendo um parâmetro
mensurável e assumindo uma relação constante entre ambas as
variáveis.
A classificação dos métodos existentes para a avaliação da composição
corporal foi elaborada levando em consideração a precisão dos dados obtidos;
dessa forma, quanto maior a precisão dos resultados, mais direto pode ser
considerado o método. Portanto, foram assim denominados, por ordem
de precisão e especificidade, de métodos diretos, indiretos e duplamente
indiretos.
12
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Tabela 1. Classificação dos diferentes métodos de avaliação da composição corporal.
Diretos Indiretos Duplamente indiretos
» dissecação de tecidos;
» estudos em animais;
» extração lipídica.
» hidrodensitometria;
» pletismografia;
» DEXA;
» ressonância magnética;
» ultrassom;
» tomografia computadorizada.
» antropometria;
» dobras cutâneas;
» bioimpedância elétrica.
Fonte: adaptada de Martins, 2016.
Métodos diretos
Os métodos diretos com relação à avaliação corporal são considerados métodos
de alto nível de precisão, onde o erro padrão de estimativa (EPE) é considerado
pequeno, por isso se chama método direto.
O padrão-ouro para a análise da composição corporal é a análise de cadáveres,
portanto, nenhuma técnica in vivo pode ser considerada para atender aos mais
altos critérios de precisão.
O melhor método de avaliação direta de composição corporal é a extração
lipídica, quando comparado à dissecação de cadáver, pois na dissecação ainda
há dificuldade para a extração de gordura de um modo total, inclusive entre
as fíbras e víceras. A dissecação de cadáveres, embora seja considerada um
método preciso, não era possível ser fiel ao relato da composição corporal
de um indivíduo vivo, ativo, justamente devido à situação inerte do corpo do
avaliado.
Métodos indiretos
São métodos validados a partir da comparação entre os resultados obtidos
por meio dos métodos diretos e que são amparados pelos princípios físicos
e químicos que têm o objetivo de extrapolação das quantidades de massa
corporal magra e gordura coporal.
O método indireto é aceito como um bom instrumento de análise da composição
corporal, quando seus valores finais são parecidos.
Exitem vários métodos indiretos de avaliação corporal. Dentre eles, podemos citar
os físicos, como raio x, raio x de dupla energia (DXA), tomografia, plesimografia,
ressonância magnética, densitometria, ultrassonografia e os químicos, como:
13
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
contagem de potássio radioativo (K40 e K42), excreção de creatina urinária e
diluição de óxido de deutério.
Um dos princípios químicos que originou algumas das técnicas clássicas de
mensuração da composição corporal, como a hidrodensitometria ou pesagem
hidrostática, que se trata da abordagem clássica para determinar a composição
corporal – a técnica gera conhecimento de dois compartimentos, a massa gorda
e a massa livre de gordura – é o das diferentes densidades existentes entre a
gordura e outras substâncias químicas presentes no organismo.
O modelo de dois compartimentos corporais foi desenvolvido a partir do
conhecimento de que a densidade da gordura é diferente da densidade da
água. Esse modelo de dois compartimentos corporais distingue os tecidos
metabolicamente ativos que compõem a massa livre de gordura e a massa de
gordura.
Existe uma variação entre esses compartimentos que vai depender da fase de
crescimento e desenvolvimento, sexo, nível de atividade física e etnia.
Por esse motivo de variações, foram realizadas pesquisas com a inteção de avaliar
minuciozamanete as mudanças estruturauis dos seres humanos de acordo com
cada etapa da vida, que criaram outros modelos de três, quatro ou múltiplos
compartimentos.
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Apresentação
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Introdução
Unidade I
Avaliação Corporal de Atletas
Capítulo 1
Composição corporal
Capítulo 2
Somatótipo
Capítulo 3
Equações de predição – protocolos
Capítulo 4
Percentual de gordura corporal
Capítulo 5
Métodos para avaliação do gasto energético
Referênciasa abordagem mais simples na
composição corporal é o modelo 2C, dividindo o peso corporal em massa gorda
e massa livre de gordura. A massa gorda anidra é a gordura quimicamente
extraível com uma densidade assumida de 0,9007 g/cm3, enquanto que a massa
livre de gordura assume uma densidade de 1,1000 g/cm3 e um teor de água de
73,72 por cento. O modelo 2C é baseado na hipótese feita a partir da análise
de três cadáveres masculinos e os erros associados são mais devidos à validade
dos pressupostos do que à precisão técnica das medições. Hidrodensitometria,
pletismografia por deslocamento de ar e hidrometria são alguns dos métodos
comumente usados com base no modelo 2C.
O modelo de três compartimentos (3C) de composição corporal inclui um terceiro
componente, onde a massa livre de gordura é dividida em massa de tecido magro e
conteúdo mineral ósseo. No modelo 3C, a massa livre de gordura é dividida em água
(água corporal total) e os demais sólidos (proteína e minerais, massa seca livre de
gordura). Isso inclui medições da densidade corporal e água corporal total, enquanto
assume uma relação constante mineral-proteína de 0,35. O modelo 3C, portanto,
14
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
controla a variação inter-individual na hidratação da massa livre de gordura. Ao
medir a composição corporal de adultos saudáveis e crianças mais velhas, o modelo
3C mostrou melhores resultados em relação ao modelo 2C, mas tem que ser usado
com cautela em pacientes com proteína corporal depletada ou massa mineral
óssea, como os valores estimados para densidade e, portanto, a estimativa final
de FM corporal não será precisa. A absorciometria por raios X de dupla energia
(DEXA) é um método 3C que fornece uma medição rápida, não invasiva, regional e
de composição de todo o corpo pela transmissão de raios X de alta e baixa energia
através do corpo.
O modelo de quatro compartimentos (4C) de composição corporal é obtido pela
combinação de vários métodos para dividir a massa corporal em gordura, mineral,
tecido metabólico e proteína (residual) e, assim, elimina a necessidade de fazer
suposições sobre a proporção relativa desses constituintes no corpo. Como o
modelo 4C controla a variabilidade biológica, tanto no mineral ósseo como na
água corporal, é teoricamente mais válido que o modelo 3C. Suposições de 1,34 e
3,075 kg/1 são feitas para a densidade de proteína e mineral.
O modelo 4C é considerado o método de critério de composição corporal
que mede os constituintes individuais da massa livre de gordura, ao invés de
assumir uma densidade constante de 1.100 g/cm3 e hidratação de 0,73. No
entanto, cada medição primária terá um erro de medição inerente e os erros
cumulativos associados à medição de muitas variáveis podem afetar a precisão
aprimorada do modelo 4C.
A propagação do método de erro é usada para calcular estimativas da precisão
da massa gorda a partir do modelo 4C, uma vez que cada precisão do método
primário é propagada na estimativa final do modelo 4C. Uma precisão de ±
0,25 kg foi obtida a partir do método de propagação de erro para massa gorda
usando o modelo 4C para um indivíduo de 60 kg com 60% de água corporal.
O método 4C é, no entanto, muitas vezes limitado em ambientes clínicos e
grandes estudos, tendo em vista o tempo, custo e equipamento necessários
para as múltiplas medições, e deve ser usado principalmente para a validação de
métodos de composição corporal e para derivar equações preditivas.
Para exemplificar, esses modelos levam em consideração os valores de densidade
descritos no quadro abaixo.
15
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Quadro 1.
Densidade da gordura = 0,9 g/cm3
Densidade da água = 1,0 g/cm3
Fonte: própria autora, s/d.
Modelos multicompartimentos são os modelos atômicos de composição
corporal que exigem a análise direta dos principais elementos do corpo. A
análise de ativação de nêutrons pode ser usada para medir o conteúdo corporal
total de elementos (cálcio, sódio, cloreto, fósforo, nitrogênio, hidrogênio,
oxigênio e carbono). O modelo 6C divide o corpo em água, nitrogênio, cálcio,
potássio, sódio e cloreto. Embora os modelos multicompartimentos forneçam
medidas precisas da composição corporal, para validar outros métodos, a falta
de instalações adequadas, o alto custo e a exposição à radiação limitam seu uso
regular.
Hidrodensitometria – pesagem hidrostática ou
subaquática (padrão-ouro)
Baseada em princípios promulgados por Arquimedes, a técnica gera
conhecimento de dois compartimentos: a massa gorda e a massa livre de
gordura.
Quando um corpo é submerso na água, há uma força contrária flutuante igual
ao peso da água que é deslocada. Como o osso e o músculo têm maior densidade
do que a água, uma pessoa com maior porcentagem de massa livre de gordura
pesará mais na água. Por outro lado, uma maior quantidade de massa gorda
tornará o corpo mais leve na água.
Na avaliação por hidrodensitometria, o indivíduo fica submerso em um banco,
situado no interior do aparelho e dentro da piscina existe um tubo que o conecta à
parte externa.
O indivíduo é medido pela quantidade de deslocamento de água submergido
em água, enquanto sustenta uma expiração forçada de 30 segundos. Esse passo
é necessário porque o ar aprisionado nos pulmões também contribui para a
quantidade de água deslocada pelo sujeito.
A massa isenta de gordura é um compartimento heterogêneo que pode ser
subdividido de acordo com seus constituintes primários: água (73,8%), proteína
(19,4%) e mineral (7,8%). Embora não seja viável para implementação em estudos
de campo, a abordagem hidrodensitrométrica é usada como padrão-ouro
para validar outros métodos.
16
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Após a expiração forçada, o indivíduo é pesado para que se compare seu peso
corporal total dentro da água com o peso corporal de fora da água.
A pesagem hidrostática define o volume corporal pelo cálculo da diferença entre a
massa corporal aferida normalmente e a medição do corpo submerso em água. Em
outras palavras, o volume corporal é igual à perda de peso na água com a devida
correção da temperatura para a densidade da água.
Densidade corporal (g/gm3) = Massa corporal (Kg)
Volume corporal (I)
Como a densidade da água sofre alterações em função da temperatura ou de
impurezas, e como a densidade corporal é influenciada pelo volume de ar
pulmonar e pelo ar que permanece no aparelho gastrointestinal, o cálculo da
densidade corporal deve levar em consideração todas essas variáveis; sendo
realizado pela fórmula proposta por Brozek:
DC = MC
(MC - MS) - (VR + VGI)
DA
Sendo que:
» DC = densidade corporal (g/cm3);
» MC = massa corporal (g);
» MS = massa do indivíduo completamente submerso (g);
» Da = densidade da água na temperatura vigente (g/cm3);
» VR = volume residual (ml);
» VGi = volume gastrointestinal = 100 ml (BUSKIRK, 1961)
Após o cálculo da densidade corporal, pode-se converter esse valor em
percentagem de gordura corporal, que, em última análise, é o resultado que
mais interessa quando se realizam avaliações da composição corporal. Essa
conversão é realizada por meio de equações que assumem que a gordura corporal
apresenta densidade constante a 37° C. As equações mais utilizadas para esse
17
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
fim são a de Siri e a de Brozek, que assumem as densidades para a gordura
corporal e 0,9 (g/cm3) e 0,9007 (g/cm3), respectivamente:
Siri (1961): %G = (4,95 - 4,5) x 100
DC
Brozek et al. (1963): %G = (4,57 - 4,142) x 100
DC
Sendo que:
» %G = percentagem de gordura corporal;
» DC = densidade corporal (g/cm3).
Tabela 2. Constantes de Lohman para a conversão da densidade corporal em percentagem de gordura.
Idade Homens Mulheres
7-8 (538/DC)-497 (543/DC)-503
9-10 (530/DC)-489 (535/DC)-495
11 -12 (523/DC)-481 (525/DC)-484
13-14 (507/DC)-464 (512/DC)-469
15-16 (503/DC)-459 (507/DC)-464
17-19(498/DC)-453 (505/DC)-462
20-50 (495/DC)-450 (503/DC)-459
Fonte: Lohman, 1992.
Este método de análise da composição corporal é considerado muito preciso
(padrão-ouro indireto) e é usado para julgar se outros métodos são precisos.
Geralmente, é consistente e, portanto, pode ser usado para medir o progresso. No
entanto, a pessoa que administra o teste precisa entender os princípios e fazer os
cálculos corretamente.
Possíveis limitações deste estudo incluem:
» Indivíduos que não estão familiarizados com a vida submersa
podem ficar desconfortáveis; assim sendo, eles podem não exalar
inteiramente seu ar, uma fonte de variação entre medidas. Um
número de repetições será realizado para estabelecer um peso
subaquático estável. Essa é uma razão pela qual três pesagens
submersas são tomadas para que eles possam garantir maior
confiabilidade. Se for realizada em condições ideais, o erro padrão
de estimativa (EPE) é baixo, variando entre 0,8 a 1,2%.
18
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
» Sujeitos mais altos podem ter que comprimir o tronco para manter a
posição correta.
» As medidas de volume residual e capacidade vital são retiradas da
água devido à localização da instrumentação longe do tanque de
pesagem de água. Essas medidas podem ser diferentes se realizadas
na água devido à pressão exercida na cavidade torácica.
Também existe o comprometimento desta metodologia pelo fato de que as
equações densitométricas foram desenvolvidas a partir da análise direta de
cadáveres brancos e levará à subestimação sistemática da gordura relativa
em mulheres índias americanas, mulheres negras e mulheres hispânicas. A
densidade corporal livre de gordura nesses grupos raciais/étnicos excede o
valor assumido de 1,1 g/ml.
Figura 1. Ilustração de como é efetuado o teste por Hidrodensitometria.
Fonte: Quinn, 2019.
Plestimografia (BOD POD)
A pletismografia por deslocamento de ar (BOD POD) ganhou popularidade entre
os pesquisadores de composição corporal desde sua introdução, em 1995. Isso
é principalmente atribuível ao procedimento de teste não invasivo e à falta de
conhecimento técnico necessário comparado ao procedimento tradicional de
pesagem hidrostática.
19
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
O BOD POD é uma unidade única de fibra de vidro composta por duas câmaras.
A câmara de teste acomoda o sujeito durante o procedimento e a câmara de
referência contém instrumentação para medir as mudanças de pressão entre
as duas câmaras. Os princípios operacionais do BOD POD são, resumidamente,
os cálculos efetuados para o deslocamento do volume de ar computadorizados:
compara-se o antes (câmara vazia) com o depois (câmara com o indivíduo em seu
interior).
As alterações de relação de pressão entre as câmaras são inversamente
relacionadas e são caracterizadas pela Lei de Boyle:
P1 / P2 = V2 / V1
Onde V1 e P1 são o volume e pressão antes da entrada do sujeito na câmara de
teste e V2 e P2 são o volume e a pressão enquanto o sujeito está na câmara de
teste. Portanto, o volume do corpo da amostra será igual ao volume da câmara de
teste antes da entrada do sujeito, menos o volume da câmara de teste com o sujeito
presente.
Devido à dificuldade em manter condições isotérmicas no ambiente fechado
da câmara de teste, o BOD POD funciona sob condições adiabáticas (ou seja,
a temperatura do ar está ganhando/perdendo calor), assim a Lei de Poisson
caracteriza mais precisamente a relação volume de pressão na câmara de teste:
P1 / P2 = (V2 / V1 ) γ
Onde V1 e P1 são o volume e a pressão antes da entrada do sujeito na câmara
de teste, V2 e P2 são o volume e a pressão enquanto o sujeito está na câmara
de teste, e γ é a relação do calor específico de um gás à pressão constante para
volume constante (1,4 para ar).
Para evitar dados errôneos, os fabricantes do BOD POD recomendam que o teste
seja realizado antes do exercício, que o sujeito esteja seco e que a temperatura dos
ambientes de teste permaneça estável.
A aderência estrita a essas condições pode por vezes revelar-se difícil quando se
testam grandes números de indivíduos em um curto período de tempo e quando
se testam pessoas que estão a transpirar ou que têm uma temperatura elevada
devido à doença.
20
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
O efeito específico da temperatura corporal elevada e da umidade corporal
(resultante da pesagem hidrostática) nas medições de BOD POD precisa
de esclarecimento. Um aumento na temperatura e umidade do corpo pode
aumentar a quantidade de ar isotérmico ao redor da pele.
Figura 2. Imagens do aparelho BOD POD.
Fonte: DePass, 2009.
O BOD POD e o DXA mostraram ser preditores confiáveis de porcentagem de
gordura corporal (GC). No entanto, na literatura existem algumas discrepâncias
na validade do BOD POD, particularmente quando comparado ao DXA.
Dois estudos comparando o BOD POD e o DXA realizado com mulheres
caucasianas ativas e não ativas concluíram que o BOD POD é um preditor
válido de % GC quando comparado ao DXA (2, 14). Pelo contrário, dois outros
estudos utilizando jogadores universitários de futebol e homens caucasianos
concluíram que o BOD POD subestimou significativamente a porcentagem de
gordura corporal quando comparado ao DXA em uma média de 2,0% e 2,6%,
respectivamente.
Outro estudo descobriu que o BOD POD superestimou significativamente a
porcentagem de GC quando comparado ao DXA em homens caucasianos
em uma média de 2,2%. O BOD POD também demonstrou subestimar a
porcentagem de GC em crianças e adolescentes não obesos em uma média de
2,9%, em adolescentes do sexo feminino por uma média de 3,9% e em crianças
com sobrepeso e obesidade por um média de 2,9% concluíram que o BOD POD
21
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
subestimou significativamente a porcentagem de GC quando comparado ao
DXA em uma média de 2,0% e 2,6%, respectivamente.
Outro estudo descobriu que o BOD POD superestimou significativamente a
porcentagem de GC quando comparado ao DXA em homens caucasianos em
uma média de 2,2%.
O BOD POD também demonstrou subestimar a porcentagem de GC em crianças
e adolescentes não obesos em uma média de 2,9%, em adolescentes do sexo
feminino por uma média de 3,9% e em crianças com sobrepeso e obesidade
por um média de 2,9%.
O BOD POD não é tão caro quanto o DXA, tornando-o mais amplamente usado
em muitos ambientes clínicos e de pesquisa. Como existem diferenças nas
estimativas de porcentagem de GC entre o BOD POD e o DXA, então, talvez
pessoas com sobrepeso ou obesas sejam erroneamente classificadas como tendo
uma porcentagem de GC saudável, onde as pessoas no limite inferior de uma
porcentagem de GC saudável podem estar erroneamente classificadas como
tendo porcentagem de GC muito baixo.
Tais erros de classificação podem impedir que alguém intervenha quando deveria
haver uma intervenção. Assim, é importante ter medidas confiáveis e válidas de
porcentagem de GC. Com tais discrepâncias na literatura em relação à validade,
mais pesquisas precisam ser realizadas antes que qualquer conclusão definitiva
possa ser sugerida.
DXA (absorciometria de raio x de dupla energia)
Os scanners DXA foram originalmente projetados para medir o conteúdo
mineral e a densidade, embora o desenvolvimento de software durante os
anos 1990 também tenha permitido a avaliação de tecido mole.
O DXA é uma modalidade de geração de imagens especial que normalmente
não está disponível em sistemas de raio x de uso geral, devido à necessidade de
filtragem de feixe especial e registro espacial quase perfeito das duas atenuações.
Todo o corpo pode ser escaneado para medir a massa óssea e a composição do
tecido mole.
A absorciometria de raio x de dupla energia (DXA) foi desenvolvida para medir
a massa mineral óssea, que é calculada a partir da absorção diferencial de raios
22
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
x de duas energias diferentes. Como esse cálculo requer tolerânciapara tecido
mole sobrejacente (quantificação), os valores de gordura e FFM também são
calculados para varreduras de corpo inteiro, usando algoritmos específicos de
instrumento.
O DXA é o método preferido para composição óssea e corporal por vários
motivos.
Em primeiro lugar, existem poucas suposições exigidas para medições de
composição DXA. As duas atenuações de raios X que passam pelo corpo podem
ser usadas para calcular com precisão a massa de dois materiais diferentes, dada
a álgebra simples e as propriedades físicas desses materiais. Havia detalhes
a serem trabalhados, como a quantificação da massa de tecido mole em uma
geometria divergente, mas a natureza fundamental do DXA dá a promessa de
precisão em uma ampla gama de tamanhos de corpo e tipos de corpo.
Figura 3. Modelo de aparelho de DXA.
Fonte: GE Health Care, 2019.
Em segundo lugar, o DXA pode medir a composição corporal regional
subdividindo o corpo usando linhas de corte específicas bem definidas.
Em terceiro lugar, o DXA é preciso e estável durante anos e a estabilidade
da medição é melhor do que 0,5% de alteração na precisão da composição
corporal em décadas de operação para um único sistema DXA.
O DXA expõe o paciente e o operador à radiação ionizante, mas a dose é muito
pequena para ambos. A dose de radiação efetiva de um único DXA de corpo
inteiro ( 60%; áreas amarelas: percentual de gordura 25-60%; áreas verdes: percentual de gorduramole magro e tecido adiposo são usadas para separar esses tecidos.
26
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
As imagens tomográficas do abdome permitem a medição computadorizada da
área total de gordura e também permitem a diferenciação da gordura subcutânea
da gordura intra-abdominal. Essas imagens podem ser usadas isoladamente ou
combinadas com algoritmos matemáticos de reconstrução para estimar a massa
individual de grupos musculares ou massa muscular total.
Esse método de imagem é considerado preciso e confiável para quantificar o tecido
adiposo subcutâneo e, em especial, o intra-abdominal. Apresenta a vantagem de
possibilitar a visualização direta de imagens que retratam a área transversal de
músculo-esquelético.
A gordura no tecido do músculo esquelético e no fígado pode ser determinada com
precisão usando a tomografia computadorizada, embora seja significativamente
menos precisa para a gordura do fígadodividida em quatro categorias, que teoricamente representariam os quatro
sistemas fundamentais: cerebral, respiratório, muscular e digestivo.
Até que Sheldon, por volta de 1940, apareceu sustentando a ideia de que cada
folha blastodérmica no indivíduo corresponderia a um tipo temperamental e
morfológico, o que refletiria, então, em determinados temperamentos e em
determinada estrutura corporal, que foi denominada de endomorfo, mesomorfo e
ectomorfo.
Em estudos epidemiológicos, as medidas antropométricas, como altura corporal,
peso, comprimento das extremidades, distâncias entre os pontos do corpo e
circunferências corporais são rotineiramente avaliadas. Esse monitoramento
constante também ocorre na prática clínica, especialmente para atletas.
A antropometria é um instrumento de avaliação da composição corporal
importante, pois:
» Permite avaliar as condições da saúde da população em questão.
» Oferece dados relevantes para o estudo da variabilidade morfológica
humana.
» Permite avaliar o estado nutricional da população.
30
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
» Apresenta informações sobre outros fatores que podem interagir com
os resultados apresentados pela avaliação, como sexo, idade, meio
ambiente, genética/hereditariedade.
» Fornece subsídios para o acompanhamento de todos os aspectos
relacionados à performance esportiva e, consequentemente, seu
aprimoramento.
Peso ou massa corpórea
O peso corporéo está relacionado à soma de todos os componentes corporais,
como ossos, vísceras, órgãos, músculos e pele.
Essa medida é utilizada como instrumento na avaliação nutricional, pois é
capaz de refletir o estado nutricional de um indivíduo, se está adequado ou
inadequado, mas não pode ser considerado como um método isolado de
avaliação, já que pode sofrer variações de acordo com clima (calor); a ingestão
excessiva de líquidos ou a desidratação; o excesso de sódio na alimentação; a
ingestão excessiva de alimentos ou bebidas alguns dias antes da pesagem; o
ciclo menstrual e outros fatores podem mascarar o peso real do indivíduo.
O peso corporal pode ser avaliado pela sua relação com a altura do indivíduo,
originando assim os valores padronizados do índice de massa corporal (IMC),
que serão vistos na sequência dessa apostila.
Uma avaliação nutricional mais precisa, principalmente para indivíduos em
constante treinamento e que precisam entender as mudanças estruturais que seus
corpos podem apresentar como consequência de um determinado treinamento,
deve relacionar o peso corporal a outras medidas, como a circunferência da cintura
e dobras cutâneas, por exemplo.
Os avaliados serão pesados em quilogramas, usando uma balança. Os
procedimentos para a medição são os seguintes:
» Posicione o avaliado: pressione a tecla start sem carga na balança,
direcione o avaliado para ficar em pé no centro da balança, com as
mãos laterais e olhando para a frente
» Registre o resultado: após o avaliado estar posicionado corretamente,
faça a leitura na balança quando essa ficar estável, leia o peso em
quilogramas, e registre o resultado.
31
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
As crianças que não podem ficar sozinhas na balança deverão ser pesadas com
a ajuda de um adulto. O pai ou responsável ficará sozinho na escala, enquanto
o examinador clica no botão Tare na escala. Isso define leitura da escala para zero.
A criança é então entregue ao adulto na balança. Nesse caminho a balança vai
ler apenas o peso da criança.
Observação: durante a avaliação, tente solicitar que o avaliado esteja com o mínimo
de roupas possível. Você pode solicitar que o avaliado venha com traje de banho
(biquini ou sunga).
Peso ajustado para amputados
Pesos de componentes segmentares do corpo humano são importantes na
avaliação do estado nutricional de um amputado.
Padrões originais para componentes foram compilados em 1889 usando três
cadáveres masculinos. Desde aquela época, estudos de sujeitos vivos mostraram
que homens e mulheres são semelhantes em porcentagem de peso dos componentes
corporais.
Os dados de cadáveres de 1955 e 1969, baseados em 21 indivíduos do sexo
masculino, mostraram que os corpos humanos carregam maior peso na cabeça
e no tronco e menos peso nas pernas e nos braços do que o indicado pelos dados
anteriores.
Algumas diferenças no peso dos componentes podem ser atribuídas à etnia e
ao envelhecimento, mas pesquisas adicionais são necessárias para definir essas
diferenças.
A perda de peso corporal estimada descreve a quantidade de massa corporal
perdida devido a uma amputação. A perda de peso corporal estimada é mais
comumente utilizada para determinar o peso corporal ideal de um amputado,
que é uma função da altura do paciente.
Tabela 3. Percentual de perda de peso corporal segundo o nível de amputação.
Nível de Amputação % perda de peso corporal
Pé 1,5%
Amputação abaixo do joelho 4,4%
Amputação coxa 10,1%
Perna inteira 16%
Mão 0,7%
Antebraço 1,6%
Braço inteiro 5%
Fonte: Osterkamp, 1995.
32
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Peso corrigido = 100% - % segmento amputado x Peso Ideal
100
IMC amputados = peso corrigido (Kg)
altura (m2) (1 - % amputação)
Compleição corporal
Método utilizado para mensurar o perímetro do pulso, essa medida é realizada
com fita métrica inelástica. O resultado é aplicado à fórmula para classificar a
ossatura do indivíduo como pequena, média ou grande.
Índice de ossatura (r) = Estatura(cm)
Circunferência do pulso (cm)
A aferição do pulso deverá ser realizada na parte distal do processo estiloide,
próximo à dobra do pulso no braço direito.
Tabela 4. Compleição corporal, segundo a razão entre altura e circunferência do pulso.
Homens Mulheres
r > 10,4 pequena r > 11 pequena
r = 9,6 -10 média r = 10,1 -11 média
r173 61.4 65.0 70.5 60.0 64.4 68.6
174 62.3 65.9 71.4 60.9 65.0 69.3
175 63.2 66.8 72.3 61.8 65.9 70.9
176 63.8 67.5 72.9 62.4 66.5 71.7
177 64.4 68.2 73.5 63.0 67.1 72.5
178 65.0 69.0 74.4 63.6 67.7 73.2
179 65.9 69.9 75.3 64.5 68.6 74.1
180 66.8 70.9 76.4 65.5 69.5 75.0
181 67.4 71.7 77.1 66.1 70.1 75.6
182 68.0 72.5 77.8 66.7 70.7 76.2
183 68.6 73.2 78.6 67.3 71.4 76.8
184 69.6 74.4 79.8
34
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Altura (cm) Homens Mulheres
Compleição pequena média grande pequena média grande
185 70.9 75.0 80.9
186 71.5 75.8 81.7
187 72.1 76.6 82.5
188 72.7 77.3 83.2
189 73.3 78.0 83.8
190 73.9 78.7 84.4
191 74.5 79.5 85.0
Fonte: Metropolitan Life Ensurance, 1983.
Estatura
Essa medida é utilizada para avaliar relativamente a altura do indivíduo ou
comprimento. Para a sua avaliação se faz necessário o uso de antropômetro ou
estadiômetro, em que o avaliado é posicionado na posição horizontal ou vertical
(crianças até 2 anos). Ele deve estar descalço, com os calcanhares juntos e com as
costas retas; os braços ficam em repouso ao lado do corpo.
Métodos alternativos foram criados para que indivíduos impossibilitados de
utilizar os meios convencionais de aferição da estatura, pudessem ser avaliados
utilizando-se apenas algumas regiões do corpo, como a altura do joelho e a
extensão de braços.
Altura do joelho
Essa avaliação pode ser realizada com o avaliado sentado na extremidade de uma
cadeira ou em posição supina, ele deve flexionar o joelho esquerdo em um ângulo
de 90º. A medição pode ser feita com uma régua ou calibrador específico entre o
calcanhar e a superfície anterior da perna.
O paquímetro deve ser posicionado com a borda fixa embaixo do calcanhar e
a borda móvel na superfície anterior da coxa, próximo à rótula. O paquímetro
deve ser mantido paralelo à tíbia. Deve ser realizada duas medidas, sendo que a
diferença entre elas não deve ser maior que 0,1 cm, depois de realizar a média,
calcula-se a estimativa do valor.
Figura 5. Medida da altura do joelho.
Fonte: Martins, 2009.
35
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Esse método é comumente utilizado para avaliação de idosos e conta com as
equações de Chumlea, distinguindo o gênero:
» Homens = [64,19 – (0,04 x idade) + (2,02 x altura do joelho em cm)]
» Mulheres = [84,88 – (0,24 x idade) + (1,83 x altura do joelho em cm)]
Extensão dos braços
Essa medida também é chamada de envergadura ou chanfradura, esse medida
tem a indicação para pacientes que tem declínio da estatura, devido ao
envelhecimento (atribuído a alterações da coluna e redução da cartilagem).
Porém, é uma medida que necessita da extensão livre dos braços.
A facilidade do método é que o avaliado pode estar em pé, sentado ou deitado.
A medida dever ser realizada com o avaliado de braços abertos em um ângulo de
90 graus com o corpo, na direção do ombro. A medida é traçada do dedo médio de
uma mão até a outra. O valor encontrado pode ser entendido como a estimativa
da estatura do indivíduo.
Figura 6. Avaliação da extensão dos braços.
Fonte: Martins, 2009.
Índice de massa corporal (imc)
O índice de massa corporal (IMC) é o peso em quilogramas dividido pelo
quadrado da altura em centímetros.
É um instrumento de avaliação do estado nutricional frequentemente utilizado
pelos profissionais da área da saúde devido à sua praticidade e facilidade, e
também por não ser um método dispendioso. Contudo, não é um bom parâmetro
de avaliação da composição corporal, já que não diferencia a massa de gordura
da massa corporal magra.
36
UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Fórmula: peso (kg) / [altura (cm)]2
Com o sistema métrico, a fórmula para o IMC é o peso em quilogramas dividido
pela altura em metros ao quadrado. Como a altura é geralmente medida em
centímetros, divida a altura em centímetros por 100 para obter a altura em
metros.
Exemplo: Peso = 68 kg, Altura = 165 cm (1,65 m)
Cálculo: 68 ÷ (165)2 = 24,98
Para adultos com 20 anos ou mais, o IMC é interpretado usando categorias de
status de peso padrão. Essas categorias são as mesmas para homens e mulheres
de todos os tipos e idades.
As categorias de status de peso padrão associadas aos intervalos de IMC para
adultos são mostradas na tabela a seguir.
Tabela 7. Classificação do estado nutricional de acordo com IMC.
IMC Estado nutricional
percentil 95
Baixo peso
Peso adequado
Sobrepeso
Obesidade
Fonte: adaptado de CDC, 2018.
A classificação de indivíduos idosos, ou seja, com idade entre 60 anos ou mais,
é diferente da usual, pois essa população tem uma variação fisiológica da
composição corporal.
Tabela 9. Classificação do estado nutricional para indivíduos idosos de acordo com o índice de massa corporal
(IMC).
IMC kg/m2 Estado nutricional
Deve-se traçar o ponto médio entre entre o acrômio e o
olécrano, que deverá ser marcado, pois será o lugar onde será executada a
medida do perímetro do braço.
Deve-se solicitar que o avaliado coloque o braço em uma posição relaxada, com a
palma da mão direcionada à coxa, ele não deve fazer força ou pressionar o punho.
Tabela 10. Percentis do perímetro braquial para homens.
Idade
(anos)
Percentil
5 10 15 20 50 75 85 90 95
Homens
1- 1,9 14,2 14,7 14,9 15,2 16 16,9 17,4 17,7 18,2
2-2,9 14,3 14,8 15,5 16,3 17,1 17,9 18,6 17,9 18,6
3-3,9 15 15,3 15,5 16 16,8 17,6 18,1 18,4 19
4-4,9 15,1 15,5 15,8 16,2 17,1 18 18,5 18,7 19,3
5-5,9 15,5 16 16,1 16,6 17,5 18,5 19,1 19,5 20,5
6-6,9 15,8 16,1 16,5 17 18 19,1 19,8 20,7 22,8
7-7,9 16,1 16,8 17 17,6 18,7 20 21 21,8 22,9
8-8,9 16,5 17,2 17,5 18,1 19,2 20,5 21,6 22,6 24
9-9,9 17,5 18 18,4 19 20,1 21,8 23,2 24,5 26
10-10,9 18,1 18,6 19,1 19,7 21,1 23,1 24,8 26 27,9
11-11,9 18,5 19,3 19,8 20,6 22,1 24,5 26,1 27,6 29,4
12-12,9 19,3 20,1 20,7 21,5 23,1 25,4 27,1 28,5 30,3
13-13,9 20 20,8 21,6 22,5 24,5 26,6 28,2 29 30,8
14-14,9 21,6 22,5 23,2 23,8 25,7 28,1 29,1 30 32,3
15-15,9 22,5 23,4 24 25,1 27,2 29 30,2 31,2 32,7
16-16,9 24,1 25 25,7 26,7 28,3 30,6 32,1 32,7 34,7
17-17,9 24,3 25,1 25,9 26,8 28,6 30,8 32,2 33,3 34,7
18-24,9 26 27,1 27,7 28,7 30,7 33 34,4 35,4 37,2
25-29,9 27 28 28,7 29,8 31,8 34,2 35,5 36,6 38,3
30-34,9 27,7 28,7 29,3 30,5 32,5 34,9 35,9 36,7 38,2
35-39,9 27,4 28,6 29,5 30,7 32,9 35,1 36,2 36,9 38,2
39
AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS │ UNIDADE I
Idade
(anos)
Percentil
5 10 15 20 50 75 85 90 95
Homens
40-44,9 27,8 28,9 29,7 31 32,8 34,9 36,1 36,9 38,1
45-49,9 27,2 28,6 29,4 30,6 32,6 34,9 36,1 36,9 38,2
50-54,9 27,1 28,3 29,1 30,2 32,3 34,5 35,8 36,8 38,3
55-59,9 26,8 28,1 29,2 30,4 32,3 34,3 35,5 36,6 37,8
60-64,9 26,6 27,8 28,6 29,7 32 34 35,1 36 37,5
65-69,9 25,4 26,7 27,7 29 31,1 33,2 34,5 35,3 36,6
70-74,9 25,1 26,2 27,1 28,5 30,7 32,6 33,7 34,8 36
Fonte: Frisancho, 1990.
Tabela 11. Percentis do perímetro braquial para mulheres.
Idade
(anos)
Percentil
5 10 15 20 50 75 85 90 95
Mulheres
1- 1,9 13,6 14,1 14,4 14,8 15,7 16,4 17 17,2 17,8
2-2,9 14,2 14,6 15 15,4 16,1 17 17,4 18 18,5
3-3,9 14,4 15 15,2 15,7 16,6 17,4 18 18,4 19
4-4,9 14,8 15,3 15,7 16,1 17 18 18,5 19 19,5
5-5,9 15,2 15,7 16,1 16,5 17,5 18,5 19,4 20 21
6-6,9 15,7 16,2 16,5 17 17,8 19 19,9 20,5 22
7-7,9 16,4 16,7 17 17,5 18,6 20,1 20,9 21,6 23,3
8-8,9 16,7 17,2 17,6 18,2 19,5 21,2 22,2 23,2 25,1
9-9,9 17,6 18,1 18,6 19,1 20,6 22,2 23,8 25 26,7
10-10,9 17,8 18,4 18,9 19,5 21,2 23,4 25 26,1 27,3
11-11,9 18,8 19,6 20 20,6 22,2 25,1 26,5 27,9 30
12-12,9 19,2 20 20,5 21,5 23,7 25,8 27,6 28,3 30,2
13-13,9 20,1 21 21,5 22,5 24,3 26,7 28,3 30,1 32,7
14-14,9 21,2 21,8 22,5 23,5 25,1 27,4 29,5 30,9 32,9
15-15,9 21,6 22,2 22,9 23,5 25,2 27,7 28,8 30 32,2
16-16,9 22,3 23,2 23,5 24,4 26,1 28,5 29,9 31,6 33,5
17-17,9 22 23,1 23,6 24,5 26,6 29 30,7 32,8 35,4
18-24,9 22,4 23,3 24 24,8 26,8 29,2 31,2 32,4 35,2
25-29,9 23,1 24 24,5 25,5 27,6 30,6 32,5 34,3 37,1
30-34,9 23,8 24,7 25,4 26,4 28,6 32 34,1 36 38,5
35-39,9 24,1 25,2 25,8 268 29,4 32,6 35 36,8 39
40-44,9 24,3 25,4 26,2 27,2 29,7 33,2 35,5 37,2 38,8
45-49,9 24,2 25,5 26,3 27,4 30,1 33,5 35,6 37,2 40
50-54,9 24,8 26 26,8 28 30,6 33,8 35,9 37,5 39,3
55-59,9 24,8 26,1 27 28,2 30,9 34,3 36,7 38 40
60-64,9 25 26,1 27,1 28,4 30,8 33,4 35,7 36,5 38,5
65-69,9 24,3 25,7 26,7 28 30,5 33,4 35,2 36,5 38,5
70-74,9 23,8 25,3 26,3 27,6 30,3 33,1 34,7 35,8 37,5
Fonte: Frisancho, 1990.
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UNIDADE I │ AVALIAÇÃO CORPORAL DE ATLETAS
Tabela 12. Classificação do estado nutricional segundo perímetro braquial.
Percentil Classificação
94 cm > 102 cm
Mulher > 80 cm > 88 cm
Fonte: ABESO, 2016.
Perímetro do quadril
Para que a medida seja aferida corretamente, a fita métrica deverá circundar o
quadril do indivíduo em pé, na região de maior perímetro entre a cintura e a coxa.
Razão cintura-quadril (RCQ)
A relação cintura-quadril (RCQ) é usada como uma medida