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1 Faculdade UniEnsino/UniFaesp Teste DENVER II Desenvolvido por Frankenburg eI Dodds em 1967, o Teste de Triagem Denver pode ser aplicado diretamente à criança ou questionando o responsável. O teste registra o surgimento e a estabilização de cada comportamento a ser observado e permite notar a área de melhor ou pior desempenho. O Denver II é utilizado no Brasil há mais de cinco décadas por pesquisadores e profissionais da área de saúde, a avaliação do desenvolvimento em crianças tem sido pautada em testes padronizados que foram desenvolvidos em outros países e necessitam de verificação de suas propriedades psicométricas na população brasileira. O Denver II foi traduzido para diferentes idiomas, em diversos países e as propriedades psicométricas das versões traduzidas e adaptadas têm sido consistentemente verificadas. No Brasil, o processo de adaptação transcultural do Denver II gerou uma versão do teste semelhante à original, sendo trocado apenas o item referente ao “preparo de cereal”, na área pessoal-social, que não corresponde a uma tarefa habitual no Brasil. Apesar de ter sido traduzido, foi mantida a mesma normatização da folha de pontuação original norte-americana, em que constam as barras que correspondem às idades de aquisição de cada habilidade, tornando necessária a verificação da aplicabilidade dessa versão nas crianças brasileiras. O Denver II é o teste padronizado de triagem mais utilizado na prática clínica e em pesquisas brasileiras, devido à facilidade e pouco tempo de aplicação, idade de abrangência e baixo custo. Em 2017 o Denver II foi traduzido e adaptado para o Brasil com publicação do manual na língua portuguesa. O Denver II é recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria para o acompanhamento do desenvolvimento infantil. É um instrumento de integração da equipe multidisciplinar, na qual cada profissional pode atuar com sua visão específica. Para aplicá-lo é faz-se necessário realizar um treinamento de capacitação de acordo com os pré-requisitos dos autores. Assim, apesar de não ter sido padronizado formalmente para a criança brasileira (está traduzido no idioma para fins de pesquisa), é um teste usado e reconhecido internacionalmente, fazendo-se, portanto, necessário investigar a adequação dos itens e o padrão de resposta de cada país. Nesse sentido, o grupo que traduziu o Denver II identificou, recentemente, em 2.755 crianças de 0 a 28 meses do Nordeste brasileiro, que o teste apresenta boa evidência de validade de constructo, verificada por análise fatorial confirmatória e correlações dos resultados do Denver II com fatores de risco biológico e social dessa população. Em 2020 também identificaram bons índices de confiabilidade, assim como o presente estudo, e bons índices de consistência interna da versão brasileira do Denver II. A confiabilidade é a capacidade do instrumento de reproduzir um resultado de forma consistente e livre de erros. Uma das justificativas para os bons índices de confiabilidade encontrados nos estudos, além da clareza e objetividade dos itens, pode ser o treinamento que foi realizado para os examinadores e reportado nos estudos. O Denver II é um teste de fácil aplicação e, mesmo que o examinador não seja experiente, quando há treinamento é possível obter bons índices de confiabilidade. 2 Tem como objetivos prover os profissionais de saúde com uma impressão clínica e organizada do desenvolvimento global da criança, alertar para as dificuldades e avaliar este desenvolvimento baseado na performance de uma série de tarefas apropriadas para a idade. O teste apresenta um formulário composto de 125 itens representados por tarefas organizadas em quatro áreas de desenvolvimento: Pessoal-Social, socialização da criança; Motor Fino- Adaptativo, coordenação olho/mão; Motor Grosso, que é o controle motor corporal; Linguagem, que envolve a capacidade de reconhecer, entender e usar a linguagem. O material avalia crianças com desenvolvimento típico e atípico, na faixa etária de 0 a 6 anos, quanto ao seu progresso no desenvolvimento. Este teste é de grande valor para a avaliação do desenvolvimento infantil na medida em que permite detectar as crianças assintomáticas com possíveis problemas. No entanto, não é um teste de QI, nem prevê ou defini a capacidade de adaptação ou intelectual. Por ser um teste de triagem, destina-se apenas a alertar o examinador para a presença de um problema de desenvolvimento que necessite de uma investigação mais aprofundada. Cada item é representado por uma barra que indica as idades em que 25%, 50%, 75% e 90% das crianças da amostra padronizada conseguiram realizar a tarefa especificada. Para avaliação, deve-se traçar uma linha de cima a baixo no formulário de aplicação, na idade em que a criança se encontra, e administrar os itens interrompidos pela linha, além de três itens à esquerda e itens à direita, até que sejam registradas três falhas consecutivas em cada área. Utilizar testes de triagem válidos, precisos e confiáveis, como o Denver II, otimiza o acompanhamento do desenvolvimento infantil, a identificação precoce de atrasos ou alterações e o encaminhamento para serviços de reabilitação o mais breve possível, visando aproveitar ao máximo a neuroplasticidade, que é maior quanto mais nova for a criança. Cabe ressaltar que o manual de treinamento da versão em português utiliza os pontos de corte da amostra normativa norte-americana, não tendo sido publicados dados normativos para a população brasileira. Desse modo, ao identificar que uma criança apresenta atraso no desenvolvimento infantil, pela aplicação do Denver II, o profissional precisa considerar os fatores contextuais nos quais está criança está inserida. Pesquisas futuras poderão verificar a validade preditiva do Denver II, para complementação dos resultados encontrados nos estudos até o presente momento e definição de pontos de corte para atraso no desenvolvimento infantil da população brasileira.