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Para isso, pode-se apresentar noções sobre o capitalismo, o consumismo excessivo e a crise econômica. Além disso, ao se pensar outras causas do problema, pode-se abordar a ausência de uma educação financeira e de planejamento de gastos. Ao se pensar as consequências do problema, pode-se citar os impactos econômicos ao país, a intensificação dos juros a esses consumidores e o prejuízo ao nome dessas pessoas, que as levam a ser rejeitadas pelo mercado consumidor. No que tange à proposta de intervenção, pode-se pensar uma intensificação das políticas de negociação e de acordos de dívidas, assim como a implementação de aulas e palestras de educação financeira pelo Ministério da Educação, por exemplo. • 05. O objetivo da proposta de redação é discutir os efeitos da implantação da lei seca, que consiste na punição de motoristas que dirigem alcoolizados. Na coletânea proposta, há textos motivadores que propõem dados numéricos e informações a fim de auxiliar a organização das estratégias argumentativas. A coletânea, como um todo, apresenta orientações satisfatórias e pertinentes à elaboração do texto. Pode-se explorar, a partir delas, algumas possibilidades relevantes ao tema proposto, mas é importante destacar que os textos motivadores não devem ser copiados. Quanto à estruturação do raciocínio, deve-se ter atenção à organização das etapas previstas para um texto dissertativo-argumentativo, a saber: • Primeiro momento do texto: contextualização do assunto e proposição de uma tese clara de raciocínio – mecanismo estratégico, imprescindível para todo e qualquer texto de natureza argumentativa. A tese é o elemento do texto em que se apresenta o objetivo geral da discussão. É recomendável que ela esteja na introdução do texto (preferencialmente, no primeiro parágrafo). Na introdução, é possível já delinear um enfoque opinativo sobre os efeitos da lei seca. • Segundo momento do texto: definição de estratégias argumentativas que visem à discussão e à problematização da tese proposta – para esta etapa, compreendida nos parágrafos de desenvolvimento do texto, pode-se optar pelo desenvolvimento de uma análise baseando-se em dados que revelam a validade do rigor na lei seca. Pode-se, por exemplo, analisar a redução dos números de atendimentos hospitalares a vítimas de acidentes de trânsito ou mesmo a redução de vítimas fatais. A estratégia de análise de comportamentos inadequados de motoristas – devido ao fato de ingerirem álcool e dirigirem – também pode ser uma estratégia pertinente para se considerar a necessidade de maior rigor na lei, entre outras estratégias que podem auxiliar na composição de uma análise eficaz da temática proposta. A problematização pode ser apresentada a partir das dificuldades ainda existentes na oferta de opções para o indivíduo que age conforme a orientação da lei: a maioria dos bairros, em muitas cidades brasileiras, não é satisfatoriamente atendida com opções de transporte público, especialmente em horários noturnos. Além disso, a oferta de táxis, embora tenha aumentado em muitas cidades, ainda é insuficiente, e esta é uma opção não acessível economicamente a muitos brasileiros, o que pode trazer dificuldades para o cumprimento da lei. Outro problema, também relacionado ao uso de opções alternativas ao transporte individual, é a segurança pública em muitas cidades brasileiras, sobretudo no horário noturno. Existe o risco de assaltos em pontos de ônibus ou em vias pouco iluminadas, o que caracteriza a realidade brasileira de uma forma geral. Importante destacar que o caminho estratégico da argumentação é bem abrangente, o que implica grande possibilidade de cada aluno explorar caminhos distintos em sua análise. • Terceiro momento do texto: finalização do raciocínio proposto, em diálogo com a tese apresentada na introdução e apresentação de propostas que visem a solucionar problemas apontados na discussão. Como a proposta de intervenção é um item solicitado no comando da proposta e obrigatório na grade de correção, pode-se apresentar alternativas pertinentes à problematização feita no texto que apontem para ações concretas. Por exemplo: se é apontada como um problema a oferta reduzida de transporte público no período noturno, pode-se indicar o aumento das frotas noturnas de ônibus ou de horários do metrô como uma alternativa; outra opção pode se relacionar à criação de linhas especificamente noturnas para circular em regiões de bares / casas noturnas; uma redução nas tarifas de táxis também pode se configurar como um estímulo ao uso desses serviços, especialmente em trechos com distância mais reduzida; o uso do táxi- -lotação, uma medida já utilizada em muitas cidades brasileiras, também pode ser citado. O reforço nas estratégias de segurança em áreas de diversão noturna, como intensificação de iluminação pública e aumento na circulação de rondas policiais, pode se configurar como intervenção nesse debate. Outra proposta de intervenção pode ser a manutenção de campanhas governamentais com o intuito de alertar os cidadãos quanto aos riscos do uso de álcool no volante e de esclarecer a população quanto ao rigor da lei seca. Pode-se ainda abordar o compromisso da sociedade em atuar de maneira responsável e evitar acidentes de trânsito associados ao álcool. Total dos meus acertos: _____ de _____ . ______ % Frente A Módulo 08 30 Coleção 6V EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01. (UFPR) Texto I Relato do historiador romano Tácito (XIV, 17) de um incidente ocorrido em 59 d.C. Um incidente sem importância provocou uma horrível matança entre os colonos de Nucéria e Pompeia. Aconteceu durante um combate de gladiadores oferecido por Livônio Régulo. Como ocorre comumente em pequenas cidades, trocaram-se insultos, em seguida, pedras, chegando-se, por fim, às espadas. A plebe de Pompeia, onde se realizava o espetáculo, levou a melhor. Muitos nucerianos, feridos e mutilados, eram levados para sua cidade. Muitos choravam a morte de um filho ou um pai. O príncipe (Nero) instruiu o Senado para investigar o caso. O Senado deixou-o a cargo dos cônsules. Quando recebeu as informações, o Senado proibiu, por dez anos, a realização, por parte de Pompeia, de reuniões daquele tipo (jogos de gladiadores), e as associações legais (torcidas organizadas) foram dissolvidas. Livônio e seus cúmplices na desordem foram exilados. Texto II Nós, os mortais Amigos, é certo que houve o diabo, anteontem, no Maracanã. Poucas vezes, desde que me conheço, tenho visto uma partida tão truculenta. Foi pé na cara de fio a pavio do jogo. E quando soou o apito final, só uma coisa admirou: é que ninguém tivesse saído de maca ou rabecão. Mas o futebol é muito divertido. À saída do estádio, só vi gente vociferando contra a indisciplina. Um sujeito fazia uma espécie de comício. Dizia, de olho rútilo e lábio trêmulo: “Isso é uma vergonha!”. Fazia o suspense de uma pausa e reforçava: “Uma pouca-vergonha!”. Só eu no meio de tantos, de todos, não estava nada irado, nada ultrajado. Sempre que vejo dois times baixarem o pau, concluo, de mim para mim: “Eis o homem”. Pode ser lamentável e acredito que seja lamentável. Mas, que fazer se é esta, exatamente esta, a condição humana? A rigor, ninguém tem o direito de se espantar com o alheio pecado. O homem sempre foi assim, desde o Paraíso e antes do Paraíso. E nenhum jogador vai para o inferno só porque meteu o pé na cara de outro jogador. Todos nós temos o fanatismo da disciplina, mas creiam: é um fanatismo suspeito ou, como dizia outro, de araque. A disciplina foi feita para o soldadinho de chumbo e não para o homem. E o futebol tem de ser passional, porque é jogado pelo pobre ser humano. A grandeza de um clássico ou de uma pelada está em que fornece uma imagem fidedigna do homem. Assim somos todos nós. Quando a multidão vaia um jogador feroz, está agindo e reagindo como um Narciso às avessas que cuspisse na própriaimagem. Ninguém é melhor do que ninguém. Se a multidão estivesse no lugar do jogador faria a mesma coisa e, se o jogador estivesse no lugar da multidão, vaiaria do mesmo jeito. Portanto, eu não consigo me escandalizar com a baderna de anteontem. Eu me espantaria, sim, se, ao ser agredida, a vítima retribuísse com um beijo na testa. Mas se o agredido esperneia, tenho de admitir a lógica do seu comportamento. Há, também, o caso do juiz. A meu lado, um confrade esperneava: “Inconcebível!”. E, de fato, o árbitro fez o diabo. Só faltou subir pelas paredes e se pendurar no lustre de cabeça para baixo. Está certo: S.Sª errou. Mas pergunto: por que cargas d’água só o juiz há de ser o incorrupto, o infalível, se nada disso pertence à condição humana? Se reis, príncipes, barões cometeram as maiores iniquidades, por que um juiz de futebol há de ser irrepreensível? Se Maria Antonieta fez uma piada sobre a fome; e se pagou essa piada com a cabeça – o árbitro de anteontem pode marcar um pênalti errado. Amigos, a disciplina é uma convenção. E qualquer convenção nasce e existe para ser violada. Nelson Rodrigues. Casos de violência no esporte e brigas entre torcidas, como os relatados nos textos I e II, são notícias recorrentes na atualidade. Diante dessas ocorrências, você concorda com a opinião de Nelson Rodrigues? Apresente seu ponto de vista em um texto, atendendo às seguintes recomendações: • Mencione fatos atuais; • Apresente argumentos para sustentar sua opinião; • Redija um texto de 8 a 10 linhas. 02. (UFBA) Texto I O poder das palavras é enorme, especialmente o poder de algumas palavras, talvez poucas centenas, que encerram em cada cultura, mais notadamente nas sociedades complexas como as nossas, o conjunto de crenças e valores aceitos e codificados pelas classes dominantes. [...] A linguagem pode ser usada para impedir a comunicação de informações para grandes setores da população. Todos nós sabemos quanto pode ser entendido das notícias políticas de um Jornal Nacional por indivíduos de baixo nível de educação. A linguagem usada e o quadro de referências dado como implícito constituem um verdadeiro filtro da comunicação de informações: estas podem ser entendidas somente pelos ouvintes já iniciados não só na linguagem padrão, mas também nos conteúdos a elas associados. [...] GNERRE, Maurizio. Linguagem, escrita e poder. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988. p. 20-21. [Fragmento] Modalização: Categorias Linguísticas e Importância Argumentativa LÍ N G U A P O R TU G U ES A 33Bernoulli Sistema de Ensino