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RESUMO DA ERA FIGUEIREDO A era Figueiredo (1979-1985) corresponde ao período em que João Figueiredo foi presidente do Brasil, o último da série de presidentes militares que governaram o país entre 1964 e 1985, durante o regime militar. Figueiredo assumiu o poder em um momento de transição importante, com a abertura política já em andamento, iniciada pelo governo de Ernesto Geisel (1974-1979), mas com a democratização ainda não concluída. Seu governo foi marcado por importantes transformações políticas, econômicas e sociais, além de uma crescente insatisfação popular e o início do processo de redemocratização. Aqui está um resumo dos principais aspectos da presidência de Figueiredo: 1. Contexto de chegada ao poder João Figueiredo assumiu a presidência em 15 de março de 1979, após a renúncia do presidente militar Ernesto Geisel. Figueiredo foi o último presidente do ciclo de governos militares, escolhido por seus pares no Colégio Eleitoral e com o apoio de setores militares, como parte do processo de transição controlada para a democracia. O regime militar, que estava em declínio, já havia iniciado um processo de abertura política, mas a repressão e o controle continuavam presentes. 2. Abertura política e a Lei da Anistia (1979) Um dos principais marcos do governo Figueiredo foi a continuidade e aprofundamento da abertura política iniciada no governo de Geisel. As principais ações de Figueiredo nesse sentido foram: • Lei da Anistia (1979): Aprovada logo no início de seu governo, a Lei da Anistia foi um passo decisivo para a distensão política. Ela perdoou os crimes cometidos por militares e também por opositores políticos durante o regime militar, permitindo o retorno dos exilados e a libertação de presos políticos. A lei, no entanto, gerou controvérsias, pois muitos consideravam que ela também anistiava os responsáveis por crimes de tortura e repressão durante o regime. • Fim do AI-5: Em 1979, foi revogado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que foi o mais duro dos atos institucionais do regime militar, permitindo maior repressão e censura. A revogação do AI-5 foi um sinal claro de que o governo estava buscando um caminho de distensão e abertura política. 3. Reformas políticas e a transição para a democracia Figueiredo, embora ainda mantendo o controle militar sobre o governo, deu passos importantes rumo à redemocratização do país: • Emenda Constitucional de 1979: Esta emenda permitiu a criação de partidos políticos e a liberação de manifestações políticas, o que gerou uma maior pluralidade no sistema político brasileiro. • Diretas Já: A mobilização popular pela campanha das Diretas Já, que pedia eleições diretas para presidente, aumentou a pressão pela democratização. Apesar de a emenda constitucional que permitiria eleições diretas para a presidência ter sido rejeitada pelo Congresso em 1984, a campanha contribuiu para a queda da popularidade do regime militar e acelerou o processo de abertura política. • Plebiscito e a transição pacífica: Durante o governo Figueiredo, o Colégio Eleitoral escolheu, de forma indireta, o último presidente militar, mas a transição para a democracia ficou mais evidente com a eleição indireta de Tancredo Neves em 1985. Tancredo, embora não tenha assumido o cargo devido à sua morte precoce, foi um símbolo do fim do regime militar e do início da nova era democrática. 4. Crises econômicas e políticas O governo Figueiredo enfrentou várias dificuldades econômicas, que começaram a se agravar na década de 1980: • Crise econômica e hiperinflação: O Brasil enfrentou uma grave crise econômica nos anos 1980, com altos índices de inflação, dívida externa crescente e baixa taxa de crescimento econômico. A crise começou no final do governo Geisel e se acentuou no governo Figueiredo, com o aumento da inflação e o endividamento externo. As tentativas de controle da inflação, como o Plano Cruzado, falharam e contribuíram para a instabilidade econômica. • Austeridade e cortes de gastos: Para enfrentar a crise fiscal, o governo de Figueiredo adotou políticas de austeridade fiscal e congelamento de salários, o que gerou descontentamento popular e greve de trabalhadores. Essa austeridade, em grande parte, piorou as condições de vida da população. • Aumento da dívida externa: O Brasil se viu em uma situação cada vez mais difícil em relação à sua dívida externa, o que provocou uma crise de confiança no governo e na economia. 5. Repressão ainda presente Embora o governo Figueiredo tenha promovido a abertura política e a anistia, o regime militar manteve o controle sobre as forças armadas e, até o final de seu governo, continuou a reprimir alguns grupos e movimentos de oposição. A repressão não desapareceu completamente, mas foi diminuída em comparação com os períodos mais duros dos anos 1960 e 1970. 6. Figueiredo e a oposição A oposição ao regime militar cresceu significativamente no governo Figueiredo, e partidos como o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) ganharam força. Figueiredo tentou fazer algumas concessões, mas a sociedade brasileira, especialmente os movimentos sociais, continuou pressionando por uma abertura mais ampla e pela democratização plena. 7. Legado O legado do governo Figueiredo é, em grande parte, associado ao processo de transição do regime militar para a democracia, embora ele tenha sido um governante de transição, com poderes limitados pela estrutura ainda autoritária do regime. Seu governo é lembrado por: • Abertura política e a introdução de reformas que permitiram a volta dos exilados e a criação de partidos políticos. • A crise econômica que agravou a desigualdade social e a falta de perspectivas de crescimento. • A Campanha Diretas Já e o fortalecimento da oposição política, que resultariam na redemocratização do Brasil com a eleição de Tancredo Neves (e sua morte, posteriormente, a ascensão de José Sarney à presidência). 8. Fim da presidência e sucessão O governo de Figueiredo chegou ao fim em 15 de março de 1985, quando ele decidiu não se candidatar à reeleição. A sucessão foi marcada por um momento de grande mudança: o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves, um civil, como presidente, encerrando oficialmente o ciclo de governos militares no Brasil. No entanto, Tancredo faleceu antes de assumir, e o vice-presidente José Sarney tornou-se o primeiro presidente civil após a ditadura. Conclusão O governo de João Figueiredo é visto como um período de transição do regime militar para a democracia no Brasil. Embora o regime tenha mantido o controle militar até o fim, Figueiredo foi responsável por implementar reformas que abriram caminho para a democratização. No entanto, o governo também enfrentou sérios problemas econômicos e crises internas, que prepararam o terreno para o processo de redemocratização, que culminaria na Constituição de 1988 e na eleição direta de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.